TEXTO ÁUREO
“Portanto, deixará o varão o seu
pai e a sua mãe e apegar-se-á a sua mulher, e serão ambos uma carne.”
(Gn 2.24)
VERDADE PRÁTICA
A sexualidade biblica e
heterossexual, biologicamente definida conforme o sexo divinamente criado.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Gênesis 2.7,18-25
7 – E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em
seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.
18 – E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só;
far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.
19 – Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra, todo animal
do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes
chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.
20 – E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a
todo animal do campo; mas para 0 homem não se achava adjutora que estivesse
como diante dele.
21 – Então, O Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e
este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.
22 – E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma
mulher; e trouxe-a a Adão.
23 – E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da
minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.
24 – Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e
apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.
25 – E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se
envergonhavam.
PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO
Vivemos em um
período em que o corpo humano e a sexualidade tornaram-se questões relevantes.
Reina uma nova “ortodoxia progressista” que tem com o projeto impor uma agenda
desconstrucionista de cima para baixo, negando a base da biologia e da fé, e
revelando uma verdadeira agressão identitária. Isso ocorre porque há movimentos
com embasamento filosófico e crítico que recebem certa benevolência das mídias
quanto à divulgação de suas agendas. Por isso, temos o objetivo de tratar esse
assunto diante da Palavra de Deus, nossa regra de fé e prática na vida cristã.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar que o fenômeno da transgeneridade abarca as questões de identidade de
gênero, as distinções entre cisgênero e transgênero e a questão da sexualidade;
II) Reafirmar a visão bíblica a respeito do gênero;
III) elencar os efeitos da ideologia transgênica.
B) Motivação: Há
pessoas que estão perdendo empregos por discordarem da agenda trans. Há
estudantes que acabam por ficar isolados na universidade caso se descubra que
ele está desalinhado com a “ortodoxia progressista”. Por esses e outros motivos
é que devemos tratar a questão.
C) Sugestão de
Método: A sugestão de método pedagógico desta semana tem a ver com a sua
preparação de aula. Como se trata de um assunto que possui uma linguagem
técnica, queremos sugerir que você faça a leitura da obra “Ama Teu Corpo”,
editada pela CPAD, principalmente, o capítulo 6 cujo título é “Transgênero,
Transrealidade”. Faça uma pequena síntese do assunto como consequência de sua
leitura. Finalmente, introduza esta lição apresentando alguns pontos que
chamaram a sua atenção. Dê um tempo mínimo para os alunos participarem e, em
seguida, faça a exposição da aula, levando em conta a sua síntese e as questões
levantadas pelos alunos.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A
presente lição auxilia o s alunos a discernirem os nossos dias. Por isso,
incentivam-nos a não terem vergonha de assumir uma visão bíblica do Corpo
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista
Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens,
artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição
94, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios
Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios estes auxílios:
1) O texto “Como
Ser Humano” amplia o primeiro tópico com uma reflexão a respeito do propósito
do corpo humano;
2) O texto
“Acolhendo o Estrangeiro” aprofunda o segundo tópico, trazendo um exemplo
concreto de pessoas que experimentaram a disforia de gênero, mas teve um
encontro com Deus.
INTRODUÇÃO
Biblicamente, os
seres humanos possuem um sexo biologicamente determinado, de conformação
heterossexual (Gn 2.24). No entanto, a desconstrução dos valores e a revolução
sexual apresentam novas formas de sexualidade, dentre elas, a transgeneridade.
Nesta lição, veremos as características desse fenômeno, a visão bíblica de
sexo, gênero e os efeitos da ideologia Transgênero. Nosso objetivo é reafirmar
a vontade de Deus quanto ao ser humano viver de maneira coerente com o
propósito divino por meio de seu sexo biológico.
PALAVRA-CHAVE:
TRANSGÊNERO
AUXÍLIO APOLOGÉTICO
“COMO SER
HUMANO
Se a natureza é
teleológica, e o corpo humano é parte da natureza, então ele também é
teleológico. O corpo tem um propósito intrínseco, e parte desse propósito é
expresso como lei moral. Somos moralmente obrigados a tratar as pessoas de
maneira que as ajude a cumprir o seu propósito. Isso explica por que a
moralidade bíblica não é arbitrária. A moralidade é o guia para cumprir o
propósito original de Deus para a humanidade, o manual de instruções para
tornar-se o tipo de pessoa que Deus idealizou, o mapa para alcançar os telos
humanos. […] A ética cristã sempre leva em conta os fatos da biologia, seja
falando do aborto (os fatos cientificos sobre quando a vida começa), seja
falando da sexualidade (os fatos sobre diferenciac;ao sexual e reprodução). A
ética cristã respeita a teleologia da natureza e do corpo” (PEARCEY, Nancy. Ama
Teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de
Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 20 21, p p .24-25).
CPAD – A IGREJA
DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da
Babilônia
| Lição 08: Transgênero – Que Transrealidade é
Essa
Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua
mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24)
B |
iblicamente, os seres humanos possuem um sexo
biologicamente determinado e conformação heterossexual (Gn 2.24).
No
entanto, a desconstrução dos valores e a revolução sexual apresentam novas
formas de sexualidade, entres elas a transgeneridade. Neste capítulo, veremos
as características desse fenômeno, a visão bíblica de sexo e gênero e os
efeitos da ideologia transgênero. A meta é mostrar o quanto Deus deseja que o
ser humano viva de maneira coerente por meio do seu sexo biológico.
I. O
FENÔMENO DA TRANSGENERIDADE
1.
Identidade de Gênero
O gênero identifica os seres inequívocos do
sexo masculino e feminino. Não obstante, na década de 1970, as feministas
usavam o termo “gênero” para diferenciá-lo do “sexo” anatômico. As ciências
sociais passaram a enfatizar que o comportamento social dos gêneros é
estabelecido pela cultura, e não pelas características biológicas do sexo. Esse
conceito também alcançou a educação formal em todos os seus níveis.
Por
exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), formulados pelo MEC para o
Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), trazem a seguinte definição:
O conceito de gênero diz respeito ao
conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da
diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo
anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de
“masculino” e “feminino” como construção social. O uso desse conceito permite
abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença
existente entre os comportamentos e os lugares ocupados por homens e mulheres
na sociedade. [...] Tome-se como exemplo a discussão do tema da
homossexualidade. Muitas vezes se atribui conotação homossexual a um
comportamento ou atitude que é expressão menos convencional de uma forma de ser
homem ou mulher. [...] mas há tantas maneiras de ser homem ou mulher quantas
são as pessoas.
Baseados nesses critérios, os conteúdos de
orientação sexual dos PCN (1998, p. 316) para o Ensino Fundamental foram
organizados em apologia à “liberdade sexual”:
O
desafio que se coloca é o de dar visibilidade a esses aspectos, considerados
fundamentais. [...] O trabalho com Orientação Sexual supõe refletir sobre e se
contrapor aos estereótipos de gênero, raça, nacionalidade, cultura e classe
social ligados à sexualidade. Implica, portanto, colocar-se contra as
discriminações associadas a expressões da sexualidade, como a atração homo ou
bissexual, e aos profissionais do sexo.
Nessa
perspectiva, gênero passa a significar que homens e mulheres são produtos da
realidade social, e não decorrência da anatomia dos seus corpos. Desse modo,
argumentam que uma pessoa não precisa comportar-se de acordo com o seu sexo de
nascimento. Alegam que o gênero e a orientação sexual não são determinados pelo
sexo biológico. Nesse caso, avaliam que a relação sexual entre macho e fêmea
corresponde a papéis sociais impostos pelo contexto cultural e social, e não
pela constituição anatômica do corpo humano. Assim sendo, validam toda e
qualquer prática sexual.
2. Cisgênero e Transgênero
Cisgênero classifica a pessoa cujo gênero está
em concordância com o sexo de nascimento. A fêmea nascida com genitália
feminina que se reconhece mulher, e o nascido macho que se reconhece homem. No
portal Dicionário Informal, cisgênero é o termo utilizado para referir-se ao
indivíduo que se identifica, em todos os aspectos, com o seu “gênero de
nascença”. 119 De acordo com Jaqueline Jesus (2012, p. 10), cisgênero é “um
conceito que abarca as pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi
determinado quando de seu nascimento”.
Transgênero classifica a pessoa cujo gênero
está em oposição ao sexo de nascimento, ou seja, um indivíduo que nasce com
genitália masculina, mas que se assume mulher, e o nascido fêmea que se
comporta como homem. São pessoas que alegam ter nascido no corpo errado e
identificam-se com o gênero diferente do sexo biológico. Esse sentimento de
incompatibilidade entre sexo físico e gênero psicológico também é chamado
Disforia de Gênero. Argumenta-se que o gênero é independente do corpo. 120
Nancy
Pearcey (2021, p. 198) esclarece que:
O
termo transgênero foi expandido como termo guarda-chuva que cobre várias
categorias que costumavam ser distintas, como travestis e transexuais. Como
transgênero é mais aceito socialmente do que os termos anteriores, o termo
passou a ter uso crescente nos anos recentes. Hoje, ele também e utilizado para
incluir várias categorias novas tais como gênero[1]queer
(pessoas que não se consideram nem masculinas nem femininas), bigênero, gênero
fluido e muitas outras.
Essa
cosmovisão ratifica a ideia de que a identidade de gênero independe do sexo
biológico, ou seja, argumentam que não há conexão entre corpo e identidade de
gênero. A narrativa transgênero separa completamente o gênero da anatomia do
corpo humano. 121 Dessa forma, toda expressão de sexualidade é considerada
normal, defendida e incentivada. O movimento social de representatividade é
chamado de LGBTQIA+. 122
3.
Transgênero e sexualidade
Para os
sexólogos, a orientação sexual de uma pessoa é definida de acordo com o gênero
que ela identifica-se e por qual gênero sente atração sexual, a saber: (a)
heterossexual, quando a atração é pelo gênero oposto; (b) homossexual, quando a
atração é pelo mesmo gênero; (c) bissexual, quando a atração é por ambos os
gêneros; (d) assexual, quando inexiste atração por gênero algum; (e) pansexual,
quando a atração não depende de gênero. Além dessas categorias, existem pessoas
que se denominam não[1]binárias, que não se encaixam em nenhum
gênero, nem masculino e nem feminino.
Com
essa classificação, não se fala mais em sexualidade no singular, mas em
sexualidades no plural, ou ainda, diversidade sexual. Nesse diapasão, a
orientação sexual passa a referir-se à atração afetivo-sexual por alguém de
qualquer gênero. Nessa filosofia, inexiste norma de orientação sexual em função
do gênero das pessoas. Considera-se que a prática heterossexual não é a única
sexualidade possível.
A mesma
explicação apregoa-se acerca da identidade de gênero, isto é, para o ativismo
de libertação sexual, nem toda pessoa é naturalmente cisgênero. Nesse cenário,
tal qual as demais, uma pessoa transgênero pode ser bissexual, heterossexual ou
homossexual, dependendo do gênero que adota e do gênero com relação ao qual se
atrai e relaciona-se afetiva e sexualmente. 123 Jaqueline Jesus (2012, p.
15,16) pontua que:
Pessoas transexuais geralmente sentem que
seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem
“corrigir” isso adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode
se dar de várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos
hormonais e até procedimentos cirúrgicos. Para a pessoa transexual é
imprescindível viver integralmente, exteriormente, como ela é por dentro, seja
na aceitação social e profissional do nome pelo qual ela se identifica ou no
uso do banheiro correspondente à sua identidade de gênero, entre outros
aspectos.
Assim,
como nessa ideologia não há conexão entre sexo biológico e gênero, uma pessoa
que se identifica como transgênero transita livremente em todo tipo de relação
sexual. Dessa maneira, o significado de sexualidade deixou de ser algo extraído
da anatomia do corpo e tornou-se algo imposto ao corpo. A partir do pressuposto
da sexualidade como construção social, a identidade sexual foi reduzida a um
conceito pós-moderno completamente desconectado do corpo. 124
II. A
VISÃO BÍBLICA DE GÊNERO
1. A
Constituição Biológica
O
homem, do hebraico adham, foi formado do pó úmido da terra (Gn 2.7). Cristo
ratificou que, “desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea” (Mc
10.6). Nossa Declaração de Fé professa que o ser humano é constituído de três
substâncias, uma física: corpo; e duas imateriais: espírito e alma (1 Ts 5.23;
Hb 4.12). Desse modo, o corpo físico é o invólucro das partes imateriais (Gn
35.18; Dn 7.15). O gênero desse corpo é definido pelo sexo de criação
geneticamente determinado: homem ou mulher (Gn 1.27; 2.24). O sexo e o gênero
estão relacionados com as características orgânicas do corpo e dos órgãos
genitais. Significa que, na criação divina, os cromossomos sexuais XY
determinam o sexo masculino (macho), e os cromossomos sexuais XX determinam o
sexo feminino (fêmea).
Dessa
forma, a ética sexual cristã está fundamentada no modo como os seres humanos foram
originalmente criados. Nancy Pearcey
(2021, p. 163) pondera que “a questão central é como definimos a nossa
identidade. Atualmente, a suposição geral é que os seres humanos são movidos,
fundamentalmente, por desejos, sentimentos e atrações — que os seus sentimentos
sexuais definem a sua identidade”.
Em contrapartida, biblicamente, os anseios de
nosso corpo precisam estar sobre o controle do Espírito Santo (Gl 5.16). Acerca
dessa temática, o apóstolo Paulo alerta que a “carne cobiça contra o Espírito,
e o Espírito, contra a carne” (Gl 5.17). E ainda adverte que nosso corpo mortal
inclina-se para a prática da imoralidade sexual, tais como adultério,
fornicação, impureza e lascívia (Gl 5.19).
Por
conseguinte, os sentimentos e os desejos carnais não servem como guia confiável
dos propósitos de Deus para nosso corpo. O marcador mais confiável de quem
somos é nossa identidade física e corporificada, dada por Deus, como homem e
mulher. 126 Enquanto o ativismo da diversidade sexual presume que o corpo
biológico não serve como referência para nossa identidade de gênero ou para
nossas escolhas de ordem moral, “o cristianismo honra o corpo como macho e
fêmea, em vez de subordinar o sexo biológico a sentimentos psicológicos”. 127
2. A Constituição Moral
O homem foi criado, dentre outros aspectos, à
imagem e semelhança moral de Deus (Gn 1.26,27). A imagem de Deus pertence a
nossa natureza moral-intelectual-espiritual. 128 O Comentário Beacon (2005,
vol. 1, p. 33) descreve que o “Homem Feito à Imagem de Deus” é um ser
espiritual apto para a imortalidade (Gn 1.26a), é um ser intelectual com a
capacidade da razão e de governo (Gn 1.26b) e é um ser moral que tem a
semelhança de Deus (Gn 1.27).
Stanley
Horton (1996, p. 260) leciona que:
A
respeito da imagem moral de Deus nos seres humanos, “Deus fez ao homem reto”
(Ec 7.29). Até mesmo os pagãos, que não possuem conhecimento da lei escrita de
Deus, conservam uma lei moral escrita por Ele em seus corações (Rm 2.14,15). Em
outras palavras, somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que
é certo e errado, bem como o intelecto moral e a vontade necessários para
escolher entre eles. Por essa razão, os seres humanos são chamados livres
agentes morais.
Não
obstante, o pecado corrompeu a moralidade do gênero humano (Gn 6.5). Por causa
da Queda, todas as áreas de nosso ser foram afetadas, inclusive nosso arbítrio,
e, portanto, a humanidade é incapaz de salvar a si mesma, pois “neste estado
[caído], o livre[1]arbítrio do homem para o que é bom não
somente está ferido, aleijado, enfermo, distorcido e enfraquecido; ele também
está aprisionado, destruído e perdido”. Desse modo, “em seu estado de descuido e
pecado, o homem não é capaz de pensar, nem querer ou fazer por si mesmo, o que
é realmente bom; pois é necessário que ele seja regenerado e renovado”. 130
Por isso, no plano divino, os crentes
precisam ser restaurados segundo a semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl
3.10). Essa renovação é obra do Espírito Santo, operando interiormente e
promovendo a santificação do espírito, da alma e do corpo (Rm 8.2- 5,13,14; 1
Ts 5.23). Assim, aos salvos a Escritura diz: “Não reine, portanto, o pecado em
vosso corpo mortal [...]” (Rm 6.12). Desse modo, as práticas sexuais ilícitas
são proibidas, tais como o adultério (Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm
1.26,27). A Bíblia ensina que a imoralidade sexual afronta o corpo, que é
templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.18-20).
3. A Constituição da Sexualidade
Ao
criar o ser humano “macho e fêmea”, Deus também instituiu a sexualidade (Gn
1.27,28). Sempre fez parte da criação original de Deus o homem unir-se
sexualmente numa só carne com a sua mulher (Gn 2.24). Cristo, ao abordar o
tema, associou a anatomia dos sexos com o propósito divino da sexualidade e da
reprodução (Mt 19.4-6). O’Donovan (apud. Pearcey, 2021, p. 32) assevera que
“ter um corpo masculino é ter um corpo ordenado estruturalmente para a união
amorosa com um corpo feminino, e vice-versa”.
Nancy Pearcey (2021, p. 32, 34) endossa que:
O
corpo tem um telos, ou propósito intrínseco. [...] A moralidade bíblica
expressa uma visão maior da dignidade e do significado do corpo. A visão
bíblica da sexualidade não é baseada em uns poucos versículos bíblicos
espalhados. É baseada em uma cosmovisão teleológica que nos incentiva a viver
de acordo com o design físico de nosso corpo. Ao respeitar o corpo, a ética
bíblica supera a dicotomia que separa o corpo da pessoa. Ela cura a alienação e
cria integridade e plenitude. A raiz da palavra integridade significa completo,
integrado, unificado — a nossa mente e emoções em sintonia com o nosso corpo
físico.
Nessa direção, ela acrescenta que:
A cosmovisão bíblica leva a uma visão
positiva do corpo. Ela diz que a correspondência biológica entre macho e fêmea
é parte da criação original. A diferenciação sexual é parte do que Deus
declarou ser “muito bom” — moralmente bom — o que significa que fornece um
ponto de referência para a moralidade. Há um propósito nas estruturas físicas
de nosso corpo que somos chamados a respeitar. A moralidade teleológica cria
harmonia entre a identidade biológica e a identidade de gênero. O corpo/pessoa
é uma unidade psicossexual integrada. A matéria importa.
Assim sendo, o relacionamento sexual conforme
idealizado pelo Criador prevê uma realização completa entre macho e fêmea na
busca do prazer conjugal e na procriação da espécie (Ec 9.9; Sl 127.3-5). A
união monogâmica e heterossexual configura o modelo bíblico da sexualidade (1
Co 7.3,4). Desse modo, no plano divino, o sexo, o gênero e a sexualidade não são
meros estereótipos de construção social, mas estão intrinsecamente
relacionados.
III. EFEITOS DA IDEOLOGIA TRANSGÊNERO
1. Depreciação da Heterossexualidade
Nas
Escrituras, o modelo de sexualidade é a heterossexual, isto é, a relação sexual
deve ocorrer entre um homem e uma mulher (Gn 2.24; Mt 19.5; Mc 10.7; Ef 5.31).
No entanto, ativistas sexuais atuam na desconstrução da orientação sexual
bíblica. Em 1991, o teórico social Michael Warner cunhou o termo
heteronormatividade, que passou a ser utilizado em depreciação da prática
heterossexual. O termo hetero significa outro, diferente. Diz respeito à
atração sexual que uma pessoa sente por outra de sexo diferente do seu. O
vocábulo norma significa algo que regula e que busca tornar igual. O termo
“norma” também está associado ao que é normal, ou seja, àquilo que segue uma
norma. Assim, pode-se compreender o termo heteronormatividade como aquilo que é
tomado como parâmetro de normalidade em relação à sexualidade para designar
como norma e como normal a atração e/ou o comportamento sexual entre indivíduos
de sexos diferentes.
Nessa concepção, a heteronormatividade é vista
como um modo opressor de regular, normatizar e obrigar as pessoas a
relacionarem-se sexualmente entre macho e fêmea. Acusa-se a heterossexualidade
de impor um regra pela perspectiva biológica determinista e pela construção
social estereotipada. Alega-se que o padrão heterossexual é discriminatório,
preconceituoso e transfóbico. Nesse condão, o ativismo atua na imposição de um
“novo normal”: a “diversidade sexual”.
Nessa
direção, Analídia Petry (2011, p. 194) constata que:
Pessoas que se submeteram à cirurgia de
redesignação sexual têm comparecido a programas de televisão para falar de suas
vidas. Indivíduos do sexo feminino, com aparência corporal reconhecida como
masculina no âmbito da cultura, com tóraxes mastectomizados e peludos, e com
abdomens grávidos estampam capas de revistas. O desenvolvimento tecnológico
ocorrido nos últimos anos tem possibilitado a implementação de procedimentos e
terapêuticas farmacológicas e de técnicas cirúrgicas antes impensáveis nos
domínios de gênero e sexualidade [...]. Não seria exagero, pois, dizer que,
como impulsionadora ou na esteira desses desdobramentos biotecnológicos, a
transexualidade tem pautado um extenso debate político, social e intelectual
que tem colocado em xeque, dentre outras, noções essencialistas sobre gênero,
sexo, sexualidade e identidade.
A
estratégia perpassa pelo ativismo parlamentar e jurídico na busca de
reconhecimento legal da identidade transexual e a criminalização de quem pensa
diferente. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizou a divulgação
de toda e qualquer opinião considerada ofensiva sobre os diferentes modos de
exercício da sexualidade. Com a decisão,
o Supremo atropelou o Poder Legislativo e cedeu ao patrulhamento da militância
LGBTQIA+. Nessa esteira, o ativismo infiltrou-se no sistema educacional por
meio da imposição da “ideologia de gênero” nos currículos escolares.
2. Construção de Narrativas
A
militância trans alega que a subjetividade de alguém se sentir homem ou mulher
deve sobrepor os aspectos biológicos. Exigem terapia hormonal e cirurgia de
redesignação sexual como solução para adequar o corpo à mente. O ativismo na
educação e saúde pública impõe-se no doutrinamento de crianças e adolescentes.
Na busca de aceitação social, divulgam a ideia do já citado “nascimento no
corpo errado”.
Em
contrapartida, em 2017, o American College of Pediatricians 133 publicou que o
uso indiscriminado de terapia hormonal e a prática da cirurgia de mudança de
sexo são um erro. No relatório, destacam-se os seguintes pontos: (a) conflitos
entre mente e corpo devem ser corrigidos pelo alinhamento do gênero com o sexo
anatômico; (b) meninos não nascem com cérebro feminilizado, e meninas não
nascem com cérebro masculinizado; e (c) pessoas presas no corpo errado é uma
crença ideológica que não tem base na ciência rigorosa (Rm 9.20).
Somados
a essas questões, levantamentos sobre a violência contra homossexuais e
transexuais no Brasil, realizados por ONGs e instituições acadêmicas e
amplamente divulgados pela grande mídia, fundamentam-se em notícias de jornais
interpretadas de modo falacioso. A maior parte dos casos catalogados e
noticiados não caracteriza violência motivada por preconceito sexual.
Essa
constatação não quer dizer que a discriminação inexiste; apenas que os dados
são maquiados a fim de impressionar e sensibilizar a opinião pública em favor
da militância. A falácia “desses relatórios sustenta as afirmações, muito
repetidas, de que o Brasil é o país que mais mata homossexuais e transexuais no
planeta”.134
3. Linguagem Neutra
O
movimento LGBTQIA+ requer a inserção de uma terminologia neutra ou não-binária
na linguagem. O objetivo é identificar quem não se reconhece como masculino ou
feminino. Os ativistas consideram a gramática normativa como machista e
elitista. Ignoram o fato de que, na língua portuguesa, o gênero neutro é
absorvido pelo masculino.
No uso correto das regras gramaticais, o
masculino é usado de modo genérico para identificar a espécie humana (homens e
mulheres). Não obstante, a utilização do masculino como “neutro” passa a não
ser aceito, pois, segundo o ativismo, silencia e apaga dos discursos as
mulheres e as pessoas trans não-binárias
Nessa concepção e na tentativa de construir
um vocabulário próprio, por meio da massificação ideológica, os ativistas
pretendem impor à sociedade uma linguagem inclusiva a fim de que “pessoas que
fogem do espectro binário de gênero possam ser visibilizadas especialmente na
forma oral da Língua Portuguesa”.
Dessa forma, a militância viabiliza ações
governamentais para substituir as vogais “a” e “o” na pretensão de neutralizar
o gênero. Algumas propostas de grafia são: elu (em lugar de ele ou ela); todes
(em lugar de todos); e (c) amigues (em lugar de amigos). Assim sendo, a norma
gramatical é desconstruída para atender a ideologia de gênero (Is 5.21).
CONCLUSÃO
O sexo, o gênero e a sexualidade fazem parte
da constituição anatômica e fisiológica divinamente instituída. Nas Escrituras,
existem apenas duas possibilidades de gênero e de anatomia sexual humana, ou
seja, masculino/macho e feminino/fêmea (Gn 1.27). Ao término da criação, “viu
Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Deus não
errou ao criar a sexualidade heterossexual como norma para a humanidade.
Portanto, ninguém nasce predeterminado a identificar-se como transgênero.
Muda-se a cultura, mas a palavra do Senhor permanece imutável (Mt 24.35).
118 BRASIL. Parâmetros Curriculares
Nacionais: terceiro e quarto ciclos do
ensino fundamental. Volume 10.5 – Temas
Transversais – Orientação Sexual.
Secretaria de Educação Fundamental.
Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 321, 325.
119 DICIONÁRIO INFORMAL. Conceito de
Cisgênero. Disponível em:
<https://www.dicionarioinformal.com.br/>.
Acesso em: 15 mar. 2023.
120 PEARCEY, Nancy. Ama teu corpo. Rio de
Janeiro: CPAD, 2021, p. 33.
121 PEARCEY, 2021, p. 198.
122 A sigla LGBTQIA+ significa Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Transgênero, Queer,
Intersexo e Assexual. O símbolo de “mais”
(+) inclui outras identidades de gênero
e orientações sexuais que não se encaixam
no padrão cisgênero, mas que não
aparecem em destaque antes do símbolo.
Disponível em:
<https://www.fundobrasil.org.br/blog/o-que-significa-a-sigla-lgbtqia/>.
Acesso em:
15 mar. 2023.
123 JESUS, Jaqueline Gomes de.
Orientações sobre identidade de gênero:
conceitos e termos. Brasília, e-book,
2012.
124 PEARCEY, 2021, p. 33.
125 PEARCEY, 2021, p. 163.
126 PEARCEY, 2021, p. 158.
127 PEARCEY, 2021, p. 163.
128 HORTON, Stanley. Teologia
Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio
de Janeiro: CPAD, 1996, p. 259.
129 ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio.
Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.
473.
130 ARMÍNIO, 2015, vol. 1, p. 231.
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CPAD – A IGREJA
DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da
Babilônia
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