segunda-feira, 4 de setembro de 2023

CPAD – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL | Lição 11: Cultivando a Convicção Cristã

 

TEXTO ÁUREO

“Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência.” (1Ts 2.3)

VERDADE PRÁTICA

O cultivo da convicção cristã é imperioso para a prática e a defesa da fé em tempo de adversidades.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO
Falar de convicção em tempos de relativismo é um convite para andar na contramão de uma cultura intelectual pela qual tudo é relativo e que ninguém pode ter certeza de nada. A dúvida é praticamente um dogma em muitos desses setores da sociedade. Por isso, nesta lição, temos a oportunidade de refletir a respeito da convicção cristã. Sim, a fé cristã traz convicção profunda a um coração permeado de incertezas: “Eu sei em quem tenho crido” (1 Tm 1.12).
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Estimular a convicção espiritual nos cristãos a partir da confiança em Deus;
II) Compreender a necessidade de uma vida irrepreensível de modo que glorifique a Deus;
III) Reconhecer que o amor sacrificial e o abnegado trabalho são essenciais para o crescimento do Reino.
 B) Motivação: Nesta lição veremos que todo crente em Jesus precisa cultivar uma convicção espiritual, moral e social a fim de ser capaz de dar um verdadeiro testemunho neste mundo mergulhado em trevas.
 C) Sugestão de Método: Comece a aula propondo um diálogo sobre o que é convicção. Aguarde que digam. Pergunte à sua classe: “Alguém aqui é convicto de algo? Essa convicção honra o nome do Senhor?” Na sequência, diga que, de acordo com o Dicionário Houaiss, convicção é a “crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem; convencimento”. Após alguns minutos de compartilhamento, inicie a exposição da lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
 A) Aplicação: Esta lição nos convida a refletir sobre a necessidade de cada crente manter firme a sua convicção cristã em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra. Portanto, como cristãos, é mister que busquemos ter uma convicção espiritual resultante do poder do Espírito; uma convicção moral como reflexo do temor que temos a Deus; e uma convicção social que deve ser demonstrada pela abnegação em servir.
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.41, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) O texto “O testemunho de Paulo”, que ajudará a aprofundar o primeiro tópico, oferece uma explicação bíblica e teológica a respeito da pregação do apóstolo, deixando claro a sua posição quanto à relação entre a sabedoria humana e a pregação do evangelho;
2) O comentário da Bíblia de Estudo Cronológica de Aplicação Pessoal expande o segundo tópico, esclarecendo a mudança de vida que o cristão deve experimentar.

INTRODUÇÃO

 Diante das incertezas atuais e dos ataques às doutrinas bíblicas, é indispensável ao crente cultivar um a um a profunda convicção cristã (2 Tm 1.12-14). Não cabe ao salvo esmorecer em meio às tribulações, mas prosseguir confiante pelo prêmio da soberana vocação (2 Co 4.1; Fp 3.14). Nesta lição, estudaremos os aspectos espiritual, moral e social que formam a convicção de nossa fé cristã. O objetivo é despertar em cada cristão o desejo de ser um autêntico “embaixador de Cristo” em um mundo de trevas.

I- CONVICÇÃO ESPIRITUAL

1- Poder do Espírito. Por orientação divina, o Evangelho foi proclamado na Europa. Paulo teve uma visão em que um homem lhe dizia: “passa à Macedônia e ajuda-nos” (At 16.9). A partir dessa revelação a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e depois em Tessalônica (At 16.10-12; 17.1). O apóstolo deixa claro que o Evangelho não foi pregado com o mero discurso racional, “mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5-ARA).

  Nesse caso, o Evangelho foi ministrado com ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e libertação dos tessalonicenses (1 Ts 1.6 -10 ). Assim , podemos afirmar que, na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida ao mero intelectualismo humano e seu resultado é ineficaz na transformação de vidas (Mt 7.29; 1 Co 2.1-5).

2- Confiança em Deus. O apóstolo declara que mesmo tendo “padecido e sido agravados em Filipos” (1 Ts 2.2a), sua fé não estava abalada. Ele se refere à perseguição sofrida antes de pregar em Tessalônica. Paulo e Silas tinham sido publicamente espancados com varas. Em seguida, lançados no cárcere interior com os pés no tronco (At 16.22-24). Todavia, apesar de feridos, perto da meia-noite, oravam e cantavam hinos a Deus (At 16.25).

  Após essa severa provação, não esmoreceram, mas, impelidos pelo Espírito, vieram à Tessalônica. Na cidade, em meio às suas lutas, e com ousada confiança, anunciaram a Cristo (1 Ts 2.2b). Nessa perspectiva, somos encorajados a não desfalecer na pregação do Evangelho, mas confiados em Deus, jamais recuar, mesmo diante das ameaças de prisão ou de morte (Ap 2.10).

3- Fidelidade na pregação. O apóstolo dos gentios assegura que o Evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1 Ts 2.3a). Mostra que a doutrina cristã não procede de fábulas inventadas, condutas imorais ou de artifícios para seduzir as pessoas a crerem em mentiras (2 Pe 1.16). Ao contrário, Paulo declara que o Evangelho é de Deus, e que o próprio Deus o comissionou como arauto, “não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova o nosso coração” (1 Ts 2.4b). Dessa forma, o propósito do apóstolo não era o de satisfazer seus ouvintes com falsos discursos (Tg 1.22). Nesse sentido, somos exortados a manter fidelidade na pregação, repudiar os falsificadores da Palavra de Deus e anunciar Cristo com sinceridade (2 Co 2.17).

AUXÍLIO TEOLÓGICO

O TESTEMUNHO DE PAULO (1CO 2.1-5 )

 “Por causa da preocupação dos coríntios com a sabedoria humana, Paulo agora deixa claro sua posição quanto à relação entre a sabedoria humana e a pregação do evangelho. Cita assim mesmo como um exemplo de alguém que confiou no Espírito Santo, e não na eloquência ou na sabedoria humana, para que sua mensagem fosse efetiva. De acordo com o que disse no fim do capítulo 1, apóstolo se gloria no Senhor. […] Longe de depender de seus próprios recursos ou de sua capacidade de persuasão, Paulo contava com o Espírito Santo. Sua mensagem não era transmitida por ‘palavras persuasivas de sabedoria humana’. Antes uma ‘demonstração [apodeixis] do Espírito e de poder’. […]” (Comentário Bíblico Pente costal: Novo Testamento. 2. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.940-41).

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

“PARA QUE VOS CONDUZÍSSEIS DIGNAMENTE PARA COM DEUS

Nós devemos viver de uma maneira que traga atenção positiva e a honra a Deus. Devemos sempre examinar a nós mesmos, para assegurar que as nossas vidas sejam dignas de nos identificar com Cristo, representar o seu caráter e transmitir a sua mensagem a outras pessoas. Só seremos capazes de fazer isto, confiando na graça e no poder de Deus.” Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal: Edição Global, Editora CPAD, p.2227.

AUXÍLIO DEVOCIONAL

“2Co 5.13-15. Tudo o que Paulo e seus companheiros fizeram foi para honrar a Deus. Não era apenas o temor a Deus que os motivava (2 Co 5.11), mas o amor de Cristo controlava os seus atos. A palavra controlar, ou constranger, quer dizer ‘agarrar firmemente’ — em outras palavras, o amor de Cristo os forçava a determinadas ações. Eles sabiam que Jesus, por seu grande amor, deu sua vida por eles. Ele não agiu visando seu próprio interesse, agarrando-se, de modo egoísta, à glória do céu que Ele já possuía (Fp 2.6 ). Em vez disso, Jesus de bom grado morreu por nós, nós também estamos mortos para a antiga vida. Como Paulo, não podemos mais viver para nos agradar a nós mesmos, mas devemos passar a nossa vida agradando a Cristo’’ (Bíblia de Estudo Cronológico Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 20 15, p.1649).

CONCLUSÃO

Paulo foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério (1 Ts 2.2). Não obstante, ele nos deixou exemplo de intensa convicção de nossa eleição em Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se sua convicção espiritual resultante do poder do Espírito (1 T s 2.4); sua convicção moral como reflexo do temor a Deus (1 Ts 2.5); e sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1 Ts 2.9). Ratifica-se que, em nossos dias, carecemos dessa firme convicção em defesa dos interesses do Reino de Deus na Terra.

CPAD  – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia

 | Lição 11: Cultivando a Convicção Cristã


Porque a nossa exortação não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência (1 Ts 2.3)

 Diante das incertezas do tempo presente e dos ataques às doutrinas bíblicas, torna-se indispensável o crente cultivar profunda convicção cristã (2 Tm 1.12-14). Não cabe ao salvo esmorecer em meio às tribulações, mas prosseguir confiante pelo prêmio da soberana vocação (2 Co 4.1; Fp 3.14). Neste capítulo, estudaremos os aspectos da convicção espiritual, moral e social de nossa fé cristã. O objetivo é despertar em cada cristão o desejo de ser um autêntico “embaixador de Cristo” em um mundo de trevas.

 I. CONVICÇÃO ESPIRITUAL

 1. Poder do Espírito

  Na segunda viagem missionária de Paulo (49–52 d.C.), por orientação divina, o evangelho de Cristo foi proclamado na Europa. Após ter sido impedido pelo Espírito Santo de anunciar a Palavra na Ásia e na Bitínia (At 16.6,7), o apóstolo teve uma visão em que um homem dizia-lhe: “Passa à Macedônia e ajuda-nos!” (At 16.9). A partir dessa revelação, a mensagem da cruz foi anunciada em Filipos e, depois, em Tessalônica e Corinto (At 16.10-12; 17.1; 18.1). David J. Williams (1996, p. 307) arrazoa que:

 Os missionários reconheceram o sonho de Paulo como orientação divina (o verbo significa “somar parcelas”, à semelhança de nossa expressão “somando tudo”) de modo que logo depois desta visão, procuramos partir, isto é, eles “procuraram” meios de obedecer (este é o sentido do grego) – inquirindo a respeito de navios e outras coisas.

 A partir de Trôade, Paulo e os seus companheiros Silas, Timóteo e Lucas navegaram em direção à Macedônia (At 16.11,12). Chegando a Filipos, uma colônia romana, após expulsar um “espírito de adivinhação” de uma jovem pitonisa, Paulo e Silas foram severamente castigados com varas em praça pública e lançados na parte inferior da prisão municipal (At 16.16,18,22,23).

  Esses sofrimentos, contudo, não os dissuadiram, pois, cheios do poder do Espírito Santo, oravam e cantavam hinos a Deus perto da meia-noite (At 16.25). Ao milagre da graça demonstrado nas vidas dos missionários, Deus acrescentou outro de caráter natural: um grande terremoto sacudiu a prisão e soltou a cadeia de todos (At 16.26). 163 E, naquela madrugada, o carcereiro e toda a sua casa receberam a salvação (At 16.33,34).

  Após sofrerem tais tribulações, ainda com os vergões das varas e as marcas dos grilhões no corpo, os missionários viajaram para Tessalônica tomados de plena convicção (At 17.1-10). Mais tarde, o apóstolo atestaria que o anúncio do evangelho em Tessalônica não foi mero discurso racional, “mas, sobretudo, em poder, no Espírito Santo e em plena convicção” (1 Ts 1.5, ARA).

  Significa que, na pregação, os missionários conheceram a sanção do Espírito Santo, dando força espiritual às palavras que diziam e produzindo neles grande confiança. 164 A Boa Nova foi ministrada com total ousadia no poder do Espírito, de modo que resultou na salvação e libertação de almas (1 Ts 1.6-10). Assim, constata-se que, na ausência de convicção espiritual, a Palavra de Deus é reduzida a mero intelecto humano, e o seu resultado é inócuo na transformação de vidas (Mt 7.29; 1 Co 2.1-5).

  2. Confiança em Deus

  Paulo declara que, mesmo tendo “padecido e sido agravados em Filipos” (1 Ts 2.2a) a fé deles não estava abalada. O registro bíblico revela que a irritação das autoridades deu-se, porque se perdera a esperança de lucro, por causa do exorcismo do espírito da pitonisa (At 16.19). A narrativa, porém, foi a de acusar os missionários de introduzir práticas ilícitas na cidade, “propagando costumes que [aos] romanos não [era] permitido aceitar nem praticar” (At. 16.21, NVI).  Comentário Bíblico Pentecostal (2003, p. 721) destaca que :

   esta acusação se refere aos missionários converterem cidadãos romanos [...] os romanos eram proibidos pela lei de se converterem [...]. Assim toda a pregação evangelística feita pelos missionários seria visto como contrário a lei.

  Aqui, os magistrados cometeram abuso de poder. Os direitos de cidadão romano de Paulo e Silas foram violados e, arbitrariamente, sem julgamento formal, ambos foram condenados à prisão (At 16.35-40).

  Matthew Henry (2008, vol. 1. p. 77) enfatiza que:

 há, nesta história, um exemplo vivo da afronta e fúria dos perseguidores (que é o que podemos encontrar se formos chamados a sofrer por Cristo) e da coragem e consolo do perseguido.

  Neste cenário, a convicção espiritual é o que impulsionava os missionários a prosseguir, tornando-os ousados em Deus (1 Ts 2.2b).

 O Comentário do N. T. Aplicação Pessoal (2009, vol. 2, p. 437) esclarece que:

 Somente esta coragem sobrenatural poderia ajudar os homens a enfrentar a perseguição com ousadia, porque a ameaça da oposição não tinha ficado para trás, em Filipos. [...] Em Tessalônica, os inimigos tinham iniciado uma revolta contra Paulo e Silas e seus ensinos. Os líderes judeus tinham declarado que Paule e Silas eram culpados de traição contra César, porque estavam professando fidelidade a outro rei, Jesus (At 17.7).

  Em nosso atual contexto, a perseguição religiosa já é perceptível em nosso país. Cita-se, por exemplo, que a pregação contrária à homossexualidade pode ser enquadrada na lei do racismo, com punição de um a cinco anos de prisão e multas (Art. 20, Lei 7.716/1989). A condenação e a expulsão de espíritos malignos podem ser enquadrados como racismo e preconceito religioso (Dec. 11.446/2023). Infelizmente, a “laicidade”, ou “laicismo”, tornou-se a ordem do dia, silenciando, pela simples menção, toda e qualquer tentativa de análise teológica de nossa realidade política. 165

  Não obstante, em Tessalônica, em meio às perseguições e lutas, Paulo e os seus companheiros anunciaram o evangelho de Cristo com ousada confiança no Deus Todo-poderoso (1 Ts 2.2c). Desse modo, somos igualmente encorajados a não desfalecer na pregação do evangelho, mas, confiados em Deus, jamais recuar e nem mesmo se atemorizar diante das ameaças de prisões ou de morte (Ap 2.10).

 3. Fidelidade na Pregação

  Paulo assegura que o evangelho anunciado em Tessalônica “não foi com engano, nem com imundícia, nem com fraudulência” (1 Ts 2.3a). Nesse versículo, ele enumera três das principais acusações recebidas dos judeus. Em primeiro lugar, os seus adversários procuravam colocar o evangelho em descrédito, argumentando que a mensagem da cruz era um engano ou erro, dando a ideia de que Paulo estava iludindo as pessoas, principalmente quanto à sua identificação de Jesus como o Messias. 166

 Em segundo lugar, os opositores questionavam a integridade moral e a motivação do apóstolo. Eles equiparavam a fé cristã com os ritos de imoralidade sexual dos cultos pagãos e difamavam o cristianismo como praticante da mesma imundície. Por fim, retratavam o apóstolo como fraudulento, que usava de artifícios para atrair e ludibriar a fé de pessoas ingênuas e incautas objetivando vantagens de ordem pessoal.

 Defendendo-se, Paulo declara que o evangelho é de Deus e que foi Ele próprio que o comissionou como arauto (1 Ts 2.4a). O apóstolo demonstra total fidelidade ao evangelho que lhe fora confiado, “não como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos corações” (1 Ts 2.4b). Ratifica que a doutrina cristã não procede de fábulas inventadas, condutas indecorosas ou de artimanhas para seduzir as pessoas a crer em mentiras (1 Ts 2.5; 2 Pe 1.16). Dessa forma, o propósito paulino não era o de satisfazer os seus ouvintes com falsos discursos (1 Ts 2.6; Tg 1.22).

  O Comentário Bíblico Pentecostal do N.T. (2003, p. 1373) arrazoa que:

 As mesmas linhas de ataques e acusações podem ser identificadas em nosso século [...] infelizmente, os ministérios públicos sinceros e os charlatões provavelmente têm sido pintados com o mesmo pincel dos céticos. Quer sejam inflamados pelo erro na pregação de alguém, sem nenhuma razão – dizendo ser a religião fora de moda que só procura o poder ou edificar um império, ou trapacear os inocentes e incautos no que se refere a dinheiro – o combustível para as fornalhas das acusações tem permanecido essencialmente o mesmo.

  Nesse sentido, somos exortados a manter fidelidade na pregação bíblica. Nosso compromisso é defender a verdade do evangelho, repudiar os falsificadores da Palavra de Deus e anunciar a Cristo com sinceridade (2 Co 2.17). French Arrington (2003, p. 1373) observa que “precisamos considerar o dever de viver a pureza e uma vida reta a fim de evitar trazer reprovação ao nome de Cristo” (Tt 1.6-9; 1 Pe 3.13-17; 4.14-19).

  II. CONVICÇÃO MORAL

  1. Retidão nas Ações

  O Dicionário Vine (2002, p. 949) descreve “retidão” como “caráter ou qualidade de ser reto ou justo”. Acrescenta que o termo faz alusão “a tudo o que é certo ou justo em si mesmo, ao que quer que se conforme com a vontade revelada de Deus” (Mt 5.6,10,20; Jo 16.8,10). Nesse conceito, a conversão opera transformação e retidão moral na vida do crente salvo (2 Co 5.17). Desse modo, a Bíblia orienta-nos, dentre outras coisas, a deixarmos a mentira e falarmos a verdade (Ef 4.25); a deixarmos o furto e sermos honestos (Ef 4.28) e a não pronunciarmos palavras torpes e dizermos apenas o que edifica (Ef 4.29).

  Nesse aspecto, na obra Igreja Eleita (2020, p. 44), enfatiza-se que:

  Segundo a revelação das Escrituras, o crente salvo deve pautar as suas atitudes segundo a moral bíblica, baseado na integridade, e não de acordo com o contexto social em que se está inserido. [...] Desse modo, um crente fiel não só deve fazer a diferença, como também o seu comportamento deve ser referencial para a sociedade. Como resultado, velhos hábitos são abandonados, condutas reprováveis são descartadas, e nítidas mudanças comportamentais são percebidas. Assim, aqueles que desenvolvem “a nova natureza de Cristo adquirem caráter que não somente perdura, como também transforma”.

  Coerente com a mensagem transformadora do evangelho, Paulo reivindica a retidão das suas ações ao afirmar à igreja em Tessalônica que “nunca usamos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza” (1 Ts 2.5). O apóstolo novamente refuta a infâmia e a calúnia dos judeus acerca da sua conduta. Ao contrário de alguns retóricos ambulantes da época, que buscavam obter fins egoístas mediante discurso insincero, 167 Paulo enfatiza que jamais usou de falso sentimento para obtenção de favor algum.

  E, ainda, o apóstolo ratifica que a sua motivação era desprovida de qualquer ambição financeira (1 Ts 2.5b). Paulo assegura que jamais fizera do seu ministério um pretexto de ganância ou de fins lucrativos. Ao contrário dos falsos oradores do seu tempo, que ensinavam o que as pessoas pagavam para ouvir, o apóstolo não almejava nenhum benefício pecuniário. Para autenticar a retidão da sua postura, Paulo invoca o próprio Deus como a sua testemunha (1 Ts 2.5c).

  Contudo, lamentavelmente, não são poucos os falsificadores da Palavra de Deus em nossos dias. Os tais, motivados pelo desejo de ascensão, cobiça e demais interesses espúrios, fazem uso de lisonjas e adulações para manipular, seduzir e extorquir os fracos na fé e os que têm falta de discernimento (2 Tm 4.3,4). Somente o falso cristão é que busca poder, o lucro e a influência por meio da bajulação mentirosa (Rm 16.18). A conduta de retidão é virtude do crente regenerado (Cl 3.23; 1 Jo 3.18).

  2. Reputação Ilibada

  Considera-se portador de reputação ilibada o que tem reconhecida idoneidade moral (At 6.3). O conceito de idoneidade moral relaciona-se diretamente às virtudes de respeitabilidade, de honra, de dignidade, de seriedade e de bons costumes. 168 Em virtude da relevância do termo, sendo esse um requisito para o acesso a cargos públicos, o ex-Senador da República Pedro Simon (PMDB– RS) propôs alteração na Lei de Introdução ao Código Civil.

  O Projeto de Lei do Senado (PLS 401/2009) assim define os conceitos de reputação ilibada e idoneidade moral:

  I – Reputação ilibada: é a situação em que a pessoa não teve, e não tem contra si, antecedentes de processos penais transitados em julgado ou processos judiciais criminais em andamento.

  II – Idoneidade moral: é o atributo da pessoa íntegra, imaculada, incorrupta, que, no agir, não ofende os princípios éticos vigentes em dado lugar e época.

  No contexto da ética e da moral cristã, Paulo avalia ser portador de idoneidade moral e de reputação ilibada por meio do versículo: “E não buscamos glória dos homens, nem de vós, nem de outros” (1 Ts 2.6a). Somado às demais virtudes, o apóstolo ratifica que o seu interesse na proclamação do evangelho não incluía a busca de reconhecimento, exaltação, aplausos ou elogios de homens. Aos Gálatas, ele escreveu que o seu chamado não consistia em agradar aos homens, mas a Deus (Gl 1.10).

  Nesse quesito, o Comentário Beacon (2006, vol. 9, p. 368) conjectura que:

 Se tais expressões ocorreram, poderiam ser apreciadas de passagem, sem serem aproveitadas como um fim em si mesmas. Não devemos considerar estas palavras como desaprovação de expressões amáveis de estima a quem ministra. [....] Autopromoção, vantagem egoísta, glorificação de si mesmo — como são sutis estas tentações na vida do trabalhador cristão que é inflamado com a ambição de ganhar almas para Cristo e promover o seu Reino! Mas, como atesta Paulo, “os limpos de coração” estão cientes da pureza de motivos.

  Paulo adotou essa conduta em todo lugar, demonstrando a coerência e a integridade do seu apostolado. Ele não procurava obter “vantagem” e nem “honra” em parte alguma (1 Ts 2.5,6). Aos Coríntios, escreveu que o crente deve gloriar-se no Senhor, e não em si próprio (1 Co 1.29,31). Os que aspiram fama e prestígio caem em tentação e maculam o evangelho. Nosso viver deve glorificar a Deus. A Ele seja a glória, na Igreja e em Cristo Jesus, para sempre! (Ef 3.21).

 3. Vida Irrepreensível

  O adjetivo irrepreensível denota uma conduta que não pode ser censurada (Ef 5.27: 1 Ts 3.13). Quando usado como advérbio, significa que nenhuma acusação pode ser mantida, absolutamente nenhuma acusação pode ser feita. 169 Nesse contexto, Paulo invoca tanto a Deus como a igreja em Tessalônica como testemunhas da sua postura “santa, e justa e irrepreensível” (1 Ts 2.10). Essa tríade de termos empregados por Paulo pode ser assim definida: (1) santamente ou piamente, que descreve o dever da pessoa para com Deus; (2) justamente ou retamente, que indica o dever para com os homens, mas também enfatiza a vida justa perante Deus; (3) irrepreensivelmente, que denota comportamento pessoal incensurável, inculpável. 170

  Essas designações implicam em obediência nas questões morais, atitude de retidão exemplar e conduta sem motivo algum de reprovação (1 Co 9.16-23).

  Denota o padrão de comportamento para com Deus, para com os homens e para consigo mesmo (1 Co 9.27). O apóstolo era ciente da influência que a sua vida exercia sobre os fiéis. A conduta acima de qualquer suspeita vivenciada diariamente por Paulo certamente servia de aprendizado para a Igreja: “[...] para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2 Ts 3.9). Nesse mister, “aqueles que transmitem a mensagem do Evangelho a outros devem não apenas proclamar a mensagem, mas também vivê-la; eles devem ser exemplos dignos de ser seguidos”. 171

 A respeito desse dever, Mattew Henry (2008, vol. 2. p. 681) salienta que:

 A conduta geral e o comportamento deles deve ser de acordo com o bom exemplo que o apóstolo e aqueles que estavam com ele deram a eles: vós mesmos sabeis como convém imitar-nos (2Ts 3.7). Aqueles que plantaram a religião no meio deles tinham dado um bom exemplo diante deles; e os ministros do evangelho deveriam ser exemplos ao rebanho. O dever dos cristãos não é somente andar de acordo com as tradições dos apóstolos, e as doutrinas que pregavam, mas também de acordo como o bom exemplo que deixaram [...] O bom exemplo particular que o apóstolo menciona era diligência deles, que era tão diferente das pessoas desregradas que andavam no meio deles.

  Nessa concepção, avalia-se positivamente o desprendimento de Paulo e dos seus companheiros não apenas em atender o chamamento divino, mas também o de apresentar-se como modelo de fé para a Igreja (1 Co 4.16; 11.1; 9.26,27; Fp 3.17). Do contrário, os missionários assemelhar-se-iam à hipocrisia dos escribas e fariseus (Mt 23.15). Desse modo, constata-se que o grau de comprometimento adotado pelo crente que possui os valores do Reino é o reflexo do nível da sua comunhão com Deus (1 Co 10.32).

 III. CONVICÇÃO SOCIAL

  1. Bem-Estar Comum

  O bem-estar comum alcança o homem nas suas necessidades físicas e espirituais. O bem comum constitui-se ao mesmo tempo de um direito e de um dever do cidadão. A consciência de ser responsável pelo bem comum na sociedade pertence à tradição cristã. Nossa Declaração de Fé (SOARES, 2017, p. 28) ensina que a Bíblia é o manual de Deus para toda a humanidade e que as suas instruções também visam à felicidade humana e ao bem-estar espiritual e social de todos os seres humanos (2 Tm 3.16,17). O papel da Igreja é o de proclamar o evangelho (Mt 28.19) e aliviar o sofrimento promovendo bem-estar social (Tg 2.15,16).

  No âmbito social, por exemplo, a Igreja pode e deve somar esforços no combate à fome, ao desemprego, à violência, à injustiça e à discriminação, dentre outros. Reitera-se que a justiça social sempre foi uma bandeira defendida pelo cristianismo (Tg 1.27; 2.15- 18). A pauta social, todavia, foi sequestrada pelo espectro secularista-ideológico e também pelo liberalismo teológico que reivindica para si a paternidade das questões sociais.

  Carl Henry (2007, p. 228) analisa que:

  Na América do século dezenove, parece que os evangelistas e os revivalistas que viajavam até a fronteira não só pregavam o evangelho da salvação interna como também defendiam os desempregados, desprovidos, ébrios, analfabetos, a viúva, o órfão, ameríndio caçado e o negro escravizado. [...] O avivamento teológico ligado a Karl Barth havia trazido, no final das décadas de 1940 e 1950, uma forte reavaliação do idealismo social [...] não será exagero dizer que o evangelho social teria se tornado prisioneiro de interesses radicais. Faltando a correção das Escrituras e a direção do Espírito Santo, ele deixou de ser uma expressão saudável da consciência social da igreja e, mutas vezes, tornou-se refúgio para extremistas e anarquistas.

  O profeta Habacuque registra que os problemas sociais da sua época eram resultado dos pecados cometidos, tais como inversão de valores; violência e injustiças (Hc 1.1-4). Assim, o mal social tem origem no pecado, por isso, deve ser denunciado e abandonado por meio da pregação do evangelho. A prática do amor cristão é antídoto para as injustiças sociais. Ciente disso, Paulo escreve: “[...] quiséramos comunicar-vos, não somente o evangelho de Deus, mas ainda a nossa própria alma” (1 Ts 2.8).

  Esse sentimento paulino para com a igreja é comparado ao cuidado de uma mãe que se preocupa e protege os filhos (1 Ts 2.7). Também é equiparado ao proceder de um pai amoroso que se interessa pelos problemas dos filhos (1 Ts 2.11b). Era assim que Paulo encorajava, confortava e servia de exemplo à igreja (1 Ts 2.11a). Nessa direção, o dever cristão engloba a moral e o social. Salienta-se, porém, que o exclusivismo moral em detrimento de pautas sociais e, por sua vez, a causa social em prejuízo da moral não retratam o genuíno evangelho de Cristo (Tg 4.17).

 2. Dedicação Altruísta

  Paulo dedicou-se com profundo altruísmo na propagação do evangelho (At 20.24). Apesar do direito inerente ao seu apostolado, ele decidiu nada receber: “[...] ainda que podíamos, como apóstolos de Cristo, ser-vos pesados” (1 Ts 2.6b). Paulo teve uma dedicação altruísta em favor do Reino de modo que, sempre que possível, ele recusava ajuda financeira (At 20.33,34). Isso não significa que, quando necessário, ele não tenha recebido de bom grado o apoio pecuniário da Igreja (1 Co 16.17; Fp 4.18).

  Contudo, em boa parte do seu ministério, o apóstolo valeu-se do seu ofício de fabricante de tendas para prover o necessário sustento (At 18.3). E, acerca disso, recordava aos irmãos do seu “trabalho e fadiga; pois, trabalhamos noite e dia, para não sermos pesados a nenhum de vós” (1 Ts 2.9). Para não se tornar um fardo para a igreja, Paulo desgastou-se numa atividade laboral extenuante.

  A Bíblia não condena a provisão financeira para os obreiros. O próprio Paulo escreveu: “[...] aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9.14), e ainda: “[...] Digno é o obreiro do seu salário” (1 Tm 5.18). O apóstolo explica que não usou dessa prerrogativa porque conhecia a extrema pobreza da igreja (2 Co 8.1,2), que suportou as restrições para não criar obstáculo ao evangelho (1 Co 9.11,12); que tudo fez para ganhar o maior número possível de almas (1 Co 9.19).

  Nesse contexto, French Arrington (2003, p. 1.375) enfatiza que:

  A história do modelo de liderança sacrificial de Paulo ressoa através dos séculos, e pode ser claramente ouvida por todos os que são chamados para as posições de liderança, quer sejam remuneradas ou não. Deve-se esperar que o ministério demande muita força de vontade, seja um trabalho árduo e exija muito daqueles que nele trabalham. Aqueles que sinceramente cuidam de pessoas e honram o chamado de Deus serão considerados imitadores da dedicação de Paulo.

  Assim sendo, todos quantos possuem plena convicção da sua salvação e chamado são motivados a trabalhar não por vanglória humana, mas para a glória de Deus (1 Co 10.31). O amor sacrificial e o abnegado trabalho são essenciais para o crescimento do Reino. Quanto ao galardão, o escritor aos Hebreus declara que Deus não é injusto para esquecer-se da vossa obra e deseja que “cada um de vós mostre o mesmo cuidado até ao fim, para completa certeza da esperança” (Hb 6.10,11).

  CONCLUSÃO

  Paulo foi submetido a uma série de provações durante o seu ministério cristão (1 Ts 2.2). Não obstante, o apóstolo deixou-nos um exemplo de intensa convicção de nosso chamado e eleição em Cristo (1 Co 11.1). Destacam-se: a sua convicção espiritual resultante do poder do Espírito (1 Ts 2.4); a sua convicção moral como reflexo do temor a Deus (1 Ts 2.5) e a sua convicção social demonstrada pela abnegação em servir (1 Ts 2.9). Ratifica-se que carecemos em nossos dias dessa firme convicção em defesa dos interesses do Reino de Deus na terra.

 

 

163 WILLIAMS, David J. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Atos. São

Paulo: Vida. 1996, p. 318.

164 HARPER, A. F. (Ed.). Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD,

2006, vol. 9, p. 362.

165 RUSHDOONY, Rousas. Cristianismo e Estado. Trad. Fabrício Tavares de

Moraes. Brasília: Editora Monergismo, 2018, p. 24.

166 ARRINGTON, French (Ed.). Comentário Bíblico Pentecostal do N.T. Rio de

Janeiro: CPAD, 2003, p. 1.372.

167 HARPER, A. F. Comentário Bíblico Beacon. Rio de Janeiro: CPAD, 2006,

vol. 9, p. 368.

168 ALANO, Mayara de Sousa. Possibilidade de Inscrição nos Quadros da

Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e Inidoneidade Moral em Razão de

Violência Contra Mulher. (Monografia apresentada ao Curso de Direito).

Tubarão: Universidade do Sul de Santa Catarina, 2019, p. 29.

169 VINE, W. E. Dicionário Vine. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p 724.

170 RIENECKER, Fritz; ROGERS, Cleon. Chave Linguística do NT Grego. São

Paulo: Vida Nova, 2000, p. 438.

171 RIBAS, Degmar (Trad.). Comentário do Novo Testamento: Aplicação

Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, vol. 2, 471

  A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia



 






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