TEXTO ÁUREO
As coisas
encobertas são para o Senhor,
nosso Deus;
porém as reveladas são
para nós e para
nossos filhos,
para sempre,
para cumprirmos
todas as
palavras desta lei.
Deuteronômio 29.29
OBJETIVOS
Identificar a semelhança
entre a profecia e a prática da adivinhação entre os povos vizinhos a Israel;
Entender que as práticas da
adivinhação passaram a fazer parte da cultura israelita, com numerosos exemplos
bíblicos;
Reconhecer que, com o passar
do tempo e a chegada da maturidade, houve uma separação definitiva entre a
adivinhação e a profecia.
INTRODUÇÃO
O
profeta e o profetismo têm em sua índole original de fazer acontecer o encontro
entre Deus, e seu povo.
No sentido bíblico, a palavra “profeta” é a
mais comumente usada para designar as pessoas que ocupavam um ofício religioso
específico no antigo Israel. O profeta no Antigo Testamento é uma figura
bastante singular.
É algo
específico pela sua própria natureza, pela sua fonte e pela sua argumentação.
Os profetas em Israel apresentam-se como a realização da Palavra do Deus na
Aliança e mantém com tudo o ímpeto da paixão que arrebata seu coração e ações.
Não é uma relação dependente do culto, marcada pelo formalismo ou pela
conivência com clichês políticos; pelo contrário, é uma relação intensa, de
arrebatamento e dedicação que determina sua vida e sua mensagem. O fenômeno que
marcou e assinalou as exigências da Aliança é de grande importância como
literatura do Antigo Testamento.
Buscamos analisar o status de profeta na
sociedade do Antigo Israel a partir dos textos do Antigo Testamento.
Considerando os estudos sobre o tema, que identificam aquelas figuras como
visionários, adivinhos, milagreiros e proclamadores de palavras divinas;
pretendemos demonstrar que as figuras independentes, proponentes de
transformações sociais e religiosas, estavam envolvidas numa disputa de forças
contra as figuras ligadas ao templo ou ao rei. Esta disputa levou o profetismo
a ser regulado e limitado, no período do cativeiro babilônico, pelos escribas e
sacerdotes, por meio da Lei Mosaica.
1. A RELAÇÃO
ENTRE PROFECIA E ADIVINHAÇÃO
O fenômeno da profecia, na forma de homens ou
mulheres como transmissores das mensagens dos deuses, não era estranho nas culturas
do Antigo Oriente Próximo, entre as quais se inclui a israelita. Figuras
oraculares eram comuns entre fenícios, mesopotâmios, hititas e egípcios. Se há
equivalentes dos profetas bíblicos em outras culturas da antiguidade, o
fenômeno é, contudo, único em Israel. O profetismo não era uma exclusividade
israelita, porém a forma e a natureza do profetismo na nação santa, a
transforma em algo peculiar. A natureza, a centralidade e a intimidade com o
Senhor torna o profeta em um ser especial dentre os homens israelitas e
diferente das outras nações.
As outras nações tinham os seus profetas,
porém os profetas da nação israelita tinham algo a mais, Deus. Visto isso na
Bíblia em dois períodos altamente distintos. José no Egito revelando os sonhos
do faraó, onde nenhum dos profetas ou adivinhadores conseguiram decifrar e
Daniel na Babilônia revelando e traduzindo o sonho de Nabucodosor e com os
dizeres escritos na parede por uma mão misteriosa.
1.1.
A palavra adivinhação
Porta-vozes
de revelações consideradas divinas, as várias figuras proféticas eram
sustentáculos das elites israelitas ou contestadoras das mesmas. As figuras
contestadoras foram fundamentais para a formação do judaísmo e do monoteísmo
bíblico, cuja origem remonta ao exílio babilônico
“E com a
brasa tocou a minha boca, e disse: Eis que isto tocou os teus lábios; e a tua
iniqüidade foi tirada, e expiado o teu pecado.” (Isaías 6:7)
A boca
do profeta é tocada, pois ele não falará palavras que são suas, mas palavras
que são de Deus. As palavras na boca do profeta não significam somente palavras
humanas e sim conteúdos divinos para a melhora, mudança e transformação dos que
ouvem e as recebem. O profeta deveria ir e falar, deveria se expor para que a
sua mensagem fosse ouvida, acolhida e compreendida.
O
profeta é sempre uma pessoa que é “agente de campo”, aquele alguém que está na
linha de frente sempre se arriscando e se expondo dentro de seus limites e
realidades.
Em
hebraico há um substantivo de suma importância, dãbãr, que pode ser “palavra ou
ação”.
O profeta primeiramente é um
homem de palavra, em seguida um homem de ação.
Há também o termo hozeh, cujo significado é:
olhar, contemplar, presenciar, ver. Isto pode expressar o sentido de
“visionário”, sempre utilizado no masculino e refere-se aos indivíduos que
recebiam revelações através da visão ou audição. Nestes casos, a revelação
recebida era contemplar uma visão extraordinária, ouvir a palavra da divindade
ou ambos.
O termo ro’eh, cujo significado é “vidente”,
deriva do verbo ra’ah, que significa “ver”. Expressa revelações divinas
recebidas através de visões, normalmente ligadas ao êxtase religioso.
1.2. A influência dos povos vizinhos
Israel sempre sofreu com as influências dos
outros povos, ao saírem do Egito, Deus no deserto preparou uma série de
Mandamentos para que o seu povo largasse os velhos costumes e as antigas
práticas, ou seja, fez questão de demonstrar para o seu povo que a influência
que o Egito tinha sobre os israelitas acabaria ali.
Apesar de culturas diferentes influenciarem em
outras áreas e aspectos, dentro do profetismo ou do ministério profético não
poderia haver influência alguma. Deus iniciou-se falando e tratando de uma
forma e essa seguiria. Sem inovações e sem intervenções dos povos vizinhos.
Sabemos que os israelitas são um povo
monoteísta (doutrina religiosa que defende a existência de uma única divindade)
e como cultuavam a somente um único Deus; somente esse Um falaria diretamente
com eles.
As
influências religiosas dos outros povos somente fizeram mal aos israelitas.
Pois retiraram a centralidade do culto ao o único Deus do povo israelita, para
consultarem aos outros deuses que eram meramente criações humanas de outros
povos.
2. EXEMPLOS DA PRÁTICA DA ADIVINHAÇÃO
O
homem sempre quis prever alguma coisa e principalmente o futuro; o homem sempre
quis adivinhar, porém somente saberá das coisas futuras se o Deus que gere toda
a terra, tempo e eternidade permitir.
Na Babilônia havia diversos adivinhadores,
porém um único profeta foi capaz de revelar tudo o que Deus estava falando com
o reinado da Babilônia, sem adivinhações e somente com o chamado e uma vida
integra e sincera de um homem de Deus.
2.1. Adivinhação por meio dos astros
Atualmente é conhecida pelo nome de astromancia. Que é a adivinhação por meio dos astros; arte de supostamente adivinhar o futuro através dos astros (corpos celestes, estrelas, planetas).
2.2. Adivinhações por meio dos terafins
A
palavra hebraica (etimologia incerta) para "ídolos" é teraphim. Esses
ídolos poderiam ser muito grandes (1° Samuel 19:13-16), ou muito pequenos, de
modo a caber na sela do camelo de Rachel (Gn. 31:34). Entendemos a partir das
Tabuletas Nuzi que estes ídolos eram um sinal de direitos de herança, portanto
Raquel pode tê-los roubado como um símbolo de sua compreensão dos atos ilegais
de Labão em relação a sua herança ou para mais tarde afirmar o direito de seu
filho a herdar a propriedade de Jacó. Alguns dizem que ela roubou-os para que
Labão não pudesse adivinhar o paradeiro deles (Gn. 30:27). Estes terafins foram
usados para adivinhação (Zacarias 10:2).
Eles
muitas vezes aparecem em associação "a estola sacerdotal" (Rs. 7:5;
18:14-20; Oséias 3:4). Eles estão condenados como sendo idólatra em 1° Samuel
15:23.
A
partir de diferentes partes do Antigo Testamento uma descrição composta é
difícil:
1. ídolos de casa pequenos e portáveis (Gn.
31:19; 34, 35).
2. ídolo grande em de forma de ser humano (1°
Samuel 19:13,16).
3. ídolos usados nos lares, mas também em
santuários (Jz. 17:5; 18:14, 17, 18; Oséias 3:4).
4. ídolos usados para saber o futuro ou a
vontade dos deuses/deus:
a) condenados e paralelos com adivinhação (1°
Samuel 15:23).
b) condenados e paralelos com médiuns,
espíritas e ídolos (2° Rs. 23:24)
c) condenados e paralelos com adivinhação,
flechas sacudidas e inspecionar o fígado de uma ovelha (Ezequiel 21:21).
d) condenados e paralelos com adivinhadores e
falsos profetas (Zacarias 10:2).
2.3. Adivinhações por meio dos mortos
Atualmente chamado de necromancia. Termo
originado do grego "nekrós" (cadáver e "manteía", previsão,
adivinhação) a prática de adivinhação do futuro ao convocar e comunicar-se com
os mortos. É uma das chamadas "artes negras", alegadamente praticada
por bruxas e magos. Seu surgimento encontra[1]se em meio às práticas religiosas das
civilizações da antiguidade, de Grécia, Roma e Pérsia. O geógrafo e historiador
grego Strabo faz referência à necromancia como a principal forma de adivinhação
entre os persas. A prática era comum entre adivinhos, ocultistas e magos da
Idade Média e do Renascimento.
Sem dúvida, o caso mais famoso de necromancia
é o da denominada "Bruxa de Endor", descrito na Bíblia, em 1° Samuel
(28:11-25), onde esta convoca o espírito de Samuel na presença do rei Saul. O
episódio bíblico foi amplamente aceito durante muito tempo como evidência
irrefutável da existência da prática da bruxaria. Outro episódio exemplar de
necromancia encontrado na Bíblia está em Deuteronômio (18:9-12), onde os
Israelitas são advertidos a evitar a censurável prática dos cananeus, de
previsão do futuro por meio dos mortos.
2.4. Adivinhação mediante instrumentos mágicos
“Não é este o copo em que bebe meu senhor e
pelo qual bem adivinha? Procedestes mal no que fizestes.” (Gênesis 44:5)
Esse verso prova que José usava uma taça de
prata para fazer adivinhações? Não! Os textos bíblicos demonstram claramente
ser a montagem de uma trama fictícia com todos os elementos que deveriam
existir para que ela funcionasse, para que atingisse o objetivo, que era os
irmãos de José serem apontados como ladrões.
A taça
pela qual se diz ter José adivinhado (Gn. 44:5), era um vaso de prata
(simbólico do Nilo, a taça do Egito) que se supunha ter misteriosas qualidades
mágicas. A adivinhação era feita por meio de irradiações da água, ou de gemas,
com inscrições mágicas, a ela arremessadas.
E no
Egito era muito comum esse tipo de “adivinhação” usando objetos e também os
governantes se “acharem” semideuses. De nenhuma forma isso aponta para José
tendo aceitado em sua vida esse costume que não agradava a Deus. O fato é que
nas narrativas de Gênesis não temos qualquer menção de José do Egito usando
taça de prata para receber qualquer revelação de Deus ou fazer “adivinhações”.
Quando interpretou o sonho de Faraó, por exemplo, José deixou claro que era
algo que vinha de Deus (Gn. 41:16).
No
livro do profeta Ezequiel (21:21) a referência à adivinhação é por meio de
flecha. O rei arremessou um feixe de setas a fim de ver em que direção iam
descer e, como elas caíram à sua mão direita, ele marchou para Jerusalém. A
condição do fígado do animal, que tinha sido sacrificado, julgava alguns ser
uma indicação relativamente ao futuro (Ezequiel 21.21). Moisés proibiu toda
espécie de adivinhação.
3. A
SUPERIORIDADE DA PROFECIA BÍBLICA
No
antigo Israel havia uma pluralidade de status e práticas atribuídos a
personagens chamados de profetas: o nabi (“chamado”), hozeh (“visionário”),
ro’eh (“vidente”), qosem (adivinho) e o elohim (“Homem de Deus”).
Alguns
visionários ou profetas, que atuavam de forma independente, entraram em choque
com os sacerdotes e demais figuras oraculares, primeiramente devido a
proeminência política do culto a Baal, depois, pelo uso do carisma profético a
favor das elites e contra os oprimidos. Desta tensão surgiram os “profetas
escritores”, que, posteriormente, foram tratados de forma honrosa pelo título
profético nabi.
O
profeta do Senhor é sempre um ungido e eleito. Não fica muito bem claro o
porquê do chamado do indivíduo para uma missão profética. Interessante que
mesmo diante de uma chamada, unção e eleição, o que torna-se especial no
profeta, não é ele mesmo, mas sim as palavras que saem da boca dele.
O profeta não podia temer ou muito menos
sentir-se intimidado; o profeta não defendia uma mensagem propriamente sua, mas
sim um alerta que vinha diretamente de Deus.
Deus
sempre acompanhou Israel e os seus profetas.
CONCLUSÃO
O dom
da profecia foi concedido por Deus apenas a pouquíssimas pessoas, na história
da humanidade, mas nos tempos bíblicos havia quem pretendesse ter o dom da
adivinhação, praticando várias espécies de artifícios com o fim de fazerem crer
que possuíam conhecimentos do futuro. Em geral a adivinhação fazia parte dos
predicados de uma casta sacerdotal, que disso fazia uso para os seus próprios
fins (Gn. 41:8; Isaías 47:13; Jeremias 5:31; Daniel 2:2).
As
pessoas que afirmavam ter em si espíritos familiares (Isaías 8:19; 29:4) crê[1]se
que eram ventríloquos e murmuravam para imitar a voz dos espíritos, que se
acreditava terem sido invocados dentre os mortos. Com respeito à invocação da
alma de Samuel pela pitonisa de En-Dor (1° Samuel 28:7-25), considerando que a
mulher era indubitavelmente uma impostora, podemos dizer que Deus permitiu
nesta ocasião, para os Seus próprios desígnios, que Saul, pelas engenhosas
práticas da feiticeira, pudesse ser inteiramente avisado do que o esperava,
tendo ainda tempo nos seus últimos dias de voltar o seu coração para Deus.
Deus abençoe
sua vida!
LPD CENTRAL GOSPEL
O Ministério Profético - Sua Importância e
Contemporaneidade.
Pr. Jarmuth Jordão
Edificados Sobre o Fundamento
dos Apóstolos e dos Profetas
A Bíblia diz que os crentes estão edificados
sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas. Isso significa que a Igreja é
o santuário edificado sobre a verdade de Deus revelada aos apóstolos e
profetas. Essas pessoas que foram escolhidas e vocacionadas por Deus de forma
extraordinária, receberam e registraram a revelação especial de Deus sob a
inspiração e orientação do Espírito Santo.
O
apóstolo Paulo foi quem escreveu em sua Carta aos Efésios que os redimidos –
que constituem o povo de Deus – são “edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra de esquina”
(Efésios 2:20).
É
interessante saber que no contexto imediato dessa declaração, o apóstolo Paulo
fala da Igreja usando três analogias. Em primeiro lugar, ele fala da Igreja
como uma nação: “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas
concidadãos dos Santos […]” (Efésios 2:19). A Igreja é a nação de Deus que
reúne, num só povo, judeus e gentios.
Na
antiga dispensação a revelação especial de Deus foi confiada à nação de Israel,
enquanto os gentios eram “estranhos aos concertos da promessa” (Efésios 2:12).
Os gentios estavam longe; eles eram estrangeiros e forasteiros sem os mesmos
direitos de cidadão. Mas a obra redentora de Cristo derrubou a parede da
separação e aproximou os que estavam longe, unindo num só povo todos os
escolhidos de Deus.
Em
segundo lugar, Paulo fala da Igreja como uma família, dizendo que os crentes
são “membros da família de Deus” (Efésios 2:19). Nitidamente a analogia avança
nesse ponto. Os crentes não são apenas cidadãos de uma nação, mas são os
próprios integrantes da família de Deus. Pelos méritos de Cristo os redimidos
foram feitos filhos de Deus.
Em
terceiro lugar, o apóstolo fala da Igreja como um edifício – mais precisamente
um santuário. Ele diz que a Igreja, edificada sobre o fundamento dos apóstolos
e dos profetas, que tem o próprio Cristo como sua pedra angular, é o templo em
que Deus habita no Espírito (Efésios 2:20-22).
A Igreja como um edifício
Nos
tempos do Antigo Testamento Deus ordenou que fosse construído um santuário para
servir como o local de encontro especial entre Deus e o seu povo. Então
primeiro foi construído um Tabernáculo móvel no tempo de Moisés. Depois, no
tempo do rei Salomão, o Tabernáculo móvel deu lugar a um grandioso templo em
Jerusalém.
Tanto
o Tabernáculo móvel como o templo em Jerusalém, possuíam um santuário interior,
ou seja, um lugar secreto e mais íntimo onde a presença de Deus se manifestava
de forma especial. Esse lugar era chamado de Santo dos Santos e abrigava a Arca
da Aliança.
Mas
uma vez que Cristo veio, sendo Ele próprio o Emanuel – Deus conosco – o
santuário em Jerusalém se tornou obsoleto. Por isso que o apóstolo João
escreve: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória,
como a glória do Unigênito do Pai, repleto de graça e de verdade” (João 1:14).
Então
mediante sua obra redentora, Cristo não somente se tornou o lugar da habitação
de Deus com o seu povo, mas possibilitou que os próprios redimidos pudessem
ser, em união a Ele, o templo onde agora Deus habita no Espírito.
Portanto, quando Paulo escreve que somos
“edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas”, tão logo ele
complementa dizendo que a pedra angular desse fundamento construído não pode
ser outra se não o próprio Cristo. Os apóstolos e os profetas, no exercício de
seus ofícios, foram os representantes de Deus e de sua palavra aos homens. Eles
foram embaixadores divinamente designados que testemunharam a respeito de
Cristo e comunicaram a doutrina da Igreja.
Por
isso que num sentido secundário, Paulo os chama de “o fundamento”, mas não que
houvesse qualquer mérito neles próprios para isso, porque todos os méritos são
devidamente creditados unicamente a Cristo, a Pedra Angular que estabelece o
fundamento e ajusta toda a edificação. Por tanto, isto está em harmonia com o
ensino bíblico de que num sentido primário, o único fundamento da Igreja é o
próprio Cristo (cf. 1 Coríntios 3:11).
Edificados no fundamento dos apóstolos e
dos profetas: quem são essas pessoas?
Por
fim, há uma discussão a respeito de a quem Paulo se refere quando escreve:
“edificados no fundamento dos apóstolos e dos profetas”. Quanto aos apóstolos
de Cristo, obviamente não há qualquer dúvida quanto à identidade deles. Eles
foram os homens divinamente escolhidos a quem o próprio Cristo confiou a
liderança de sua Igreja.
Então
as discussões se concentram em relação à identidade dos profetas. Existem
muitas interpretações sobre isso, mas dentre todas duas são as principais. A
primeira considera que ao falar sobre o fundamento dos apóstolos e dos
profetas, Paulo tinha em mente os profetas do Antigo Testamento. Nesse sentido,
eles foram, no Antigo Testamento, a contraparte dos apóstolos no Novo
Testamento Na antiga dispensação foram os profetas que receberam, comunicaram e
registraram a revelação especial de Deus; enquanto na nova dispensação essa
tarefa coube aos apóstolos. Portanto, os apóstolos do Novo Testamento
naturalmente ficaram no lugar dos profetas do Antigo Testamento.
Uma
objeção frequentemente levantada contra essa interpretação se apoia na
sequência que Paulo utiliza ao mencionar primeiro os apóstolos e depois os
profetas. Cronologicamente o correto seria primeiro falar dos profetas e depois
dos apóstolos. Mas nem sempre Paulo está preocupado com a sequência cronológica
em sua narrativa. Em outra parte, o mesmo apóstolo escreve que os judeus
“mataram o Senhor Jesus e os seus próprios profetas” (1 Tessalonicenses 2:15).
Veja que ele coloca a perseguição aos profetas – que cronologicamente foi
anterior à perseguição a Cristo – depois da perseguição a Cristo.
A
segunda interpretação diz que esses profetas são os profetas do Novo Testamento
que foram especialmente comissionados a exercer um ministério local no início
da Igreja Primitiva. Num tempo em que a Escritura ainda não estava completa,
esses profetas transmitiam, interpretavam e aplicavam a revelação especial de
Deus à Igreja (Efésios 4:11; cf. Atos 15:32; 21:9-11; 1 Coríntios 14:3). A
objeção mais comum a esta interpretação é justamente o fato de que são os
apóstolos os equivalentes neotestamentários dos profetas veterotestamentários.
Autor: Daniel Conegero
O ensino bíblico sobre profecia
Quando estudamos a atividade profética na
Bíblia Sagrada, encontramo-la manifestando-se em três aspectos distintos.
Em
primeiro lugar, vemos a profecia como ministério permanente recebido de Deus no
Antigo Testamento, em Israel (Hb 1.1; 2Pe 1.19 e Jr 35.15).
Em
segundo lugar, identificamos no Novo Testamento a profecia como um dom
ministerial na Igreja (Ef 4.11-13; 1Co 12.28-29 e Ef 2.20).
Por
fim, vemos ainda no Novo Testamento a profecia como dom espiritual na Igreja,
na congregação (At 2.17-18; 1Co 12.10; 14.1-4, 29-40; Rm 12.6-8).
Profecia no
Novo Testamento
Falaremos nesse ponto sobre o dom ministerial
de profeta no Novo Testamento. Trata-se do ministério profético na Nova
Aliança. Não confundir com o dom de profecia.
O termo
profeta, como já vimos, significa literalmente porta-voz, como em Êxodo 7.1 e
Lucas 1.70. Essa é a ideia do ministério profético.
As
diferenças entre o ministério profético (dom ministerial) e o dom de profecia
são as seguintes:
1) O
ministério profético não é para todos. “São todos profetas?”, 1Co 12.29. Em
Éfesios 4.11, Paulo diz que Deus “deu uns” para profetas. O dom espiritual de
profecia, ao contrário, é para todos: “Todos podereis profetizar”, 1Co 14.31.
2) O
dom de profecia é uma capacitação sobrenatural do Espírito Santo concedida a
uma pessoa da congregação, do povo, para transmitir a mensagem de Deus. O
ministério profético resultante do respectivo dom ministerial é, por sua vez,
exercido através de um ministro dado por Deus à Igreja.
A profecia
no ministério profético, como aqui abordado, não é a pregação comum. É uma
mensagem divina revelada no momento, ao passo que a pregação habitual é
estudada, preparada (1Tm 5.17b).
3) No
dom de profecia, Deus usa principalmente o aparelho fonador da pessoa; no
ministério profético, Deus usa principalmente a mente da pessoa.
4) O
dom de profecia tem âmbito local, congregacional; o dom ministerial tem âmbito
geral e itinerante (At 11.27; 13.1,3 e 15.32-34).
Precisamos de ambos hoje na Igreja! (Pv
29.18; At 15.32). A Bíblia diz, em Atos, que os “profetas exortaram e
confirmaram os irmãos com muitas palavras”.
A
unção divina sobre o profeta costuma ser repentina. No mestre, costuma ser
durativa.
O
forte do profeta como dom ministerial é expor os padrões de justiça divina para
o povo. O profeta é um arauto da santidade de Deus. O seu espírito ferve com
isso. Ele foi chamado para isso, geme por causa disso, da santidade de Deus e
de tudo o que é dEle!
A
mensagem de Deus sai da mente e da boca do profeta como chamas de fogo santo e
divino. João 5.35 diz de João Batista, o profeta: “Ele era candeia que ardia”.
O profeta de Deus faz o carnal estremecer, parar e considerar o seu mau e
tortuoso caminho (At 24.24-25). O profeta recebe de Deus amplas revelações
divinas (Ef 3.5).
Vejamos, agora, um pouco sobre o dom de
profecia. A finalidade do dom de profecia (1Co 12.10 e 14.3,31) na congregação
é edificar, consolar, exortar e predizer. Paulo apresenta razões pelas quais o
dom de profecia é o principal dom espiritual (1Co 13.2 e 14.1,5,39).
A profecia edifica a congregação como um
corpo, e não apenas como indivíduos (1Co 14.4). Ela é um meio de expressão dos
demais dons (1Tm 4.14).
A
profecia é também um sinal para a Igreja, ao passo que as línguas são um sinal
para os fiéis (1Co 14.22). A profecia não se destina a dirigir pessoas e
congregações. Em Atos 15, vemos uma assembleia cristã reunida, tendo profetas
presentes (At 15.32), mas quem dirigiu a assembleia foi Tiago, o pastor (At
15.15). No Antigo Testamento, não era o profeta que dirigia a congregação, mas
o sacerdote.
Os
dois aspectos da profecia são a profecia das Escrituras, a qual é inerrante
(2Pd 1.20 e Jo 10.35b), e a profecia da Igreja. Esta última pode ser julgada
(1Co 14.29), isso porque o profeta pode vir a falar do seu próprio espírito (Ez
13.3 e 1Cr 17.2-5,11-12).
Não é Deus mesmo quem fala no momento da
profecia hoje. É o profeta quem fala, transmitindo a mensagem de Deus (1Co
14.29). Se fosse Deus mesmo quem falasse, a mensagem não precisaria ser julgada
(1Ts 5.21; 2Pd 2.1-3; 1Jo4.1 e Pv 14.15).
A
manifestação do dom de profecia (bem como os demais dons) durante o culto deve
ter limite: “Falem dois ou três profetas”, 1Co 14.29. Isso significa que a
maior parte do tempo do culto deve ser para exposição da Palavra de Deus.
No
próximo artigo, falaremos sobre alguns conselhos bíblicos para o exercício dos
dons espirituais.
Gilberto,
Antônio
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