terça-feira, 19 de setembro de 2023

CPAD – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL | | Lição 13: O Mundo de Deus no Mundo dos Homens

 


TEXTO ÁUREO

“Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho,e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco).”

(Mt 1.23)

VERDADE PRÁTICA

Na dispensação da graça, a Igreja deve refletir os valores do Reino de Deus no mundo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Mateus 1.21-23; Gálatas 4.3-7

Mateus 1

21 – E ela dará à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados.

22 – Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor pelo profeta, que diz:

23 – Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco).

Gálatas 4

3 – Assim também nós, quando éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo;

4 – mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei,

5 – para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos.

6 – E , porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai.

7 – Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

  A Igreja de Cristo é a expressão visível! do Reino de Deus no mundo. Nesse sentido, há um contraste entre os que representam os valores do Reino e os que representam os valores do Mundo. Por isso, nesta lição, temos a oportunidade de refletir a respeito do nosso papel diante de um mundo dominado pelo “espírito” da Babilônia. Ainda assim, Deus permanece agindo no mundo por meio da Igreja de Cristo, a expressão visível do Reino de Deus.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Esclarecer a respeito do Reino de Deus no mundo;

II) Pontuar as bênçãos de uma vida no Reino;

III) Assinalar os males de uma vida no Mundo.

B) Motivação: Os valores do Reino de Deus são opostos aos do Mundo. Nesse sentido, o domínio próprio, a honestidade, a sinceridade, o compromisso conjugal, dentre outros, são valores que manifestam a ética do Reino de Deus.

C) Sugestão de Método: Após iniciar o primeiro tópico, antes de entrar no assunto dos “valores do Reino”, peça à classe o seguinte: “Cite algumas palavras que re­presentem os valores do Reino de Deus”. Se for possível, à medida que os alunos forem falando, anote as palavras na lousa. Em seguida, mostre a classe o conjunto de palavras que se formou a respeito dos valores do Reino de Deus. Então, a partir dessas notações, exponha os valores do Reino de Deus de acordo com a lição, reforçando o ensino ou aparando as arestas devidas.

  3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

 A) Aplicação: Estimule a sua classe a viver de acordo com os valores do Reino de Deus, dizendo que a melhor a forma de resistir ao “espírito” desse tempo e viver sob a direção do Espírito Santo, manifestando assim a ética e os valores do Reino de Deus, que estão expressos no desenvolvimento do Fruto do Espírito.

4- SUBSÍDIOS AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.42, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:

1) O texto “O Reino de Deus Está entre Vós, que aprofunda o primeiro tópico, destacando as características do Reino de Deus;

2) O texto “O Papel dos Seguidores de Cristo no Reino de Deus”, aprofunda o segundo tópico, enfatizando os benefícios do Reino de Deus na vida dos fiéis.

 INTRODUÇÃO

 As Escrituras revelam que haverá um futuro reino literal, porém, na presente dispensação da graça, esse reino é espiri­tual: “o Reino de Deus está entre vós” (Lc 17.21). Nesta lição, que encerra o atual trimestre, estudaremos a respeito da implantação do Reino de Deus no mundo, do contraste entre quem vive sob a égide desse reino e os que vivem de acordo com os valores do mundo. Assim, o propósito é lembrar como Deus age para habitar conosco e reforçar que, embora vivamos grandes desafios, o Reino de Deus permanece agindo no mundo por meio da Igreja (Mt 5.16).

Palavra-Chave:

 REINO

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“O REINO DE DEUS ESTÁ ENTRE VÓS

 De acordo com Jesus, a natureza do reino de Deus é espiritual, não material ou política. Muitas pessoas perdem os propósitos de Deus para suas vidas porque não dispostas a deixá-lo mudá-las de dentro para fora. O fato de que ‘o Reino de Deus não vem com aparência exterior” (v. 20) significa que ele não vem como um poder terreno político, e não podemos ganhar um lugar nele pelos nossos próprios bons esforços. Tornar-se parte do reino de Deus exige uma transformação do coração e da mente que somente Deus pode produzir à medida que confiamos a nossa vida a Ele. As­sim que os propósitos do reino de Deus começam a se desenvolver dentro de uma pessoa, ela começa a desenvolver um caráter semelhante ao de Cristo, que inclui ‘justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo’ (Rm 14.17). Através do poder do Espírito, podemos demonstrar o poder do reino de Deus ao vencermos as forças do pecado, as doenças e Satanás, e não por vencermos reis e conquistarmos nações (veja o artigo 0 REINO DE DEUS, p. 1638). Quando Jesus vier à terra pela segunda vez, o reino de Deus será revelado em seu pleno poder e glória (v. 24; cf. Mt 24.30), triunfando sobre reis, nações e todo o mal (Ap 11.15-18; 19.11-21)” (Bíblia de Estudo Pente­ costal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1806-07).

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

“O PAPEL DOS SEGUIDORES DE CRISTO NO REINO DE DEUS

O Novo Testamento tem muito a dizer a respeito do papel do povo fiel de Deus no seu reino.

(1) Os seguidores de Cristo têm o privilégio e a responsabilidade de buscar constantemente os propósitos e o modo de vida que agrada a Deus em tudo o que fazem, para que a sua presença e o seu poder sejam evidentes as pessoas que estiverem à sua volta. Isto requer fome e sede espiritual profundas pela presença e pelo poder de Deus, tanto em suas próprias vidas como na comunidade cristã (veja Mt 5.10, notas; 6.33, nota).

(2) Em Mt 11.12 Jesus transmite informações adicionais sobre a natureza e o caráter daqueles que se tornam parte do seu reino. Ali, Ele indica que “pela força” as pessoas se apoderam do reino dos céus. Isto se refere às pessoas que estão corajosamente comprometidas a romper com os costumes do mundo, que são pecaminosos e desafiam a Deus, e que buscam intensamente um conhecimento mais profundo de Cristo, da sua Palavra e dos seus perfeitos propósitos. Não importa o custo ou a dificuldade, essas pessoas buscam intensamente o reino, com todo o seu poder. Tudo isto quer dizer que vivenciar o reino dos céus e todos os seus benefícios exige um esforço sincero e persistente para crescer na fé e para resistir às más influências de Satanás, do pecado e de uma sociedade corrupta.

(3) Os benefícios supremos do reino de Deus não se destinam aos que têm pouca fome espiritual – aos que raramente oram , que negligenciam a Palavra de Deus, ou que fazem concessões aos comportamentos ímpios e aos modos de vida do mundo. O reino é para homens com o José (Gn 39.9 ), Natã (2Sm 12.7 ), Elias (1Rs 18.2 1), Daniel e seus três amigos (Dn 1.8; 3.16-18), Mardoqueu (Et 3.4-5), Pedro e João (At 4.19-20), Estêvão (At 6.8; 7.51) e Paulo (Fp 3.13-14); é para mulheres como Débora (Jz 4.9), Rute (Rt 1.16-18), Ester (Et 4.16 ), Maria (Lc 1.26-35), Ana (Lc 2.36-38) e Lídia (At 16 .14-15,40)” (Bíblia de Estudo Pentecostal. Edição Global. Rio de Janeiro: CPAD, 2022, pp.1639).

CONCLUSÃO

 Os judeus aguardavam um reino literal para libertá-los da opressão política, social e econômica. Cristo os corrigiu e afirmou que o “Reino de Deus não vem com aparência exterior” (Lc 17.20), isto é, não seria terreno, mas espiritual. O reino literal ainda será implantado. Nesse aspecto, Cristo veio para resgatar o homem do pecado. Isso requer arrependimento e fé no sacrifício da cruz. Os que recusam a ética e a moral do Reino são condenados à morte eterna. Assim, os valores cristãos devem ser observados pela Igreja, cuja missão é anunciar o Reino de Deus num mundo dominado pelo Império do Mal.

CPAD  – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia |

| Lição 13: O Mundo de Deus no Mundo dos Homens

 


Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel. (Emanuel traduzido é: Deus conosco) (Mt 1.23)

A

s Escrituras revelam que haverá um futuro Reino literal de Deus; porém, na presente dispensação, o Reino é espiritual: “ele está entre vós, no meio de vós, e dentro de vós” (Lc 17.21 ARC, TB, HD). Neste capítulo, veremos a implantação do Reino de Deus no mundo e o contraste entre o viver de quem pertence ao Reino e o viver de quem pertence ao mundo. O propósito é lembrar como Deus age para habitar conosco e reforçar que, embora vivamos grandes desafios, o Reino de Deus permanece agindo no mundo por meio da Igreja (Mt 5.16).

  I. O REINO DE DEUS NO MUNDO

  1. A Encarnação de Cristo

  Mateus assevera que a profecia messiânica cumpre-se no nascimento de Jesus (Mt 1.21,22; Is 14.7). Cristo, o “EMANUEL: Deus conosco” (Mt 1.23) foi concebido pelo Espírito Santo no ventre da virgem Maria. Os Evangelhos ratificam que Ele é “filho do Deus Altíssimo” (Mc 1.1; Lc 1.32). João revela que o “Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1.14). Significa que Cristo fez-se homem no tempo determinado (Gl 4.4). Ele agora possui duas naturezas, verdadeiro homem e verdadeiro Deus (Rm 9.5). A essa doutrina dá[1]se o nome de “União Hipostática”.

  David R. Nichols (apud HORTON, 1997, p. 324, 325) descreve que:

 A união hipostática descreve a união entre as naturezas humana e divina na Pessoa única de Jesus. [...] O ensino bíblico acerca da humanidade de Jesus revela-nos que, na encarnação, Ele tornou-se plenamente humano em todas as áreas da vida, menos na prática de um eventual pecado. [...] Na experiência que Jesus teve da morte, temos uma das comprovações mais poderosas de que sua humanidade foi completa. Ele era tão humano que sofreu a morte de um criminoso. [...] Jesus era capaz de sentir em profundidade as emoções humanas. Conforme vemos nos evangelhos, Ele sentia dor, tristeza, alegria e esperança. Assim acontecia porque Ele compartilhava conosco a realidade da alma humana. [...] Finalmente Jesus possuía um corpo humano, igual ao nosso. [...] Era igual a nós em todos os aspectos, exceto que nunca pecou.

  E, quanto a divindade de Cristo, acrescenta que:

   Os escritos do Novo Testamento atribuem divindade a Jesus em vários textos importantes. [....] As informações do Novo Testamento a respeito desse assunto levam-nos a reconhecer que Jesus não deixou de ser Deus durante a encarnação. Pelo contrário, abriu mão apenas do exercício independente dos atributos divinos. Ele ainda era plena Deidade no seu próprio ser, mas cumpriu o que parece ter sido imposto pela encarnação: limitações humanas reais, não artificiais. [...] Certamente, a Bíblia apresenta amplas evidências de suas afirmações sobre a humanidade e a divindade de Jesus.

  A sua encarnação fez-se necessária para satisfazer a justiça de Deus: o pecado entrou no mundo por um homem, Adão; assim, tinha de ser vencido por um homem, Jesus (1 Tm 2.5). O pecado de Adão trouxe “juízo de condenação”, mas a obediência de Cristo trouxe “justificação de vida” (Rm 5.12,18,19). Ele participou de nossa natureza para expiar nossos pecados (Hb 2.14-18). A expiação constitui-se na razão da encarnação e da morte de Jesus. 180

  2. A Mensagem do Reino

  João Batista foi o precursor de Cristo na implantação do Reino. A mensagem apregoada no deserto da Judeia requeria mudança de vida: “[...] Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 3.2). Após ser batizado no Jordão e vencer a tentação no deserto, Cristo deu início ao seu ministério: “Desde então, começou Jesus a pregar e a dizer: Arrependei-vos, porque é chegado o Reino dos céus” (Mt 4.17). Portanto, a mensagem do Reino contém forte apelo ao arrependimento (Mt 3.2; 9.3).

  O Dicionário Bíblico Wycliffe (2006, p. 209) leciona que:

  As palavras heb. mais comuns para arrependimento vêm da raiz naham e significam uma mudança de ideia ou de propósito, ou, às vezes, lamentar-se. O conceito do NT, porém, é mais corretamente expressado pelo verbo heb. shub, que significa “converter-se”, ou “retornar”, e é, às vezes, traduzido como “arrepender-se” (Ez 14.6; 18.30). [...] A doutrina do arrependimento é apresentada mais claramente no NT pelo substantivo metanoia e seu verbo coligado. Onde quer que esse substantivo ou verbo ocorra, há um convite para que os homens se convertam de seus pecados e busquem a graça de Deus, ou ainda um registro ou referência desta atitude de arrependimento.

  O Dicionário Vine (2002, p. 415) destaca que:

  O verbo grego metanoeõ [...] sempre envolve no Novo Testamento uma mudança para o melhor, uma emenda, e sempre, exceto em Lc 17.3,4, diz respeito ao “arrependimento” do pecado. A palavra é encontrada nos Evangelhos Sinópticos, em Lucas, nove vezes, em Atos, cinco vezes, em Apocalipse, 12 vezes, sendo oito nas mensagens às igrejas (Ap 2.5, duas vezes; Ap 2.16; 2.21, duas vezes; Ap 3.3,19 — as únicas igrejas nesses capítulos que não contêm exortação ao arrependimento são as que estão em Esmirna e Filadélfia).

  Nesse aspecto, ratifica-se que arrependimento significa mudança de mente e abrange o abandono do pecado e o voltar-se para Deus (Lc 24.46,47). Compreende uma nova atitude espiritual e moral, bem como uma nova conduta (At 26.20; Ef 4.28). Somente o arrependimento e a fé na obra expiatória e redentora de Cristo podem restaurar o homem a Deus (At 3.19; Rm 3.23-25; 2 Co 7.10).

 Nesse sentido, a Escritura ensina que Deus “quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade” (1 Tm 2.4). Contudo, Ele próprio estabeleceu as condições para ser salvo A condição mais elementar é estar em Cristo (Ef 1.1-4). E, para estar em Cristo, é preciso ter fé (Ef 3.17) e arrepender-se dos seus pecados (At 2.38). Porém, nenhuma dessas condições é meritória, e nenhum homem pode cumpri-las sem o auxílio e a capacitação divina. Por conseguinte, o papel da Igreja é proclamar essa mensagem do Reino em todo o mundo (Mt 24.14).

  3. Os Valores do Reino

  Carl Henry (2007, p. 548) enfatiza que o Sermão do Monte “tem sido entendido como a aplicação maior da ética de amor ao próximo [...] ele nos aponta ao Senhor, forçando assim uma decisão quanto à nossa obediência”. O Sermão proferido por Cristo reúne princípios do mais alto idealismo moral. No Sermão do Monte, Cristo revela os elementos da ética e da moral do Reino, que têm como objetivo indicar a conduta ideal para a retidão cristã. Esse comportamento precisa exceder a justiça dos escribas e fariseus (Mt 5.20). Contudo, a nova justiça não é a repetição do legalismo judaico; pelo contrário, ela é alcançada por meio da obra redentora de Cristo, que conduz o crente à obediência (2 Co 10.5). Nicholas T. Wrigth (2009, p. 138) avalia que:

  O reino de Deus invadiu o mundo presente, ofereceu um alvo que Aristóteles e seus colegas jamais imaginariam. Os seres humanos foram chamados, por fim, a redescobrir para que foram criados, para que Israel foi criado. Deveriam ser, afinal, reis e sacerdotes, seguir a Jesus na conquista completa do reino e sacerdócio, e precisavam aprender, a partir do zero, o que isso significa. Seria necessário praticar a virtude – de um tipo nunca pensado.

  No compêndio de virtudes, Cristo apresenta alguns exemplos, tais como: o necessário controle da ira (Mt 5.21,22); a fuga da imoralidade sexual (Mt 5.27,28); o casamento indissolúvel (Mt 5.31,32); a honestidade no falar (Mt 5.33-37); o não revidar as ofensas (Mt 5.38-44); a esmola, a oração e o jejum a partir de um coração sincero (Mt 6.1,5,16); o não julgar os outros (Mt 7.1,2); o alerta sobre os dois caminhos (Mt 7.13,14); a advertência contra os falsos profetas (Mt 7.15-23); e a exortação para a prática desses valores (Mt 7.24-29).

 Nesse sentido, o sermão representa uma nova postura, que nos chama para uma vida de perfeição (Mt 5.48) e convida-nos a priorizar o Reino de Deus e a sua justiça (Mt 6.33). O Sermão do Monte é prático e relevante como a nova vida em Cristo — e, como tal, é um dom e uma tarefa ao mesmo tempo. 181 Assim, os filhos do Reino devem expressar esses valores no seu viver diário (Ef 5.8). Não de modo farisaico ou de aparência de religiosidade, pois “os discípulos são chamados a estabelecer os sinais de uma nova justiça e a contar com o poder das possibilidades de Deus em sua obediência”. 182

  II. AS BÊNÇÃOS DE UMA VIDA NO REINO

  1. Remissão dos Pecados

  Aos Gálatas, Paulo retrata a nova posição dos crentes em Cristo. O apóstolo afirma que “[...] éramos meninos, estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo” (Gl 4.3). Significa que, antes do Evangelho do Reino, a percepção espiritual tanto de judeus como de gentios era limitada, legalista e supersticiosa. Porém, no tempo assinalado, “[...] Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4.4) para remir a humanidade da escravidão do pecado (Gl 4.5a).

  O Comentário Bíblico Pentecostal (2003, p. 1.165/66) assevera que:

 As palavras “Deus enviou o seu Filho” e “nascido de mulher” se referem à pré-existência de Cristo e sua encarnação (Jo 1.14; Fp 2.5-11). A encarnação de Cristo é qualificada adicionalmente pelas palavras “nascido sob a lei”. [...] A encarnação de Cristo dentro do contexto racial e religioso do judaísmo foi feita “para que” o plano de Deus pudesse ser realizado. [...] Em sua vida obedeceu à lei, e em sua morte recebeu a penalidade máxima da lei. Deste modo Ele era especialmente qualificado para “resgatar” ou “redimir” aqueles que foram escravizados pela lei. [...] Aqueles que estavam debaixo da lei foram libertos de sua direção opressora e adotados, passando a fazer parte da família de Deus.

  Desse modo, a morte expiatória de Cristo libertou o homem da maldição da Lei e da potestade das trevas (Gl 3.13; Cl 1.13). O termo “expiação” ou o verbo “expiar” refere-se a sacrifício para purificação e perdão dos pecados, só que o significado primário dessa palavra é “cobrir”, cuja ideia é de cobrir com sangue: “[...] porquanto é o sangue que fará expiação pela alma” (Lv 17.11).

  Enquanto princípio, é reafirmado no Novo Testamento: “[...] sem derramamento de sangue, não há remissão” (Hb 9.22). 183

  A Teologia Sistemática Pentecostal (2008, p. 354) esclarece que:

 Cristo na cruz, pelo seu sangue expiou os nossos pecados uma vez para sempre — “... porque isso fez ele, uma vez, oferecendo-se a si mesmo” (Hb 7.27); “doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb 9.26) —, mas a salvação só se realiza na vida de cada pecador quando este aceita o Redentor, Jesus Cristo.

  Assim, o sacrifício de Cristo operou uma grande redenção (Ef 1.7). Outro aspecto importante é a reconciliação dos pecadores com Deus por intermédio da cruz de Cristo (Ef 2.13;16). A obra da cruz é ratificada como suficiente para a remissão de nossos pecados. Pecadores, outrora escravos e condenados e, pelos méritos de Cristo, agora livres e perdoados são elevados à condição de filhos por adoção (Gl 5.5b).

  2. Adoção de Filhos

  Adotar é tornar alguém “filho” pela lei e pelo afeto. Pode-se definir “adoção” como a inserção num ambiente familiar, de forma definitiva e com aquisição de vínculo jurídico próprio da filiação, segundo as normas legais. 184 Entre os gentios, a adoção era um ato voluntário que abrangia os privilégios da herança e obediência ao pai adotivo. Paulo faz analogia ao filho adotado (cristão), que, sob a autoridade do pai adotivo (Deus), recebe o direito de pertencer à família cristã (Rm 8.15; Gl 4.5; Ef 1.5).

  Germano Soares (2015, p. 101) pondera que:

  A redenção a respeito da lei é, sem dúvida, o pressuposto para receber a filiação, e isto para todos, tanto judeu quanto gentios. Estes foram recebidos como filhos por meio da adoção. A palavra traduzida como adoção é um termo técnico jurídico. [...] A nova posição do homem, a de não ser mais escravo da lei do mundo, acontece a partir do momento em que aceita a Cristo como filho. O homem é livre enquanto está unido juridicamente ao pai por uma arte de direito. O conceito de filiação ressalta a livre ação de Deus não apoiada em existência alguma e, ao mesmo tempo, a mediatização da nossa categoria de filho.

  A obra Igreja Eleita (2020, p. 46) assevera que:

  Paulo é o único escritor do Novo Testamento que emprega o termo “adoção” (Rm 8.15,23; 9.4; Gl 4.5; Ef 1.5). A prática da adoção não fazia parte do sistema legal judaico, porém era comum entre os romanos e perfeitamente conhecida entre os gentios. Assim, o apóstolo enfatiza que foi do agrado de Deus predestinar os eleitos a ser adotados como filhos “segundo o beneplácito de sua vontade” (Ef 1.5b). Nossa posição é imerecida, contudo, aprouve ao Pai fazê-lo assim conforme o seu querer (Mt 11.26).

  Essa constatação exalta a misericórdia divina e assinala que a adoção foi motivada pelo “muito amor com que nos amou” (Ef 2.4). Assim, noutro tempo, éramos estranhos e inimigos, mas agora somos filhos reconciliados em Cristo (Cl 1.21). Deus concedeu aos filhos a dádiva de um novo nome e uma nova imagem: a de Cristo (Rm 8.29; Ap 2.17). A redenção e a remissão de pecados são concedidas, e a comunhão é restabelecida com a intimidade de clamar “Aba, Pai” (Gl 4.6). A filiação abrange deveres com o Pai e com a Igreja de Cristo, cujo papel é refletir o Reino de Deus no mundo (Ef 5.1,2). 185 3. Herdeiros de Cristo Como resultado de nossa adoção, agora como filhos, somos “também herdeiros de Deus por Cristo” (Gl 4.7). Deus é o autor de toda riqueza que agora está a nossa disposição por realmente termos sido adotados como filhos. 186 Os benefícios dessa herança já podem ser desfrutados no tempo presente e serão plenos após a Segunda Vinda do Senhor. Paulo enfatiza que passamos a ser herdeiros de Deus e coerdeiros de Cristo (Rm 8.17).

  Matthew Henry (2008, vol. 2, p. 354) elucida que:

  O céu é uma herança de que todos os santos são herdeiros. Eles não chegam a ele como pessoas que o adquiriram por qualquer mérito ou aquisição da sua parte; mas como herdeiros, puramente pela ação de Deus, pois Deus os torna herdeiros. [...] Temos aqui um resumo da herança: (1) “...herdeiros de Deus...”. O próprio Senhor é a porção da herança dos santos (Sl 16.5), uma herança formosa (Sl 16.6). [...] (2) “...coerdeiros de Cristo”. Diz-se que Cristo, como Mediador; é o herdeiro de todas as coisas (Hb 1.2), e os verdadeiros crentes, em virtude de sua união com Ele, “...herdarão todas as coisas” (Ap 21.7). Aqueles que agora participam do Espírito de Cristo, como seus irmãos, participarão, como seus irmãos, de sua glória (Jo 17.24), se assentarão com Ele em seu trono (Ap 3.21).

  Nessa herança, estão inclusas as promessas feitas à Abraão (Gl 3.29). Isso não diz respeito à Terra Prometida a Abraão, mas, sim, “às bençãos espirituais da justificação por meio da fé, que incluem todos os aspectos da vida cristã, tanto na vida presente como na futura. São herdeiros no sentido absoluto”. 187 Ratifica-se, aqui, a maravilhosa herança da vida eterna (Tt 3.7; Ef 3.6) e o privilégio de conhecer Deus face a face (1 Co 13.12).

  Não obstante, ao ser aceitos, fomos transformados em filhos “para louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1.6). O propósito da remissão de pecados — a filiação e a herança — não tem outro alvo senão a glória de Deus (Ef 1.6,12,14). A Igreja nunca terá glória em si mesma; toda a glória é exclusivamente tributada a Deus por intermédio da obra de Cristo (Sl 115.1; Jo 13.31,32). Assim, a Igreja é o campo onde se exterioriza o Reino de Deus aqui no mundo (Ef 3.10-12).

  III. OS MALES DE UMA VIDA NO MUNDO

  1. Escravidão do Pecado

  A Bíblia assevera que quem comete pecado é servo do pecado (Jo 8.34). F. F. Bruce (2002, p. 174) enfatiza que Jesus “faz ver que existe outro tipo de escravidão, além da sujeição social ou econômica. O pecado é um senhor de escravos, e é possível até que as pessoas que se consideram livres sejam escravas do pecado”. Significa que o ser humano é escravo daquilo que o controla (2 Pe 2.19).

  O Comentário Bíblico Expositivo Wiersbe (2019, vol. 6, p. 592) alerta que:

  Devemos ter cuidado com o “engano do pecado” (Hb 3.13). O pecado sempre promete liberdade, mas, no final traz escravidão. Promete vida, mas, em vez disso, traz morte. O pecado tem como característica amarrar a pessoa aos poucos até ela não ter como escapar sem a intervenção do Senhor em sua graça. Até mesmo a escravidão que o pecado cria é enganosa, pois as pessoas amarradas, acreditam, de fato, que são livres! Descobrem tarde demais que são prisioneiros dos próprios apetites e hábitos.

  Dessa forma, o pecado torna o homem incapaz de aceitar a Palavra de Deus (Jo 8.43). Quem é dominado pelo pecado não consegue receber o evangelho, porque não entende a essência da mensagem que é transmitida. A soberba impede-o de reconhecer a própria escravidão (Jo 9.41). Quem está nas trevas é culpado da própria obscuridade, porque a autoilusão faz com que ele feche os olhos para a luz da verdade. 188 Deliberadamente se recusa a sair da escuridão, e o pecado permanece (Jo 3.20).

  O espírito do erro impele-o ao assassinato, ao aborto e ao suicídio, a proferir mentiras e a abraçar ideias progressistas (Jo 8.44), fazendo-o adotar a conduta imoral do adultério, da fornicação, da prostituição e da homossexualidade (1 Co 6.10). Subjugado pela carne, entrega-se à desonestidade, às injustiças, às glutonarias, ao uso de álcool, à nicotina e aos demais vícios (Rm 13.13). É o retrato de uma vida escravizada, sem paz de espírito, que trilha o caminho das trevas e necessita de urgente libertação (Jo 8.36).

  2. Filhos da Ira

 A Bíblia enfatiza que os homens escravizados pelos desejos e pensamentos da carne são “por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). Refere-se à inclinação em satisfazer as paixões e a praticar o mal inerente ao homem não regenerado (Gn 6.5). Indica toda sorte de perversão e todo apetite carnal desordenado. John Stott (2007, p. 48) registra que “incluem os desejos errados da mente e não somente do corpo, ou seja: pecados tais como a soberba intelectual, a falsa ambição, a rejeição da verdade conhecida e pensamentos maliciosos e vingativos”.

  Essas inclinações carnais — a imoralidade, a impureza, a avareza e a idolatria, entre outros — resultam na “ira de Deus sobre os filhos da desobediência” (Ef 5.3-6). Significa que a ira de Deus recai sobre tais pessoas a partir de agora, resultando em condenação no dia do julgamento (Rm 1.18; Ef 4.17,18). 189 O apóstolo também adverte que a ira divina é inevitável sobre os filhos da insubordinação (Cl 3.6). O julgamento de Deus sobre esses pecados é amplamente atestado em toda a Sagrada Escritura (Rm 1.18-32; 1 Co 5.10,11; 6.9,10; 1 Ts 4.3-6). 190

  O Comentário do N. T. Aplicação Pessoal (2009, vol. 2) retrata que:

  A ira de Deus refere-se ao juízo de Deus sobre estes tipos de comportamentos. Deus não revela a sua ira arbitrariamente; a sua natureza moral perfeita não permitirá que o pecado e a maldade fiquem impunes. Embora a ira ocorra no presente — no momento em que chegam as consequências naturais do comportamento pecaminoso —, a culminação final da vontade de Deus vem com a punição futura e final que o Senhor infligirá sobre a iniquidade. As pessoas podem tentar evitá-la e fugir dela, mas a punição certamente alcançará queles que pecaram e que não creram em Cristo como salvador.

  Essa constatação implica em afirmar que tais pessoas não conhecem a Deus e/ou não obedecem ao evangelho e, por isso, estão debaixo de maldição e eterna perdição (Jo 3.36; 2 Pe 2.12-14; 2 Ts 1.8,9). Portanto, ninguém pode minimizar a seriedade do pecado e as suas terríveis consequências. O juízo divino alcançará tanto os insensatos e incrédulos quanto os iníquos e os falsos adoradores (Ec 11.9; 12.14; At 17.31; Rm 2.16). 3. Condenação Eterna Cristo ensinou que aquele que “não crê já está condenado” (Jo 3.18b). Quem não entrega a sua vida ao Salvador é condenado porque se recusa a crer “no nome do unigênito Filho de Deus” (Jo 3.18c). O pecado da incredulidade é o clímax da rebeldia que resiste a salvação ofertada em Cristo (Lc 7.30; At 7.51).

  O Comentário Bíblico de Beacon (2019, vol. 7, p. 52) discorre que:

  O propósito da Dádiva de Deus não era levar os homens a um julgamento, mas sim à salvação. Apesar disso, o julgamento é inevitável, e é o próprio homem que o causa, quando se recusa a aceitar a Dádiva mediadora e expiatória de Deus. O homem é livre para escolher o tormento sem Deus ao invés da felicidade em Deus [...]. O julgamento e a condenação não vêm para o homem que tem fé, porque quem crê nele não é condenado (Jo 3.18).

 A tradução literal seria:

  “Aquele que põe a sua fé nele [i.e., em Jesus Cristo] não está sendo julgado”. Quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. Esta afirmação forte por si mesma adquire um novo peso de advertência quando consideramos o tempo dos dois verbos: está condenado e não crê. No grego, ambos estão em tempo passado perfeito, apresentando um estado presente que é o resultado de uma ação passada. Assim, nesta vida, a condenação é um fato porque quem não crê já foi julgado. A condenação é um estado presente porque o que não crê se recusou a crer.

  Nessa concepção, qualquer um que deliberadamente rejeita a ética e a moral do Reino de Deus será julgado por causa da sua impiedade (2 Pe 2.12-14). O destino dos incrédulos é a condenação eterna ao Inferno (Mt 25.41). Não obstante, reitera-se que aquele que crê não é condenado (Jo 3.18a). Assim sendo, somos exortados: “Aquele, porém, que ficar firme até o fim, esse será salvo” (Mt 24.13 NAA).

  CONCLUSÃO

  Os judeus aguardavam um Reino literal para libertá-los da opressão política, social e econômica. Cristo corrigiu-os e afirmou que o “Reino de Deus não vem com aparência exterior” (Lc 17.20), isto é, não seria terreno, mas espiritual. O Reino literal ainda será implantado; mas Cristo veio para resgatar o homem do pecado no período da graça. Isso requer arrependimento e fé no sacrifício da cruz. Os que recusam a ética e a moral do Reino são condenados à morte eterna. Assim, os valores cristãos devem ser observados pela Igreja, cuja missão é anunciar o Reino de Deus ao mundo (Mt 28.19,20).

180 HAGNER, Donald. Novo Comentário Bíblico Contemporâneo: Hebreus São

Paulo: Vida, 1997, p.71.

181 HENRY, Carl. Dicionário de Ética Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2007, p.

549.

182 BORNKAMM, G. Jesus de Nazaré. São Paulo: Teológica, 2005, p. 184.

183 SOARES, Esequias (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. Rio

de Janeiro: CPAD, 2017, p. 61.

184 MINISTÉRIO PÚBLICO. O que se entende por adoção? Disponível em:

<https://www.mprj.mp.br/>. Acesso em: 27 mar. 2023.

185 BAPTISTA, Douglas. A Igreja Eleita. Rio de Janeiro: CPAD, 2020, p. 47.

186 SOARES, Germano. Gálatas: Comentário. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.

102.

187 SOARES, 2015, p. 97.

188 BRUCE, F. F. João: introdução e comentário: São Paulo: Vida Nova, 2002,

193.

189 STOTT, John. A Mensagem de Efésios. São Paulo: ABU Editora, 2007, p.

147.

190 PATZIA, Arthur G. Efésios, Colossenses, Filemom. São Paulo: Vida, 1995, p.

77.

A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL –Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia




Nenhum comentário:

Postar um comentário