TEXTO ÁUREO
“E
disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco:
convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e
nos Profetas, e nos Salmos.”
(Lc
24.44)
VERDADE PRÁTICA
A Bíblia se divide em Antigo e Novo Testamentos,
totalizando 66 livros, divinamente inspirados. Toda ela é nossa única regra de
fé e prática.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
Lucas
24.44-49.
44
– E disse-lhes: São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco:
convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e
nos Profetas, e nos Salmos.
45
– Então, abriu-lhes o entendimento para compreenderem as Escrituras.
46
– E disse-lhes: Assim está escrito, e assim convinha que o Cristo padecesse e,
ao terceiro dia, ressuscitasse dos mortos;
47
– E, em seu nome, se pregasse o arrependimento e a remissão dos pecados, em
todas as nações, começando por Jerusalém.
48
– E destas coisas sois vós testemunhas.
49
– E eis que sobre vós envio a promessa de meu Pai: ficai, porém, na cidade de
Jerusalém,
até que do alto sejais revestidos de poder.
INTRODUÇÃO
Conhecer a estrutura da Bíblia é importante para
manejá-la bem. Memorizar as Escrituras e amá-las não são opções excludentes.
Muito pelo contrário, os antigos decoravam as Escrituras porque a amavam.
Inclusive, a etimologia da palavra “decorar” tem como fonte a palavra
“coração”. Por isso, a importância de conhecer a estrutura do livro que amamos.
Quem ama a Bíblia procura manejá-la muito bem.
AUXÍLIO TEOLÓGICO
“Alguns
Fatos e Particularidades da Bíblia
Antes, a Bíblia não era dividida em capítulos e
versículos. A divisão em capítulos foi feita no ano de 1250, pelo cardeal Hugo
de Saint Cher, abade dominicano e estudioso das Escrituras. A divisão em
versículos foi feita duas vezes. O AT em 1445, pelo Rabi Nathan; o NT em 1551,
por Robert Stevens, um impressor em Paris. Stevens publicou a primeira Bíblia
(Vulgata Latina) dividida em capítulos e versículos em 1555 – O AT tem 929
capítulos e 23.214 versículos. O NT tem 260 capítulos e 7.959 versículos. A Bíblia
toda tem 1.189 capítulos e 31.173 versículos. O número de palavras e letras
depende do idioma e da versão. O maior capítulo é o Salmo 119, e o menor o
Salmo 117. O maior versículo está em Ester 8.9; o menor, em Êxodo 20.30. (Isso,
nas versões portuguesas e com exceção da chamada ‘Tradução Brasileira ’, onde o
menor é Lucas 20.30). Em certas línguas, o menor é João 11.35. Os livros de
Ester e Cantares não contêm a palavra Deus, porém a presença de Deus é evidente
nos fatos neles desenrolados, mormente em Ester. Há na Bíblia 8.000 menções de
Deus sob vários nomes divinos, e 177 menções do Diabo, sob seus vários nomes”
(GILBERTO, Antônio. A Bíblia através dos Séculos: A história e a formação do
Livro dos livros. 2.ed. Rio de Janeiro : CPAD, 2019, pp.28-29).
AMPLIANDO O CONHECIMENTO
Estrutura
“Adotamos o Cânon Protestante e ensinamos, pois,
que a Bíblia contém somente 66 livros inspirados por Deus, estando dividida em
duas partes principais, Antigo e novo Testamento, ambos escritos por ordem de
Deus num período de 1600 anos aproximadamente e por cerca de 40 homens […] os
quais escreveram em lugares e em épocas diferentes […]” Amplie mais o seu
conhecimento, lendo a Declaração de Fé das Assembleias de Deus, CPAD, p.26.
AUXÍLIO DE EDUCAÇÃO CRISTÃ
“Implicações
para o Professor Cristão
Os professores comprometidos precisam não só do
conteúdo da Bíblia, como também dos métodos criativos dos professores. A Bíblia
fornece exemplos de ensino individual, em grupo pequeno ou em grupo grande. Ela
apresenta várias formas de palestras, sermões, análises e metodologias de
perguntas e respostas. O ensino da Bíblia ocorre muitas vezes durante as
refeições, em viagens de carro, ônibus, avião, em ambientes institucionais e em
festas. Os que ensinam têm de estar preparados com a Palavra de Deus na ponta
da língua em todas as circunstâncias. O ensino eficaz requer o domínio de um
campo temático, aprimora das habilidades de apresentação, preocupação
relacionada e o profundo desejo de ver os resultados do ensino dentro e fora de
sala de aula. O caminho para dominar as lições de Deus é permanecer alegremente
em Jesus, assim como João permaneceu; é almejar e m editar na Bíblia dia e
noite, assim como Davi fez (Sl 67; 73; 119; 145); é receber humildemente a
correção de Deus, assim como Moisés Recebeu (Dt 32- 33) e seguiu Jesus
suficientemente de perto para ser coberto por seu sangue, assim como Simão de
Cirene seguiu (Lc 23.26)” (LINHART, Terry. Ensinando as Próximas Gerações: o
Guia Definitivo do Professor de Jovens, l.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2018,
p.53).
CONCLUSÃO
O conjunto dos 66 livros formam um único livro: a
Bíblia Sagrada. Esses livros constituem o cânon bíblico do Antigo e do Novo
Testamento. Os critérios para avaliação da canonicidade são a inspiração, o
reconhecimento e a preservação dos livros como Palavra de Deus. A comprovação
desses critérios revela que as Escrituras foram aceitas e preservadas como
livros autorizados por Deus.
|
CPAD – Adultos : A Supremacia das Escrituras: A Inspiração, Inerrante e
Infalível Palavra de Deus
|
Lição 04: A Estrutura da Bíblia
A
ESTRUTURA DA BÍBLIA
°E
disse-lhes São estas es pa,e,as que vos disse estando ainda convosco: convinha
que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na Lei de Moisés. e nos Salmos
(Lc 24 44)
A |
Bíblia
Sagrada foi escrita majoritariamente em hebraico e grego, em um período
aproximado de 1.600 anos, por cerca de 40 homens, e se estrutura em Antigo e
Novo Testamento. Seus livros são divinamente inspirados e constituem o cânon
bíblico. O conjunto dos 66 livros forma um único livro: a Bíblia Sagrada. Os
critérios para avaliação da canonicidade são a inspiração, o reconhecimento e a
preservação dos livros como Palavra de Deus. A comprovação desses critérios
revela que as Escrituras foram aceitas e preservadas como livros autorizados
por Deus. O testemunho do próprio autor divino no coração das pessoas é quem
provoca o reconhecimento de que a Escritura é a Palavra de Deus. Toda ela é
nossa única regra de fé e prática. Neste capítulo, veremos como a Bíblia está
organizada, a classificação de seus livros, a canonicidade e as
particularidades dos Testamentos.
I
- COMO A BIBLIA ESTA ORGANIZADA
1.
Definição do Termo Biblia
A palavra "Bíblia" tem origem tanto no
vocábulo grego como no latim. O termo grego "biblos" significa
livro" e tem conotação de qualidade sagrada. A palavra "bíblia"
no latim é um substantivo feminino singular que igualmente exprime a ideia de
"livro". Por volta do ano 150 d.C., os cristãos passaram a usar o
termo em latim "ta bíblia" (os livros) para referir-se ao conjunto de
livros inspirados por Deus. O Dicionário Bíblico Wycliffe explica que o
singular biblia em latim testemunha que os 66 livros (39 no AT e 29 no NT)
revelam uma unidade de pensamento e uma pureza. Por isso, a coleção dos livros
sagrados forma um único livro.
O erudito F. F. Bruce esclarece que o uso da
expressão "a Bíblia" entre os cristãos foi inaugurado por Clemente de
Roma. Essa declaração é referendada pela chamada segunda epístola escrita por
Clemente (150 d.C.), em que o bispo redigiu: "os livros (ta bíblia) e os
apóstolos declaram que a igreja existiu desde o principio"? Porém, antes
disso, o profeta Daniel, por volta do ano 538 a.C., já havia se referido às
Escrituras do Antigo Testamento como sendo "os livros" (Dn 9.2). No
Novo Testamento, termos sinônimos são utilizados para identificar "os
livros sagrados". O vocábulo mais comum e mais conciso empregado pelo
Senhor Jesus é "as Escrituras" (Mt 21.42; Jo 5.39). Paulo também usa
as expressões "as Santas Escrituras" e "as sagradas letras"
(Rm 1.2; 2 Tm 3.15).
O Dicionário Bíblico VVycliffe, também anota
que vários outros termos descritivos são encontrados no Novo Testamento para
referir-se aos escritos do Antigo Testamento, tais como "a Lei" (Mc
5.18; Lc 16.17; Jo 12.34); "Moisés e os Profetas" (Lc 16.29; 24.27);
"a Lei e os Profetas" (Mt 22.40; Lc 16.16); "a Lei de Moisés, os
Profetas e os Salmos" (Lc 24.44).3 Nesse aspecto, é importante ressaltar
que a designação de uso mais frequente no texto bíblico é o termo "as
Escrituras" (plural) ou "a Escritura" (singular), e refere-se
tanto aos livros inspirados do Antigo como do Novo Testamento (2 Tm 3.16; 2 Pe
3.16). E, pelo fato de a Bíblia ser a única revelação escrita de Deus dada pelo
Espírito Santo, ela ainda é identificada como a "Palavra de Deus" (Mc
7.13; At 1224; Ef 6.17).
2.0
Cânon da Bíblia
A expressão "cânon" procede do hebraico
"qãneh" com o sentido de "vara de medir". O Dicionário Vine
elucida que "a cana" abalada pelo vento (Mt 11.7; Lc 7.24) e a
"cana" quebrada (Mt 12.20) citadas por Jesus são referência a essa
palavra hebraica que representa uma das várias canas do Antigo Testamento (Is
42.3; Já 40.21; E. 29.6).4 O termo correspondente em grego é kanôn, que
significa "régua". Aparece no Novo Testamento com o sentido de regra
moral (GI 6.16) e também é traduzido como "medida" (2 Co 10.13,15).
Quanto ao emprego entre os cristãos, Esequias Soares esclarece que:
Desse
modo, na teologia o vocábulo "cânon" é empregado como
"norma" de avaliação para identificar os livros sagrados. Em vista
disso, o termo "canônico" passou a designar os 66 livros aceitos como divinamente inspirados (39 livros no
A.T., e 27 no N.T.). Isso quer dizer que o Espírito Santo guiou o seu povo a
reconhecer a autoridade desses escritos como regra de fé e prática. Nesse
sentido, o cânon bíblico está completo. Nada pode ser acrescentado ou retirado
das Escrituras canônicas (Ap 22.18,19).
Com o propósito de aprofundar essa
compreensão, Norman Geisler enfatiza a diferença entres os livros canônicos e
outros escritos religiosos:
Os
livros canónicos fornecem o critérios para a descoberta da verdade, mediante o
qual todos os demais livros (não-canônicos) devem ser avaliados e julgados
Nenhum artigo de fé deve basear-se em documento não canônico, não importando o
valor religioso desse texto Os livros divinamente inspirados e autorizados são
o unico fundamento para a doutrina
Nessa
perspectiva, apenas os livros inspirados ou canônicos são os que constituem a
regra e a autoridade final de fé para os cristãos. Isso não significa dizer que
outros textos e literaturas cristãs, tratados, sermões e estudos teológicos não
possuam algum valor devocional ou que não sirvam à edificação espiritual.
Porém, todo e qualquer texto ou ensino nãocanônico jamais deve ou pode ser
usado para definir ou delimitar as doutrinas cristãs. Assim sendo, nossa
Declaração de Fé ratifica que, no encerramento do cânone divino, o Senhor Jesus
chancelou a integridade e a completude da Bíblia Sagrada (Ap 22.18,19).,
3.
Os Dois Testamentos Bíblicos
O termo
"testamento" vem do latim "testamentum", que é tradução da
palavra grega "diatheke" e da hebraica "berith". Ambos os
termos têm o sentido de "aliança", "pacto" ou
"concerto" de Deus com a humanidade. O Dicionário Bíblico Wycliffe
reforça que o substantivo significa a obrigação autoimposta por Deus à reconciliação
dos pecadores consigo mesmo (Gn 17.7; Dt 7-6-8; SI 89.3,4).8 O Dicionário Vine
esclarece que, no ato de "fazer concerto", era habitual o sacrifício
de uma vítima (Gn 15.10; Jr 34.18,19).9 O autor aos Hebreus revela que "um
testamento tem força onde houve morte" (Hb 9.17); por isso, os dois
testamentos bíblicos foram consagrados com sangue (Hb 9.18); o primeiro com
sangue de animais (Hb. 9.19), e o segundo com o sangue do próprio Cristo (Hb
9.11-22).
A expressão "Antigo Testamento" foi
inaugurada por Paulo (2 Co 3.14). Essa expressão paulina é traduzida como
'Velho Testamento" (ARC); e "Antiga Aliança" (NAA). Embora
outras passagens tenham ideia similar (GI 4.24; Hb 925,26), essa expressão
ocorre somente aqui em todo o Novo Testamento, e refere-se aos 39 livros
canônicos dos judeus reconhecidos por Jesus como "as Escrituras" (Mt
22.29), "a Lei, os Profetas e os Salmos" (Lc 24.44). Esses livros
revelam que Deus estabelecera uma aliança com Israel, porém a nação falhou em
obedecer aos termos desse pacto (Jr 31.32). Por essa razão, o profeta Jeremias
anunciou que um dia Deus estabeleceria uma aliança diferente. A promessa era
que Deus realizaria um concerto no lado dentro das pessoas: "porei a minha
lei no seu interior e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus, e
eles serão o meu povo (Jr 31.33).
Nessa direção, o termo "Novo
Testamento" é usado nas Escrituras para se referir ao cumprimento
profético de Jesus como o Mediador da Nova Aliança (1 Co 1125, 2 Co 3.6; Hb
8.6-13; 1224). Essa expressão também passou a designar os 27 livros inspirados
dos cristãos igualmente reconhecidos como "as Escrituras" (2 Pe
3.15,16). Como já mencionado, a palavra grega "diatheke" utilizada no
texto bíblico pode significar tanto "aliança" como
"testamento". A preferência pelo emprego da expressão
"testamento" deve-se á versão da Vulgata Latina. Desse modo, as
designações "Antigo e Novo Testamento" como divisões principais da
Bíblia, tal qual a conhecemos em nossos dias, teve início ao tempo de Tertuliano
(150 d.C) e compreende os 66 livros canônicos que integram as Escrituras
Sagradas.
II
- O ANTIGO TESTAMENTO
1. Os Livros do Antigo Testamento
A
classificação dos livros do Antigo Testamento, tal qual a conhecemos e
utilizamos nos dias de hoje, se divide em 39 livros. A divisão utilizada pelos
judeus é diferente da adotada pela Igreja cristã. A coletânea dos judeus somava
24 livros porque o agrupamento usava critérios distintos), Observe essa
diferença e consequente correspondência nas tabelas abaixo:
11 Zacarias
12 Malaquias
Total: 39
livros
Como
observado na tabela 1, a divisão utilizada pelos judeus era tripartida: a) a
Lei, b) os Profetas e c) os Salmos ou Escritos. O Senhor Jesus fez menção da
Bíblia tripartida dos judeus quando disse: "convinha que se cumprisse tudo
o que de mim estava escrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos
Salmos" (Lc 24.44). Conforme visto na tabela 2, a divisão adotada pelos
cristãos protestantes constitui-se de quatro partes e baseia-se na disposição
dos livros por tópicos, com origem na tradução das Escrituras Sagradas para o
grego, a versão da septuaginta iniciada por volta do III século a.C.11 Apesar
de a cultura judaica fazer uma categorização diferente, o conjunto do Antigo
Testamento soma os mesmos 39 livros divinamente inspirados, tanto para os
judeus como para os cristãos protestantes.
2.
canonicidade do Antigo Testamento
Muito se discute acerca dos critérios
utilizados para a admissão dos livros sagrados no cânon do Antigo Testamento.
Algumas propostas — como considerar como teste de canonicidade a antiguidade do
livro, se foi escrito na língua hebraica e se havia algum valor de cunho
religioso — foram ideias sugeridas e rejeitadas. A conclusão da erudição
bíblica é de que os livros canónicos foram divinamente revelados e que, na sua
boa providência, Deus fez que seu povo reconhecesse e recebesse sua Palavra.12
Nessa perspectiva, existem três fatores basilares na avaliação de um livro
canônico, a saber:
(a) a inspiração divina, que atesta se o livro
é inspirado pelo Espírito Santo (Ne 9.30; Zc 7.12; 2 Pe 121). Acerca desse
critério, R. T. Beckwit afirma que "o que qualifica um livro para um lugar
no cânon do Antigo ou do Novo Testamento não é simplesmente o fato de ser
antigo, informativo ou útil, e de fazer muito tempo que é lido e valorizado
pelo povo de Deus, mas sim que tenha autoridade de Deus para o que diz".13
Significa dizer que o livro tinha de ser testado como divinamente inspirado por
meio de provas irrefutáveis de sua veracidade. O teólogo Gleason Archer Jr.
assevera que este é o único teste de canonicidade que permanece de pé, isto é,
o testemunho que Deus o Espírito Santo dá à autoridade da sua própria
Palavra."
(b) reconhecimento do povo de Deus, que atesta
se o livro era aceito como autêntico por seus primeiros leitores (Êx 243,7; Dn
9.2). Esse critério está relacionado com a inspiração divina. Nesse aspecto,
Norman Geisler enfatiza que "Deus dá autoridade divina a um livro, e os
homens de Deus o acatam. Deus revela, e seu povo reconhece o que o Senhor
revelou. A canonicidade é determinada por Deus e descoberta pelos homens de
Deus".15 Para exemplificar, citam-se os livros de Moisés (Êx 24.3), os de
Josué, sucessor de Moisés (Js 24.26), os livros do profeta Samuel (1 Sm 10.25),
dentre outros, que foram imediatamente reconhecidos pelo povo de Deus.
Acrescenta-se a isso o reconhecimento autenticado pelo próprio Senhor Jesus nos
Evangelhos (Lc 24.44).
(c)
preservação pelo povo de Deus, que atesta se o livro era conservado como
Palavra de Deus (Dt 31.24-26; Dn 9.2). Nem todos os escritos de cunho religioso
foram aceitos e conservados como inspirados pelo povo de Deus. Por exemplo,
Tobias, Judite, Baruque, Macabeus I e II, Sabedoria de Salomão, Eclesiástico e
outros foram rejeitados e considerados apócrifos. Eles foram recusados por seus
erros teológicos e históricos. Não obstante, a lei de Moisés foi preservada na
Arca (Dt 31.26) e dentro do Templo nos dias de Josias (2 Rs 2324). Os ensinos
de Samuel foram escritos "num livro e [colocados] perante o Senhor"
(1 Sm 10.25). O profeta Daniel e Esdras possuíam uma coletânea com cópias dos
livros de "Moisés e os Profetas" (Dn 9.2,6,13; Ne 9.14,26-30).
Por
conseguinte, a confirmação desses elementos revela algumas verdades cruciais:
(i) não se pode afirmar que é a Igreja que determina a canonicidade de um livro
por meio de regras de reconhecimento; (ii) desde o início, os livros do Antigo
Testamento foram recebidos e guardados como inspirados e autorizados por Deus,
dotados de veracidade e de autoridade (Jz 3.4); (ir) talvez não saibamos
explicar totalmente como Deus implantou essa convicção no coração de seu povo;
e (iv) podemos confiar na autoridade do Antigo Testamento, pois a sua
canonicidade é irrefutavelmente atestada pelo Senhor Jesus e pelos apóstolos
(Mt 5.17,18; Lc 24.27; Rm 5.12, 1 Co 10.1-5).
3.
Particularidades do Antigo Testamento
Quase a totalidade dos livros foi escrita em
hebraico chamado na Bíblia de língua de Canaã (Is 19.18). Algumas porções foram
escritas em aramaico, uma espécie de dialeto que deu origem à língua árabe),
Destaca-se que as descobertas dos rolos do Mar Morto (entre 1947 e 1964 d.C.)
confirmam a preservação e a suficiência dos textos do Antigo Testamento.
Esequias Soares revela que, com exceção ao livro de Ester, todos os demais
livros estão representados e confirmados pelos mais de 800 rolos encontrados
nas 11 cavernas de Qumran, muitos deles vindo da Babilõnia e do Egito, e alguns
desses manuscritos ainda eram escritos com a grafia do hebraico arcaico."
Outra
particularidade a destacar é que os judeus e os cristãos protestantes jamais
aceitaram a inserção dos livros apócrifos no Antigo Testamento. Porém, o
catolicismo romano os declarou canónicos no Concílio de Trento (1546). Desse
modo, o Antigo Testamento católico possui os sete livros apócrifos acima
citados, perfazendo um total de 46 livros. Além disso, a Bíblia católica
inseriu acréscimos em Ester (Et 10.4ss), oração de Azarias (Dn 3.34-90); Suzana
(Dn 13), e Bel e o Dragão (Dn 14).
Reitera-se
que tais livros e acréscimos não são divinamente inspirados; eles são
desprovidos de autoridade tanto espiritual como doutrinária. O último livro
canônico foi o do profeta Malaquias, que o concluiu antes do ano 430 a.C.;
desde então, nada mais pode ser acrescido ao cânon do Antigo Testamento. E,
conforme o teólogo Norman Geisler, para facilitar a tarefa de citar a Bíblia,
em 1.227 d.C. o texto foi dividido em capítulos e, por volta de 1.445 d.C., o
Antigo Testamento foi dividido em versículos."
III
— O NOVO TESTAMENTO
1. Os Livros do Novo Testamento
Esses
livros foram reconhecidos pela Igreja após a morte e ressurreição do Senhor
Jesus Cristo e estão classificados em quatro grupos principais: a) Evangelhos,
que são os quatro livros de Mateus, Marcos, Lucas e João; b) Histórico, formado
pelo livro de Atos dos Apóstolos; c) Epístolas, que se subdividem em Epístolas
Paulinas, com 13 cartas de Romanos a Filemom; as Epístolas Gerais, com 8 cartas
de Hebreus a Judas; e d) Revelação, constituído pelo livro de Apocalipse. O
conjunto totaliza 27 livros inspirados e autorizados que são chamados de
canônicos (1 Co 2.4,13). Observe essa categorização na tabela abaixo.
Descrição dos Livros do Novo Testamento
Total: 27 livros
Nos
primórdios do cristianismo, ainda no século I d.C., surgiram muitos falsos
ensinos e falsos profetas conforme Cristo já tinha alertado a Igreja (Mt 7.15;
Mc 13.22). Durante os séculos II e III, diversos livros heréticos foram
escritos e receberam o nome de livros espúrios (pseudepígrafos e apócrifos). O
conteúdo desses livros se resume em falsos ensinos permeados de erros
gnósticos, docéticos e ascéticos acompanhados de desmedida fantasia religiosa),
Faz-se ainda menção de livros que desfrutavam de algum prestígio histórico e
devocional, tais como "o Pastor de Hermas" (c. 15-140 d.C) e "o
didaqué" (c. 100-120 d.C). Contudo, os livros espúrios e não canónicos
jamais foram reconhecidos como inspirados. Somente os 27 livros acima listados
é que são aceitos como autênticos e fidedignos de integrar o cãnon do Novo
Testamento.
2.
Canonicidade do Novo Testamento
O
princípio básico adotado para a canonicidade do Novo Testamento é similar ao do
Antigo Testamento, ou seja, a questão da autoridade atestada pela inspiração
divina. Milton Fischer sublinha que o reconhecimento de que os apóstolos e seus
companheiros eram autênticos porta-vozes de Deus é o que determina a
canonicidade de seus escritos?, Assim sendo, os critérios de avaliação do Novo
Testamento são iguais aos que determinam o cânon do Antigo, isto é, a inspiração,
o reconhecimento e a preservação dos livros como Palavra de Deus.
Nesse sentido, a Bíblia oferece indiscutíveis
provas de inspiração do Novo Testamento. Os apóstolos sempre reivindicaram que
as palavras que escreviam não eram suas, mas as recebiam diretamente da parte
de Deus (1 Ts 2.13; 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21). Wayne Grudem observa que, uma vez
que estabelecemos que um escrito do Novo Testamento pertence â categoria
especial de "Escritura" (2 Tm 3.16), implica dizer que ele possui igualmente
a característica que Paulo atribui a "toda a escritura", isto é,
"inspirada por Deus" e assim todas as suas palavras são verdadeiras
palavras de Deus.2l
Quanto ao reconhecimento dos livros como
fidedignos, desde o início os escritos falsos foram refutados pela Igreja.
Paulo exorta a Igreja a permanecer firme na fé e nos ensinos inspirados, entre
eles os preceitos de Moisés e dos profetas, bem como as instruções das
epístolas (2 Ts 2.15). Pedro alertou para que a Igreja não desse ouvidos às
heresias de perdição que seriam propaladas por falsos profetas e falsos mestres
(2 Pe 2.1). João advertiu os irmãos a não derem crédito a todo espírito, mas
colocar a prova toda e qualquer revelação (1 Jo 4.1). O Comentário Bíblico
Beacon assinala que os crentes deveriam desconsiderar as opiniões de teoristas
e fanáticos, e aderir-se a "palavra".22
Em relação à conservação das Escrituras, os
primeiros cristãos adotaram a prática de leitura dos livros autorizados em suas
reuniões e cultos. Essa tradição de leitura pública das Escrituras era um
costume antigo entre os judeus. Moisés e Josué eram adeptos dessa conduta (Êx
24.7; Js 8.34); Josias, Esdras e os levitas fizeram o mesmo (2 Rs 23.2; Ne
8.8). Essa cultura foi incorporada na liturgia cristã. Essa ação de leitura
pública dos livros do Novo Testamento auxiliou no processo de canonicidade dos
escritos divinamente inspirados (1 Ts 5.27; Cl 4.16; Ap 1.3).
Mediante tais fatos, atesta-se que, desde o começo, a Igreja Primitiva reconheceu e preservou os livros canônicos, alicerçada sobre o fundamento dos Apóstolos e dos Profetas (Ef 220). Norman Geisler afirma que os primeiros cristãos, apesar de terem sido bombardeados por muitos escritos falsos, pelo final do século I, já tinham concluído o cânon do Novo Testamento. Os debates prosseguiram em virtude de várias desinformações e falha de comunicação, mas desde o século V a Igreja cristã tem reconhecido esses 27 livros como o cânon do Novo Testamento.23
3. Particularidades do Novo Testamento
Como particularidade, destaca-se que sete
livros do Novo Testamento foram classificados como "antilegomena".
Essa designação significa que, em algum momento e por alguma razão, a
autenticidade desses livros foi questionada por alguns dos Pais da Igreja e,
por causa disso, por volta do século IV, esses livros ainda estavam desprovidos
do reconhecimento universal. De acordo com o historiador Eusébio de Cesareia,
tais livros são os seguintes:
Norman Geisler pondera que isso não
significa que não haviam tido aceitação inicial por parte das comunidades
cristãs primitivas.25 O próprio Eusébio assegura que não eram espúrios, mas
que, embora reconhecidos por muitos, estavam sendo contestados por outros. Geisler
anota que "o problema básico a respeito da aceitação da maioria desses
livros não era sua inspiração, ou falta de inspiração, mas a falta de
comunicação entre o Oriente e o Ocidente a respeito de sua autoridade
divina".2, Desse modo, assim que tais dúvidas foram dirimidas, a partir do
século V, esses livros deixaram de ser questionados.
Uma especificidade do Novo Testamento
repousa no fato de que todos os seus livros foram escritos em grego koiné, um
dialeto comum e presente por toda a cultura de fala grega e que muito auxiliou
na propagação do Evangelho nos primórdios do cristianismo (At 19.10). Algumas
expressões, mesmo redigidas no vernáculo grego, possuem significado em
aramaico. Dentre elas, citamos: Talitá cumi — "Menina, levanta-te" (Mc
5.41); Aba Pai — "Lit.: Pai, pai; 'Meu Pai'" (Mc 14.36); Eloí, Eloí,
lemá sabactâni?— "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Mc
15.34).
O conjunto dos livros canônicos do Novo
Testamento foi escrito antes do término do século I. O último livro é o
Apocalipse de João, datado por volta do ano 96 d.C.; e ratificamos que, desde o
encerramento do cânon, os cristãos reconhecem apenas os 27 livros como
inspirados. Como já visto, em 1.227 d.C., o texto foi separado em capítulos. Em
torno de 1.555 d.C., o Novo Testamento também foi dividido em versículos. A
divisão em capítulos e versículos facilitou a leitura e a memorização, além de
possibilitar o estudo sistemático da inspirada Palavra de Deus.
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