TEXTO ÁUREO
“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com
imundícia, nem com fraudulência.” (1Ts 2.3)
VERDADE PRÁTICA
O cultivo da convicção cristã é imperioso para a prática e
a defesa da fé em tempo de adversidades.
PLANO
DE AULA
1-
INTRODUÇÃO
Falar de
convicção em tempos de relativismo é um convite para andar na contramão de uma
cultura intelectual pela qual tudo é relativo e que ninguém pode ter certeza de
nada. A dúvida é praticamente um dogma em muitos desses setores da sociedade.
Por isso, nesta lição, temos a oportunidade de refletir a respeito da convicção
cristã. Sim, a fé cristã traz convicção profunda a um coração permeado de
incertezas: “Eu sei em quem tenho crido” (1 Tm 1.12).
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Estimular a convicção espiritual nos cristãos a partir da confiança em
Deus;
II) Compreender a necessidade de uma vida irrepreensível de modo que glorifique
a Deus;
III) Reconhecer que o amor sacrificial e o abnegado trabalho são essenciais
para o crescimento do Reino.
B) Motivação: Nesta lição veremos que
todo crente em Jesus precisa cultivar uma convicção espiritual, moral e social
a fim de ser capaz de dar um verdadeiro testemunho neste mundo mergulhado em
trevas.
C) Sugestão de Método: Comece a aula
propondo um diálogo sobre o que é convicção. Aguarde que digam. Pergunte à sua
classe: “Alguém aqui é convicto de algo? Essa convicção honra o nome do
Senhor?” Na sequência, diga que, de acordo com o Dicionário Houaiss, convicção
é a “crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas,
ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento”. Após
alguns minutos de compartilhamento, inicie a exposição da lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Esta lição nos convida
a refletir sobre a necessidade de cada crente manter firme a sua convicção
cristã em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra. Portanto, como
cristãos, é mister que busquemos ter uma convicção espiritual resultante do
poder do Espírito; uma convicção moral como reflexo do temor que temos a Deus; e
uma convicção social que deve ser demonstrada pela abnegação em servir.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa
revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.41, você
encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão
suporte na preparação de sua aula:
1) O texto “O testemunho de Paulo”, que ajudará a aprofundar o primeiro tópico,
oferece uma explicação bíblica e teológica a respeito da pregação do apóstolo,
deixando claro a sua posição quanto à relação entre a sabedoria humana e a
pregação do evangelho;
2) O comentário da Bíblia de Estudo Cronológica de Aplicação Pessoal expande
o segundo tópico, esclarecendo a mudança de vida que o cristão deve
experimentar.
INTRODUÇÃO
Diante das incertezas atuais e dos ataques às
doutrinas bíblicas, é indispensável ao crente cultivar um a um a profunda
convicção cristã (2 Tm 1.12-14). Não cabe ao salvo esmorecer em meio às
tribulações, mas prosseguir confiante pelo prêmio da soberana vocação (2 Co
4.1; Fp 3.14). Nesta lição, estudaremos os aspectos espiritual, moral e social
que formam a convicção de nossa fé cristã. O objetivo é despertar em cada
cristão o desejo de ser um autêntico “embaixador de Cristo” em um mundo de
trevas.
I-
CONVICÇÃO ESPIRITUAL
1-
Poder do Espírito. Por
orientação divina, o Evangelho foi proclamado na Europa. Paulo teve uma visão
em que um homem lhe dizia: “passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). A partir dessa
revelação a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e depois em Tessalônica
(At 16.10-12; 17.1). O apóstolo deixa claro que o Evangelho não foi pregado com
o mero discurso racional, “mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em
plena convicção” (1 Ts 1.5-ARA).
Nesse caso, o Evangelho foi ministrado com
ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e libertação dos
tessalonicenses (1 Ts 1.6 -10 ). Assim , podemos afirmar que, na ausência de
convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida ao mero intelectualismo
humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas (Mt 7.29; 1 Co
2.1-5).
2-
Confiança em Deus. O apóstolo declara que mesmo tendo “padecido e sido agravados em
Filipos” (1 Ts 2.2a), sua fé não estava abalada. Ele se refere à perseguição
sofrida antes de pregar em Tessalônica. Paulo e Silas tinham sido publicamente
espancados com varas. Em seguida, lançados no cárcere interior com os pés no
tronco (At 16.22-24). Todavia, apesar de feridos, perto da meia-noite, oravam e
cantavam hinos a Deus (At 16.25).
Após essa severa provação, não esmoreceram,
mas, impelidos pelo Espírito, vieram à Tessalônica. Na cidade, em meio às suas
lutas, e com ousada confiança, anunciaram a Cristo (1 Ts 2.2b). Nessa
perspectiva, somos encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas
confiados em Deus, jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de
morte (Ap 2.10).
3-
Fidelidade na pregação. O apóstolo dos gentios assegura que o Evangelho anunciado em
Tessalônica “não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1 Ts
2.3a). Mostra que a doutrina cristã não procede de fábulas inventadas, condutas
imorais ou de artifícios para seduzir as pessoas a crerem em mentiras (2 Pe
1.16). Ao contrário, Paulo declara que o Evangelho é de Deus, e que o
próprio Deus o comissionou como arauto, “não como para agradar aos homens, mas
a Deus, que prova o nosso coração” (1 Ts 2.4b). Dessa forma, o propósito do
apóstolo não era o de satisfazer seus ouvintes com falsos discursos (Tg 1.22).
Nesse sentido, somos exortados a manter fidelidade na pregação, repudiar os
falsificadores da Palavra de Deus e anunciar Cristo com sinceridade (2 Co
2.17).
AUXÍLIO
TEOLÓGICO
O TESTEMUNHO DE PAULO (1CO 2.1-5
)
“Por causa da preocupação dos coríntios com a
sabedoria humana, Paulo agora deixa claro sua posição quanto à relação entre a
sabedoria humana e a pregação do evangelho. Cita assim mesmo como um exemplo de
alguém que confiou no Espírito Santo, e não na eloquência ou na sabedoria
humana, para que sua mensagem fosse efetiva. De acordo com o que disse no fim
do capítulo 1, apóstolo se gloria no Senhor. […] Longe de depender de seus
próprios recursos ou de sua capacidade de persuasão, Paulo contava com o
Espírito Santo. Sua mensagem não era transmitida por ‘palavras persuasivas de
sabedoria humana’. Antes uma ‘demonstração [apodeixis] do Espírito e de poder’.
[…]” (Comentário Bíblico Pente costal: Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro:
CPAD, 2004, p.940-41).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
“PARA QUE VOS CONDUZÍSSEIS
DIGNAMENTE PARA COM DEUS
Nós devemos
viver de uma maneira que traga atenção positiva e a honra a Deus. Devemos
sempre examinar a nós mesmos, para assegurar que as nossas vidas sejam dignas
de nos identificar com Cristo, representar o seu caráter e transmitir a sua
mensagem a outras pessoas. Só seremos capazes de fazer isto, confiando na graça
e no poder de Deus.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo
Pentecostal: Edição Global, Editora CPAD, p.2227.
AUXÍLIO DEVOCIONAL
“2Co
5.13-15. Tudo o que Paulo e seus companheiros fizeram foi para honrar a Deus.
Não era apenas o temor a Deus que os motivava (2 Co 5.11), mas o amor de Cristo
controlava os seus atos. A palavra controlar, ou constranger, quer dizer
‘agarrar firmemente’ — em outras palavras, o amor de Cristo os forçava a
determinadas ações. Eles sabiam que Jesus, por seu grande amor, deu sua vida por
eles. Ele não agiu visando seu próprio interesse, agarrando-se, de modo
egoísta, à glória do céu que Ele já possuía (Fp 2.6 ). Em vez disso, Jesus de
bom grado morreu por nós, nós também estamos mortos para a antiga vida. Como
Paulo, não podemos mais viver para nos agradar a nós mesmos, mas devemos passar
a nossa vida agradando a Cristo’’ (Bíblia de Estudo Cronológico Aplicação
Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 20 15, p.1649).
CONCLUSÃO
Paulo foi
submetido a uma série de provações durante o seu ministério (1 Ts 2.2). Não
obstante, ele nos deixou exemplo de intensa convicção de nossa eleição em
Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se sua convicção espiritual resultante do poder do
Espírito (1 T s 2.4); sua convicção moral como reflexo do temor a Deus (1 Ts
2.5); e sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1 Ts 2.9).
Ratifica-se que, em nossos dias, carecemos dessa firme convicção em defesa dos
interesses do Reino de Deus na Terra.
CPAD – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –
Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia
| Lição 11: Cultivando a Convicção Cristã
Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência (1 Ts 2.3)
Diante das incertezas do tempo
presente e dos ataques às doutrinas bíblicas, torna-se indispensável o crente
cultivar profunda convicção cristã (2 Tm 1.12-14). Não cabe ao salvo esmorecer
em meio às tribulações, mas prosseguir confiante pelo prêmio da soberana
vocação (2 Co 4.1; Fp 3.14). Neste capítulo, estudaremos os aspectos da
convicção espiritual, moral e social de nossa fé cristã. O objetivo é despertar
em cada cristão o desejo de ser um autêntico “embaixador de Cristo” em um mundo
de trevas.
I. CONVICÇÃO ESPIRITUAL
1. Poder do Espírito
Na
segunda viagem missionária de Paulo (49–52 d.C.), por orientação divina, o
evangelho de Cristo foi proclamado na Europa. Após ter sido impedido pelo
Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia e na Bitínia (At 16.6,7), o
apóstolo teve uma visão em que um homem dizia-lhe: “Passa à Macedônia e
ajuda-nos!” (At 16.9). A partir dessa revelação, a mensagem da cruz foi
anunciada em Filipos e, depois, em Tessalônica e Corinto (At 16.10-12; 17.1;
18.1). David J. Williams (1996, p. 307) arrazoa que:
Os missionários reconheceram o sonho de
Paulo como orientação divina (o verbo significa “somar parcelas”, à semelhança
de nossa expressão “somando tudo”) de modo que logo depois desta visão,
procuramos partir, isto é, eles “procuraram” meios de obedecer (este é o
sentido do grego) – inquirindo a respeito de navios e outras coisas.
A partir de Trôade, Paulo e os seus
companheiros Silas, Timóteo e Lucas navegaram em direção à Macedônia (At
16.11,12). Chegando a Filipos, uma colônia romana, após expulsar um “espírito
de adivinhação” de uma jovem pitonisa, Paulo e Silas foram severamente
castigados com varas em praça pública e lançados na parte inferior da prisão
municipal (At 16.16,18,22,23).
Esses
sofrimentos, contudo, não os dissuadiram, pois, cheios do poder do Espírito Santo,
oravam e cantavam hinos a Deus perto da meia-noite (At 16.25). Ao milagre da
graça demonstrado nas vidas dos missionários, Deus acrescentou outro de caráter
natural: um grande terremoto sacudiu a prisão e soltou a cadeia de todos (At
16.26). 163 E, naquela madrugada, o carcereiro e toda a sua casa receberam a
salvação (At 16.33,34).
Após
sofrerem tais tribulações, ainda com os vergões das varas e as marcas dos
grilhões no corpo, os missionários viajaram para Tessalônica tomados de plena
convicção (At 17.1-10). Mais tarde, o apóstolo atestaria que o anúncio do
evangelho em Tessalônica não foi mero discurso racional, “mas, sobretudo, em
poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5, ARA).
Significa que, na pregação, os missionários
conheceram a sanção do Espírito Santo, dando força espiritual às palavras que
diziam e produzindo neles grande confiança. 164 A Boa Nova foi ministrada com
total ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e
libertação de almas (1 Ts 1.6-10). Assim, constata-se que, na ausência de
convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero intelecto humano, e o
seu resultado é inócuo na transformação de vidas (Mt 7.29; 1 Co 2.1-5).
2.
Confiança em Deus
Paulo
declara que, mesmo tendo “padecido e sido agravados em Filipos” (1 Ts 2.2a) a
fé deles não estava abalada. O registro bíblico revela que a irritação das
autoridades deu-se, porque se perdera a esperança de lucro, por causa do
exorcismo do espírito da pitonisa (At 16.19). A narrativa, porém, foi a de
acusar os missionários de introduzir práticas ilícitas na cidade, “propagando
costumes que [aos] romanos não [era] permitido aceitar nem praticar” (At.
16.21, NVI). Comentário Bíblico
Pentecostal (2003, p. 721) destaca que :
esta
acusação se refere aos missionários converterem cidadãos romanos [...] os
romanos eram proibidos pela lei de se converterem [...]. Assim toda a pregação
evangelística feita pelos missionários seria visto como contrário a lei.
Aqui,
os magistrados cometeram abuso de poder. Os direitos de cidadão romano de Paulo
e Silas foram violados e, arbitrariamente, sem julgamento formal, ambos foram
condenados à prisão (At 16.35-40).
Matthew
Henry (2008, vol. 1. p. 77) enfatiza que:
há, nesta história, um exemplo vivo da afronta
e fúria dos perseguidores (que é o que podemos encontrar se formos chamados a
sofrer por Cristo) e da coragem e consolo do perseguido.
Neste
cenário, a convicção espiritual é o que impulsionava os missionários a
prosseguir, tornando-os ousados em Deus (1 Ts 2.2b).
O Comentário do N. T. Aplicação Pessoal (2009,
vol. 2, p. 437) esclarece que:
Somente esta coragem sobrenatural poderia
ajudar os homens a enfrentar a perseguição com ousadia, porque a ameaça da
oposição não tinha ficado para trás, em Filipos. [...] Em Tessalônica, os
inimigos tinham iniciado uma revolta contra Paulo e Silas e seus ensinos. Os
líderes judeus tinham declarado que Paule e Silas eram culpados de traição
contra César, porque estavam professando fidelidade a outro rei, Jesus (At
17.7).
Em
nosso atual contexto, a perseguição religiosa já é perceptível em nosso país.
Cita-se, por exemplo, que a pregação contrária à homossexualidade pode ser
enquadrada na lei do racismo, com punição de um a cinco anos de prisão e multas
(Art. 20, Lei 7.716/1989). A condenação e a expulsão de espíritos malignos
podem ser enquadrados como racismo e preconceito religioso (Dec. 11.446/2023).
Infelizmente, a “laicidade”, ou “laicismo”, tornou-se a ordem do dia, silenciando,
pela simples menção, toda e qualquer tentativa de análise teológica de nossa
realidade política. 165
Não
obstante, em Tessalônica, em meio às perseguições e lutas, Paulo e os seus
companheiros anunciaram o evangelho de Cristo com ousada confiança no Deus
Todo-poderoso (1 Ts 2.2c). Desse modo, somos igualmente encorajados a não
desfalecer na pregação do evangelho, mas, confiados em Deus, jamais recuar e
nem mesmo se atemorizar diante das ameaças de prisões ou de morte (Ap 2.10).
3. Fidelidade na Pregação
Paulo
assegura que o evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com engano, nem com
imundícia, nem com fraudulência” (1 Ts 2.3a). Nesse versículo, ele enumera três
das principais acusações recebidas dos judeus. Em primeiro lugar, os seus
adversários procuravam colocar o evangelho em descrédito, argumentando que a
mensagem da cruz era um engano ou erro, dando a ideia de que Paulo estava
iludindo as pessoas, principalmente quanto à sua identificação de Jesus como o
Messias. 166
Em segundo lugar, os opositores questionavam a
integridade moral e a motivação do apóstolo. Eles equiparavam a fé cristã com
os ritos de imoralidade sexual dos cultos pagãos e difamavam o cristianismo
como praticante da mesma imundície. Por fim, retratavam o apóstolo como
fraudulento, que usava de artifícios para atrair e ludibriar a fé de pessoas
ingênuas e incautas objetivando vantagens de ordem pessoal.
Defendendo-se, Paulo declara que o evangelho é
de Deus e que foi Ele próprio que o comissionou como arauto (1 Ts 2.4a). O
apóstolo demonstra total fidelidade ao evangelho que lhe fora confiado, “não
como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações” (1 Ts
2.4b). Ratifica que a doutrina cristã não procede de fábulas inventadas,
condutas indecorosas ou de artimanhas para seduzir as pessoas a crer em
mentiras (1 Ts 2.5; 2 Pe 1.16). Dessa forma, o propósito paulino não era o de
satisfazer os seus ouvintes com falsos discursos (1 Ts 2.6; Tg 1.22).
O Comentário Bíblico Pentecostal do N.T.
(2003, p. 1373) arrazoa que:
As mesmas linhas de ataques e acusações podem
ser identificadas em nosso século [...] infelizmente, os ministérios públicos
sinceros e os charlatões provavelmente têm sido pintados com o mesmo pincel dos
céticos. Quer sejam inflamados pelo erro na pregação de alguém, sem nenhuma razão
– dizendo ser a religião fora de moda que só procura o poder ou edificar um
império, ou trapacear os inocentes e incautos no que se refere a dinheiro – o
combustível para as fornalhas das acusações tem permanecido essencialmente o
mesmo.
Nesse
sentido, somos exortados a manter fidelidade na pregação bíblica. Nosso
compromisso é defender a verdade do evangelho, repudiar os falsificadores da
Palavra de Deus e anunciar a Cristo com sinceridade (2 Co 2.17). French
Arrington (2003, p. 1373) observa que “precisamos considerar o dever de viver a
pureza e uma vida reta a fim de evitar trazer reprovação ao nome de Cristo” (Tt
1.6-9; 1 Pe 3.13-17; 4.14-19).
II.
CONVICÇÃO MORAL
1.
Retidão nas Ações
O
Dicionário Vine (2002, p. 949) descreve “retidão” como “caráter ou qualidade de
ser reto ou justo”. Acrescenta que o termo faz alusão “a tudo o que é certo ou
justo em si mesmo, ao que quer que se conforme com a vontade revelada de Deus”
(Mt 5.6,10,20; Jo 16.8,10). Nesse conceito, a conversão opera transformação e
retidão moral na vida do crente salvo (2 Co 5.17). Desse modo, a Bíblia
orienta-nos, dentre outras coisas, a deixarmos a mentira e falarmos a verdade
(Ef 4.25); a deixarmos o furto e sermos honestos (Ef 4.28) e a não
pronunciarmos palavras torpes e dizermos apenas o que edifica (Ef 4.29).
Nesse
aspecto, na obra Igreja Eleita (2020, p. 44), enfatiza-se que:
Segundo
a revelação das Escrituras, o crente salvo deve pautar as suas atitudes segundo
a moral bíblica, baseado na integridade, e não de acordo com o contexto social
em que se está inserido. [...] Desse modo, um crente fiel não só deve fazer a
diferença, como também o seu comportamento deve ser referencial para a
sociedade. Como resultado, velhos hábitos são abandonados, condutas reprováveis
são descartadas, e nítidas mudanças comportamentais são percebidas. Assim,
aqueles que desenvolvem “a nova natureza de Cristo adquirem caráter que não
somente perdura, como também transforma”.
Coerente com a mensagem transformadora do
evangelho, Paulo reivindica a retidão das suas ações ao afirmar à igreja em
Tessalônica que “nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de
avareza” (1 Ts 2.5). O apóstolo novamente refuta a infâmia e a calúnia dos
judeus acerca da sua conduta. Ao contrário de alguns retóricos ambulantes da
época, que buscavam obter fins egoístas mediante discurso insincero, 167 Paulo
enfatiza que jamais usou de falso sentimento para obtenção de favor algum.
E,
ainda, o apóstolo ratifica que a sua motivação era desprovida de qualquer
ambição financeira (1 Ts 2.5b). Paulo assegura que jamais fizera do seu
ministério um pretexto de ganância ou de fins lucrativos. Ao contrário dos
falsos oradores do seu tempo, que ensinavam o que as pessoas pagavam para
ouvir, o apóstolo não almejava nenhum benefício pecuniário. Para autenticar a
retidão da sua postura, Paulo invoca o próprio Deus como a sua testemunha (1 Ts
2.5c).
Contudo, lamentavelmente, não são poucos os
falsificadores da Palavra de Deus em nossos dias. Os tais, motivados pelo
desejo de ascensão, cobiça e demais interesses espúrios, fazem uso de lisonjas
e adulações para manipular, seduzir e extorquir os fracos na fé e os que têm
falta de discernimento (2 Tm 4.3,4). Somente o falso cristão é que busca poder,
o lucro e a influência por meio da bajulação mentirosa (Rm 16.18). A conduta de
retidão é virtude do crente regenerado (Cl 3.23; 1 Jo 3.18).
2.
Reputação Ilibada
Considera-se portador de reputação ilibada o
que tem reconhecida idoneidade moral (At 6.3). O conceito de idoneidade moral
relaciona-se diretamente às virtudes de respeitabilidade, de honra, de
dignidade, de seriedade e de bons costumes. 168 Em virtude da relevância do
termo, sendo esse um requisito para o acesso a cargos públicos, o ex-Senador da
República Pedro Simon (PMDB– RS) propôs alteração na Lei de Introdução ao
Código Civil.
O
Projeto de Lei do Senado (PLS 401/2009) assim define os conceitos de reputação
ilibada e idoneidade moral:
I –
Reputação ilibada: é a situação em que a pessoa não teve, e não tem contra si,
antecedentes de processos penais transitados em julgado ou processos judiciais
criminais em andamento.
II –
Idoneidade moral: é o atributo da pessoa íntegra, imaculada, incorrupta, que,
no agir, não ofende os princípios éticos vigentes em dado lugar e época.
No
contexto da ética e da moral cristã, Paulo avalia ser portador de idoneidade
moral e de reputação ilibada por meio do versículo: “E não buscamos glória dos
homens, nem de vós, nem de outros” (1 Ts 2.6a). Somado às demais virtudes, o apóstolo
ratifica que o seu interesse na proclamação do evangelho não incluía a busca de
reconhecimento, exaltação, aplausos ou elogios de homens. Aos Gálatas, ele
escreveu que o seu chamado não consistia em agradar aos homens, mas a Deus (Gl
1.10).
Nesse quesito,
o Comentário Beacon (2006, vol. 9, p. 368) conjectura que:
Se tais expressões ocorreram, poderiam ser
apreciadas de passagem, sem serem aproveitadas como um fim em si mesmas. Não
devemos considerar estas palavras como desaprovação de expressões amáveis de
estima a quem ministra. [....] Autopromoção, vantagem egoísta, glorificação de
si mesmo — como são sutis estas tentações na vida do trabalhador cristão que é
inflamado com a ambição de ganhar almas para Cristo e promover o seu Reino!
Mas, como atesta Paulo, “os limpos de coração” estão cientes da pureza de
motivos.
Paulo
adotou essa conduta em todo lugar, demonstrando a coerência e a integridade do
seu apostolado. Ele não procurava obter “vantagem” e nem “honra” em parte
alguma (1 Ts 2.5,6). Aos Coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se no
Senhor, e não em si próprio (1 Co 1.29,31). Os que aspiram fama e prestígio
caem em tentação e maculam o evangelho. Nosso viver deve glorificar a Deus. A
Ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef 3.21).
3. Vida Irrepreensível
O adjetivo irrepreensível denota uma conduta
que não pode ser censurada (Ef 5.27: 1 Ts 3.13). Quando usado como advérbio,
significa que nenhuma acusação pode ser mantida, absolutamente nenhuma acusação
pode ser feita. 169 Nesse contexto, Paulo invoca tanto a Deus como a igreja em
Tessalônica como testemunhas da sua postura “santa, e justa e irrepreensível”
(1 Ts 2.10). Essa tríade de termos empregados por Paulo pode ser assim
definida: (1) santamente ou piamente, que descreve o dever da pessoa para com
Deus; (2) justamente ou retamente, que indica o dever para com os homens, mas
também enfatiza a vida justa perante Deus; (3) irrepreensivelmente, que denota
comportamento pessoal incensurável, inculpável. 170
Essas
designações implicam em obediência nas questões morais, atitude de retidão
exemplar e conduta sem motivo algum de reprovação (1 Co 9.16-23).
Denota
o padrão de comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo
mesmo (1 Co 9.27). O apóstolo era ciente da influência que a sua vida exercia
sobre os fiéis. A conduta acima de qualquer suspeita vivenciada diariamente por
Paulo certamente servia de aprendizado para a Igreja: “[...] para vos dar em
nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2 Ts 3.9). Nesse mister, “aqueles que
transmitem a mensagem do Evangelho a outros devem não apenas proclamar a
mensagem, mas também vivê-la; eles devem ser exemplos dignos de ser seguidos”.
171
A respeito desse dever, Mattew Henry (2008,
vol. 2. p. 681) salienta que:
A conduta geral e o comportamento deles deve
ser de acordo com o bom exemplo que o apóstolo e aqueles que estavam com ele
deram a eles: vós mesmos sabeis como convém imitar-nos (2Ts 3.7). Aqueles que
plantaram a religião no meio deles tinham dado um bom exemplo diante deles; e
os ministros do evangelho deveriam ser exemplos ao rebanho. O dever dos
cristãos não é somente andar de acordo com as tradições dos apóstolos, e as
doutrinas que pregavam, mas também de acordo como o bom exemplo que deixaram
[...] O bom exemplo particular que o apóstolo menciona era diligência deles,
que era tão diferente das pessoas desregradas que andavam no meio deles.
Nessa concepção, avalia-se positivamente o
desprendimento de Paulo e dos seus companheiros não apenas em atender o
chamamento divino, mas também o de apresentar-se como modelo de fé para a
Igreja (1 Co 4.16; 11.1; 9.26,27; Fp 3.17). Do contrário, os missionários
assemelhar-se-iam à hipocrisia dos escribas e fariseus (Mt 23.15). Desse modo,
constata-se que o grau de comprometimento adotado pelo crente que possui os
valores do Reino é o reflexo do nível da sua comunhão com Deus (1 Co 10.32).
III. CONVICÇÃO SOCIAL
1.
Bem-Estar Comum
O
bem-estar comum alcança o homem nas suas necessidades físicas e espirituais. O
bem comum constitui-se ao mesmo tempo de um direito e de um dever do cidadão. A
consciência de ser responsável pelo bem comum na sociedade pertence à tradição
cristã. Nossa Declaração de Fé (SOARES, 2017, p. 28) ensina que a Bíblia é o
manual de Deus para toda a humanidade e que as suas instruções também visam à
felicidade humana e ao bem-estar espiritual e social de todos os seres humanos
(2 Tm 3.16,17). O papel da Igreja é o de proclamar o evangelho (Mt 28.19) e
aliviar o sofrimento promovendo bem-estar social (Tg 2.15,16).
No âmbito
social, por exemplo, a Igreja pode e deve somar esforços no combate à fome, ao
desemprego, à violência, à injustiça e à discriminação, dentre outros.
Reitera-se que a justiça social sempre foi uma bandeira defendida pelo
cristianismo (Tg 1.27; 2.15- 18). A pauta social, todavia, foi sequestrada pelo
espectro secularista-ideológico e também pelo liberalismo teológico que
reivindica para si a paternidade das questões sociais.
Carl
Henry (2007, p. 228) analisa que:
Na
América do século dezenove, parece que os evangelistas e os revivalistas que
viajavam até a fronteira não só pregavam o evangelho da salvação interna como
também defendiam os desempregados, desprovidos, ébrios, analfabetos, a viúva, o
órfão, ameríndio caçado e o negro escravizado. [...] O avivamento teológico
ligado a Karl Barth havia trazido, no final das décadas de 1940 e 1950, uma
forte reavaliação do idealismo social [...] não será exagero dizer que o
evangelho social teria se tornado prisioneiro de interesses radicais. Faltando
a correção das Escrituras e a direção do Espírito Santo, ele deixou de ser uma
expressão saudável da consciência social da igreja e, mutas vezes, tornou-se
refúgio para extremistas e anarquistas.
O
profeta Habacuque registra que os problemas sociais da sua época eram resultado
dos pecados cometidos, tais como inversão de valores; violência e injustiças
(Hc 1.1-4). Assim, o mal social tem origem no pecado, por isso, deve ser
denunciado e abandonado por meio da pregação do evangelho. A prática do amor
cristão é antídoto para as injustiças sociais. Ciente disso, Paulo escreve:
“[...] quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a
nossa própria alma” (1 Ts 2.8).
Esse
sentimento paulino para com a igreja é comparado ao cuidado de uma mãe que se
preocupa e protege os filhos (1 Ts 2.7). Também é equiparado ao proceder de um
pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos (1 Ts 2.11b). Era assim
que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à igreja (1 Ts 2.11a).
Nessa direção, o dever cristão engloba a moral e o social. Salienta-se, porém,
que o exclusivismo moral em detrimento de pautas sociais e, por sua vez, a
causa social em prejuízo da moral não retratam o genuíno evangelho de Cristo
(Tg 4.17).
2. Dedicação Altruísta
Paulo dedicou-se com profundo altruísmo na
propagação do evangelho (At 20.24). Apesar do direito inerente ao seu
apostolado, ele decidiu nada receber: “[...] ainda que podíamos, como apóstolos
de Cristo, ser-vos pesados” (1 Ts 2.6b). Paulo teve uma dedicação altruísta em
favor do Reino de modo que, sempre que possível, ele recusava ajuda financeira
(At 20.33,34). Isso não significa que, quando necessário, ele não tenha
recebido de bom grado o apoio pecuniário da Igreja (1 Co 16.17; Fp 4.18).
Contudo, em boa parte do seu ministério, o
apóstolo valeu-se do seu ofício de fabricante de tendas para prover o
necessário sustento (At 18.3). E, acerca disso, recordava aos irmãos do seu
“trabalho e fadiga; pois, trabalhamos noite e dia, para não sermos pesados a
nenhum de vós” (1 Ts 2.9). Para não se tornar um fardo para a igreja, Paulo
desgastou-se numa atividade laboral extenuante.
A Bíblia não condena a provisão financeira
para os obreiros. O próprio Paulo escreveu: “[...] aos que anunciam o
evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9.14), e ainda: “[...] Digno é o
obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). O apóstolo explica que não usou dessa
prerrogativa porque conhecia a extrema pobreza da igreja (2 Co 8.1,2), que
suportou as restrições para não criar obstáculo ao evangelho (1 Co 9.11,12);
que tudo fez para ganhar o maior número possível de almas (1 Co 9.19).
Nesse
contexto, French Arrington (2003, p. 1.375) enfatiza que:
A
história do modelo de liderança sacrificial de Paulo ressoa através dos
séculos, e pode ser claramente ouvida por todos os que são chamados para as
posições de liderança, quer sejam remuneradas ou não. Deve-se esperar que o
ministério demande muita força de vontade, seja um trabalho árduo e exija muito
daqueles que nele trabalham. Aqueles que sinceramente cuidam de pessoas e
honram o chamado de Deus serão considerados imitadores da dedicação de Paulo.
Assim
sendo, todos quantos possuem plena convicção da sua salvação e chamado são
motivados a trabalhar não por vanglória humana, mas para a glória de Deus (1 Co
10.31). O amor sacrificial e o abnegado trabalho são essenciais para o
crescimento do Reino. Quanto ao galardão, o escritor aos Hebreus declara que
Deus não é injusto para esquecer-se da vossa obra e deseja que “cada um de vós
mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança” (Hb
6.10,11).
CONCLUSÃO
Paulo
foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério cristão (1 Ts
2.2). Não obstante, o apóstolo deixou-nos um exemplo de intensa convicção de
nosso chamado e eleição em Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se: a sua convicção
espiritual resultante do poder do Espírito (1 Ts 2.4); a sua convicção moral
como reflexo do temor a Deus (1 Ts 2.5) e a sua convicção social demonstrada
pela abnegação em servir (1 Ts 2.9). Ratifica-se que carecemos em nossos dias
dessa firme convicção em defesa dos interesses do Reino de Deus na terra.
163 WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico
Contemporâneo: Atos. São
Paulo: Vida. 1996, p. 318.
164 HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio
de Janeiro: CPAD,
2006, vol. 9, p. 362.
165 RUSHDOONY, Rousas. Cristianismo e Estado. Trad.
Fabrício Tavares de
Moraes. Brasília: Editora Monergismo, 2018, p. 24.
166 ARRINGTON, French (Ed.). Comentário Bíblico
Pentecostal do N.T. Rio de
Janeiro: CPAD, 2003, p. 1.372.
167 HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Rio de
Janeiro: CPAD, 2006,
vol. 9, p. 368.
168 ALANO, Mayara de Sousa. Possibilidade de Inscrição
nos Quadros da
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Inidoneidade
Moral em Razão de
Violência Contra Mulher. (Monografia apresentada ao
Curso de Direito).
Tubarão: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2019,
p. 29.
169 VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD,
2002, p 724.
170 RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Linguística
do NT Grego. São
Paulo: Vida Nova, 2000, p. 438.
171 RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo
Testamento: Aplicação
Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2, 471
A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia
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