domingo, 19 de fevereiro de 2023

CPAD- 9 LIÇÃO : O AVIVAMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL

 

TEXTO ÁUREO

“E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus. E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.” (At 19.5,6)

VERDADE PRÁTICA

Deus derramou o grande avivamento pentecostal no Brasil. Ele pode avivar mais uma vez o seu povo.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Atos 19.1-7

1- E sucedeu que, enquanto Apolo estava em Corinto, Paulo, tendo passado por todas as regiões superiores, chegou a Éfeso e, achando ali alguns discípulos,
2- disse-lhes: Recebestes vós já o Espírito Santo quando crestes? E eles disseram­-lhe: Nós nem ainda ouvimos que haja Espírito Santo.
3- Perguntou-lhes, então: Em que sois batizados, então? E eles disseram: No batismo de João.
4- Mas Paulo disse: Certamente João batizou com o batismo do arrependimento, dizendo ao povo que cresse no que após ele havia de vir, isto é, em Jesus Cristo.
5- E os que ouviram foram batizados em nome do Senhor Jesus.
6- E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas e profetizavam.
7- Estes eram, ao todo, uns doze varões.

PLANO DE AULA
1- INTRODUÇÃO

Na lição desta semana, estudaremos a respeito do Avivamento Pentecostal no Brasil. Veremos como que o que ocorreu ao longo do livro de Atos dos Apóstolos, repetiu-se em terras brasileiras, como que Deus chamou um povo no Brasil para viver na plenitude do Espírito Santo. Ele o capacitou com a mensagem pentecostal, o equipou com autoridade e o estabeleceu com dons espirituais para que, em meio a perseguições, crescesse exponencialmente. Deus fez uma grande obra em nosso país por meio do Avivamento Pentecostal.
2- APRESENTAÇÃO DA LIÇÃO
A) Objetivos da Lição:

I) Mostrar que o movimento de Atos se repete no Brasil;
II) Pontuar o nascimento do novo movimento;
III) Explicar a expansão do avivamento pentecostal.
B) Motivação: Ao olhar para o passado é possível perceber uma grande obra que os pioneiros pentecostais plantaram. A obra de um pioneiro revela desprendimento pessoal para o bem de um projeto espiritual. O que você tem feito de modo que sua obra possa ser semelhante a de um pioneiro?
C) Sugestão de Método: Pesquise a história de um pioneiro de sua igreja local. Aponte a época da obra, as pessoas que se reuniram pela primeira vez, e as primeiras dificuldades para plantar uma igreja. Após fazer a sua pesquisa, organize-se para apresentar como introdução a lição em classe. Relacione o que você pesquisou com a motivação da lição.
3- CONCLUSÃO DA LIÇÃO
A) Aplicação: Deus chama um povo para andar na plenitude do Espírito. Na dependência do Espírito Santo é possível fazer uma grande obra. É vontade do Santo Espirito usar pessoas com o seus instrumentos a fim de que haja crescimento no Reino de Deus. Estamos nos colocando à disposição para ser esses instrumentos?
4- SUBSÍDIO AO PROFESSOR
A) Revista Ensinador Cristão. Vale a pena conhecer essa revista que traz reportagens, artigos, entrevistas e subsídios de apoio a Lições Bíblicas Adultos. Na edição 92, p.40, você encontrará um subsídio especial para esta lição.
B) Auxílios Especiais: Ao final do tópico, você encontrará auxílios que darão suporte na preparação de sua aula:
1) Para aprofundar o segundo tópico, o texto “Pontos pentecostais importantes” destaca as principais ênfases do Movimento Pentecostal ao longo da história;
2) Para aprofundar o terceiro tópico, o texto “Um Novo Movimento” traz uma reflexão a respeito do caráter de movimento que o Avivamento Pentecostal obteve desde sua origem.
INTRODUÇÃO
A chegada do Movimento Pentecostal ao Brasil mudou a realidade espiritual deste país de forma inquestionável e irreversível em termos de liturgia, proclama­ção do Evangelho, manifestação do poder de Deus com sinais, prodígios e maravilhas. Vindo dos Estados Unidos, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren chegaram em terras brasileiras em 1910. Por instrumentalidade desses servos, Deus iniciou o maior avi­vamento espiritual em terras brasileiras. O Avivamento Pentecostal no Brasil é o que estudaremos nesta lição.

PALAVRA-CHAVE:

 PENTECOSTES
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
*PENTECOSTES

“O Espírito Santo fará a sua obra, se confiarmos e incentivarmos as pessoas a permiti-la. Tenho vibrado ao visitar diversos países e encontrar moças e rapazes inteligentes, espirituosos e cheios de zelo à volta de Jesus. Cada um de nós deve estar grato a Deus por fazer parte desse movimento. Abra o coração ao Espírito Santo e permita-lhe fazer sua obra através de voce”. Amplie mais o seu conhecimento, lendo a obra O Avivamento Pentecostal, editada pela CPAD, p.53.
AUXÍLIO TEOLÓGICOS HISTÓRICO
PONTOS PENTECOSTAIS IMPORTANTES

“Os pentecostais enfatizam uma experiência pós conversão conhecida como ‘batismo no Espírito Santo’. A singularidade do ensino dos pentecostais, contudo, e que os dons do Espirito (ou charismata) devem normalmente acompanhar esta experiencia de batismo e con­tinuar a ser manifestados na vida do crente e na igreja.

Os dons mais frequentemente enfatizados pelos antigos pentecostais era o falar em linguas e os dons de curar. O ensino da ‘evidencia inicial’ e o ponto central da teologia da maioria das igrejas pentecostais clássicas em todo o mundo. Este ensino enfatiza que o falar em línguas (glossolalia) desco­nhecidas do falante e o primeiro sinal, necessário para se saber que alguém recebeu a experiência pentecostal.
Este ensino é baseado no fato de que as línguas apareceram quando o Espírito foi derramado na Igreja Primitiva, em Atos 2, 10 e 19, e estão implícitas em Atos 8 e 9″ (Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.567)
AUXÍLIO TEOLOGICOS HISTÓRICO
UM NOVO MOVIMENTO

“Os antigos pentecostais não se consideravam como uma nova denominação, mas preferiram ser vistos como um movimento de avivamento que tinha uma mensagem para o Corpo de Cristo como um todo. A primeira igreja pentecostal foi fundada em Copenhague, em 1912. Consequentemente, algumas outras igrejas locais foram fundadas. Essas igrejas independentes organizaram-se em uma associação livre.
Embora as igrejas dinamarquesas mantiveram laços estreitos com outros grupos pentecostais da Escandinávia, o Movimento Pentecostal não prosperou na Dinamarca como na Noruega e Suécia” (Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.569).
CONCLUSÃO
Antes do Avivamento Pentecostal em solo brasileiro, o que dominava o cenário religioso era o sistema de doutrina das igrejas históricas que não admitia o batis­mo no Espírito Santo, com sinal evidente de falar em novas línguas, bem como o exercício dos dons espirituais. Essas manifestações espíritas, fundadas na Palavra de Deus, são marcas do verdadeiro Avivamento Pentecostal no Brasil.

CPAD – TEMA: AVIVA A TUA OBRA – O chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus
Lição 09: O Avivamento Pentecostal no Brasil



E

 m termos espirituais, o Brasil começou sob o manto do catolicismo romano no dia do seu descobrimento, em 22 de abril de 1500, com a chegada dos portugueses naquilo que se chamaria mais tarde de terras brasileiras. O acontecimento fez parte das grandes navegações empreendidas por Portugal em várias partes do mundo. Como diz a História do Brasil, Pedro Álvares Cabral (1467-1520) aqui chegou com 13 embarcações com cerca de 1200 homens. A expedição avistou um monte na Bahia que foi chamado de Monte Pascoal, que recebeu este nome por ter sido avistado na época da Páscoa. Após o contato inicial com os habitantes do Brasil - os indigenas os portugueses pacificamente, inclusive com troca de presentes, resolveram realizar uma missa num domingo, dia 26 de abril, celebrada pelo frei Henrique de Coimbra.

  Os portugueses imaginavam ter chegado a uma grande ilha, a que deram o nome de Ilha de Vera Cruz, depois denominada Terra de Santa Cruz, inspirado na cruz, simbolo da fé católica que se implantou na nova terra descoberta. Segundo alguns historiadores, havia cerca de sete milhões de indigenas vivendo no Brasil. Como Portugal era uma nação de população católica, os seus governantes, além do objetivo de colonizar as novas terras por eles descobertas, tinham a ideia de disseminar a fé católico-romana nas novas colônias. Aos poucos, com o passar dos anos, as crenças católicas foram-se misturando com as crenças dos escravos negros e as dos indigenas, gerando uma espécie de sincretismo religioso que descaracterizou completamente a fé católico-romana.

  Na introdução do catolicismo no Brasil, teve grande importância a ação dos Jesuitas, padres pertencentes à Companhia de Jesus, criada em 1534 pelo padre Inácio de Loyola (1491-1556). A sua atuação fazia se através de intensa evangelização e catequese. Os Jesuitas surgiram dentro do movimento contra a Reforma Protestante, e a sua missão mais importante em termos estratégicos era a de dificultar e até impedir o crescimento do protestantismo no Brasil e em outras colônias portuguesas. Em 1759, os jesuitas foram expulsos pelo Marqués de Pombal (1699-1782), por motivo de terem-se tomado absolutistas, não respeitando a separação da religião do Estado, objetivando fortalecer o catolicismo como religião oficial.

  Os protestantes sempre foram malvistos pelos portugueses. Os primeiros protestantes que tiveram permissão para construir um templo foram os ingleses, em 1817, mas só podiam pregar "para funcionários da embaixada, comerciantes, marinheiros e viajantes de passagem pela cidade. Não era uma congregação, mas uma capelania apenas. Em 1823, na Assembleia Constituinte, um orador católico disse que o Brasil era feliz por não contar no seio de sua grande familia nem uma só seita, das infinitas que há no protestantismo" 27

  O primeiro culto evangélico realizado no Brasil ocorreu em Nova Friburgo em 1824, no dia 3 de maio, dirigido pelo pastor que acompanhava os imigrantes. Em 1835, igrejas norte-americanas enviaram missionários, mas voltados para dar assistência a americanos que estavam no país, onde não constava nenhuma conversão de brasileiros. Somente em 1858 foi aberta a primeira igreja protestante no Brasil em lingua portuguesa (atualmente chamada Igreja Evangélica Fluminense) quando o Dr. Robert R. Kalley (1809-1888), médico e pastor, iniciou a pregação e o ensino da Biblia em lingua portuguesa. Em 1862, foi fundada a primeira Igreja Presbiteriana Brasileira, também no Rio de Janeiro. Hä, porém, outra informação de que a primeira igreja evangélica no Brasil teria sido a "Igreja Reformada Potiguara", fundada em 1630 na Paraiba, no tempo da ocupação holandesa.

  Anos depois, instalaram-se os irmãos metodistas, batistas, luteranos, em geral, por meio de igrejas reformadas, seguidoras dos ensinos dos teólogos que adotaram os principios e propostas da Reforma Protestante do século XVI. Como foi visto em capitulo anterior, as igrejas reformadas não valorizaram a ação do Espirito Santo no seu meio, conforme diz a Palavra de Deus. Não aceitaram e nem aceitam ainda hoje as manifestações espirituais do balismo no Espirito Santo com evidência inicial de linguas estranhas, nem valorizam a atualidade dos dons espirituais nos dias presentes, mantendo a sua liturgia formal, sem espaço para expressões de adoração avivada, como em Alos dos Apóstolos.

  A realidade espiritual do Brasil mudou, de forma inquestionável e irreversível, em termos de liturgia, proclamação do evangelho e manifestação do poder de Deus com sinais, prodigios e maravilhas, com a chegada do movimento pentecostal, vindo dos Estados Unidos, com os missionários Daniel Berg (1884-1963) e Gunnar Vingren (1879-1933) em 1911. Sem saber sequer falar português, foram chamados e enviados por Deus para o Pará, onde teve início o maior avivamento espiritual no Brasil, que se espalhou pelo Nordeste e por todas as regiões do pais. Vamos meditar neste assunto de grande importância para a compreensão das mudanças no cenário denominacional depois do pentecostalismo.

I-O MOVIMENTO PENTECOSTAL NO BRASIL

1. Antecedentes

  Antes da chegada de missionários pentecostais inflamados pela chama do Pentecostes nos Estados Unidos, predominavam no pals as igrejas históricas e resultantes da Reforma Protestante do século XVI, as chamadas igrejas reformadas. Em todas elas, mesmo consideradas igrejas cristas, a mentalidade dominante era a de que o culto a Deus deveria seguir padrões litúrgicos de igrejas europeias, nas quais predominam o formalismo sóbrio, sem admissão de qualquer expressão de louvor, com glorificação em alta voz, conforme já exorta a Palavra de Deus desde o Antigo Testamento. Nos Salmos, está escrito: "Louvai a Deus com brados. de júbilo, todas as terras" (SI 66.1) e "Celebrai com júbilo ao Senhor, todos os moradores da terra; dai brados de alegria, regozijai-vos e cantai louvores" (SI 98.4).

  As igrejas reformadas nunca aceitaram, principalmente em séculos passados, o movimento pentecostal. Quando esse movimento chegou ao Brasil, foi perseguido pelos católicos romanos de tal forma que houve apedrejamento de crentes; foi negado até o leite para os seus filhos, procissões foram feitas em protesto contra os "bodes", os "capas verdes", apelidos contra os que professavam a fé pentecostal. Todavia, os crentes das igrejas reformadas também participaram dessa perseguição. Não chegaram a atacar os pentecostais, mas reverberaram contra eles as piores qualificações. Chamaram-nos até de feiticeiros, macumbeiros e outros adjetivos pejorativos, mas o avivamento pentecostal no Brasil foi mandado por Deus. E, quando ele abre a porta, ninguém a fecha (ver Ap 3.7).

A chamada de Gunnar Vingren

  Quando jovem, o sueco Adolph Gunnar Vingren teve o chamado de Deus para a sua obra e viajou para os Estados Unidos em 1903. Vingren trabalhou como foguista, porteiro e jardineiro. Lá nos Estados Unidos, fez curso num seminário teológico sueco da Igreja Batista, concluindo os seus estudos em 1909. O movimento pentecostal no Brasil é fruto do Avivamento da Rua Azusa em 1906, em Los Angeles Chicago foi uma cidade onde o "fogo" do Pentecostes incendiou muitas vidas. Em 1909, Gunnar Vingren, ex- aluno do Seminário Teológico Batista Sueco, tornou-se pastor da Igreja Batista Sueca em Menominee, Michigan. A igreja decidiu que ele seria enviado como missionário para Assam, na India, mas ele não sentiu paz no coração.

  Vingren comunicou que não poderia aceitar o chamado, porque não sentia ser da vontade de Deus. Por esse motivo, a sua noiva rompeu o noivado, e ele disse: "Seja feita a vontade do Senhor. Indo a Chicago, foi a uma conferência da Primeira Igreja Batista Sueca, uma igreja histórica reformada. Ali, Vingren recebeu of balismo no Espirito Santo com evidência inicial de falar linguas estranhas. Em consequência, foi rejeitado pela igreja onde servia.

  Em 1910, foi aceito pela Igreja Batista de South Bend, Indiana, que se transformou numa igreja pentecostal. Deus falou com Vingren. que ele iria para um lugar de povo muito simples chamado Pará. Fato interessante é que, nesse meio-tempo, Deus também falou que ele iria casar-se com uma jovem chamada Strandberg. Anos depois, ele casou-se com Frida Strandberg. Isso é mais uma prova de que o Senhor dirige os passos de "um homem bom" (SI 37 23).

A chamada de Daniel Berg

  Gustaf Daniel Högberg, mais conhecido como Daniel Berg, era um jovem sueco cristão. Aos 18 anos, em 1902, emigrou da sua terra, a Suécia, para os Estados Unidos, por causa da crise económica que assolou a Europa. A sua viagem fez com que passasse pela Inglaterra, onde tomou o navio em Liverpool em 11 de março de 1902. Foram 14 dias de viagem, chegando aos EUA em 25 de março. O seu primeiro emprego foi numa fazenda, onde cuidava de animais e carroças. Depois foi para a Pensilvania, onde fez curso de fundidor e trabalhou numa fundição. Durante oito anos, trabalhou como fundidor para a sua manutenção. As saudades do lar fizeram- no voltar à Suécia por algum tempo. Ali encontrou um amigo crente, com quem ouviu sobre o batismo no Espirito Santo. Ambos conversaram sobre isso, oraram, mas Berg estava decidido a voltar aos Estados Unidos: "No ano de 1909, ao aproximar-se dos Estados Unidos, suas orações foram respondidas: recebeu o batismo com o Espirito Santo 28 A sua vida mudou completamente. Cheio do Espirito Santo, passou a pregar com mais entusiasmo acerca da salvação em Cristo Jesus.

  O encontro entre Vingren e Berg

  Os dois jovens obreiros suecos encontraram-se na Igreja Batista de South Bend, onde se realizava uma conferência evangélica. Compartilharam os seus anseios e projetos e entenderam que estavam sendo chamados por Deus para a sua obra; então, passaram a orar diariamente. Através do irmão Adolf Uldin, que já os conhecia, souberam que Deus iria enviá-los a um lugar chamado Pará, mas não sabiam onde se encontrava tal lugar. Foram a uma biblioteca pública e pesquisaram, constatando que o Pará era um Estado que ficava ao norte do Brasil, na América do Sul. Em oração, sentiram que essa era a vontade de Deus para as suas vidas. Ao comunicarem a sua decisão à igreja, não foram bem acolhidos.

  A igreja comunicou que não tinha condições de enviá-los ao lugar indicado. Daniel Berg foi desestimulado pelo seu patrão a não ir para a missão, pois na cidade havia pessoas a ser evangelizadas. O que os dois tinham em dinheiro eram 90 dólares, que era o preço da passagem para o Pará. No entanto, de modo incompreensivel, ouviram a voz de Deus que lhes ordenava que dessem os 90. dólares para um jornal pentecostal. Acharam estranho, mas obedeceram. E ficaram esperando o que o Senhor havia de fazer. Para ir ao Brasil, precisavam deslocar-se até Nova Iorque. Na despedida, os irmãos deram-lhes oferta que permitia chegar ali

Em direção ao Brasil

  Já em Nova Iorque, os dois missionários procuraram um navio que os levasse ao Brasil, Foi dificil, mas encontraram o referido navio e compraram as passagens de terceira classe para sobrar algum dinheiro. No dia 5 de novembro de 1910, partiram dos Estados Unidos em direção ao Pará. No navio, de nome "Clement", começara a sua missão. Mesmo sem falar nada do idioma português, pregaram o evangelho aos tripulantes e passageiros, e, para a grande alegria deles, um dos passageiros aceitou a Cristo como salvador. Era o primeiro fruto da missão, em pleno oceano, a bordo do navio. A viagem durou 14 dias, e os dois chegaram ao- Pará no dia 19 de novembro de 1910.30 Vingren e Berg foram verdadeiros apóstolos, no sentido real da palavra, enviados por Deus para uma missão que transcendia as suas limitações humanas e culturais; o objetivo era iniciar uma grande obra, que seria marcada por um grande avivamento espiritual.

A chegada ao Brasil

  Ao chegarem a Belém em 19 de novembro de 1910, os dois missionários não conheciam ninguém e nem sabiam falar português. Os dois com as suas respectivas malas caminharam e sentaram-se num banco na Praça da República, onde fizeram a primeira oração em terras brasileiras, Ali souberam que a cidade estava cheia de doentes, leprosos, portadores de febre bubonica, malária; eles viram a pobreza do povo que contrastava com a riqueza que viram na América.

  Enquanto aguardavam na Praça da República uma resposta de Deus, passava por ali uma familia que viera no navio e falava inglés. Perguntaram se eles já tinham encontrado hotel, e eles responderam que não. Então, os dois foram convidados para ir ao hotel onde a familia estava. Naquele hotel, encontraram outral pessoa que falava inglês e perguntaram se conheciam algum protestante na cidade. Indicaram-lhes o endereço de um pastor metodista, americano, e foram ao seu encontro. Era o irmão Justus Nelson, Este os apresentou ao pastor da Igreja Batista Brasileira. Esse pastor permitiu que os missionários morassem no porão da igreja. Era um ambiente úmido, sem janelas, infestado de mosquitos, no intenso calor tropical. Nesse interim, conheceram o irmão Adriano Nobre, membro da Igreja Presbiteriana no Pará e comandante do Navio Port of Pará, que navegava polo rio Amazonas. Como falava inglês, Adriano começou a conversar com os missionários e soube que vieram dos Estados Unidos.

2. A Pregação do Avivamento Espiritual

Pregando a doutrina do batismo com o Espirito Santo e a cura divina

  A pregação dos missionários chamou a atenção das igrejas tradicionais, como Batistas, Presbiterianas e Motodistas, e causou incômodo e preocupação. Eles não foram bem aceitos pelos pastores das igrejas históricas. A irma Celina de Albuquerque, membro da Igreja, declarou que aceitava a mensagem do Batismo no Espirito Santo e tomou a decisão de ficar em casa, orando a Deus para que confirmasse se era a doutrina certa.

A primeira pessoa batizada no Espirito Santo

  Deus ouviu a oração daquela humilde serva dele. A 1h da madrugada do dia 8 de junho de 1911, quando orava na sua casa, situada na Rua Siqueira Mendes, no 79 (atualmente o número é 161), a irma Celina de Albuquerque foi batizada no Espirito Santo.

  Uma amiga, de nome Nazaré, sabendo da novidade, foi à casa de um irmão da igreja Batista, José Batista de Carvalho, levar a noticia do que ocorrera com a irma Celina. Havia vários irmãos reunidos que falavam dos últimos acontecimentos na igreja. Entre eles, estava o diacono Joao Maria Rodrigues, que creu e foi batizado no Espírito Santo, que tem como evidência inicial o falar em linguas estranhas. No dia seguinte, a irma Nazaré também foi alcançada pelo batismo pentecostal. Vários irmãos foram à casa de Celina Albuquerque para conferir o que ocorrera

Desconfiança e expulsão

  Como não podia deixar de acontecer, o assunto tomou conta de todos na igreja Batista e causou preocupação à liderança. Formaram-se dois grupos: um aceitava a "nova doutrina" trazida pelos missionários; já o outro não aceitava de forma alguma aquele tipo de ensino e de prática, considerando-a heresia que não se harmonizava com os ensinos da igreja Batista. Como resultado, houve reunião em que o evangelista, auxiliar do pastor, muito jovem e sem experiência, propós que se manifestassem os que estavam de acordo com os missionários Diz o Diário do Pioneiro "Ele somente disse: todos os que estão de acordo com a nova seita, levantem-se". Dezenove deles afirmaram que aceitavam aquele ensino. Num culto cheio de agitação, o dirigente, um jovem seminarista, declarou a expulsão dos 19 membros que aceitavam aquela inovação considerada herética.

  No dia 13 de junho de 1911, foram excluidos naquele culto os seguintes irmãos: "Celina de Albuquerque e o seu esposo, Henrique de Albuquerque: Maria de Nazaré; José Plácido da Costa (0) dirigente da igreja). Piedade da Costa, Prazeres da Costa, Manoel Maria da Costa e a sua esposa; Jerusa Dias Rodrigues, Joaquim Silva, Benvinda Silva, Tereza Silva de Jesus, Isabel Silva, Ana Silva, José Batista de Carvalho, Maria José Batista de Carvalho e Antônio Mendes Garcia" 32

II - O NASCIMENTO DA NOVA IGREJA

1. Um Começo muito Dificil

  Como ficaram sem local para cultuar a Deus, os dezenove irmãos resolveram criar uma igreja local para poderem reunir-se. No dia 18 de junho de 1911, na residência do casal Henrique Albuquerque e irmă Celina Albuquerque, fundaram a nova igreja, que recebeu a denominação de Missão de Fé Apostólica Ficou acertado que a igreja funcionaria na casa dos irmãos até que encontrassem um local apropriado para o seu endereço próprio.

  Depois, estabeleceram a igreja num prédio que adquiriram, situado na Av. São Jerônimo, 224. Inaugurado no dia 11 de maio de 1918, data considerada oficial da fundação da Assembleia de Deus no Brasil, quando foi registrada como pessoa juridica. Dali, o Espírito Santo irradiou o movimento pentecostal para todo o Brasil. Inicialmente, pelo Estado do Pará; depois, pelos Estados do Nordeste, em seguida, pelo Sudeste, pelo Norte e pelo Sul, alcançando, assim, todos os rincões brasileiros. Os estudos de Teologia de Vingren não foram o "combustivel para que o fogo pentecostal fosse espalhado, muito menos a rudeza do fundidor e quitandeiro, Daniel Borg, mas, sim, os efeitos visíveis da doutrina. pentecostal no coração dos convertidos à fé crista.

  Crescimento e perseguição

  O avivamento espiritual provocou mudanças significativas e visiveis na maneira de evangelizar. Os missionários continuaram a obra, realizando cultos ao ar livre e pregando em muitos lugares. As perseguições eram grandes: "Os primeiros batismos no Pará foram feitos todos em segredo, geralmente ás 11 horas da noite, pois não tinham nem igrejas nom tanques do batismos",33 Num batismo, à beira-mar, os inimigos cercaram o local e quiseram impedir o ato batismal. Um deles sacou de um punhal e investiu contra Vingren. A irma Celina jogou-se na frente e impediu o crime. O batismo foi realizado sob ameaças, e, ao término, todos molhados, sairam ás pressas sem trocar de roupa. Foram muitos os inimigos. Em Mosqueiro, no interior, a casa onde pregavam foi apedrejada. Tiveram que fugir acossados por cães de caça, mas Deus poderosamente os livrou.

Curas divinas

  Como em Atos dos Apóstolos, o avivamento espiritual fez-se sentir em sinais e maravilhas. Conta Ivar Vingren:

  Um irmão foi curado de enfermidade muito grave na pera. Uma irmã for curada de uma enfermidade incuravel no labio. Um outro que tivera dor de cabeça, durante dez anos, foi curado. Um homem paralitico que estava moribundo, e não podia mais falar, foi curado e veio depois para nossos cultos. Uma criança que estava moribunda com febre, foi curada Um homem de idade, que sofrera com hémia por nove anos, foi curado Um outro homem, que havia estado enfermo muitos meses com febre e tinha todo o seu corpo inchado, foi tanto curado, como batizado com o Espirito Santo, além de ter recebido o dom de profecia.

  O relato conta que uma irmã que era cega foi curada:

  Um homem que viu seu filho morrer, tomou-o nos braços e começou a invocar o nome do Senhor Imediatamente a criança voltou à vida. A esposa, quando viu o que aconteceu, se entregou ao Senhor 34.

  Avivamento é isto: impactos espirituais na vida das pessoas. A doutrina tradicional das igrejas reformadas não demonstrava nenhum sinal de poder na vida dos que aceitavam a Cristo, já com o avivamento pentecostal, as coisas extraordinárias aconteciam.

2. Por que a Obra Cresceu

  O avivamento espiritual não permite a inação, a letargia ou o comodismo eclesiástico ou ministerial. É como "um venio impetuoso sobre a calmaria das doutrinas cossassionistas nas igrejas históricas. O Pentecostes provoca movimento do Espirito Santo nas pessoas e nas igrejas. O batismo no Espírito Santo, que tem como evidência inicial as linguas estranhas, a ênfase nos dons espirituals, as curas divinas incontáveis, os prodigios e maravilhas operados por Deus mediante homens e mulheres humildes; a ênfase na vida de santidade, que era bem clara e indiscutivel na separação do mundo não só em termos de doutrina, como também em termos de usos e costumes, que caracterizavam aos olhos dos estranhos que os pentecostais eram um povo diferente "por dentro e por fora"

  Com tais caracteristicas, os crentes eram tachados de "os biblias", "os bodes", "os capa verdes", "fanáticos", não só por parte dos romanistas, como também pelos crentes de outras denominações.

  Contudo, o revestimento de poder do alto foi a causa primordial do crescimento da obra pentecostal no Brasil nos seus primeiros anos e espalhou-se como fogo por meio da evangelização dinâmica e cheia de amor pelas almas. Os pregadores, no inicio, cram comumente pessoas simples, muitas indoutas, sem cultura formal, mas cheias do Espírito Santo. E foram usados como instrumentos poderosos nas mãos de Deus.

III-A EXPANSÃO DAS ASSEMBLEIAS DE DEUS

1. Um Modelo Centrifugo

  O avivamento espiritual fez com que as Assembleias de Deus no Brasil buscassem realizar o modelo de crescimento centrifugo, ou seja, de dentro para fora, do centro para a periferia. Os pentecostals iniciam os seus trabalhos num pequeno salão, numa casa, num bairro, numa cidade; começam a evangelizar pelas ruas, pelas casas, pelas escolas, pelos hospitais, e o trabalho cresce. Depois, procuram um local mais amplo para atender ao crescimento da igreja e buscam seguir o que Jesus prometeu: "Mas recebereis a virtude do Espirito Santo, que há de vir sobre vos; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra" (Al 1.8). Ou seja: Jerusalém foi o centro inicial da pregação do evangelho; dali se expandiu para Judeia e Samaria e, por meio da obra missionária, tem chegado a todos os lugares do mundo. Trata-se de um modelo de crescimento diferente das igrejas históricas. Estas crescem de forma centripeta, de fora para dentro. Não saem para buscar as almas lá fora, onde os pecadores estão. E ainda há aquelas, mesmo pentecostais ou neopentecostais, que procuram crescer ou melhor, "inchar"- com crentes de outras igrejas Esse não é o modelo das Assembleias de Dous

2. Um Crescimento Acentuado

  Ao longo da história das Assembleias de Deus no Brasil, a obra começou pequena, mas foi crescendo a olhos vistos; não apenas em termos numéricos, mas, acima de tudo, "em demonstração do Espirito e de poder" (cf. 1 Co 2.4). Esse é o modelo de crescimento assembleiano. Não cresce buscando ou "pescando" almas noutras igrejas. Cresce porque evangeliza, discipula e cuida das vidas alcançadas pelo evangelho de Cristo, como dito no item 1. Um pouco da história do avivamento pentecostal através das Assembleias de Deus no Brasil mostra como se desenvolveu a nova igreja. Os dados não foram atualizados, mas o padrão de crescimento tem sido constante, sempre com base no modelo biblico, ordenado por Jesus: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado" (Mc 16.15,16).

  Segundo Buriton (pp. 232-234), em 1960, as Assembleias de Deus passaram a responder por 70% do evangelismo nacional, congregando 50% dos evangélicos brasileiros, principalmente no interior e entre as camadas mais humildes da população. A sua influência tem sido de tal monta que grande parte das igrejas históricas, tradicionais, voltou-se para a busca da fé pentecostal. Em 1970, as Assembleias de Deus contavam com 62,6% dos evangélicos brasileiros, que chegavam a 2,6 milhões (Kessler e outros, pp. 11,12). Em 1980, o censo do IBGE dava conta de que, no Brasil, havia 7.885.846 evangélicos. Os pentecostals participavam com cerca de 48%. Segundo os últimos dados do IBGE (dados ente 1991 e 2001), os evangélicos, em 2002, eram 26 milhões de adeptos, e as Assembleias de Deus constituiam-se, naquela época, na maior denominação evangélica do Brasil, passando de 2,4 para 4,5 milhões de fiéis; com 22 mil templos e 21 mil pastores. O jornal Mensageiro da Paz (Junho de 2002) informou- nos de que os assembleianos contavam com mais de 8 milhões (dados atualizados), somando 32% dos evangélicos ou 5% da população brasileira. Não devemos esquecer que tudo isso é fruto das raizes pentecostais, fincadas pelos pioneiros do Movimento Pentecostal no Brasil.

  Com a estimativa de 22,5 milhões de membros, a Assembleia de Deus no Brasil é hoje a maior denominação pentecostal do mundo. Em segundo lugar, está a Coréia do Sul com 3,1 milhões. As Assembleias de Deus no Brasil puxaram o crescimento dos evangélicos no pais e, segundo projeções, deverá ultrapassar os 100 milhões em 2020. As estimativas apontam ainda mais de 35 mil ministros e mais de 100 mil templos espalhados por todo o Brasil. Na verdade, a Assembleia de Deus está presente até mesmo nos lugares onde as estruturas governamentais não estão. Ao todo, as Assembleias de Deus têm 64 milhões de membros espalhados no mundo e 363.450 ministros, divididos entre 351.645 igrejas e presentes em 217 paises O Brasil lidera essa lista com 22,5 milhões de membros, de acordo com as estimativas da igreja nos EUA Veja a ista dos paises com os maiores números de membros (Tabela 1)

Tabela 1 - Ranking dos paises com os maiores números de membros assembleianos

Posição no ranking Pais:

Número de membros (em milhões)


  Louvamos a Deus pela belissima história do avivamento espiritual no Brasil promovido pela bênção dos céus sobre o movimento pentecostal, trazido da outra América para cá pelos pioneiros, os missionários Daniel Berg e Gunnar Vingren, que deram as suas vidas e os seus ministérios em prol da evangelização brasileira. Eles deixaram um legado espiritual de tal amplitude e abrangência que só os céus podem avaliar a sua real dimensão.

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RIBEIRO, Boanerges Protestantismo no Brasil monàrquico, pp. 17.18.

27bid, p. 18.

BERG, Daniel Enviado por Deus, p. 227 VINGREN, Ivar Diário de um Pioneiro, p. 20

KESSLER, Gustavo e outros, História das Assembleias de Deus no Brasil, pp 13-18 31BERG, Daniel Enviado por Deus, p. 42

32 Gustavo KESSLER et al. História das Assembleias de Deus no Brasil, pp. 26, 27

33VINGREN, Ivar. Diário do Pionero, p. 34 34 35

35A Assembleia de Deus no Brasil é a Malor do Mundo Disponivel, em https://fronterafinal wordpress.com/2011/07/02/assembleia-de-deus-brasil-maior-do- mundo Acesso em 05.05.2016

  Aviva a Tua Obra - O Chamado das Escrituras ao quebrantamento e ao poder de Deus



 


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