domingo, 5 de fevereiro de 2023

CPAD | Lição 07: Estevão – Um Mártir Avivado

 


TEXTO ÁUREO

“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo […] disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem que está em pé à mão direita de Deus.”

(At 7.55,56)

VERDADE PRÁTICA

Por intermédio da graça de Deus o cristão pode ser fiel a Cristo até a morte e contemplar a sua glória.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Atos 6.8-10; 7.54-60

Atos 6

8- E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.

9- E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos cireneus, dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com Estêvão.

10- E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.

Atos 7

54- E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele.

55- Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus

56- e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé a mão direita de Deus.

57- Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.

58- E, expulsando-o da cidade, o apedrejaram. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo.

59- E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito.

60- E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu.

PLANO DE AULA

1- INTRODUÇÃO

Professor (a), nesta lição veremos, através do exemplo do Estevão, que uma das marcas do crente cheio do Espírito Santo é sua fidelidade a Jesus. Estevão foi o primeiro cristão que sofreu martírio. Até hoje milhares de cristãos sofrem algum tipo de oposição, hostilidade ou violência por declararem sua fé em Jesus. A lista mundial de perseguição, publicada em 2022, apontou que mais de 360 milhões de cristãos ainda são perseguidos, isto é, eles têm direitos negados, sofrem violências (verbais e físicas), perdem propriedades, suas famílias são ameaçadas e/ou perdem a vida. Tais perseguições são feitas, às vezes, por grupos civis, em outros momentos por autoridades religiosas e ainda por forças militares ou governamentais. Entretanto, assim como Estevão, mi­lhares de cristãos não desistem da sua fé em Jesus e se mantêm fiéis porque são fortalecidos pelo Senhor.

2- Apresentação DA LIÇÃO

A) Objetivos da Lição:

I) Apresentar a vida de Estevão, destacando seu testemunho pessoal;

II) Mostrar que o crente deve permanecer fiel a Jesus diante da perseguição e da morte;

III) Conscientizar de que cada crente pre­cisa do poder do Espírito Santo para se fortalecer e permanecer na fé em Cristo.

B) Motivação: O enfraquecimento da fé, geralmente, é antecedido pelo esfriamento espiritual. Por isso, a busca constante do Espírito Santo é essencial para o crente se fortalecer no Senhor. Em Estevão, vemos um grande exemplo de fidelidade a Deus. Ele se manteve firme na fé em Cristo, mesmo diante do risco de morte. Tal fidelidade foi gerada no poder do Espírito Santo.

C) Sugestão de Método: Inicie a aula com uma oração. Pergunte para a sua classe se alguém já passou pela experiência de ser criticado por ser cristao. Peça para que alguns alunos compartilhem suas experiências pessoais. Em seguida, destaque que nesta lição vamos estudar o primeiro martírio cristão. Em seguida, utilize as informações disponíveis no primeiro auxílio para apresentar à turma o perfil de Estevão. Ele foi muito atuante na Igreja Primitiva.

3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO

A) Aplicação: Mostre aos seus alunos que o Espírito Santo é funda­mental na caminhada cristã. Por isso, cada crente deve buscar encher-se do Espírito, conforme a ordenança bíblica. Destaque também que manter a fidelidade a Cristo em momentos de tribulação e angústia é essencial. Assim como Estevão, todo crente fiel verá a Cristo, um dia, face a face.

4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR

A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.39, você encontrará um subsídio especial para esta lição.

B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparac;ao de sua aula:

1) Para auxiliar na introdução e no desenvolvimento do primeiro tópico, o texto “Quem foi Estevão” mostra uma visão panorâmica da vida e da atividade ministerial desse cristao;

2) Para aprofundar o segundo tópico, o texto “O martírio de Estevão” traz uma reflexão teológica sobre o momento da morte do primeiro cristão que perdeu sua vida por causa da sua fé em Cristo. O texto destaca o significado da visão e do comportamento de Estevão.

INTRODUÇÃO

O assunto desta lição é o martírio de Estevão, um avi­vado herói da fé. Como um dos sete homens que integraram o primeiro corpo de diáconos na igreja antiga, Estevão era “cheio de fé e de poder”, “fazia prodígios e grandes sinais entre o povo” (At 6.8). Devido a sua atuação como autêntico evangelista, na unção do Espírito Santo, causou inveja aos adversários do Evangelho. O livro de Atos revela o martírio de Estevão por causa de sua perseverança ao Evangelho. Nesse sentido, veremos que ele foi um servo fiel até a morte e receberá a coroa da vida (Ap 2.10).

PALAVRA-CHAVE:

MÁRTIR

AMPLIANDO O CONHECIMENTO

*O DISCURSO DE ESTEVÃO
“O discurso de Estevão diante do Sinédrio e uma defesa da fé propagada por Cristo e pelos apóstolos. Ele é o precursor de todos quantos defendem a fé bíblica contra os que se opõem ao seu ensino ou o distorcem, e é o primeiro que morreu por essa causa. Jesus vindica a ação de Estevão, ficando em pé para honrá-lo diante de seu Pai, no céu.

O amor de Estevão a verdade e sua disposição em dar a vida para salvaguardá-la, contrastam-se nitidamente com aqueles que pouco se interessam por ‘batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos’ (Jd v.3) […]”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a Bíblia de Estudo Pentecostal, editada pela CPAD, p.1643.

AUXÍLIO PEDAGÓGICO

QUEM FOI ESTEVAO?
“Pontos fortes e êxitos:
· Foi um dos sete líderes escolhidos para supervisionar a distribuição de alimentos aos necessitados na Igreja Primitiva.
· Foi conhecido por suas qualidades espirituais de fé, sabedoria, graça, poder e pela presença do Espírito em sua vida.
· Foi um líder reconhecido e destacado, um mestre, um debatedor.
· Foi o primeiro a dar a vida pelo evangelho.
Lições de Vida:
· O esforço em busca da excelência em pequenas tarefas prepara as pessoas para responsabilidades maiores.
· A Verdadeira compreensão a respeito de Deus sempre leva a ações práticas e compassivas para as pessoas.
Informações essenciais:
· Ocupação: Diácono (distribuía alimentos aos necessitados).
· Contemporâneos: Paulo, Caifás, Gamaliel e os apóstolos.
Versículos chave: Atos 7.59,60
(Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p.1490).

AUXÍLIO BIBLIOLÓGICO

O MARTÍRIO DE ESTEVÃO
“Estevão cheio do Espírito se comporta como profeta. Pelo Espírito Santo, ele vê a glória radiante de Deus e o Jesus exaltado à mão direita de Deus (At 7.55,56; cf. Lc 22.69). Durante a visão, aparece o padrão trinitario. Estêvão cheio do Espírito Santo, olha para o céu e vê o Senhor Jesus em pé, a mão direita de Deus Pai […].

Agora Estevão confessa pela primeira vez o Senhor ressurreto Diante do Sinédrio, declarando que ele vê Jesus Cristo compartilhando a glória de Deus como o exaltado Filho do Homem. Estas palavras são blastemas aos líderes religiosos. Eles cobrem os ouvidos indicando que já não ouviram o blasfemador. A recusa em ouvir reflete um problema muito mais profundo: empenho para que os ouvidos não sejam abertos pelo Espírito Santo […].

Em seguida, Estevão se ajoelha em oração e ainda ecoa outra declaração de Jesus na cruz: ‘Senhor não lhes imputes este pecado’ (v. 60). Com confiança tranquila de um profeta, ele segue o exemplo de Jesus e permanece fiel ao seu ensino: ‘Bendizei os que vos maldizem e orai pelos que vos caluniam’ (Lc 6.28).

Antes de Estevão morrer, todos ouvem esta testemunha inspirada oferecer uma oração de perdão aos seus exe­cutores. Somente o poder do Espírito Santo pode capacitar Estevão a fazer a oração que ele fez” (FRENCH, Arrington L., STRONSTAD, Roger (Eds). Comentário Bíblico Pentecostal: Novo Testamento. Vol. 1. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 665,666).

CONCLUSÃO

Diante dos inimigos do Evangelho de Cristo e da morte, o testemunho de Estevão nos mostra que Deus concede graça, força e equilíbrio emocional para o crente espiritualmente avivado. Que o Senhor nos ajude a glorificá-lo no meio das lutas da vida. A exemplo do primeiro mártir da igreja antiga, não neguemos a Cristo!

CPAD – AVIVA A TUA OBRA – O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus

| Lição 07: Estevão – Um Mártir Avivado 

 

 


Capítulo 7

Estêvão - Um Mártir Avivado

  A Igreja de Jesus nasceu, cresceu e desenvolveu-se debaixo de perseguições das mais diversas. Todos os sistemas religiosos, institucionais e políticos foram usados para destruí-la desde o seu nascedouro. Quando Jesus nasceu, o Diabo procurou eliminá-lo ainda na sua infância. Herodes, o famigerado rei, representando o Império Romano, ao saber pelos magos que nascera "o Rei dos judeus", sentiu-se ameaçado e procurou eliminar o menino Jesus, mas Deus livrou-o das mãos do sanguinário monarca. Ao longo do ministério de Jesus, a perseguição sempre se fez presente. De uma forma ou de outra, os líderes do judaísmo, sentindo-se ameaçados no seu prestígio e por inveja, procuraram ocasião para matá-lo. Por fim, traído por Judas Iscariotes, Jesus foi entregue nas mãos dos que queriam a sua morte. Ele foi preso, julgado injustamente e levado ao patíbulo da Cruz, só que a alegria dos inimigos de Cristo durou pouco. Três dias depois de sepultado, conforme Ele próprio dissera, ressuscitou, glorioso e triunfante, vencedor da morte, do Diabo, do pecado, do mundo e de todos os poderes das trevas. Cumprida a sua missão divina, Jesus voltou ao seu lugar, à destra de Deus, nos céus.

   Se não fosse o avivamento, resultante do Pentecostes, como dissemos noutro texto, a Igreja não teria sobrevivido. Seria apenas uma lembrança de uma religião que teria fracassado. Desde que Jesus subiu aos céus, a sua Igreja passou a sofrer perseguição. As "portas do inferno" valeram-se da religião para perseguir os seguidores do Nazareno. O judaísmo levantou as suas forças contra os primeiros cristãos. Após a descida do Espírito Santo (At 2), a perseguição teve início quando Pedro e João, usados por Deus, no nome de Jesus, curaram um coxo de nascença que ficava "à porta do templo, chamada Formosa" (At 3.2). Não demorou muito quando, diante do povo já atônito por conta do milagre operado diante do santuário judaico, adentraram ao recinto os sacerdotes com o apoio do capitão do Templo e dos saduceus, que lançaram os apóstolos na prisão sem acusação formal ou mandado judicial (At 4.3). Como resultado: "Muitos, porém, dos que ouviram a palavra creram, e chegou o número desses homens a quase cinco mil" (At 4.4).

   O crescimento rápido da igreja impressionou os poderosos do judaísmo. Eram doze os que andavam com Jesus; no Pentecostes, no Cenáculo, reuniram-se cento e vinte; com a pregação de Pedro, mais de três mil converteram-se a Cristo. Depois da cura do coxo, foi grande o alvoroço entre os inimigos do evangelho de Cristo. Os apóstolos foram presos, libertos, e o número dos cristãos chegou "a quase cinco mil" (4.4). A igreja continuou crescendo de maneira impressionante. E a perseguição intensificava-se: “E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé" (6.7). O crescimento não se dava apenas entre as pessoas de classe pobre e sem cultura, mas até entre os sacerdotes judaicos. Isso incomodava e revoltava a liderança religiosa e política da época.

   O diácono Estêvão foi usado por Deus de forma poderosa; pelo seu ministério, o Senhor Deus "fazia prodigios e grandes sinais (6.8). Na visão dos inimigos de Cristo, a sua obra precisava ser detida. A igreja não deveria continuar crescendo, mas Deus não pode ser impedido por ninguém. Está escrito: "Ainda antes que houvesse dia, eu sou; e ninguém há que possa fazer escapar das minhas mãos; operando eu, quem impedirá?" (Is 43.13). Neste capítulo, meditemos sobre o papel de Estêvão, a sua prisão e o seu discurso eloquente, cheio da unção de Deus e, por fim, a sua morte, glorificando a Cristo.

 I - ESTÊVÃO E O SEU TESTEMUNHO DE FÉ

  Depois de uma assembleia extraordinária da igreja nascente, os diáconos foram escolhidos para cuidar da parte social da comunidade cristã. Isso contribuiu para que o cristianismo fosse bem-visto por muitas pessoas: "E crescia a palavra de Deus, e em Jerusalém se multiplicava muito o número dos discípulos, e grande parte dos sacerdotes obedecia à fé" (At 6.7).

 1. Estêvão Usado por Deus

  Estêvão destaca-se entre os diáconos

Na escolha dos diáconos, o nome de Estêvão aparece pela primeira vez de uma forma bem interessante. Dos sete eleitos pela igreja, todos tinham que ter os requisitos de "boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria" (6.3). Estêvão teve uma menção diferenciada quanto à sua condição espiritual, pois era "homem cheio de fé e do Espírito Santo" (6.5).

  Estêvão fazia grandes sinais e prodigios

  Estêvão era homem que tinha comunhão com Deus e foi usado para efetuar grandes coisas que glorificavam o nome do Senhor. Diz a Bíblia: "E Estêvão, cheio de fé e de poder, fazia prodigios e grandes sinais entre o povo" (6.8). Ele era um pregador que atraía multidões por causa da sua fé em Deus e nas suas promessas de que, ao ser batizado no Espírito Santo, teria poder para realizar o seu ministério, chamado por Deus. Jesus prometeu que os seus discípulos haveriam de receber "a virtude do Espírito Santo" para serem testemunhas em todas as partes, a partir de Jerusalém, "e até aos confins da terra" (1.8).

  Homem cheio de fé, Estêvão creu, e Jesus cumpriu a sua promessa aos que creram. Dentre os sinais que demonstrariam a sua fé, estavam: expulsar demônios, falar novas línguas, impor as mãos sobre os enfermos e curá-los (Mc 16.17,18). Ao ser usado por Deus de forma maravilhosa, com sinais evidentes da sua fé e unção, causou inveja e grande oposição dos adversários da igreja. Levantaram-se contra ele quatro grupos: alguns da sinagoga chamados de libertinos, dos cireneus, dos alexandrinos e "dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam com ele".

  Estêvão sofre covarde oposição

  Os inimigos da igreja sempre usam meios escusos e desonestos, com maldade, covardia e ódio contra a fé cristã.    

  Em debate com Estêvão, eles "não podiam resistir à sabedoria, e ao espírito com que falava". Não tendo argumentos teológicos, filosóficos, teóricos ou lógicos, ou mesmo fundamentados na Lei de Moisés, os adversários da igreja usaram métodos vergonhosos contra o servo de Deus, como o suborno, ou a propina para aliciar homens impios e acusarem-no com mentiras; usaram de violência contra ele, excitando o povo, os anciãos e os escribas, que eram a liderança religiosa da cidade, e arrebataram-no, levaram-no à força e conduziram-no ao conselho, que era o Sinédrio, uma espécie de tribunal religioso, legislativo e judicial, que ficava em Jerusalém. Era um julgamento absurdo, onde o acusado não tinha direito de apresentar testemunhas ou advogado de defesa, mas aos acusadores levaram "falsas testemunhas" que o acusaram de blasfemar "contra Moisés e contra Deus" (6.9-14). Algo surpreendeu os acusadores impios: "Então, todos os que estavam assentados no conselho, fixando os olhos nele, viram o seu rosto como o rosto de um anjo" (6.15).

 O discurso de Estêvão sobre a história de Israel

  O sumo sacerdote, à frente do Sinédrio, ficou atônito diante das acusações contra Estêvão: "E disse o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim?" (7.1). Essa pergunta deve ter sido dirigida a Estêvão, o acusado sem provas e sem defensor. Ele deve ter tido autorização do presidente do conselho para falar e logo começou a fazer a sua exposição num longo discurso apologético. E Estêvão assim o fez, numa sequência que denota que ele estava bem seguro nas suas convicções cristãs. Estêvão começou o seu discurso com uma chamada à atenção de todos, dizendo: "Varões, irmãos e pais, ouvi (7.1). Ele fez referências a vários episódios envolvendo Abraão e a sua chamada por Deus para ser pai de muitas nações, seguido do seu filho e neto, Isaque e Jacó (Israel), e passando por José, Moisés, Josué, Salomão e Davi. Até esse ponto, o auditório ouvia impassível.

 Estêvão enfurece os seus acusadores

  Depois de dissertar com muita sabedoria sobre a história de Israel e a sua apostasia, Estêvão mudou o foco do discurso. Ele confrontou a dureza de coração dos líderes de Israel ao dizer:

  Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre os que resistis ao Espírito Santo; assim, vós sois como vossos pais. A qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram anteriormente anunciaram a vinda do Justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas, vós que recebestes a lei por ordenação dos anjos e não a guardastes. E, ouvindo eles isto, enfureciam-se em seu coração e rangiam os dentes contra ele. (7.51-54)

   Em poucos minutos, Estêvão demonstrou o estado espiritual de Israel durante a sua história. Nunca, em nenhum lugar e em tempo algum, um povo foi tão abençoado por Deus. Nascido de Abraão, o patriarca hebreu, constituída como nação escolhida para representar os interesses do Reino de Deus na terra, Israel ouviu da parte de Deus promessas jamais feitas a qualquer povo. Deus tirou aquele povo do Egito e fez sinais e maravilhas jamais vistas por qualquer povo do mundo, começando com a sua retirada da escravidão egípcia com poderosa mão divina, depois com as pragas derramadas sobre aquele povo idólatra, em seguida o livramento na passagem do mar Vermelho, a água tirada da rocha e o manjar dos céus enviado, além de ter dado vitória sobre povos mais fortes e mais poderosos que eles em termos humanos.

   Se não tivesse dado palavra tão dura contra os que o acusaram no Sinédrio, Estêvão poderia ter escapado da pena capital, mas ele preferiu ser fiel à sua missão, expondo o que o Espírito de Deus pusera-lhe no coração. Cumpriu-se o que Jesus dissera aos seus discípulos:

  Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos, portanto, sede prudentes como as serpentes e simplices como as pombas. Acautelai- vos, porém, dos homens, porque eles vos entregarão aos sinédrios e vos açoitarão nas suas sinagogas, e sereis até conduzidos à presença dos governadores e dos reis, por causa de mim, para lhes servir de testemunho, a eles e aos gentios. Mas, quando vos entregarem, não vos de cuidado como ou o que haveis de falar, porque, naquela mesma hora, vos será ministrado o que haveis de dizer. Porque não sois vós quem falará, mas o Espírito de vosso Pai é que fala em vós. (Mt 10.16-20)

  II - ESTÊVÃO E A SUA MORTE PRECIOSA

  Diante da fúria dos seus acusadores, principalmente dos líderes do Sinédrio, Estêvão não se intimidou e permaneceu firme. Ele sabia que poderia ser condenado à morte por confrontar o sistema religioso, hipócrita e anticristão, mas preferiu olhar para os céus.

 1. Cheio do Espírito Santo

  Para enfrentar a morte sem desesperar, Estêvão mostrou que era um servo de Deus, que tinha íntima comunhão com o Senhor. Antes de ele ser apedrejado, teve uma visão da glória de Deus e viu Jesus ao lado do Pai num momento especial, num êxtase espiritual tão grande que a morte não lhe intimidou. E ele proclamou com graça e paz:

  Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. (At 7.55)

  Estêvão só pôde enfrentar as terríveis acusações contra ele, porque era um servo de Deus que orava, certamente jejuava e, depois do Pentecostes, não se limitou a falar línguas estranhas como acontece com muitos crentes batizados no Espírito Santo. Ele buscou e tornou-se um homem de Deus "cheio do Espírito Santo". Antes do Pentecostes, os discípulos já eram salvos e tinham o Espírito Santo com eles, habitando neles (Jo 14.17). Porém, uma vez batizados no Espírito Santo, eles receberam um revestimento de poder que jamais conhecera. No seu discurso, diante do Sinédrio, demonstrou ter esse poder na sua vida.

  Jesus já tinha prometido aos seus discípulos que eles haveriam de receber poder ao descer sobre eles o Espírito Santo, e Estêvão também experimentou esse novo estado de relacionamento com Deus. Em nenhum momento, ele demonstrou fraqueza espiritual, emocional ou psicológica diante dos desafios, dificuldades, oposições e afrontas violentas contra a sua pessoa. Ele manteve-se de pé, com altruísmo e coragem. Ser cheio do Espírito Santo faz toda a diferença na vida dos servos e servas de Deus. Jesus assegurou: "Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim" (Jo 15.26).

   O apóstolo Paulo, escrevendo aos Efésios, exortou-lhes que fossem cheios do Espírito:

  E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos, e hinos, e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus. (Ef 5.18-21)

   Nesse texto, vemos que o crente cheio do Espírito Santo não apenas fala línguas, como também foge de vícios, de contendas e passa a adorar a Deus com novos cânticos espirituais, de coração, e sempre agradece a Ele por tudo "em nome do Senhor Jesus". Lição importante para os dias atuais quando, em igrejas evangélicas, o louvor gospel exalta o cantor, a banda ou outro grupo musical. O momento de louvor torna-se um show de técnica e exibição de talentos humanos.

  2. A Fúria dos Acusadores

   Se os seus acusadores já estavam enfurecidos por terem sido confrontados corajosamente por Estêvão, de serem duros de coração e de resistirem ao Espírito Santo, eles não suportaram ouvir que Estêvão estava vendo a glória de Deus e a Jesus nos céus: "Mas eles gritaram com grande voz, taparam os ouvidos e arremeteram unânimes contra ele. E, expulsando-o da cidade, o apedrejavam. E as testemunhas depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo" (7.57,58). Estêvão foi levado à periferia da cidade, provavelmente para lugares menos movimentados, e ali foi cercado pela multidão enfurecida com sede de sangue. A sua fúria alcançou o auge quando ouviram a declaração de que ele estava contemplando os céus abertos e Jesus à direita de Deus (7.55).

  Eles ficaram tão enfurecidos que viram Estêvão como um perigoso criminoso. Eles perderam todo o controle emocional. Já estavam cheios de ódio no coração, desejando ver o fim do homem de Deus. Passaram a gritar com altos brados palavras de condenação, de ira e furor; era tão terrível para eles ouvir o que Estêvão dissera de estar vendo a glória de Deus, que eles taparam OS ouvidos com as mãos, totalmente desequilibrados e descontrolados. No acesso da fúria demoníaca, "arremeteram unânimes contra ele". Conscientes do que estavam fazendo, agrediram-no não só verbal, como também fisicamente, com socos, murros, pontapés e pancadas no rosto e na cabeça, querendo destruí-lo. Levaram-no com violência para fora da cidade e ali o apedrejaram sem dó. Para dar uma impressão de que realizavam um julgamento legal, levaram testemunhas contra Estêvão, as quais, com mentiras e calúnias, "depuseram as suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo". Àquela altura, Saulo de Tarso era o principal perseguidor dos cristãos.

 3. Estêvão Perdoa os seus Inimigos

  Quando cruelmente apedrejado, Estêvão demonstrou que era, de fato, um homem de Deus, convertido, cheio do Espírito Santo e de amor. Naquela hora terrível, ao sentir quando as pedradas faziam- The sofrer, já com dores atrozes e com o sangue escorrendo pela face e por todo o seu corpo, Estêvão não demonstrou sentimento de vingança ou de ódio:

  E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu. (7.59,60)

  Que exemplo grandioso! Ele, ainda de pé, exclamou: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito". Estêvão viu que era chegada a sua morte, quando estava saindo deste mundo e adentrando nas regiões celestiais, na presença de Deus. Em seguida, ele ajoelhou- se e "clamou com grande voz", dizendo: "Senhor, não lhes imputes este pecado".

  Estêvão seguiu o exemplo de Jesus na cruz quando orou a Deus, e disse: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem" (Lc 23.34). E apedrejaram a Estêvão, que em invocação dizia: "Senhor Jesus, recebe o meu espírito. E, pondo-se de joelhos, clamou com grande voz: Senhor, não lhes imputes este pecado. E, tendo dito isto, adormeceu" (7.55-60). Enquanto na terra o quadro da morte de Estêvão era tenebroso, com tanta fúria, ódio, violência e com o sangue inocente derramado, outro quadro era bem diferente no céu. Com toda a certeza, quando ele fixou os olhos no céu, viu um quadro belíssimo e glorioso:

  Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus. (7.55)

   Assim como o mendigo Lázaro, que foi levado pelos anjos "ao seio de Abraão" (Lc 16.22), Estêvão também foi levado ao Paraíso pelos anjos à presença de Deus e de Jesus. Cumpriu-se o que diz a Palavra de Deus: "Preciosa é à vista do Senhor a morte dos seus santos" (SI 116.15). Ele alcançou a grande bem-aventurança prevista em Apocalipse:

E ouvi uma voz do céu, que me dizia: Escreve: Bem-aventurados os mortos que, desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam. (Ap 14.13)

 III - O AVIVAMENTO DIANTE DO SOFRIMENTO

 1. Como os Apóstolos Teriam Morrido

  A Bíblia não diz como todos os apóstolos de Jesus morreram. Em livros da História da Igreja, há registros de informações verbais ou de tradições históricas sobre esse assunto. A tradição histórica, transmitida oralmente, diz que Pedro foi morto crucificado em Roma, mas teria pedido para ficar de cabeça para baixo para não se assemelhar ao seu Mestre. Essa versão tem apoio em literatura antiga sobre os apóstolos de Jesus, mas como tradição. Outros dizem que ele morreu na terrível prisão em Mamertina, da qual ninguém escapava vivo.16 André teria sido muito torturado antes de ir para a cruz, na Grécia. João teria morrido por volta dos 100 anos de idade de causas naturais em Éfeso. Relatos dão conta de que Filipe teria morrido de causas naturais, mas também há estudiosos que acreditam que ele morreu ou enforcado, ou apedrejado ou mesmo crucificado em Hierapolis. A tradição da igreja católica afirma que Bartolomeu foi posto vivo num saco e lançado ao mar depois de ser açoitado. Mateus teria sido morto em decorrência de um ferimento de espada ou de causas naturais. Tomé teria sido morto a flechadas durante as suas orações, e a sua morte teria sido encomendada pelo rei de Milapura, na cidade indiana de Madras, no ano 53 depois de Cristo. Simão, apóstolo pouco falado nos relatos bíblicos, teria sido morto em Roma durante um massacre no ano 70 depois de Cristo. Tiago Maior teria sido decapitado em Jerusalém na mesma ocasião em que Pedro foi preso. Tiago Menor teria sido crucificado, assim como Jesus, no Egito no ano de 62 d.C. Judas Tadeu teria morrido de causas violentas, mas não especificadas. Judas Iscariotes teve a sua morte relatada na Bíblia. Ele enforcou-se após trair Jesus por algumas 30 moedas de prata (Mt 27.3-5).

 2. O Avivamento Espiritual e o Sofrimento

  Neste estudo, podemos constatar que Estêvão teve forças espirituais diante do sofrimento a que foi submetido, tanto em termos físicos quanto emocionais. É possível que muitos crentes ao longo da História da Igreja tenham sucumbido diante das pressões descomunais contra si, muitas vezes incluindo a sua família, por não terem a força e o poder do   Espírito Santo para resistir até à morte. Estêvão foi um exemplo marcante e referencial de que somente sendo cheio do Espírito Santo, o fiel pode suportar as terríveis pressões de um julgamento injusto, ilegal e tendencioso e, assim, ser vitorioso diante de torturas psicológicas e físicas por causa da sua fé.

  O avivamento espiritual, motivado pela presença gloriosa do Espírito Santo, dá forças aos servos e servas de Deus para enfrentarem situações difíceis de torturas e castigos severos por professarem a sua fé em Jesus. Podemos ver na Bíblia a razão dessa força extra-humana que Estêvão teve diante do sofrimento, nas mãos dos seus executores. Além de ser cheio do Espírito Santo, o cristão precisa ter a alegria do Espírito Santo, ou a alegria do Senhor. Esse é um fator importantíssimo para ser vencedor diante das lutas que possam surgir na vida cristã. No livro de Neemias, encontramos uma referência que nos mostra como podemos vencer as adversidades que se apresentam em nossa vida.

Quando o povo chorava muito depois de ouvir a leitura da Lei por Esdras pois sentiam as suas faltas e pecados diante de Deus-, Neemias, que liderou a reconstrução dos muros de Jerusalém, convidou o povo para a leitura do livro da Lei - que havia sido desprezado numa assembleia solene, desde a manhã até ao meio-dia. Com a leitura, feita com calma e explicação do seu sentido, o povo começou a chorar, mas Neemias levantou-se e exortou a todos para não se entristecerem:

  Disse-lhes mais: Ide, e comei as gorduras, e bebei as doçuras, e enviai porções aos que não têm nada preparado para si; porque esse dia é consagrado ao nosso Senhor, portanto, não vos entristeçais, porque a alegria do Senhor é a vossa força. (Ne 8.10)

  Quando "a alegria do Senhor" resulta do enchimento do Espírito Santo, torna-se fonte de energia espiritual que dá força e poder aos que a possuem.

  A Bíblia mostra-nos diversas referências sobre essa alegria que vem de cima: "Alegrai-vos no Senhor e regozijai-vos, vós, os justos; e cantai alegremente todos vós que sois retos de coração" (SI 32.11). Alegrar-se no Senhor e cantar alegremente é fator excelente para dar força ao crente.

   Devemos anotar que tal bênção é para os que são "retos de coração", ou seja, pessoas integras tanto espiritual quanto moralmente. Outro Salmo diz: “Alegrai-vos, ó justos, no Senhor, e dai louvores em memória da sua santidade" (SI 97.12). Joel, o profeta do Pentecostes, também ressaltou a importância da alegria do Senhor ou do avivamento espiritual. "E vós, filhos de Sião, regozijai-vos e alegrai-vos no Senhor, vosso Deus, porque ele vos dará ensinador de justiça e fará descer a chuva, a temporã e a serôdia, no primeiro mês" (JI 2.23).

  Paulo, escrevendo aos coríntios, disse como eles deveriam comportar-se na vida cristã: "Quanto ao mais, irmãos, regozijai-vos, sede perfeitos, sede consolados, sede de um mesmo parecer, vivei em paz; e o Deus de amor e de paz será convosco" (2 Co 13.11). Veja quantos conselhos oportunos e necessários a uma igreja que precisa alegrar-se no Senhor. Ele diz que os irmãos devem regozijar-se no Senhor, mas prossegue doutrinando sobre essa alegria espiritual profunda e fortalecedora do ânimo do crente. Muitos caem, afastam-se, desviam-se, porque não conseguem ter uma vida cristã sadia e cheia de poder de Deus. Para tanto, Paulo diz que, além de regozijarem-se, os irmãos devem saber que Deus requer que sejamos, perfeitos, consolados, de "um mesmo parecer" - ou seja, que vivamos em acordo, em harmonia, e acrescenta que os servos de Cristo devem viver em paz. Em consequência, diz Paulo: "e o Deus de amor e de paz será convosco" (13.11).

  Paulo não só ensinava, como também já havia experimentado grandes sofrimentos, assim como os demais apóstolos, mas resistiu com a graça e o poder de Deus na sua vida:

  Porque tenho para mim que Deus a nós, apóstolos, nos pôs por últimos, como condenados à morte; pois somos feitos espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Nós somos loucos por amor de Cristo, e vós, sábios em Cristo, nós, fracos, e vós, fortes; vós, ilustres, e nós, vis. Até esta presente hora, sofremos fome e sede, e estamos nus, e recebemos bofetadas, e não temos pousada certa, e nos afadigamos, trabalhando com nossas próprias mãos; somos injuriados e bendizemos; somos perseguidos e sofremos; somos blasfemados e rogamos, até ao presente, temos chegado a ser como o lixo deste mundo e como a escória de todos. (1 Co 4.9-13)

  Diante de toda essa realidade adversa, Paulo não reclamou, não murmurou e nem se queixou da sua situação:

  Porque sei que disto me resultará salvação, pela vossa oração e pelo socorro do Espírito de Jesus Cristo, segundo a minha intensa expectação e esperança, de que em nada serei confundido; antes, com toda a confiança, Cristo será, tanto agora como sempre, engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja pela morte. Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho. (Fp 1.19-21)

  Ele foi um grande exemplo e incentivador da alegria do Senhor: "Regozijai-vos, sempre, no Senhor; outra vez digo: regozijai-vos" (Fp 4.4). Aos tessalonicenses, ele escreveu:   "Regozijai-vos sempre" (1 Ts 5.16).

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16De BARROS, Aramis C. Doze homens, uma missão, p.467-8.

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 Elinaldo R Lima




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