TEXTO
ÁUREO
“Porque
eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também.”
(Jo 13.15).
VERDADE
PRÁTICA
A submissão
e o serviço são características de maturidade e grandeza no percurso do
crescimento espiritual do cristão.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
João 13.1-10.
1 — Ora, antes da festa
da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar deste mundo
para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim.
2 — E, acabada a ceia,
tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o
traísse,
3 — Jesus, sabendo que
o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de
Deus, e que ia para Deus,
4 — levantou-se da
ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5 — Depois, pôs água
numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a
toalha com que estava cingido.
6 — Aproximou-se, pois,
de Simão Pedro, que lhe disse: Senhor, tu lavas-me os pés a mim?
7 — Respondeu Jesus e
disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois.
8 — Disse-lhe Pedro:
Nunca me lavarás os pés. Respondeu-lhe Jesus: Se eu te não lavar, não tens
parte comigo.
9 — Disse-lhe Simão
Pedro: Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a cabeça.
10 — Disse-lhe
Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés, pois no mais
todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
PLANO DE AULA
1. INTRODUÇÃO
O tema do
nosso estudo é a humildade. Meditaremos sobre um texto bíblico que narra um
momento profundo e impactante do ministério de Jesus: ao lavar os pés dos
discípulos. Ele nos ensina que a verdadeira grandeza do cristão está no serviço
humilde. Os três tópicos desta lição abordarão 1) o exemplo prático e histórico
de humildade dado por Cristo; 2) fará a relação entre humildade e
autoconhecimento, reconhecendo os próprios limites; 3) promoverá um contraste
entre humildade e ostentação. Essa lição nos encoraja a refletir sobre como
essa mensagem desafia nossa postura diante de Deus e do próximo, preparando os
nossos corações para aprender e aplicar esse exemplo em nossas próprias vidas.
2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição: I)
Abordar o exemplo prático e histórico de humildade dado por Cristo; II)
Correlacionar a humildade com o autoconhecimento; III) Promover contraste entre
humildade e ostentação.
B) Motivação: A
ação de Jesus ao lavar os pés dos discípulos demonstra que a humildade não é
sinal de fraqueza, mas sim uma virtude capaz de transformar vidas. Este
ensinamento questiona os padrões de orgulho e ostentação da sociedade
contemporânea, convidando-nos a reconhecer os nossos próprios limites enquanto
valorizamos o serviço altruísta. Devemos perceber a humildade como um traço
fundamental do caráter cristão, espelhando o exemplo de Cristo nas suas
interações diárias.
C) Sugestão de Método: Para
finalizar a aula e consolidar o aprendizado sobre “Uma Lição de Humildade”, proponha
a seguinte atividade: distribua um pedaço de papel a cada aluno e solicite que
escrevam acerca de uma atitude humilde que tenham observado ou praticado
recentemente. Recolha e leia algumas de forma anônima, relacionando-as com a
atitude de Jesus ao lavar os pés dos seus discípulos em João 13.1-10. Aproveite
este momento para exemplificar os temas da lição, ressaltando o caso histórico
de humildade (Tópico I), a influência do autoconhecimento na construção de um
caráter humilde (Tópico II) e a comparação da humildade com a ostentação
(Tópico III). Conclua a aula estimulando que eles integrem a humildade nas suas
rotinas diárias, favorecendo uma aplicação prática da mensagem assimilada.
3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: O
exemplo de Jesus é um chamado para demonstrarmos humildade em nossas atitudes
diárias, seja servindo ao próximo, seja renunciando ao orgulho. Ele nos ensina
que a verdadeira grandeza está em viver para servir, refletindo o caráter de
Cristo em todos os nossos relacionamentos. Essa prática reforça o testemunho
cristão e aumenta a influência da igreja na sociedade.
4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale
a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e
subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 101, p.40, você
encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao
final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de
sua aula: 1) O texto “Lavar os Pés aos Discípulos”, localizado após o primeiro
tópico, apresenta uma contextualização do episódio do Lava-Pés; 2) No final do
terceiro tópico, o texto “O Serviço Amoroso” mostra uma reflexão significativa
a respeito da perspectiva do serviço humilde.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
Nesta
lição, iremos analisar a narrativa do capítulo 13 do Evangelho de João. Este
episódio bíblico retrata o ato de Jesus conhecido como “Lava-Pés”, onde Ele
ensina, através do seu exemplo, a relevância da humildade para aqueles que o
seguem. Este capítulo oferece-nos uma valiosa lição sobre a humildade na vida
cristã. A partir do exemplo de Jesus, somos convidados a servir o próximo de
forma humilde.
Palavra-Chave:
HUMILDADE
AUXÍLIO TEOLÓGICO
“LAVAR OS PÉS AOS DISCÍPULOS
Esse ato
dramático de lavar pés, geralmente realizado por servos, ocorreu na última
noite da vida de Jesus na terra. Jesus fez isso (1) para demonstrar aos seus
discípulos o quanto Ele os amava; (2) para prenunciar (isto é, prever
simbolicamente) o seu sacrifício voluntário na cruz; e (3) para transmitir a
verdade de que aqueles que o seguem devem servir, humildemente, uns aos outros.
O desejo de ser grande atormentava continuamente os discípulos (Mt 18.1-4;
20.20-27; Mc 9.33-37; Lc 9.46-48). Cristo queria que eles percebessem que o
desejo de ser o primeiro — ser superior e honrado acima dos outros — é
exatamente o oposto da atitude dele. Jesus desejava que seus discípulos
imitassem sua maneira (veja Lc 22.24-30, nota; Jo 13.12-17; 1Pe 5.5).
[...]
A igreja primitiva parece ter seguido o exemplo de Jesus e, literalmente,
obedecido seu mandamento de humildemente lavar os pés uns dos outros. Por
exemplo, em 1Tm 5.10, Paulo declara que as viúvas só poderiam receber um
cuidado especial por parte da igreja caso se qualificassem de acordo com
determinados padrões e ações. Um desses atos era ‘lavar os pés dos santos’. As
bênçãos de Deus sempre dependem de colocarmos a sua Palavra em prática (v.17)”
(Bíblia de Estudo Pentecostal — Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022,
pp.1880,1881).
AUXÍLIO BÍBLICO-TEOLÓGICO
“Tendo lavado os pés dos discípulos e vestido
a sua túnica, Jesus, estando à mesa, outra vez perguntou aos discípulos:
Entendeis o que vos tenho feito? (12) MacGregor comenta: ‘Quando ‘veste a sua
túnica’, Jesus assume a sua vida novamente (10.17ss.) no poder do Espírito, e
assim esclarece todas as coisas’ (7). Sem esperar por uma resposta, Jesus
explicou que isto tinha sido um exemplo (15), ou modelo, ‘que estimula ou deve
estimular alguém a imitá-lo’. Da mesma forma que Ele, seu Mestre (literalmente,
‘Ensinador’) e Senhor, lhes tinha feito, assim deveriam fazer uns aos outros
(13,14; cf. 34). Hoskyns diz: ‘Seu ato de lavar os pés dos discípulos expressa
a própria essência da autoridade cristã’. Não parece haver qualquer evidência
de que Jesus quisesse que a lavagem dos pés fosse instituída como um
sacramento. Mas fica claro que Ele estava ensinando, pelo exemplo básico e
axiomático, embora paradoxal, que a única maneira de ser ‘o maior’ (Lc 22.24)
ou de ser bem-aventurado (17) é tomar a estrada do serviço amoroso (13.34) e do
sacrifício (10.15), baseado no conhecimento da vontade de Deus para nós. A
palavra traduzida como bem-aventurado no texto das Beatitudes é makarioi (Mt
5.3-12)” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de Janeiro: CPAD, 2024,
p.117).
SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO
UMA LIÇÃO DE HUMILDADE
Nesta
lição, veremos que o Senhor Jesus é o nosso maior exemplo de humildade e
mansidão. Na ocasião em que reuniu Seus discípulos para última Ceia antes da
Sua prisão, Jesus se despiu e realizou um ato de serviço semelhante ao
realizado pelos escravos na casa de seus senhores: o ato de levar os pés (Jo
13.1-10). O Mestre quis ensinar de modo prático a Seus discípulos que a atitude
de humildade deve ser um comportamento marcante na vida daquele que serve a
Deus.
Este ensino de Cristo contrasta com a ideia
humana e secularizada de que os maiores são aqueles que dominam e subjugam os
que são desprovidos de poder. O objetivo do Mestre não era desqualificar as
autoridades constituídas, mas revelar a natureza do Reino de Deus, a saber: um
Reino em que prevalece a justiça, a misericórdia e o amor (Sl 11.7; 89.14; 1Co
13.13). Diferente do governo humano, o Reino de Deus destaca que aqueles que
querem se fazer grandes devem ser humildes e demonstrar continuamente um
espírito de serviço. O apóstolo Paulo endossa esse ensinamento aos filipenses e
exorta para que haja nos crentes o mesmo sentimento que houve em Cristo Jesus
(Fp 2.5-10).
Na obra Comentário Devocional da
Bíblia (CPAD), o autor discorre que “a nossa fé cristã está cheia de
paradoxos. Este é o mais poderoso. Como Cristo se humilhou, Deus o exaltou. O
caminho para o alto é, na realidade, para baixo. A chave para a liderança é
servir. Os maiores entre nós são os servos de todos. Este é um paradoxo, mas
também é uma realidade. Nós, que escolhemos a humildade agora, seremos
exaltados, e estaremos acima dos orgulhosos. Nós, que nos entregamos aos
outros, vamos lucrar. Nós, que perdemos a nossa vida, a encontraremos melhorada
e verdadeira. Não há outra maneira de ser bem-sucedido na vida cristã que não
seja andar pelo caminho que Jesus andou” (2012, p.869).
Nesse
sentido, o exemplo de Cristo nos aponta qual deve ser a nossa postura diante da
arrogância, da soberba e da vaidade. Como servos de Deus, chamados para pregar
o genuíno Evangelho da graça, praticar a humildade e o altruísmo não se trata
de uma performance que devemos adotar para mostrar uma religiosidade aparente.
Antes, devemos pedir a Cristo que transforme nosso coração de tal maneira que servir
seja um ato prazeroso. A nossa motivação deve ser ver o nome do Senhor
engrandecido (1Pe 4.11). Que nossa postura seja a mesma de João Batista: “Que
ele cresça e que eu diminua” (Jo 3.30).
CONCLUSÃO
Nesta
lição, abordamos a relevância da virtude da humildade para um melhor
autoconhecimento. Deste modo, começamos a perceber os nossos limites e aquilo
que nos diz respeito ou não. Compreendemos que a humildade se opõe a uma
cultura de ostentação, à busca desenfreada pela fama e a outros objetivos que
nada têm a ver com a simplicidade do Evangelho. Dessa forma, podemos seguir o
caminho humilde do nosso Senhor.
CPAD : E o Verbo se fez carne — Jesus
sob o olhar do Apóstolo do amor
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 8: Uma lição de humildade
Capítulo 8
Uma Lição
de Humildade
"Porque
eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vés também."
João 13.15
João 13.1-10
1-Ora,
antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada a sua hora de passar
deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os
até o fim.
2-
E acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho
de Simão, que o traisse,
3-
Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que
havia saldo de Deus, e que ia para Deus,
4-
levantou-se da ceva, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se.
5-
Depois, pós água numa bacia e começou a lavar os pés aos
discipulos
e enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido
6-
Aproximou-se, pois, de Simão Pedro, que the disse: Senhor, t lavas-me os pés a
mim?
7-
Respondeu-lhe e disse-lhe: O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o
saberás depois.
8-Disse-lhe
Pedro: Nunca me lavarás os pés. Respondeu-the Jesus: Se eu te não lavar , não
tens parte comigo
9-
Disse-lhe Pedro : Senhor, não só os meus pés, mas também as
mãos
e a cabeça,
10-
Disse-lhe Jesus: Aquele que está lavado não necessita de lavar senão os pés,
pois no mais todo está limpo. Ora, vós estais limpos, mas não todos.
Introdução
P |
ara que
entendamos os ensinamentos de Jesus no capítulo 13 do Evangelho de João,
precisamos fazer uma retros pectiva dos capítulos 11 e 12.
1. A
prévia de preparação para o enfrentamento da sua missão redentora
Ainda no capitulo 11.55,56 do Evangelho de
João, a Festa da Páscoa aproximava-se. Então, Jesus vai a Betânia, à casa de
seu amigo Lázaro, agora ressurreto. No capítulo 11, o Sinédrio dos judeus se
reuniu para decidir o que fazer com Jesus de Nazaré (11.47). Os membros do
Sinedrio, constituido por sacerdotes, escribas e outros religiosos da elite,
perguntavam-se: "O que faremos?". No versículo 48, a preocupação
daqueles religiosos fez com que chegassem ao consenso que "Se o deixamos
assim, todos crerão nele, e virão os romanos e tirar-nos-ão o nosso lugar e a
nação". Então, decidiram encontrá-lo, prende-lo e matá-lo (11.57). Mas
Jesus, cuidadosamente, retirou-se para Betania e continuou operando milagres e
curas no meio daquele povo
2. A unção que precedeu a morte de Jesus
No capitulo 12. Jesus aceitou um jantar
oferecido na casa de Maria, Marta e Lázaro. Na casa de seus amigos aconteceu
algo inusitado: Maria tinha guardado um alabastro de nardo puro equivalente a
"uma libra", que era o peso de 327 gramas. Era um perfume caríssimo
derivado de uma erva aromática que crescia nos campos do Himalaia, entre o
Tibete e a India. Maria amava Jesus como o
seu salvador e Senhor, por isso tomou esse vaso de alabastro e o derramou sobre
os pés de Jesus, e os enxugou com os seus cabelos. O cheiro desse perfume
encheu a casa inteira (Jo 12.3). Não devemos confundir Maria, irmă de Lázaro,
com a mulher pecadora, em outra ceia acontecida na casa de Simão, que era
leproso. Nessa ceia da casa do publicano, a pecadora derramava lágrimas sobre
os pés de Jesus e, com devoção, enxugava os pés do Filho de Deus com os seus
cabelos.
3. Jesus é declarado Rei andando sobre um
jumentinho em Jerusalém
Após a cela na casa de Lázaro, no dia seguinte
Jo 12.12-19). Jesus resolve voltar para Jerusalém, mas foi surpreendido com uma
multidão que queria ouvi-lo e presenciar outros milagres. Deparou-se com uma
multidão de admiradores e curiosos, que tomaram folhas de palmeiras e lançaram
diante dEle clamando: "Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do
Senhor!" (12.13). Jesus encontrou um jumentinho e assentou-se sobre ele,
conforme a profecia de Zacarias 9.9, que diz: "Alegra-te muito, ó filha de
Sião; exulta, ó filha de Jerusalém; eis que o teu rei virá a ti, justo e
Salvador, pobre e montado sobre um jumento, sobre um asninho, filho de
jumenta". Ao entrar desse modo em Jerusalém, Jesus declarou ser o Messias
e o Salvador que estava pronto para enfrentar os seus. No Evangelho de João
12.28, enquanto Jesus orava ao Pai Celestial, "veio do céu uma voz que
dizia: Já o tenho glorificado e outra vez o glorificarei". A multidão
ouviu a voz, mas não a compreendeu. Então, Jesus disse a todos "Porque eu
não tenho falado de mim mesmo, mas o Pai que me enviou" (Jo 12.49).
4. Jesus Resolve Fazer uma Ceia Especial com
os Discipulos
Depois desses acontecimentos, Jesus sabía que
a Festa da Páscoa estava se aproximando, então resolveu antecipá-la fazendo uma
ceia com os seus discipulos no capítulo 13, do Evangelho de João.
Jesus reúne seus discípulos na cria e
exemplifica sua humildade fazendo o trabalho de um serviçal da casa onde
estavam reunidos. Quando Jesus fez a última ceia pascal com seus discípulos, a
narrativa indica que a Festa da Páscoa estava próxima (Jo 13.1). Foi nessa ceia
que Jesus instituiu um novo ensinamento para a Santa Ceia ou a Ceia do Senhor,
que a igreja realiza até os dias de hoje. Jesus quebra o protocolo daquela
ceia, dando-lhe um significado particular. Para instruir sobre a humildade, o Filho
de Deus, não apenas emite conceitos morais e filosóficos, mas torna-se um
exemplo vivo e prático de humildade com uma atitude. Ele aproveita um costume
tradicional das pessoas do seu tempo e demonstra como aqueles homens deveriam
agir na expansão da igreja no mundo.
I- Jesus, o Mestre Cria uma História Real
1. O enredo da história (Jo 13.1-4)
Antes de tudo, Jesus tinha interesse em fazer
uma ceia com seus discipulos para terem momentos de comunhão e companheirismo.
Os discípulos sabiam que alguma coisa aconteceria no futuro do seu Mestre.
Jesus sabia, também, que já era chegada a sua hora de fazer o grande sacrificio
por toda a humanidade. Aquela ceia era a oportunidade que Jesus tinha, não só
para comungar com seus discipulos, mas de, essencialmente, ensinar-lhes algo
novo e indispensável antes da Paixão.
Depois da mesa posta para todos e todos os
discípulos se assentarem para comer, de repente, Jesus, o Mestre dos mestres,
tomou uma bacia com água e uma toalha, alçou as pontas de sua túnica e
amarrou-as na cintura. Tomou as mangas compridas e largas, típicas das túnicas
daqueles tempos, amarrou-as por trás do pescoço, esse era o modo de um servo da
casa "cingir-se" para trabalhar, tendo mãos e pernas livres para os
afazeres, e lavou os pés dos discípulos. O costume do "lava-pés", nos
tempos bíblicos, fazia parte do tratamento dispensado aos convidados do senhor
de uma casa. Ao chegar à casa onde fariam a ceía da Páscoa, Jesus não encontrou
nenhum servo daquela casa para lavar os pés dos convidados. Toda ação pública
de Jesus era feita de modo inteligente para transmitir alguma lição de vida.
Outrossim, o dono daquela casa a cedeu apenas para que Jesus fizesse a cela
desejada, visto que era o epicentro daquele momento, Ele reuniu apenas seus
discipulos para cearem juntos. Nesse episódio, Jesus aproveita para dar o maior
exemplo de humildade ao lavar os pés dos seus discipulos, que estavam pasmados
sem entender aquela atitude do seu Mestre.
2. Jesus quebra o paradigma de uma tradição
judaica (Jo 13.4,5)
Jesus
sai do cenário público das multidões se aglomerando em torno dEle, sempre
querendo mais algum milagre, e olha para os seus discipulos e dedica algum
tempo a mais preparando-os para o que viria à frente. Depois de uma caminhada a
pé pelas estradas poeirentas entre Betânia e Jerusalém, que eram
aproximadamente 15 quilómetros com subidas e descidas, Jesus chega à casa em
que realizaria a ceia com seus discipulos. Naturalmente, as sandálias de couro
usadas propiciavam a sujeira, o ressecamento e as calosidades nos pés. Em
determinado momento, Jesus interrompe a ceia para espanto de todos, a fim de
en-sinar-lhes que o caminho da conquista do Reino de Deus é palmilhado com
humildade (Jo 13.5). Ele ensinou que a humildade é a verdadeira expressão da
grandeza de espírito de uma pessoa. Jesus exemplificou a atitude humilde em seu
cotidiano. O cristianismo só teria sucesso e alcançaria o seu objetivo se os
valores deixados por Jesus fossem vividos por seus seguidores. Por isso, a
humildade não pode ser mera demonstração exterior, mas precisa ser
interiorizada no coração e na mente dos verdadeiros servos de Deus.
II - A Humildade Implica Assumir um Estado de
Ser (Jo 13.3)
"Jesus, sabendo que o Pai tinha
depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia
para Deus." (Jo 13.3).
1. Jesus conhecia a própria natureza
Jesus tinha consciência do seu papel e da sua
importância como Senhor e Mestre. Ele inverteu o seu papel de Senhor para agir
como simples serviçal, a fim de ensinar a lição aos seus discípulos. Ele sabia
o que queria e o que estava fazendo. Para que aqueles homens entendessem a
filosofia do Reino de Deus, Jesus sabia que precisariam mudar os seus valores
pessoais. Nossa natureza humana tem o estigma do pecado da presunção, e, por
isso, temos dificuldades em abaixar a cabeça e nos humilhar. Preferimos nos
impor para provar que temos poder. Preferimos olhar de cima para baixo, nunca
de baixo para cima. Preferimos as coisas altas. Preferimos os picos mais altos da vida porque
é próprio do ego humano. Jesus ensina, no ato de "lavar os pés" dos
seus discipulos, que Ele, sendo Mestre e Senhor, sabia se humilhar como homem,
mesmo não precisando provar que era humilde. Os discipulos não teriam
dificuldade alguma para lavar os pés do seu Mestre, mas teriam problemas para
lavar os pés uns dos outros, Jesus, com uma atitude não só humilde, mas também
decisiva, prosseguiu em lavar os pés dos discípulos. Os discipulos ficaram em
choque porque não conseguíam entender o que Jesus queria ensinar. Por essa razão,
Ele declarou: "O que eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás
depois" Jo 13.7). A lição a ser aprendida era do serviço desinteressado
que foi visto na morte de Jesus na cruz. Naquela casa, com uma bacia de água em
sua frente, Jesus apenas dá o exemplo (Jo 13.15).
2. Jesus simplesmente deu o exemplo (Jo
13.15)
Jesus não precisava provar que era humilde,
mas Ele deu o exemplo. O ato de lavar os pés dos discipulos deixou-os
envergonhados. Alguns ficaram em silêncio, sem entender, Pedro, um dos mais
temperamentais, ficou indignado com o fato de Jesus humilhar-se para lavar os
seus pés Jo 13.6). Pedro reagiu porque entendia que o Senhor Jesus não podia
estar disposto a fazer o trabalho de um servo. Pedro disse ao Senhor, quando
chegou a sua vez, que Ele nunca lavaria os seus pés. Jesus respondeu-lhe:
"O eu faço, não o sabes tu, agora, mas tu o saberás depois (Jo 13.7).
Pedro disse ao Senhor: "Senhor, não só os meus pés, mas também as mãos e a
cabeça" (13.9). O que Jesus queria que Pedro e os demais discipulos
soubessem era que Ele havia assumido o papel de "servo" para fazer a
vontade do Pai. Jesus disse em outra ocasião: "não busco a minha vontade,
mas a vontade do Pai, que me enviou" (5.30). Pedro precisava entender que,
sem uma obra completa de limpeza e humilhação, aqueles discipulos não
conseguiriam fazer a obra de Deus. Sendo Jesus o Verbo Divino, Ele se fez carne
para identificar-se conosco. Temos dificuldades para servir e nos sujeitar aos
outros porque temos medo da rejeição. Por nossa indole pecaminosa, temos receio
de que as pessoas se tornem superiores a nós. A insubmissão tem a ver com o medo
e a insegurança. O nosso ego é insubmisso e rebelde, não se submete a nada e
ninguém. Às vezes, quando dominados por um sentimento de inferioridade, fazemos
de tudo para não nos sentirmos rebaixados. Mas Jesus sabia de onde vinha; Ele
conhecia sua procedência e o que realmente importava.
3. O caminho da vitória da vida é ser livre e
humilde
Em certa ocasião, Jesus percebeu entre os
discipulos uma discussão sobre quem era o maior entre eles e disse aqueles
homens:
E Ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam
sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas
não sereis vös assim; antes, o maior entre vós seja como o menor, e quem
governa, como quem serve. Pois qual é maior quem está à mesa ou quem serve?
Porventura, não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós, sou como aquele que
serve. (Le 22.25-27)
O princípio básico contra a arrogância do
espirito humano é assimilar a ideia de que o maior deve ser o primeiro a
servir. A pessoa humilde nunca se sobrepõe porque, antes de tudo, a humildade é
um estado de ser.
III - A Humildade Vem Despida de Ostentação
(Jo 13.4)
1. "Levantou-se da ceia, tirou as vestes
e, tomando uma toalha, cingiu-se" (v. 4)
A palavra cingiu-se não é um termo moderno.
Na Biblia versão Almeida Revista e Corrigida (ARC) encontramos a palavra
"cingiu-se". Na Biblia Nova Versão Internacional NVI está escrito que
Cristo "levantou-se da mesa, tirou sua capa e colocou uma toalha em volta
da cintura", que é o equivalente ao ato de cingir-se. Na Biblia Almeida
Revista e Atualizada (ARA) está escrito que "levantou-se da ceia, tirou a
vestimenta de cima e, tomando uma toalha, cingiu-se com ela". O ato de
tirar "as vestes de cima do corpo" significava dispor-se para
trabalhar. Porém, subentende-se melhor que o ato de cingir-se com uma toalha
implicava estar com as pernas e braços livres para fazer o trabalho. Era o
exemplo que Jesus queria dar aos seus discípulos e o fez de modo nítido. Ele
não teve qualquer constrangimento em estar com as pernas e com os braços livres
para abaixar-se e lavar os pés dos discípulos. Era, de fato, um gesto pessoal
de humildade, feito pelo Reis dos reis e Senhor dos senhores.
2. Uma disputa calada de poder da parte dos
discipulos (Jo 13.15-17)
Jesus havia percebido que estava havendo
entre os discipulos uma disputa de poder, de proeminência, de liderança, de
chefia, como Marcos narrou em seu Evangelho (9.34). Aqueles discípulos já se
preocupavam sobre quem assumiria o comando do grupo depois da morte de Jesus.
Nesse estado de espírito, cada discipulo esperava que o outro fizesse o serviço
menor e, por isso mesmo, nenhum deles se dispós a fazer o serviço de lavar os
pés dos outros. Como futuros lideres da igreja não podiam começar erradamente.
A igreja seria dinamizada não pela ostentação. de alguns e a presunção de
outros, mas, sim, pelos comportamentos contrários ao sistema mundano. A igreja
teria que ser cimentada na humildade, no serviço, no amor ao próximo e no
respeito ás pessoas.
Na verdade, Jesus interrompeu aquela disputa
de poder dos discipulos e assumiu a postura de inferioridade de um serviçal da
casa. Foi uma ação na mudez de palavras que significou um grito na consciência
dos discípulos. Depois disso tudo, Jesus lhes disse: "Vos me chamais
Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos
lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros" (Jo
13.13,14).
3. A humildade se apresenta cingida (Jo 13.4)
Mais uma vez, voltamos à palavra
"cingir", que significa, primordialmente, "estar à volta";
circundar, prender ou ligar em volta. Neste ponto, aprendemos que a humildade
rejeita a presunção humana. O paradigma do Reino que Cristo deixou como sinal
não é a imponência, mas a humildade; não é a supremacia, mas a submissão; não é
a conquista de posição, mas o serviço; não é a exaltação, mas a humilhação; não
é a sofisticação, mas a simplicidade; não é a superação do outro, mas o amor ao
próximo. A igreja não pode entrar no
jogo de competição para ver quem é mais, quem tem mais, quem faz mais. A
dignidade não está em quem oferta mais, e sim em quem "serve mais",
sem ter o foco em quem foi abençoado. O verdadeiro crente é alguém pronto para
servir a Deus e à igreja do Senhor. O que Jesus quis ensinar quando lavou os
pés dos discipulos é que a exaltação maior no Reino de Deus está no servir e
nunca esperar pelo outro para servir, e servir com alegria.
4. A humildade não tem preconceitos (Jo
13.13,14)
Na experiência humana, a humildade é
interpretada como uma virtude frágil que diminui o ser humano, que tira o
brilho das pessoas, ou que reduz uma pessoa a ter um sentimento de fraqueza e
de inferioridade. A Biblia declara que Jesus veio a este mundo para desfazer as
obras do Diabo e resgatar os valores morais perdidos. Para esse resgate, foi a
humildade de Jesus que tornou possivel a manifestação da graça de Deus, sem
fazer distinção de classe social, de raça ou de lingua. Ele submeteu-se ao
vitupério do Calvário. Foi cuspido e ferido, mas foi capaz de suportar a
afronta da cruz para conquistar a glória da liber tação dos filhos de Deus.
Os verdadeiros discípulos de Jesus não podem
evitar o caminho da resignação. O nosso ego precisa ser subjugado ao Espirito
Santo; o orgulho precisa ser desmascarado; a soberba precisa perder a pose e a
presunção deve cair por terra e dar lugar ao espírito humilde. A humildade
nunca se assenta; está sempre de pé. A humildade crista é aquela que leva as
cargas dos outros, como Paulo ensinou em Gálatas 6.2: "Levai as cargas uns
dos outros e assim cumprireis a lei de Cristo".
Conclusão
O apóstolo Paulo escreveu aos Filipenses
(2.5-8) e disse o seguinte: "De sorte que haja em vós o mesmo sentimento
que houve também em Cristo Jesus, que, sendo em forma de Deus, não teve por
usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo,
fazendo-se semelhante aos homens, e, achado na forma de homem, humilhou-se a si
mesmo, sendo obediente até à morte e morte de cruz". Na verdade, Jesus
redefiniu o padrão de grandeza no Reino de Deus, dizendo: O maior é o que
primeiro serve (Lc 22.24-27).
"Serviço e
submissão são atributos de maturidade e grandeza no discipulado cristão."
E O VERBO SE FEZ CARNE
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