TEXTO ÁUREO
“Porém, respondendo
Pedro e os apóstolos, disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.”
(At 5.29).
VERDADE PRÁTICA
Em relação à verdadeira Igreja Cristã há duas
verdades inegáveis: 1) a Igreja será perseguida; 2) Deus a protegerá.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Atos
5.25-32; 12.1-5.
Atos
5
25
— E, chegando um, anunciou-lhes, dizendo: Eis
que os homens que encerrastes na prisão estão no templo e ensinam ao povo.
26
— Então, foi o capitão com os servidores e os
trouxe, não com violência (porque temiam ser apedrejados pelo povo).
27
— E, trazendo-os, os apresentaram ao
conselho. E o sumo sacerdote os interrogou, dizendo:
28
— Não vos admoestamos nós expressamente que
não ensinásseis nesse nome? E eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina
e quereis lançar sobre nós o sangue desse homem.
29
— Porém, respondendo Pedro e os apóstolos,
disseram: Mais importa obedecer a Deus do que aos homens.
30
— O Deus de nossos pais ressuscitou a Jesus,
ao qual vós matastes, suspendendo-o no madeiro.
31
— Deus, com a sua destra, o elevou a Príncipe
e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e remissão dos pecados.
32
— E nós somos testemunhas acerca destas
palavras, nós e também o Espírito Santo, que Deus deu àqueles que lhe obedecem.
Atos
12
1
— Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes
estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar;
2
— e matou à espada Tiago, irmão de João.
3
— E, vendo que isso agradara aos judeus,
continuou, mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos asmos.
4
— E, havendo-o prendido, o encerrou na
prisão, entregando-o a quatro quaternos de soldados, para que o guardassem,
querendo apresentá-lo ao povo depois da Páscoa.
5
— Pedro, pois, era guardado na prisão; mas a
igreja fazia contínua oração por ele a Deus.
PLANO DE AULA
1.
INTRODUÇÃO
Nesta lição, estudaremos como a Igreja Primitiva
enfrentou essas oposições com coragem e fé, confiando na proteção divina.
Através da ação de Deus, da intercessão da Igreja e da ousadia dos discípulos,
aprendemos que o verdadeiro povo de Deus não teme a perseguição, pois sabe que
o Senhor é seu refúgio e fortaleza.
2.
APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A)
Objetivos da Lição: I)
Explicar os motivos e as esferas da perseguição enfrentada pela Igreja
Primitiva; II) Demonstrar como Deus protegeu sua Igreja através de livramentos
e da intercessão; III) Encorajar os alunos a permanecerem firmes na fé, mesmo
diante das adversidades.
B)
Motivação: Ao estudarmos esta
lição, devemos refletir sobre como a fé nos capacita a enfrentar as
adversidades com coragem e nos inspira a testemunhar o Evangelho com ousadia e
convicção, sabendo que não estamos sozinhos, pois o Senhor é o nosso refúgio e
fortaleza.
C)
Sugestão de Método: Para
encerrar essa aula, sugerimos um momento de reflexão e aplicação prática dos
principais ensinamentos da lição. Convide cada aluno a compartilhar um
ensinamento que aprendeu hoje e como ele pode ser aplicado em seu dia a dia. Em
seguida, ore junto com a classe, agradecendo a Deus pelo aprendizado e pedindo
sabedoria para vivermos de acordo com os princípios bíblicos. Que a mensagem
desta lição permaneça em nossos corações, guiando-nos em cada decisão e
fortalecendo nossa fé.
3.
CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A)
Aplicação: A coragem da
Igreja primitiva nos inspira a permanecer firmes na fé, testemunhando de Cristo
com ousadia.
4.
SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A)
Revista Ensinador Cristão. Vale
a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios
de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 102, p.39, você
encontrará um subsídio especial para esta lição.
B)
Auxílios Especiais: Ao
final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de
sua aula: 1) O texto “A Perseguição Política”, localizado depois do primeiro
tópico, aprofunda o tema da perseguição movida pelo poder temporal contra a
Igreja; 2) No final do segundo tópico, o texto “Uma Ação Sobrenatural” analisa
a ação milagrosa de Deus na vida dos apóstolos.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Desde o seu início, a Igreja enfrenta oposição e
perseguição. Por sua própria natureza, a fé cristã atrai sobre si a rejeição e
a perseguição. Isso porque a fé cristã, por defender princípios exclusivos,
muitas vezes se choca com os valores seculares e mundanos. Foi assim no
primeiro século e é assim ainda hoje. Contudo, devemos destacar que a igreja
não está sozinha nem abandonada no mundo. Deus é o seu dono e, portanto, o seu
protetor. Vemos ao longo da história da Igreja o Senhor agindo de diferentes formas
para dar livramento e vitória a seu povo. Assim, nesta lição, veremos como Deus
faz isso capacitando e empoderando o seu povo para viver no meio de um mundo
hostil.
Palavra-Chave:
PERSEGUIÇÃO
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
A
PERSEGUIÇÃO POLÍTICA
“A
perseguição à Igreja teve início quase que imediatamente depois de Pentecostes.
Pedro tinha curado um homem coxo junto à porta Formosa do Templo, e uma grande
multidão tinha testemunhado os resultados. Quando aquele que tinha operado o
milagre aproveitou a multidão reunida para pregar a respeito de Jesus, os
sacerdotes do Templo o levaram preso (cap. 4). Libertado, em breve ele foi
aprisionado novamente, com outros apóstolos (cap. 5). Estêvão foi a próxima
vítima, só que desta vez houve uma morte (cap. 7). Este martírio deu início a
uma onda violenta de perseguições aos crentes de Jerusalém (cap. 8). Saulo
tentou levar a sua perseguição à igreja que estava em outros lugares, mas ele
mesmo se tornou um prisioneiro do Senhor na estrada para Damasco.” (Comentário
Bíblico Beacon: João e Atos. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.292).
AMPLIANDO
O CONHECIMENTO
“CONTÍNUA ORAÇÃO.
Os crentes do Novo Testamento respondiam às
oposições e às perseguições com intensas orações. A situação parecia impossível:
Tiago já havia morrido, e Herodes tinha Pedro sob a custódia de dezesseis
soldados. No entanto, a igreja vivia com a absoluta certeza de que ‘a oração
feita por um justo pode muito em seus efeitos’ (Tg 5.16), e eles oravam
intensamente e persistentemente pela situação de Pedro. A oração deles logo foi
respondida (vv.6-17; veja o artigo A ORAÇÃO EFICAZ, p.600).” Amplie mais o seu
conhecimento, lendo Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global, edita pela
CPAD, p.1964.
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
UMA
AÇÃO SOBRENATURAL
“Cedo de
manhã, Caifás e seus companheiros convocam uma reunião geral do Sinédrio. Os
guardas de templo são enviados para trazer os prisioneiros, mas eles encontram
a prisão vazia (v.22); todos os doze desapareceram. Quando as autoridades ficam
sabendo do desaparecimento dos apóstolos se afligem e se sentem indefesas, não
sabendo ‘do que viria a ser aquilo’ (v.24); eles não sabem o que fazer ou
dizer. Alguns, como Gamaliel (cf. At 5.34-40), pode ter considerado que o
sobrenatural estava em ação, sobretudo visto que milagres tinham sido feitos
pelas mãos dos apóstolos. Mais tarde, um mensageiro os informa que os apóstolos
estão no templo. Como o anjo tinha instruído, eles estão falando ao povo ‘as
palavras desta vida’ de salvação provida em Jesus Cristo.” (Comentário Bíblico
Pentecostal Novo Testamento. Volume 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2024, p.654).
Prezado(o)
professor(a), a paz do Senhor. A trajetória da igreja de Cristo neste mundo
sempre foi marcada por oposições e perseguições. A pregação do Evangelho não
encontra apenas desafios de ordem política ou religiosa, mas também espiritual.
Não podemos nos esquecer que a nossa luta não é contra carne e sangue, mas
contra as hostes espirituais, principados e potestades das trevas (Ef 6.12). É
preciso ter em mente essa perspectiva a fim de que lutemos com as armas
espirituais e não materiais. Desde o princípio da igreja, nossos irmãos fizeram
uso dessas ferramentas. Eles se reuniam e faziam continuamente oração para o
Espírito Santo os capacitar a pregar a Palavra e a vencer os desafios impostos
pelas perseguições.
Além da
oração, a igreja perseverava em um testemunho dos valores bíblicos com poder e
pronta disposição. Não havia incoerência entre o que pregavam e o que
praticavam, pois para eles a prática do Evangelho foi adotada como um estilo de
vida. Eles agiam, pensavam, se comunicavam e tomavam decisões de acordo com a
direção do Espírito Santo. Como vemos em Atos, os primeiros crentes
perseveravam unânimes todos os dias no templo, partindo o pão e louvando a Deus
(At 2.46,47). Essa comunhão chamava a atenção da sociedade de modo que muitos
criam no Evangelho e se convertiam à fé cristã.
De acordo
com o Dicionário Bíblico Wycliffe, editado pela CPAD, “a Bíblia não só
apresenta a Igreja como sofredora como também desenvolve uma teologia da
perseguição — sua origem, objetivo e efeitos. A origem da perseguição é o ódio
do homem pecador contra Deus. Paulo chama os homens irreconciliados e ‘inimigos
de Deus’ (Rm 5.10). O amor ao mundo é inimizade contra Deus. ‘Ninguém pode
servir a dois senhores’ (Mt 6.24). ‘A luz veio ao mundo, e os homens amaram
mais as trevas do que a luz’ (Jo 3.19). ‘Porquanto a inclinação da carne é
inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o
pode ser’ (Rm 8.7). O Senhor Jesus Cristo assegura aos seus seguidores que não
é o servo maior do que o seu Senhor. ‘Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão
a vós’ (Jo 15.20). No mundo, os discípulos devem esperar tribulações, mas devem
preocupar-se com o fato de serem bem-vistos por todos. Eles devem regozijar-se
quando falarem mal deles (Mt 5.11,12). Os homens farão mais do que falar contra
a reputação, eles matarão os discípulos julgando estar prestando um serviço a
Deus (Jo 16.2).” (2006, p.1512).
Além de
vigiar, é precisa buscar continuamente a presença do Espírito Santo. Só com a
capacitação do Espírito podemos suportar as adversidades que tentam impedir o
progresso espiritual da igreja. Perseveremos (1Co 15.58).
CONCLUSÃO
Vimos como uma igreja capacitada pelo Espírito
enfrenta perseguições. O cristão, portanto, não deve se assustar com elas. No
contexto do Cristianismo Bíblico essa é a regra, não a exceção. Ninguém gosta
de ser perseguido; contudo, as Escrituras nos previnem a respeito da realidade
da perseguição na jornada cristã (Jo 16.33). Isso não significa que o sofrimento
deve ser um alvo a ser alcançado, mas que devemos estar conscientes de que não
podemos evitá-lo. Portanto, o nosso foco deve estar em Deus, pois Ele é quem
pode nos guardar e capacitar no meio do sofrimento.
CPAD : A Igreja em Jerusalém — Doutrina,
Comunhão e Fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
Comentarista:
José Gonçalves
Lição 7: Uma
Igreja que não teme a perseguição
P |
or sua própria natureza, a fé cristã é includente e
excludente ao mesmo tempo. Includente quando convida todos a participarem dela
(Mt 11.28); e excludente à medida que só reconhece Jesus Cristo como o único
caminho, a verdade e a vida (At 4.12; Jo 14.6). Dessa forma, portanto, o
cristianismo exclui todas as outras crenças como válidas para a salvação. Isso
não significa dizer que não há elementos de verdade nas outras religiões, nem
tampouco que elas são desprovidas de valor ético-moral. Não; não se trata
disso. Sem dúvidas, é possível valores que são benéficos para o bem-estar e
convívio social tanto nas religiões mundiais que possuem uma natureza mais
teológica quanto em outras de natureza mais filosófica. Contudo, à luz da fé
cristã, elas são insuficientes para a salvação da humanidade.
Ao afirmar a sua fé unicamente na pessoa de
Jesus Cristo como sendo o único caminho para a salvação, a fé cristã torna-se
rejeitada e muitas vezes perseguida. Praticamente todas as tradições cristãs do
protestantismo, tanto o histórico1 como o pente- costal, sofreram algum tipo de
perseguição no Brasil quando aqui chegaram. O clero católico romano, mesmo
havendo liberdade de culto, não tolerava a fé que achava ser concorrente.
Gunnar Vingren, missionário sueco e fundador das Assembléias de Deus no Brasil,
narra no seu livro 0 Diário do Pioneiro1 2 várias persegui ções que sofreu
quando chegou aqui em 1910. Em 1914, Vingren enviou uma carta para o seu amigo,
o pastor O. L. Bjórk, que morava na Suécia. Nessa carta, Vingren conta como a
perseguição veio com força na implantação da Assembléia de Deus em Itapajé, no
estado do Ceará. Naquela época, o missionário sueco contava com o apoio de
Adriano Nobre, um convertido à fé pentecostal. Nobre foi preso por pregar o
evangelho naquele estado.
Vingren escreveu:
Carta
missionária. Pará, Brasil, 22 de agosto de 1914. Meu amado irmão... A paz de
Deus! Muito obrigado por sua carta de 7 de julho e pelo cheque. Fico muito
feliz com sua carta. É muito bom ouvir falar de Jesus e de suas obras
maravilhosas. Fico feliz em ouvir sobre isso, pois vivo na mesma fonte que o
senhor. Aleluia! Acho que mencionei em uma carta para o senhor que pretendia
viajar para outro estado, chamado Ceará, mas o Senhor levou nosso evangelista a
ir em meu lugar. Ele voltou depois de cerca de um mês e meio com a notícia de
que havia batizado 50 pessoas na água e que Jesus havia batizado 24 crentes no
Espírito Santo e no fogo. Glória a Jesus! O Ir. Adriano Nobre foi preso lá.
Adriano Nobre estava preso ali em um dia, quando Jesus batizou mais de 10
pessoas no Espírito Santo e nosso irmão foi expulso do local pelos inimigos.
Mas, louvado seja Deus, eles não conseguem afastar a obra do Senhor. Desde
então, temos recebido cartas de lá, e os crentes estão firmes em Jesus. Adria
no nomeou um irmão para liderar as reuniões antes de partir. Amanhã a irmã3 4
que estava lá antes de Adriano e preparou o caminho para ele está partindo;
agora ela está viajando para lá pela vontade do Senhor para encorajar os
amigos. Vamos orar muito por ela. Desde minha última carta, Jesus batizou 32
pessoas no Espírito Santo aqui no estado do Pará, e 39 foram batizadas nas
águas. Glória a Deus! Uma delas foi batizada no Espírito no meio do sermão na
quarta-feira à noite. Não se esqueçam de orar por mim, queridos amigos, para
que o Senhor me fortaleça. No Senhor, Gunnar Vingren. P.S. Agora mesmo chegou
um telegrama do Ceará informan do que o número de pessoas batizadas no Espírito
já é de 33. Glória ajesus! Dessa forma, o Senhor está realizando sua obra
maravilhosa. Aleluia! Agora estamos construindo uma casa pastoral aqui. O Ir.
Berg envia suas saudações.45
Daniel Berg, missionário sueco e companheiro
de Gunnar Vingren aqui no Brasil, também narrou nas suas cartas muitas perseguições
que teve que enfrentar. Em uma delas, publicada em 1915 no periódico batista
sueco Brudgummms Rost, ele detalha sobre o trabalho de implantação da
Assembléia de Deus no Pará e como em Capanema, uma das cidades desse estado,
enfrentaram forte oposição.
Assim escreveu Berg:
Carta
do Brasil. Bragança, Brasil, 4 fev. 1915. Meu amado irmão... Paz de Deus! 1
Ped. 1:3-7. O Senhor é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente nas
tribulações. E bom estar escondido em Jesus, onde há calma apesar das
tempestades na terra, louvado seja Jesus eternamente! Obrigado, querido irmão,
por sua carta e pelos jornais que recebi há alguns dias. Alegrou nosso coração
ler o querido jornal The Bridegroom’s Voice,6 7 foi um bom alimento para a
alma, graças a Deus! Esperamos recebê-lo no futuro, sempre que for publicado. O
Senhor nos guiará em todas as coisas e nos preservará, para que estejamos
prontos quando vier o chamado: Saia para encontrar o noivo. Lemos nos jornais
diários sobre a grande e terrível guerra na Europa' e acreditamos que isso é um
sinal de que a vinda de Jesus está próxima. Vemos como a palavra de Deus está
sendo cumprida. Louvamos o Senhor por sua maravilhosa orientação para conosco,
por ter nos sustentado até agora com saúde e força, e por nos abençoar no
trabalho para Ele. Estive visitando nossos amigos em “Carattates” por alguns
dias, e o Senhor estava conosco e nos abençoou. Uma irmã, a quem Jesus batizou
no Espírito Santo lá, falou em línguas de forma tão bela. Sentimos como se os
céus tivessem se aberto sobre nós enquanto estávamos de joelhos em oração.
Graças a Deus que Ele está preparando Sua noiva para o encontro. O Senhor está
conosco aqui em Bragança. Temos reuniões todas as noites, e muitas pessoas vêm
e ouvem a palavra do Senhor, e creio que o Senhor está trabalhando em muitos
corações. Alugamos uma casa em confiança no Senhor, pela qual temos que pagar
20 mil-réis por mês, o irmão Otto Nelson8 e sua esposa (missionários que vieram
da América e agora estão estudando a
língua; alugaram conosco. Por favor, orem por nós e pela obra do Senhor nesta
cidade. Somos a única missão crente aqui em Bragança. Há muitas pessoas nessa
cidade, e queremos pedir ao Senhor que nos guie no futuro. O irmão Vingren está
no Ceará há quase dois meses, e o Senhor esteve com ele e o abençoou. Agora há
mais de 100 almas lá, louvando ao Senhor pelo perdão dos pecados, e muitas
delas foram batizadas com o Espírito Santo. Graças a Deus, ele está trabalhando
maravilhosamente nas várias missões aqui, que o Senhor abriu para nós. O inimigo
pode estar zangado conosco e com o trabalho do Senhor, mas o Senhor prometeu
que nenhum fio de cabelo de nossa cabeça cairá, a não ser por sua vontade,
glória seja dada ao seu nome! Aprendi isso há uma semana, quando estava
visitando nossos amigos em Capanema. Reunimo-nos lá por duas noites, e na
última noite os inimigos se reuniram do lado de fora da casa onde estávamos nos
reunindo. Havia mais de 100 deles, armados com paus, e eles evidentemente
pensaram que conseguiríam acabar conosco e com nossas atividades. Quando
estávamos reunidos para orar em uma casa, eles começaram a bater na porta com
paus e a atirar pedras. Fomos até lá, abrimos a porta e falamos com eles sobre
Jesus, mas eles disseram que não queriam ouvir nada sobre Jesus, mas pediram
nossas Bíblias para queimá-las. Como não podíamos permitir isso, eles começaram
a jogar pedras novamente. Então, entramos e fechamos a porta, dobramos os joelhos
e clamamos ao Senhor, enquanto os inimigos estavam do lado de fora batendo na
porta. O Senhor preservou a todos nós. Quando a porta começou a quebrar, peguei
meu casaco e saí furtivamente pela porta dos fundos. Foi assim que consegui
escapar dos inimigos, graças a Deus! Ore pelos amigos de Capanema, eles são
muito perseguidos pelos católicos. Jesus está chegando em breve! Saudações dos
fiéis daqui para todos vocês. Saudações de seu irmão no Senhor Daniel
Berg Caixa 653, Pará, Brasil
ES. Estou enviando uma foto junto com a carta.
Uma das pessoas na foto é Adriano Nobre, e a outra você reconhece rá bem. Dê
meus cumprimentos aos srs. Roberth e Pethrus e a todos os amigos tão queridos.
O Ir. Vingren e Nelson também. Sl. 23.9
Pois bem, como podemos observar, a obra
evangélica que procura seguir as pisadas do cristianismo bíblico sempre
enfrentará oposição. Ela será perseguida. De fato, o apóstolo Paulo escreveu
que quem quer viver a fé com autenticidade enfrentará oposição: “E também todos
os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (2 Tm
3.12). A perseguição pode vir de várias frentes e de várias formas.
No contexto do livro de Atos, podemos observar
que a igreja quase sempre enfrentava oposição e perseguição. Os apóstolos tiveram
que conviver com a perseguição em vários momentos. Em um primeiro momento, essa
perseguição vem por parte do judaísmo, que enxergava a nova fé como sendo um
movimento periférico. O texto lido de Atos 5.17-29 faz referência aos
sacerdotes judeus, da seita dos saduceus, e o capitão do Templo como aqueles
que comandaram aquela perseguição. Em um segundo momento, a perseguição vinha
do poder estatal.
O que podemos ver nesse primeiro momento da
história da igreja de Jerusalém é uma perseguição que acontece mais na esfera
religiosa, em que o impressionante crescimento da igreja despertou inveja por
parte do judaísmo: “E, levantando-se o sumo sacerdote e todos os que estavam
com ele (e eram eles da seita dos saduceus), encheram-se de inveja, e lançaram
mão dos apóstolos, e os puseram na prisão pública” (At 5.17,18). Garland
destaca:
O conluio
dos sumos sacerdotes saduceus forma o núcleo da oposição aos cristãos em
Jerusalém. Uma vez que ninguém tem inveja de uma pessoa inferior, a inveja dos
líderes, por ironia, reconhece a superioridade dos apóstolos. Manter Pedro e
João presos de um dia para o outro é uma tentativa de desacreditá-los diante do
povo. Se esses líderes não houvessem tentado enganar o povo, ainda mais gente
teria atendido ao evangelho. São cegos que guiam cegos para um abismo sem fundo
(Lc 6.39).10 11
Esse consórcio religioso para prender os
apóstolos, evidentemente motivado por um zelo religioso cego, inveja e ciúmes,
mostra o lado sombrio da perseguição a qual a primeira Igreja estava sujeita.
Em Atos, observamos como esse ciclo repetia-se com regularidade. Os cristãos,
especialmente o testemunho dos apóstolos nesse primeiro momento, reflete essas
idas e vindas.
Crisóstomo, comentando Atos 5.17, observa que:
Desânimo e alegria estão interligados. Observe
como toda a vida dos apóstolos é tecida a partir de coisas que são contrárias
umas às outras. Assim, em primeiro lugar, o desânimo vem sobre eles por causa
da separação do Senhor; depois, a alegria da descida do Espírito; novamente desânimo
daqueles que os ridicularizaram; e depois a alegria pelos fiéis e pelo milagre.
De novo o desânimo com a prisão e de novo a alegria com a defesa. De novo a
tristeza e a alegria. Alegria, porque estavam radiantes e Deus se manifestava
neles; tristeza, porque estavam matando os seus. De novo a alegria, por causa
da magnificência; e de novo a tristeza, por causa dos príncipes dos sacerdotes.
E isto vê-se no que se pode observar: quer se olhe para os antigos, quer para
os atuais.11
Destacamos que, em um primeiro momento, a
perseguição à igreja dá-se na esfera religiosa, isto é, as autoridades do
antigo judaísmo, motivados pela inveja, perseguem os apóstolos. Em um segundo
momento, vemos a perseguição acontecendo na esfera esta tal, motivada pelo
poder político. Nos primeiros capítulos de Atos, ainda não temos uma
perseguição organizada sistematicamente pelo Estado, o que viria acontecer mais
tarde. Já no capítulo 12 de Atos, contudo, vemos o braço do Estado
estendendo-se para alcançar a igreja.
“Por aquele mesmo tempo, o rei Herodes
estendeu as mãos sobre alguns da igreja para os maltratar; e matou à espada
Tiago, irmão de João. E, vendo que isso agradara aos judeus, continuou,
mandando prender também a Pedro. E eram os dias dos asmos” (At 12.1-3).
David Garland observa que o Herodes citado nessa passagem era Herodes Agripa I,
que era neto de Herodes, o Grande, e filho de Aristóbulo IV e Berenice. Possuía
muita influência política, visto ter sido criado em Roma e ter feito amigos
influentes que posteriormente se tornaram imperadores, como Gaio Calígula
(37~47 d.C.) e Cláudio (41-53 d.C.). Ele era irmão de Herodias e ganhou do
imperador Cláudio o título de “rei”. Ele mandou decapitar Tiago, filho de
Zebedeu. Querendo obter o apoio das autoridades judaicas, prendeu o apóstolo
Pedro tencionando executá-lo.
Garland observa que:
Agripa I desejava cultivar o favor das
autoridades judaicas, que provavelmente chamaram sua atenção para os apóstolos
cristãos e o instigaram a persegui-los. Como elas receberam bem a decapitação
de Tiago, Agripa I imaginou que houvesse encontrado um meio de aumentar seu
apoio e planejou dar o mesmo fim a Pedro. Lucas não narra o que levou o povo a
mudar sua atitude em relação aos discípulos em Jerusalém. É possível que o
termo “judeus” (cf. 12.11) se refira à liderança religiosa e a seus
partidários, e não ao povo de modo geral. Pode se supor que sua hostilidade
nasceu de uma combinação da pregação revolucionária dos cristãos a respeito de
Jesus como Senhor ressurreto e do fato de conquistarem convertidos, uma ameaça
política à instituição religiosa.12
Como podemos observar, Tiago foi executado, e
Pedro estava preso aguardando a mesma sentença. Sabemos que Deus é soberano e,
assim como libertou os apóstolos da prisão em Atos 4, também podería fazer
novamente aqui com Tiago. Não há nada no texto bíblico que indique por que isso
não aconteceu. O fato destacado na narrativa lucana é que a igreja, vendo um
dos seus líderes ser executado, despertou para orar pelo outro que estava
encarcerado esperando o mesmo fim. A expressão “a igreja fazia contínua oração
por ele a Deus” tem um peso enorme no enredo dessa história. De outra forma,
não teria sentido Lucas destacar esse detalhe. Ele queria chamar a atenção para
o poder da oração da Igreja ao interceder pelo apóstolo Pedro. “Pedro, pois,
era guardado na prisão; mas a igreja fazia contínua oração por ele a Deus” (At
12.5). Lendo essa narrativa, é possível destacarmos alguns princípios que
governam a oração em Atos 12.1-19.
l . A
oração libera o sobrenatural de Deus. “E eis que sobre veio o anjo do
Senhor, e resplandeceu uma luz na prisão; e, tocando a Pedro no lado, o
despertou, dizendo: Levanta-te depressa! E caíram-lhe das mãos as cadeias”
(At 12.7a). A primeira coisa que vemos nesse registro é a intervenção de um
anjo no aprisionamento do apóstolo Pedro. Os anjos são seres espirituais e,
portanto, sobrenaturais. De acordo com o registro bíblico, trabalham a serviço
do povo de Deus (Hb 1.14). Na oração, não apenas temos a manifestação do
sobrenatural, mas também o céu trabalhando a nosso favor! Quando oramos,
pisamos em solo sagrado e abrimo-nos ao sobrenatural de Deus. Devemos pontuar —
quer haja a aparição de um anjo, quer não — que a oração já é sobrenatural por
sua própria natureza.
2. A oração quebra os grilhões. “E caíram-lhe das mãos as cadeias” (At
12.7b). Aqui vemos as cadeias, grilhões, sendo quebra das das mãos de Pedro.
Isso foi um fato. Não há dúvida de que um dos princípios que governam a oração
é a sua capacidade de produzir livramento. A quebra de corrente pode acontecer
de forma literal como aqui; contudo, o princípio da libertação engloba todo
tipo de livramento e libertação. Deus liberta dos grilhões do álcool, do
cativeiro das drogas, do vício sexual e de todo e qualquer tipo de vício e
escravidão.
3. A oração faz com que coisas que parecem
difíceis e impossíveis tornem-se fáceis e possíveis.
“[...] a qual se lhes abriu por si mesma” (At 12.10). Nenhuma porta fechada abre-se por si mesma! É assim que diz
nossa mente racional. A oração desafia a lógica matemática e as leis da física.
Nada é impossível para Deus (Lc 1.37). Se orarmos, veremos coisas que pareciam
impossíveis de acontecer acontecendo. Quando acharmos que chegou o fim da
linha, oremos! Na verdade, com a oração, o fim pode tornar-se um novo começo!
4. A oração impede que nos tornemos trunfos
do inimigo. “E Pedro, tornando a si,
disse: [...] o Senhor enviou o seu anjo e me livrou da mão de Herodes e de tudo
o que o povo dos judeus esperava” (At 12.11). Herodes e os judeus
incrédulos esperavam que Pedro fosse executado. Havia uma grande expectativa para
isso. Pedro era um dos apóstolos mais em evidência. Havia sido ele o primeiro
pregador pentecostal a orar de uma só vez por quase três mil almas (At 2.41).
Foi ele também quem orou pelo coxo de nascença, que foi curado (At 3.6-9). Até
mesmo a sombra de Pedro curava (At 5.15). A morte de Pedro, sem dúvida, era um
troféu para os seus inimigos e, com certeza, também para o Diabo. Deus,
contudo, livrou-o pode rosamente ao ouvir a oração da igreja.
5. A
oração produz grande alegria. “E, conhecendo a voz de Pedro, de
alegria não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava
à porta” (At 12.14). Uma criada de nome Rode ficou tão alegre quando riu
Pedro que nem mesmo o deixou entrar! Ficou extasiada com a presença do apóstolo
por quem ela e a igreja de Jerusalém oravam. A oração tem este mérito: enche
nosso coração de alegria com as suas respostas.
6. A
oração pode dar um fim diferente à nossa história. “E, quando
Herodes o procurou e o não achou, feita inquirição aos guardas, mandou-os
justiçar. E, partindo da Judeia para Cesareia, ficou aü” (At 12.19). Os
intérpretes dizem que a expressão “mando-os justiçar” tem o sentido de “mandou
executá-los”. Herodes mandou matar os guardas responsáveis pela guarda de
Pedro. Ele responsabi- lizou-os pela sua fuga. Na verdade, o que ele não sabia
é que Pedro foi liberto por um anjo do Senhor (SI 34.7). O fato aqui é que, se
a igreja não tivesse orado pela libertação de Pedro, ele fatalmente teria sido
executado. Não teria sentido Lucas por ênfase na sua narrativa que a igreja
orava por Pedro (At 12.5) se a oração não tivesse um papel crucial na sua
libertação. Sem a oração da igreja, a história podería ter tido outro fim. A
igreja orou, e Deus interveio! Quantas pessoas poderíam ter um fim diferente
para as suas histórias se se dedicassem mais à oração.1
A Igreja em Jerusalém — Doutrina, Comunhão e
Fé: a base para o crescimento da Igreja em meio às perseguições
José
Gonçalves
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