domingo, 13 de abril de 2025

CPAD : E o Verbo se fez carne — Lição 3: A verdadeira adoração


TEXTO ÁUREO

Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

(Jo 4.24).

VERDADE PRÁTICA

Adorar significa viver em total rendição a Deus, entregando-nos plenamente a Ele.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

João 4.5-7,9,10,19-24.

5 — Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José.

6 — E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta.

7 — Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Dá-me de beber.

9 — Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque os judeus não se comunicam com os samaritanos)?

10 — Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e que é o que te diz: Dá-me de beber, tu lhe pedirias, e ele te daria água viva.

19 — Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta.

20 — Nossos pais adoraram neste monte, e vós dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

21 — Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me a hora vem em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai.

22 — Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos, porque a salvação vem dos judeus.

23 — Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

24 — Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.

1. INTRODUÇÃO

 

 

 

Na aula desta semana, vamos estudar um dos temas centrais do Evangelho de João: a verdadeira adoração. Veremos que por meio do diálogo de Jesus com a mulher samaritana (Jo 4.23,24), observaremos que Deus busca adoradores que o “adorem” em espírito e em verdade. Esse é um convite aos alunos para compreender que a adoração genuína é uma resposta ao amor de Deus revelado por meio de Jesus Cristo, seu Filho. Por isso, planeja-se para encorajar reflexões sobre viver a adoração como um estilo de vida que glorifique o Senhor em todos os aspectos.

2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição: I) Esclarecer aos alunos o diálogo de Jesus com a mulher samaritana; II) Fazer com que os alunos compreendam que a verdadeira adoração é um ato de rendição total a Deus; III) Integrar os princípios da adoração bíblica à vida de serviço e entrega a Deus.

B) Motivação: o diálogo entre Jesus e a mulher samaritana apresenta um ensino belo e profundo sobre a verdadeira adoração a Deus. Esse encontro transformador entre Jesus e essa mulher também é um convite divino para nos aproximarmos de Deus de forma sincera e humilde. A essência dessa adoração nasce no altar do nosso coração, e, por isso, só pode ser vivida em espírito e em verdade. Trata-se de um lugar de total rendição, gratidão e serviço a Deus. Esta lição nos encoraja a cultivar um relacionamento mais profundo com o Senhor.

C) Sugestão de Método: Para iniciar a lição desta semana, divida a classe em três ou mais grupos e distribua a cada grupo uma parte do texto de João 4.7-30 para leitura. Peça que os grupos identifiquem os ensinamentos sobre a necessidade humana de adorar, especialmente o que significa adorar em espírito e em verdade. Após a partilha dos grupos, aprofunde a exposição e discussão do primeiro tópico, destacando que a adoração verdadeira é uma questão que tem muito a ver com a rendição do coração. Estimule seus alunos a aplicarem esse princípio em suas próprias vidas.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Em que áreas de nossas vidas as palavras rendição, gratidão e serviço a Deus podem ser aplicadas? Essas palavras trazem consigo a expressão de uma adoração autêntica a Deus. A adoração em espírito e em verdade é um chamado ao modo de viver em que Deus é glorificado em tudo.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 101, p.37, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “O Contexto Histórico entre os Samaritanos e Judeus”, localizado após o primeiro tópico, apresenta informações importantes para enriquecer a sua preparação para a exposição desse tópico; 2) No final do segundo tópico, o texto “A Verdadeira Adoração” mostra uma reflexão importante sobre o verdadeiro significado da adoração a Deus.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

O ser humano sente uma necessidade intrínseca de Deus. Com a leitura da passagem de João 4, essa carência espiritual torna-se evidente. Neste contexto, também se revela a importância de uma autêntica adoração que surge de uma experiência profunda com Jesus Cristo. Por este motivo, a Adoração Cristã é o tema central desta lição. A partir do diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, podemos extrair ensinamentos valiosos sobre a adoração.

Palavra-Chave:

ADORAÇÃO

AUXÍLIO TEOLÓGICO

 

O CONTEXTO HISTÓRICO ENTRE OS SAMARITANOS E JUDEUS

 “Depois que o Reino do Norte, com sua capital em Samaria, foi derrotado pelos assírios, muitos judeus foram deportados para a Babilônia, e estrangeiros foram levados para colonizar Israel e ajudar a manter a paz (2Rs 17.24). O casamento misto entre estrangeiros e judeus remanescentes resultou em um povo mestiço que se estabeleceu no Reino do Sul, e era considerado impuro na opinião de judeus etnicamente puros. Estes odiavam aqueles (os samaritanos), porque sentiam que seus compatriotas haviam traído seu povo e sua nação por meio de tais casamentos. Os samaritanos haviam instituído um centro alternativo para adoração no monte Gerizim (4.20), para concorrer com o Templo em Jerusalém, mas aquele havia sido destruído há 150 anos. Face a tantos conflitos, os judeus faziam o possível para evitar viajar pelo território de Samaria. Mas Jesus não tinha razões para viver segundo essas restrições culturais. A rota por Samaria era mais curta, e foi a que Ele tomou. [...] A fonte de Jacó ficava na terra que originalmente pertenceu a Jacó (Gn 33.18,19). Não havia nela uma nascente, era um reservatório, recebia águas da chuva e do orvalho, recolhendo-as ao fundo. As fontes eram quase sempre localizadas fora da cidade, ao longo da estrada principal. Duas vezes por dia, de manhã e ao anoitecer, as mulheres iam retirar água. Aquela samaritana, no entanto, foi ao meio-dia, provavelmente para evitar encontrar-se com pessoas que conheciam sua reputação. Jesus levou àquela mulher uma extraordinária mensagem sobre a fonte e a água pura que podiam saciar a sede espiritual dela para sempre”(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1422).

 A VERDADEIRA ADORAÇÃO

 

“A mulher levantou uma questão teológica popular entre judeus e samaritanos: qual o lugar correto para a adoração? Mas tal pergunta era uma cortina de fumaça que tinha a finalidade de manter Jesus longe da mais profunda necessidade dela. Jesus conduziu a conversa a um ponto muito mais importante: o lugar da adoração não é tão importante quanto a atitude dos adoradores. [...] A expressão “Deus é Espírito” mostra que Ele não é um ser físico, limitado a tempo e espaço. Ele está presente em todos os lugares e pode ser adorado em qualquer local e a qualquer tempo. O mais importante não é onde adoramos, mas como adoramos o Senhor. A sua adoração é genuína e verdadeira? Você tem a ajuda do Espírito Santo? Como o Espírito nos ajuda a adorar? Ele ora por nós (Rm 8.26), ensina-nos as palavras de Cristo (14.26) e garante-nos que somos amados (Rm 5.5)”. (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, p.1423).

 SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

A VERDADEIRA ADORAÇÃO

O episódio relatado nesta lição destaca um dos ensinamentos mais preciosos do Evangelho: a verdadeira adoração a Deus. Nos dias em que Jesus exerceu Seu ministério terreno, os judeus encontravam-se extremamente cegos e tomados por uma religiosidade vazia. Adorar a Deus verdadeiramente não era uma prioridade para os fariseus e líderes religiosos judeus. O encontro de Jesus com a mulher samaritana revela algumas verdades que vão de encontro ao padrão religioso daquela época. Primeiro, o Mestre vai ensinar que “os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4.24a). Segundo, que o Pai procura a tais adoradores que assim O adorem (v.24b).

O discurso de Jesus para mulher samaritana revela que Deus se importa com a adoração, e não apenas isso, mas que essa adoração seja praticada “em espírito e em verdade”. A qualidade dessa adoração deve ser almejada pelos crentes. O Comentário Bíblico Beacon (CPAD) discorre sobre este tema: “Agora é o momento para que as antigas formas, limitadas em termos de lugar e de nação, sejam transformadas em uma adoração que é ao mesmo tempo pessoal, em espírito, e inteligente, em verdade. ‘Adorar em espírito significa que nós entregamos as nossas vontades à vontade de Deus, os nossos pensamentos e planos aos que Deus tem para nós e para o mundo... Em verdade significa que não estamos adorando uma imagem’ de Deus, feita segundo as nossas próprias ideias... somente Cristo nos apresentou ao Deus ‘verdadeiro’ ou ‘real’. A palavra-chave em toda esta ideia é Pai. Ele é o objeto de adoração e aquele que procura os que o adoram em espírito e em verdade. ‘Quando Deus se revelar como o Pai universal... as limitações de espaço estarão acabadas e tanto o conhecimento quanto a adoração a Deus serão mediados por meios puramente espirituais’. A natureza do objeto de adoração, Deus é Espírito (24; cf. 1Jo 1.5; 4.8), determina as condições necessárias para a adoração. Importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade (v.24)” (2006, Volume 7, pp.58,59).

Devemos considerar que a natureza do relacionamento com Deus não está restrita à frieza da lei, observada pelos fariseus e religiosos que ocupavam a cadeira de Moisés naqueles dias. O verdadeiro cumprimento da lei está gravado no coração daqueles que entendem a mensagem transformadora do Evangelho e recebem o Espírito Santo, conforme profetizou Jeremias (Jr 31.33). Que nosso relacionamento com o Pai seja tão verdadeiro quanto nossa adoração.

 CONCLUSÃO

Neste estudo, focamos nos ensinamentos práticos de Jesus acerca da adoração e, por consequência, discutimos a doutrina da Adoração Cristã. O capítulo 4 do Evangelho de João revela duas lições valiosas. A primeira é que todo ser humano possui uma necessidade a satisfazer: a necessidade de Deus. A segunda é que, em Jesus, a verdadeira adoração surge como um movimento que se inicia no interior. Tudo isso resulta de uma experiência viva com Jesus Cristo.

  CPAD : E o Verbo se fez carne — Jesus sob o olhar do Apóstolo do amor

Comentarista: Elienai Cabral

Lição 3: A verdadeira adoração

 

Capítulo 3

A Verdadeira Adoração

"Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade."

João 4.24

João 4.5-7,9,19-24

5-Foi, pois, a uma cidade de Samaria, chamada Sicar, junto da herdade que Jacó tinha dado a seu filho José

6- E estava ali a fonte de Jacó. Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-se assim junto da fonte. Era isso quase à hora sexta.

7- Veio uma mulher de Samaria tirar água. Disse-lhe Jesus: Da-me de beber

9- Disse-lhe, pois, a mulher samaritana: Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana (porque as judeus não se comunicam com os samaritanos)?

10- Jesus respondeu e disse-lhe: Se tu conheceras o dom de Deus e quem é o que te diz: Da-me de beber, tu the pedirias, e ele te daria água viva

 

19- Disse-lhe a mulher: Senhor, vejo que és profeta

20- Nossos pais adoraram neste monte, e vos dizeis que é em Jerusalém o lugar onde se deve adorar.

21-Disse-lhe Jesus: Mulher, cre-me que a hora vem em que nem neste monte nem e Jerusalém adorareis o Pai.

22- Vos adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus

23-Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espirito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim o adorem.

24- Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espirito e em verdade.

 

   Introdução

N

o texto do capítulo 3.22-30, nos deparamos com o testemunho de João Batista acerca de Jesus. Nos versículos seguintes (31-36) João Batista continua seu testemunho em favor de Jesus e destaca a sua superioridade em relação a ele mesmo, John MacArthur, em seu comentário sobre o Evangelho de João, apresenta cinco razões para a superioridade de Cristo em relação a João Batista:

  (1) a origem de Cristo era celestial (v. 31); (2) Cristo sabia o que era verdadeiro por sua própria experiência ( 32); (3)0 testemunho de Cristo estava sempre em conwomancia com Deus Pai (v 33); (4) Cristo experimentou o Espirito Santo de modo ilimitado (e 34); (5) Cristo era supremo porque o Pai Soberano The outorgara essa posição (v. 33).

  No versiculo 36, o autor desse Evangelho destaca a superioridade de Cristo como aquele que tem o poder de dar a vida eterna aos que creem no seu nome. João Batista sai de cena por volta do ano 27.d.C., ele é preso pelos lideres religiosos de Jerusalem. Jesus soube da prisão de João Batista (Mt 4.12) e, apesar de ter ficado triste, entendeu o plano divino. Agora, João Batista havia cumprido o seu designio e, a partir de então, o Filho de Deus prosseguiria em seu ministério, Jesus deixou a Judeia e seguiu o caminho para a Galileia Jo 4.3)

 1- O Espírito Santo Compungiu Jesus a Passar por Samaria

  Em João 4, versiculo 4, o texto declara que "era-lhe necessário passar por Samaria". Jesus sabia do conflito de séculos entre os judeus e os samaritanos. Por isso, essa compulsão pode ser entendida de dois modos primeiro, Jesus estava fisica e emocionalmente cansado (Jo 4.6); em segundo lugar, Jesus obedecia à voz do Espírito em sair da Judeia naquela hora e descer para a Galileia. Ao tomar caminho para Samaria, Ele evitou entrar na cidade. No seu trajeto, Jesus deparou-se com uma pequena cidade chamada Sicar, também chamada Siquém, que ficava a menos de 1 quilómetro do poço de Jacó. Sicar era um povoado da região norte de Samaria e, hoje, em seu lugar, provavelmente, está uma cidade chamada Askar, situada a cerca de 2,5 quilômetros de Samaria. Esse poço havia sido aberto e cavado por Jacó; havia, ali, uma nascente interminável de água potável, que pode ser encontrada até os dias de hoje. Naquele tempo, os samaritanos vinham para tirar água desse povo, e Jesus sabia da tensão racial existente entre judeus e samaritanos. Por isso, judeus e samaritanos não se comunicavam. Porém, mais forte que as tensões raciais e politicas entre os dois povos, Jesus tinha uma missão a cumprir naquela terra propiciada pelo encontro com a mulher samaritana que viera apanhar água no "poço de Jacó" (Jo 4.6-7). Nesse encontro inusitado entre Jesus e aquela mulher de Sicar, inicia-se uma conversação sobre o lugar de adoração a Deus. Para aquela mulher, o culto a Deus deveria ser realizado sempre no monte Gerizim, e não em Jerusalém. Mas Jesus mostrou à mulher samaritana que não importa o lugar fisico para se adorar a Deus, mas, sim, que a verdadeira adoração deveria ser feita "em espirito e em verdade" (Jo 4.23).

  II - Duas Grandes Lições Resultantes desse Encontro

  "E, quando o Senhor veio a saber que os fariseus tinham ouvido que Jesus fazia e batizava mais discipulos do que Jodo (ainda que Jesus mesmo não batizava, mas os seus discipulus), deixou a Judeia e foi outra vez para a Galileia E era-the necessario passar por Samaria." (Jo 4.1-4)

  1. Como entender a compulsão de Jesus com a necessidade de passar por Samaria

  Jesus entendeu o plano de Deus para aquele momento quando resolveu sair por um pouco de tempo de Jerusalém e ir para a Galileia, como já afirmado. A presença e passagem de Jesus pela Judeia alvoroçou multidões e, de modo incisivo, os chefes religiosos, especialmente os fariseus Jesus, entendendo que seu ministério não poderia restringir-se aos discursos e às polêmicas com esses grupos religiosos, preferiu voltar à Galileia e, por força do curso mais curto para essa viagem, Ele teria que passar em Samaria. Cristo sabia em seu espírito que o Pai o dires cionava para essa viagem; isso também acontece com todas as pessoas que se submetem a fazer a vontade de Deus.

  2. A primeira grande lição que Jesus nos dá nesse episódio é aproveitar as oportunidades para cumprir a vontade do Pai

  Ao assentar-se junto àquela fonte, Jesus teve a oportunidade de demonstrar a sua perfeita humanidade, ou seja, o verbo divino feito carne (Jo 1.14), pois Ele estava cansado da viagem e, então, sentou-se (Jo 19.28; Hb 4.15). Ο poço de Jacó ficava a aproximadamente 800 metros da vila de Sicar. As familias da vila vinham pegar água, levando-a em vasilhas de barro para as suas casas. Era meio-dia, o sol estava quente, quando uma mulher samaritana chegou para tirar água do poço. Ela parecia desconfortável por estar sozinha, sua vida era desajustada, não havia paz em seu olhar. Ela encontra um homem que a cumprimenta e lhe pede um pouco de água para beber (Jo 4.6,7). Esse homem era judeu, seu nome era Jesus. Ela questiona o fato de um judeu pedir água a uma mulher samaritana: "como sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana"? (v. 9). Jesus, que está acima de todas as diferenças existentes entre os homens, por esse motivo diz aquela mulher que a água que ela veio tirar do poço poderia secar, mas Ele podia oferecer-lhe a "água viva" (v: 10). Jesus era o cumprimento de sua missão evangelizadora e aproveitou a oportunidade no encontro com a mulher samaritana para revelar sua missão de dar "ågua viva" aos sedentos espirituais.

  É interessante notar a habilidade de Jesus no uso de figuras representativas como a água para falar de um outro tipo de AGUA que sacia a sede de uma só vez. Afinal, ninguém precisa beber duas vezes dessa ÁGUA, porque a fonte não é de um poço material, mas, sim, o próprio Deus. Percebe-se que o encontro com a mulher samaritana não foi um mero acaso. Com inteligência e sendo oportuno, Jesus resolve descansar em Sicar quando se aproximava da hora sexta, ou seja, o meio-dia. Naquela hora de sol causticante, veio a mulher samaritana para buscar água naquela fonte e depara-se com um judeu assentado e com sede. Então se desenvolve um diálogo entre ambos dando oportunidade a Jesus de oferecer à mulher samaritana a "água viva", um tipo de água que satisfaz a sede da alma humana. Jesus percebeu que aquela mulher queria da água viva. No campo da evangelização, temos inúmeras oportunidades para pregar o evangelho, desde que saibamos utilizar a criatividade para apresentar a verdade do evangelho.

  3. A segunda grande lição que Jesus nos dá é o modo e o lugar de adorar a Deus (Jo 4.24)

  No diálogo que Jesus teve com a mulher samaritana houve a quebra da discriminação racial e religiosa, porque ela descobre que o homem com quem falava não era um judeu comum. Ela percebeu que Jesus era alguém com uma mensagem tipica de um profeta (Jo 4.19). Sabendo se tratar de um homem diferente, a mulher samaritana pergunta a Jesus, onde deveria adorar a Deus. Um pouco antes, Jesus revelou aquela. mulher que ela tinha uma vida anormal, pois, a despeito de estar sem um marido atual, ela já tivera cinco maridos. Ora, se esse homem foi capaz de revelar aspectos da sua vida pessoal, só poderia ser alguém especial. Ela falou ao povo de Sicar: "Vinde e vede um homem que me disse tudo quanto tenho feito" (v. 29).

  Jesus revela a essa mulher um novo culto de adoração que não seria privilégio nem de judeus, nem de samaritanos. Jesus usa uma expressão que tinha um caráter presente e escatológico, ou seja, atual e futuro, dizendo-lhe: "Mas a hora vem, e agora é [...]" (Jo 4.23). Desde aquela hora, o verdadeiro culto de adoração a Deus seria tributado ao "Pai em espirito e em verdade" (4.23).

  III A Conscientização da Verdadeira Adoração

  1. A mulher samaritana aprendeu com Jesus acerca da verdadeira adoração

  A primeira grande verdade que aprendemos acerca da verdadeira adoração é a declaração de Jesus à mulher: "Deus é Espirito" (Jo 4.24). Ele não está dizendo que Deus é um espírito entre muitos outros. Cristo

afirma que Deus é Espírito invisível e divino em oposição ao ser hu mano. Ele é doador de vida e desconhecido para os homens, a não ser que Ele decida se revelar. "Deus nunca foi visto por alguém" (Jo 1.18). Jesus aclarou na mente da samaritana que adorar o Paí em espirito e em verdade significa muito mais do que a necessidade de lugares específicos, como Jerusalém e Gerizim. Jesus apontava para um tempo em que a adoração não estaria focada em um santuário fisico, mas a presença de Deus seria sentida em toda a terra. Quando Jesus diz: "Deus é Es-pirito", essas palavras indicam que Deus é de natureza espiritual. Se a obra da regeneração fala da nova natureza recebida do Espirito Santo, entendemos, então, que o novo nascimento é a base para a adoração.

Jesus usou a metáfora da água representando o Espírito Santo que era, sem dúvida, a promessa do batismo com o Espírito Santo (Jo 7.38,39).

   Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse ele do Espírito, que haviam de receber os que nele cressem, porque o Espirito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado.

Jesus, ainda, declarou que a água viva que daria aos sedentos seria uma experiência pessoal e intransferivel para a pessoa que a bebesse. Essa água viva jorraria de uma fonte inesgotável, "mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água a jorrar para a vida eterna" (Jo 4.14). O Filho de Deus apresenta uma nova perspectiva da adoração, visto que a presença de Deus não estaria confinada e focalizada num lugar, mas estaria dimensionada em todo lugar onde houvesse adoradores verda-deiros. Muito mais do que uma adoração formal e ritual, a adoração teria essencialmente um caráter espiritual, porque o que importa é que os adoradores reconheçam que "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espirito e em verdade" (4.24).

  2. Jesus abriu a porta da compreensão sobre a verdadeira adoração para a mulher samaritana

  Inicialmente, a mulher samaritana entendeu a metáfora da água como algo literal. Ela sabía que a única água que saciava a sua sede era a do poço de Jacó. A promessa de Jesus, do Espírito e da vida eterna, apenas significa que ela não teria mais de vir ao povo para tirar água (Jo 4.15). Mas Jesus explica seus argumentos e a mulher samaritana fica espantada com tudo quanto Ele disse. Quando ela perguntou sobre o real lugar da adoração (Jo 4.20,21), a porta para compreender o que Jesus estava ensinando foi aberta. Ele mostrou que as vindicações quanto aos lugares de adoração, o monte do Templo em Jerusalém e o monte Gerizim, tiveram sua importância histórica, mas que "os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espirito e em verdade" (Jo 4.23). A partir de então, não prevaleceria o privilégio de raças, sejam judeus, sejam samaritanos, mas, sim,   "[...] todos quantos o receberam deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome" (Jo 1.12).

Jesus confirmou esse argumento dizendo: "Mulher, cré-me que a hora vem em que nem neste monte [Gerizim), nem em Jerusalém adorareis o Pai" (Jo 4.21).

   IV Essencialmente, o que É Adoração Cristā ?

   1. O significado biblico de adoração

Jesus disse à mulher samaritana que Deus procurava os verdadeiros adoradores. Mas quem são os "verdadeiros adoradores"? O apóstolo Paulo parece ter entendido que a verdadeira adoração é aquela que se oferece a Deus pelo Espírito (Fp 3.3). Na história do encontro de Jesus com a mulher samaritana, foi o diálogo que promoveu a compreensão sobre a adoração. Portanto, antes de tudo, adoração é diálogo, ou melhor, um momento de conversa e comunhão intima com Deus.

  Na Lingua Portuguesa o significado da palavra "adoração" tem o sentido de "atribuir mérito ou valor a alguém". O Salmo 96 faz parte de uma coletânea de outros salmos que eram utilizados nas festividades e que celebravam a entronização de Deus (Yahweh); geralmente, eram hinos cantados durante as Festas de Ano Novo em Israel. Mas o que chama a atenção no Salmo 96 é o convite à toda a terra para louvar e adorar ao Senhor, criador de todas as coisas. Adorar a Deus significa, essencialmente, reconhecer e exaltar a Deus por tudo o que Ele é.

  Em outra ocasião, Jesus teve um encontro com alguns religiosos, fariseus e escribas, quando estes acusaram os discípulos de não cum prirem a lei e a tradição dos anciãos. Jesus respondeu aqueles homens ao citar o profeta Isaías 29.13:

Porque o Senhor disse: Pois que este povo se aproxima de mim e, com a boca e com os lábios, me honra, mas o seu coração se afasta para longe de mim, e o seu temor para comigo consiste só em mandamentos de homens, em que foi instruido.

   Ao dizer-lhes essas palavras, Jesus declara que o culto que esses fariseus e escribas ofereciam a Deus não agradava ao Pai. Jesus também disse: "Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. Em vão, porém, me honram, ensinando doutrinas que são mandamentos de homens" (Mc 7.6,7).

Na lingua hebraica do Antigo Testamento existe o termo hishtaha wa, que significa "manifestar temor reverente, admiração e respeito próprios da atitude de adoração". Na lingua grega do Novo Testamen to, duas palavras definem o sentido de adoração. A primeira palavra è labvia, que diz respeito à submissão de quem trabalha para outrem. A segunda palavra grega é proskunes ou proskunein, que significa adorar ou adoração.

Ao deparar-se com o questionamento da samaritana, Jesus usou o termo proskunein para aclarar a mente daquela mulier sobre o tipo de culto tradicional que se fazia em Jerusalém e no monte Gerizim, declarando, dessa forma, que somente "em espirito e em verdade" se poderia adorar a Deus (Jo 4.23).

   Quanto ao termo latvia, do grego do Novo Testamento, o culto implica serviço para Deus. Paulo empregou a palavra latreia com o sentido de culto a Deus (Rm 12.1). Na raiz da palavra latreia existe a referência com o culto que se faz a um idolo, que difere do culto feito a Deus. Quando somos desafiados por Paulo a entregar nosso corpo a Deus em sacrificio vivo, santo e agradável, significa, de fato, fazer uma oferta genuina, verdadeira e essencial a Deus com tudo que somos, inclusive o nosso corpo fisico. Naturalmente, o sacrificio do corpo em adoração a Deus não implica nenhuma mutilação fisica, e sim não colocar as necessidades do corpo em primeiro lugar. Se o nosso corpo é templo do Espirito Santo, deve ser exclusivo para servir a Deus.

  2. Do ponto de vista bíblico, adorar define-se como um ato de rendição a Deus

  A ideia primária da palavra adorar, proikumeo, no Novo Testamento, significa beijar com um gesto de dobrar os joelhos ou de prostrar-se com a testa no chão, ou inclinar-se sobre os pés de quem é submisso. Isso é o mesmo que dizer: Reconheço a minha inferioridade e a sua superioridade e coloco-me a sua inteira disposição. Diante de Deus não pode haver simulação de adoração, porque é impossível enganá-lo. Uma das práticas da adoração é quando dobramos os joelhos diante de Deus, que está em seu trono da graça, em total rendição. A palavra traduzida por adorar, tanto no Antigo Testamento como no Novo Testamento, tem o sentido básico de "prostrar-se". No hebraico biblico, temos a palavra hazwah, a qual sugere o que encontramos em Efesios (3.14): "Por causa disso, me ponho de joelhos perante o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo". Entende-se, portanto, que o ato de se prostrar, curvar-se, render-se, ajoelhar-se significa, na adoração, uma atitude înterior de gratidão, de submissão e de humildade.

  3. O ato de servir a Deus define-se como adoração

  Servir a Deus tem uma relação direta com a adoração, ou seja, o ato de servir é um ato espontâneo que reconhece a soberania do Senhor em nossa vida. O serviço que fazemos para Deus requer nossa entrega total de nosso corpo em sacrificio vivo, porque não servimos a dois senhores (Mt 6.24). No encontro de Jesus e o Diabo no monte da tentação, o Inimigo pediu que o Filho de Deus o cultuasse; Ele o rebateu com veemência dizendo: "Ao Senhor, teu Deus, adorarás e só a Ele servirás [ou darás culto]" (Mt 4.10). Se no Antigo Testamento o Tabernáculo de Moisés e, posteriormente, o Templo de Salomão eram o lugar de adoração do povo de Israel, no Novo Testamento esse culto foi transformado em adoração pelo sacrificio eficaz de Jesus Cristo na cruz. Por esse motivo, quando oferecemos a Deus a adoração com o nosso corpo, fazemos dele um templo santo, e toda a nossa força, in-teligência, potencialidade fisica e capacidade que temos são ofertados ao Senhor em atitude de adoração e serviço.

  4. Adorar implica obter uma experiência interior com Deus

  As palavras "em espirito" (Jo 4.23) indicam que essa adoração tem caráter intimo. Não se trata de lugar fisico ou geográfico, mas da parte mais recondita do nosso ser, a nossa alma. A palavra "espirito" não se refere ao Espírito Santo, mas ao espírito humano. Significa que uma pessoa deve adorar a Deus întimamente, isto é, interiormente, com atitude de um coração sincero. A palavra "verdade" é uma referência às Escrituras que revelam a Deus (Jo 14.6). É a nossa necessidade interior que nos induz a reconhecer que só Deus pode supri-las. Devemos reconhecer a magnificència do Todo-Poderoso, além da sua presença imanente nessa relação. Portanto, a adoração verdadeira implica uma atitude interior que propicia ao crente o conhecimento intimo de Jesus Cristo, como Senhor e salvador de nossas almas.

  Conclusão

  William Temple, que foi arcebispo da Cantuária, a Catedral em Londres, no século XX, falou certa vez: "Adoração é despertar a cons-ciência com a santidade de Deus, alimentar a mente com a verdade de Deus, purificar a imaginação com a beleza de Deus, abrir o coração para o amor de Deus e devotar vontade ao propósito de Deus". Na realidade, adoração implica um estilo de vida do crente temente a Deus.

   Adoração implica o diálogo que fazemos com Deus em submissão a Ele, 

nos rendendo aos seus pés. 

         38 E o Verbo se Fez Carne

 

 

 

 

 

 

 







Nenhum comentário:

Postar um comentário