TEXTO ÁUREO
Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele
procedem as saídas da vida.
Provérbios 4.23
OBJETIVOS
Entender
que a
história de vida reflete os sentimentos pessoais;
Compreender
que o
novo homem em Cristo ganha um novo sentimento;
Admitir
que o
bom relacionamento começa, quando se vive em paz consigo mesmo.
“ TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Salmo 42.5-11
5 - Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas em mim?
Espera em Deus, pois ainda o louvarei na salvação da sua presença.
6 - Ó meu Deus, dentro de mim a minha alma está abatida; portanto,
lembro-me de ti desde a terra do Jordão, e desde o Hermom, e desde o pequeno
monte.
7 - Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as
tuas ondas e vagas têm passado sobre mim.
8 - Contudo, o Senhor mandará de dia a sua misericórdia, e de noite a
sua canção estará comigo: a oração ao Deus da minha vida.
9 - Direi a Deus, a minha Rocha: Por que te esqueceste de mim? Por que
ando angustiado por causa da opressão do inimigo?
10 - Como com ferida mortal em meus ossos, me afrontam os meus
adversários, quando todo o dia me dizem: Onde está o teu Deus?
11 - Por que estás abatida, ó minha alma, e por que te perturbas dentro
de mim? Espera em Deus, pois ainda o louvarei. Ele é a salvação da minha face e
o meu Deus. ”
Deus abençoe
sua vida!
Você vive um relacionamento abusivo consigo mesmo?
Imagine conviver com alguém que te diga, em
alto e bom som, tudo aquilo que você diz para si mesmo. Para muitos de nós, é
inconcebível viver com alguém que personifique nosso diálogo interno,
simplesmente porque ele é abusivo demais. Achamos inadmissível que alguém nos
chame de incompetentes, desinteressantes, chatos, sem graça e pouco atraentes.
No entanto, nos autorizamos a usar estes adjetivos para qualificar a nós mesmos
como se o auto ataque fosse menos danoso. Mas não é. Nosso cérebro processa de
forma similar o mundo externo, que percebemos, e o mundo interno, que
imaginamos. Quer fazer um teste? Feche os olhos e imagine seu prato favorito. Imagine
o cheiro, as cores, a textura da comida. Salivamos ao entreter a imagem sobre o
prato predileto, da mesma forma que salivaríamos ao ver a comida sobre a mesa.
As consequências de viver um relacionamento abusivo, seja consigo mesmo ou com
o outro, são parecidas. Entre elas estão a baixa autoestima, considerar-se
culpado e merecedor dos adjetivos maldosos. Quando o abusador é interno, existe
ainda um problema a mais: ele está presente 24 horas, todos os dias. O auto
ataque pode carregar um sentimento de desprezo, raiva ou impaciência em relação
a si mesmo. Antes de uma apresentação, por exemplo, é comum sofrer por
antecipação com pensamentos do tipo “espero que eu não estrague tudo”. Diante
de um elogio, brotam os julgamentos “não foi tão bom assim”, “qualquer um
poderia ter feito a mesma coisa”. Diante do erro, vem a constatação “eu sabia
que iria vacilar”, “não sei porque ainda insisto”. Também é comum sofrer com a
repetição dos pensamentos, “eu deveria ter”, “se eu tivesse”. E a conclusão é
que você errou porque você é o problema. Quando o autocrítico é severo demais
ele inflaciona a sua culpa. Ele desconsidera todos os fatores externos que
contribuíram para que você agisse de tal forma. Ele te comunica que é
necessário fazer mais ou mudar para ser bom o suficiente.
Pesquisas demonstram que o auto ataque é
ainda mais normal em sociedades em que a perfeição é tida como natural e
esperada. Não é coincidência que as estatísticas de depressão e ansiedade
estejam crescendo em ritmos assustadores à medida que ideais de perfeição se
tornam comuns nas redes sociais. O auto criticismo excessivo está por trás da
recusa em arriscar novos sonhos, do medo de se colocar em público, de progredir
profissionalmente ou nos relacionamentos. Quando o erro é aversivo demais,
preferimos não tentar.
Mas de
onde vem?
Paul Gilbert, pesquisador e criador da Terapia
Focada em Compaixão, explica que temos a necessidade inata de nos sentirmos
valorosos. Algumas pessoas sentem que tem valor social. Outras, acreditam que o
valor próprio é algo a ser conquistado. Ou seja, o apreço, apoio e
pertencimento não acontecem a priori, mas são resultado daquilo que fazem. Cada
atitude é uma oportunidade de reavaliação. E se precisamos nos avaliar o tempo
inteiro para sabermos se temos valor, está subentendido que não temos valor
intrínseco .
Por trás do auto ataque está a decepção por
não atingir o resultado, ou por não ter as características, que levariam ao
sentimento de valor próprio. Interpretamos o erro como confirmação de que não
somos bons o suficiente. O acerto passa a ser mais um alívio do que motivo de
comemoração.
Começa
cedo
Pesquisas demonstram que as nossas
experiências de vida influenciam nosso senso de valor próprio. Pais negligentes
ou muito críticos, severos e punitivos, tendem a criar filhos mais inseguros. É
claro, quando a pessoa cresce precisando provar que tem valor a todo momento, a
tendência é que ela continue sentindo esta necessidade ao longo da vida. Quanto
mais o sentimento de inferioridade nos assombra, maior a propensão ao
autoataque. Mentores ou professores muito rígidos e experiências de bullying,
também podem contribuir neste sentido. De fato, muitas vezes internalizamos as
palavras e julgamentos que ouvimos ao longo da vida, e a voz do outro passa a
ser a nossa própria. Percebemos que estamos falando conosco da mesma forma como
nossos pais, irmãos, tios, colegas ou professores. É importante estar atento a
este diálogo interno e reconhecê-lo. Entendendo que você pode ouvi-lo, mas não
precisa acreditar em tudo o que ele diz.
De
fato, muitas vezes a mensagem é dura, preconceituosa e até absurda. Dar um
passo atrás e questionar estes pensamentos ajuda a vê-los pelo que são em vez
de acreditar e reforçar este diálogo interno.
O segredo está na intenção
Para
Paul Gilbert, o que diferencia o auto criticismo destrutivo daquele que
contribui para a nossa evolução é a motivação por trás da crítica. Quanto maior
o medo da inferioridade, mais precisamos provar que temos valor. E,
normalmente, fazemos isso a partir da competição com o outro. Se você se compara
e se sente melhor do que o referencial, você conclui que é valoroso. A autocrítica
destrutiva é normalmente motivada pelo desejo de sentir-se melhor do que o
outro. E pelo sentimento de insegurança quando não conseguimos.
Quando
falhamos em manter ou atingir determinada posição social, a mensagem é que não
somos bons o suficiente. Ou que precisamos fazer mais para sermos importantes.
O nosso valor social é ameaçado. Portanto, passamos a nos esforçar para ter
destaque e para esconder aquilo que não gostamos em nós. Este auto criticismo
te aprisiona em um diálogo punitivo e destrutivo, mina a sua autoconfiança e te
deixa paralisado diante de desafios.
Crítica interna
Uma das
ironias a respeito do auto criticismo é que as pessoas sofrem nas mãos do
crítico interno, mas, mesmo assim, temem abandoná-lo. Achamos que nossa
evolução pessoal depende da autocrítica. De certa forma, isso não deixa de ser
verdade. É a crítica construtiva que nos deixa entender onde podemos melhorar.
A capacidade de avaliar os nossos comportamentos e performance, assumir a
responsabilidade por nossos erros, nos torna melhores como indivíduos e como
parceiros. Não tem nada de errado em ter boas expectativas a respeito de si
mesmo e frustrar-se com a falha.
O sentimento de culpa, por exemplo, nos leva
a escolher melhores comportamentos da próxima vez e nos motiva reparar aquilo
ou aqueles que prejudicamos. A boa autocrítica é aquela motivada pelo nosso
sistema afiliativo. Temos o desejo inato de cuidar de nós mesmos e do outro.
Quando a motivação é compassiva, olhamos para nossos erros não porque somos
inferiores, mas porque queremos o que é melhor para nós e para os demais. Ser
bom e valoroso não implica ser livre de erros e defeitos. Podemos melhorar
sempre porque somos humanos e, portanto, naturalmente imperfeitos. Não é nosso
senso de valor que está em jogo, mas o nosso bem-estar.
Quatro passos para corrigir-se
compassivamente
Primeiramente, para corrigir-se
compassivamente é importante partir do sentimento de valor intrínseco. Você
pode até criticar a sua conduta ou o valor do seu comportamento, mas não
duvidar sobre o seu valor. Para que a decepção em relação à conduta não atinja
seu autoconceito, lembre-se que defeitos e erros são os que nos fazem humanos,
iguais aos demais, e não diferentes ou inferiores. Nossos erros são parte de
quem somos, mas eles não nos definem.
Segundo, lembre-se sobre a natureza
multideterminada dos eventos. Raramente somos os únicos responsáveis. Até
nossas características pessoais se desenvolveram a partir de um ambiente que
nos moldou assim. Se você fosse adotado por uma família neozelandesa — ou por
uma tribo indígena — certamente seria muito diferente do que você é hoje.
Existem milhares de versões possíveis para cada um de nós. Tornamo-nos quem
somos a partir do ambiente que estamos inseridos. Nossos erros fazem sentido.
Certamente outras pessoas seriam como você, ou agiriam como você, em situação
similar. Erros não são frutos de má vontade ou incompetência.
Terceiro, mesmo que seus erros e defeitos
tenham inúmeras razões para existir, é sua responsabilidade assumi-los e
consertá-los. Porém é mais fácil e produtivo pensar em soluções a partir
daquilo que você já faz bem ou dos recursos que já tem. Se você está
decepcionado porque costuma perder a paciência com alguém, pense como você pode
usar as suas habilidades e recursos para agir diferente da próxima vez. Faça um
plano.
E, por último, é importante usar um tom de
apoio e compreensão. Uma dica que costuma funcionar é pensar sobre como você
falaria com um grande amigo que passasse por uma situação similar. Ou então,
refletir sobre como alguém que te ama e te admira, falaria com você diante
desta situação. Conectar-se com o seu amor por você mesmo, antes de corrigir-se
é essencial. Lembre-se que a correção compassiva surge do desejo de cuidar, e
não do desejo de competir .
Drulla, Adriana.
Como superar a ansiedade e o medo
“Então, Josafá teve
medo, e se pôs a buscar ao Senhor; e apregoou jejum em todo o Judá… e não
sabemos nós o que fazer; porém os nossos olhos estão postos em ti” 2Cr 20.3,12
Ainda
que tenhamos recebido a Cristo como Salvador, e com Ele o perdão de todos os
nossos pecados (1Jo 1.7), continuamos vulneráveis em nossos sentimentos e
emoções. Já somos novas criaturas (2Co 5.17), mas a nossa velha natureza ainda
é suscetível às circunstâncias que nos advêm. Sendo assim, não é anormal
ficarmos ansiosos, com medo, desanimados e abatidos. O próprio apóstolo Paulo
experimentou tais sentimentos em sua vida cristã (2Co 6.4-10; 7.5-6). Mesmo o
Senhor Jesus, nos Seus últimos dias, revelou a nós a tristeza do Seu coração
(Mc 14.34); contudo, essa tristeza não provém de uma velha natureza no caso de
Jesus e nem havia vulnerabilidade Nele.
Qual
de nós não se sente ansioso e com medo diante de uma enfermidade, do
desemprego, de uma crise familiar, da violência que nos cerca, dos desafios que
temos que assumir ou mesmo diante das lutas pelas quais a nossa igreja passa?
O
terapeuta cristão Gary R. Collins faz uma distinção entre a ansiedade normal,
que é uma reação natural diante dos perigos e ameaças, que é controlada ou
diminuída quando as circunstâncias exteriores se modificam; e a ansiedade aguda
ou neurótica, que desenvolve sentimentos exagerados de desespero e medo, mesmo
quando o perigo é inexistente. Para ambas, Deus providenciou recursos para nos
ajudar nestes momentos. No texto de Filipenses 4, a partir do versículo 2,
notamos que a igreja ou alguns de seus membros estavam em crise de
relacionamento. Aparentemente, as irmãs Evódia e Síntique andavam em desacordo.
Tal desavença estava entristecendo demais os irmãos. Paulo, então, pediu a um
obreiro amigo que promovesse a reconciliação (v.3) e à igreja que, resolvida a
questão, voltasse a se alegrar no Senhor (v.4). Vejamos, nos versículos 6 e 7,
o apóstolo Paulo ensinando o que fazer para vencer a ansiedade e o medo.
I –
IDENTIFICAR A CAUSA DO PROBLEMA
Talvez
a dor dos irmãos e a sua ansiedade tivessem como origem a briga das duas irmãs
(v.2), e Paulo foi direto ao ponto de tensão. Ou seja, descobrir a causa da
ansiedade dá início à solução do problema. Através da observação, reflexão,
autoanálise, leitura da Bíblia, aconselhamento, podemos descobrir o que de fato
nos preocupa. Às vezes, não é fácil esse exercício, mas pode nos fazer muito
bem, se feito adequadamente. Você sabe bem as causas da sua ansiedade quando a
sente? Davi, certa vez, pediu que Deus vasculhasse o seu coração e fizesse
aflorar os males que ali estavam (Sl 139.23-24).
II –
CONSIDERAR A AJUDA DE UM IRMÃO EM CRISTO
Depois
de descobrirmos a causa de nossa ansiedade, devemos atacá-la. O apóstolo Paulo
não teve dúvida, repreendeu as irmãs e as admoestou a pensarem concordemente no
Senhor.
Para
ajudar na resolução do conflito, pediu ajuda de um obreiro. Não sabemos quem
era esse “companheiro de jugo” (v.3), mas o certo é que a sua ajuda foi muito
importante naquela hora. Todo crente deve ter os seus companheiros de jugo,
aquelas pessoas que, em momentos difíceis, ajudam-no em oração e
aconselhamento. Esse apoio fraternal é de especial significado quando o
problema é o tratamento do medo e da ansiedade. A Bíblia afirma que o “perfeito
amor lança fora o medo”. Collins, já citado, afirma que o inimigo do medo é o
amor. Especialmente, demonstrar o amor de Cristo é ajudar também aqueles que
sofrem de ansiedade e medo. Pregar o evangelho do Salvador com paciência e amor
é a melhor maneira de levar outros a expulsar de sua vida o medo e a ansiedade.
III –
ALEGRAR-SE SEMPRE NO SENHOR
Possivelmente
a crise de relacionamento das duas irmãs estava tirando a alegria da igreja. De
fato, toda divisão no corpo de Cristo traz consigo uma tristeza imensa. Talvez
seja por isso que Jesus orou tanto pela unidade de Seus filhos ( Jo 17.11). No
entanto, em meio às lutas, os irmãos foram exortados a se alegrar no Senhor
(v.4). Por maiores que sejam as lutas sempre haverá no Senhor, motivo de
alegria.
No
versículo 6, no meio da ansiedade e medo, deveria, ainda assim, haver ações de
graças. Se olharmos somente para os problemas, ficaremos mais ansiosos ainda.
Se olharmos para alegrar sempre Nele.
Segundo
Collins, alegrar-se, para os cristãos, é uma ordenança permanente do Senhor,
pois Ele disse que jamais nos deixaria. Temos ainda a expectativa de Sua volta
e da vida com Ele num lugar especialmente feito para nós, Seus filhos. Baseados
nessa promessa, podemos viver livres do medo. Precisamos conhecer a palavra do
Senhor para que sejamos consolados e fortalecidos!
IV –
CONFIAR EM DEUS EM ORAÇÃO
Em
Filipenses 4.6, está escrito que a oração é o melhor remédio à ansiedade e ao
medo. Foi em oração que muitos dos heróis da Bíblia aprenderam a confiar no
Senhor.
Jó orou
muito durante a sua crise existencial. Foi crescendo tanto em confiança em Deus
que, no final de suas provações, ele declara: “Eu te conhecia só de ouvir, mas
agora os meus olhos te veem” ( Jó 42.5). Ana, por sua vez, foi embora contente
após ter orado com tanta dedicação ao Senhor e ouvido as palavras do sacerdote
Eli (1Sm 1.9-18). Asafe se mostrou confiante na soberania de Deus após entrar
no santuário e orar (Sl 73.17-28). À medida que confiamos mais no Senhor em
oração, menos a ansiedade e o medo habitam em nós. Em Mateus 6.25-34, o Senhor
Jesus ensina que não devemos ficar ansiosos com a nossa vida. O que devemos
fazer é buscar o reino de Deus e a Sua justiça (v.33). A oração vence a
ansiedade. Quem ora bastante vive bem.
Conclusão
O texto
de Filipenses começa relatando uma crise de relacionamento (v.2), mas termina
com uma promessa de paz (v.7). É possível ter a paz de Cristo ocupando o lugar
do medo e da ansiedade em nossa mente e coração, mesmo que as circunstâncias
externas não mudem.
O que
determina a paz no barco não é a ausência da tempestade lá fora, mas a presença
de Jesus do lado de dentro (Mt 8.23-27). Jesus nos prometeu uma paz que o mundo
não pode dar ( Jo 14.27), no entanto, afirmou, também, que no mundo teríamos
aflições ( Jo 16.33). Paz não é a ausência de problemas e aflições, mas é uma
dependência completa do cuidado de nosso Pai Celeste. Que os recursos
espirituais citados neste texto nos ajudem a vencer a ansiedade e o medo. Que o
Espírito Santo aplique em nosso coração Filipenses 4.2-8, o que nos fará muito
bem. Faz-nos bem refletir esta estrofe de um hino que diz: “Com Tua mão segura
bem a minha, e pelo mundo alegre seguirei. Mesmo onde as sombras caem mais
escuras, Teu rosto vendo, nada temerei” (H.M. Wright)
Nunes de Araújo, Luíz Cezar .
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