sábado, 7 de junho de 2025

CPAD : E o Verbo se fez carne — Lição 10: A promessa do Espírito

 


CPAD : E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Comentarista: Elienai Cabral

Lição 10: A promessa do Espírito



Capítulo 10

A Promessa do Espírito Santo

"E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai."

Lucas 24.49

João 14.16-18,26; 16.7,8,13; 20.21,22

14.16- E eu rogarei ao Pai, e ele cos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre,

17- o Espírito de verdade, que a mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece, mas vós ο conheceis, porque habita concosco, e estará em cós,

18- Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós.

26- Mas aquele Consolador, o Espirito Santo, que o Pui

enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito.

16.7- Todavia digo-vos a verdade: que vos convêm que eu và, porque, se eu não for, o Consolador não virá a vás; mas, se eu for, enviar-to-lo-ei

8- E, quando ele vier, convenceră o mundo do pecado, e da justiça e do juízo

13- Mas, quando vier aquele Espirito de verdade, ele vos guiară em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciară o que ha de viz

20.21-Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! As-sim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós

22- E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-thes: Receber o Espirito Santo.

   Introdução

J

 esus havia anunciado aos seus discípulos que em breve não estaria mais com eles. Então os consolou falando do Espírito que o Pai enviaria para capacitá-los a fazer grandes obras, além de lembrá-los de tudo quanto Ele os ensinou (Jo 14.26). Bastaria apenas crer com coração integro e os discipulos fariam obras maravilhosas. Jesus afirmou que "aquele que cr em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque eu vou para o meu Pai" (Jo 14.12).

  Neste capítulo, vamos considerar dois momentos significativos. Primeiro, quando Jesus declara que os seus discipulos receberam o Espírito, que inicialmente atuaria na vida do homem, convencendo-o do pecado, da justiça e do juízo executado no Calvário (Jo 16.8). Em segundo lugar, após a obra regeneradora, o crente receberia o Espirito em sua vida para viver uma vida vitoriosa neste mundo. Não muito depois da obra expiatória de Cristo, o Espírito Santo viria sobre todos como a promessa do Pai. Até que se concretize a promessa, Jesus ensina a importância da oração para se obter as bênçãos prometidas aos que creem no seu nome.

  I-A Promessa do Pai (At 1.4)

  1. Uma promessa declarada antes do Calvário

  Jesus, na continuação do seu sermão, depois de garantir que a morada celestial já estava preparada para seus discipulos, fez uma promessa: "E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre" (Jo 14.16). Ele ainda não havia enfrentado o Calvário nem a morte, mas depois de tudo isso e após sua ressurreição, Jesus falou aos discipulos: "E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai, ficai, porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder" (Lc 24.49), Depois de 40 dias com eles, após a ressurreição e faltando apenas dez dias para o cumprimento da promessa, Jesus falou aos discipulos "que não se ausentassen de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai" (At 1.4

   Enquanto Cristo estava neste mundo, Ele era o Consolador, mas prometeu que outro Consolador seria enviado pelo Pai. A palavra grega para "consolador" é parakletos, cujo sentido é alguém chamado para ajudar, aconselhar ou mesmo interceder a favor de outra pessoa. Ora, um parakletos é como um amigo íntimo que atua como um advogado, ou consultor especial, ou mesmo como um assistente para ajudar em momentos especiais. A frase "outro Consolador" identifica o Espírito Santo como uma pessoa, o que reforça a crença de que o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Trindade. A palavra "outro", na lingua grega do Novo Testamento, é "allos" e significa "outro". Apontando assim para outra pessoa, não um mero poder ou uma luz, mas, sim, para alguém que veio fazer morada do coração daqueles que creem em Cristo e o aceitam como Salvador de suas vidas.

  2. Uma promessa para evitar a orfandade espiritual

  "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (Jo 14.18). A palavra grega para "órfãos" è orphanous. A palavra-chave contra a orfandade espiritual está no verbo "voltar" dito por Jesus. Enquanto Ele não volta, cumpriu a promessa de enviar "outro Consolador" (Jo 14.16), Jesus usou o verbo "voltar" no tempo presente para fortalecer a ideia de que estaria sempre conosco, por essa razão afirmou: "mas vós me vereis; porque eu vivo, e vás vivereis" (Jo 14.19). Ele voltará. Por isso, confiamos e temos a esperança do seu retorno triunfante para buscar a igreja. O Espírito Santo, o Consolador, veio para reavivar a presença de Jesus no cerne de sua igreja e para fazer lembrar todos os ensinamentos de Jesus.

  Os discipulos ainda não conseguiam entender como seria o futuro deles depois que Jesus não estivesse mais na Terra. Mais tarde, quando Ele morreu, seus seguidores se consideraram órfãos. Entretanto, um pouco antes, na ceia da Páscoa, o Senhor Jesus deu-lhes as últimas ins truções e os chamou de "filhinhos" Jo 13.33), porque, de fato, Ele não os deixaria "örfãos", mas enviaria o Espírito Santo, como aconteceu no Dia de Pentecostes.

  3. Jesus declarou que o Espírito testificaria dEle (Jo 15.26)

  "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim. E cós também testificareis, pois estivestes comigo desde o principia" (Jo 15.26,27)

   Na relação entre as Pessoas da Trindade não há uma hierarquia de poder, e a função do Espirito de glorificar a Cristo e testemunhar em favor dEle não o diminui. O papel do Espirito Santo no contexto da obra redentora é o de glorificar a Cristo mediante a sua obra expiatória. O Espírito não pode ser relegado a um segundo plano na vida da igreja, porque é Ele quem cuida e dirige a igreja de Cristo. É importante considerar que o Espírito Santo e a igreja tëm a missão de testemunhar de Cristo ao mundo. Ele interpreta e aplica a mensagem de redenção da igreja, Ele a capacita para realizar a obra de Cristo. Por isso, como resultado da recepção de poder no Dia de Pentecostes, o Espirito Santo e os crentes em Cristo dão testemunho juntos (Ar 1.8; 15.28)

   No texto de João 15.26, o Espirito é chamado de "Espirito da verdade". Essa verdade que o Espírito representa é a verdade sobre o ódio que seria disseminado pelo mundo contra os discipulos de Cristo, Mas Jesus diz que o Consolador seria enviado da parte do Pai para dar testemunho acerca dEle. O Espírito Santo não apenas revelaria, mas o exaltaria perante o mundo. Matthew Henry escreveu em seu Comentário sobre esse texto, dizendo: "Aqui está a promessa de que o bendito Espírito irá manter a causa de Cristo no mundo, apesar de toda oposição que ela encontrar. Cristo, quando foi ofendido, entregou sua causa ao Pai, e ficou em silêncio, pois o Consolador veio, defendeu-a vigorosamente e prosseguiu com ela triunfantemente. [Jesus disse:] "Quando vier o Consolador', ou Advogado, que procede do Pai, e 'que eu da parte do Pai vos hei de enviar, para suprir a falta de minha presença fisica. Ele [o Espírito], 'testificará de mim' contra aqueles que me odeiam sem causa" (HENRY, 2008, p. 996).

  No versiculo 27, diz: "E vós testificareis, pois estivestes comigo desde o principio". Não só o Espírito testificaria de Cristo, mas todos aqueles homens que foram escolhidos e nomeados por Ele seriam suas testemunhas no mundo. É o Espírito que, ainda hoje, prepara e qualifica o testemunho da igreja e dos crentes em particular.

  4. Uma promessa com sentido duplo

  No Dia de Pentecostes, o apóstolo Pedro se levantou entre os demais e declarou o cumprimento da profecia de Joel 2.23,28,29. Ο discurso de Pedro está registrado em Atos 2.14-21. A profecia de Joel foi dada posteriormente ao exilio em 586 a.C., e o apóstolo Pedro a citou, inspirado pelo Espirito Santo, como sendo o cumprimento dessa profecia (J1 2.17-18). Essa profecia apresenta, de fato, uma promessa com um alcance presente e futuro, ou seja, alcança a Dispensação da Graça e a Dispensação do Milênio. A dispensação da Graça é para a Igreja de Cristo na Terra. Porém, a promessa tem um alcance futuro para com Israel, especialmente no período do Milenio.

  A mensagem de Pedro assevera a profecia de Joel, o qual fala de duas figuras para ilustrar o derramamento do Espirito: a chuva tempora e a serodia. A primeira chuva (tempora) é de pouca duração, pois tem o propósito de preparar a terra para a semeadura.    Nas terras do Oriente Médio, onde está a terra de Israel, essa primeira chuva acontece nos meses de outubro e novembro. A segunda chuva (a serődia) caía nos meses de abril e maio. Essa segunda chuva serve para ajudar a ama-durecer a semeadura que logo será colhida. Geralmente, se trata de uma chuva leve que se alterna com os dias de sol. Na tipologia biblica, essas chuvas simbolizam o derramamento do Espírito Santo em duas ocasiões distintas.

  A temporă, a primeira chuva, caiu no Dia Pentecostes e desceu sobre os discípulos reunidos (At 2.1-4,16). Essa chuva favoreceu a semeadura do evangelho (Mc 16.15-18; At 1.8). Estamos ainda usufruindo os beneficios da primeira chuva do Dia de Pentecostes, preparando a igreja para a sua colheita no seu arrebatamento (1 Co 15.51-52; 1 Ts 4.13-18).

   Em relação a Israel, a promessa da segunda chuva (a seródia) se cumprirá no despertamento espiritual no término da Grande Tribulação, as 70  Semanas da profecia de Daniel, no chamado "tempo da angústia de Jacó" Jr. 30.7), quando o Anticristo pressionará e maltratará o povo de Israel (2 Ts 2.3-4). Então, a segunda chuva descerá sobre Israel com um avivamento impar, antes do evento da Segunda Vinda de Jesus para Israel e para instalar o seu Reino Milenar (Ze 14.1-4; Is 62.2-3,11-12).

  II A Promessa do Pai com Sentido Universal

  O texto de Joel 2.23,28-30 comparado com o texto de Atos 2.16-18 comprova o cumprimento da profecia no Dia de Pentecostes.

  1. A expressão "toda a carne" (At 2.17)

  "Toda a carne" é uma promessa com caráter universal, Ela abrange toda a humanidade. Diz respeito às nações, sem se importar com etnias, posições e privilégios. "Toda a carne" pode ser entendida e subdividida em "filhos e filhas" para demonstrar que a promessa não se restringiria a determinado sexo, mas homens e mulheres que seriam abençoados com essa promessa. Nenhuma restrição de idades, visto que jovens e velhos terão sonhos e visões, bem como servos e servas. Em Atos 2.39, Pedro diz que "a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar. Portanto, essa promessa se refere ao futuro de toda a humanidade.

  III-A Promessa do Pai Cumprida no Dia de Pentecostes

  "E, havendo dito isso, assoprou sobre eles e disse-thes: Recebei o Espírito Santo." (Jo 20.22)

  O imperativo "recebei o Espirito Santo", naquele momento histórico, implicava saber que, a partir daquele instante, o Espirito seria derramado sobre aquelas pessoas. Não demorou muitos dias para que o derramamento acontecesse, porque quando fazemos a conexão do tempo decorrido entre a Páscoa e o Dia de Pentecostes, entendemos que foram apenas 50 dias depois da Páscoa. Na Páscoa, o Cordeiro da expiação foi imolado e somente 50 dias depois se poderia celebrar a Festa da Colheita, no Pentecostes. Isso se refere ao final das sete semanas que precederam o Pentecostes.

  1. Cumprindo-se o Dia de Pentecostes (Jo 20.22)

  Todos os discipulos e grande número de pessoas que seguiam a Jesus aguardavam a chegada do Espirito Santo. Mas quando Jesus ressurreto ainda estava com eles, registrou Lucas que Ele ordenou aos seus discipulos que "não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, que (disse ele) de mim ouvistes" (At 1.4) Foi no final do dia que a promessa veio a se cumprir e isso aconteceu "de repente" (At 2.2). O fim daquele dia culminou com a medida do tempo de Deus para que a promessa fosse cumprida.

  2. Dois simbolos representando a chegada do Espirito Santo

  O fogo e o vento foram figuras representativas da manifestação do Espirito Santo no cenáculo onde estavam reunidas quase 120 pessoas aguardando a chegada do Espírito Santo (At 2.2-3). O texto diz literalmente: "e, de repente, veio do céu um som, como de um vento veemente e impetuoso, e encheu toda a casa em que estavam assentados.

   E foram vistas por eles linguas repartidas como que de fogo, as quais pousaram sobre cada um deles". Simbolizando o Espírito Santo, o vento que soprou sobre aquele lugar de modo forte despertou aqueles discipulos de sua calmaria para perceberem que algo extraordinário estava acontecendo, porque o vento do Espírito soprou apenas sobre aquele lugar. Aquele vento tinha a força de um tornado que se conteve dentro daquela casa, sem destruir nada.   Quem estava do lado de fora via tudo e se maravilhava porque o vento, ainda que forte e impetuoso, podia ser visto e sentido dentro daquele cenáculo onde estavam os dis cipulos de Jesus. Diz o texto que era um vento impetuoso e veemente, que sinalizava algo diferente e que movia apenas com mentes e cora-ções, vivificando e purificando o ambiente para que, sem obstáculo, o Espírito pudesse se manifestar.

  Ao mesmo tempo, os discipulos viram que "linguas de fogo" majestosamente irradiavam sobre aqueles homens e mulheres uma glória especial, e desse fogo único sairam linguas repartidas como chamas vivas sobre a cabeça de cada uma daquelas 120 pessoas dentro daquele cenáculo.

  3. "E todos foram cheios do Espírito Santo" (At 2.4)

  Já sabemos que no ato da conversão o Espirito Santo opera a regeneração em nossa vida (2 Co 5.17). Mas a partir da obra regeneradora, o crente precisa ser cheio do Espirito para manter uma vida vitoriosa sobre o pecado. Os teólogos conectam o ser cheio do Espírito com o batismo com o Espirito Santo. A interligação do texto declara que, primeiramente, "todes forum cheias do Espírito Santo" (At 2.4) e, então, "começaram a falar em outras linguas, conforme o Espirito Santo thes concndia que falases". Inicialmente, foi uma efusão espiritual sobre todos os discipulos, Foi como tomar um vaso cheio e derramar por cima até transbordar. Depois de cheios do Espírito, começaram a falar em outras linguas. O batismo foi uma imersão, no sentido de mergulhar, o crente nos rios do Espirito Santo. Esse mergulho fez com que aqueles discipulos trans-bordassem de tal modo que começaram a falar em outras linguas.   Essa foi a evidência fisica do batismo com o Espírito Santo. Não podemos confundir esse batismo com o batismo no corpo de Cristo; essa não foi a conversão do pecador, e sim, a experiência de poder espiritual para testemunhar de Cristo

  4. "E começaram a falar em outras linguas" (At 2.4)

  O batismo com o Espirito Santo foi uma experiência distinta na vida dos discípulos já convertidos a Cristo. Essa experiência não se restringiu àquele dia. O cumprimento da promessa foi para a igreja que nasceu naquele momento, mas a promessa é que o Espírito Santo alcançaria todas as gerações da igreja de Cristo na Terra até a volta de Jesus (At 2.38-39), Portanto, as linguas faladas, antes de tudo, cram espirituais, mesmo que tenham falado e ouvido em linguas estrangeiras (At 2.8). Portanto, a evidència fisica do falar em linguas é o sinal do batismo com o Espírito Santo. Não há batismo com o Espírito Santo sem essa evidència fisica.

  Conclusão

  A promessa do Pai não restringiu o seu cumprimento ao grupo de discípulos no Dia de Pentecostes. Ela é uma promessa para todos os tempos da história da igreja. O seu cumprimento obedece a uma evolução histórica, que se inicia com Israel no Antigo Testamento; depois, manifesta-se no Dia de Pentecostes; e prossegue nos dias até a Segunda Vinda de Cristo.

A promessa do Pai não foi restrita a um grupo ou a um tempo, mas a todos quantos receberam a Cristo Jesus através dos tempos.

 

   E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

   Elienai Cabral


















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