TEXTO
BÍBLICO BÁSICO
- Mateus 20.20-28
20 - Então, se aproximou
dele a mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, adorando-o e fazendo-lhe um
pedido.
21 - E ele diz-lhe: Que
queres? Ela respondeu: Dize que estes meus dois filhos se assentem um à tua
direita e outro à tua esquerda, no teu Reino.
22 - JESUS, porém,
respondendo, disse: Não sabeis o que pedis; podeis vós beber o cálice que eu
hei de beber e ser batizados com o batismo com que eu sou batizado? Dizem-lhe
eles: Podemos.
23 - E diz-lhes ele: Na
verdade bebereis o meu cálice, mas o assentar-se à minha direita ou à minha
esquerda não me pertence dá-lo, mas é para aqueles para quem meu Pai o tem
preparado.
24 - E, quando os dez
ouviram isso, indignaram-se contra os dois irmãos.
25 - Então, JESUS,
chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios
são estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles.
26 - Não será assim
entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja
vosso serviçal;
27 - e qualquer que,
entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo,
28 - bem como o Filho do
Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a sua vida em
resgate de muitos.
TEXTO
ÁUREO
Não havendo sábia direção,
o povo cai, mas, na multidão
de conselheiros,
há segurança.
Provérbios 11.14
OBJETIVOS
Ao
término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
-
definir o significado e o sentido da liderança cristã;
-
entender que a liderança cristã deve seguir os parâmetros das Escrituras;
-
listar as qualidades essenciais de um verdadeiro líder.
ORIENTAÇÕES
PEDAGÓGICAS
Prezado professor, escrevendo a Timóteo, o
apóstolo Paulo declarou: Se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja
(1 Tm 3.1). A palavra grega utilizada para definir “episcopado” é episkopos,
uma junção dos termos epi (“sobre”) e skopos (“vigia, guardião”). Essa palavra
transmite a ideia de alguém que está na superintendência de um determinado
projeto ou missão. Diz respeito ao líder, ao supervisor, que, com uma visão
panorâmica e intencionalidade, pode intervir em uma obra que está sendo
executada para que seja bem-sucedida. Excelente aula!
ESBOÇO
DA LIÇÃO
1.
LIDERANÇA CRISTÃ
1.1. A liderança cristã deve ser guiada por
parâmetros bíblicos
1.1.1. O sofrimento
1.1.2. A igualdade
1.1.3. O serviço
1.2. A liderança cristã e o enfrentamento de
opositores
1.3. A liderança cristã encontra inspiração no
Antigo Testamento
2. QUALIDADES EXIGIDAS NA LIDERANÇA CRISTÃ
2.1. O líder cristão precisa saber
comunicar-se
2.2. O líder cristão precisa proteger a igreja
2.3. O líder cristão precisa ter maturidade
2.4. O líder cristão precisa ter visão
2.5. O líder cristão precisa ter caráter
impoluto
2.6. O líder cristão precisa ser íntegro
2.7. Exigências gerais para os líderes
cristãos
COMENTÁRIO
Palavra
introdutória
Grandes
realizações e conquistas são fruto de intencionalidade, planejamento e ação. Em
todo o mundo, em todo lugar, em todo tempo, pessoas precisam de lideranças que
saibam quem são, onde estão e onde pretendem chegar. Em geral, líderes são
pessoas com rara habilidade para motivar, influenciar, estimular e inspirar,
com a finalidade de alcançar certas metas, objetivos e resultados. No texto
bíblico, lê-se sobre Noé, o homem que liderou uma campanha de construção de uma
arca, para o enfrentamento de um dilúvio arrasador. Abraão foi o líder que, em
obediência à voz de DEUS, seguiu em direção à Terra Prometida, vindo a
tornar-se pai da nação de Israel. Sobre este assunto, o que se pode afirmar,
com certa propriedade, é isto: liderar sempre será um grande desafio.
1.
LIDERANÇA CRISTÃ
A
liderança é um dom ou uma habilidade adquirida? Este é, sem dúvida, um
questionamento recorrente. De fato, algumas pessoas têm maior propensão para
exercer comando do que outras. No entanto, a liderança eficaz é regida por
alguns princípios. Assim, mesmo aquelas que apresentam um grande potencial para
o exercício da função, terão de aprender os fundamentos da autoridade para
exercê-la de forma plena. Por outro lado, aquelas que não possuem capacidade
inata de liderança, podem desenvolver habilidades para exercê-la de modo
diligente. É importante salientar, todavia, que por ser uma aptidão adquirida,
é possível que alguém seja bem-sucedido no comando de um grupo e não o ser na
condução de outro. Afinal, não é o cargo que faz o líder, mas, sim, a sua
maneira de atuar e lidar com as pessoas e os processos.
SUBSÍDIO 1
Um grande líder em uma grande corporação financeira privada, por exemplo,
pode não ter o mesmo desempenho em uma instituição pública, ou até mesmo em seu
ambiente familiar e/ou eclesiástico. É praticamente impossível ser um bom líder
em toda e qualquer situação.
1.1.
A liderança cristã deve ser guiada por parâmetros bíblicos
Embora,
de modo geral, os princípios de liderança secular (no mundo corporativo) possam
ser utilizados na liderança cristã, não se deve estabelecer uma relação de
dependência entre uma e outra. A Bíblia apresenta todas as qualidades e
atributos necessários para o desempenho de uma liderança assertiva, pontual e
transformadora. A mãe de Tiago e João pediu a JESUS que seus filhos pudessem
assentar-se junto dele em Seu Reino (Mt 20.20-28). Este fato deu ao Mestre a
oportunidade de apresentar três atitudes fundamentais na liderança cristã: o
sofrimento, a igualdade e o serviço.
1.1.1.
O sofrimento
Em
função das enormes pressões que envolvem os postos de comando, um líder deve
estar preparado para sofrer — algumas vezes em segredo —, a fim de cumprir o
seu chamado. Moisés recebeu uma ordem de DEUS para libertar o povo hebreu da
escravidão do Egito e liderá-lo até Canaã. Moisés teve de comandar uma nação
inteira durante 40 anos e encontrou dificuldades até chegar ao seu destino. Em
certos momentos, o povo rebelou-se contra ele e desobedeceu às suas ordens, o
que dificultou ainda mais o seu trabalho (Êx 1.1-10).
1.1.2.
A igualdade
Nenhum
líder deve julgar-se superior a quem quer que seja. Não raro, vê-se pessoas em
postos de comando admirarem-se exageradamente de si mesmas, reivindicando
melhores posições ou aclamações continuadas. Sobre este assunto, o Filho de
DEUS sentenciou: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados
e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas
todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal (Mt
20.25,26).
SUBSÍDIO 1.1.2
No evangelho de Mateus, JESUS resume a filosofia que deve nortear a
liderança cristã: é preciso estar sempre disposto a trabalhar e a servir; a
relação com os companheiros nas lides diárias precisa estar baseada no
respeito, consideração e igualdade
1.1.3.
O serviço
O
foco da liderança cristã está em ajudar as pessoas, não em mandar nas pessoas.
Observe o que JESUS disse, ainda em Mateus 20: (...) não será assim entre vós
(v. 26a). Nosso Mestre e Senhor é a grande referência de humildade e serviço; o
Filho do Homem afirmou que não veio para ser servido, mas para servir e para
dar a sua vida em resgate de muitos (v. 28).
1.2.
A liderança cristã e o enfrentamento de opositores
Ser
líder implica tomar decisões difíceis. Por essa razão, muitas vezes, os liderados
rejeitam o caminho escolhido para o curso das ações. Significa dizer, portanto,
que enfrentar opositores faz parte da liderança cristã. Não é incomum o líder
ter de lidar com calúnias, desprezo, indiferença, solidão e abandono. Tais
situações geram dúvidas e inseguranças. Entretanto, o servo fiel empenha-se em
agradar a DEUS, sendo verdadeiro e sincero em sua missão de servir ao Reino.
1.3.
A liderança cristã encontra inspiração no Antigo Testamento
A
maneira de pensar, comunicar ideias e agir capacitam o líder cristão a inspirar
as pessoas que estão ao seu redor.
-
Moisés foi ungido para liderar o povo pelo deserto; Josué, para lutar na Terra
Prometida e conquistá-la. Os talentos deles eram diferentes, porque as missões
eram distintas; no entanto, ambos exerceram lideranças que, ainda hoje,
inspiram multidões.
-
O relato bíblico sobre o sacerdote Eli e seus filhos (1 Sm 1–3) traz-nos uma
eloquente advertência: a função ministerial de liderança não garante que quem a
exerce, esteja próximo de DEUS, ou que seja sensível às necessidades do povo.
Diferentemente de Eli, Samuel foi um líder piedoso, que se mostrou verdadeiro
na missão que o Senhor lhe confiou.
-
Jeremias entregou uma mensagem impopular à nação de Judá, sofrendo, com isso,
perseguição e severa resistência, o que o levou a experimentar frustações e
profunda dor.
-
Daniel revelou ser, com seus atos e palavras, um homem justo, reto, íntegro,
bondoso e amoroso. Ele era agradável e sabia relacionar-se com as pessoas (Dn
6.3).
2.
QUALIDADES EXIGIDAS NA LIDERANÇA CRISTÃ
Há
qualidades vitais ao líder cristão no desempenho de sua função, como pode ser
visto nos subtópicos seguintes.
2.1.
O líder cristão precisa saber comunicar-se
É
muito comum na liderança cristã cometerem-se erros, em função de uma má
comunicação ou, até mesmo, pela falta dela. A comunicação eficiente é uma
obrigação do líder, não do liderado. Boa comunicação é sinônimo de boa
liderança; por esse motivo, o líder precisa estar seguro de que seus liderados
estão compreendendo o que ele quer dizer. A capacidade de orientar pessoas e
estabelecer bons relacionamentos em todas as direções, a fim de que seus
objetivos e metas sejam alcançados, é de fundamental importância.
2.2.
O líder cristão precisa proteger a igreja
Os
verdadeiros líderes procuram proteger a igreja de falsos ensinadores, hereges e
de pessoas que causam divisões no Corpo de CRISTO (Tt 3.10,11). O líder cristão
não pode permitir-se ao luxo de ceder a tais pessoas. Tal orientação pode
parecer severa e isenta de misericórdia; no entanto, ele precisa ter em mente
que sua compaixão deve estar dirigida, em primeiro lugar, para o rebanho que
DEUS lhe confiou.
2.3.
O líder cristão precisa ter maturidade
Moisés
é um dos maiores líderes das Escrituras. Ele nasceu hebreu, foi educado pelos
egípcios e treinado pelos midianitas. Depois de ter alcançado a idade de 80
anos e, certamente, ter cometido vários erros, estava maduro o bastante para
exercer a liderança do povo. Liderança requer maturidade. Moisés viveu os
primeiros 40 anos de sua vida no palácio de Faraó; os 40 anos seguintes
transcorreram-se no deserto de Midiã; e o último período de 40 anos ele dedicou
à missão de levar o povo de Israel à Terra Prometida. Este foi um tempo
necessário para que Moisés fosse lapidado e preparado para ser bem-sucedido na
missão que recebera de Jeová. A vida de Moisés, um dos maiores personagens das
Escrituras, ensina-nos que o líder precisa ter os seus problemas resolvidos —
tanto os da área emocional como os de entendimento quanto às suas crenças e
missão. O que se aprende pelo caminho é o que leva à maturidade. Um líder
coloca-se na posição correta — de servo humilde — quando reconhece que não sabe
tudo e, como as outras pessoas, tem a necessidade de aprender sempre.
2.4.
O líder cristão precisa ter visão
Um
líder sem visão não chega a lugar algum. Como disse o Rev. Myles Munroe:
“Enxergar é uma função dos olhos, ter visão é uma função do coração. Os olhos
mostram o que é, mas a visão mostra o que poderia ser. Ela gera o que não pode
ser visto por todos, pois ainda está no futuro. A visão possui um grande poder
transformador e gerador de vida. A visão é a capacidade de ver o invisível e
crer no que é, aparentemente, impossível.”.
2.5.
O líder cristão precisa ter caráter impoluto
O
cultivo de um bom caráter deve ser a principal característica de quem almeja a
liderança cristã. Integridade de caráter é condição sine qua non para o
exercício ministerial (1 Tm 3). Da mesma forma, é absolutamente certo que DEUS
está muito mais interessado na integridade pessoal dos Seus ministros do que
naquilo que eles podem oferecer como trabalho, formação acadêmica, ou qualquer
outra coisa.
2.6.
O líder cristão precisa ser íntegro
Integridade
é o estado daquele que possui inteireza, que não sofreu diminuição ou
fragmentação, que pode apresentar-se de forma plena. Íntegro é o homem cuja
vida é transparente, na qual não se encontra dolo, cujos passos são firmados na
honra e na retidão (Jó 1.1). Esta, portanto, deve ser a marca distintiva de
todo líder cristão, que assume, dentre outras coisas, a responsabilidade por
aqueles que estão sob os seus cuidados e orientação.
2.7.
Exigências gerais para os líderes cristãos
As
qualidades listadas a seguir devem ser evidentes nos líderes cristãos:
-
No Livro de Ezequiel, os pastores foram acusados de esquecer as principais
características de um líder temente a DEUS: altruísmo e comprometimento com a
obra do Senhor (Ez 34.1-4).
-
Moisés identificou algumas das qualidades interiores dos bons líderes:
sabedoria, experiência e entendimento (Dt 1.13).
-
O apóstolo Pedro, em sua primeira carta (5.2-5), descreve algumas
características de bons líderes na igreja:
-
consciência de que estão cuidando de um rebanho que pertence a CRISTO, o
Senhor;
- liderança
exercida sem constrangimentos, motivada somente pela vontade de servir;
-
preocupação com o que podem oferecer, não com o que podem receber;
-
liderança exercida pelo exemplo, não pela força;
-
submissão e reconhecimento de JESUS como supremo Pastor.
CONCLUSÃO
O
chamado de DEUS para o exercício de liderança continua ainda hoje. A igreja de
CRISTO precisa selecionar e treinar servos fiéis, com visão, propósito e
capacidade de influenciar outras pessoas em prol do Reino eterno.
ATIVIDADE
PARA FIXAÇÃO
1.
Que características gerais podem ser observadas nos grandes líderes?
R.:
São pessoas com rara habilidade para motivar, influenciar, estimular e
inspirar, com a finalidade de alcançar certas metas, objetivos e resultados.
Central
Gospel -
Lição 06: Liderança
Cristã
JESUS, Modelo de Liderança
Introdução
Jesus
foi e é o maior líder de todos os tempos. Nunca houve alguém com vocação tão suprema,
ministério tão eficaz, liderança tão exemplar e legado mais duradouro. Como
líder, ele tinha uma clara consciência de sua pessoa, da sua missão e do seu
dever de formar discípulos que continuassem sua obra. Em seu estado de
humilhação Jesus aprendeu a depender do Pai em tudo e todas as suas escolhas
ministeriais, desde o chamado aos discípulos até seu triunfo na cruz, foram
feitas em oração e submissão.
O
presente estudo aborda o ministério de Jesus como o modelo supremo de liderança
a ser imitado, analisando algumas características marcantes que devem ser
seguidas por todo líder cristão, como sua consciência da missão, seu pastoreio
sacrificial, seu amor abnegado e o seu exemplo humilde que moldou a vida e o
caráter dos discípulos. Todos são chamados a amar, servir e liderar como ele,
formando outros discípulos para que a obra de Deus continue se expandindo até a
consumação.
I. JESUS, o líder singular
Jesus
foi um líder completo, diferentemente de todos os outros líderes humanos. O
caráter singular da sua pessoa como Deus e homem proporcionou uma perfeição a
suas ações, palavras e escolhas que nunca poderão ser plenamente imitadas por
nenhum homem ou líder. Ninguém pode perguntar aos demais como ele perguntou:
“Quem dentre vós me convence de pecado?” (Jo 8.46).
Jesus
foi único porque sua pessoa é única. Ele é o verdadeiro Deus que se fez carne e
veio ao mundo com o propósito de salvar pecadores (Jo 1.1- 5,11-14). Ao mesmo
tempo, é o servo de Deus que renunciou à sua glória nascendo como perfeito
homem para dessa forma identificar-se com seu povo e salvá-lo da condenação
eterna (Jo 15.13).
A
singularidade e perfeição da pessoa e obra de Cristo responde por sua perfeita
consciência de si mesmo, de sua missão e das suas ovelhas, coisa que os demais
líderes não possuem. Ainda assim, o fato de ele ter sido apontado por Deus como
Supremo Pastor e exemplo indica a todo líder cristão que seu dever é seguir os
passos do Mestre (1Pe 2.21-22).
A. Consciência de si mesmo
Jesus
tinha uma perfeita consciência de quem era. Ele sabia que era perfeito Deus e
perfeito homem. Um dos mais importantes títulos encontrados no Novo Testamento
(NT) para Jesus é “Filho de Deus” (Mt 11.25-27; 16-17). Repetidas vezes ele
fala de Deus como seu Pai, mostrando que tinha consciência da sua divina
filiação. No seu batismo e transfiguração, o próprio Pai testemunhou que Jesus
era o seu preexistente filho (Mc 1.1,11; 9.7). Por outro lado, ele nasceu e
cresceu como um perfeito homem, sabendo que era o segundo Adão, o descendente
real de Davi, o servo sofredor prometido, o messias e “Filho do Homem” que
reinaria para sempre.
Essa
consciência de Jesus quanto à sua dupla natureza em uma só pessoa é afirmada
constantemente no NT. Jesus se define pelo menos 18 vezes com a expressão “Eu
Sou”, que apontava para o caráter divino de sua pessoa e missão (Jo 6.35;
8.12,23-24,58; 10.9; 11.25). Porém, em diversas ocasiões, Jesus fez também
referência à sua natureza humana (Jo 2.25; 11.35; 12.33). Sua encarnação
proporcionou um conhecimento prático do que era a natureza humana com todas as
suas limitações. Embora tivesse nascido sem pecado, seu corpo carregava as
marcas da fragilidade impostas pela queda, como o sofrimento e a morte.
Esse é
um ponto importante para os líderes atuais porque a primeira coisa que um líder
precisa ter é uma clara consciência de si. Obviamente, não existem líderes
divinos ou perfeitos, porém conhecer a si mesmo é fundamental para um
ministério eficaz. Por isso, é necessário buscar um conhecimento profundo de
Deus e de sua Palavra, pois tal conhecimento produzirá algo vital no
ministério, a humildade.
B. Compreensão de sua missão
Jesus
sabia perfeitamente por que veio ao mundo. Ele fala de si mesmo como tendo
“vindo” ou sido “enviado” por Deus (Mc 1.38; 10.45; Lc 12.49,51). Ele possuía
um completo conhecimento de cada momento e estágio do seu ministério. Essa
consciência se devia tanto ao relacionamento eterno com o Pai, quando recebeu
sua missão, como aos próprios textos proféticos que falavam em detalhes dessa
missão. (Veja por exemplo: Jo 16.28; Lc 19.10; Jo 4.34; 10.11; Lc 9.22).
O
ministério de Jesus possuía um caráter paradoxal, pois ele tanto sabia da
origem divina de sua pessoa, como agiu como um servo sofredor para cumprir a
missão dada pelo Pai (Is 53.1-12). Hoje, nenhum líder é capaz de ter uma visão
completa da sua missão com respeito a cada estágio de sua vida ministerial como
Jesus teve. Contudo, ainda assim é de suma importância para os líderes
compreenderem por que foram chamados por Deus e qual é a natureza da sua missão.
Os exemplos dos apóstolos e de Paulo mostram que líderes eficazes são aqueles
que sabem o propósito de sua missão e mantêm o foco no que é prioritário (At
6.1-7; 20.24).
C. Conhecimento de suas ovelhas
A
metáfora predileta de Jesus para retratar seu relacionamento com seu povo foi a
ilustração do pastor e da ovelha. O Antigo Testamento estava repleto de alusões
a Deus como o pastor de Israel (Is 40.10-11; Sl 23.1). Além disso, o conceito
de pastorear tornou-se uma importante imagem explicativa usada para retratar a
liderança espiritual em Israel. Assim, reis, profetas e sacerdotes eram
chamados de pastores (Jr 23.1-4; Ez 34; Zc 11).
Essa
metáfora não foi usada pelo Senhor Jesus por acaso, uma vez que era uma clara
alusão ao pastor ferido, conforme profetizado por Zacarias, como também uma
imagem cultural fácil de ser entendida pelos ouvintes (Zc 13.7-9). Assim, Jesus
se descreve como o bom pastor, cuja obra consistia em dar a vida pelas ovelhas
(Jo 10.11). O conceito de ovelhas era importante porque mostrava que somente um
grupo de pessoas creria na mensagem de Jesus (Jo 10.26-27).
Ao usar
essa metáfora, Jesus demonstra ter um conhecimento perfeito das suas ovelhas.
Ele sabia quem entre os seus discípulos e ouvintes eram crentes verdadeiros e
algumas vezes se referiu a pessoas como não fazendo parte do seu aprisco. De
fato, Jesus nunca foi surpreendido por falsas ovelhas e sempre deixou claro que
sua missão consistia em juntar apenas aquelas que o Pai lhe dera (Jo 6.37-44;
10.25-29; 13.18).
Esse conhecimento perfeito do rebanho nenhum
líder hoje tem, embora seja seu dever pastorear o rebanho conhecendo as ovelhas
e cuidando de cada uma delas. Na igreja visível é possível apenas observar os
frutos e as marcas da graça na vida de alguém e presumir que tal pessoa seja
uma ovelha do Senhor. Contudo, enganos podem acontecer e muitos bodes podem
estar no meio do rebanho ou mesmo da liderança. É tarefa dos líderes estar
atentos para pastorear as ovelhas do Senhor e ter cuidado com os lobos vestidos
de cordeiro.
II. JESUS, o líder a ser imitado
O
ministério de Jesus consistia em pregar e ensinar as boas-novas do reino (Mt
4.23), instruindo aqueles que respondiam afirmativamente à sua proclamação a
terem uma atitude de total submissão à sua própria pessoa e ensino, por ser ele
o Messias, Rei e Salvador. A nova vida ideal dos crentes consistia em viver
como cidadãos do reino, reconhecendo que o rei veio e que suas exigências eram
graciosas e revestidas de autoridade, exigindo uma resposta de fé e um
comprometimento absoluto. É possível resumir a prática ministerial de Jesus
observando suas quatro principais ênfases, que eram: a) anunciar a verdade de
Deus com autoridade aos ouvintes, mostrando que as profecias estavam sendo
cumpridas nele e pregando as Escrituras pelo método de exposição, ilustração e
aplicação, com o objetivo de converter pecadores e edificar os discípulos; b)
depender do Pai em tudo, vivendo em completa submissão e vida de oração; c)
desenvolver um ministério de misericórdia paralelo ao da pregação, em que as
curas e exorcismos tinham o propósito de mostrar a sua compaixão e a natureza
singular de sua vida e obra (Mt 11.2-6; Is 35.5-6; 61.1); d) preparar
discípulos para que fossem como ele mesmo e dentre eles selecionar um grupo
para pastorear os demais (os 12 apóstolos).
A. Jesus, o expositor da Palavra
Jesus
foi um pregador da Palavra de Deus e sua forma de pregar foi essencialmente
judaica, apresentando a exposição das Escrituras entrelaçada com ilustrações,
figuras de linguagem e constantes aplicações práticas. Sua preocupação central
era anunciar que o reino havia chegado à sua plenitude e a sua própria pessoa
representava a inauguração do estágio final do reino de Deus. Ele era não
somente o concretizador das promessas do Antigo Testamento, concernentes à era
vindoura, mas também o inaugurador dos propósitos finais de Deus na história da
salvação, trazendo a mensagem do evangelho tanto para judeus como para gentios
(Mt 4.23-25).
A
exposição do Antigo Testamento feita com autoridade formava a base do ministério
de Jesus (Lc 4.16-21). Ele era tanto o intérprete final das Escrituras, como a
sua vida e ministério (nascimento, morte, ressurreição e exaltação) eram a
própria chave para se entender o seu conteúdo, uma vez que todas as Escrituras
falavam a respeito dele (Lc 24.25-27,44-45).
Durante
todo o seu ministério Jesus nunca se apartou da Palavra de Deus e sua
linguagem, motivos, temas e mensagem eram somente baseados nela. Algumas vezes,
sua pregação consistia em uma exposição bíblica em textos específicos com
afirmações revestidas de autoridade e autorreferências que indicavam o caráter
único de sua pessoa (Lc 4.16-21). Outras vezes, tratava de temas gerais e
amplos cujas ideias estavam ancoradas em linguagem alusiva ao Antigo
Testamento, como no caso do sermão do monte (Mt 5.1–7.29). Ou, ainda, sua
exposição era resultado de uma resposta aos desafios e questões propostas pelos
ouvintes (Mt 19.3-12). Sua prática de ensino possuía sempre autoridade e era
repleta de metáforas, símiles, parábolas e outras figuras de linguagem usadas
para causar impacto nos ouvintes.
A
ênfase ministerial de Jesus nas Escrituras e sua forma de interpretar foram
imitadas pelos apóstolos e seus seguidores, mas, infelizmente, têm sido
negligenciadas por alguns líderes. É de fundamental importância reaprender os
métodos interpretativos e comunicativos de Jesus, com a profundidade bíblica
acompanhada de ilustrações e aplicações práticas que falem ao mundo real dos
ouvintes.
B. Jesus e sua vida
de oração
A oração foi um elemento distintivo no
ministério de Jesus. Não há um único momento em seu ministério em que Jesus não
seja visto buscando o Pai em oração. Além disso, o escopo de sua oração era
vasto, pois tanto orou por si, como pelos discípulos e os futuros crentes. Ele
também ensinou os discípulos a orar e deixou um modelo de oração a ser imitado.
Jesus
orou no início e durante seu ministério (Mc 1.35-39; Mt 14.23; Lc 9.28), antes
de escolher os discípulos e depois os ensinou a orar (Lc 6.12-16; 11.2; Mt
6.9-15; Mt 21.22; Lc 11.9-13; 18.1; 22.40), antes e durante a sua crucificação
(Mc 14.32-42; 15.34-35). Ele rogou (orar com grande intensidade) pela vida
espiritual dos discípulos (Lc 22.32; Jo 17.9), pela sua futura igreja (Jo
17.20-21). Jesus zelou pelo papel singular da oração na vida do povo de Deus
(Mt 21.13) e alertou sobre a importância da oração na batalha espiritual (Mc
9.29; cf. Ef 6.17-18). A submissão a Deus em se ministério dirigia suas
orações. Ele não orava por algo que implicasse fazer sua própria vontade (Mt
26.36-39,53).
Todas
as citações mostram que Jesus viveu em constante oração em seu ministério. A
oração não era uma prática ou tema acessório em sua vida, mas a contínua ênfase
que norteava seu ministério e deveria também nortear o ministério dos
discípulos. Portanto, é impossível pensar em um líder cristão fiel que não seja
um homem de oração. Nas palavras do teólogo John Owen, “um ministro pode encher
os bancos da igreja, sua lista de comunhão, a boca do público, mas o que esse
ministro é sobre seus joelhos em secreto diante do Deus Todo-Poderoso é o que
ele é e nada mais”.
III. JESUS, o líder a ser seguido
Outra
característica fundamental no ministério de Jesus foi sua ênfase em formar
discípulos e motivá-los a ser como ele. Cristo escolheu homens comuns e os treinou
por um período de tempo ensinando-os a guardar a Palavra de Deus (Mt 28.20),
corrigindo pela convivência e exemplificando modelos comportamentais a serem
imitados (Jo 13.12-17,34-35). Ele os ensinou sobre teologia e como interpretar
as Escrituras, sobre a história da salvação e seus eventos finais, bem como a
viver em comunhão e de forma piedosa como homens de oração, dispostos a perdoar
e servir aos outros com humildade.
Porque
seu ministério seria curto (cerca de três anos), era preciso um programa de
discipulado rápido, prático, intensivo e seletivo. Então ele escolheu
especialmente 12 homens com quem trabalhar mais de perto (Lc 6.12-16). A
seleção dos 12 foi um marco importante no ministério de Jesus, pois seu
ministério adquirira grandes proporções e isso exigia uma organização e divisão
de trabalho mais efetiva. Além do mais, era preciso preparar uma liderança que
serviria de fundamento para a igreja do Novo Testamento, que seria composta de
judeus e gentios (Ef 2.19-22).
No caso
específico dos 12, o objetivo de Jesus foi treiná-los para exercer um pastoreio
sacrificial, um amor abnegado pela obra do Pai e uma vida de humildade similar
à do Mestre. Eles precisavam pastorear com a Palavra, vigiar em oração, exercer
misericórdia para com os fracos e oprimidos e liderar com amor. Sua missão
seria testemunhar acerca da obra de Cristo e glorificar o seu nome fazendo
discípulos de todas as nações, “ensinando-os a guardar todas as coisas”
ordenadas por Jesus (Mt 28.18-20; At 1.8; 4.12,33).
Líderes
devem aprender com Jesus que a prioridade no ministério não é apenas pregar,
mas formar discípulos pelo ensino e exemplo. Além disso, é importante
selecionar e preparar dentre eles os que são aptos para liderar a Igreja.
Formar discípulos requer tempo, ensino da Palavra, oração, visitação,
atribuição de missão, exemplo e humildade.
Conclusão Estudar sobre a vida de Jesus como
líder nos conduz a um modelo completo de liderança, em que autoridade e
serviço, amor e verdade, firmeza e sensibilidade, disciplina e compaixão,
fidelidade e submissão andam juntos. É pastorear com coração amoroso e formar
discípulos pelo ensino, exemplo e serviço. É ter posição de autoridade, mas
agir humildemente como servo de todos. É trabalhar incansavelmente anunciando o
evangelho, mas sempre dependendo de Deus em tudo. É ter paciência com as
ovelhas, pastoreando cada uma delas de acordo com suas necessidades. É resistir
ao erro, denunciar a hipocrisia, o legalismo e as tradições humanas que se
sobrepõem à verdade de Deus. Porém, é também anunciar o arrependimento,
indicando o caminho da salvação aos pecadores e a vida que devem viver para
agradar a Deus. Enfim, estudar sobre o ministério de Jesus é descobrir que
nunca houve ou haverá um líder como ele, mas todos os líderes cristãos são desafiados
a ser como Cristo.
Referências ultimato.com.br
JESUS, Modelo de
Liderança
Acima de qualquer suspeita – O primeiro
requisito para líderes
Se você tentasse capturar, em um único termo,
uma qualificação resumida para o ofício de pastor-presbítero na igreja, qual
seria?
Alguns
de nós podem ter o reflexo de dizer imediatamente, com grande confiança: “Ele
deve ser cristão”. De fato, ele deve - mas isso deve ser exigido de todos os
membros da igreja, até onde podemos discernir. O apóstolo Paulo, pelo menos,
estava disposto a presumir isso quando se tratava de listar as qualificações
para superintendentes e diáconos.
E
quanto a “um professor talentoso”? Certamente isso é vital para os líderes do
povo do Livro. É essencial nos pastores-presbíteros da igreja (embora não em
seus diáconos), mas não é o que Paulo lista primeiro e como abrangente. Outros
podem apontar para alguma facilidade em liderar outros além do ensino. Alguns
podem dizer: “Ele deve aspirar ao trabalho”, o que é necessário, mas, na
maneira de pensar de Paulo, isso é um pré-requisito, não a qualificação
sumária. Outros podem se aventurar, “um cristão modelo”, o que seria o outro
lado da moeda, mas não da maneira precisa que Paulo diz aqui.
2 O que um pastor deve ser
Quando
abrimos as duas listas de qualificações de presbíteros em 1 Timóteo 3:1– 7 e
Tito 1:6–9, podemos nos surpreender ao encontrar, antes de mais nada, uma
característica resumida que pode soar inexpressivo para alguns ouvidos e
inatingivelmente alto para os outros: “irrepreensível”.
1
Timóteo 3:2: “O superintendente deve ser irrepreensível . . .”
Tito
1:5–7: “Foi por isso que te deixei em Creta, para que . . . designe presbíteros
em cada cidade, como eu ordenei a você - se alguém for irrepreensível, marido
de uma mulher e seus filhos forem crentes e não estiverem sujeitos a acusações
de devassidão ou insubordinação. Pois um superintendente, como mordomo de Deus,
deve estar acima de qualquer reprovação. . .”
“Se você quer ser
‘irrepreensível’, não finja ser sem pecado, mas faça com o seu pecado o que
Deus, em Cristo, quer que você faça.”
Em
ambas as listas, “irrepreensível” vem em primeiro lugar. Em seguida, outra
dúzia segue. Por vir em primeiro lugar, “acima de reprovação” é, como escreve
Thabiti Anyabwile, “um termo abrangente para todos os outros requisitos que se
seguem” (Finding Faithful Elders, 57). Philip Towner concorda: “Este é o
requisito essencial para o candidato” (Cartas a Timóteo e Tito, 250). Assim
também Bill Mounce: “O que isso implica é explicado nos seguintes onze
atributos e três preocupações específicas” (Pastoral Epistles, 169). Portanto,
embora “irrepreensível” possa parecer surpreendente e indefinido a princípio –
e, de certa forma, é – após uma reflexão mais aprofundada, podemos ver sua
sabedoria, conforme é concretizada nas características específicas que se
seguem.
Maior
do que você pensa Por mais baixo que “acima de qualquer reprovação” possa soar
em alguns ouvidos, com apenas um pouco de reflexão podemos descobrir um pouco
da sabedoria nisso. Esta qualificação de bandeira não é meramente “inocente” ou
“justo” ou “absolvido”, mas “irrepreensível”. Estamos procurando homens acima
de serem 3 razoavelmente acusados de erros em primeiro lugar. O termo
significa, escreve o comentarista George Knight, “não aberto a ataques ou
críticas” (The Pastoral Epistles, 155); “ele não é objetivamente exigível”
(156). Ele não é alguém que pratica a dança ao redor da linha tênue da
reprovação justa.
Se um
homem é tecnicamente inocente (ou não) não é toda a questão para a liderança da
igreja. Ele pode ser desnecessariamente controverso de uma forma que revela
imaturidade ou falta de sabedoria. Queremos que um pastor seja não apenas
forensemente justo, mas também “o tipo de homem de quem ninguém suspeita de
transgressão ou imoralidade” (Anyabwile, 57).
Mas
quanta desconfiança? Como deve a controvérsia é contraproducente? Em vez de
pronunciar uma decisão universal sobre isso, é melhor deixar essa questão para
a equipe local de anciãos discernir.
Eles estão em melhor posição para perguntar a
cada oficial em potencial, Ele é regularmente alvo de acusações, justas ou não,
devido à sua própria falta de discrição? Uma coisa é falar a verdade e defender
sua posição. Outra é usar a verdade para satisfazer seu próprio desejo de ser
controverso.
Será que tê-lo como pastor-presbítero será
uma distração regular para a igreja? Se é frequentemente questionado, não
propriamente pela verdade, mas pela sua forma de a apresentar, ou de a viver,
talvez precise de mais tempo para viver fielmente e construir uma nova
reputação antes de sobrecarregar a Igreja com os seus lapsos. Um homem pode ser
tecnicamente justo e, ainda assim, ter tal reputação que seria contraproducente
tê-lo em um cargo na igreja.
Observe
também que uma coisa é considerar um homem que já é controverso para
presbítero. Outra é quando um homem se torna controverso no curso de seu chamado
enquanto ensina fielmente verdades controversas. No primeiro, pluralidades
sábias podem ser lentas para trazê-lo ao cargo, enquanto no segundo são rápidos
em apoiá-lo. 4
“Estamos procurando por
homens que não serão razoavelmente acusados de errado em primeiro lugar.”
Como
pluralidades, faremos bem em nos inclinar mais para a barra maximalista de
“irrepreensível”, em vez do minimalista. Falsas acusações, vamos deixar claro,
não são motivos para desqualificação; no entanto, a natureza e a razoabilidade de
quaisquer acusações devem ser cuidadosamente consideradas - e acusações ou
suspeitas públicas contra um homem podem significar que não é sensato nomeá[1]lo para o cargo.
Exemplos para o rebanho Podemos dizer que “um
cristão modelo” é essencialmente o outro lado da moeda como “irrepreensível”.
Essa barreira aparentemente baixa para presbíteros tem alguma verdade
importante a transmitir sobre nossos pastores, presbíteros ou supervisores
(três termos para o mesmo cargo de liderança na igreja). Em primeiro lugar,
como Don Carson observou, as listas de qualificações, resumidas com
“irrepreensíveis”, são “notáveis por não serem dignas de nota”. Não há nenhuma
exigência aqui para conquistas particulares na educação formal, intelecto ou
oratória de classe mundial, ou dom manifesto acima do homem comum. Em vez
disso, essas qualificações são o tipo de característica que queremos que se
manifeste em todo cristão. O que procuramos em nossos pastores-presbíteros, em
essência, é um cristianismo normal, saudável e modelo.
Fundamental,
então, para a liderança na igreja local é uma função exemplar. Os pastores
devem ser não apenas professores habilidosos da palavra de Deus e governantes
de seu povo, mas também exemplos do tipo de vida cada vez mais semelhante à de
Cristo para a qual toda a congregação está progredindo. Os pastores
inevitavelmente estão “sendo exemplos para o rebanho” (1 Pedro 5:3; também 1
Timóteo 4:12). Os pastores devem ser aqueles que defendemos para a igreja e
dizem, em essência, “Seja como ele”, sem ter que fazer nenhuma qualificação. 5
“Acima de reprovação”, como vemos em Tito 1:7,
também comunica uma espécie de modéstia e humildade na própria natureza do
chamado: “um superintendente, como mordomo de Deus, deve ser irrepreensível”.
Os líderes da igreja não são governantes por si mesmos. Eles são mordomos, não
reis, não estrelas, não artistas. Os pastores são “mordomos de Deus” de sua
palavra e de seu povo, e o ofício da igreja não é uma posse pessoal, mas uma
atribuição a um mordomo. E parte da mordomia, entre outras coisas, é não chamar
atenção exagerada para o próprio mordomo enquanto ofusca aquele a quem somos
chamados a apontar.
Chamado para Ser Irrepreensível
Um após o outro, conforme o “irrepreensível”
é desenvolvido em mais de uma dúzia de aspectos específicos, vemos um padrão de
que os líderes cristãos não são chamados para uma vida cristã fundamentalmente
diferente da igreja. Em vez disso, os líderes devem ser exemplares,
“irrepreensíveis”, no próprio estilo de vida ao qual Cristo, por meio deles, chama
todo o rebanho. Paulo fala a todos os cristãos quando diz que Cristo “agora os
reconciliou em seu corpo carnal, por meio de sua morte, para apresentá-los
santos, irrepreensíveis e irrepreensíveis diante dele” (Colossenses 1:22). “Sem
culpa” (como é exigido dos diáconos, 1 Timóteo 3:10) é outra maneira de dizer
“irrepreensível”.
“Sem culpa” pode soar como um nível muito
mais alto do que “irrepreensível” – especialmente se pensarmos que significa
“sem pecado”. Mas não é isso que significa irrepreensível. Não podemos ser
perfeitos, mas podemos ser irrepreensíveis. Talvez nenhuma passagem capte a
dinâmica do pecador, mas inocente, como 1 João 1:7–10:
Se
andarmos na luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dissermos que não
temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se
confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados
e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemos dele
um mentiroso, e a sua palavra não está em nós. 6
“O que procuramos em
nossos pastores-presbíteros, em essência, é um cristianismo normal, saudável e
modelo”.
Se você
quer ser “irrepreensível”, não finja ser sem pecado, mas faça com o seu pecado
o que Deus, em Cristo, quer que você faça: admita seus pecados e confesse-os,
agarre-se ao perdão de Deus em Cristo e ande no luz. E quando você estiver em
falta e culpado, caminhe em direção a ela, não se afaste dela. Admita seu erro
e busque a paz, com Deus e com os homens. E embora não seja sem pecado, você
será irrepreensível diante de Deus. Você mesmo não é sem defeito, mas você tem
um Salvador que é (Hebreus 9:14; 1 Pedro 1:19).
Isso e
muito mais, Cristo exige dos líderes formais em sua igreja. É inevitavelmente
um chamado público, na igreja e fora dela. E assim, para o bem do rebanho e do
evangelho no mundo, Cristo, por meio de seu apóstolo, nos ordena a nomear
pastores e diáconos cujas vidas sejam exemplares. Eles devem ser “irrepreensíveis”.
Nenhuma culpa ou reprovação razoável ou fundamentada pode ser levantada contra
eles, pois eles alegremente e sem distrações se unem a uma equipe de pastores
para cuidar bem de todo o rebanho.
Mathis, David. Acima de qualquer suspeita
- O primeiro requisito para líderes cristãos.
A verdadeira liderança é um sacrifício, não
um privilégio
É uma das mentiras mais sujas que Satanás
sussurra no ouvido de nossa geração confortável e autorizada.
Desde
antes que possamos nos lembrar, fomos doutrinados, em quase todos os momentos,
com a ideia de que ser “um líder” significa obter a estrela de ouro. A
liderança é uma forma de reconhecimento, uma espécie de realização, o caminho
para o privilégio. Ser declarado líder é como ganhar um prêmio ou ser
identificado entre os talentosos.
A
liderança é uma forma de sucesso. E como você pode fazer tudo o que sonha e
pode realizar tudo o que deseja, você também pode ser um líder - em casa, no
trabalho, na comunidade, na igreja. Por que você se contentaria com menos?
Liderança significa privilégio, e nenhuma geração se considerou com mais
direito a privilégios do que a nossa.
A Mentira Sobre a Liderança
A
opinião do mundo sobre liderança está no ar de nossa sociedade, sentida no
subtexto de nossa adolescência e reforçada em nossas eleições públicas. Estamos
2 nadando nele em todos os lugares que viramos. Por que seguir quando você pode
liderar? Por que contribuir para a glória de outro quando você pode ser o
principal beneficiário?
“Uma das marcas da
influência de Satanás em uma sociedade são os líderes dominando aqueles por
quem deveriam cuidar.”
Por
mais novo e inspirador que possa parecer, é um engano muito antigo. Do jardim à
história de Israel, à Idade Média, às nossas noções inatas sobre liderança
hoje, a maneira natural, humana e pecaminosa de pensar sobre liderança é ser o
rei da colina. Ver a liderança como a ascensão para a honra e o privilégio, e
não como a descida para atender às necessidades dos outros.
Uma das
marcas distintas da influência de Satanás em uma sociedade – evidência de que o
deus deste mundo está cegando os incrédulos em massa – é que os líderes dominam
sua liderança sobre aqueles por quem deveriam cuidar. A mentira pode ser tão
proeminente (e adotada) hoje como sempre foi, mas de forma alguma é nova. Não dominando
A voz
que clama mais claramente pelo verdadeiro caminho da liderança – liderança como
sacrifício, não privilégio – é o próprio Jesus. Ele advertiu fortemente contra
os líderes pagãos e religiosos de sua época que procuravam usar seu povo para
seu próprio benefício, em vez de servir.
“Você
sabe que os governantes dos gentios dominam sobre eles, e seus grandes exercem
autoridade sobre eles. Não será assim entre vocês. Mas quem quiser ser grande
entre vós deverá ser vosso servo, e quem quiser ser o primeiro deverá ser vosso
servo, assim como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e
dar a sua vida em resgate por muitos. ” (Mateus 20:25–28; também Marcos
10:42–45) 3
Jesus
nos convoca a ter uma perspectiva distintamente cristã sobre liderança. E se
não bastassem estas palavras de Jesus sobre a natureza da verdadeira liderança,
tornou-a inesquecível, na véspera da sua morte, de joelhos com um lavatório e
uma toalha na mão.
“Se eu,
vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós também deveis lavar os pés uns dos
outros. Pois eu dei a vocês um exemplo, para que vocês também façam como eu fiz
a vocês”. (João 13:14–15) Sacrifício para
a alegria deles
O
apóstolo Pedro, que liderou os apóstolos como o primeiro entre iguais, dá a
mesma nota clara para uma visão distinta na igreja. Os pastores-presbíteros
cristãos devem servir “não sob compulsão, mas voluntariamente, como Deus
deseja; não por ganho vergonhoso, mas ansiosamente; não dominando os que estão
sob sua responsabilidade, mas servindo de exemplo ao rebanho” (1 Pedro 5:2–3).
“A liderança cristã é
fundamentalmente sobre dar, não receber.”
Para um seguidor de Jesus, a grandeza na liderança
não é definida por quantos você tem abaixo de você, mas por quão consistente e
significativamente você é guiado pelo Espírito Santo a fazer sacrifícios
pessoais para atender às verdadeiras necessidades dos outros. A liderança
cristã, conforme captada por John Piper, é “saber onde Deus quer que as pessoas
estejam e tomar a iniciativa de usar os métodos de Deus para levá-las até lá,
confiando no poder de Deus”. E tomar essa iniciativa é tipicamente outra
maneira de dizer “sacrifício”. Iniciativa é pessoalmente cara.
Qual é
especificamente o bem pelo qual líderes fiéis tomarão iniciativa e farão
sacrifícios? De acordo com o apóstolo Paulo, é trabalhar para a alegria dos que
estão sob nossa responsabilidade. “Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé,
mas cooperamos convosco para o vosso gozo, porque estais firmes na vossa fé” (2
Coríntios 1:24). 4
Liderança como Sacrifício
A
liderança cristã, então, é fundamentalmente sobre dar, não receber. Os líderes
cristãos não são indivíduos vazios e imaturos que procuram se sustentar com
novos privilégios. Ao contrário, são homens e mulheres suficientemente seguros
e suficientemente maduros para se esvaziarem pelo bem dos outros.
“O cerne da liderança é
tomar iniciativas que de outra forma não tomaríamos e fazer sacrifícios que de
outra forma não faríamos.”
Observem isto, maridos e pais, pastores e
presidentes, a própria essência e coração da liderança é tomar iniciativas que
de outra forma não tomaríamos e fazer sacrifícios que de outra forma não
faríamos, para guiar nosso povo a algum lugar bom que de outra forma não teria
ido. Abraçamos dificuldades pessoais de curto prazo para ganhos corporativos de
longo prazo. Estamos entre aqueles que estão aprendendo que as maiores alegrias
da vida não vêm do conforto e facilidade pessoais, mas de escolher o que é
desconfortável e difícil para o bem da alegria dos outros. Estamos aprendendo a
encontrar nossa alegria não na facilidade de atender a nós mesmos, mas na
dificuldade de atender aos outros.
A
liderança cristã – no lar, na igreja e em qualquer outro lugar – não é para
aqueles que lutam por honra e reconhecimento, mas para aqueles mais dispostos a
cair de joelhos e serem incomodados pelas necessidades dos outros. São aqueles
que, de certo modo, têm a sua casa suficientemente para poder voltar a sua
atenção para o serviço aos outros. Em vez de buscar seu próprio benefício
imediato, eles estão dispostos a se sacrificar pelo benefício dos outros.
Como o
Filho do Homem, não conduzimos para ser servidos, mas para servir (Marcos
10:45). Morremos para nós mesmos para que outros possam viver.
Mathis, David
A verdadeira liderança é um sacrifício, não um
privilégio
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