segunda-feira, 5 de maio de 2025

CPAD: E o Verbo se fez carne — Lição 5: A verdade que liberta

 



CAPÍTULO 5

A Verdade que Liberta o Pecador

"E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará."

João 8.32

João 8.31-36

31-Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sereis meus discipulos.

32- e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertară.

33- Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, e nunca servimos a ninguém; como dizes tu: Sereis livres?

34- Respondeu-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.

35- Ora, o servo não fica para sempre em casa; o Filho fica para sempre.

36- Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres .

 

Introdução

P

 ara falar de si mesmo como "a Verdade", Jesus, nos ver-sículos 31-47, teve de confrontar não só aqueles que Ele chama de "filhos de Abraão", mas também os "filhos do diabo". Os filhos de Abraão reivindicavam privilégios raciais da linhagem de Abraão, e "os filhos do diabo" (8.44) eram todos aqueles que falavam mentiras e aspiravam por violência contra Jesus porque Ele mantinha sua postura de Filho de Deus. A única verdade contra a mentira era o próprio Jesus (8.32).

 I- Jesus Enfrenta a Rejeição como Filho de Deus

  No final do capitulo 6, Jesus notou a reação não só dos judeus religiosos, mas até mesmo dos seus discipulos, os quais depois de ouvirem o seu sermão consideraram-no muito duro de escutar. Jesus falou-lhes acerca da sua carne como o "pão da vida", realizando uma comparação entre ambos (Jo 6.51). Em sintese, Jesus queria que os seus discipulos soubessem que, a menos que eles o reconhecessem como o Salvador de suas almas e assimilassem-no com fé viva, confiando no seu sacrificio (que era o seu corpo partido e o seu sangue derramado), não poderiam ter a vida eterna.

  Após enfatizarem o teor da mensagem de João 6.60, os discipulos escutam de Cristo: "O Espirito é o que vivifica, a carne para nada aproveita" (Jo 6.63a). O que Ele queria que seus discípulos entendes-

sem é que "a sua carne", no sentido fisico, não podia ajudá-los em nada. Porém, quando fala do "seu Espirito", ao oferecer seu corpo para ser partido e o seu sangue para ser derramado, era, de fato, que lhes daria vida eterna, porque "as palavras que eu vos disse são espírito e vida" (Jo 6.63b). Mas muitos daqueles discipulos deixaram de crer, recuaram e pararam de andar com Jesus, com exceção daqueles que foram escolhidos por Ele; estes permaneceram firmes. Nessa ocasião, Simão Pedro disse a Jesus: "Senhor, para quem iremos nós? Tu tens as palavras de vida eterna, e nós temos crido e conhecido que tu és o Cristo, o Filho de Deus" Jo 6.68,69). Todavia, Jesus sabia que, mesmo entre aqueles que foram escolhidos por Ele, havia alguns que estavam incrédulos, principalmente Judas Iscariotes (Jo 6.70,71). Ora, o povo rejeitou a Jesus como o Filho de Deus porque queria milagres, mas não queria aquele que operou os milagres.

1. A incredulidade dos irmãos de Jesus

  Nos capitulos 7 e 8 do Evangelho de João são narradas situações em meio à Festa dos Tabernáculos que a cidade de Jerusalém realizava. A cidade recebia pessoas de todas as partes do mundo e, principalmente, judeus dispersos. Nesses capitulos, Jesus aproveita a ocasião para falar publicamente do seu ministério na Terra. As opiniões acerca de Jesus eram variadas. As pessoas que criam nEle e em sua palavra o acompanhavam; já aquelas que se tornaram antagonistas do que Ele representava não perdiam oportunidade para discordar e discutir suas doutrinias. Durante o periodo das Festas de Jerusalém, Jesus não só falou a todo o povo que queria ouvi-lo, mas operou curas e milagres. Porém, os discursos de Jesus haviarn afastado muitos discipulos e até os próprios irmãos, filhos de José e Maria, os quais não criam no seu papel de Filho de Deus (Jo 7.5). Seus irmãos, querendo livrá-lo da possibilidade de ser preso pelas autoridades religiosas, pediam a Ele que fosse para a Galileia, mas Jesus, que conhecia o tempo e a vontade do Pai, não atendeu ao pedido de seus irmãos (Jo 7.3,4). Durante a Festa dos Tabernáculos, Jesus fez declarações ousadas que contrariavam os lideres religiosos, especialmente os fariseus, que o rejeitaram e procuravam matá-lo. Depois dessas recalcitrações dos judeus de Jerusalém e de ter sido confrontado com o episódio da mulher adúltera, que trouxeram para que Ele a julgasse, e não correspondendo ao senso radical de justiça daqueles lideres religiosos, estes ficaram ainda mais irados e decididos a prendé-lo e matá-lo.

  II- Jesus Enfrentou na Galileia a Rejeição à sua Mensagem

  1. Jesus, a Verdade rejeitada pelos que o seguiam (Jo 7.20,32)

Inicialmente, Jesus andava pela Galileia porque havia ameaças contra a sua vida na Judeia (Jo 7.1). Até que todos os que seguiam Jesus e o admiravam entendessem o seu papel no mundo, Ele sabía que a verdade pregada e anunciada seria rejeitada pelas autoridades de Jerusalém. Na Galileia, Jesus já sabia que o momento de ser entregue nas mãos dos chefes religiosos de Jerusalém estava se aproximando. No capítulo 6, muitos seguidores de Jesus, que eram atraídos pelos milagres que Ele realizava, tinham dificuldades para aceitar a sua mensagem, especialmente quando Ele se identificou como o "pão vivo que desceu do céu" (Jo 6.51). Por isso, o abandonaram e ficaram apenas os doze discipulos, anteriormente escolhidos para estar com Ele Jo 6.65,66. Dos doze discipulos, o Senhor já sabia que um deles também se afastaria, que era Judas Iscariotes (6.64).

  No sermão pregado em Cafarnaum, Cristo aproveitou para falar do propósito imediato daquele milagre para apresentar-se como a "Verdade" do sinal realizado (6.16-21). A essência do discurso na sinagoga estava nas suas palavras, quando disse: "Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crè em mim nunca terá sede" (Jo 6.35). Na realidade, Jesus queria convencer as pessoas que o ouviam de que as necessidades fisicas de comer e de beber eram menos importantes do que as necessidades espirituais das suas almas. Mas o povo estava incrédulo quanto à sua mensagem e não quis ouvir, porque a mensagem de Jesus revelava a sua relação com Deus Pai. Houve uma

reação muito forte contra Jesus quando Ele declarou: "Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, eu sou" (Jo 8.58).

  2. Jesus revela a verdade sobre o pão do céu (Jo 6.60-71)

  Depois do milagre da multiplicação dos cinco pães e dois peixes, apesar da admiração pelo milagre efetuado, o povo quería apenas ver outros milagres operados e, portanto, demonstrou uma fe incipiente para com a Verdade por trás do milagre. Quando Jesus, corajosa e necessariamente, fez um sermão, nem a multidão, nem muitos dos seus discípulos, além dos seus próprios irmãos (filhos de José e Maria) conseguiram entender, nem aceitar a sua mensagem. Conforme explicado, Jesus fez uma comparação entre o pão que Deus deu ao seu povo no deserto, o maná, com Ele, o verdadeiro "pão do céu", quando disse: "Eu sou o pão da vida" (6.35.45).

  III Jesus, a Verdade se Expõe em Jerusalém

  1. Jesus deixa a Galileia e vai para Jerusalém (Jo 7.1-9)

  Jesus obedecia ao Pai em todas as coisas e em tudo o que fazia Jo 5.19,20; 6.38; 8.29), Em razão disso, Ele deixa, mais uma vez, a Galileia e volta para Jerusalém, e vai à Festa das Cabanas ou Festa dos Tabernáculos (Jo 7.2. Jesus tinha consciência de seus movimentos e não se deixaria influenciar por nada e ninguém, como lemos em João 7.3-6:

  Disseram-lhe, pois, seus irmãos: Sai daqui e vai para a Judeia, para que também os teus discipulos vejam as obras que fazes Porque não há ninguém que procure ser conhecido que faça coisa alguma em oculto. Se fazes essas coisas, manifesta-te ao mundo. Porque nem mesmo seus irmãos criam nele. Disse-lhes, pois, Jesus: Ainda não é chegado o meu tempo, mas o vosso tempo sempre está pronto,

Nada podia alterar o tempo da sua grande obra expiatória pelo pecado do mundo. Jesus sabia que a sua vinda a este mundo era para salvar os pecadores. Por isso, coisa nenhuma o faria sair da dependència da vontade do seu Pai, como Ele mesmo declarou: "E aquele quer me enviou está comigo; o Pai não me tem deixado só, porque eu faço sempre o que agrada" Jo 8.29). No texto do versiculo 6 do capitulo 7. Jesus declarou aos seus discipulos que "o tempo" ainda não havia chegado. Que tempo seria esse? O tempo de sua morte, quando Ele se entregaria nas mãos dos seus inimigos para cumprir toda a justiça divina. Em Mateus 20.18, Jesus disse: "Eis que vamos para Jerusalém, e o Filho do Homem será entregue aos principes dos sacerdotes e aos escribas, e condená-lo-ão à morte". Jesus cumpria com eficiência seu papel de Filho de Deus e não se deixava dominar por qualquer tipo de medo. Pelo contrário, sua meta era cumprir os designíos do Pai para o momento especial de seu ministério terreno.

  2. Jesus, a Verdade se expõe na festa dos judeus (Jo 7.10-14)

  Nos versículos 10 a 13, Jesus procurou ocultar-se do assédio do povo, pois já estava na metade dos dias da Festa, até que, entendendo que a vontade do Pai havia chegado ao seu ponto culminante, subiu ao Templo e começou a ensinar. Sabendo que o povo estava dividido nas opiniões a seu respeito, Ele disse: "O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou (Jo 7.16, ARA). Houve grandes discórdias entre todas as pessoas, porque preferiam admitir que Ele fosse um grande profeta, mas nunca o Filho de Deus. Jesus se tornou o personagem principal naquela festa. Seria a sua verdade a de um impostor, ou de um profeta, ou Ele estaria falando a verdade acerca da sua origem? Ainda hoje, os homens se sentem obrigados a enfrentar a verdade com as afirmações que Cristo havia feito naquele dia. Ele era o Filho de Deus e o que ensinava continha a única verdade que o mundo de

então não conhecia. Somente Ele podia declarar Eu Sou a Verdade como em João 14.6.

  IV Jesus, a Verdade Testada pelos Escribas e Fariseus (Jo 8.1-11)

  1. Que teste era esse?

  Quando Jesus desceu do monte das Oliveiras, foi direto para o pátio do Templo porque, pelo Espirito, Ele sabia que os seus inimigos viriam ao seu encontro para questioná-lo sobre algumas declarações que havia feito sobre a Lei e sobre Moisés. Pela manhã do dia seguinte, ao se depararem com Jesus no pátio do Templo e com uma pequena multidão que o ouvia, aqueles lideres religiosos se aproximaram dEle. Muitas daquelas pessoas estavam ansiosas por mais milagres. Aquele grupo de escribas e fariseus quis surpreende-lo ao trazer uma mulher em adultério Jo 8.3-5):

  E os escribas e fariseus trouxeram-lhe uma mulher apanhada em adultério, E, pondo-a no meio, disseram-lhe: Mestre, esta mulher foi apanhada, no próprio ato, adulterando, e, na lei, nos mandou Moisés que as tais sejam apedrejadas. Tu, pois, que dizes?

  Aqueles homens não tinham escrúpulo nenhum e nem respeito algum pelas pessoas. Então, eles começaram a acusá-la de ter pecado contra a Lei de Moisés. Os escribas e fariseus afirmavam que Jesus anulava a Lei de Moisés, além de não respeitar a Lei em tudo que fazia; desse modo, pensavam que o deixariam em situação embaraçosa diante da multidão que o ouvia. Essa era uma maneira de acusá-lo diante do povo. Inteligentemente, Jesus lhes dá uma resposta, fazendo uma pergunta e, assim, Ele lhes mostra que não estava anulando a Lei. Logo, Jesus endereça a sua resposta aos seus inimigos, dizendo-lhes: "Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra contra ela" (Jo 8.7). Nenhum deles levantou a voz, nem atirou pedra contra aquela mulher, porque a consciência acusava cada pessoa presente naquele local. Jesus disse mais àqueles homens no versículo 15: "Vós julgais segundo a carne, eu a ninguém julgo". Jesus é a verdade que aclara as consciências. Sua verdade é como espada que penetra no amago de cada pessoa e nada fica escondido. Ele não é uma verdade entre outras. Ele é a verdade que liberta o pecador dos seus pecados.

  2. Jesus, a Verdade revelada (Jo 8.32; 14.6)

  A expressão "e conhecereis a verdade" (Jo 8.32, segundo o Comentário Bíblico Pentecostal, no Evangelho de João, aponta para o momento no qual o Espírito regenera os discípulos, trazendo revelação e a capaci dade para tanto. O novo nascimento é uma experiência reveladora, ou seja, uma experiência espiritual que causa impacto no modo como a pessoa entende toda a realidade. Essa experiência produz liberdade da sua natureza pecaminosa para viver uma nova experiência, mediante o conhecimento da Verdade.

  Mais à frente, no texto de João 14.6, Jesus proclamou a todos os que podiam ouvi-lo e diz: "Eu sou o caminho, a verdade, e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim". Na realidade, todos os outros caminhos estão suprimidos, e não é como diz no ditado popular que "Todos os caminhos conduzem a Deus". Esse ditado é uma desculpa de quem não quer aceitar entrar "no único caminho" para a vida. Jesus é o único caminho para chegar a Deus. Se o homem seguir o seu próprio caminho, irá se perder. Jesus é o único caminho para o arre pendimento e para a confissão de pecados. Ele é a Verdade Singular da qual todos nós precisamos. Quando Ele diz "Eu Sou a Verdade", está, de fato, afirmando que nEle não há erro e nenhum defeito inerente ao homem. Ele viveu neste mundo de pecado e de mentira sem nunca ter pecado. Tudo o que dizia era o que o Pai o havia incumbido de dizer Jesus falou aos seus discipulos que eles deixaram de ser escravos do pecado quando conheceram "a verdade" (v. 6). Aqueles judeus que o questionavam disseram a Jesus: "Somos descendéncia de Abraão, e nunca servimos a ninguém, como dizes tu: Sereis livres?" (v. 33). Jesus foi direto ao dizer que, a despeito de eles serem descendência de Abraão,

não eram pessoas livres, mas, sim, escravos do pecado. Os judeus se consideravam livres, mas Jesus mostrou-lhes que eram escravos, e só conhecendo a verdade seriam libertos, e a verdade é uma pessoa: Jesus Cristo, o Filho de Deus.

  3. Jesus é a Verdade que o mundo precisa conhecer

  Considerando as duas naturezas de Cristo, a divina e a humana, não temos dúvidas de que Ele é a expressão da Verdade divina como qualidade moral da divindade. Podemos definir a Verdade em três sentidos especiais:

  Primeiro, no sentido metafisico, a Verdade expressa a ideia da realidade da divindade, que se concretiza com o fato de que Jesus é tudo como deveria ser. Ele é o Deus que se distingue de todos os deuses deste mundo e de toda a nulidade e mentiras que negam a sua realidade.

   Segundo, no sentido ética, a Verdade revela-se como realmente è, por essa razão, a sua revelação é algo absoluto e confiável.

   Terceiro, no sentido lógico, Jesus é a Verdade que sabe todas as coisas e Ele não corre o risco de deixar de ser aquilo que é.

Jesus Cristo é, portanto, a Verdade preexistente, imutável, revelada como o Verbo Divino que se fez carne para se identificar com a humanidade com o propósito de resgatá-la do pecado e da perdição eterna.

  Conclusão

  No versiculo 36, está escrito: "Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente, sereis livres". A Liberdade só é possível se Jesus nos resgatar do pecado. Jesus é a Verdade, pois representa todo o conteúdo doutrinário da nossa salvação.

"O Verbo divino é a Verdade encarnada para se identificar com a carne humana."

  E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Elienai Cabral

 















Nenhum comentário:

Postar um comentário