CAPÍTULO 5
A Verdade que Liberta o Pecador
"E conhecereis a
verdade, e a verdade vos libertará."
João 8.32
João 8.31-36
31-Jesus dizia, pois, aos
judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sereis meus
discipulos.
32- e conhecereis a verdade,
e a verdade vos libertară.
33- Responderam-lhe: Somos
descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis
livres?
34- Respondeu-lhes Jesus: Em
verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do
pecado.
35- Ora, o servo não fica
para sempre em casa; o Filho fica para sempre.
36- Se, pois, o Filho vos
libertar, verdadeiramente, sereis livres .
Introdução
P |
ara falar de si mesmo como
"a Verdade", Jesus, nos ver-sículos 31-47, teve de confrontar não só
aqueles que Ele chama de "filhos de Abraão", mas também os
"filhos do diabo". Os filhos de Abraão reivindicavam privilégios
raciais da linhagem de Abraão, e "os filhos do diabo" (8.44) eram
todos aqueles que falavam mentiras e aspiravam por violência contra Jesus
porque Ele mantinha sua postura de Filho de Deus. A única verdade contra a
mentira era o próprio Jesus (8.32).
I- Jesus Enfrenta a Rejeição como Filho de
Deus
No final do capitulo 6, Jesus
notou a reação não só dos judeus religiosos, mas até mesmo dos seus discipulos,
os quais depois de ouvirem o seu sermão consideraram-no muito duro de escutar.
Jesus falou-lhes acerca da sua carne como o "pão da vida", realizando
uma comparação entre ambos (Jo 6.51). Em sintese, Jesus queria que os seus
discipulos soubessem que, a menos que eles o reconhecessem como o Salvador de
suas almas e assimilassem-no com fé viva, confiando no seu sacrificio (que era
o seu corpo partido e o seu sangue derramado), não poderiam ter a vida eterna.
Após enfatizarem o teor da
mensagem de João 6.60, os discipulos escutam de Cristo: "O Espirito é o
que vivifica, a carne para nada aproveita" (Jo 6.63a). O que Ele queria
que seus discípulos entendes-
sem é que "a sua carne", no sentido fisico, não podia
ajudá-los em nada. Porém, quando fala do "seu Espirito", ao oferecer
seu corpo para ser partido e o seu sangue para ser derramado, era, de fato, que
lhes daria vida eterna, porque "as palavras que eu vos disse são espírito
e vida" (Jo 6.63b). Mas muitos daqueles discipulos deixaram de crer,
recuaram e pararam de andar com Jesus, com exceção daqueles que foram
escolhidos por Ele; estes permaneceram firmes. Nessa ocasião, Simão Pedro disse
a Jesus: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida
eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus"
Jo 6.68,69). Todavia, Jesus sabia que, mesmo entre aqueles que foram escolhidos
por Ele, havia alguns que estavam incrédulos, principalmente Judas Iscariotes
(Jo 6.70,71). Ora, o povo rejeitou a Jesus como o Filho de Deus porque queria
milagres, mas não queria aquele que operou os milagres.
1. A incredulidade dos irmãos de
Jesus
Nos capitulos 7 e 8 do
Evangelho de João são narradas situações em meio à Festa dos Tabernáculos que a
cidade de Jerusalém realizava. A cidade recebia pessoas de todas as partes do
mundo e, principalmente, judeus dispersos. Nesses capitulos, Jesus aproveita a
ocasião para falar publicamente do seu ministério na Terra. As opiniões acerca
de Jesus eram variadas. As pessoas que criam nEle e em sua palavra o
acompanhavam; já aquelas que se tornaram antagonistas do que Ele representava
não perdiam oportunidade para discordar e discutir suas doutrinias. Durante o
periodo das Festas de Jerusalém, Jesus não só falou a todo o povo que queria
ouvi-lo, mas operou curas e milagres. Porém, os discursos de Jesus haviarn
afastado muitos discipulos e até os próprios irmãos, filhos de José e Maria, os
quais não criam no seu papel de Filho de Deus (Jo 7.5). Seus irmãos, querendo
livrá-lo da possibilidade de ser preso pelas autoridades religiosas, pediam a
Ele que fosse para a Galileia, mas Jesus, que conhecia o tempo e a vontade do
Pai, não atendeu ao pedido de seus irmãos (Jo 7.3,4). Durante a Festa dos
Tabernáculos, Jesus fez declarações ousadas que contrariavam os lideres
religiosos, especialmente os fariseus, que o rejeitaram e procuravam matá-lo.
Depois dessas recalcitrações dos judeus de Jerusalém e de ter sido confrontado
com o episódio da mulher adúltera, que trouxeram para que Ele a julgasse, e não
correspondendo ao senso radical de justiça daqueles lideres religiosos, estes
ficaram ainda mais irados e decididos a prendé-lo e matá-lo.
II- Jesus Enfrentou na Galileia a Rejeição à sua Mensagem
1. Jesus, a Verdade rejeitada pelos que o seguiam (Jo 7.20,32)
Inicialmente, Jesus andava pela Galileia porque havia ameaças contra a
sua vida na Judeia (Jo 7.1). Até que todos os que seguiam Jesus e o admiravam
entendessem o seu papel no mundo, Ele sabía que a verdade pregada e anunciada
seria rejeitada pelas autoridades de Jerusalém. Na Galileia, Jesus já sabia que
o momento de ser entregue nas mãos dos chefes religiosos de Jerusalém estava se
aproximando. No capítulo 6, muitos seguidores de Jesus, que eram atraídos pelos
milagres que Ele realizava, tinham dificuldades para aceitar a sua mensagem,
especialmente quando Ele se identificou como o "pão vivo que desceu do
céu" (Jo 6.51). Por isso, o abandonaram e ficaram apenas os doze
discipulos, anteriormente escolhidos para estar com Ele Jo 6.65,66. Dos doze
discipulos, o Senhor já sabia que um deles também se afastaria, que era Judas
Iscariotes (6.64).
No sermão pregado em Cafarnaum,
Cristo aproveitou para falar do propósito imediato daquele milagre para
apresentar-se como a "Verdade" do sinal realizado (6.16-21). A
essência do discurso na sinagoga estava nas suas palavras, quando disse:
"Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crè em
mim nunca terá sede" (Jo 6.35). Na realidade, Jesus queria convencer as
pessoas que o ouviam de que as necessidades fisicas de comer e de beber eram
menos importantes do que as necessidades espirituais das suas almas. Mas o povo
estava incrédulo quanto à sua mensagem e não quis ouvir, porque a mensagem de
Jesus revelava a sua relação com Deus Pai. Houve uma
reação muito forte contra Jesus quando Ele declarou: "Em verdade,
em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (Jo 8.58).
2. Jesus revela a verdade sobre o pão do céu (Jo 6.60-71)
Depois do milagre da
multiplicação dos cinco pães e dois peixes, apesar da admiração pelo milagre
efetuado, o povo quería apenas ver outros milagres operados e, portanto,
demonstrou uma fe incipiente para com a Verdade por trás do milagre. Quando
Jesus, corajosa e necessariamente, fez um sermão, nem a multidão, nem muitos
dos seus discípulos, além dos seus próprios irmãos (filhos de José e Maria)
conseguiram entender, nem aceitar a sua mensagem. Conforme explicado, Jesus fez
uma comparação entre o pão que Deus deu ao seu povo no deserto, o maná, com
Ele, o verdadeiro "pão do céu", quando disse: "Eu sou o pão da
vida" (6.35.45).
III Jesus, a Verdade se Expõe em Jerusalém
1. Jesus deixa a Galileia e vai para Jerusalém (Jo 7.1-9)
Jesus obedecia ao Pai em todas
as coisas e em tudo o que fazia Jo 5.19,20; 6.38; 8.29), Em razão disso, Ele
deixa, mais uma vez, a Galileia e volta para Jerusalém, e vai à Festa das
Cabanas ou Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2. Jesus tinha consciência de seus
movimentos e não se deixaria influenciar por nada e ninguém, como lemos em João
7.3-6:
Disseram-lhe, pois, seus
irmãos: Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discipulos vejam
as obras que fazes Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça
coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque
nem mesmo seus irmãos criam nele. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado
o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto,
Nada podia alterar o tempo da sua grande obra expiatória pelo pecado do
mundo. Jesus sabia que a sua vinda a este mundo era para salvar os pecadores.
Por isso, coisa nenhuma o faria sair da dependència da vontade do seu Pai, como
Ele mesmo declarou: "E aquele quer me enviou está comigo; o Pai não me tem
deixado só, porque eu faço sempre o que agrada" Jo 8.29). No texto do
versiculo 6 do capitulo 7. Jesus declarou aos seus discipulos que "o
tempo" ainda não havia chegado. Que tempo seria esse? O tempo de sua
morte, quando Ele se entregaria nas mãos dos seus inimigos para cumprir toda a
justiça divina. Em Mateus 20.18, Jesus disse: "Eis que vamos para
Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principes dos sacerdotes e aos
escribas, e condená-lo-ão à morte". Jesus cumpria com eficiência seu papel
de Filho de Deus e não se deixava dominar por qualquer tipo de medo. Pelo
contrário, sua meta era cumprir os designíos do Pai para o momento especial de
seu ministério terreno.
2. Jesus, a Verdade se expõe na festa dos judeus (Jo 7.10-14)
Nos versículos 10 a 13, Jesus
procurou ocultar-se do assédio do povo, pois já estava na metade dos dias da
Festa, até que, entendendo que a vontade do Pai havia chegado ao seu ponto
culminante, subiu ao Templo e começou a ensinar. Sabendo que o povo estava
dividido nas opiniões a seu respeito, Ele disse: "O meu ensino não é meu,
e sim daquele que me enviou (Jo 7.16, ARA). Houve grandes discórdias entre
todas as pessoas, porque preferiam admitir que Ele fosse um grande profeta, mas
nunca o Filho de Deus. Jesus se tornou o personagem principal naquela festa.
Seria a sua verdade a de um impostor, ou de um profeta, ou Ele estaria falando
a verdade acerca da sua origem? Ainda hoje, os homens se sentem obrigados a
enfrentar a verdade com as afirmações que Cristo havia feito naquele dia. Ele
era o Filho de Deus e o que ensinava continha a única verdade que o mundo de
então não conhecia. Somente Ele podia declarar Eu Sou a Verdade como em
João 14.6.
IV Jesus, a Verdade Testada pelos Escribas e Fariseus (Jo 8.1-11)
1. Que teste era esse?
Quando Jesus desceu do monte
das Oliveiras, foi direto para o pátio do Templo porque, pelo Espirito, Ele
sabia que os seus inimigos viriam ao seu encontro para questioná-lo sobre
algumas declarações que havia feito sobre a Lei e sobre Moisés. Pela manhã do
dia seguinte, ao se depararem com Jesus no pátio do Templo e com uma pequena
multidão que o ouvia, aqueles lideres religiosos se aproximaram dEle. Muitas
daquelas pessoas estavam ansiosas por mais milagres. Aquele grupo de escribas e
fariseus quis surpreende-lo ao trazer uma mulher em adultério Jo 8.3-5):
E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma
mulher apanhada em adultério, E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher
foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as
tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?
Aqueles homens não tinham
escrúpulo nenhum e nem respeito algum pelas pessoas. Então, eles começaram a
acusá-la de ter pecado contra a Lei de Moisés. Os escribas e fariseus afirmavam
que Jesus anulava a Lei de Moisés, além de não respeitar a Lei em tudo que
fazia; desse modo, pensavam que o deixariam em situação embaraçosa diante da
multidão que o ouvia. Essa era uma maneira de acusá-lo diante do povo.
Inteligentemente, Jesus lhes dá uma resposta, fazendo uma pergunta e, assim,
Ele lhes mostra que não estava anulando a Lei. Logo, Jesus endereça a sua
resposta aos seus inimigos, dizendo-lhes: "Aquele que dentre vós está sem
pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (Jo 8.7). Nenhum deles
levantou a voz, nem atirou pedra contra aquela mulher, porque a consciência
acusava cada pessoa presente naquele local. Jesus disse mais àqueles homens no
versículo 15: "Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo".
Jesus é a verdade que aclara as consciências. Sua verdade é como espada que
penetra no amago de cada pessoa e nada fica escondido. Ele não é uma verdade
entre outras. Ele é a verdade que liberta o pecador dos seus pecados.
2. Jesus, a Verdade revelada (Jo 8.32; 14.6)
A expressão "e conhecereis
a verdade" (Jo 8.32, segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, no
Evangelho de João, aponta para o momento no qual o Espírito regenera os
discípulos, trazendo revelação e a capaci dade para tanto. O novo nascimento é
uma experiência reveladora, ou seja, uma experiência espiritual que causa
impacto no modo como a pessoa entende toda a realidade. Essa experiência produz
liberdade da sua natureza pecaminosa para viver uma nova experiência, mediante
o conhecimento da Verdade.
Mais à frente, no texto de João
14.6, Jesus proclamou a todos os que podiam ouvi-lo e diz: "Eu sou o
caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Na
realidade, todos os outros caminhos estão suprimidos, e não é como diz no
ditado popular que "Todos os caminhos conduzem a Deus". Esse ditado é
uma desculpa de quem não quer aceitar entrar "no único caminho" para
a vida. Jesus é o único caminho para chegar a Deus. Se o homem seguir o seu
próprio caminho, irá se perder. Jesus é o único caminho para o arre pendimento
e para a confissão de pecados. Ele é a Verdade Singular da qual todos nós
precisamos. Quando Ele diz "Eu Sou a Verdade", está, de fato,
afirmando que nEle não há erro e nenhum defeito inerente ao homem. Ele viveu
neste mundo de pecado e de mentira sem nunca ter pecado. Tudo o que dizia era o
que o Pai o havia incumbido de dizer Jesus falou aos seus discipulos que eles
deixaram de ser escravos do pecado quando conheceram "a verdade" (v. 6).
Aqueles judeus que o questionavam disseram a Jesus: "Somos descendéncia de
Abraão, e nunca servimos a ninguém, como dizes tu: Sereis livres?" (v.
33). Jesus foi direto ao dizer que, a despeito de eles serem descendência de
Abraão,
não eram pessoas livres, mas, sim, escravos do pecado. Os judeus se
consideravam livres, mas Jesus mostrou-lhes que eram escravos, e só conhecendo
a verdade seriam libertos, e a verdade é uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho de
Deus.
3. Jesus é a Verdade que o mundo precisa conhecer
Considerando as duas naturezas
de Cristo, a divina e a humana, não temos dúvidas de que Ele é a expressão da
Verdade divina como qualidade moral da divindade. Podemos definir a Verdade em
três sentidos especiais:
Primeiro, no sentido
metafisico, a Verdade expressa a ideia da realidade da divindade, que se
concretiza com o fato de que Jesus é tudo como deveria ser. Ele é o Deus que se
distingue de todos os deuses deste mundo e de toda a nulidade e mentiras que
negam a sua realidade.
Segundo, no sentido ética, a Verdade revela-se
como realmente è, por essa razão, a sua revelação é algo absoluto e confiável.
Terceiro, no sentido lógico, Jesus é a Verdade
que sabe todas as coisas e Ele não corre o risco de deixar de ser aquilo que é.
Jesus Cristo é, portanto, a Verdade preexistente, imutável, revelada
como o Verbo Divino que se fez carne para se identificar com a humanidade com o
propósito de resgatá-la do pecado e da perdição eterna.
Conclusão
No versiculo 36, está escrito:
"Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres". A
Liberdade só é possível se Jesus nos resgatar do pecado. Jesus é a Verdade,
pois representa todo o conteúdo doutrinário da nossa salvação.
"O Verbo divino é a Verdade encarnada para se identificar com a
carne humana."
E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do
Apóstolo do amor
Elienai Cabral
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