segunda-feira, 14 de agosto de 2023

CPAD – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL | Lição 08: Transgênero – Que Transrealidade é Essa

 


TEXTO ÁUREO

“Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á a sua mulher, e serão ambos uma carne.”

(Gn 2.24)

VERDADE PRÁTICA

A sexualidade biblica e heterossexual, biologicamente definida conforme o sexo divinamente criado.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Gênesis 2.7,18-25

7 – E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente.

18 – E disse o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma adjutora que esteja como diante dele.

19 – Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra, todo animal do campo e toda ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome.

20 – E Adão pôs os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo animal do campo; mas para 0 homem não se achava adjutora que estivesse como diante dele.

21 – Então, O Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas e cerrou a carne em seu lugar.

22 – E da costela que o Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão.

23 – E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos e carne da minha carne; esta será chamada varoa, porquanto do varão foi tomada.

24 – Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne.

25 – E ambos estavam nus, o homem e a sua mulher; e não se envergonhavam.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

Vivemos em um período em que o corpo humano e a sexualidade tornaram-se questões relevantes. Reina uma nova “ortodoxia progressista” que tem com o projeto impor uma agenda desconstrucionista de cima para baixo, negando a base da biologia e da fé, e revelando uma verdadeira agressão identitária. Isso ocorre porque há movimentos com embasamento filosófico e crítico que recebem certa benevolência das mídias quanto à divulgação de suas agendas. Por isso, temos o objetivo de tratar esse assunto diante da Palavra de Deus, nossa regra de fé e prática na vida cristã.

2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Explicar que o fenômeno da transgeneridade abarca as questões de identidade de gênero, as distinções entre cisgênero e transgênero e a questão da sexualidade;

II) Reafirmar a visão bíblica a respeito do gênero;

III) elencar os efeitos da ideologia transgênica.

B) Motivação: Há pessoas que estão perdendo empregos por discordarem da agenda trans. Há estudantes que acabam por ficar isolados na universidade caso se descubra que ele está desalinhado com a “ortodoxia progressista”. Por esses e outros motivos é que devemos tratar a questão.

C) Sugestão de Método: A sugestão de método pedagógico desta semana tem a ver com a sua preparação de aula. Como se trata de um assunto que possui uma linguagem técnica, queremos sugerir que você faça a leitura da obra “Ama Teu Corpo”, editada pela CPAD, principalmente, o capítulo 6 cujo título é “Transgênero, Transrealidade”. Faça uma pequena síntese do assunto como consequência de sua leitura. Finalmente, introduza esta lição apresentando alguns pontos que chamaram a sua atenção. Dê um tempo mínimo para os alunos participarem e, em seguida, faça a exposição da aula, levando em conta a sua síntese e as questões levantadas pelos alunos.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: A presente lição auxilia o s alunos a discernirem os nossos dias. Por isso, incentivam-nos a não terem vergonha de assumir uma visão bíblica do Corpo

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios estes auxílios:

1) O texto “Como Ser Humano” amplia o primeiro tópico com uma reflexão a respeito do propósito do corpo humano;

2) O texto “Acolhendo o Estrangeiro” aprofunda o segundo tópico, trazendo um exemplo concreto de pessoas que experimentaram a disforia de gênero, mas teve um encontro com Deus.

INTRODUÇÃO

Biblicamente, os seres humanos possuem um sexo biologicamente determinado, de conformação heterossexual (Gn 2.24). No entanto, a desconstrução dos valores e a revolução sexual apresentam novas formas de sexualidade, dentre elas, a transgeneridade. Nesta lição, veremos as características desse fenômeno, a visão bíblica de sexo, gênero e os efeitos da ideologia Transgênero. Nosso objetivo é reafirmar a vontade de Deus quanto ao ser humano viver de maneira coerente com o propósito divino por meio de seu sexo biológico.

PALAVRA-CHAVE:

TRANSGÊNERO

AUXÍLIO APOLOGÉTICO

 “COMO SER HUMANO

Se a natureza é teleológica, e o corpo humano é parte da natureza, então ele também é teleológico. O corpo tem um propósito intrínseco, e parte desse propósito é expresso como lei moral. Somos moralmente obrigados a tratar as pessoas de maneira que as ajude a cumprir o seu propósito. Isso explica por que a moralidade bíblica não é arbitrária. A moralidade é o guia para cumprir o propósito original de Deus para a humanidade, o manual de instruções para tornar-se o tipo de pessoa que Deus idealizou, o mapa para alcançar os telos humanos. […] A ética cristã sempre leva em conta os fatos da biologia, seja falando do aborto (os fatos cientificos sobre quando a vida começa), seja falando da sexu­alidade (os fatos sobre diferenciac;ao sexual e reprodução). A ética cristã respeita a teleologia da natureza e do corpo” (PEARCEY, Nancy. Ama Teu Corpo: Contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. Rio de Janeiro: CPAD, 20 21, p p .24-25).

CPAD – A IGREJA DE CRISTO E O ÍMPERIO DO MAL – Como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia

 | Lição 08: Transgênero – Que Transrealidade é Essa

 


 Portanto, deixará o varão o seu pai e a sua mãe e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne (Gn 2.24)

 

B

 iblicamente, os seres humanos possuem um sexo biologicamente determinado e conformação heterossexual (Gn 2.24).

  No entanto, a desconstrução dos valores e a revolução sexual apresentam novas formas de sexualidade, entres elas a transgeneridade. Neste capítulo, veremos as características desse fenômeno, a visão bíblica de sexo e gênero e os efeitos da ideologia transgênero. A meta é mostrar o quanto Deus deseja que o ser humano viva de maneira coerente por meio do seu sexo biológico.

  I. O FENÔMENO DA TRANSGENERIDADE

  1. Identidade de Gênero

 O gênero identifica os seres inequívocos do sexo masculino e feminino. Não obstante, na década de 1970, as feministas usavam o termo “gênero” para diferenciá-lo do “sexo” anatômico. As ciências sociais passaram a enfatizar que o comportamento social dos gêneros é estabelecido pela cultura, e não pelas características biológicas do sexo. Esse conceito também alcançou a educação formal em todos os seus níveis.

  Por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), formulados pelo MEC para o Ensino Fundamental (6º ao 9º ano), trazem a seguinte definição:

  O conceito de gênero diz respeito ao conjunto das representações sociais e culturais construídas a partir da diferença biológica dos sexos. Enquanto o sexo diz respeito ao atributo anatômico, no conceito de gênero toma-se o desenvolvimento das noções de “masculino” e “feminino” como construção social. O uso desse conceito permite abandonar a explicação da natureza como a responsável pela grande diferença existente entre os comportamentos e os lugares ocupados por homens e mulheres na sociedade. [...] Tome-se como exemplo a discussão do tema da homossexualidade. Muitas vezes se atribui conotação homossexual a um comportamento ou atitude que é expressão menos convencional de uma forma de ser homem ou mulher. [...] mas há tantas maneiras de ser homem ou mulher quantas são as pessoas.

 Baseados nesses critérios, os conteúdos de orientação sexual dos PCN (1998, p. 316) para o Ensino Fundamental foram organizados em apologia à “liberdade sexual”:

  O desafio que se coloca é o de dar visibilidade a esses aspectos, considerados fundamentais. [...] O trabalho com Orientação Sexual supõe refletir sobre e se contrapor aos estereótipos de gênero, raça, nacionalidade, cultura e classe social ligados à sexualidade. Implica, portanto, colocar-se contra as discriminações associadas a expressões da sexualidade, como a atração homo ou bissexual, e aos profissionais do sexo.

  Nessa perspectiva, gênero passa a significar que homens e mulheres são produtos da realidade social, e não decorrência da anatomia dos seus corpos. Desse modo, argumentam que uma pessoa não precisa comportar-se de acordo com o seu sexo de nascimento. Alegam que o gênero e a orientação sexual não são determinados pelo sexo biológico. Nesse caso, avaliam que a relação sexual entre macho e fêmea corresponde a papéis sociais impostos pelo contexto cultural e social, e não pela constituição anatômica do corpo humano. Assim sendo, validam toda e qualquer prática sexual.

  2. Cisgênero e Transgênero

  Cisgênero classifica a pessoa cujo gênero está em concordância com o sexo de nascimento. A fêmea nascida com genitália feminina que se reconhece mulher, e o nascido macho que se reconhece homem. No portal Dicionário Informal, cisgênero é o termo utilizado para referir-se ao indivíduo que se identifica, em todos os aspectos, com o seu “gênero de nascença”. 119 De acordo com Jaqueline Jesus (2012, p. 10), cisgênero é “um conceito que abarca as pessoas que se identificam com o gênero que lhes foi determinado quando de seu nascimento”.

  Transgênero classifica a pessoa cujo gênero está em oposição ao sexo de nascimento, ou seja, um indivíduo que nasce com genitália masculina, mas que se assume mulher, e o nascido fêmea que se comporta como homem. São pessoas que alegam ter nascido no corpo errado e identificam-se com o gênero diferente do sexo biológico. Esse sentimento de incompatibilidade entre sexo físico e gênero psicológico também é chamado Disforia de Gênero. Argumenta-se que o gênero é independente do corpo. 120

  Nancy Pearcey (2021, p. 198) esclarece que:

  O termo transgênero foi expandido como termo guarda-chuva que cobre várias categorias que costumavam ser distintas, como travestis e transexuais. Como transgênero é mais aceito socialmente do que os termos anteriores, o termo passou a ter uso crescente nos anos recentes. Hoje, ele também e utilizado para incluir várias categorias novas tais como gênero[1]queer (pessoas que não se consideram nem masculinas nem femininas), bigênero, gênero fluido e muitas outras.

  Essa cosmovisão ratifica a ideia de que a identidade de gênero independe do sexo biológico, ou seja, argumentam que não há conexão entre corpo e identidade de gênero. A narrativa transgênero separa completamente o gênero da anatomia do corpo humano. 121 Dessa forma, toda expressão de sexualidade é considerada normal, defendida e incentivada. O movimento social de representatividade é chamado de LGBTQIA+. 122

  3. Transgênero e sexualidade

  Para os sexólogos, a orientação sexual de uma pessoa é definida de acordo com o gênero que ela identifica-se e por qual gênero sente atração sexual, a saber: (a) heterossexual, quando a atração é pelo gênero oposto; (b) homossexual, quando a atração é pelo mesmo gênero; (c) bissexual, quando a atração é por ambos os gêneros; (d) assexual, quando inexiste atração por gênero algum; (e) pansexual, quando a atração não depende de gênero. Além dessas categorias, existem pessoas que se denominam não[1]binárias, que não se encaixam em nenhum gênero, nem masculino e nem feminino.

  Com essa classificação, não se fala mais em sexualidade no singular, mas em sexualidades no plural, ou ainda, diversidade sexual. Nesse diapasão, a orientação sexual passa a referir-se à atração afetivo-sexual por alguém de qualquer gênero. Nessa filosofia, inexiste norma de orientação sexual em função do gênero das pessoas. Considera-se que a prática heterossexual não é a única sexualidade possível.

  A mesma explicação apregoa-se acerca da identidade de gênero, isto é, para o ativismo de libertação sexual, nem toda pessoa é naturalmente cisgênero. Nesse cenário, tal qual as demais, uma pessoa transgênero pode ser bissexual, heterossexual ou homossexual, dependendo do gênero que adota e do gênero com relação ao qual se atrai e relaciona-se afetiva e sexualmente. 123 Jaqueline Jesus (2012, p. 15,16) pontua que:

  Pessoas transexuais geralmente sentem que seu corpo não está adequado à forma como pensam e se sentem, e querem “corrigir” isso adequando seu corpo à imagem de gênero que têm de si. Isso pode se dar de várias formas, desde uso de roupas, passando por tratamentos hormonais e até procedimentos cirúrgicos. Para a pessoa transexual é imprescindível viver integralmente, exteriormente, como ela é por dentro, seja na aceitação social e profissional do nome pelo qual ela se identifica ou no uso do banheiro correspondente à sua identidade de gênero, entre outros aspectos.

  Assim, como nessa ideologia não há conexão entre sexo biológico e gênero, uma pessoa que se identifica como transgênero transita livremente em todo tipo de relação sexual. Dessa maneira, o significado de sexualidade deixou de ser algo extraído da anatomia do corpo e tornou-se algo imposto ao corpo. A partir do pressuposto da sexualidade como construção social, a identidade sexual foi reduzida a um conceito pós-moderno completamente desconectado do corpo. 124

  II. A VISÃO BÍBLICA DE GÊNERO

  1. A Constituição Biológica

  O homem, do hebraico adham, foi formado do pó úmido da terra (Gn 2.7). Cristo ratificou que, “desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea” (Mc 10.6). Nossa Declaração de Fé professa que o ser humano é constituído de três substâncias, uma física: corpo; e duas imateriais: espírito e alma (1 Ts 5.23; Hb 4.12). Desse modo, o corpo físico é o invólucro das partes imateriais (Gn 35.18; Dn 7.15). O gênero desse corpo é definido pelo sexo de criação geneticamente determinado: homem ou mulher (Gn 1.27; 2.24). O sexo e o gênero estão relacionados com as características orgânicas do corpo e dos órgãos genitais. Significa que, na criação divina, os cromossomos sexuais XY determinam o sexo masculino (macho), e os cromossomos sexuais XX determinam o sexo feminino (fêmea).

  Dessa forma, a ética sexual cristã está fundamentada no modo como os seres humanos foram originalmente criados.  Nancy Pearcey (2021, p. 163) pondera que “a questão central é como definimos a nossa identidade. Atualmente, a suposição geral é que os seres humanos são movidos, fundamentalmente, por desejos, sentimentos e atrações — que os seus sentimentos sexuais definem a sua identidade”.

  Em contrapartida, biblicamente, os anseios de nosso corpo precisam estar sobre o controle do Espírito Santo (Gl 5.16). Acerca dessa temática, o apóstolo Paulo alerta que a “carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito, contra a carne” (Gl 5.17). E ainda adverte que nosso corpo mortal inclina-se para a prática da imoralidade sexual, tais como adultério, fornicação, impureza e lascívia (Gl 5.19).

  Por conseguinte, os sentimentos e os desejos carnais não servem como guia confiável dos propósitos de Deus para nosso corpo. O marcador mais confiável de quem somos é nossa identidade física e corporificada, dada por Deus, como homem e mulher. 126 Enquanto o ativismo da diversidade sexual presume que o corpo biológico não serve como referência para nossa identidade de gênero ou para nossas escolhas de ordem moral, “o cristianismo honra o corpo como macho e fêmea, em vez de subordinar o sexo biológico a sentimentos psicológicos”. 127

  2. A Constituição Moral

 O homem foi criado, dentre outros aspectos, à imagem e semelhança moral de Deus (Gn 1.26,27). A imagem de Deus pertence a nossa natureza moral-intelectual-espiritual. 128 O Comentário Beacon (2005, vol. 1, p. 33) descreve que o “Homem Feito à Imagem de Deus” é um ser espiritual apto para a imortalidade (Gn 1.26a), é um ser intelectual com a capacidade da razão e de governo (Gn 1.26b) e é um ser moral que tem a semelhança de Deus (Gn 1.27).

  Stanley Horton (1996, p. 260) leciona que:

  A respeito da imagem moral de Deus nos seres humanos, “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29). Até mesmo os pagãos, que não possuem conhecimento da lei escrita de Deus, conservam uma lei moral escrita por Ele em seus corações (Rm 2.14,15). Em outras palavras, somente os seres humanos possuem a capacidade de sentir o que é certo e errado, bem como o intelecto moral e a vontade necessários para escolher entre eles. Por essa razão, os seres humanos são chamados livres agentes morais.

  Não obstante, o pecado corrompeu a moralidade do gênero humano (Gn 6.5). Por causa da Queda, todas as áreas de nosso ser foram afetadas, inclusive nosso arbítrio, e, portanto, a humanidade é incapaz de salvar a si mesma, pois “neste estado [caído], o livre[1]arbítrio do homem para o que é bom não somente está ferido, aleijado, enfermo, distorcido e enfraquecido; ele também está aprisionado, destruído e perdido”.  Desse modo, “em seu estado de descuido e pecado, o homem não é capaz de pensar, nem querer ou fazer por si mesmo, o que é realmente bom; pois é necessário que ele seja regenerado e renovado”. 130

  Por isso, no plano divino, os crentes precisam ser restaurados segundo a semelhança moral original (Ef 4.22-24; Cl 3.10). Essa renovação é obra do Espírito Santo, operando interiormente e promovendo a santificação do espírito, da alma e do corpo (Rm 8.2- 5,13,14; 1 Ts 5.23). Assim, aos salvos a Escritura diz: “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal [...]” (Rm 6.12). Desse modo, as práticas sexuais ilícitas são proibidas, tais como o adultério (Êx 20.14) e a homossexualidade (Rm 1.26,27). A Bíblia ensina que a imoralidade sexual afronta o corpo, que é templo e morada do Espírito Santo (1 Co 6.18-20).

 3. A Constituição da Sexualidade

  Ao criar o ser humano “macho e fêmea”, Deus também instituiu a sexualidade (Gn 1.27,28). Sempre fez parte da criação original de Deus o homem unir-se sexualmente numa só carne com a sua mulher (Gn 2.24). Cristo, ao abordar o tema, associou a anatomia dos sexos com o propósito divino da sexualidade e da reprodução (Mt 19.4-6). O’Donovan (apud. Pearcey, 2021, p. 32) assevera que “ter um corpo masculino é ter um corpo ordenado estruturalmente para a união amorosa com um corpo feminino, e vice-versa”.

 Nancy Pearcey (2021, p. 32, 34) endossa que:

  O corpo tem um telos, ou propósito intrínseco. [...] A moralidade bíblica expressa uma visão maior da dignidade e do significado do corpo. A visão bíblica da sexualidade não é baseada em uns poucos versículos bíblicos espalhados. É baseada em uma cosmovisão teleológica que nos incentiva a viver de acordo com o design físico de nosso corpo. Ao respeitar o corpo, a ética bíblica supera a dicotomia que separa o corpo da pessoa. Ela cura a alienação e cria integridade e plenitude. A raiz da palavra integridade significa completo, integrado, unificado — a nossa mente e emoções em sintonia com o nosso corpo físico.

  Nessa direção, ela acrescenta que:

 A cosmovisão bíblica leva a uma visão positiva do corpo. Ela diz que a correspondência biológica entre macho e fêmea é parte da criação original. A diferenciação sexual é parte do que Deus declarou ser “muito bom” — moralmente bom — o que significa que fornece um ponto de referência para a moralidade. Há um propósito nas estruturas físicas de nosso corpo que somos chamados a respeitar. A moralidade teleológica cria harmonia entre a identidade biológica e a identidade de gênero. O corpo/pessoa é uma unidade psicossexual integrada. A matéria importa.

  Assim sendo, o relacionamento sexual conforme idealizado pelo Criador prevê uma realização completa entre macho e fêmea na busca do prazer conjugal e na procriação da espécie (Ec 9.9; Sl 127.3-5). A união monogâmica e heterossexual configura o modelo bíblico da sexualidade (1 Co 7.3,4). Desse modo, no plano divino, o sexo, o gênero e a sexualidade não são meros estereótipos de construção social, mas estão intrinsecamente relacionados.

 III. EFEITOS DA IDEOLOGIA TRANSGÊNERO

 1. Depreciação da Heterossexualidade

  Nas Escrituras, o modelo de sexualidade é a heterossexual, isto é, a relação sexual deve ocorrer entre um homem e uma mulher (Gn 2.24; Mt 19.5; Mc 10.7; Ef 5.31). No entanto, ativistas sexuais atuam na desconstrução da orientação sexual bíblica. Em 1991, o teórico social Michael Warner cunhou o termo heteronormatividade, que passou a ser utilizado em depreciação da prática heterossexual. O termo hetero significa outro, diferente. Diz respeito à atração sexual que uma pessoa sente por outra de sexo diferente do seu. O vocábulo norma significa algo que regula e que busca tornar igual. O termo “norma” também está associado ao que é normal, ou seja, àquilo que segue uma norma. Assim, pode-se compreender o termo heteronormatividade como aquilo que é tomado como parâmetro de normalidade em relação à sexualidade para designar como norma e como normal a atração e/ou o comportamento sexual entre indivíduos de sexos diferentes.

 Nessa concepção, a heteronormatividade é vista como um modo opressor de regular, normatizar e obrigar as pessoas a relacionarem-se sexualmente entre macho e fêmea. Acusa-se a heterossexualidade de impor um regra pela perspectiva biológica determinista e pela construção social estereotipada. Alega-se que o padrão heterossexual é discriminatório, preconceituoso e transfóbico. Nesse condão, o ativismo atua na imposição de um “novo normal”: a “diversidade sexual”.

  Nessa direção, Analídia Petry (2011, p. 194) constata que:

  Pessoas que se submeteram à cirurgia de redesignação sexual têm comparecido a programas de televisão para falar de suas vidas. Indivíduos do sexo feminino, com aparência corporal reconhecida como masculina no âmbito da cultura, com tóraxes mastectomizados e peludos, e com abdomens grávidos estampam capas de revistas. O desenvolvimento tecnológico ocorrido nos últimos anos tem possibilitado a implementação de procedimentos e terapêuticas farmacológicas e de técnicas cirúrgicas antes impensáveis nos domínios de gênero e sexualidade [...]. Não seria exagero, pois, dizer que, como impulsionadora ou na esteira desses desdobramentos biotecnológicos, a transexualidade tem pautado um extenso debate político, social e intelectual que tem colocado em xeque, dentre outras, noções essencialistas sobre gênero, sexo, sexualidade e identidade.

  A estratégia perpassa pelo ativismo parlamentar e jurídico na busca de reconhecimento legal da identidade transexual e a criminalização de quem pensa diferente. Em 2019, o Supremo Tribunal Federal (STF) criminalizou a divulgação de toda e qualquer opinião considerada ofensiva sobre os diferentes modos de exercício da sexualidade.  Com a decisão, o Supremo atropelou o Poder Legislativo e cedeu ao patrulhamento da militância LGBTQIA+. Nessa esteira, o ativismo infiltrou-se no sistema educacional por meio da imposição da “ideologia de gênero” nos currículos escolares.

 2. Construção de Narrativas

  A militância trans alega que a subjetividade de alguém se sentir homem ou mulher deve sobrepor os aspectos biológicos. Exigem terapia hormonal e cirurgia de redesignação sexual como solução para adequar o corpo à mente. O ativismo na educação e saúde pública impõe-se no doutrinamento de crianças e adolescentes. Na busca de aceitação social, divulgam a ideia do já citado “nascimento no corpo errado”.

  Em contrapartida, em 2017, o American College of Pediatricians 133 publicou que o uso indiscriminado de terapia hormonal e a prática da cirurgia de mudança de sexo são um erro. No relatório, destacam-se os seguintes pontos: (a) conflitos entre mente e corpo devem ser corrigidos pelo alinhamento do gênero com o sexo anatômico; (b) meninos não nascem com cérebro feminilizado, e meninas não nascem com cérebro masculinizado; e (c) pessoas presas no corpo errado é uma crença ideológica que não tem base na ciência rigorosa (Rm 9.20).

  Somados a essas questões, levantamentos sobre a violência contra homossexuais e transexuais no Brasil, realizados por ONGs e instituições acadêmicas e amplamente divulgados pela grande mídia, fundamentam-se em notícias de jornais interpretadas de modo falacioso. A maior parte dos casos catalogados e noticiados não caracteriza violência motivada por preconceito sexual.

  Essa constatação não quer dizer que a discriminação inexiste; apenas que os dados são maquiados a fim de impressionar e sensibilizar a opinião pública em favor da militância. A falácia “desses relatórios sustenta as afirmações, muito repetidas, de que o Brasil é o país que mais mata homossexuais e transexuais no planeta”.134

 3. Linguagem Neutra

  O movimento LGBTQIA+ requer a inserção de uma terminologia neutra ou não-binária na linguagem. O objetivo é identificar quem não se reconhece como masculino ou feminino. Os ativistas consideram a gramática normativa como machista e elitista. Ignoram o fato de que, na língua portuguesa, o gênero neutro é absorvido pelo masculino.

  No uso correto das regras gramaticais, o masculino é usado de modo genérico para identificar a espécie humana (homens e mulheres). Não obstante, a utilização do masculino como “neutro” passa a não ser aceito, pois, segundo o ativismo, silencia e apaga dos discursos as mulheres e as pessoas trans não-binárias

  Nessa concepção e na tentativa de construir um vocabulário próprio, por meio da massificação ideológica, os ativistas pretendem impor à sociedade uma linguagem inclusiva a fim de que “pessoas que fogem do espectro binário de gênero possam ser visibilizadas especialmente na forma oral da Língua Portuguesa”.

  Dessa forma, a militância viabiliza ações governamentais para substituir as vogais “a” e “o” na pretensão de neutralizar o gênero. Algumas propostas de grafia são: elu (em lugar de ele ou ela); todes (em lugar de todos); e (c) amigues (em lugar de amigos). Assim sendo, a norma gramatical é desconstruída para atender a ideologia de gênero (Is 5.21).

  CONCLUSÃO

  O sexo, o gênero e a sexualidade fazem parte da constituição anatômica e fisiológica divinamente instituída. Nas Escrituras, existem apenas duas possibilidades de gênero e de anatomia sexual humana, ou seja, masculino/macho e feminino/fêmea (Gn 1.27). Ao término da criação, “viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31). Deus não errou ao criar a sexualidade heterossexual como norma para a humanidade. Portanto, ninguém nasce predeterminado a identificar-se como transgênero. Muda-se a cultura, mas a palavra do Senhor permanece imutável (Mt 24.35).

118 BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: terceiro e quarto ciclos do

ensino fundamental. Volume 10.5 – Temas Transversais – Orientação Sexual.

Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 321, 325.

119 DICIONÁRIO INFORMAL. Conceito de Cisgênero. Disponível em:

<https://www.dicionarioinformal.com.br/>. Acesso em: 15 mar. 2023.

120 PEARCEY, Nancy. Ama teu corpo. Rio de Janeiro: CPAD, 2021, p. 33.

121 PEARCEY, 2021, p. 198.

122 A sigla LGBTQIA+ significa Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgênero, Queer,

Intersexo e Assexual. O símbolo de “mais” (+) inclui outras identidades de gênero

e orientações sexuais que não se encaixam no padrão cisgênero, mas que não

aparecem em destaque antes do símbolo. Disponível em:

<https://www.fundobrasil.org.br/blog/o-que-significa-a-sigla-lgbtqia/>. Acesso em:

15 mar. 2023.

123 JESUS, Jaqueline Gomes de. Orientações sobre identidade de gênero:

conceitos e termos. Brasília, e-book, 2012.

124 PEARCEY, 2021, p. 33.

125 PEARCEY, 2021, p. 163.

126 PEARCEY, 2021, p. 158.

127 PEARCEY, 2021, p. 163.

128 HORTON, Stanley. Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Rio

de Janeiro: CPAD, 1996, p. 259.

129 ARMÍNIO, Jacó. As Obras de Armínio. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2015, p.

473.

130 ARMÍNIO, 2015, vol. 1, p. 231.

131 PETRY, Analídia Rodolpho; MEYER, Dagmar Elisabeth Estermann.

Transexualidade e heteronormatividade: algumas questões para a pesquisa.

Textos & Contextos (PUC – Porto Alegre), v. 10, n. 1, p. 193 – 198, jan./jul. 2011.

132 AGU. Embargos de Declaração na Ação Direta de Inconstitucionalidade

por Omissão (ADO no 26). Disponível em: <https://www.conjur.com.br/dl/acao[1]agu.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2023.

133 CRETELLA, Michelle. Ideologia de Gênero: estudo do American College of

Pediatricians. Gazeta do Povo, nov. 2017. Disponível em:

<https://especiais.gazetadopovo.com.br/ideologia-de-genero>. Acesso em: 16

mar. 2023.

134 CORDEIRO, Tiago. Os verdadeiros números sobre a morte de LGBTs no

Brasil. Gazeta do Povo, mar. 2019. Disponível em:

<https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/os-verdadeiros-numeros-sobre-a-morte[1]de-lgbts-no-brasil-95bmcp4302gyjdozzpjmiuhyl/> Acesso em: 16 mar. 2023.

135 LAU, Héliton Diego. O uso da Linguagem neutra como visibilidade e

inclusão para pessoas trans não-binárias na língua portuguesa. Universidade

Federal do Paraná. V SIES – Simpósio Internacional em Educação Sexual, abr.

2017, p. 5

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