TEXTO ÁUREO
“Eu sou
o pão da vida.”
(Jo 6.48).
VERDADE PRÁTICA
Jesus é
o Pão da Vida que sacia a fome espiritual de todo ser humano.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
João
6.1-14.
1 — Depois disso,
partiu Jesus para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberíades.
2 — E grande multidão
o seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos.
3 — E Jesus subiu ao
monte e assentou-se ali com os seus discípulos.
4 — E a Páscoa, a
festa dos judeus, estava próxima.
5 — Então, Jesus,
levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a
Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem?
6 — Mas dizia isso
para o experimentar; porque ele bem sabia o que havia de fazer.
7 — Filipe
respondeu-lhe: Duzentos dinheiros de pão não lhe bastarão, para que cada um
deles tome um pouco.
8 — E um dos seus
discípulos, André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe:
9 — Está aqui um rapaz
que tem cinco pães de cevada e dois peixinhos; mas que é isso para tantos?
10 — E disse Jesus:
Mandai assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se,
pois, os homens em número de quase cinco mil.
11 — E Jesus, tomou os
pães e, havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, pelos que estavam
assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.
12 — E quando estavam
saciados, disse aos seus discípulos: Recolhei os pedaços que sobejaram, para
que nada se perca.
13 — Recolheram-nos,
pois, e encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram
aos que haviam comido.
14 — Vendo, pois,
aqueles homens o milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente
o profeta que devia vir ao mundo.
PLANO DE
AULA
1.
INTRODUÇÃO
O Evangelho
apresenta Jesus como o Pão da Vida, destacando sua missão de oferecer sustento
espiritual e vida eterna ao pecador. Assim como o pão físico é indispensável
para a sobrevivência do corpo, o Senhor Jesus é essencial para a saúde da alma,
pois somente Ele pode saciar a nossa fome de Deus. Nesta lição, compreenderemos
o significado de depender de Jesus como nosso alimento espiritual diário e como
sua obra nos garante a vida eterna. Dessa forma, seremos conduzidos a uma
comunhão mais profunda com o Senhor.
2.
APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A)
Objetivos da Lição: I) Instruir a classe a respeito do Milagre da Multiplicação; II)
Refletir a respeito aos desafios da fé; III) Correlacionar a necessidade do ser
humano com Jesus como o Pão do Céu.
B)
Motivação: O
pão é um alimento básico em diversas culturas, representando o sustento e a
vida. Da mesma forma que uma alimentação inadequada compromete a saúde física,
a falta de nutrição espiritual em Jesus, o Pão da Vida, prejudica nossa vida
espiritual. Assim como o pão é indispensável para o corpo, Cristo é fundamental
para alcançarmos a vida eterna.
C)
Sugestão de Método: Prepare, com antecedência, cartões com versículos que reforcem o
tema da lição. Por exemplo, Mateus 6.35: “Eu sou o pão da vida; quem vem a mim
não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede”. Selecione também outros
versículos. Antes de iniciar a aula, distribua os cartões que preparou. Após
apresentar o tema, solicite aos alunos que leiam os versículos em voz alta e,
logo a seguir, façam uma breve reflexão sobre como esses textos podem
influenciar a sua vida espiritual.
3.
CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A lição que temos
diante de nós propõe uma reflexão acerca dos “alimentos espirituais
inadequados” que não preenchem a nossa real necessidade espiritual. Assim, é
fundamental que dependamos exclusivamente de Jesus como o nosso sustento
diário. Ele nos alimenta espiritualmente e nos habilita a fazer as melhores
escolhas em nossas atividades e relacionamentos.
4.
SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista
Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos,
entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 101,
p.38, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B)
Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na
preparação de sua aula: 1) O texto “Sinais [ou Milagres]”, localizado após do
primeiro tópico, aprofunda o conceito de milagres apresentado no Evangelho de
João; 2) No final do segundo tópico, o texto “A Fé Submetida à Prova” apresenta
uma reflexão a respeito de um dos propósitos do milagre da Multiplicação.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O Senhor
multiplicou pães e peixes para saciar a fome de uma grande multidão. No
entanto, Ele notou que as pessoas estavam focadas apenas nas suas necessidades
materiais, preocupando-se unicamente em satisfazer a sua fome imediata. A lição
desta semana visa demonstrar que somos dependentes de Deus. Essa dependência
não se limita às necessidades materiais, mas, acima de tudo, refere-se à nossa
necessidade espiritual, que só o “Pão da Vida” pode satisfazer plenamente.
Palavra-Chave:
VIDA
I. JESUS, A MULTIDÃO, E O MILAGRE DA MULTIPLICAÇÃO
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
“SINAIS [OU MILAGRES]
(1) O que são milagres? (a) São obras de origem e
poder sobrenaturais (gr. dynamis; veja At 8.13; 19.11). (b) Eles
funcionam como um sinal ou uma marca (gr. sōmeion) da autoridade de
Deus (veja 2.11, nota; Lc 23.8; At 4.16,30,33). O maior milagre, que é o
milagre central do Novo Testamento, é a ressurreição de Jesus Cristo (1Co 15).
(2) Os milagres servem,
pelo menos, a três propósitos no reino de Deus, (a) Honram a Jesus Cristo,
comprovando a veracidade de sua mensagem, e provam sua identidade como Filho de
Deus e nosso Salvador (2.23; 5.1-21; 10.25; 11.42). (b) Expressam o amor compassivo
de Cristo (Mc 8.2; Lc 7.12-15; At 10.38). (c) Significam a oportunidade da
salvação (Mt 11.2ss), a vinda do reino de Deus [...].
(3) A Palavra de Deus
indica que os milagres devem continuar a ocorrer através de seus seguidores na
igreja, (a) Jesus enviou os seus seguidores para pregar e realizar milagres (Mt
10.7,8; Mc 3.14,15; veja Lc 9.2, nota), (b) Jesus declarou que aqueles que
creram nEle através da pregação de sua Palavra fariam as obras que Ele fez, e
ainda mais coisas (14.12; Mc 16.15-20). (c) O livro de Atos registra muitos
milagres feitos em, e através da vida de seus seguidores (At 3.1ss; 5.12; 6.8;
8.6ss; 9.32ss; 15.12; 20.7ss); em outros trechos do Novo Testamento, estes
feitos são chamados de “sinais” que confirmam a veracidade da mensagem de
Cristo (At 4.29,30; 14.3; Rm 15.18,19; 2Co 12.12; Hb 2.3,4)” (Bíblia de
Estudo Pentecostal — Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD,
2022, p.1857).
AMPLIANDO
O CONHECIMENTO
“Se alguém sabia onde encontrar comida, este
era Filipe, porque era de Betsaida (1.44), uma cidade a cerca de 15 km de
distância de Cafarnaum. Jesus testou Filipe, a fim de fortalecer a sua fé. Ao
pedir do discípulo uma solução humana (sabendo que não havia), Jesus enfatizou
o poderoso milagre que estava prestes a realizar.” Amplie mais o seu
conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, editada
pela CPAD, p.1427.
AUXÍLIO
BÍBLICO—TEOLÓGICO
A FÉ
SUBMETIDA À PROVA
“Este é o único milagre de Jesus que está
registrado nos quatro Evangelhos (cf. Mt 14.13-21; Mc 6.30-44; Lc 9.10-17).
Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com
ele, disse a Filipe: Onde compraremos pão, para estes comerem? (5) O registro
aqui não menciona o fato de que Jesus tivesse compaixão da multidão (cf. Mt
14.14; Mc 6.34). Ao contrário, a sua vinda é a oportunidade para que Filipe
seja posto à prova. Mas dizia isso para o experimentar (6). A observação de
João — porque ele bem sabia o que havia de fazer — é típica. Em todo o seu
Evangelho, o evangelista fala como alguém que tem um íntimo conhecimento da
mente do Senhor” (Comentário Bíblico Beacon. Volume 7. Rio de
Janeiro: CPAD, 2022, p.69).
SUBSÍDIOS
ENSINADOR CRISTÃO
JESUS — O
PÃO DA VIDA
Nesta lição,
veremos que Jesus é o pão vivo que desceu do céu e dá vida aos homens. Essa
analogia foi aplicada pelo Mestre para ensinar a Seus discípulos e seguidores
que, além do suprimento material, há uma fome na alma do ser humano que precisa
ser saciada. Quando fez essa declaração, Jesus confrontou os discípulos, bem
como os judeus que o seguiam, endossando que Sua carne verdadeiramente é
comida, e Seu sangue verdadeiramente é bebida (Jo 6.55). Num primeiro momento,
esse discurso chocou muitas pessoas que o seguiam, até mesmo os doze discípulos
mais próximos.
De acordo com
Lawrence O. Richards, na obra Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento (CPAD), “a imagem não somente chocou os líderes judeus como
os repeliu. De acordo com Levítico 17.11, a vida da carne está no sangue. O
sangue pode ser derramado em sacrifício, mas beber sangue era completamente
proibido, com a punição da expulsão do relacionamento do concerto. Embora Jesus
claramente não pudesse estar falando literalmente, até mesmo a imagem era
repulsiva para os judeus. Esta imagem também deve ter sido mal interpretada pelos
cristãos. Alguns entenderam as palavras de Jesus no sentido literal e supuseram
que Ele se referia aos elementos da Santa Ceia, que na tradição católica romana
supostamente se transformavam no próprio corpo e sangue de Cristo, e na
tradição luterana tornam-se uma única essência com o corpo e o sangue de
Cristo. Entretanto, estas interpretações ignoram o uso metafórico de ‘pão’
tanto aqui quanto no restante das Escrituras [...]. Assim, até mesmo os
patriarcas da igreja veem aqui uma poderosa metáfora da fé, a apropriação de
Cristo, a bênção de entrar em união com Ele e compartilhar sua vida” (2007,
p.213).
Ao
observarmos a natureza da mensagem do Evangelho, fica claro que Jesus não
estava falando do seu corpo físico, mas do memorial que lembraria Sua morte sobre
a cruz (1Co 11.24,25). Mas, pelo fato de o buscarem apenas pela comida que
perece, muitos o abandonaram depois dessa mensagem. Como seus seguidores da era
atual, somos confrontados a ter um relacionamento verdadeiro com Jesus. Se Suas
palavras não nos confrontam ou não geram reflexões profundas sobre nosso modo
de viver e o exercício da fé, há algo de errado. Jesus finaliza o seu discurso,
dizendo que quem não participa desse baquete não tem a vida em si mesmo (v.53).
Somos desafiados diariamente a renunciar nossas vontades para fazer a de
Cristo.
CONCLUSÃO
Nesta lição,
compreendemos que Jesus é o Pão da Vida e se ofereceu por nós. Assim, aqueles
que se alimentam de sua Palavra satisfazem a sua fome espiritual e recebem a
vida eterna. O nosso Senhor é o pão que veio do céu, um alimento inextinguível
que nos nutre para sempre. Por conseguinte, não devemos limitar-nos ao alimento
material, que tem uma função fisiológica relevante, porém, passageira;
aspiremos, portanto, ao alimento celestial que proporciona vida em abundância
eternamente!
CPAD : E o Verbo se fez carne — Jesus sob o
olhar do Apóstolo do amor
Comentarista: Elienai Cabral
Lição 4: Jesus — o Pão da
Vida
Capítulo 4
Jesus, o Pão que Dá Vida ao Mundo
"Eu sou o pão da vida."
João 6.48
João 6.1-14
1- Depois disso, partiu Jesus
para o outro lado do mar da Galileia, que é o de Tiberiades.
2- E grande multidão o
seguia, porque via os sinais que operava sobre os enfermos,
3- E Jesus subiu ao monte e
assentou-se ali com os seus discipulos
4- E a Páscoa, a festa dos
judeus, estava próxima.
5- Então, Jesus, levantando
os olhos e vendo que uma grande multidão vinha ter com ele, disse a Filipe:
Onde compravemos pão, para estes comerem?
6- Mas dizia isso para o
experimentar, porque ele bem sabia o que havia de fazer
7- Filipe respondeu-lhe:
Duzentos dinheiros de pão não lhe bastarão, para que cada um deles tome um
pouco
8-E um dos seus discipulos,
André, irmão de Simão Pedro, disse-lhe
9- Está aqui um rapaz que tem
cinco piles de cevada e dois peixinhos, mas que é isso para tantos?
10- E disse Jesus: Mandai
assentar os homens. E havia muita relva naquele lugar. Assentaram-se, pois, os
homens em número de quase cinco mil.
11- E Jesus tomou os piles e,
havendo dado graças, repartiu-os pelos discípulos, pelos que estavam
assentados; e igualmente também os peixes, quanto eles queriam.
12- E quando estavam saciados,
disse aos seus discipulos: Recolher os pedaços que sobejaram, para que nada se
perca.
13- Recolheram-nos, pois, e
encheram doze cestos de pedaços dos cinco pães de cevada, que sobejaram aos que
haviam comido.
14- Vendo, pois, aqueles
homens a milagre que Jesus tinha feito, diziam: Este é verdadeiramente o
profeta que devia vir ao mundo
Introdução
D |
esde o episódio do capítulo 4 do
livro de João, no encontro com a mulher samaritana, Jesus se revelou como o
Sal-vador do mundo, atraindo as pessoas da aldeia de Sicar a aceitarem-no como
o Messias prometido (Jo 4.39-42). Dois dias depois, Jesus partiu de Sicar e foi
completar sua viagem à Galileia (Jo 4.43). Nessa viagem, Jesus passou por Caná
da Galileia e curou o filho de um oficial do rei que estava enfermo, dando
apenas uma palavra ao pai do menino que estava em Cafarnaum. Jesus também
percebeu que a multidão o procurava por causa de seus milagres, e não por sua
mensagem (Jo 4.39-42).
No capitulo 5, o texto diz que
Jesus subiu a Jerusalém, mais uma vez, porque havia uma festa dos judeus, e era
dia de sábado. Em Jerusalém, Jesus foi a um lugar que era conhecido como Tanque
de Betesda, onde havia muitos enfermos esperando o mover das águas por uma ação
angelical, para serem curados de suas moléstias. Naquele lugar, Jesus dirigiu-se diretamente a
um homem paralitico havia 38 anos e ordenou que aquele homem se levantasse,
tomasse sua cama e começasse a andar, e o milagre aconteceu (Jo 5.5-8). Em
seguida, seus inimigos constantes, os fariseus e escribas, o questionaram sobre
a cura do paralitico num dia de sábado, e Jesus deu-lhes a resposta que
mereciam (Jo 5.9-11). Nos versiculos 16-47, depois de operar esse milagre,
Jesus, em seu discurso, declarou-se Filho de Deus e igual ao Pai. Suas
declarações encheram de ódio os seus inimigos e, por isso, queriam matá-lo.
Cristo conhecia os designios do Pai e sabia que não era a hora de ser morto
pela humanidade como o glorioso sacrificio. Por esse motivo, Ele resolve voltar à
Galileia indo, especialmente, para Tiberiades (Jo 6.1).
I- A Narrativa de João sobre o Milagre da Multiplicação dos Pães e
Peixes (Jo 6.1-15)
O Evangelho de João, irmão de
Tiago e filho de Zebedeu, apre-senta a narrativa de um dos mais notáveis
milagres de Jesus quando alimentou uma grande multidão de homens, mulheres,
jovens e crianças com cinco pães e dois peixinhos. Os estudiosos discutem
questões de lugar e época da realização desse milagre, por que Jesus havia
saído de Jerusalém, na Judeia, e resolveu ir para a Galileia na cidade de Tiberiades
(Jo 6.1). Nesse lugar, Jesus percebeu que uma multidão o procurava somente por
causa dos milagres e curas feitas entre o povo. Em Jerusalém, os opositores
religiosos judeus, além de rejeitá-lo como o Messias, ainda procuravam matá-lo.
Há um espaço de tempo de quase
um ano entre a estada de Jesus em Jerusalém e a sua viagem para a Galileia. O
primeiro versiculo do capítulo 6 de João começa com estas palavras:
"Depois disso". Que coisas foram essas? Foram os incidentes
provocados pelo discurso de Jesus aos judeus de Jerusalém, que o fizeram sair
da cidade e tomar o caminho da Galileia. Isso aconteceu durante a Festa da
Páscoa no capítulo 5.
No capítulo 6, aproximava-se,
quase um ano depois, outra vez, a festa tradicional da Páscoa, um ano antes da
sua crucificação. João se preocupava em enaltecer a Cristo perante o mundo. A
história do milagre dos pães e peixes encontra-se nos quatro Evangelhos, a
saber, em Mateus 14.13-21; Marcos 6.30-44; Lucas 9.10-17; e João 6.1-15.
1. Jesus tem uma percepção especial para com a
multidão (Jo 6.1,2)
Quando Jesus tomou os pães e os
peixinhos nas mãos, ordenou que a multidão fosse organizada em grupos de cem em
cem e grupos de cinquenta em cinquenta pessoas, para facilitar a distribuição
dos pães e peixes (Mc 6.40. Manifesta-se nesse capitulo o poder infinito de
Jesus, alimentando essa multidão de homens, mulheres, jovens e crianças de
quase 5 mil pessoas Jo 6.10) que estavam acompanhando Jesus para ver outros
milagres. Essa narrativa de João revelou o poder criador de Deus, que é capaz
de fazer existir o que antes não existia, o que difere dos milagres de curas de
enfermos e outros milagres mais (Jo 6.11-13).
2. Jesus percebeu que a multidão veio atrás de milagres e sinais, e não
compreendeu a sua mensagem (Jo 6.2,3)
Ao final da tarde, quando todos
já estavam alimentados de pão e peixe, a multidão continuava na expectativa de
outros milagres. Jesus havia percebido que aquela multidão estava ávida por
assistir a outros sinais operados por Ele, mas não estava disposta a aceitar a
mensagem de salvação. Jesus, então, procurou um pequeno monte para poder falar
com a multidão. Hoje em dia, não é muito diferente, pois o comportamento do
povo, infelizmente, não mudou. As pessoas desejam ser alvos de milagres, mas
não estão interessadas em ouvir a Palavra de Deus.
3. "E Jesus subiu ao monte" (Jo 6.3)
Que monte era esse? Não há uma
designação do local onde estava esse monte, mas tudo indica que era um monte
naquela região marítima. Jesus queria repousar, mas quando viu a multidão
naquele local, entendeu que era a oportunidade para falar com as pessoas (Jo
6.5). Ele procurou uma pedra mais confortável para se assentar e começar o seu
discurso. O amor de Jesus exprimiu-se mais forte naquela hora. Ele subiu ao
ponto mais alto naquele monte, como um lugar improvisado ideal, para revelar à
multidão sobre o "Pão da Vida" (Jo 6.48).
Essa multidão não seguia Jesus
motivada pela fë, mas pela curiosidade acerca dos milagres que Ele havia
realizado (Jo 6.26). Mesmo assim, Jesus teve compaixão por essas pessoas, por
isso curou os en-fermos e os alimentou. Entretanto, quando Jesus saiu de
Jerusalém, Ele desejava retirar-se para ficar longe do assédio da multidão com
o
intuito de estar um pouco a sós com seus discipulos para repousarem,
mas as pessoas frustraram esse projeto (Jo 6.2. Todavia, a percepção de Jesus o
fez ver que a multidão não queria aceitar a sua mensagem porque não admitia que
Ele fosse o Filho de Deus, preferindo a ideia de que fosse apenas um profeta
poderoso. Não é muito diferente nos tempos atuais, quando multidões correm
atrás dos milagres e de curas fisicas e estão pouquíssimo interessadas pela
Palavra de Deus. Jesus sabia que aquelas pessoas precisavam mais do que grandes
milagres, porque eram carentes, pobres e sem nenhum recurso para resolver seus
problemas. Por essa razão, o Filho de Deus não só opera o milagre dos pães, mas
também mostra a essas pessoas que existe um poder muito maior e mais forte para
suas almas carentes.
II- Jesus Viu na Multidão a Oportunidade para Oferecer o Pão do Céu
1. "Então, Jesus, levantando os olhos e vendo que uma grande
multidão vinha ter com ele" (Jo 6.5)
Essa narrativa inicial de João
nos mostra que Jesus decide ir ao encontro da multidão porque conhecia seus
problemas de ordem fisica, material e, principalmente, espiritual. Ele olha ao
mesmo tempo para o futuro dessas pessoas. Então, Ele testa os seus discipulos e
lhes pergunta: "Onde compraremos pão, para estes comerem?" (v. 5).
Eles discutiram sobre o que fazer, mas não tinham dinheiro suficiente para
alimentar uma multidão daquele tamanho, André, irmão de Simão Pedro, en controu um
menino que, por acaso, tinha em seu bornal, "cinco pães de cevada e dois
peixinhos" (v, 9). Dentro da lógica humana, aquela porção encontrada era
minúscula mediante a necessidade.
2. Jesus testa a fé dos seus discipulos (Jo 6.6)
Filipe era quem estava mais
próximo do Mestre naquele momento e diante do problema não tinha uma ideia para
oferecer a Jesus, nem tão pouco os demais discípulos. Todos, apesar de terem
experimentado a manifestação dos milagres de Jesus em outras ocasiões, naquela
hora estavam preocupados. Jesus, então, querendo experimentar o grau de fë de
seus discípulos, perguntou a Filipe onde seria comprado pão para alimentar o
povo. No ministério cristão, ás vezes, somos desafiados pelas circunstâncias
adversas e precisamos de alguma luz para clarear nossa mente acerca da solução
possível.
Todos aqueles discípulos
estavam sendo treinados para os desafios da missão que teriam depois da
ressurreição de Jesus. Na verdade, Jesus queria mostrar aos seus discípulos a
impossibilidade humana de prover pão para aquela multidão. Não só Filipe, mas
também André ficaram imaginando como resolver o problema. Aqueles discípulos
foram pelo meio da multidão em busca de algum tipo de alimento, mas ninguém
estava naquele lugar preparado para tal, muito menos, com pão suficiente para
alimentar mais de cinco mil homens, fora crianças, mulheres e jovens. Quando
encontraram cinco pães e dois peixinhos entenderam que, humanamente, não podiam
fazer nada. Mesmo assim, trouxeram o alimento e o colocaram nas mãos de Jesus.
"E Jesus tomou os pões e, havendo dado graças,
repartiu-os pelos discipulos, e os discípulos, pelos que estavam assentados; e
igualmente também os peixes, quanto eles queriam." (Jo 6.11)
Quando entregamos a Jesus o que
temos, Ele o multiplica em bênçãos. Jesus tomou nas mãos os pães e deu graças
ao Pai por aquela provisão. Logo a seguir, os pães e os peixes se multiplicaram
nas mãos dEle. No dia seguinte, Jesus se deparou com a multidão que queria mais
pão, mas Ele os confrontou dizendo-lhes: "Trabalhai não pela comida que
perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do
Homem vos dará, porque a este o Pai, Deus, o selou" (Jo 6.27).
Na narrativa de João, não há
nenhuma cronologia na história. Propositalmente, o apóstolo narra o milagre (Jo
6.1-12) com o intuito de fortalecer a fe e para que todos cressem em Jesus como
o Senhor todo-poderoso.
3. Jesus desafiou seus discipulos a dar de comer à multidão
Quando Jesus perguntou aos seus
discipulos sobre como alimentar a multidão, Ele disse: "Onde compraremos
pão, para estes comerem?" (v.5). João disse que Jesus fez a pergunta a
Filipe para o "experimentar" (v. 6). O verbo experimentar tinha por
objetivo perceber o nivel de com-preensão espiritual acerca da fome da multidão.
Não houve incerteza da parte de Jesus quanto ao que acontecería naquele lugar,
mas era um modo de ensinar aos seus discipulos amados que Ele que tinha poder
para realizar milagres.
Jesus, tão somente,
disse-lhes: "Dai-lhes vós de comer" (Mc 6.37). O Evangelho de Marcos
registrou a mesma experiência (vv. 35,36):
E, como o dia fosse já muito adiantado, os seus discipulos se
aproximaram dele e lhe disseram:
O lugar é deserto, e o día está já muito
adiantado; despede-os, para que vão aos campos e aldeias circunvizinhas e
comprem pão para si, porque não têm o que comer.
Mas Jesus tão somente com
autoridade lhes disse (v. 37); "Dai-lhes vos de comer" (ARC) ou
"Dai-lhes vos mesmos de comer" (NAA).
Os pães de cevada eram um alimento comum das
pessoas pobres, porque as pessoas mais abastadas preferiam pães de trigo. Os
peixinhos, provavelmente, eram secos, geralmente conservados em salmoura. Jesus
tomou esses alimentos diminutos e os multiplicou para uma grande multidão. A
lição que aprendemos é que Deus nos surpreende com soluções especiais. O menino
cedeu seus pães e peixes, e Jesus os tomou e deu graças ao Pai por aquela
provisão. A Biblia diz que Ele tomou aqueles pões em suas mãos e, depois de
abençoá-los, os partiu. De suas mãos, o poder milagroso da multiplicação foi
operado. Ao final, os discipulos conseguiram alguns cestos e os encheram com os
påes e peixes, e Cristo ordenou que fossem distribuídos à multidão. Todos
comeram e se fartaram, sobrando ainda 12 cestos com os restolhos.
III - Jesus Apresenta à Multidão "O
Pão do Céu" (Jo 6.22-58)
1.
Jesus mostra a diferença entre o pão material e o pão espiritual
Já era o dia seguinte depois da
multiplicação dos pães e peixes, e a multidão descobriu que Jesus havia ido
para o outro lado do mar, de Tiberiades para Cafarnaum (6.23-26). Então, Jesus
nos versículos 26-29 dá início a um diálogo com a multidão ao seu redor, que
não havia entendido, até aquele momento, a principal razão do milagre operado,
que era vê-lo como aquEle que podia dar-lhes o pão do céu. O povo esperava
apenas alguém que, politicamente, pudesse diminuir as pressões sociais, a fim
de que não faltasse o pão material para suas familias. Na realidade, Jesus
percebeu que o povo não entendeu que a solução para todos os problemas sociais
e fisicos estava no ato de crer apenas que Ele era o pão do céu, que Deus
estava oferecendo a todos. Bastava tão somente crer nEle. Jesus Cristo explicou
melhor essa ques-tão quando disse: "Trabalhai não pela comida que perece,
mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do Homem vos
dará, porque a este o Pai, Deus, o selou". Jo 6.27).
2. O Pão do Céu (Jo 6.35-47)
Tendo percebido a incredulidade
dos seus oponentes por ter declarado ser "o pão do céu" (Jo 6.32), Jesus
falou de modo claro incisivamente: "Eu sou o pão da vida" Jo 6.35).
Naturalmente, Jesus deu-se a conhecer quando fez a declaração que confirma essa
identificação: "EU SOU" (Jo 8.58. Com essa declaração, Ele assume a
sua divindade, porque fez a mesma declaração em outras ocasiões, demonstrando a
plenitude do seu poder. Existem, pelo menos, sete afirmações, somente no
Evangelho de João, que autenticam sua deidade:
Eu sou o pão da vida (Jo
6.35,48,51) Eu sou a luz do mundo (Jo 8.12; 9.5)
Eu sou a porta das ovelhas (Jo
10.7,9)
Eu sou o Bom Pastor (Jo
10.11,14)
Eu sou a ressurreição e a vida
(Jo 11.25)
Eu sou o caminho, a verdade e a
vida (Jo 14.6)
Eu sou a videira verdadeira (Jo
15.1,5)
No versiculo 32, quando Jesus
diz "Na verdade, na verdade vos digo que Moisés não vos deu o pão do céu,
mas meu Pai vos då o ver dadeiro pão do céu", Ele mostrou a diferença
entre o maná que Deus concedeu ao povo de Israel em sua peregrinação no
deserto, como um pão enviado do céu, mas que era de fato apenas um alimento
para o corpo fisico e que a cada dia tinha que ser repetido. Jesus mostrou
aquele povo o contraste entre o pão do deserto (o maná) e o "verdadeiro
pão do céu". Em João 6, versiculos 35-37, Jesus se identifica como o Filho
de Deus que dá a vida eterna aos que creem em seu nome:
[...] Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não
terá fome; e quem crẻ em mim nunca terá sede. Mas já vos disse que
também vós me vistes e, contudo, não credes. Tudo o que o Pai me dá viră a mim;
e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora.
Quando Jesus disse "Eu sou
o pão da vida. Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram" (vv.
48,49), Ele estava declarando, com firmeza, que a pessoa que comesse do pão que
o Pai Celestial estava oferecendo nunca mais morreria, mas viveria para sempre.
Essa afir-mação não significa salvação imediata e eterna, mas todo aquele que
mantivesse sua fé em Cristo jamais morreria espiritualmente.
3. O significado da expressão "comer o pão"
Do mesmo modo como Jesus
referiu-se à água, dizendo: "quem crẻ
em mim nunca terá sede" (v. 35), disse, também: "Eu sou o pão da
vida; aquele que vem a mim nunca terá fome" (v. 35). Jesus é doador da
água da vida e do pão da vida. Tudo o que Jesus espera dos sedentos e famintos
espirituais é que creiam nEle (v. 36). De modo especial, Jesus muda o objetivo
da mensagem do "comer o pão do céu" para falar, de fato, da sua carne
como "o pão do céu". A sua carne referia-se ao seu corpo (v. 51). Ele
utiliza uma linguagem que, posteriormente, foi usada por Paulo, seu apóstolo,
ao atribuir o pão simbólico da Ceia à sua carne. Nos versículos 51-58, Jesus
inicia a sua mensagem com as palavras: "[...] o pão que eu der é a minha
carne, que eu darei pela vida do mundo". Paulo escreveu aos corintios, ao
falar da instituição da Santa Ceia, citando as palavras de Jesus, na última
Ceia com seus discipulos:
[] e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai,
comei; isto é o meu corpo que é partido por vós, fazei isto em memória de mim.
Semelhantemente também, depois de cear, tomou o cálice, dizendo: Este cálice é
o Novo Testamento no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que beberdes, em
memória de mim. (1 Co 11.24.25)
Em João 6.51, Jesus faz alusão
à morte quando diz: "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer
desse pão, viverá para sempre, e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei
pela vida do mundo". No versiculo 39, Ele afirma que "a vontade do
Pai, que me enviou, é esta: "que nenhum de todos aqueles que me deu se
perca, mas que o ressuscite no último Dia". Jesus tem uma visão escatológica
quando vè os que creem nEle de forma corporativa, isto é, aqueles que Ele
redimiu do pecado hão de ressuscitar na ressurreição dos mortos (1) Co
15.51-54).
Conclusão
Aprendemos neste capítulo que
se o pão da vida é Jesus, o que Jesus está dando é a si mesmo. Em João 6.51,
lemos que "Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão,
viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida
do mundo", essas palavras trazem a memória o que João Batista falou acerca
de Jesus como "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo
1.29). Bem como a afirmação do profeta Isaias, quando ele chama Jesus de o
"Servo de Jeová", "o Servo Sofredor" (Is 52.13-53.12). Além
disso, o apóstolo João apresenta Jesus como aquele que dá a sua vida pela vida
do mundo (Jo 3.15-17; 4.42).
O pão do céu foi dado ao mundo a toda
criatura que crê em Cristo para que nunca mais tenha fome espiritual.
E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar
do Apóstolo do amor
Elienai Cabral
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