TEXTO AUREO
“Disse-lhe, porém, o Senhor: Vai, porque este é para
mim um vaso escolhido para levar o meu nome diante dos gentios, e dos reis, e
dos filhos de Israel.”
(At 9.15)
VERDADE
PRATICA
Segundo a sua soberana
vontade, Deus usa as circunstâncias para fazer uma grande obra.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Atos 26.1-7
1.
Depois Agripa disse a Paulo: É permitido que te
defendas. Então Paulo, estendendo a mão em sua defesa, respondeu:
2.
Tenho-me por feliz, ó rei Agripa, de que perante ti me
haja hoje de defender de todas as coisas de que sou acusado pelos judeus;
3.
Mormente sabendo eu que tens conhecimento de todos os
costumes e questões que há entre os judeus; por isso te rogo que me ouças com
paciência.
4.
Quanto à minha vida, desde a mocidade, como decorreu
desde o princípio entre os da minha nação, em Jerusalém, todos os judeus a
conhecem,
5.
Sabendo de mim desde o princípio (se o quiserem
testificar), que, conforme a mais severa seita da nossa religião, vivi fariseu.
6.
E agora pela esperança da promessa que por Deus foi
feita a nossos pais estou aqui e sou julgado.
7. À qual as nossas doze tribos esperam chegar, servindo a Deus continuamente, noite e dia. Por esta esperança, ó rei Agripa, eu sou acusado pelos judeus.
OBJETIVO
GERAL
Saber como o mundo de hoje a uma porta aberta para o Evangelho.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Apresentar o mundo de Paulo no império romano;
Discorrer
sobre o mundo cultural de Paulo;
III. Descrever o mundo religioso
de Paulo.
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Mais um ano está chegando ao fim. Neste
último trimestre, estudaremos a vida e o ministério de um grande homem usado
por Deus: o apóstolo Paulo. É uma oportunidade para aprender e colocar em
prática princípios eternos que nortearam a vida desse mui digno homem de Deus.
Nesta primeira lição, você pode propor uma reflexão aos alunos a respeito das
circunstâncias que o mundo de hoje nos oferece para pregar o Evangelho. À luz
do mundo político, cultural e religioso do apóstolo dos gentios, reflita com os
alunos as portas abertas para o Evangelho no mundo atual. Apresente o
comentarista do trimestre, o pastor Elienai Cabral, escritor, conferencista e
consultor doutrinário e teológico da CGADB/CPAD.
PONTO CENTRAL: O mundo de
hoje é uma porta aberta para o Evangelho.
COMENTÁRIO
INTRODUÇÃO
O assunto deste trimestre é a vida do
apóstolo Paulo. Para compreendê-lo melhor, veremos como era o mundo que o
apóstolo atuava. Por isso, o texto áureo desta lição apresenta como Paulo foi
vocacionado para levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15).
INTRODUÇÃO
O assunto deste trimestre é a vida do
apóstolo Paulo. Para compreendê-lo melhor, veremos como era o mundo que o
apóstolo atuava. Por isso, o texto áureo desta lição apresenta como Paulo foi
vocacionado para levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15).
SUBSÍDIO
PEDAGÓGICO
Esta lição nos mostra os três “mundos” do
apóstolo Paulo: o romano, o grego e o judeu. O apóstolo teve certa liberdade
para peregrinar dentro do império. Ele também se comunicou na língua
predominante da época, o grego koinê, bem como fez uso da vasta literatura de
seu tempo. Paulo também era judeu. A moral judaica estava presente em algumas
partes do império por meio das sinagogas. A soma de tudo isso serviu ao
Espírito Santo para que a vida do apóstolo fosse usada integralmente para a
causa do Evangelho no mundo gentílico.
Por isso, sugerimos que você
introduza o assunto desta lição perguntando aos alunos acerca da contribuição
cultural, política e religiosa que o mundo atual nos dá para pregar o
Evangelho. Quais as necessidades que o mundo de hoje apresenta? Como o
Evangelho pode preenchê-las?
SUBSÍDIO PENSAMENTO CRISTÃO
“À medida que o cristianismo se expandia no
mundo romano, a Igreja Primitiva enfrentava muitas questões e desafios novos.
Os pais escreveram e ensinaram, individualmente e em reuniões de concílios, no
esforço de responder a essas questões. Muitas de suas soluções ainda formam um
fundamento essencial para a reflexão teológica, a organização da igreja e a
vida cristã.
Entre as contribuições da
Igreja Primitiva para a formação de uma cosmovisão cristã, quatro áreas foram
particularmente importantes:
1) autodefinição, quer dizer,
a compreensão do que significa ser cristão em referência ao judaísmo,
2) a relação do cristianismo
com a cultura não-cristã [grega], segundo reflexões feitas pelos apologistas ou
defensores da fé,
3) a visão cristã de Deus e
de Jesus Cristo nos primeiros concílios ecumênicos, e
4) a relação do cristianismo
com o governo”(PALMER, Michael D. (Ed). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de
Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
CONHEÇA MAIS
O Evangelho no mundo gentílico
“O Evangelho já havia sido
pregado em Jerusalém, Judeia e Samaria. Desarraigado pela mão feroz de Saulo, o
perseguidor, estabeleceu-se na grande cidade de Antioquia. O propósito do
Evangelho era ser transplantado. Antioquia, que veio a ser um centro
missionário, foi o ponto de partida para Paulo.” Para ler mais, consulte a obra
“Atos: E a Igreja se Fez Missões”, editada pela CPAD, p.145
SUBSÍDIO PENSAMENTO CRISTÃO
“Desde o princípio, a Igreja
recém-nascida achou-se num mundo multicultural. Seu contexto imediato e seus
primeiros membros eram quase exclusivamente judeus. Uma preocupação inicial que
a comunidade de crentes enfrentou dizia respeito à sua relação com o judaísmo
do século I. O indivíduo tinha de se tornar judeu para ser verdadeiro seguidor
de Jesus? A identificação com a comunidade de crentes livrava a pessoa de todas
as expectativas tradicionais dos judeus?
E as Escrituras dos judeus?
Elas foram substituídas em todo ou em parte por Jesus Cristo?
Estas preocupações estavam em primeiro Lugar na mente dos autores neotestamentários, especialmente de Paulo. Como “apóstolo aos gentios”, Paulo estava particularmente preocupado que fossem permitidos tanto aos gregos, aos bárbaros (os não-gregos), aos judeus e aos gentios, terem uma posição igual na comunidade de fé (Gálatas 3.28; Colossenses 3.11).” (PALMER, Michael D. (Ed). Panorama do Pensamento Cristão. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p.113).
CONCLUSÃO
A cultura geral que Paulo
adquiriu ao Longo da vida tornou-o capaz de enfrentar os oponentes do Evangelho
com ousadia e ciência. Diante de reis, governadores, tribunos e autoridades
religiosas, o apóstolo era excelente orador e arguto no conhecimento de várias
ciências. Paulo tinha uma personalidade forte e dinâmica, orientada por
convicções profundas, e perseguia seus objetivos com desvelo e grande
envolvimento emocional. O mundo do apóstolo foi o que Deus lhe abriu para que
comunicasse o Evangelho de Cristo.
LIÇÕES BÍBLICAS
ADULTOS
TEMA: O Apóstolo Paulo
Lições da vida e ministério do apóstolo
dos gentios para a Igreja de Cristo
COMENTARISTA: Elienai Cabral
Prefácio
Ao longo da história do cristianismo, o
apóstolo Paulo tornou-se o ápice da teologia cristã. Naturalmente, não podemos tirar
o mérito dos apóstolos que estiveram com Jesus em sua vida terrestre. Entretanto,
na formação do cânon do Novo Testamento, quando os Pais da Igreja, desde o
primeiro século da era cristã começaram a reunir os documentos escritos que pudessem
servir à história de Cristo e à sua doutrina, o cânon do Novo Testamento só
veio a ser reconhecido depois da Reforma Protestante. No século IV d.C., a
diversidade e a quantidade de obras escritas ultrapassavam os 27 livros
considerados inspirados pelo Espírito Santo. Por alguns séculos, discutiu-se muito
sobre as cartas e epístolas de Paulo, porque ele foi corajoso suficientemente
para aprofundar-se especialmente na vida e ensino de Cristo, desenvolvendo uma
teologia cristocêntrica inigualável. A despeito da resistência, os
reformadores, depois de 1517, concentraram-se na criação dos cinco solas, entre
os quais o sola scripturae, para fortalecer a ideia de que o que valia era a autoridade
plena das Escrituras. Na lista dos livros considerados e avaliados como
inspirados pelo Espírito Santo, os reformadores reconheceram os 39 livros do
cânon do Antigo Testamento; e, posteriormente, de todas as obras escritas,
foram distinguidos os 27 livros que compõem o cânon do Novo Testamento. Desses
27 livros, os escritos de Paulo continham a maior parte da teologia do Novo
Testamento. Ele, sem desmerecer os demais apóstolos, foi o homem que Deus
escolheu dentre todos os líderes do Novo Testamento para construir a maior
parte da teologia cristã. A. T. Robertson, teólogo, admirador de Paulo e de sua
teologia, escreveu em seu livro Épocas na Vida de Paulo:
Excetuando o próprio Jesus, Paulo permanece
para sempre o principal representante de Cristo,
o expoente mais hábil do cristianismo, o seu
gênio mais construtivo; do lado meramente
humano, o seu campeão mais destemido, o seu
missionário mais ilustre e mais influente, pre-
gador, mestre e mártir mais distinto. Ele ouviu
palavras no terceiro céu, as quais não é lícito
ao homem referir (2 Co 12.4), mas sentia-se
ainda um vaso de barro (2 Co 4.7).
Indiscutivelmente, Paulo foi um homem
apaixonado por Jesus.
Seu amor levou-o a procurar
identificar-se totalmente com o
Mestre. Sua identificação
tinha a ver com a consciência de que ele desenvolveu em sua mente de que
“padeceria” pelo nome de Jesus.
Quando Ananias foi comissionado para
visitar Paulo, logo depois do encontro deste com Jesus no caminho de Damasco, o
Senhor disse a Ananias:
“[...] vai, porque este é para mim um vaso escolhido para levar o meu nome
diante dos gentios, e dos reis, e dos filhos de Israel. E eu lhe mostrarei
quanto deve padecer pelo meu nome” (At 9.15,16). Paulo sabia, então, que o “sofrer
pelo nome de Jesus” iria levá-lo ao gozo de receber o seu galardão depois da
sua morte.
Ele absorveu esse sentimento
do “padecer pelo nome de Jesus” e, escrevendo aos gálatas, Paulo disse: “Já
estou crucificado com Cristo; em vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e
se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2.20). Ainda escreveu mais aos Gálatas em
6.17: “[...] trago no meu corpo as marcas do Senhor Jesus”. Aos Filipenses,
Paulo escreveu: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é ganho” (Fp
1.21). Sem diminuir a importância histórica dos apóstolos que estiveram com Jesus,
os quais morreram pelo Seu nome, o apóstolo Paulo, a partir do encontro dramático
e maravilhoso que teve com Jesus no caminho de Damasco, ficou fascinado por
Ele. Essa experiência pessoal com Jesus foi uma obsessão em sua vida com o
desejo de contar a sua experiência a outras pessoas.
Entretanto, o contexto político e
religioso da sua época não era favorável. Ele teria que desbravar, abrir
fronteiras culturais e políticas e ter coragem e ousadia para levar o nome de
Jesus ao mundo gentio. Não faltaram oposições e ameaças daí em diante.
Paulo dá testemunho alguns anos mais tarde
e fala “dos sofrimentos impingidos contra a sua vida, até dentro das igrejas
que ele mesmo plantou e doutrinou, por falsos judeus cristãos que o perseguiam sem
limites” (2 Co 11.23-27). Fora os padecimentos provocados por seus irmãos de
sangue, Paulo também sofria pelas igrejas plantadas por ele e que estavam sendo
invadidas com heresias e contradições. Paulo disse dessa situação: “Além das coisas
exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas” (2 Co 11.28).
Paulo foi capaz de romper com limites
geográficos, com limites culturais, envolvendo línguas diferentes, costumes e
mentalidades diferentes. A sua opção radical por Jesus fazia-o vislumbrar um cristianismo
que alcançasse o mundo todo. Certo escritor escreveu que “o mundo cristão não seria
o mesmo sem a mensagem que o apóstolo Paulo transmitiu no contexto do Império
Romano”.
Este livro, em função das
revistas da Escola Dominical tem um caráter temático para facilitar a pesquisa
dos professores. Portanto, é impossível abordar com profundidade toda a vida do
apóstolo Paulo. Sua cultura tríplice: judaica, grega e romana, além de outras abordagens
históricas, filosóficas e, principalmente, teológicas podem levar-nos a estudos
mais profundos sobre o grande mestre apóstolo Paulo. Atrevo-me a declarar que,
indiscutivelmente, o grande construtor da teologia cristã foi o apóstolo Paulo.
Todo estudante da Bíblia, cada pastor e cada
professor de Escola Dominical devem obter em sua biblioteca pessoal obras relativas
ao apóstolo Paulo. Que tenhamos a mesma paixão desse grande servo de Deus.
Pr. Elienai Cabral
Introdução
Paulo, o apóstolo dos gentios, foi um personagem da história do
cristianismo que mais atraiu pesquisadores, e cada escritor procurou
desenvolver a história desse homem em vários campos do seu judaísmo e,
posteriormente, do seu cristianismo. A partir dos relatos dos cristãos
primitivos e, especialmente, dos discípulos de Jesus, os historiadores
foram filtrando os fatos narrados acerca do ministério de Paulo. É
interessante afirmar que Paulo admite nunca ter encontrado Jesus em sua
vida terrestre, mas, indiscutivelmente, ninguém foi testemunha maior
do que Paulo acerca do que Jesus revelou e manifestou a ele. Até o dia de
hoje, Paulo consegue provocar irritação da parte dos judeus, especialmente
dos seus contemporâneos, tanto judeus quanto cristãos. Mas, depois da
visão do próprio Cristo “no caminho de Damasco”, Paulo tornou-se o
apóstolo mais influente do mundo de então. A sua busca religiosa levou-o a
confrontar todo o conhecimento que tinha do judaísmo com a doutrina de
Cristo. A partir disso, temos um vislumbre do mundo gentio a que Paulo
fora enviado e desafiado para representar a Cristo como um autêntico
embaixador da Sua mensagem.
A narrativa de Lucas em Atos 26
apresenta o modo como Saulo de Tarso foi chamado e vocacionado para
levar o nome de Jesus diante dos gentios (At 9.15).
No texto de Atos 11, Lucas relata nomes
de cidades gentílicas como Antioquia, Chipre, Pafos, Perge, Icônio,
Listra, Derbe, Corinto, Filipos, Colossos, Tessalônica, as quais foram
alcançadas com a pregação de Paulo. Depois, no capítulo 15 de Atos,
aparecem países e outras notáveis cidades como Atenas, Roma, e
outras cidades como Samaria, Fenícia, Síria e Cilícia, por onde Paulo,
Silas, Barnabé, Timóteo, Tito e outros mais anunciaram o nome de Jesus e
plantaram igrejas. James Dunn, teólogo e professor emérito da universidade
de Durham, escreveu que “cada geração do cristianismo necessita de uma
nova abordagem do apóstolo Paulo, sua vida e suas cartas. A principal
razão é simples: O apóstolo Paulo foi o pensador teológico mais criativo
da primeira geração do cristianismo”. Concordo com James Dunn. Nos últimos
séculos da Era Cristã, muitas abordagens da vida e missão de Paulo foram
feitas, e todas, sem dúvida, contribuíram para reunir ideias e fatos da
sua vida que ajudam a construção da teologia do Novo Testamento.
É impossível adentrar com profundidade em tudo que diz respeito ao grande
servo de Deus, Paulo, mas podemos oferecer vislumbres da sua missão
recebida de Jesus.
I – O Mundo de
Paulo dentro do Império Romano
1. A Política Politeísta de Roma
O
Império Romano no período do ministério do apóstolo Paulo tinha uma
política politeísta e, por isso, era mais aberto para que outras religiões
convivessem em paz, especialmente o mundo mediterrâneo, que, naquele
tempo, havia sido helenizado (influência da cultura grega) e depois
romanizado; ou seja, os imperadores não deixaram de fortalecer a cultura
romana, mesmo tendo que conviver nas sombras da cultura grega. A
liderança política romana sabia que seria impossível desfazer a cultura
grega e, por isso, permitia que as religiões autóctones
estivessem presentes no mundo romano, desde que o império fosse respeitado
por suas leis.
Paulo, inteligentemente, soube tirar
proveito dessa situação para anunciar o nome de Jesus. Quando o Senhor
Jesus o convocou de forma dramática e incisiva no caminho de Damasco, foi
porque viu na pessoa de Saulo de Tarso o homem certo para expandir o
evangelho (At 9.1-6).
Não foi nada fácil para Paulo
desvencilhar-se do seu judaísmo e do seu papel de fariseu zeloso para
absorver uma nova doutrina que saía de dentro do judaísmo. Esse ideal de
religiosidade que o judaísmo imprimia não correspondia aos
anseios espirituais do coração de Paulo. Entretanto, sua conversão foi tão
revolucionária que o fez mudar de rumo e direção. A partir de então, ele
tornou-se um pregador do evangelho de Cristo.
2. O Tríplice Entendimento do
Mundo de Paulo
Para
entender o mundo do apóstolo Paulo, precisamos analisá-lo geográfica, histórica
e culturalmente. Sua cultura grega, romana e judaica era vivida no contexto da vida
dentro do Império Romano. O Império Romano, de fato, tinha em Roma o seu
epicentro de política, de religiosidade e de cultura. Nos dias da vida de
Paulo, as nações que circundavam o Mediterrâneo foram conquistadas sob o
domínio do Império Romano. Era o mundo de então que abrangia a Europa,
Ásia Menor, África, Turquia e a Grécia.
O Império Romano, a despeito de promover
sua cultura romana, era, de fato, um mundo fortemente influenciado pela
cultura grega, mais conhecida como a cultura de Helena de Troia, uma
cultura mais popular e menos acadêmica. Por isso, o grego que se falava na época era o grego koinê (popular).
Porém, o mundo do tempo de Paulo, além
de ser um mundo helenizado, era também um tanto romanizado. Visto que o
domínio era político, a política do império permitia a prática das
religiões autóctones já instaladas nas cidades e, especialmente, em Roma, mas
as autoridades de Roma, a partir do imperador, viam com restrições as
novas religiões. Por isso, o cristianismo era algo novo e assustava o império
com sua doutrina.
Os judeus inimigos dos cristãos
começaram a injuriar e caluniar os cristãos para que o imperador
restringisse e proibisse os cristãos de disseminarem a sua fé. Por outro
lado, havia certo grau de liberdade para todos, e Paulo sentia-se bem à vontade
para disseminar o cristianismo, até porque era um cidadão romano.
3. Aspectos da Vida Pessoal de
Paulo
A
cronologia da vida de Paulo tem poucas informações concretas acerca de
sua vida pessoal, envolvendo a data de seu nascimento, sua formação
cultural e religiosa.
“Quem és, Senhor? E disse o Senhor:
Eu sou Jesus, a quem tu persegues. Duro é para ti recalcitrar contra os
aguilhões. E ele, tremendo e atônito, disse: Senhor, que queres que faça?
E disse-lhe o Senhor: Levanta-te e entra na cidade, e lá te será dito o
que te convém fazer. E os varões, que iam com ele, pararam espantados,
ouvindo a voz, mas não vendo ninguém. E Saulo levantou-se da terra e,
abrindo os olhos, não via a ninguém. E, guiando-o pela mão, o conduziram a
Damasco. E esteve três dias sem ver, e não comeu, nem bebeu”(At 9.5-9)
Na
epístola a Filemom, no versículo 9, quase 40 anos depois de sua
conversão, Paulo dirige-se ao seu amigo e hospedeiro Filemom, que era,
além de servo de Cristo, um próspero negociante da cidade de Colossos.
Nessa carta ao seu amigo Filemom, Paulo faz um pedido em favor de Onésimo,
um escravo fugitivo que havia praticado algo digno de morte, mas que, em
sua fuga, encontrou Paulo e converteu-se a Cristo. Nessa epístola, Paulo
solicita a Filemom que receba de volta o seu escravo no amor de Cristo.
Mas o que chama a atenção é que, nessa carta, Paulo identificase como “o velho”, indicando que sua idade era de, aproximadamente,
55 a 60 anos de idade, talvez um pouco mais. Era a cultura que prevalecia
naquela época: uma pessoa com mais de 60 anos de idade naquele tempo
já era tratada como idosa.
Conta-se na história dos gregos que, um
legislador de Atenas (635-560 a.C.) chamado Sólon resolveu fazer o cálculo da
vida de um homem por dez períodos de sete anos cada. Posteriormente, outro
grego, médico, que se chamava Hipócrates, identificado como o pai da
medicina, também fez um cálculo da vida de um homem medida por sete
períodos de sete anos cada. Hipócrates denominou esses períodos como: lactância, infância, adolescência, juventude, virilidade, meia-idade e velhice. O período da velhice passou a ser chamado de o período da “idade
madura”. Na Bíblia, a estimativa da duração de vida de uma pessoa
corresponde a 70 anos e, às vezes, a duração da vida é de 80 anos, se ela
for vigorosa (Sl 90.10). Em relação ao apóstolo Paulo, quando se identificou como
“o velho” ao seu amigo Filemom, ele teria naquele momento entre 60 e 64 anos
aproximadamente (62 d.C.). Certamente, a velhice de Paulo tinha a ver com
o desgaste físico, mental e emocional que obteve depois que se tornou um apóstolo
do Senhor Jesus. Mesmo estando velho como ele se via, podemos observar que os
últimos 30 anos do seu ministério foram muito produtivos. Ele plantou
igrejas e construiu uma cristologia, fruto de sua paixão, e desenvolveu
outras doutrinas no campo da escatologia, da eclesiologia e outras
ciências mais, que são aplicadas nas igrejas até hoje. Portanto, seu mundo,
passados mais de 30 anos depois do Pentecostes, foi alcançado de modo
espetacular.
Seu mundo não foi apenas o geográfico,
mas teve uma abrangência cultural enorme no qual o apóstolo foi capaz de
revolucionar com a pregação e o ensino do evangelho.
Como cidadão romano, ele havia adotado
o nome romano “Paulo” (At 13.9), uma vez que o nome “Saulo” era um nome
judaico, e era nascido em Tarso, capital da Cilícia, que ficava às margens
do rio Cydnus, na Asia Menor.
Neste
ponto, Lucas observou que Saulo era também conhecido como Paulo. A
implicação é de que ele já tinha os dois nomes, mas começou a usar o
último, preferindo usar o seu nome romano para o equilíbrio da sua missão
orientada pelos gentios. A partir deste ponto, Paulo é sempre chamado pelo seu
nome romano no registro de Lucas. (COMENTÁRIO DO NOVO TESTAMENTO, 2009, p.
681)
Não há data precisa do seu
nascimento, a qual poderia ser no ano 5 a.C., aproximadamente. Quando Jesus
morreu no calvário, Paulo poderia estar entre 30 e 35 anos de idade.
Deus, em sua infinita sabedoria e
presciência, escolheu a Saulo de Tarso e chamou provocando uma experiência
emocional assustadora. Diferentemente dos demais apóstolos, o Senhor Jesus
viu em Paulo o homem que possuía as qualidades ideais de ousadia para levar o
Seu nome ao mundo gentio (At 9.15).
Os 12 apóstolos em Jerusalém, com
poucas exceções de alguns, tiveram dificuldades para aceitar o apostolado de
Paulo, porque entendiam que ele não estivera com eles nos quase quatro
anos do ministério terrestre de Jesus. Os apóstolos de Jesus
restringiam-se a anunciar Jesus apenas aos judeus porque entendiam
que Jesus havia vindo antes para os judeus, e, por isso, deveriam levar o
evangelho primeiramente aos judeus. Entretanto, Jesus via a Paulo por uma
perspectiva mais abrangente, e convoca-o de forma dramática para ser
“apóstolo entre os gentios” (Rm 1.1; 1 Co 1.1; Ef 1.1).
4. O Mundo Linguístico da Época
de Paulo
Independentemente
dos dialetos e línguas existentes naqueles dias, a língua
mun- dial era o grego koinê. Portanto, a língua básica que Paulo falava era o grego, uma vez
que ele foi criado na metrópole helenística da cidade Tarso. Os
historiadores discutem se Paulo conhecia obras da literatura e poesia
gregas clássicas. A verdade é que Paulo tinha bagagem da cultura grega a ponto
de fazer citações dos grandes poetas e filósofos gregos e romanos. Ele
falava fluentemente o grego da época. A socialização helenístico-urbana
revela-se quando ele fala das lutas nas arenas e das maratonas. Na
Palestina, o povo judeu tinha a sua língua materna
(o hebraico e o aramaico), mas todos falavam o grego koinê.
Naturalmente, para o povo judeu, as
línguas nativas eram o hebraico e o aramaico, mas, pelo fato de a Palestina e
todos os demais países do
Médio-Oriente estarem sob a autoridade do Império Romano, prevaleceu a língua do grego koinê, que
vinha do Antigo Império Grego e ainda exercia influência no mundo romano.
A infraestrutura de comunicação do Império
Romano possibilitou a manutenção do grego koinê. O aramaico era a língua dos tempos da Babilônia, mas o hebraico era a língua materna na Palestina. Entretanto, todos falavam o grego koinê como uma
língua popular muito difundida na época. Contudo, o latim era a língua
dos romanos.
Os evangelhos, as cartas e epístolas do
Novo Testamento foram escritos no grego koinê, e Paulo falava e escrevia fluentemente tanto o grego quanto o hebraico e
o aramaico. Foi Jerônimo que traduziu e revisou a Bíblia para o latim do
hebraico e do grego, ficando conhecida como “Vulgata Latina”. Entretanto,
antes da existência da Vulgata Latina, Paulo já conhecia os escritos em rolos
de papiro dos livros do Antigo Testamento aprovados pelo cânon. Uma vez que
Paulo teve sua formação básica em Tarso, cidade grega onde se falava o
grego, a sua educação primária foi nessa cidade. Tarso era
uma
cidade na costa sul da atual Turquia. Nos tempos de Paulo, ela se situava na
província romana da Cilícia, a 16 quilômetros da costa do Mediterrâneo, e se
orgulhava de sua reputação como porto. O rio Cidno, pelo qual Cleópatra subiu
para encontrar Marco Antônio, era uma via principal de transporte que
passava pelos montes Taurus. Ele ajudou a fazer de Tarso uma encruzilhada
cultural, um cenário ideal para o papel futuro de Paulo. (BEERS, 2013, p.
355)
Posteriormente, ele, ainda na infância,
foi levado por seu pai a Jerusalém, que era judeu e pertencia ao grupo dos
fariseus em Tarso. Levou-o para aprender e conhecer em profundidade a Torá na
escola do rabino Gamaliel. Paulo tornou-se um fariseu zeloso (Gl 1.14;
At 22.3). Por isso, Paulo conhecia bem tanto o hebraico quanto o aramaico
e o grego e até mesmo o latim de Roma, mas a língua da Diáspora judaica na
região do Mediterrâneo era o grego. Os judeus da Diáspora eram, na verdade,
aqueles judeus que haviam sido dispersos da sua terra e, depois, espalharam-se
por todos os lugares, especialmente nas terras do mundo romano. Portanto,
havia muitos judeus em Roma e em todas as cidades do domínio ro- mano,
inclusive na cidade de Tarso. Daí, em seu mundo cultural, Paulo servia-se dessas
línguas para comunicar-se não só com os judeus, mas também com os outros povos.
5. O Mundo de Paulo
geograficamente (At 26.16-18)
“Porque,
ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na
terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para nós há um
só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor
Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele”
Apesar de ter formação na infância e parte da sua adolescência em Tarso e depois em Jerusalém, mais tarde voltou a Tarso, quando já era um fariseu formado pela escola de Jerusalém. Cheio de presunção e empáfia, tomou sua bagagem mística e radical do judaísmo farisaico e resolveu voltar a Jerusalém, indo apenas à sinagoga construída na Cidade Santa para os judeus da Diáspora que viviam fora da sua terra. Já com seus 33 a 35 anos de idade e convertido a Cristo, Paulo conscientizou- se de seu apostolado e que o mesmo não seria em Jerusalém. Lá estavam Pedro, Tiago (irmão de Jesus) e João e os demais apóstolos já se haviam espalhado pelo mundo afora. O ministério apostólico de todos eles estão registrados na História da Igreja. Alguns anos à frente, Lucas narra em Atos 26, quando Paulo dá o seu testemunho pessoal perante o rei Agripa e declara que foi chamado por Deus para ser ministro de Cristo perante todos os povos. Geograficamente, naquele tempo, não muito depois do Pentecostes, o mundo gentio ainda estava sob o domínio do Império Romano, e, naqueles dias, era Tibério, o imperador, entre 33 e 35 d.C. Com um pouco de experiência no campo da evangelização, Paulo percebeu pelo Espírito que havia excelentes possibilidades de avançar nas dimensões geográficas do Império Romano. Seu mundo, então, alcançava um território geográfico enorme para facilitar sua atividade missionária. Segundo informes da história, “a malha viária” abrangia em torno de 300 mil km2; desse número, 90 mil km2 eram de estradas construídas pelo império em boas condições para viajar-se. Paulo utilizou todos os meios possíveis de transporte da época, inclusive navios pelas vias marítimas, em que sofreu naufrágios e enfermidades. Como viajante itinerante, ele e seus companheiros vestiam-se com roupas típicas convencionais da época, sem luxo, sempre tendo um manto típico, como vestidos de linho rústico abaixo dos joelhos. Geralmente, não se preocupavam com os cabelos que eram compridos; usavam um alforje, (saco de couro ou de linho com abertura em cima) e não levavam muita bagagem nessas viagens. Como não tinham residência fixa, enfrentavam, às vezes, a rejeição nas cidades por onde transitavam. Paulo tecia tendas e vendia-as para ajudar em suas despesas. Ele aprendeu a fazer tendas com seu pai e, por esse modo, comprava o tecido próprio para fabricá-las.
6. O Mundo
Cultural do Apóstolo Paulo
Paulo era cidadão romano e criou-se numa importante cidade cultural do império. Ele era um judeu da Diáspora e formou-se fariseu para servir numa sinagoga, sendo qualificado para ser um defensor do pensamento judaico. Entretanto, o seu horizonte intelectual ia mais além. O Império Romano tinha uma abertura religiosa em que se respeitava a diversidade religiosa, desde que se respeitassem os deuses do império. Havia em Roma os cultos a entidades gregas como Júpiter (pai dos deuses), Marte (deus da guerra), Minerva (deusa da sabedoria e da justiça), além de outros deuses como Zeus, Ísis, Quirino, Elêusis, Dionísio, Átis. Eram deuses que se integravam com as divindades egípcias como Osíris, Ísis, Serápis, bem como as divindades orientais como Mitras, Asclépio (que era uma divindade de cura). Havia divindades da Ásia Menor sob o domínio do império em cidades como Éfeso, Colossos e Corinto, tais como Diana, Artesis e outras mais. Essa diversidade religiosa acabou por facilitar o nome de Jesus, o Deus dos cristãos. Jesus era o nome pregado pelos apóstolos. Nesse mundo religioso do Império Romano, havia a influência politeísta e filosófica grega e romana. Essencialmente, o Império Romano era politeísta, e Paulo referiu-se a isso em 1 Coríntios 8.5,6: “Porque, ainda que haja também alguns que se chamem deuses, quer no céu quer na terra (como há muitos deuses e muitos senhores), todavia, para nós há um só Deus, o Pai, de quem é tudo e para quem nós vivemos; e um só Senhor Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós por ele”.
Por exemplo, a influência filosófica grega,
especialmente do gnosticismo, era muito forte e acabou por influenciar o
pensamento de muitos cristãos daqueles dias. Os líderes da igreja da época
tiveram que refutar com veemência as teorias do gnosticismo, cujos adeptos queriam
misturá-las com a doutrina pura de Cristo. Paulo enfrentou com firmeza as
heresias que torciam os ensinamentos dados por ele e pelos demais apóstolos.
Aos Gálatas, Paulo teve que ser duro com os teimosos judeus que se diziam
cristãos, mas torciam toda a verdade que ele ensinava. Havia ainda naqueles
dias um grupo de judeus pseudocristãos que defendiam o rito da circuncisão, que
vinha desde Jerusalém e entravam nas igrejas gentílicas com suas ideias
judaicas e com os conceitos do gnosticismo. Esses falsos cristãos judeus, de
fato, defendiam ideias judaizantes. Eram os legalistas judeus que queriam que
os gentios se submetessem aos ritos judaicos, anulando, por esse modo, tudo
quanto Paulo e seus companheiros haviam ensinado da doutrina de Cristo.
“Quanto a mim, sou varão judeu, nascido
em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade
aos pés de Gamaliel, instruído conforme a
verdade da lei de nossos pais, zeloso para
com Deus, como todos vós hoje sois. Persegui
este Caminho até à morte, prendendo e
metendo em prisões, tanto homens como
mulheres [...]” (At 22.3-4).
Hoje, em pleno século XXI, algumas igrejas, especialmente as neopentecostais, têm aderido ao espírito judaizante, a ponto de confundir o seu culto com ritos judaicos das sinagogas com a liturgia evangélica. Naturalmente, essa crise levou Paulo a discutir com os apóstolos em Jerusalém. O resultado foi positivo, pois todos entenderam que os gentios não tinham que se submeter a qualquer rito judaico próprio dos judeus. A concordância final liberou essa situação, e as igrejas foram alertadas sobre essas ameaças heréticas insufladas por falsos cristãos. Paulo teve que fortalecer a doutrina cristã sobre Deus, fé, Jesus, Espírito Santo, graça e salvação. Ele tornou-se, indiscutivelmente, o grande defensor do evangelho de Cristo.
II – O Mundo Religioso de Paulo
1.
Paulo Identifica-se como Judeu
No capítulo 21 de Atos dos Apóstolos, Paulo,
depois de passar por alguns lugares como Éfeso, Cesareia e Mileto, dispôs-se a
ir a Jerusalém para participar da Festa do Pentecostes. Ao chegar em Jerusalém,
foi bem recebido por alguns cristãos da cidade (At 21.17). Ao visitar o Templo,
deparou-se com judeus da Ásia que insuflaram a multidão contra ele e
acusaram-no de ser inimigo do Templo e traidor da fé judaica. Quiseram matá-lo,
mas foram impedidos por um tribuno militar de Roma. Levado ao Sinédrio, Paulo
teve a oportunidade de defender-se daqueles fanáticos judeus. Ao
identificar-se, inicialmente falou à multidão em aramaico. Ele fez uma
autobiografia visando a sua defesa perante aquela multidão cheia de ódio, a
qual queria a sua morte. Mas ele, com sabedoria, respondeu aos insultos,
dizendo: “[...] sou varão judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta
cidade aos pés de Gamaliel, instruído conforme a verdade da lei de nossos pais,
zeloso para com Deus, como todos vós sois hoje” (At 22.3). Paulo estava falando
em aramaico para aquela plateia quando todos esperavam que ele falasse apenas em
grego. Paulo tinha o sangue de pais judeus. Seu pai era fariseu zeloso e
influente na sinagoga em Tarso e criou seu filho para ser um fariseu, tanto
quanto ele mesmo.
2. Paulo Foi
Criado e Educado na Fé Judaica
O pai de Saulo investiu no futuro de seu
filho para ser um fariseu, uma vez que ele mesmo era um fariseu atuante em
Tarso. Depois de desmamado e já um menino, seu pai levou-o para Jerusalém para
aprender com o grande rabino fariseu Gamaliel as primeiras lições para sua
formação farisaica (At 22.3). Após isso, Saulo voltou à terra do seu nascimento
(Tarso), tendo 12 ou 13 anos de idade, e lá aprendeu uma profissão, a saber, a
de tecelão de tendas.
O rito da circuncisão foi cumprido pelos
pais de Paulo, que o circuncidaram aos oito dias de nascido (Fp 3.5). Uma vez
que os judeus valorizavam muito as genealogias, Paulo declarou-se ter vindo da
tribo de Benjamim. Dentro da fé judaica, Paulo tornou- -se um ardoroso defensor
da Torá, que obedecia a todas regras e leis requeridas, especialmente pelos
fariseus. Ele tornou-se um religioso extremamente zeloso no sentido de cumprir
piamente a Lei de Moisés (Gl 1.14).
Paulo deu testemunho de que havia sido
instruído no conhecimento da Torá desde a sua meninice aos pés do rabino
Gamaliel. Era o maior sonho dos pais de Saulo vê-lo sendo educado em
Jerusalém. Era em Jerusalém
que se concentrava a história do seu povo, dos reis de Israel e dos grandes
profetas. Em Jerusalém, ele gostava de estar entre os escribas e doutores da Lei.
Ele sabia tudo acerca dos ritos, leis e regras que regiam o Santuário de
Israel. A escola onde Saulo aprendeu e tornou-se um fariseu era chamada a
“Escola de Hilel”, o grande nome entre os rabinos da época. O zelo fervoroso de
Saulo pela doutrina dos fariseus era demonstrado no modo como ele tratou os
cristãos no princípio (At 26.5).
3. O Mundo do Apóstolo Paulo Tornou-se o Palco de sua
Mensagem ao Povo Gentio
Os apóstolos que estiveram com Jesus
demoraram a entender que
a mensagem do evangelho não
se restringia numa visão limitada
inicialmente e apenas ao povo
judeu (At 11.19).
Naturalmente, não levou muito tempo para que
aqueles discípulos que estiveram com Jesus entendessem que o evangelho deveria
romper culturas e alcançar outros povos. Não foi por acaso nem tampouco um erro
de cálculo do Senhor quando convocou a Paulo e chamou-o porque ele tinha as
caraterísticas de quem seria capaz de romper fronteiras sociais, culturais e
geográficas para dimensionar o evangelho.
A cultura romana e grega que Paulo havia
adquirido davam-lhe condições de perpetrar o mundo gentílico. Ele formou comunidades
cristãs na Galácia, Acaia e Ásia Menor. Ele não se importava com status social,
porque tinha bagagem cultural para entrar nos palácios, nos sinédrios judeus,
nas praças e até no famoso Areópago em Atenas.
O
Areópago era a mais antiga instituição ate-
niense e, segundo a lenda, fora estabelecido pela
máxima divindade ática — a deusa Atenas. No
século V a.C., os areopagitas perderam consi-
derável parcela de sua autoridade, em virtude
da implantação da democracia ateniense. Não
obstante, conservaram, por muito tempo, uma
não desprezível força moral.
Segundo alguns estudiosos, quando da visita de
Paulo a Atenas, tinha o Areópago uma única
função: examinar os preletores públicos [...].
Preparava-se Paulo para derrubar postulados
sacralizados pelos gregos durante vários sécu-
los. Anunciar-lhes-ia o Evangelho de Cristo. O
apóstolo foi acusado, de igual modo, de pregar
deuses estranhos [...].
Com base nessas acusações é que Paulo foi le-
vado ao Areópago. Lá exporia o Evangelho de
Cristo ante homens que, em tudo, procuravam
detalhadas explicações.
Chegando ao Areópago, perguntam-lhe: – “Po-
deremos saber que nova doutrina é essa que
ensinas? Posto que nos trazes aos ouvidos cousas
estranhas, queremos saber que vem a ser isso
(At 17.19 e 20).
Seus inquiridores estavam ávidos, queriam ou-
vi-lo. (ANDRADE, 1986, pp. 55-57)
Portanto, o mundo dos gentios foi o palco
que o Espírito Santo montou para que Paulo pregasse o nome de Jesus e estabelecesse
novas igrejas por onde ele passava. Foi em Antioquia da Pisídia que Paulo
encontrou o ponto de partida para as suas viagens misionárias (At 13.1,44-49).
Conclusão
A cultura geral que Paulo havia adquirido ao
logo da sua vida tornou-o capaz de enfrentar os oponentes do evangelho com ousadia
e ciência. Diante de reis, governadores, tribunos e autoridades religiosas,
Paulo era excelente orador e arguto no conhecimento de várias ciências. Paulo
tinha uma personalidade forte e dinâmica, orientada por convicções
fundamentais. Ele perseguia os seus objetivos com desvelo e grande envolvimento
emocional.
O mundo do apóstolo foi o mundo aberto por Deus para que ele comunicasse o evangelho de Cristo.
O Apóstolo Paulo: Lições da vida e ministério do
apóstolo dos gentios para a Igreja de Cristo
De Elienai Cabral
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