TEXTO
ÁUREO
“Enganosa é a graça, e vaidade,
a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor, essa será
louvada.”
(Pv 31.30)
VERDADE PRÁTICA
A mulher foi criada para cooperar com o
homem. Deus lhe confiou a dádiva da maternidade e função de ser esposa e
auxiliadora.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
PROVÉRBIOS
31.10-31
10
- Mulher virtuosa, quem a achará? O seu valor muito excede o de rubins.
11
- O coração do seu marido está nela confiado, e a ela nenhuma fazenda faltará.
12
- Ela lhe faz bem e não mal, todos os dias da sua vida.
13
- Busca lã e linho e trabalha de boa vontade com as suas mãos.
14
- É como o navio mercante: de longe traz o seu pão.
15
- Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua casa e a tarefa às
suas servas.
16
- Examina uma herdade e adquire-a; planta uma vinha com
o fruto de suas mãos.
17
- Cinge os lombos de força e fortalece os braços.
18
- Prova e vê que é boa sua mercadoria; e a
sua lâmpada não se apaga de noite.
19
- Estende as mãos ao fuso, e as palmas das suas mãos pegam na roca.
20
- Abre a mão ao aflito; e ao necessitado estende as mãos.
21
- Não temerá, por causa da neve, porque toda a sua casa anda forrada de roupa
dobrada.
22
- Faz para si tapeçaria; de linho fino e de púrpura é a sua veste.
23
- Conhece-se o seu marido nas portas, quando se assenta com os anciãos da
terra.
24
- Faz panos de linho fino, e vende-os, e dá cintas aos mercadores.
25
- A força e a glória são as suas vestes, e ri-se do dia futuro.
26
- Abre a boca com sabedoria, e a lei da beneficência está na sua
língua.
27
- Olha pelo governo de sua casa e não come o pão da preguiça.
28
- Levantam-se seus filhos, e chamam-na bem-aventurada; como também
seu marido, que a louva, dizendo:
29
- Muitas filhas agiram virtuosamente, mas tu a todas és superior.
30
- Enganosa é a graça, e vaidade, a formosura, mas a
mulher que teme ao Senhor, essa será louvada.
31
- Dai-lhe do fruto das suas mãos, e louvem-na nas portas as suas obras.
PLANO DE AULA
1.
INTRODUÇÃO
A existência da mulher cristã, por
natureza, é uma resistência à agenda feminista, que busca desconstruir o papel
delineado por Deus. Militantes feministas não aceitam assistir uma mulher
bem-sucedida, profissionalmente independente, que assume voluntariamente a
bênção da maternidade, o papel de esposa e, sobretudo, se revela cristã. Graças
a Deus, temos visto o Espírito Santo trabalhar poderosamente na vida das
mulheres da Igreja de Cristo!
2.
APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:
I) Explicar a feminilidade bíblica;
II) Destacar a erosão da feminilidade a partir do
ativismo feminista e da suposta "liberdade sexual";
III) Focar a imagem da mulher virtuosa de
Provérbios 31 como um símbolo de feminilidade bíblica equilibrada.
B) Motivação: "Não se nasce mulher, se
torna mulher". Essa frase traz uma carga ideológica ao afirmar que a
identidade feminina é uma construção de uma sociedade machista e patriarcal.
Geralmente, essa é a acusação leviana que fazem aos que ponderam que a
identidade feminina tem a ver com biologia. Para quem é movido por uma
ideologia, a menção de um fato óbvio é uma afronta.
C) Sugestão de Método: O segundo tópico
traz uma explicação a respeito da erosão da feminilidade. Sugerimos que você
apresente uma tabela em que constem as seguintes informações em relação ao
assunto: o ativismo feminista; a liberdade sexual; ataques à família
tradicional. Em seguida, dê tempo para que a classe exponha o que pensa,
gerando uma tempestade de ideias. Depois, exponha o conteúdo do segundo tópico
de acordo com a estrutura do tópico da lição.
3.
CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: A presente lição estimula as
mulheres cristãs a serem bem-sucedidas profissionalmente e, ao mesmo tempo, se
realizando como esposas e mães, desempenhando o papel que glorifica a Deus e
traz o equilíbrio ao lar.
4.
SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena
conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de
apoio à Lições Bíblicas Adultos. Na edição 94, p.39, você encontrará um
subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico,
você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) O texto "[Ser Mãe] Um Princípio
Invariável em Tempos Variáveis", localizado ao final do primeiro tópico,
expande a reflexão a respeito do significado da maternidade para a mulher
cristã;
2) O texto "Quando uma virtude cristã
se torna ofensiva'", localizado ao final do segundo tópico, aprofunda a
reflexão da mulher cristã diante da erosão da feminilidade bíblica.
INTRODUÇÃO
As Escrituras apresentam a mulher virtuosa
como símbolo da feminilidade (Pv 31.10-31). Essa mulher é retratada como modelo
de esposa fiel, mãe amorosa, administradora e empreendedora exemplar. Porém, em
tempos pós-modernos, a feminilidade bíblica vem sendo desconstruída. Nesta
lição, apresentamos o mandado divino para a mulher, as investidas do ativismo
feminista e o exemplo bíblico de feminilidade. Assim, o nosso propósito é
mostrar que Deus requer da mulher cristã que se porte conforme a revelação da
Palavra de Deus.
PALAVRA-CHAVE
Feminilidade
AUXÍLIO DE VIDA CRISTÃ
“[SER
MÃE]: UM PRINCÍPIO INVARIÁVEL EM TEMPOS VARIÁVEIS
Lembro-me perfeitamente, por exemplo, de
uma jovem mãe tentando entender e vivenciar o que a Bíblia dizia sobre o valor
de ser mãe em comparação ao novo pensamento radical que varria o mundo. Eram os
anos sessenta. Kent estava no seminário e, para prover a subsistência de nossa
jovem família, trabalhava no turno da tarde em uma fábrica na zona leste de Los
Angeles. Lá, conheceu um estudante de direito que trabalhava para terminar seu
curso e realçar a já próspera carreira de sua esposa. As ambições de ambos
impediam pensamentos de paternidade ou questões espirituais. Preocupados, fomos
até eles, mas recebemos só desculpas e contestações. Que contraste de valores!
O
dia da formatura chegou, e tomamos caminhos separados. Enquanto criávamos nossa
família, eles cultivavam sua fortuna. Os jornais informaram que a mulher, agora
mundialmente famosa, fizera um aborto, de forma que podia buscar suas metas sem
impedimento. Algum tempo mais tarde, o noticiário nacional reportou que eles
tinham se divorciado e que ela estava com um novo companheiro — uma amante
lésbica. Claro que a história foi relatada sem comentário crítico, porque ela
estava vivenciando os valores da cultura dos dias atuais. Tragicamente, ela não
só tinha rejeitado o âmbito da maternidade, mas também o âmbito da salvação.
Mulheres,
temos de cultivar a lealdade de criar quer sejamos solteiras quer casadas. Isto
não tem nada a ver com ser mãe ou não. Servir de mãe é minha responsabilidade
diante de Deus como ser humano e, em particular, porque sou mulher. O contexto
de onde e como cuidarei dos outros será ditado por onde Deus me colocar — em
uma casa, escola, hospital, favela, onde for. Um dia responderei a Deus pelo
modo em que gerei vida neste planeta” (HUGHES, Barbara. Disciplinas da Mulher
Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, p.156).
Auxílio
VIDA CRISTÃ
QUANDO
UMA VIRTUDE CRISTÃ SE TORNA OFENSIVA
“Quando o feminismo começou a infiltrar-se
no meio evangélico, a ideia de submissão ficou ofensiva às mulheres cristãs, em
vez de ser a parte central de sua identidade como filhas de Deus. Esta
realidade apresenta um problema sério para as mulheres que desejam viver vidas
piedosas. A ideologia feminista não pode manter o lugar central em nossa vida.
As razões disso são apresentadas pela Dra. Kirsten Birkett, em seu livro The
Essence of Feminism (A Essência do Feminismo): ‘O feminismo é um movimento
interesseiro, sem filosofia sustentável, uma história engendrada e uma
moralidade incoerente. Não traz liberdade e satisfação para as mulheres e não
corrigirá as injustiças’. Todos os crentes, homens e mulheres, são
chamados a submeterem-se de boa vontade e com alegria ao que sabemos e
confiamos acerca de Deus — que Ele deseja que tenhamos uma vida de bênção. Essa
vida de bênção é encontrada submetendo-se à amorosa soberania de Deus e à ordem
de Deus neste mundo. A submissão é o caminho da bênção” (HUGHES, Barbara.
Disciplinas da Mulher Cristã. Rio de Janeiro: CPAD, 2004, pp.33-34).
CONCLUSÃO
A Bíblia revela que homens e mulheres se
complementam (Gn 2.24). Dessa forma, marido e esposa são iguais como pessoas,
mas diferentes nas funções divinamente estabelecidas. Dentre outros papéis,
Deus confiou às mulheres a dádiva da maternidade e a tarefa de ser auxiliadora.
Essas características enobrecem e não estigmatizam as mulheres. Contudo, a
desconstrução da feminilidade as coloca em rota de colisão com a vontade
divina. Por isso, a mulher cristã é instruída a honrar a sua feminilidade e
assim glorificar a Deus em sua soberania (Lc 1.38,46-48).
Lição
7 A Desconstrução da Feminilidade Bíblica
CPAD – A igreja de Cristo e o Império do
Mal: como viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia
COMENTARISTA: Pr. Douglas Baptista
Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a
mulher que teme ao Senhor, essa sim será louvada (Pv 31.30, ACF)
A |
s Escrituras apresentam a mulher virtuosa
como símbolo da feminilidade (Pv 31.10-31). Essa mulher é retratada como modelo
de esposa fiel, mãe amorosa e administradora exemplar. Porém, a feminilidade
bíblica vem sendo desconstruída em tempos pós-modernos. Neste capítulo,
apresentamos o mandado divino para a mulher, as investidas do ativismo
feminista e o exemplo bíblico de feminilidade. O propósito é mostrar que Deus
requer da mulher cristã que esta se comporte conforme a revelação da Palavra de
Deus.
I.
FEMINILIDADE BÍBLICA
1. A
Criação Divina da Mulher
Ratifica-se que homens e mulheres foram
criados à imagem de Deus (Gn 1.27). Na ordem da criação, Adão foi formado antes
da mulher (Gn 2.7,15). Em seguida, o Criador concluiu: “[...] Não é bom que o
homem esteja só” (Gn 2.18,20). Assim, o Senhor criou a mulher da carne e dos
ossos do homem (Gn 2.21,22), e este a identificou: “[...] Ela será chamada
mulher, porque do homem foi tirada” (Gn 2.23, NVI).
Stanley Horton (1997, p. 244) descreve que:
Num trecho
curioso, Gênesis registra a criação especial da mulher: “E da costela que o
Senhor Deus tomou do homem formou uma mulher; e trouxe-a a Adão” (2.22). A
palavra original traduzida por “costela” é tsela, termo este que não é usado em
outra parte do Antigo Testamento nesse sentido. [...] A mulher foi feita “da
mesma matéria” que o homem, compartilhava da mesma essência. Além disso, esse e
outros textos deixam claro que a mulher foi alvo direto da atividade criadora
de Deus, da mesma maneira que o homem.
Wayne Grudem (1999, p. 375) arrazoa que:
O homem e a mulher foram feitos igualmente à
imagem de Deus, e tanto homens como mulheres refletem o caráter divino. Isso
significa que devemos enxergar os aspectos do caráter de Deus uns nos outros.
[...] Mas se somos igualmente à imagem de Deus, então certamente homens e
mulheres são igualmente importantes para Deus e igualmente valiosos para ele.
Temos igual valor perante ele por toda a eternidade. O fato de as Escrituras
dizerem que homens e mulheres são “à imagem de Deus” deve excluir todo
sentimento de orgulho ou inferioridade, e qualquer ideia de que um sexo é
“melhor” ou “pior” do que o outro. Em especial, ao contrário de muitas culturas
e religiões não cristãs, ninguém deve se sentir orgulhoso ou superior por ser
homem, e pessoa nenhuma deve se sentir frustrada ou inferior por ser mulher.
Assim sendo, no ato criativo, a imagem divina
foi distribuída sem distinção entre homens e mulheres, fazendo-os iguais diante
de Deus. Adão e Eva foram criados iguais em pessoalidade, valor, honra e
respeito. Essa igualdade, porém, não significa uniformidade de papéis (Gn
1.26-28; 3.16-19). A Bíblia ensina a igualdade de importância de ambos, mas com
funções e autoridades diferentes (1 Co 11.11,12).
2. A
Bênção da Maternidade
No mandado criacional, Deus ordenou ao homem
frutificar, multiplicar e encher a terra (Gn 1.28) — obviamente, uma tarefa
impossível para Adão realizar sozinho. Assim, a mulher foi criada com a bênção
da maternidade e o privilégio de ser esposa e mãe. Adão chamou-a de Eva,
“porquanto ela era a mãe de todos os viventes” (Gn 3.20).
Quanto ao privilégio da gestação, Renato
Vargens (2022, p. 87) ratifica que:
O
Antigo Testamento mostra que, se estéril, a mulher sofria muito. Veja, por
exemplo, a história de Sara, esposa de Abraão. A Bíblia registra que, por números
anos, ela, com o coração angustiado e ansioso, esperou o cumprimento da
promessa do Senhor. Veja Rebeca (Gn 25.21-26) e a esposa de Manoá (Jz
13.1-7,24). Com isso, perceba que boa parte das histórias bíblicas se
desenrolam em torno das gestações. Eva, a primeira mãe, foi quem disse que o
Senhor a havia ajudado a ter seu filho (Gn 4.1). [...] Ana, mãe do profeta
Samuel desejou muito ter um filho, tanto que compôs uma oração em gratidão a
Deus quando engravidou (1Sm 1.1-28; 2.1-10); Isabel esperou com fé o nascimento
de João Batista (Lc 1.24); Maria foi a mãe do Salvador (Mt 1.18-25). [...] Por
meio da mulher, Deus, o autor da família e da maternidade, planejou manifestar
sua graça de geração em geração, fazendo dela coparticipe da construção nos
rumos do seu povo no decorrer da história.
Luise Schottroff (2008, apud Schroer, p. 156)
reconhece que:
De acordo com as ideias e a fé de Israel, o
ventre da mulher, o útero pertencia a Deus, Deus não somente o criou, como
também tem o poder de fechar ou abrir o útero. [...] Nos salmos, essa criação
misteriosa do ser humano no útero é um milagre que evoca admiração e gratidão
(Sl 139.15). Em última instância, é o próprio Deus que recebe, como uma
parteira na hora do parto, o ser humano ao sair do útero (Sl 22.10). Em Israel,
o útero fértil e os seios, fontes de leite materno, eram uma imagem da benção
(Gn 49.25) que não foi feita por seres humanos, mas somente podia ser recebida
de Deus como presente.
Desse modo, o papel natural da mulher inclui a
dádiva da procriação, de cuidadora do lar e dos filhos (1 Tm 5.14). As
feministas, no entanto, consideram esses papéis um ultraje que limitam a função
social da mulher e, por isso, lutam por emancipação dos afazeres do lar e da maternidade.
Conquanto, diante da miraculosa concepção no seu ventre, a virgem Maria
irrompeu em cânticos de gratidão ao Altíssimo pela bênção da maternidade (Lc
1.46-48).
3. A
Mulher como Auxiliadora
A mulher foi criada para ser auxiliadora do
homem (1 Co 11.9). O termo “auxiliador” também é empregado para referir-se ao
Senhor (Sl 33.20; 121.2). Portanto, ser auxiliar não é algo depreciativo, e sim
uma nobre função de ajuda e socorro. O fato de Deus chamar a si mesmo de nosso
“auxiliador” confere dignidade e honra a esse papel e título. 108
Entretanto, Rebekah Merkle (2020, p. 122-124)
arrazoa que:
O
verdadeiro problema surge quando lemos “auxiliadora” e dizemos mentalmente
“inferior”. [...] Algumas pessoas leem a Bíblia dessa maneira e, então, iram-se
e tentam minimizá-la (feministas), outras a leem, dizendo “amém” ao que é, na
verdade, um conceito errado propriamente seu (chauvinistas), mas,
entranhadamente, ambas estão cometendo o mesmo erro. [...] Em 1Coríntios 11,
Paulo está claramente apontando diferenças entre homens e mulheres e nossos
papéis criacionais. [...] Observar que algo é fundamentalmente diferente de
outro não é a mesma coisa que insinuar que um é melhor que o outro. [...] O
feminismo se ressente da mera sugestão de que as mulheres tenham um papel
diferente do papel dos homens.
Nesse aspecto, Wayne Grudem (2009, p. 65)
leciona que:
A
mulher não auxiliará o homem como alguém inferior a ele. Antes, será “uma
auxiliadora apropriada para ele”, e aqui a palavra hebraica kenegdô significa
uma auxiliadora que corresponda a ele, isto é, adequada, apropriada, que convém
perfeitamente a ele. Eva, portanto, foi criada para ser uma auxiliadora, mas
uma auxiliadora igual a Adão e diferente dele; diferente dele naquilo que
complementaria exatamente quem Adão era.
Nessa
perspectiva, a Bíblia enfatiza que o Senhor criou a mulher para ser uma
“ajudadora idônea” (ver Gn 2.18). Adão convivia com todos os seres criados, mas
não se achava auxiliar semelhante a ele (Gn 2.19,20). Refere-se à pessoa igual
e adequada, alguém capaz de suprir essa necessidade. Então, Deus fez a mulher
para cooperar com o homem, não como alguém inferior, mas como complemento com
as suas igualdades e diferenças. Essa complementaridade mútua é necessária à
formação do casal, à procriação, à satisfação sexual e à vivência afetuosa e
prazerosa (Pv 5.18).
II.
EROSÃO DA FEMINILIDADE
1. O
Ativismo Feminista
O protofeminismo remonta ao século XVIII na
Grã-Bretanha. Nesse horizonte, destaca-se Mary Wollstonecraft (1759–1797), que
viveu no auge do Iluminismo. Ela mantivera um caso extraconjugal com um colega
apoiador da Revolução Francesa. Após a publicação de Uma Reivindicação pelos
Direitos da Mulher (1792), Mary mudou-se para a França, onde teve um caso com
um americano. Rejeitada pelo amante, retornou para a Inglaterra com uma filha
ilegítima e várias vezes tentou o suicídio. 109
Mais tarde, casou-se com o radical William
Godwin (1756–1836). O casal morava em casas separadas e teve uma filha, Mary
Godwin. As suas ideias incluíam o amor livre e a rejeição da sexualidade
tradicional. Aos dezesseis anos, a filha do casal, Mary Godwin (1797–1851),
tornou-se amante do poeta Percy Shelley (1792–1822), de quem ficou grávida.
Diante da situação, a esposa de Shelley cometeu suicídio, e Mary Godwin
casou-se com o marido dela três semanas depois. Foi nesse tempo que, agora com
o nome de casada, Mary Shelley, começou a escrever o romance Frankenstein. 110
No século XIX, acontece na Europa e nos EUA a
primeira onda do ativismo feminista. As mulheres reivindicam direitos iguais
aos dos homens. Nos Estados Unidos, destacam-se as americanas Elizabeth C.
Stanton e Susan B. Anthony. Essas mulheres lutaram pela proibição da
escravatura, pela criminalização do álcool e pelo direito feminino ao voto.
Não obstante, Rebekah Merkle (2020, p. 56-61)
pontua que “não demorou muito para que as feministas nos Estados Unidos
começassem a falar sobre sexo também” e que embarcassem na “cruzada para trazer
controle de natalidade e abortos ‘seguros’ às mulheres americanas [...]
emancipação essencialmente de seus próprios corpos [...] e a defesa da eugenia
e da esterilização compulsória dos inadequados”.
No século XX, a segunda onda do feminismo
passa a lutar pela emancipação da “domesticidade”, pelos direitos reprodutivos
e por liberdade sexual. A Mística Feminina (1963), obra publicada pela
americana Betty Friedan (1921–2006), é o estopim para essa fase do movimento.
As mulheres são incentivadas a abandonar os deveres do lar e a seguir uma
carreira profissional fora do ambiente doméstico.
A identidade de uma mulher não deveria ser o
papel de procriadora e administradora da casa. Ela deveria buscar a
autorrealização e libertar-se dos afazeres domésticos. 111 Entre as pautas
ideológicas, defendem-se a libertação da maternidade e a legalização do
divórcio. Nesse contexto, a ativista e marxista francesa Simone de Beauvoir
(1908–1986) (2012, p. 11), na sua obra O Segundo Sexo (1949), estabelece uma
das máximas do feminismo: “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”.
Esse ativismo avança e incendeia a discussão
de gênero e transgeneridade. Alguns consideram a inserção dessa pauta como a
terceira onda do feminismo. Atualmente, a filósofa norte-americana Judith
Butler, militante LGBTQI+ (ou LGBTQIA), apresenta-se como uma das maiores
defensoras do feminismo e da Teoria Queer (contrário a heterocisnormatividade).
Autora da obra Problemas de Gênero: Feminismo e Subversão da Identidade (1990),
Butler afirma que o gênero é socialmente construído.
Em 2011, em nome da autonomia irrestrita sobre
o próprio corpo, a partir de Toronto, introduz-se o slogan “Meu corpo, minhas
regras”. Nesse diapasão, o movimento toma conotações de “empoderamento” da
mulher, desconstrução de identidades e notável aversão à fé cristã. 112
Destaca-se que a fé cristã reconhece a importância do movimento em prol dos
direitos das mulheres e no combate à discriminação. Porém, o feminismo erra
quando se posiciona contrário aos valores bíblicos.
2. A
Liberdade Sexual
A Bíblia refere-se ao sexo como algo prazeroso
entre um marido e a sua mulher (Pv 5.18,19). A satisfação sexual deve ocorrer
dentro do matrimônio e ser precedida de amor mútuo entre macho e fêmea (1 Co
7.3-5). Todavia, para o filósofo francês Michel Foucault (1926– 1984), um dos
teóricos seguidos pelas feministas, esse modelo bíblico é repressivo e deve ser
combatido em busca de “libertação” sexual. Foucault não prega meramente a
“liberação” dos desejos e práticas sexuais consideradas moralmente ilícitas e
nem apenas a “libertação” dos grilhões sexuais opressores da moral, da religião
e do conservadorismo. 113 Isso não é suficiente para ele e nem para as
feministas, por isso alegam que uma pessoa pode viver relações sexuais livres
sem restrições às regras morais e, mesmo assim, não desfrutar de “liberdade
sexual”.
Michel Foucault (2017, p. 260) arrazoa que:
O
problema não seria antes tentar definir as práticas de liberdade através das
quais seria possível definir o prazer sexual, as relações eróticas, amorosas e
passionais com os outros? O problema ético da definição das práticas de
liberdade é, para mim, muito mais importante do que a afirmação, um pouco
repetitiva, de que é preciso liberar a sexualidade ou o desejo.
Em outras palavras, nessa teoria, considera-se
a liberação sexual necessária, como, por exemplo, a liberação da sexualidade da
mulher em relação à dominação do marido e da moral opressora e
heteronormativa.114 Contudo, Foucault (2017, p. 260-261) apregoa que a
liberação
não faz surgir o ser feliz e pleno de uma sexualidade na qual o sujeito tivesse
atingido uma relação completa e satisfatória. A liberação abre um campo para
novas relações de poder, que devem ser controladas por práticas de liberdade.
Não obstante, na prática, o movimento
feminista extremado atua na imposição da “liberdade sexual” controlando as
esferas de poder para direcionar a ação do outro. Na defesa dessa ideologia, as
feministas pretendem dominar o comportamento sexual, requerem que nenhum modo
de relação sexual deva ser considerado certo ou errado. Aqui são incluídos a
iniciação sexual precoce das crianças, a prática da homossexualidade, a
fornicação, o adultério e a prostituição (1 Co 6.10). Nessa esteira, temas como
aborto de gravidez indesejada e desconstrução da família patriarcal são
radicalizados pelo ativismo ideológico do movimento.
3. A Família Patriarcal
As Escrituras ensinam que o casamento é
monogâmico, heterossexual e indissolúvel (Mt 19.5,6), tendo o homem como líder
da família (Ef 5.23). Porém, para Karl Marx (1818–1883), outro teórico seguido
pelas feministas, essa forma bíblica de matrimônio escraviza a mulher, obriga o
casal a ter relações sexuais apenas com o seu próprio cônjuge e tiraniza os
laços conjugais que não podem ser rompidos.
Nos escritos de Marx, a propagação de ideias
por parte de quem detém o poder produz uma “falsa consciência” que leva à
aceitação de padrões de comportamento que são impostos ao cidadão. O conceito
de ideologia deixa de ser apenas “o conhecimento das ideias” e passa a ser um
“instrumento” que serve para assegurar o domínio de uma classe ou grupo social
que impõe aos outros os seus ideais de comportamento. 115
Assim, do contexto social marxista que deu
origem à “luta de classes” (burguesia versus proletariado), surgiu na
pós-modernidade a ideologia culturalista como sendo “luta de gêneros”, ou seja,
uma luta de classes ou de poder “entre homens e mulheres”. Desse modo, o
marxismo exerce forte influência no feminismo, especialmente o livro A Origem
da Família, a Propriedade Privada e o Estado (1884), em que o modelo bíblico de
família é tratado como sistema opressor do homem para com a mulher.
Nesse sentido, a visão marxista adotada pelo
movimento feminista é de desconstrução da família patriarcal, promoção da
liberdade sexual e dissolução do matrimônio. Dessa maneira, ratifica-se que o
ativismo radical rejeita a maternidade, faz apologia ao aborto, banaliza o
divórcio, considera ofensivo o papel da mulher como auxiliadora do homem,
enaltece a lascívia e engaja-se numa luta de gênero contra os homens.
III. MULHER VIRTUOSA: SÍMBOLO DE FEMINILIDADE
1.
Modelo de Esposa Fiel
Conforme as Escrituras, a mulher virtuosa é
de inestimável valor: “[...] muito excede o de rubins” (Pv 31.10). A Bíblia
declara que “o coração do seu marido está nela confiado” (Pv 31.11a). O texto
revela total confiança do esposo nas ações e na conduta moral da sua mulher. A
atitude dessa esposa é ilibada em todas as áreas do relacionamento a dois, tais
como: lealdade conjugal, pureza sexual, administração do lar e das finanças,
bem como o cuidado com as refeições da família e a educação dos filhos.
O
excelente gerenciamento dessa mulher não coloca a família em necessidade; por
isso, nessa casa “não haverá falta de ganho” (Pv 31.11b, NAA). A gestão dessa
esposa não provoca endividamento financeiro; pelo contrário, promove
prosperidade. O Comentário Beacon (2005, vol. 3, p. 418-419) avalia que essa
mulher é tão infalível na sua dedicação ao seu marido que lhe “não faltam
riquezas” (Pv 31.11; versão BJ; “não há falta de ganho honesto, nem necessidade
de saque desonesto”, AT Amplificado).
A Escritura diz que ao marido “ela lhe faz bem
e não mal, todos os dias da sua vida” (Pv 31.12). O Comentário de Estudos da
Bíblia de Genebra (1999, p. 767) arrazoa que “tal esposa não é um sonho
impossível, mas pode ser difícil de encontrar”. O Comentário Bíblico Expositivo
Wiersbe (2008, p. 524-525) considera que “o marido e a esposa são felizes e
abençoados quando confiam no Senhor e um no outro. Os votos do casamento são
promessas que devem ser levadas a sério. A quebra desses votos é pecado diante
de Deus e diante um do outro”.
A
esposa fiel proporciona contínuo bem-estar ao seu marido. Ela é uma mulher
confiável, não é instável ou temperamental. As suas ações inspiram a
indispensável confiança que faz do seu marido um homem bem-sucedido. Ele é
estimado entre os juízes, e ela é conhecida pela fidelidade à família (Pv 31.23).
116 Nesse sentido, a Palavra de Deus assevera que uma mulher sábia é capaz de
edificar a sua casa tanto quanto uma mulher insensata é capaz de destruir um
lar (Pv 14.1).
2. Padrão de Mãe Amorosa
De acordo com as Escrituras, a mulher virtuosa
é também uma mãe dedicada: “Ainda de noite, se levanta e dá mantimento à sua
casa e a tarefa às suas servas” (Pv 31.15a). Ela acorda quando ainda está
escuro e providencia a refeição para a família. Pelo bem-estar do seu marido e
filhos, ela gerencia as diversas tarefas do lar (Pv 31.15b). Ela é uma mãe
protetora, e os seus filhos estão adequadamente vestidos tanto no calor como no
frio: “Não receia a neve por seus familiares, pois todos eles vestem agasalhos”
(Pv 31.21, NVI).
Entretanto, apesar de o texto bíblico
enaltecer as virtudes de uma boa mãe, o radicalismo feminista avança para cercear
das mulheres a experiência da maternidade. Argumentam que, desde a revolução
feminista e a inserção das mulheres no mercado de trabalho, a gestação está
sempre associada ao sentimento de culpa em ter que interromper a carreira
profissional.
Reclamam que o papel familiar e social da
mulher é reorganizado com a maternidade, sendo necessário fazer inúmeras
adaptações; que o estereótipo de mãe perfeita e profissional bem-sucedida
traduz-se em sobrecarga emocional e adoecimento mental.117 Como resultado da
desconstrução da maternidade, cresce no Brasil e no mundo o número de mulheres
que fazem opção de não ser mãe. Renato
Vargens (2022, p. 49-50) alerta que:
Em
recente pesquisa realizada pela Farmacêutica Bayer, com apoio da Federação
Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). [...] as
mulheres estão optando passar pela vida sem experimentar a benção de ser mãe.
Por mais alarmante que isso seja, esse comportamento, comum a milhões de
mulheres, recebeu até nome: “Geração NoMo” (abreviação da expressão em inglês
No Mother, no sentido de não se tornar mãe), a saber, mulheres que, lutando
contra aquilo que consideram uma pressão social, decidem não ser mãe. Esse
mesmo grupo combate a crença absurda (segundo elas) de que a mulher deve dar à
luz ao menos uma vez. Boa parte dessas mulheres prefere ser “mãe de pet” a
gerar uma vida dentro do próprio útero.
A despeito do desmantelamento da gestação e da
dádiva de ser mãe apregoado pelas feministas, o texto bíblico enfatiza que uma
mãe virtuosa dedica-se na educação da sua prole com sabedoria e bondade (Pv
31.26), antecipa-se às dificuldades domésticas e “não come o pão da preguiça”
(Pv 31.27). Essa mulher é recompensada quando os seus filhos reconhecem o seu
incalculável valor, quando a elogiam, agradecem e retribuem o amor recebido
dessa mãe altruísta (Pv 31.28a).
3.
Exemplo de Administradora
O texto bíblico destaca que a mulher virtuosa
também é uma notável administradora. Como comerciante, ela adquire tecidos,
confecciona roupas, lençóis e colchas de boa qualidade (Pv 31.15,22), negocia
bens importados e de elevado padrão para a sua casa (Pv 31.14), compra
propriedades e gerencia negócios lucrativos (Pv 31.16) e administra a produção
e as vendas do seu comércio (Pv 31.18,24).
Nesse contexto, Rebekah Merkle (2020, p.
122-124) pondera que:
Administrar
uma família e ser uma esposa e mãe piedosa é uma habilidade que requer prática,
ensino e experiência. [...] Somos uma geração que precisa recuperar o senso da
importância do lar e da importância de esposas e mães [...] Em Provérbios 31,
podemos ver pela maneira como a família dessa mulher lhe responde, que todo o
seu trabalho, todas as suas compras, vendas e trocas era uma benção direta para
eles. Seus filhos se levantam e a chamam ditosa, o coração de seu marido confia
nela [...]. Eles estão vestidos de escarlate por meio do trabalho diligente
dessa mulher [...] É uma mulher impressionante, trabalhadora, bem-sucedida e de
alta renda.
De
fato, biblicamente, essa mulher é aguerrida e próspera, mas também é generosa e
sensível na ajuda aos pobres e necessitados (Pv 31.20). Ela é cheia de energia
e de bom caráter e é autoconfiante em relação ao futuro (Pv 31.25). Essa
mulher, esposa, mãe e empreendedora é louvada pela sua família (Pv 31.28,29). O
seu valor imensurável não reside na aparência física, mas num coração temente a
Deus, o Senhor (Pv 31.30). O exemplo e as virtudes dessa mulher serão
publicamente reconhecidos (Pv 31.31).
CONCLUSÃO
A
Bíblia revela que homens e mulheres complementam-se (Gn 2.24). Dessa forma,
marido e esposa são iguais como pessoas, mas diferentes nas funções divinamente
estabelecidas. Dentre outros papéis, Deus confiou às mulheres a dádiva da
maternidade e o privilégio de serem auxiliadoras. Essas características
enobrecem, e não estigmatizam as mulheres. Contudo, a desconstrução da
feminilidade coloca-as em rota de colisão com a vontade divina. Por isso, a
mulher cristã é instruída a honrar a sua feminilidade e, assim, glorificar a
Deus na sua soberania (Lc 1.38,46-48).
108 GRUDEM, Wayne. Confrontando o Feminismo
Evangélico. São Paulo:
Cultura Cristã, 2009, p. 64.
109 MERKLE, Rebekah. Eva no Exílio: a
restauração da feminilidade. São Paulo:
Trinitas, 2020, p. 50.
110 MERKLE, 2020, p. 51.
111 MERKLE, 2020, p. 69.
112 CAMPAGNOLO, Ana Caroline. Feminismo:
perversão e subversão.
Campinas: Vide Editorial, 2019, p. 234.
113 BUTLER, Judith. A Vida Psíquica do Poder:
teorias da sujeição. Belo
Horizonte: Editora Autêntica, 2017, p. 109.
114 FOUCAULT, Michel. A Ética do Cuidado de si
como Prática da Liberdade
(1984): In: Motta, M. (org.) Ditos e escritos
V. Rio de Janeiro: Forense
Universitária, 2017, p. 261.
115 SILVA, Afrânio et al. Sociologia em
Movimento. São Paulo: Editora Moderna,
2013, p. 67,68.
116 WIERSBE, Warren W. Comentário Bíblico
Wiersbe Antigo Testamento.
Santo André: Geográfica, 2008. p. 524.
117 ESTRELA, Jadne Meder; MACHADO, Maiara da
Silva; CASTRO, Amanda. O
“Ser Mãe”: representações sociais do papel
materno de gestantes e puérperas.
Id on Line Rev. Mult. Psic., 2018, vol.12,
n.42, Supl. 1, p. 569-578
A igreja de Cristo e o Império do Mal: como
viver neste mundo dominado pelo Espirito da Babilônia
Pr.
Douglas Baptista
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