TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Atos 1.1-8
TEXTO ÁUREO
Porque a promessa vos diz
respeito a vós,
a vossos filhos
e a todos os
que estão longe:
a tantos
quantos Deus, nosso Senhor, chamar.
Atos 2.39
OBJETIVOS
Reconhecer a importância que deve ser
dispensada aos vizinhos no que se refere à propagação do evangelho;
Entender que a tarefa de
anunciação do evangelho a vizinhança;
Utilizar algumas sugestões para evangelização da vizinhança.
Deus abençoe
sua vida!
Lições Palavra de Deus nº 63
- Editora Central Gospel - Discipulado cristão: teologia e prática
As estratégias evangelísticas de Paulo
Paulo
foi o maior missionário da história da igreja. Investigar o conteúdo da sua
mensagem e a relevância de seus métodos é um desafio para a igreja
contemporânea. Na busca do crescimento da igreja, não precisamos recorrer às
novas técnicas engendradas no laboratório do pragmatismo, mas devemos nos
voltar ao exemplo daquele que foi o maior bandeirante do Cristianismo. Algumas
estratégias de Paulo merecem destaque:
1. Paulo sempre buscou as sinagogas
para alcançar os religiosos. Sempre que Paulo chegava em uma cidade, procurava
ali uma sinagoga. Sabia que nesse ambiente religioso, judeus e pessoas tementes
a Deus se reuniam para estudar a lei e orar. Seu propósito era argumentar com
essas pessoas, a partir do Antigo Testamento, que o Jesus histórico é o
Messias, o Salvador do mundo. Não podemos perder a oportunidade de pregar a
Palavra nos templos, onde pessoas religiosas se reúnem, para expor a elas as
Escrituras e por meio delas apresentar-lhes Jesus.
2.
Paulo sempre aproveitou os lugares seculares para alcançar as pessoas não
religiosas. Tanto em Corinto como em Éfeso, Paulo lançou mão desse recurso. Não
podemos limitar o ensino da Palavra de Deus apenas aos locais religiosos. Em
Corinto Paulo ensinou na casa de Tício Justo e em Éfeso, na escola de Tirano.
Paulo ia ao encontro das pessoas, onde elas estavam. Era um evangelista que
tinha cheiro de gente. Estava nas ruas, nas praças, nas escolas. Era um
pregador fora dos portões. Ainda hoje podemos e devemos usar esses recursos.
Podemos e devemos plantar igrejas, usando espaços neutros, como fábricas,
escolas e hotéis. Muitas pessoas que, ainda hoje, encontram resistência para
entrar num lugar religioso não oferecem qualquer resistência para ir a um lugar
neutro.
3. Paulo
sempre utilizou os lares como lugares estratégicos para a evangelização e o
ensino. Paulo ensinava publicamente e também de casa em casa, testemunhando
tanto a judeus como a gregos o arrependimento e a fé em Cristo Jesus. Paulo era
um evangelista e um mestre. O lar sempre foi um lugar estratégico para o
crescimento da igreja. Na igreja apostólica não havia templos. As igrejas se
reuniam nas casas. E a partir desses núcleos, a igreja espalhou-se e
multiplicou-se por todo o império romano. O lar deve ser uma embaixada do reino
de Deus na terra, uma agência de evangelização e uma escola de discipulado.
4.
Paulo sempre plantou igrejas em cidades estratégicas. Paulo foi um pregador
fiel e relevante. Ele lia o texto e o povo. Conhecia as Escrituras e a cultura.
Jamais mudou a mensagem, mas sempre buscou os melhores métodos para alcançar os
melhores resultados. Por isso, fixou-se nas cidades mais importantes do
império, porque estava convencido de que a partir dali, o evangelho poderia se
espalhar para outros horizontes. Nas quatro províncias que Paulo plantou
igrejas, as províncias da Galácia, Macedônia, Acaia e Ásia Menor, procurou
sempre se estabelecer em lugares geográfica, econômica e religiosamente
importantes, pois sabia que as igrejas nessas cidades tornar-se-iam
multiplicadoras na evangelização mundial.
5.
Paulo sempre acreditou no poder da verdade para convencer e converter os
corações. Paulo pregou com lágrimas, mas sem deixar de usar seu cérebro. Por
onde passou, dissertou sobre a verdade das Escrituras e persuadiu as pessoas a
crerem em Cristo. Ele dirigiu-se à mente das pessoas e tocou-lhes o coração.
Paulo rejeitou a sabedoria humana, mas não a sabedoria divina. Ele não confiou
nos recursos da retórica, mas usou todos os argumentos lógicos e racionais, na
dependência do Espírito, para alcançar as pessoas com o evangelho. Hoje, à
semelhança de Paulo, precisamos de pregadores que conheçam a verdade;
pregadores que ousem pregá-la com clareza, exatidão e poder.
Hernandes
Dias Lopes
Um discipulador eficaz
O
discipulador é aquele que aceitou o Senhor Jesus Cristo como seu único e
suficiente Salvador, assumindo a identidade de filho de Deus. A partir de
então, passa a ser guiado pelo seu Espírito, como está escrito em Atos 17.28:
“Pois nele vivemos, nos movemos e existimos”.
A nova
identidade de filho gera em seu coração a necessidade de se conectar
diariamente com o pai e de priorizá-lo em tudo o que faz: “Ame o Senhor, seu
Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e de todo o seu entendimento”.
Este é o grande e o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este é: “Ame
o seu próximo como você ama a si mesmo”. (Mateus 22.37-39).
Jesus
define amar a Deus como estar enraizado em um espírito de obediência. Ao
amarmos a Deus, e a nós mesmos, estaremos prontos para amar o próximo cumprindo
este mandamento divino. É através da convivência que os vínculos são
fortalecidos.
Para
cumprir o seu papel como discipulador é necessário desenvolver algumas atitudes
que serão importantes para um discípulo eficaz, como estar pronto para se
relacionar, ensinar, ouvir e interceder.
Pronto para
construir relacionamentos
Deus é
um Deus pessoal e de relacionamentos. Ele é o nosso exemplo, como vemos na
Trindade: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, cada um cumprindo o seu
papel.
Criou pessoas para que se relacionassem com
Ele em amor, e os abençoou para que cresçam, multipliquem-se e encham a terra
através dos relacionamentos: “Com amor eterno eu a amei; por isso, com bondade
a atraí” (Jeremias. 31.3).
Discipular demanda tempo para que se crie
vínculos. Foi isso que Jesus fez no convívio com seus discípulos, e entendemos
que Ele requer isso de nós.
Acontece que temos vivido dias em que as
pessoas estão tendo dificuldades de se relacionar devido ao excesso de
atividades e da correria do dia a dia. Precisamos aprender a administrar o
nosso tempo com Deus e com o próximo, conforme diz Efésios 5.16: “Aproveitando
bem o tempo, porque os dias são maus”.
Mesmo
tendo personalidades, ideias, culturas e posições sociais diferentes, isso, não
nos impede de nos relacionarmos uns com os outro.
Ao
ensinar Seus discípulos como viver diante de Deus e dos homens, o Mestre, os
influenciava com a própria vida. Ele conquistou Seus seguidores através do
amor, do tempo investido neles, de seu exemplo e do serviço.
A
atuação de Jesus foi tão impressionante que os discípulos desejavam estar junto
dEle e aprender com Ele. Jesus visitava lares e, nessas visitas, criava
vínculos afetivos que favoreciam o Seu ensinamento às pessoas com quem se
relacionava, instruindo, curando e abençoando.
O
encontro entre Jesus e Zaqueu, o cobrador de impostos, mencionado no evangelho
de Lucas 19.1-10, nos dá essa ideia. O anunciar “Zaqueu desce depressa, porque,
hoje, me convém pousar em tua casa”, o Mestre provou que conhece todo ser
humano pelo nome, que não faz acepção de pessoas e que se agrada quando há
arrependimento e conversão.
Certamente, os momentos que Jesus passou com
Zaqueu mudaram a vida desse homem, pois ele não foi mais o mesmo. Passou a ter
um novo pensar, falar e um novo comportamento.
O bom
êxito do discipulado será proporcional ao tipo de relacionamento entre o
discipulador e o discípulo. Quanto mais intimidade o discipulador tem com Deus,
mais capacitado está para influenciar o crescimento espiritual e emocional das
pessoas que está discipulando.
“Já não
chamo vocês de servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz; mas
tenho chamado vocês de amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes dei a
conhecer”. João 15.15
REFERÊNCIAS: MALAFAIA, Silas. Chamados para
discipular
Viver pregando x pregar
vivendo
Há uma
enorme diferença entre viver pregando e pregar vivendo. Alguns se tornaram
pregadores de Cristo. Falam sobre Ele e o que Ele tem feito, mas não demonstram
isto em suas vidas. Outros demonstram isto por meio de sua vida e dispensam até
mesmo palavras: “Semelhantemente vós,
mulheres, sede submissas a vossos próprios maridos; para que também, se alguns
deles não obedecem à Palavra, sejam ganhos sem palavra pelo procedimento de
suas mulheres, considerando sua vida casta, em temor”. (1 Pedro 3.1,2)
Acredito que muitas vezes só deveríamos falar
de Jesus depois que nossa própria vida conseguiu chamar a atenção dos outros.
Pedro também ensinou sobre isto:
“Antes santificai a Cristo como Senhor em
vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor
a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós”. (1 Pedro 3.15)
O
propósito deste ensino é despertá-lo a buscar o poder do Espírito Santo em sua
vida. Sem ele, jamais chegaremos a ser o que Deus quer que sejamos: testemunhas
eficazes. Somente pelo poder do Espírito é que romperemos numa vida cristã
vitoriosa e frutífera. E quando isto acontecer, basta compartilharmos com
outros o que nós temos vivido… Acredito que o processo de nos tornar
testemunhas envolve três estágios distintos:
1) Primeiro o poder de Deus deve agir em nós
2)
Depois contamos aos outros o que experimentamos
3) Então Deus confirma este testemunho com
sinais
Testemunhando o que provamos
Quando
Jesus libertou o endemoninhado gadareno, aquele homem quis acompanha-lo em suas
viagens e segui-lo, mas o Mestre lhe fez outra proposta:
“Jesus, porém, não lho permitiu, mas
disse-lhe: Vai para tua casa, para os teus, e anuncia-lhes o quanto o Senhor te
fez, e como teve misericórdia de ti. Ele se retirou, pois, e começou a publicar
em Decápolis tudo quanto lhe fizera Jesus; e todos se admiravam”. (Marcos
5.19,20)
Qual era o assunto que este homem deveria
abordar ao conversar com as pessoas? Sua única mensagem era dizer o que Cristo
lhe havia feito e com isto comunicar o que Deus queria fazer em favor de cada
um dos homens. Quando falamos daquilo que provamos o impacto é muito maior nos
que nos ouvem. O mesmo se deu com aquela mulher samaritana que Jesus encontrou
junto ao poço de Jacó:
“Deixou, pois, a mulher o seu cântaro, foi à
cidade e disse àqueles homens: Vinde, vede um homem que me disse tudo quanto
tenho feito; será este, porventura, o Cristo? Saíram, pois, da cidade e vinham
ter com ele…muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra
da mulher, que testificava: Ele me disse tudo quanto tenho feito”. (João
4.28-30 e 39)
No
início, as pessoas foram atrás de Jesus por causa da experiência dela; depois,
isto já não foi mais necessário, pois começaram a ter suas próprias experiências:
“E muitos
mais creram por causa da palavra dele; e diziam à mulher: Já não é pela tua
palavra que nós cremos; pois agora nós mesmos temos ouvido e sabemos que este é
verdadeiramente o Salvador do mundo”. (João 4.41,42)
Os sinais que seguem
“E disse-lhes: Ide por todo o mundo, e
pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado, será salvo; mas
quem não crer será condenado. E estes sinais acompanharão aos que crerem: em
meu nome expulsarão demônios; falarão novas línguas; pegarão em serpentes; e se
beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre
os enfermos, e estes serão curados. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado,
foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. Eles, saindo, pregaram
por toda parte, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os
sinais que os acompanhavam”. (Marcos 16.15-20)
Deus
prometeu que avalizaria nosso testemunho com mais provas ainda. Mas o processo
de nos fazer testemunhas segue, como já afirmei, um ciclo. Primeiro provamos o
poder de Deus e temos nossas experiências, depois as contamos. E quando
testemunhamos o que provamos, Deus fará mais para aqueles que nos ouvem. O
livro de Atos também nos mostra Deus honrando o testemunho dos apóstolos:
“Com grande poder os apóstolos davam
testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça”.
(Atos 4.33)
Muitos cristãos têm tentado entrar direto
neste estágio final sem permitir que o processo se estabeleça em sua própria
vida no padrão que Deus estabeleceu. Mas nunca acontecerá assim! O estágio
final é quando Deus coopera conosco (que já provamos o poder) e avaliza o
testemunho com mais sinais.
Foi exatamente assim que se deu com os
apóstolos:
“Testificando Deus juntamente com eles, por
sinais e prodígios, e por múltiplos milagres e dons do Espírito Santo,
distribuídos segundo a sua vontade”. (Hebreus 2.4)
É hora
da Igreja romper em sinais e milagres. Mas primeiro precisamos levar os
cristãos a entenderem a importância de, individualmente, experimentar o poder
de Deus, para depois rompermos numa demonstração maior do poder de Deus (1 Co
2.4).
Acredito que neste momento o que mais
precisamos é nos voltar para o Senhor em oração, do mesmo jeito que os
apóstolos fizeram no início (At 1.14). Isto desencadeará nossa própria
experiência com o poder do Espírito Santo que, por sua vez, quando
compartilhada, gerará ainda mais sinais para os outros. Foi assim com os
apóstolos; depois de 10 dias perseverando em oração no cenáculo, foram cheios
do Espírito Santo:
“E todos
ficaram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas, conforme
o Espírito concedia que falassem”. (Atos 2.4)
Depois, ao testemunhar de Jesus na casa de
Cornélio, Pedro vê Deus avalizar seu testemunho dando àquele grupo a mesma
evidência do derramar do Espírito, a ponto de Pedro comparar a experiência
deles com a sua própria:
“Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura
recusar a água para que não sejam batizados estes que também, como nós,
receberam o Espírito Santo?” (Atos 10.47)
Tenho
provado isto em minha própria vida. Os sinais e evidências que eu mesmo passei
a provar ao ser cheio do Espírito Santo são reproduzidos hoje por meio de meu
ministério em favor de outras pessoas. Experiências novas começaram a acontecer
e demonstrar em minha vida que de fato Jesus está vivo e presente ao nosso lado
todos os dias. Sem isso (mesmo tendo crescido no evangelho e sabendo expor de
cor o plano de salvação) eu não seria uma testemunha eficiente.
Meu
desejo é que sua vida seja um reflexo da ação do Espírito Santo, mostrando
assim que Jesus Cristo de fato está vivo. Que ao pregar, você possa falar não
só daquilo que você soube dele, e sim daquilo que tem provado. E se você não
tem provado muito, está na hora de se despertar e cumprir com sua
responsabilidade de busca-lo até que Seu poder atue em sua vida a ponto de
fazer de você uma testemunha eficaz! Muitos estão adormecidos e suas vidas não
refletem o propósito de seu chamado. Para estes, o Espírito Santo diz:
“Desperta, tu que dormes, e levanta-te
dentre os mortos, e Cristo te iluminará “. (Efésios 5.14)
Luciano P. Subirá
FONTE: FABRICA DA E.B.D/ADVEC
Ser um Vizinho Segundo o
Evangelho
8 OUTUBRO, 2020 | AARON MENIKOFF
“O propósito
da hospitalidade é forjar relacionamentos fortes o suficiente para suportar o
peso da verdade.”
—Dustin Willis & Brandon Clements
Nunca vou me esquecer do Andrew. Ele
uniu-se à nossa igreja há vários anos, vindo da Grã-Bretanha e não planejava
ficar nos Estados Unidos por muito tempo. Andrew era jovem, solteiro e vivia em
um pequeno apartamento. Portanto tinha inúmeras justificativas para não ser um
bom vizinho. No entanto, ele é um dos homens mais hospitaleiros que já conheci.
Frequentemente recebia em sua casa colegas de trabalho, vizinhos do prédio e
membros da igreja. Durante seu último domingo aqui, perguntei à congregação se
eles já haviam visitado a casa do Andrew. Quase todos levantaram as mãos. De
uma maneira pequena mas importante, Andrew teve um impacto. Ao abrir suas
portas e compartilhar sua vida, ele ajudou outros a perceberem a prioridade do
Senhor Jesus Cristo. Ele é um vizinho segundo o evangelho.
Todos os cristãos desejam ter um impacto. É
parte de nosso DNA espiritual. Sabemos que a maior necessidade da humanidade é
de salvação, portanto ansiamos que nossos amigos respondam ao evangelho em
arrependimento e fé. Mas, se formos honestos, admitiremos que isto é algo com
que nos debatemos. Sabemos que nossos amigos necessitam das Boas Novas, mas
temos dificuldade em abrir nossos lares e bocas para tornar o evangelho
conhecido. Com demasiada frequência, somos como um carteiro que não se mexe do
caminho de acesso à casa.
Ser um bom vizinho é um
componente essencial para sermos evangelistas fieis. Todos nós deveríamos ter
por aspiração ser vizinhos segundo o evangelho. Mas, primeiro, quero avaliar
algumas maneiras típicas como mensuramos o sucesso em termos de evangelismo.
A MÉTRICA DO SUCESSO
É tentador considerar os resultados como
evidência de evangelismo saudável. Recentemente, ouvi um líder cristão
lamentando a falta de batismos em nosso estado. Ele presumia que isto se deve a
não estarmos evangelizando o suficiente — e ele pode estar certo! Certamente,
devemos orar por mais batismos. Mas, visto que Deus é o Doador da vida, uma
redução no número de batismos não se deve necessariamente à falta de
evangelismo. Afinal de contas, plantamos as sementes por meio do evangelismo, e
é Deus quem dá o crescimento na conversão e, então, no batismo (ver 1Co 3.6).
Portanto, não penso que o “número de batismos” seja a melhor métrica para
avaliar nosso compromisso com o evangelismo.
Ao invés de contarmos o número de batismos,
poderíamos contar o número de vezes que compartilhamos o evangelho em determinada
semana. Contar o número de conversas evangelísticas é uma métrica bem melhor.
Ela nos faz relembrar que embora a salvação esteja nas mãos do Senhor;
necessitamos falar às pessoas a respeito de Jesus (Ro 10.14). Deveria eu como pastor desafiar cada membro
da igreja a compartilhar o evangelho uma vez por dia? Estou pensando fazer isto
pois realmente creio que a frequência de conversas evangelísticas é um melhor
indicador de nossa saúde espiritual do que o número de batismos que
registramos.
Mas há uma maneira ainda melhor. Além de
orarmos por batismos e encorajarmos múltiplas conversas evangelísticas, os
cristãos fiéis devem buscar abrir suas vidas e lares na prática bíblica da
hospitalidade. Gosto demais de como Dustin Willis e Brandon Clements colocam isso:
“O modo mais simples de mudar o mundo é impulsionar sua vida comum para Sua
missão radical da hospitalidade”.[i] Ser simplesmente um bom vizinho, um
vizinho segundo o evangelho, é uma parte importante da vida evangelística.
A BÍBLIA FALA SOBRE A BOA
VIZINHANÇA?
Vários textos no Novo Testamento nos
conclamam a sermos bons vizinhos — ou bons próximos. O mais explícito é a
parábola do Bom Samaritano (Lucas 10.25-37). Os cristãos devem demonstrar
misericórdia aos negligenciados e indesejados. Todos os cristãos necessitam ter
a mesma disposição de Cristo para com todos — amar em alegria aqueles que estão
em dificuldades. Este é o espírito da primeira metade de Gálatas 6.10, onde
Paulo diz que as igrejas devem “fa[zer] o bem a todos”. Isto se aplica aos refugiados
sírios em todo o mundo, ao homem sem teto doutro lado da cidade, à viúva
solitária e à ocupada família jovem que mora ao lado.
O requisito da hospitalidade toca na
essência do que significa a boa vizinhança. É até mesmo um requisito para ser
presbítero. Qualquer homem que queira pastorear o rebanho de Deus necessita ser
hospitaleiro (1Tm 3.2; Tt 1.8). Ao descrever o chamado do presbítero, Alexander
Strauch observou: “Um lar aberto é sinal de um coração aberto e um espírito
amoroso e sacrificial. A falta de hospitalidade é um sinal certo de um
cristianismo egoísta, sem vida e sem amor.”[ii]
Embora Strauch aplique o requisito da
hospitalidade no contexto do corpo de Cristo, há boas razões para concluir que
Paulo tinha em mente uma abordagem mais ampla. Por exemplo, o autor de Hebreus
nos exorta a não negligenciarmos “a hospitalidade, pois alguns, praticando-a,
sem o saber acolheram anjos” (Hb 13.2). Tal como Paulo, ele estava bastante
preocupado com a hospitalidade dentro da igreja. Talvez ele estivesse exortando
os crentes a abrirem seus lares a viajantes cristãos. Mas a expressão é ampla o
suficiente para abranger quem que não conhece o Senhor.[iii] Paulo tem uma
mensagem semelhante em Romanos 12.13-14: “compartilhai as necessidades dos
santos; praticai a hospitalidade; abençoai os que vos perseguem, abençoai e não
amaldiçoeis.” Paulo requer um espírito de generosidade para com todos: irmãos
ou irmãs, os forasteiros e até mesmo os inimigos!
Pastores e cristãos fiéis necessitam se
esforçar para serem bons vizinhos, para abrirem seus lares às pessoas ao seu
redor. Tal hospitalidade tem um custo (exige tempo e dinheiro). Se o custo nos
parecer alto, necessitamos nos lembrar das palavras de nosso Salvador em Lucas
9.23: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua
cruz e siga-me.”
Sim, a vizinhança segundo o
evangelho é bíblica.
COVARDIA EM SEU BAIRRO?
Exercer a vizinhança segundo o evangelho é
importante. Para ser bem claro, oro para que um monte de conversas
evangelísticas espontâneos ocorram ao longo da semana. Não apenas isto,
encorajo também os cristãos a convidarem seus amigos incrédulos para os cultos
na igreja. Tais reuniões públicas são um bom lugar para ouvirem o evangelho.
Mas temo que, se negligenciarmos a árdua tarefa de exercer a vizinhança segundo
o evangelho, qualquer cultura de evangelismo que construirmos será demasiado
fraca e superficial. A boa vizinhança segundo o evangelho torna nosso
evangelismo robusto e profundo. Embora seja ótimo compartilhar o evangelho com quem
quer que você conheça — a Palavra de Deus é suficiente para salvar —, é
apropriado compartilhar o evangelho no contexto dos relacionamentos robustos. A
boa vizinhança segundo o evangelho se empenha para fazer com que estes
relacionamentos se tornem realidade.
Se pastores compartilharem fielmente o
evangelho a suas congregações no domingo de manhã, mas não forem fiéis em
tornar Cristo conhecido em seus próprios quarteirões, será que são realmente
evangelísticos? Como o pastor de Dallas, Matt Chandler, sempre adequado de
citar, desafia: “Se você é uma fera no púlpito, mas covarde em sua vizinhança,
algo deu errado”. Mas esta não é uma crítica apenas para pastores. Todos nós
precisamos ouvir isto. Se estivermos dispostos a nos envolver em uma conversa
de 10 minutos com um motorista de Uber, mas não estamos dispostos a investir
nas pessoas que Deus colocou em nossas famílias, ambientes de trabalho ou
vizinhança, será que somos verdadeiramente evangelistas fieis? Penso que não.
UM DESAFIO E UMA
ADVERTÊNCIA
O desafio é que cada igreja e cristão
percebam a importância de se envolver com seus vizinhos — as pessoas
específicas que Deus coloca em nossas vidas, quer seja uma casa pela qual
passamos a cada manhã ou um colega de trabalho com quem conversamos todos os dias.
A dura verdade é que muitos
de nós sequer conhece quem mora na porta ao lado. Em seu livro The Art of
Neighboring [A Arte da Boa Vizinhançã], Jay Pathak e Dave Runyon elaboraram um
exercício engenhoso para perceber o quão bem conhecemos nossos vizinhos.
Desenhe um gráfico com nove caixas (como no jogo da velha) e coloque sua casa
no centro do gráfico. As outras caixas são os oito vizinhos mais próximos em
seu condomínio, dormitório ou quarteirão. Em cada caixa, anote três itens com
informações sobre cada vizinho: primeiro, seu nome; depois um fato simples (por
exemplo, “trabalha no Correios” ou “mãe de três filhos”; por fim, um fato mais
profundo (por exemplo, “quer ser advogado” ou “teve uma péssima experiência com
religião”). Pathak e Runyon chamam este de “gráfico da vergonha”, pois são bem
poucos de nós que conseguem passar da primeira questão.[iv]
Dá para você enxergar o desafio? É difícil
ter diálogos profundos sobre qualquer coisa com nossos vizinhos se na verdade
não os conhecemos.
Há também uma advertência. De
maneira nenhuma devemos tratar nossos vizinhos como projetos. Eles não são
máquinas cujos controles precisamos ajustar para que não fiquem superaquecidas.
Importe-se com as pessoas por quem elas são (portadoras da imagem de Deus) e
não apenas por quem podem se tornar (nossos irmãos e irmãs em Cristo).[v]
Quando olho para meu próprio calendário,
sinto esta tensão. A vida é muito ocupada e quero ser um bom mordomo de meu
tempo. Não estou buscando amizades profundas com pessoas que não conhecem a
Cristo. No entanto, se não abrir espaço para vizinhos incrédulos, será que
realmente estou obedecendo o Grande Mandamento (Mateus 22.37-38) e ainda menos
a Grande Comissão (Mateus 28.19,20)? E, se me envolver com estas pessoas
somente porque um dia elas podem se tornar filhos de Deus, não estarei correndo
o risco de enxergá-las como uma batalha a ser vencida ao invés de um próximo a
ser servido? Creio que sim.
O desafio é conhecer nossos vizinhos. A
advertência é ter cautela para não tratá-los como objetos que precisamos
concertar, ao invés de pessoas que necessitam ser amadas.
O OBJETIVO FINAL
Como cristão, não posso negar o quanto
desejo que meus vizinhos saibam o que eu sei: Jesus Cristo é Senhor. Fomos
feitos para conhecermos e amarmos a Deus. Todos nós somos insuficientes e
merecemos o castigo eterno. Mas Deus, em amor, criou uma solução. O Pai enviou
o Filho ao mundo. Jesus viveu uma vida perfeita, de modo que pudesse morrer
como sacrifício perfeito no lugar de todos os que se voltam para ele e nele
confiam. Sua ressurreição é prova de que ele realmente é o Rei dos reis, e,
agora, somos chamados a segui-lo. Este é o evangelho, é a essência de minha
vida, e é o que desejo que meus vizinhos ouçam e creiam. Este não é o único
objetivo da boa vizinhança, mas é o objetivo final. Gosto de como Willis e
Clement afirmam isto:
O objetivo da hospitalidade, claramente, é
mais do que apenas convidar alguém para nossa casa, compartilhar uma boa
refeição e umas poucas histórias até que chegue a hora de dormir. Afinal de
contas, somos missionários. Paulo nos lembra: “somos embaixadores em nome de
Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio” (2Co 5.20). O pastor
Charles Spurgeon também disse: “Cada cristão […] ou é um missionário ou é um
impostor”.[vi]
Quero compartilhar Cristo com o motorista do
Uber, meu barista e todos que cruzarem meu caminho. Contudo, quero ser
especialmente fiel para com aqueles que Deus colocou em minha vida. Estes são
meus vizinhos mais próximos, de modo que tenho uma responsabilidade singular de
mostrar Cristo a eles. Além disto, não quero ser uma fera no púlpito e um
covarde em minha vizinhança! Estou certo de que você também não.
SEGUINDO ADIANTE
Como podemos crescer quanto a ser vizinhos
segundo o evangelho para a glória de Deus? Aqui estão dez imperativos que oro
para que Deus use a fim de nos mover na direção correta.
1. Aprenda o nome das pessoas que Deus colocou próximas a
você. Isso remete ao “gráfico da
vergonha” mencionado em The Art of Neighboring. Dê a si mesmo um prazo de
algumas semanas ou meses, mas faça tudo o que puder para descobrir quem está ao
seu redor.
2. Comece a orar pelos seus vizinhos pelo nome. Seja como aquela viúva persistente em Lucas 18.
Peça a Deus que as portas sejam abertas (1Co 16.9). Ele pode fazer isso.
3. Planeje modos de acolhê-los em sua vida. O livro Simplest Way to Change the World:
Biblical Hospitality as a Way of Life [O Modo Mais Simples de Mudar o Mundo: a
Hospitalidade Bíblica como Modo de Vida] é cheio de maneiras práticas e fáceis
de abrir seu lar aos seus vizinhos. É uma boa leitura. Será preciso esforço
para descobrir se você precisa passar mais tempo em festas no quarteirão ou
simplesmente abrir sua casa a cada três meses para um churrasco ao ar livre.
Talvez você já tenha relacionamento com vizinhos que possa levar adiante. Será
que é hora de identificar quem está interessado em ler a Bíblia com você?
4. Acolha os vizinhos em sua vida. Pelo menos para mim, a parte mais difícil não é
planejar como se aproximar dos vizinhos, é, na verdade, fazer isto. Para alguns
de vocês, isso é bem fácil. Mas, para muitos de nós, é difícil. Talvez isso se
deva à falta de tempo, de energia ou de coragem. Você precisará dos três!
5. Ame-os por quem são. Mas uma vez, a fim de ser um vizinho segundo o evangelho, o
evangelismo não deve ser seu único objetivo. Aprecie conhecer melhor seus
vizinhos. Faça-lhes perguntas. Encontre modos de servi-los e passar tempo
juntos. Eles são incríveis portadores da imagem divina. Você não conhece o
futuro deles, então, tente amá-los onde quer que estejam.
6. Seja consistente. Queremos que a vizinhança segundo o evangelho seja nosso alvo até
que o Senhor volte. Vamos nos comprometer com a vizinhança a longo prazo. Isto
pode fazer com que nossos objetivos de hospitalidade sejam bem mais modestos. É
melhor um pouco ao longo de muito tempo do que se sobrecarregar por um mês.
7. Preste contas a alguém. Você tem um irmão ou irmã em Cristo que o
desafia a ler a Bíblia e orar com fidelidade? Pense sobre pedir a ele ou a ela
para o encorajar também na disciplina da hospitalidade.
8. Compartilhe aquilo que você mais ama. Se você é cristão, você ama Cristo mais do que
tudo. Ponto final. A maneira pela qual você comunica o evangelho a seus
vizinhos exige sabedoria. Mais uma vez, não queremos que eles se sintam como
nosso projeto. Mas também não podemos permanecer em silêncio por tempo demais.
Quanto a isso, Willis e Clements são proveitosamente honestos: “Sim, ao dar o
corajoso passo de falar das boas novas, talvez você se sinta nervoso e
relutante por medo de ser rejeitado, mas entenda que o evangelho que você tem a
oferecer é extremamente atrativo ao ferido que mora ao seu lado”.[vii] Isto é
uma grande verdade.
9. Priorize o que é prioritário. Todos conhecemos alguém que foca tanto no
discipulado que negligencia o evangelismo. Isto não é bom. Mas não vamos
esquecer o mandamento completo de Paulo em Gálatas 6.10: “Por isso, enquanto
tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família
da fé”. Paulo priorizava a igreja local. Com certeza ele se lembrava das
palavras de Cristo: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes
amor uns aos outros” (Jo 13.35). Ser fiel ao vizinho da porta ao lado começa
por ser um membro da igreja fiel.
10.
Fique
Descansado. Você se lembra do
Andrew, o jovem que abria seu apartamento para, literalmente, dezenas de
amigos? Nem todos somos como Andrew. Para ele, aquilo parecia ocorrer
naturalmente. Felizmente, nossa esperança não está em ser como Andrew. Nossa
confiança está em Deus, que fez cada um de nós exatamente como ele quer que
sejamos. Nosso sucesso em sermos vizinhos segundo o evangelho, portanto, não
depende de nosso encanto, capacidade de organizar festas ou persistência. Nosso
sucesso vem do poder do Espírito de Deus que exalta e torna conhecido o Filho
de Deus para a glória de Deus. Por causa disto, mesmo ao nos esforçarmos
arduamente para sermos vizinhos segundo o evangelho, podemos descansar.
Publicado originalmente
pelo 9Marks: https://www.9marks.org/article/be-a-gospel-neighbor/
Traduzido por: Abner Arrais
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