segunda-feira, 11 de setembro de 2023

CPAD A Igreja de Cristo e o Império do Mal — Lição 12: Sendo a Igreja do Deus vivo

 

TEXTO ÁUREO

 “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja.”

 (Ef 5.32).

VERDADE PRÁTICA

A Noiva de Cristo não pode ser mundana, pois ela é a guardiã da verdade revelada e suas vestes devem se manter imaculadas para as Bodas do Cordeiro.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Timóteo 3.14-16; Efésios 5.25-27,32.

1 Timóteo 3

14 — Escrevo-te estas coisas, esperando ir ver-te bem depressa,

15 — mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade.

16 — E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.

Efésios 5

25 — Vós, maridos, amai vossa mulher, como também Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela,

26 — para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra,

27 — para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível.

32 — Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da

PLANO DE AULA

1. INTRODUÇÃO

  A igreja local não está livre de influências nocivas que procuram enfraquecer sua identidade de representante de Cristo no mundo. Por isso, nesta lição, é importante reafirmar a natureza da Igreja e destacar seu relacionamento com Cristo. Neste relacionamento que, como Igreja, nos afastamos do mundo, vivemos o propósito de Cristo na terra e nos livramos das influências hostis aos valores eternos da mensagem de Cristo.

  2. APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

 A) Objetivos da Lição:

 I) Explicar a natureza da Igreja do Deus Vivo;

II) Enfatizar a relacionamento de Cristo com a Igreja por meio da santificação;

 III) Elencar as armas da Igreja do Deus Vivo.

B) Motivação: Vivemos num contexto de ataques que buscam desconstruir a fé dos santos. Entretanto, nesse contexto é que somos convidados a ser Igreja do Deus Vivo, coluna e firmeza da verdade. É tempo de ser Igreja em qualquer lugar em que Deus nos levar.

C) Sugestão de Método: Inicie a aula de hoje mencionando alguns símbolos que a Bíblia retrata a respeito da Igreja: Noiva de Cristo, Corpo de Cristo, Casa do Deus Vivo, Coluna e Firmeza da Verdade. Pergunte à classe o que ela pensa e imagina quando se deparam com essas expressões. Ouça as respostas de maneira atenta. Em seguida, inicie a exposição do primeiro tópico, enfatizando a gloriosa natureza da Igreja do Deus Vivo.

3. CONCLUSÃO DA LIÇÃO

 A) Aplicação: Fazemos parte do Corpo de Cristo, assim, devemos honrar a mensagem da Cruz, encontrarmo-nos santos, puros e irrepreensíveis até a volta do Senhor. Nesse sentido, zelo e integridade são características da Igreja do Deus Vivo.

4. SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula: 1) O texto “Definição de Igreja”, que ajudará aprofundar o primeiro tópico, oferece uma explicação a respeito do conceito bíblico de Igreja; 2) O texto “Corpo de Cristo” ajudará aprofundar o segundo tópico, trazendo a imagem da Igreja como Corpo de Cristo e sua relação com Jesus.

COMENTÁRIO

INTRODUÇÃO

  Os efeitos do mundanismo são percebidos quando a Igreja deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2Tm 3.1-5). Infelizmente, ela não está imune a influências nocivas da sociedade (2Pe 2.1). Nesta oportunidade, vamos abordar a natureza da igreja, seu relacionamento com Cristo e as armas que impedem a mundanização da Igreja local. A proposta é chamar a atenção para o papel da Igreja do Deus vivo, como coluna e firmeza da verdade (1Tm 3.15).

Palavra-Chave:

IGREJA

 

I. A NATUREZA DA IGREJA DO DEUS VIVO

  1. A casa do Deus vivo.

 Paulo orienta Timóteo a como “andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo” (1Tm 3.15a). A expressão “casa de Deus” foi emprestada do Antigo Testamento, onde o termo frequente é “casa do Senhor” (1Rs 3.1; 1Cr 22.11). O uso original da expressão refere-se ao Templo, mas o complemento “que é a igreja do Deus vivo” inclui o conjunto de membros da igreja. O apóstolo ainda usa os vocábulos “domésticos da fé” (Gl 6.10); “família de Deus” (Ef 2.19); “corpo de Cristo” (1Co 12.27); e “templo de Deus” (1Co 3.16). A sentença “Deus vivo” enfatiza o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos mortos (1Co 8.4; 2Co 6.16; 1Ts 1.9), fazendo alusão à doutrina bíblica de que Deus é um ser pessoal, distinto da Criação e que, ao mesmo tempo, se relaciona com a criatura, atuando na história humana (Dn 4.25; At 17.24).

 N2. A coluna e firmeza da verdade. A Bíblia assegura que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15b). Nessa metáfora, a Igreja é o fundamento que sustenta a verdade, ou seja, significa que foi instituída como guardiã da verdade por Deus revelada (2Tm 1.13,14). Essa verdade é o Evangelho de Cristo, as Boas-Novas de salvação e suas imutáveis doutrinas (Gl 2.5; Ef 1.13; Cl 1.5). Portanto, é responsabilidade da Igreja propagar, testemunhar e defender a verdade do Evangelho (Mt 28.20; Jo 18.37; Jd 1.3). Desse modo, no zelo pela verdade, os líderes da igreja devem ser irrepreensíveis e capazes de repudiar os falsos mestres e suas heresias (1Tm 3.1-13). Se a verdade do Evangelho for corrompida, então, a igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13,14).

  3. O mistério da piedade. A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6). Nessa concepção, o apóstolo Paulo diz: “grande é o mistério da piedade” (1Tm 3.16a). Devemos, aqui, ter atenção para as palavras “mistério” e “piedade”. A primeira sinaliza que a verdade do Evangelho foi revelada aos santos (Cl 1.26); a segunda retrata a base do cristianismo que é a fé cristã. Na sequência, o apóstolo sintetiza tudo isso com a expressão “o mistério da piedade”, o Evangelho revelado, a fé cristã estabelecida no seguinte evento: Cristo “que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1Tm 3.16). Assim, a Igreja é a fiel portadora dessa verdade (2Co 2.17).

SINOPSE I

 A Igreja é a casa do Deus vivo, coluna e firmeza da verdade, fiel portadora da verdade do Evangelho.

AUXÍLIO TEOLÓGICO

 “DEFINIÇÃO DE IGREJA

 Hoje, ‘igreja’ comporta vários significados. Refere-se frequentemente ao prédio onde os crentes se reúnem (por exemplo: ‘Estamos indo à igreja’). Pode indicar a nossa comunhão local ou denominação (‘Minha igreja ensina o batismo por imersão’) ou um grupo religioso regional ou nacional (‘a igreja da Inglaterra’). A palavra é empregada frequentemente com referência a todos os crentes nascidos de novo, independentemente de suas diferenças geográficas e culturais (‘a Igreja do Senhor Jesus Cristo’). Mas seja como for, o significado bíblico de ‘igreja’ refere-se primariamente não às instituições e culturas, mas sim às pessoas reconciliadas com Deus mediante a obra salvífica de Cristo e que agora pertencem a Ele” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.537,538).

II. CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

  1. Santificação e pureza. Paulo ensina que Cristo morreu pela Igreja: “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26 — ARA). O texto mostra que, na regeneração, Cristo nos purifica do pecado (1Co 6.11; Tt 3.5) e que, no propósito do calvário, estava inclusa a nossa santificação (1Ts 4.16; Hb 13.12). A expressão “a lavagem da água” é usada de forma figurada, simboliza a Palavra de Deus que opera uma limpeza espiritual (Jo 15.3). Nesse sentido, Cristo orou: “santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). Ora, sabemos que a Santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1Pe 1.15; Hb 12.14). Esse processo é contínuo até a glorificação final no dia de Cristo (Rm 6.22; 8.30; Fp 3.21).

  2. Gloriosa e irrepreensível. A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). A Escritura compara a relação de Cristo com a Igreja, com a do marido com a esposa (2Co 11.2). Assim, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo a santifica para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2Ts 2.13). A ausência de “mácula” e de “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. Vestida nesse grau de pureza, somente a igreja “santa e imaculada” terá acesso à ceia das Bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Acerca disso, Cristo advertiu não ser possível entrar nas bodas sem a devida veste nupcial (Mt 22.11-13).

SINOPSE II

  A santificação, a pureza e o caráter irrepreensível da Igreja se destacam no relacionamento de Cristo com ela.

 AUXÍLIO TEOLÓGICO

 “CORPO DE CRISTO

 Figura bíblica da máxima relevância para representar a Igreja é o “corpo de Cristo”. Era a expressão predileta do apóstolo Paulo, que frequentemente comparava os inter-relacionamentos e funções dos membros da Igreja com partes do corpo humano. Os escritos de Paulo enfatizam a verdadeira união, que é essencial na Igreja. Por exemplo: “O corpo é um e tem muitos membros […] assim é Cristo também” (1Co 12.12). Da mesma forma que o corpo de Cristo tem o propósito de funcionar eficazmente como uma só unidade, também os dons do Espírito Santo são dados para equipar o corpo “pelo Espírito Santo […] o mesmo Senhor […] o mesmo Deus que opera tudo em todos […] para o que for útil” (1Co 12.4-7)” (Teologia Sistemática: Uma Perspectiva Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.544-546).

III. AS ARMAS DA IGREJA DO DEUS VIVO

 1. O zelo pela verdade. Enfatizamos que a verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc 21.33; Jo 17.17), ou seja, o Evangelho de Cristo é a única verdade (Jo 14.6). Nesse caso, a igreja é a “fiel depositária” dessa verdade (1Tm 3.15). E, por isso, os salvos em Cristo são despenseiros da mensagem da redenção (1Pe 4.10). Para ilustrar essa responsabilidade, levemos em conta o uso que Jesus fez de símbolos que remontam à responsabilidade espiritual: “os dois servos” (Mt 24.45-51); “os talentos” (Mt 25.14-30); “o servo vigilante” (Lc 12.35-38); “o mordomo infiel” (Lc 16.1-13); e “as dez minas” (Lc 19.12-26). Todas essas parábolas trazem a imagem da responsabilidade que cada salvo deve ter enquanto espera o Senhor da Igreja voltar. Esse compromisso é inegociável, pois espera-se que o salvo cumpra o seu dever com irrestrita lealdade. Assim, a Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com fidelidade (2Tm 4.2).

 2. O ensino da verdade. Deus constituiu líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef 4.11,12). Portanto, o líder deve estar apto para ensinar (1Tm 3.2). Isso refere-se à capacidade de compreender as Escrituras, defender a ortodoxia e refutar as heresias (Tt 1.9). Desse modo, um líder vocacionado não cede ao liberalismo teológico, ecumenismo e sincretismo religioso (2Co 2.17; 2Tm 4.3,4). Logo, a verdade bíblica deve ocupar a primazia na igreja (1Tm 4.13; 2Tm 2.15). Não por acaso, na tese 54, Lutero ensinou que ofendemos a Palavra de Deus quando no sermão não há tempo ao estudo da Bíblia, ou seja, quando a exposição da Bíblia não é o cerne da pregação. Não ensinar as Escrituras, relativizar suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale fazer a igreja refém do mundanismo. Portanto, somente a verdade de Deus é capaz de libertar o pecador (Jo 8.32).

SINOPSE III

 Zelo e ensino pela verdade são duas das principais armas da Igreja do Deus vivo.

CONCLUSÃO

  Diante dos ataques de desconstrução da fé, a Igreja do Deus vivo precisa ser vigilante (1Co 16.13). Ela é a guardiã da única verdade que liberta (Jo 8.36). A mensagem da cruz não pode ser res- significada. Cristo morreu e ressuscitou por amor à Igreja e a requer santa, pura e irrepreensível (Ef 5.27). Portanto, a Noiva de Cristo não pode macular suas vestes. Seu papel abarca o ensino e a defesa com todo o zelo da integridade da verdade revelada (1Tm 4.16).

REVISANDO O CONTEÚDO

1. O que a Bíblia assegura?

A Bíblia assegura que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1Tm 3.15b).

2. Em quem a verdade do Evangelho está personificada?

A verdade do Evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6).

3. Segundo a lição, o que é o ato de santificação?

A santificação é o ato de separar-se do pecado e preparar-se para a volta do Senhor (1Pe 1.15; Hb 12.14).

4. Qual é o alvo da santificação?

A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27).

5. Cite pelo menos duas imagens que simbolizam a responsabilidade da Igreja.

Os dois servos e servo vigilante.

 Lição 12: Sendo a Igreja do Deus vivo

A Igreja de Cristo e o Império do Mal — Como viver neste Mundo dominado pelo Espírito da Babilônia

Comentarista: Douglas Baptista

    SUBSÍDIOS ENSINADOR CRISTÃO

   SENDO A IGREJA DO DEUS VIVO

  Caro(a) professor(a), a paz do Senhor. Nesta lição, veremos que a igreja é a “coluna e firmeza da verdade” e, como tal, deve zelar pelo ensino bíblico e a integridade da verdade revelada (1Tm 4.16). O cumprimento fidedigno desse papel assegura à igreja a firmeza necessária para resistir às investidas de Satanás que, continuamente, tenta desqualificar a verdade e enfraquecer o compromisso com a ortodoxia bíblica. Questionara integridade das Escrituras é uma forma de fazer com que os indoutos não creiam na inspiração e na perfeição da Palavra de Deus. Dessa forma, fica fácil relativizar seus ensinamentos e alegar que os tais são transitórios, específicos para os crentes que viveram nas respectivas épocas em que foram produzidos.

  A descaracterização da Bíblia enquanto inerrante, infalível e inspirada Palavra de Deus tornou-se um pretexto para que a mensagem do Evangelho perdesse a autoridade e o respeito que lhe são devidos. Para alguns, a Palavra de Deus carece de atualização ou apenas uma parcela dos seus ensinamentos deve ser praticada. Obviamente, trata-se de um verdadeiro vilipêndio à Palavra de Deus. A própria Escritura afirma por meio do apóstolo Paulo que “a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até o ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e é apta para julgar os pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12 — NAA). O próprio Senhor Jesus atestou que as Escrituras devem ser examinadas, pois nelas é possível encontrar os testemunhos e as orientações que levam o homem a alcançar a vida eterna (Jo 5.39).

  De acordo com Wilian W. Menzies, na obra Doutrinas Bíblicas: os Fundamentos da Fé Pentecostal (CPAD, 1995), “a origem divina e a autoridade das Escrituras asseguram-nos a ser a Bíblia também infalível, ou seja: incapaz de erro, ou de orientar de maneira enganosa, ludibriadora ou desapontadora a seus leitores. Alguns eruditos estabelecem distinção entre a inerrância (‘estar isenta de erro’) e a infalibilidade, mas ambos os termos são sinônimos bem próximos. Se existe mesmo alguma diferença de significado entre ambos os termos, a inerrância enfatiza a veracidade das Escrituras, ao passo que a infalibilidade enfatiza quão dignas de confiança são as Escrituras Sagradas” (p.22).

  A igreja, portanto, deve assegurar a autoridade das Escrituras e posicionar-se fiel à sua ortodoxia. Conforme instrui o apóstolo Paulo aos coríntios: “Destruímos raciocínios falaciosos e toda arrogância que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo pensamento à obediência de Cristo” (2Co 10.5). Esse é o compromisso da Igreja neste presente século.

 


Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja (Ef 5.32)

  Os efeitos da secularização são percebidos quando a sociedade deixa de ser pautada pelos valores da fé cristã (2 Tm 3.1-5). Infelizmente, a Igreja não está imune a essas influências nocivas (2 Pe 2.1). Neste capítulo, abordaremos a natureza da Igreja, o seu relacionamento com Cristo e as armas que impedem a secularização da igreja local. A proposta é chamar a atenção para o papel da Igreja do Deus vivo como coluna e firmeza da verdade (1 Tm 3.15).

  I. A NATUREZA DA IGREJA DE CRISTO

  1. Cristo, o Fundamento da Igreja

  Paulo afirma que, nesse edifício espiritual, “Jesus Cristo é a principal pedra da esquina” (Ef 2.20). Aqui, o apóstolo faz alusão à arquitetura antiga, em que a construção de um edifício requeria uma pedra angular. “Pedra angular” é traduzida como a “pedra mais importante” ou “pedra principal”, na qual a estrutura da construção era sustentada. Nesse contexto, aprendemos no Sermão do Monte que o homem prudente edifica a sua “casa espiritual” sobre essa rocha, que é Cristo Jesus (Mt 7.24). 172

  Nessa direção, William Hendriksen (2013, p. 170) esclarece que:  Além de ser a pedra angular de um edifício parte do fundamento, e, portanto, suporte da superestrutura, ela determina sua forma final, visto que, ao estar colocada na esquina formada pela junção de duas paredes primárias, fixa a posição de duas paredes e das que cruzam no resto do edifício. Todas as demais pedras devem ajustar-se a ela.

 Desse modo, John Stott (2007, p. 73) pondera que:

 Assim como um edifício depende, para sua coesão e para o seu desenvolvimento, de ser seguramente vinculado a uma pedra angular, assim também Cristo, a pedra angular, é indispensável para a união e o crescimento da igreja. A não ser que esteja constante e seguramente relacionada com Cristo, a união da Igreja desintegrar-se-á e seu crescimento cessará ou será desordenado.

 Nessa concepção, somente a verdadeira Igreja de Cristo subsistirá. Nossa Declaração de Fé (SOARES, 2017, p. 119) ratifica que a Igreja foi fundada por nosso Senhor Jesus Cristo, pois Ele mesmo disse: “[...] sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Essa pedra é o próprio Cristo: “Ele é a pedra que foi rejeitada por vós, os edificadores, a qual foi posta por cabeça de esquina” (At 4.11), tendo a doutrina dos apóstolos por fundamento e Jesus como a principal pedra de esquina.

  2. A Casa do Deus Vivo

  Paulo orienta Timóteo como “andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo” (1 Tm 3.15a). A expressão “casa de Deus” foi emprestada do Antigo Testamento, em que o termo frequente é “Casa do SENHOR” (1 Rs 3.1; 1 Cr 22.11). Nesse sentido, Hendriksen (2001, p. 173) lembra que casa, aqui, “é a tradução correta (no sentido de habitação), e não família (ou casa no sentido de família). Os crentes são a casa de Deus ou seu santuário, porque Deus habita neles”.

  O uso original do termo refere-se ao Templo, mas o complemento “que é a igreja do Deus vivo” inclui o conjunto de membros da igreja. O apóstolo ainda utiliza os vocábulos “família da fé” (Gl 6.10, NAA); “família de Deus” (Ef 2.19); “corpo de Cristo” (1 Co 12.27); e “templo de Deus” (1 Co 3.16). Além dessas designações, existem várias outras expressões no Novo Testamento em referência à Igreja.

  O Dicionário Exegético Vine (2002, p. 419, 485, 511 e 819) leciona que:

  Ekklesia: Esta é a palavra grega mais comumente usada para designar a igreja no Novo Testamento. Ela significa “assembleia” ou “congregação” (Mt 16.18; At 2.47). [...] Koinonia: Esta palavra grega é usada para descrever a comunhão que os crentes têm uns com os outros (1Co 1.9; 1Jo 1.7). [...] Corpo de Cristo: Este termo é usado para descrever a união entre os crentes e Cristo (1Co 12.27: Cl 1.18). [...] Noiva de Cristo: Este termo é usado para descrever a relação entre Cristo e a igreja como uma união matrimonial (Ap 19.7).

  A sentença “Deus vivo” enfatiza o verdadeiro Deus em contraste com os ídolos mortos (1 Co 8.4; 2 Co 6.16; 1 Ts 1.9). Mathew Henry (2008, vol. 2, p. 692) discorre que Deus é a fonte da vida. Ele é a própria vida e aquEle que dá a vida. A Igreja é a casa do Deus vivo; Ele mora lá. Ali podemos ver o poder e a glória de Deus. É a Igreja do Deus vivo, pois é a presença vivificadora de Deus que impulsiona o todo. 173 Isso faz alusão ao “teísmo”, cuja doutrina professa que Deus é um ser pessoal, transcendente, imanente e que atua na história humana (Dn 4.25; At 17.24).

  3. A Coluna e Firmeza da Verdade

  Paulo assegura Timóteo de que a Igreja do Deus vivo é “a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15b). Nessa metáfora, a Igreja é o fundamento que sustenta a verdade. Significa que foi instituída como guardiã da verdade por Deus revelada (2 Tm 1.13,14). A maior parte das ocorrências do termo “verdade” no Novo Testamento encontra-se nas Epístolas de Paulo e é muitas vezes equivalente ao “evangelho” ou “mensagem” (Rm 2.2,16; Cl 1.5; Gl 2.14). 174 Portanto, essa verdade é o Evangelho de Cristo, as Boas Novas de salvação e as suas imutáveis doutrinas (Gl 2.5; Ef 1.13; Cl 1.5).

  O Comentário Bíblico Pentecostal (2003, p. 1.465) discorre que:

  É aconselhável que a congregação saiba como se comportar, pois a igreja é o povo de Deus, “a coluna e firmeza da verdade”. A confiança sagrada da igreja é verdadeira, se a verdade for comprometida, a própria igreja estará em risco. Os falsos mestres, por exemplo, já abandonaram a verdade (1 Tm 6.5; 2Tm 2.18; 3.8; 4.4). É crucial que Timóteo não somente silencie os falsos mestres (1 Tm 1.3-11), mas também coloque a igreja novamente sobre o seu correto alicerce.

  Nesse aspecto, Matthew Henry (2008, vol. 2, p. 692) esclarece que:

  Não que a autoridade das Escrituras dependa da autoridade da Igreja, como os papistas querem, porque a verdade é a coluna e fundamento da Igreja; mas é a Igreja que anuncia as Escrituras e a doutrina de Cristo, como a coluna à qual uma proclamação é afixada. [...] Quando a Igreja deixa de ser a coluna e o fundamento da verdade, vamos acabar abandonando-a; porque nosso respeito pela verdade deve ser maior do que o nosso respeito pela Igreja; já não somos mais obrigados a continuar na Igreja quando ela deixa de ser a coluna e o fundamento da verdade.

  Por conseguinte, é responsabilidade da Igreja propagar, testemunhar e defender a verdade (Mt 28.20; Jo 18.37; Jd 1.3). Desse modo, no zelo pela verdade, os líderes da igreja devem ser irrepreensíveis (1 Tm 3.1-13) e capazes de repudiar os falsos mestres e as suas heresias (1 Tm 1.3-11). Se a verdade do evangelho for corrompida, a Igreja deixa de ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5.13,14). Ratifica-se que a verdade refere-se à mensagem do evangelho, que “Cristo Jesus veio ao mundo, para salvar os pecadores” (1 Tm 1.15), verdade esta que Paulo identifica como o “mistério da piedade” (1 Tm 1.16).

  4. O Mistério da Piedade

  A verdade do evangelho é personificada em Cristo (Jo 14.6). F. F. Bruce (2002, p. 256) destaca que “Jesus não é somente o caminho até Deus; ele é a verdade de Deus — como poderia ser diferente, já que ele é a corporificação da autorrevelação de Deus?”. Nessa concepção, Paulo diz: “[...] grande é o mistério da piedade” (1 Tm 3.16a). A expressão “mistério da piedade” ocorre somente aqui, embora a palavra “mistério” apareça outras vezes nos escritos de Paulo.

  O termo “mistério” sinaliza que a verdade do evangelho foi revelada aos santos (Cl 1.26). O vocábulo “piedade” retrata a base do cristianismo, isto é, a fé cristã. Na sequência, o apóstolo faz uma síntese do mistério da piedade, o evangelho revelado, a base da fé cristã: “Aquele que se manifestou em carne foi justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória” (1 Tm 3.16).

  O Comentário Bíblico Beacon (2014, vol. 9, p. 477) elucida que:

 Aqui, como em outras ocasiões, supomos que o apóstolo está usando o fragmento de um hino cristão primitivo que, a seu modo, esboça o drama do evento-Cristo. [...] No conjunto, é melhor reconhecermos uma progressão cronológica no hino (supondo que o seja), e propormos que diz respeito a: 1) a encarnação, 2) a ressurreição, 3) a ascensão, 4) a pregação do Evangelho, 5) a resposta dada ao Evangelho e 6) a vitória final de Cristo. “Justificado em espírito” [...], quer dizer, ressuscitado pelo poder do Espírito Santo. Este é, então, o mistério da piedade ou, como traduz certa versão, “a verdade revelada da nossa religião” (NTLH). E esta mensagem da qual a igreja coletivamente e cada cristão individualmente é “coluna e baluarte”.

  Em síntese, o mistério da piedade é o conjunto das doutrinas elementares do cristianismo. Por esse motivo, ratifica-se, então, que: (i) “Deus manifestou-se em carne”, isto é, Cristo fez-se carne; (ii) “foi justificado no Espírito”, ou seja, Cristo morreu e ressuscitou; (iii) foi “visto dos anjos”, isto é, Cristo foi adorado nos céus na ascensão; (iv) “pregado aos gentios”, ou seja, indica que Cristo foi anunciado; (v) “crido no mundo”, isto é, Cristo foi aceito como Salvador; e (vi) “recebido acima na glória”, o que aponta que Cristo ascendeu em triunfo ao Céu de glória e assentou-se à destra do Pai. Aleluia! A Igreja é a fiel portadora dessa verdade (2 Co 2.17).

  II. CRISTO E O RELACIONAMENTO COM A IGREJA

  1. Santificação e Pureza

  Paulo ensina que Cristo morreu pela Igreja “para que a santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra” (Ef 5.26, ARA). O texto mostra que Cristo purifica-nos do pecado na regeneração (1 Co 6.11; Tt 3.5) e que nossa santificação estava inclusa no propósito do calvário (1 Ts 4.16; Hb 13.12). A lavagem da água é usada de forma figurada; simboliza a Palavra de Deus, que opera limpeza espiritual (Jo 15.3).

  Alguns intérpretes consideram que a expressão “por meio da lavagem de água” também faz referência ao batismo nas águas. No entanto, é preciso atentar que o ato do batismo é um símbolo de nossa união com Cristo e, ao mesmo tempo, a confissão pública dessa união (Rm 6.3-5). “O batismo não é salvação; somos salvos pela graça mediante a fé [Ef 2.8,9]. O perdão dos pecados está em conexão com o arrependimento que precede o batismo”. 175 Não se refere, portanto, à regeneração pelo batismo, mas à pureza da regeneração, que é testemunhada pelo batismo (Tt 3.5). 176 Não obstante, o enfoque está na santificação da Igreja. E, nesse sentido, Cristo orou: “Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade” (Jo 17.17). A santificação é o ato de separar-se do pecado em toda a maneira de viver, bem como preparar-se para a volta do Senhor (1 Pe 1.15; Hb 12.14).

  No Antigo Testamento, a palavra hebraica qadash, traduzida por “ser santo”, possui o significado básico de separação do uso comum para a dedicação a Deus e ao seu serviço. 177 O Novo Dicionário de Teologia (2009, p. 892) leciona que “santificação” apresenta a ideia tanto de limpeza (Êx 19.10,14) quanto de consagração, além de dedicação ao serviço de Deus (Êx 19.22; Dt 15.19; 2 Sm 8.11; Is 13.3). Contudo, o significado de santificação e santidade estende-se além do ritual para a esfera moral.

  No Novo Testamento, o termo grego mais comum traduzido por santo é hagios. No singular, é usado com o adjetivo para descrever Deus e o seu Espírito. No plural, é empregado como substantivo para referir-se ao povo de Deus. 178 O verbo hagiazo é utilizado no sentido ritual de separar algo dentre o que é comum para a utilização com propósitos sagrados (Mt 6.9; Jo 10.39; 1 Pe 3.15). A expressão hagnos refere-se particularmente à pureza no sentido ético. Em termos gerais, “a obra da santificação é a separação de tudo que é contrário à pureza do Espírito”. 179 Esse processo de santificação da Igreja é contínuo e prossegue até a glorificação final no dia de Cristo (Rm 6.22; 8.30; Fp 3.21).

  2. Gloriosa e Irrepreensível

  A santificação tem como alvo preparar uma “igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível” (Ef 5.27). A Bíblia compara Cristo e a Igreja com a relação que existe entre marido e esposa (2 Co 11.2). Assim, a Igreja é a noiva de Cristo, que se prepara para a festa nupcial (Ap 21.2,9). Durante essa espera, por meio do Espírito Santo, Cristo santifica-a para apresentá-la a si mesmo totalmente pura (2 Ts 2.13).

 John Stott (2017, p. 171) descreve que:

  A santificação parece referir-se ao processo presente de torná-la santa no caráter e na conduta pelo poder do Espírito que nela habita, ao passo que a apresentação é escatológica e ocorrerá quando Cristo voltar para tomá-la para si mesmo. Ele a apresentará a si mesmo gloriosa (endoxon). [...] “Glória” (doxa) é o irradiar de Deus, o brilho e a manifestação do seu ser, doutra forma ficaria oculto. Assim, também, a natureza verdadeira da Igreja se tornará aparente. Na terra, frequentemente está em trapos e farrapos, manchada e feia, desprezada e perseguida.

  Um dia, porém, será vista pelo que ela é, nada menos do que a noiva de Cristo, “sem mácula, sem ruga, sem qualquer deformação”, santa e sem defeito, bela e gloriosa. É com esse fim construtivo que Cristo tem trabalhado e continua trabalhando. A noiva não se torna apresentável; é o noivo que trabalha para embelezá-la, a fim de apresentá-la a si mesmo.

  Nesse aspecto, o Espírito Santo usa a palavra de Deus para operar a santificação em nossa vida (Cl 3.16, 17). Warren Wiersbe (2019, vol. 6, p. 66) pontua que “uma vez que a Igreja é contaminada pelo mundo, precisa sempre ser purificada, e o agente dessa purificação é a palavra de Deus”. A ausência de “mácula” e de “ruga” significa sem mancha alguma de ordem moral ou espiritual. À medida que a Igreja é purificada pela Palavra Deus, as manchas desaparecem. Vestida nesse grau de pureza, somente a Igreja “santa e imaculada” terá acesso à ceia das bodas do Cordeiro (Ap 19.7-9). Acerca disso, Cristo advertiu não ser possível entrar nas bodas sem a devida veste nupcial (Mt 22.11-13).

  3. O Mistério de Cristo e da Igreja

  Paulo assevera que:

  “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja” (Ef 5.32). Como já visto, “mistério” refere-se à revelação de algo desconhecido. Esse versículo tem relação com unidade. Assemelha-se ao mistério da união de todas as coisas em Cristo (Ef 1.9,10) e da união entre judeus e gentios no Corpo de Cristo (Ef 3.3-6). Desse modo, o “mistério revelado” aqui diz respeito à união entre Cristo e a Igreja.

  William Hendriksen (2013, p. 305) ratifica que:

  Evidentemente Paulo quer dizer que o mistério é a comparação do matrimônio com a união entre Cristo e a Igreja. A união de Cristo com a Igreja, que do eterno deleite na presença do Pai de tal maneira arrastou o unigênito Filho de Deus para submergir-se nas pavorosas trevas e terríveis angustias do Calvário, salvando seu povo rebelde, eleito dentre todas as nações, e chegando ainda a habitar em seus corações por meio do Espírito Santo com a finalidade de apresentá-lo – embora um povo inteiramente indigno – a si mesmo como sua própria esposa, com quem chegou a ter uma comunhão tão intima que não existe no mundo uma metáfora sequer que lhe pudesse fazer jus, tal união é em e por si mesmo um mistério. O Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal (2009, vol. 2, p. 349) corrobora que:

  O quadro que vivenciamos no casamento é uma analogia do relacionamento entre Cristo e os crentes. [...] Quando Paulo contemplou o amor e a lealdade mútuos, a liderança afetuosa do marido e a submissão amorosa da esposa, as riquezas guardadas, a intimidade e a unidade, e o auto sacrifício que devem caracterizar todo casamento, ele viu nestes um retrato de Cristo e sua Igreja.

 Desse modo, ratifica-se que o matrimônio é empregado como uma imagem da Igreja e a sua relação com Cristo. Essa união somente é possível como resultado do amor e sacrifício de Cristo pela sua noiva (Ef 5.25). A expressão “grande é este mistério” refere-se, portanto, a uma importante e profunda verdade que está sendo revelada. A ênfase dessa revelação é a comunhão entre a Igreja e o Senhor Jesus que culminará com as bodas do Cordeiro (Ap 19.7).

  III. AS ARMAS DA IGREJA CONTRA A SECULARIZAÇÃO

  1. O Zelo pela Verdade

  Enfatizamos que a verdade bíblica é absoluta e imutável (Lc 21.33; Jo 17.17). O evangelho de Cristo é a única verdade (Jo 14.6). John Higgins (apud HORTON, 1997, p. 107) reitera que “a inspiração verbal e plenária eleva o conceito da inspiração até à plena infalibilidade, posto que todas as palavras são, em última análise, palavra de Deus. A Escritura é infalível porque é a Palavra de Deus, e Deus é infalível”. Por essa razão, a Bíblia não falha; não erra; é a verdade em tudo quanto afirma (Mt 5.17,18; Jo 10.35).

  A Teologia Sistemática Pentecostal (2013, p. 24) corrobora que:

  Os ortodoxos afirmamos que a Bíblia é a Palavra de Deus. Dessa forma, colocamo-la no lugar em que ela tem de estar como a nossa suprema e inquestionável árbitra em matéria de fé e prática. Se a Escritura diz, é a nossa obrigação ser-lhe obediente sem quaisquer questionamentos. Ela é soberana! Os cristãos jamais deixaram de ser dogmáticos quanto à origem divina da Bíblia.

  Nossa Declaração de Fé (2017, p. 26) é enfática ao afirmar que:

  A inspiração da Bíblia é especial e única, não existindo um livro mais inspirado e outro menos inspirado, tendo todos o mesmo grau de inspiração e autoridade. A Bíblia é nossa única regra de fé e prática, a inerrante, completa e infalível Palavra de Deus: “a lei do SENHOR é perfeita” (Sl 19.7). É a Palavra de Deus, que não pode ser anulada: “e a Escritura não pode falhar” (Jo 10.35 – ARA).

  A Igreja é a “fiel depositária” dessa verdade revelada nas Escrituras (1 Tm 3.15). Os crentes em Cristo são despenseiros da mensagem da redenção (1 Co 4.2; 1 Pe 4.10). Jesus fez uso desse símbolo nas suas parábolas: “os dois servos” (Mt 24.45-51); “os talentos” (Mt 25.14-30); “o servo vigilante” (Lc 12.35-38); “o mordomo infiel” (Lc 16.1-13); e “as dez minas” (Lc 19.12-26). Significa que, durante a espera pelo retorno de Cristo, cada discípulo deve cumprir o seu dever com irrestrita lealdade.

  Por conseguinte, esse compromisso é inegociável. A Igreja deve zelar pela verdade das Escrituras, viver e propagar a mensagem bíblica com toda a fidelidade (2 Tm 4.2). Nesse caso, o verdadeiro cristão não cede às ideias secularistas, em que a fé cristã não serve de parâmetro para a ética e a moral da vida em sociedade. Para o crente salvo, a verdade é única e absoluta: Cristo Jesus! (Jo 14.6).

  2. O Ensino da Verdade

  Deus constituiu líderes para o aperfeiçoamento e edificação da Igreja (Ef 4.11,12). O líder, portanto, deve estar apto para ensinar a verdade bíblica (1 Tm 3.2). Refere-se à capacidade de compreender as Escrituras, defender a ortodoxia e refutar as heresias (Tt 1.9). Paulo deixa claras exortações quanto a esse compromisso: “Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina” (2 Tm 4.2).

  O Comentário Bíblico Beacon (2019, vol. 9, p. 531, 532) explica que:

  Por a palavra o apóstolo quer dizer a mensagem relativa a Cristo como Redentor, Salvador e Senhor. É o que o Novo Testamento quer dizer por querigma ou proclamação. Este deve ser o teor da pregação cristã. Nenhum sermão é realmente sermão, a menos que deixe explícita a verdade bíblica. Instes a tempo e fora de tempo pode ser traduzido por “insista em todas as ocasiões, convenientes ou inconvenientes” (NEB; cf. BJ, BV, CH, NTLH). Esta determinação nos mostra o senso de urgência que deve caracterizar nossa pregação. Isso acarreta necessariamente a responsabilidade de corrigir e repreender (redarguas e repreendas; cf. BAB, BV, RA), e o dever mais positivo de animar (exortes; cf. CH, NTLH). Temos de provocar em todos que nos ouvem a disposição de reagir em total obediência à Palavra de Deus. Acima de tudo, o servo de Deus deve cultivar a graça da paciência (longanimidade; cf. BJ, CH, NTLH, NVI) em seus esforços de levar as pessoas a Cristo e ministrar-lhes o ensino segundo a verdade cristã (doutrina; cf. AEC, CH, NTLH).

  Dessa forma, a verdade bíblica deve ocupar a primazia na Igreja (1 Tm 4.13; 2 Tm 2.15). Lutero ensinou na Tese 54 que se ofende a Palavra de Deus quando, no sermão, não se dedica o tempo ao estudo da Bíblia. Não ensinar as Escrituras, relativizar as suas doutrinas ou fazer concessões ao pecado equivale a fazer a Igreja refém da secularização. Somente a verdade é capaz de libertar o pecador (Jo 8.32). Desse modo, um líder vocacionado não cede ao liberalismo teológico, ao ecumenismo e ao sincretismo religioso (2 Co 2.17; 2 Tm 4.3,4). 3. A Defesa da Verdade

  A Palavra de Deus adverte a Igreja a não ensinar outra doutrina (1 Tm 1.1-7), ratifica que há um só Mediador entre Deus e os homens (1 Tm 2.5) e assevera que não há salvação fora de Cristo (At 4.12). Essa verdade é inamovível (Ap 22.18,19). Por conseguinte, a defesa da fé decorre do zelo e do ensino da verdade, mas também da oposição às heresias. Os falsos ensinos são propagados por aqueles que têm a consciência e o entendimento corrompidos pelo erro, e esses falsos mestres precisam ser desmascarados (Tt 1.11,15).

  O meio mais eficaz para refutar a mentira é confrontar o engano com a verdade (2 Co 13.8). Não ensinar a igreja equivale a deixá-la perecer. Não obstante, a verdade das Escrituras não deve ficar restrita à liturgia do culto no templo. Embora o secularismo e o laicismo acuem a igreja no espaço privado, Cristo ordenou que a mensagem fosse pregada em todo o mundo (Mt 28.19,20). O líder que não está apto para defender a fé conduzirá um rebanho doente e suscetível a todo vento herético.

   A Bíblia diz que não tem a Deus quem ensina falsas doutrinas, não concorda com a sã doutrina e nela não permanece (1 Tm 6.3; 2 Jo 1.9). Quem tolera ou justifica tal atitude faz-se cúmplice das suas obras más (2 Jo 1.10,11). Por isso, a Igreja não pode temer o patrulhamento ideológico e nem o politicamente correto. Somos o baluarte da verdade, compelidos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos (Jd v. 3).

  CONCLUSÃO

  Mercê dos ataques de desconstrução da fé, a Igreja do Deus vivo precisa ser vigilante (1 Co 16.13). Ela é a guardiã da única verdade que liberta (Jo 8.36). A mensagem da cruz não pode ser ressignificada. Cristo morreu e ressuscitou por amor à Igreja e requer que ela seja santa, pura e irrepreensível (Ef 5.27). A noiva de Cristo, portanto, não pode ser secularizada a fim de não macular as suas vestes. O seu papel abarca ensinar e defender com todo o zelo a integridade da verdade revelada (1 Tm 4.16).

172 BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p. 92,93.

173 HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD,

2005, vol. 2, p. 692.

174 HARRISON, Everett F. (Ed.). Comentário Bíblico Moody: Mateus a

Apocalipse. São Paulo: Editora Batista Regular, 2010, vol. 2, p. 635.

175 SOARES, E. (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio de

Janeiro: CPAD, 2017, p. 128.

176 ARRINGTON, L. F. (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento.

Rio de Janeiro: CPAD, 2003, p. 1.260.

177 JENNEY, Timothy (apud HORTON, 1996, p. 412).

178 JENNEY, Timothy (apud HORTON, 1996, p. 419).

179 HENRY, Carl (org.). Dicionário de Ética Cristã. São Paulo: Editora Cultura

Cristã, ٢٠٠٧, p. ٥٣٧.

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