Lição1:
A Ordem de Cristo
TEXTO
BÍBLICO BÁSICO
João 15.1-8
Eu sou a
videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador.
Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto,
para que dê mais fruto.
Vós já estais limpos, pela palavra que vos tenho falado.
Estai em mim, e eu em vós; como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não
estiver na videira, assim também vós, se não estiverdes em mim.
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os
colhem e lançam no fogo, e ardem.
Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo
o que quiserdes, e vos será feito.
Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus
discípulos.
TEXTO ÁUREO
Portanto,
ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
Espírito Santo; ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho
mandado.
Mateus 28.19,20a
OBJETIVOS
Entender de maneira
clara o mandato geral do Mestre;
Discernir
o
significado e as implicações do discipulado cristão;
Conscientizar-se de que todo cristão é um enviado ao mundo para testemunhar do evangelho e compartilhar da Palavra de Cristo.
Deus
abençoe
sua
vida!
O que É
Evangelização
INTRODUÇÃO
Acabo
de assistir a outra reportagem sobre os refugiados sírios, que não param de
chegar à Europa. Sãos milhares de adultos, jovens e crianças que, na bagagem,
trazem apenas fome, angústia e um restinho de esperança. A maioria desembarca
apenas com a roupa do corpo. Outros nem chegam a pisar o solo europeu;
naufragam no Mediterrâneo e, ali, longe da pátria querida, são sepultados.
Diante da maior tragédia humanitária, desde a Segunda Guerra Mundial, não
podemos sufocar a pergunta: “O que temos feito em favor dessa gente?”.
Não
os vejamos apenas como muçulmanos. Antes de tudo, são almas preciosas por quem
Jesus morreu. Todo esse campo missionário vem até nós em busca não só de asilo,
mas também de refúgio espiritual. Não podemos ignorá-los, nem tapar os ouvidos
ao seu clamor. Sem o saber, eles anseiam por um encontro pessoal com Deus por
intermédio de Cristo.
Ainda que em menor quantidade, o Brasil
também é procurado por refugiados de várias partes do mundo. Em São Paulo, não
é pequeno o número de haitianos, africanos e sírios. Diante da urgência da
Grande Comissão, descruzemos os braços e proclamemos-lhes a mensagem da cruz.
Neste capítulo, veremos que a evangelização é
a tarefa mais urgente da Igreja de Cristo. Além dos exilados que nos vêm de
longe, aqui mesmo, bem pertinho de nós, há alguém suspirando pelo evangelho que
salva, transforma e reconcilia-nos com o Pai.
I. Evangelho,
as Boas-Novas de Salvação
William
Gurnall (1616-1679) descreve com rara beleza a influência das Boas-Novas de
Cristo na alma do pecador: “O evangelho é a carruagem com a qual o Espírito
desfila em triunfo quando entra no coração dos homens”. O admirável escritor
britânico sabia que somente o evangelho, por ser o poder de Deus, tem a virtude
suficiente para transformar radicalmente a alma humana.
1.
Evangelho, uma palavra graciosa. O termo “evangelho”, oriundo do
vocábulo grego , significa literalmente “boa-nova”. A palavra é formada por
dois vocábulos gregos: , bom, e , anúncio. Trata-se de uma expressão
antiquíssima da língua grega. O poeta Homero utilizou-a, no século oitavo a.C.,
com o sentido de “recompensa por uma boa notícia”. Quando da tradução do Antigo
Testamento, do hebraico para o grego, os Setenta utilizaram-na, por exemplo, em
2 Reis 18.20,22,25. A palavra, contudo, só viria adquirir a conotação com que,
hoje, a conhecemos a partir do advento de Cristo. Após o seu batismo, o Senhor
apresentou-se a Israel com o evangelho do Reino. Ao descrever a ação
evangelizadora de Jesus, ressalta-lhe Mateus não somente as palavras, mas
notadamente os atos: “E percorria Jesus todas as cidades e aldeias, ensinando
nas sinagogas deles, e pregando o evangelho do Reino, e curando todas as
enfermidades e moléstias entre o povo” (Mt 9.35).
O Senhor Jesus veio para transmitir, em sua
plenitude, o evangelho de Deus. Se, por um lado, proclamou a redenção da alma,
por outro, não deixou de anunciar a cura do corpo. Em seus lábios, a palavra
“evangelho” adquire um significado novo, profundo e dinâmico. O termo grego,
agora, não se refere mais à mera recompensa a quem traz uma boa notícia. A
partir daquele instante, a graciosa palavra caminha em sentido inverso.
Generosamente, contempla os que nada merecem. Basta crer na mensagem, a fim de
entrar no Reino que Deus preparou aos seus lhos desde a fundação do mundo (Mt
25.34; Ef 2.8).
Ao
longo do Novo Testamento, o evangelho recebe diversas designações: evangelho de
Deus, evangelho do Reino de Deus, evangelho da graça de Deus, evangelho eterno,
meu evangelho e outro evangelho.
2.
Evangelho de Deus.
Jesus Cristo apresentou-se a Israel com o evangelho de Deus (Mc 1.14). Ele
deixou bem claro à sua audiência, constituída também por escribas e fariseus,
que a sua mensagem, embora nova, não trazia qualquer inovação. Antes, era o
cumprimento do que anunciara o Antigo Testamento. Logo, os doutores da Lei
poderiam constatar-lhe a veracidade se fizessem uma releitura da Lei, dos
Escritos e dos Profetas. Aliás, assim haviam procedido os rabinos a quem
Herodes indagara quanto ao lugar do nascimento do Messias (Mt 2.1-6).
O
evangelho de Deus é o cumprimento das promessas que o Senhor fizera ao mundo,
por meio de Israel, no Antigo Testamento. Não se trata de um rompimento com o
Velho Pacto, mas um fiel cumprimento deste na Nova Aliança, que tem como base o
sangue de Jesus (1 Co 11.25).
3.
O evangelho de Cristo. Paulo fazia questão de enfatizar aos crentes
gentios que o evangelho que anunciava era o de Cristo. Na mais teológica de
suas epístolas, declara à igreja em Roma: “De sorte que tenho glória em Jesus
Cristo nas coisas que pertencem a Deus. Porque não ousaria dizer coisa alguma,
que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e
por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus;
de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o
evangelho de Jesus Cristo” (Rm 15.17-19). A teologia paulina era
geograficamente ampla. De Jerusalém à Itália, o apóstolo patenteava que o
evangelho não era um apêndice do judaísmo, mas o cumprimento messiânico das
promessas do Antigo Testamento. Portanto, não era o evangelho de Israel, mas o
evangelho de Cristo para Israel e o mundo.
4.
O evangelho do Reino de Deus. É a proclamação mais escatológica do
evangelho de Cristo. De maneira plena, cumpre a aliança que Deus firmara com a
Casa de Davi (2 Sm 7.16). Logo no primeiro versículo do Novo Testamento, o
evangelista destaca a eternidade da linhagem de Jessé na pessoa e no ministério
de Cristo, lho de Davi, lho de Abraão (Mt 1.1). Não foi por mero acaso que
Mateus cita o rei antes do patriarca, pois Jesus é mais conhecido como lho de
Davi do que como lho de Abraão (Mt 15.22).
Quando
os apóstolos indagaram-lhe acerca do estabelecimento do reino a Israel, tinham
em vista, apenas, o aspecto escatológico e futuro do evangelho, e não a sua
urgência presente e evangelística. Para realçar a premência da Grande Comissão,
o Senhor prometeu-lhes a vinda do Espírito Santo (At 1.18). O evangelho do
Reino de Deus enfatiza o mistério daquela minúscula semente que, geminando no
coração do homem, frutifica a transformação da sociedade e do mundo. Além dos
efeitos presentes, trará a instalação do Milênio com a apresentação de Jesus
como o Rei dos reis e Senhor dos senhores.
5.
O meu evangelho.
Não encontramos na Bíblia um evangelho segundo Paulo. Não obstante, o apóstolo
refere-se ao evangelho como se fora a sua propriedade (Rm 2.16; 16.25; 2 Tm
2.18). Ele recebera-o diretamente do Senhor em, pelo menos, duas ocasiões
especiais (2 Co 12.1-4; Gl 1.17,18). Quer nos ermos da Arábia, quer no paraíso
do terceiro céu, Paulo aprendera, diretamente do Senhor, os mistérios do
evangelho. Portanto, anunciava a todos, judeus e gentios, o evangelho de Cristo
que, como fundamento, tinha a graça de Deus. Por isso, combatia sem qualquer
trégua o outro evangelho, que porfiava em anular a graça divina por meio dos
rudimentos da lei mosaica.
6.
O outro evangelho.
Os judaizantes, empenhando-se por desconstruir o evangelho de Paulo, ensinavam
que, sem as obras da Lei, ninguém será salvo. Contra tal ensinamento, Paulo
insurge-se e denuncia a primeira heresia evangélica:
Maravilho-me
de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à graça de Cristo para
outro evangelho, o qual não é outro, mas há alguns que vos inquietam e querem
transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.
(Gl. 1.6-8)
Hoje, além dos outros evangelhos, temos os
evangelhos dos outros. Na luta para cevar o marketing pessoal, os falsos
mestres vão acrescentando, ao evangelho de Cristo, desde as bijuterias mais nas
aos penduricalhos mais esdrúxulos. Alguns apresentam o evangelho da
prosperidade; outros vêm com o evangelho social; e ainda outros, ostentam o
evangelho místico e sincrético. Por essa razão, estejamos atentos para
apresentar a mensagem da cruz em sua simplicidade e pureza.
II. O
Evangelho de Cristo e o Cristo do Evangelho
Como separar de Cristo o seu evangelho? Não
podemos fazê-lo, porque o evangelho é Cristo e Cristo é o evangelho. É por isso
que o Novo Testamento não se preocupa em biografar Jesus. Antes, glorifica-lhe
o triunfo na cruz. 1.
Jesus,
o imbiografável. Os quatro evangelistas são assim chamados por haverem narrado,
sob a inspiração do Espírito Santo, a encarnação, o ministério, a morte e a
ressurreição do Filho de Deus. Os seus livros poderiam ter recebido outras
designações, como por exemplo, a biografia de Jesus segundo Mateus. Entretanto,
como descrever a trajetória do Pai da Eternidade? Nesse sentido, quem mais
aproximou-se de uma obra biográfica foi João. Em três pequenos versículos, o
discípulo amado resume a revelação do Salvador: “No princípio, era o Verbo, e o
Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus.
Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez”
(Jo 1.1-3).
Não
se pode biografar quem não teve início, nem terá fim. A Moisés, o Eterno
apresentou-se como o “Eu sou” de Abraão (Êx 3.14). De igual modo,
identificou-se o Pai da Eternidade aos judeus: “Eu sou o caminho, e a verdade,
e a vida. Ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14.6).
O objetivo dos quatro Evangelhos não é
biografar Jesus, mas ressaltar- lhe a obra evangelística. Mateus mostra-o como
o Rei almejado por Israel. Marcos destaca-lhe o espírito manso e servidor.
Lucas sublima-lhe a humanidade. Quanto a João, teologizando-o, apresenta-o como
o Unigênito do Pai. É por isso que nenhum evangelista preocupou-se com os seus
dezoito anos de silêncio. Aliás, nem o minucioso Lucas ocupou-se desse período
tido, pelos historiadores, como obscuro e sincrético.
Jesus fez a sua primeira declaração evangélica aos 12 anos no Santo Templo. Ansiosamente buscado por José e Maria, respondeu-lhes gentilmente: “Por que é que me procuráveis? Não sabeis que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lc 2.49). A partir daquele momento, tinha início os seus dezoito anos de preparo silencioso, que somente haveria de ser quebrado quando o Pai declara ao mundo o seu amor eterno pelo Filho: “Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.17). O silêncio, começado pelo Filho, é quebrado pelo Pai. Em pleno Jordão, era inaugurada a proclamação oficial do evangelho do Reino de Deus.
A fim de proclamar as Boas-Novas do Reino,
Jesus exerceu plenamente os três ofícios messiânicos: profeta, sacerdote e rei.
Nenhum personagem, entre todos os santos do Antigo Testamento, teria condições
de revelar o evangelho de Deus, em sua plenitude, como Ele o fez. Davi entrou
para a História Sagrada como rei e profeta, mas não era sacerdote. Samuel
notabilizou-se como sacerdote e profeta, mas nunca usou a coroa real. Quanto a
Moisés, o maior dos profetas, não era sacerdote nem rei. Portanto, só o Senhor
Jesus, sacerdote eterno segundo a ordem de Melquisedeque, rei de Salém, estava
habilitado a desvendar a Israel e ao mundo a eficácia do evangelho. Em seu
ministério, Jesus mostrou que o evangelho é profético, sacerdotal e real, por
incluir estes três elementos: proclamação, intercessão e almejo pela vinda do
Reino de Deus. Faltando um desses elementos, o evangelho jaz incompleto. É
impossível, pois, separar o evangelho de Cristo e o Cristo do evangelho.
III. Evangelismo ou Evangelização
O escritor britânico John Blanchard
descreveu perfeitamente como deve ser a evangelização: “Não podemos levar o
mundo todo a Cristo, mas podemos levar Cristo a todo o mundo”. Tendo em vista
essa teologia simples, mas bastante clara da obra evangelizadora da Igreja,
vejamos a diferença entre evangelismo e evangelização.
1.
Evangelismo. Não
são poucos os obreiros que desprezam o evangelismo, alegando que, neste
momento, carecemos mais de ação do que de ismos. Todavia, para sermos
bem-sucedidos no ministério evangelístico, precisamos de um bom respaldo
teológico. Doutra forma, não saberemos como nos comportar no campo de batalha.
Ao
realçar a necessidade doutrinária do evangelista, afirmou J. I. Packer: “Em
última análise, só há uma forma de evangelização: o evangelho de Cristo
explicado e aplicado”. Isso significa que o evangelismo é uma disciplina
indispensável à igreja comprometida com a Grande Comissão.
É claro que não devemos car apenas no campo
teórico, pois o Mestre requer ação urgente e prioritária de cada um de seus
discípulos. Observemos que, antes de enviar os setenta em missão pelas cidades
da Judeia, Ele instruiu-os devidamente (Lc 10.1-11). Sem o evangelismo, a ação
evangelizadora daquele grupo seria inócua. A igreja comprometida com a
evangelização não despreza o evangelismo, pois sabe que sempre haverá de
precisar de homens e mulheres, adultos e crianças, que cumpram com amor, zelo e
sabedoria a Grande Comissão. Evangelismo não é teoria; é aprendizado.
2.
Evangelização.
Antigamente, as igrejas não se preocupavam em formar equipes de evangelização,
porque toda a congregação era evangelizadora. Mas, com o esfriamento espiritual
e a consequente departamentalização eclesiástica, começaram a aparecer equipes
especializadas em alcançar os diversos segmentos sociais. Acho louvável
semelhante iniciativa. Entretanto, com o surgimento de tais grupos, a
evangelização leiga praticamente desapareceu. Isso não é saudável nem à igreja,
nem à sociedade. É urgente, pois, retornarmos à laicização do trabalho
evangelístico. Quando isso acontecer, a tarefa de ganhar almas não será vista
apenas como um trabalho do ministério, mas uma obrigação de todo o povo de
Deus.
O escritor americano Richard C. Halverson
descreve a evangelização como atividade indispensável do povo de Deus: “Parece
que a evangelização nunca foi um problema em o Novo Testamento. Isso quer dizer
que não encontramos os apóstolos recomendando, exortando, repreendendo,
planejando e organizando programas evangelísticos. A evangelização simplesmente
acontecia! Emanando sem esforços da comunidade de crentes como a luz emana do
sol, era automática, espontânea, contínua, contagiante”.
A história da Assembleia de Deus no Brasil,
fundada em 18 de junho de 1911, realça a veracidade das palavras de Halverson.
Quando lemos a narrativa que Emílio Conde faz de nossa igreja, temos a
impressão de que, no início, todos os pentecostais eram evangelistas. Aonde
chegava um assembleiano, aí chegava um evangelista que, não demorava, abria um
ponto de pregação. Em breve, este se fazia congregação e, mais adiante, uma
próspera e robusta igreja.
Infelizmente,
a burocratização denominacional acabou por minar a espontaneidade evangelística
e missionária da igreja. Hoje, em muitos lugares, a proclamação do evangelho
foi reduzida a um evento distante e desvinculado das urgências da Grande
Comissão. Destacando o compromisso dos primeiros crentes com a visão
evangelística, escreve o pastor Roy Joslin: “Para os primeiros cristãos, a
evangelização não era algo que eles isolavam das outras áreas da vida cristã
afim de nela se especializar, para analisá-la, teorizá-la e organizá-la. Eles
simplesmente a praticavam!” O irmão Joslin, autor do livro [Colheita Urbana],
sabia muito bem que, para se conquistar uma cidade para Cristo, era urgente
envolver toda a igreja local em cada estágio da cruzada.
Se
ficarmos apenas na área teórica, jamais cumpriremos a nossa obrigação
evangelística. O tempo rapidamente passará e as oportunidades que ainda temos
não demorarão a esvair-se. Por isso, trabalhemos enquanto é dia, pois a noite
escatológica já começa a cobrir o mundo, levando milhões de preciosas almas a
perderem-se para sempre.
No encerramento deste tópico, vale citar a
observação bastante oportuna de Roland Allen: “O que lemos em o Novo Testamento
não é um apelo ansioso para que os cristãos disseminem o evangelho; vemos uma
nota aqui e outra ali que demonstra como o evangelho estava sendo divulgado.
Durante séculos a Igreja Cristã continuou a expandir-se por sua vontade
inerente e produziu um suprimento incessante de missionários sem qualquer
exortação direta”.
IV. Os
Fundamentos da Evangelização
O trabalho evangelístico requer um sólido
alicerce bíblico-teológico, para que seja plenamente efetivado. Eis os três
principais fundamentos da evangelização: a Bíblia, a experiência e a história
eclesiástica.
A Bíblia. Quem sai a evangelizar tem de saber
que está cumprindo uma ordenança urgente de Cristo (Mt 28.19,20). Além disso, o
conteúdo da mensagem a ser proclamada, quer individual, quer coletivamente, há
de refletir a mensagem da cruz em sua inteireza, conforme aprendemos com Paulo:
E
eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não
fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber
entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em
fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação
não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em
demonstração do Espírito e de poder. (1 Co 2.1-4)
Que o evangelista seja bíblico em sua vocação, no exercício de seu ministério e na mensagem que proclama. Se fugir à Palavra de Deus, num desses itens, seu trabalho estará fadado ao fracasso.
2.
A experiência.
A experiência básica do evangelista é a sua experiência pessoal com o Senhor
Jesus. Paulo só transmitia um ensinamento depois de havê-lo experimentado. Ao
introduzir a doutrina da Santa Ceia na igreja em Corinto, disse-lhes: “Porque
eu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23). Como, pois, haverá
alguém de falar de Cristo se nenhuma experiência pessoal tem com o Senhor?
Também não é possível falar de salvação estando ainda perdido e caminhando a
passos acelerados e largos para o inferno.
A
segunda experiência básica do evangelista é o batismo com o Espírito Santo.
Stanley Jones afirmou que a vida cristã tem início no Calvário, mas o trabalho
eficiente, no Pentecostes. Se Deus o chamou a evangelizar, não deixe de buscar
o poder do alto. Sem a assistência do Espírito, não poderemos anunciar,
eficazmente, o evangelho de Cristo.
No capítulo referente ao evangelista, voltaremos a tratar mais largamente sobre os requisitos essenciais ao exercício desse glorioso ministério.
3.
A História da Igreja Cristã. A Igreja de Cristo tem um
compromisso inadiável e orgânico com a evangelização do mundo. É o que nos
mostra a História. Se avivada, a igreja evangeliza, faz missões e estende as
fronteiras do Reino de Deus. Mas, caída, faz cruzadas, promove guerras e
empreende conquistas. Haja vista o que aconteceu em 1095. Nesse ano, durante o
Concílio de Clermont, o Papa Urbano II exortou os barões franceses a libertar
Jerusalém do jugo muçulmano. Dessa forma, a guerra instalou-se novamente nas
terras de Israel, levando o nome de Cristo ao descrédito.
O
evangelista deve conhecer bem a história e a tradição eclesiástica, afim de não
cometer os erros do passado. Ele tem de saber que a missão é difundir o
cristianismo, não a cristandade visível e eivada de erros.
Conclusão
Se cremos no poder do evangelho, saiamos
a falar de Cristo. Comecemos por nossa casa. E, assim, haveremos de constatar
que nenhuma porta resistirá ao impacto da Palavra de Deus. De fato, Jesus não
nos obriga a converter o mundo. Todavia, constrange-nos a espalhar a sua
mensagem até aos confins da terra. O evangelista iugoslavo Josip Horak afirmou
no auge do comunismo em seu país: “Quando nosso Senhor envia-nos a testificar
em seu nome, não nos coloca contra uma parede. Pelo contrário, dá-nos uma porta
aberta para a evangelização, uma porta que nenhum homem pode fechar”.
O Desafio da
Evangelização
Obedecendo ao
Ide do Senhor Jesus de Levar as Boas-Novas a Toda Criatura
Claudionor de Andrade
Primeira parte
O que é
discipulado?
2 O que é
discipulado?
Durante a Idade de Ouro da Grécia, o jovem
Platão podia ser visto caminhando pelas ruas de Atenas em busca dc seu mestre:
o maltrapilho, descalço e brilhante Sócrates. Aqui, provavelmente, estava o
início de um discipulado. Sócrates não escreveu livros. Seus alunos escutavam
atentamente cada palavra que ele dizia e observavam tudo o que ele fazia,
preparando-se para ensinar a outros. Aparentemente, o sistema funcionou. Mais
tarde, Platão fundou a Academia, onde Filosofia e Ciência continuaram a ser
ensinadas por 900 anos.
Jesus usou relacionamento semelhante com os
homens que ele treinou para difundir o Reino de Deus. Seus discípulos estiveram
com ele dia e noite por três anos. Escutavam seus sermões e memorizavam seus
ensinamentos. Viram-no viver a vida que ele ensinava. Então, após sua ascensão,
confiaram as palavras de Cristo a outros e encorajaram-nos a adotar o seu
estilo de vida e a obedecer ao seu ensino. Discípulo é o aluno que aprende as
palavras, os atos e o estilo de vida de seu mestre com a finalidade de ensinar
outros.
O discipulado cristão é um
relacionamento de mestre e aluno baseado no modelo de Cristo e seus discípulos,
no qual o mestre reproduz tão bem no aluno a plenitude da vida que tem em
Cristo que o aluno é capaz de treinar outros para que ensinem outros.
Um estudo cuidadoso do ensino e da vida de
Cristo revela que o discipulado possui dois componentes essenciais: a morte de
si mesmo e a multiplicação. São essas as ideias básicas de todo o ministério de
Jesus. Ele morreu para que pudesse reproduzir nova vida. E ele requer que cada
um de seus discípulos siga o seu exemplo.
MORRER
PARA SI MESMO
O chamado de Cristo para o discipulado é um
chamado para a morte de si mesmo, uma entrega absoluta a Deus. Jesus disse: “Se
alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e
siga-me. Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá; mas quem perder a sua
vida por minha causa, este a salvará” (Lc 9.23,24).
Da perspectiva do mundo, a franqueza de Cristo
em chamar as pessoas para segui-lo parece exagerada. Hoje, se alguém quisesse
“vender” um estilo de vida tão exigente, um compromisso tão radical,
provavelmente contrataria a empresa mais sofisticada de publicidade para
descrever detalhadamente, num folheto ilustrado com lindas fotografias
coloridas, os benefícios de tal decisão. Ou contrataria uma atriz deslumbrante
e a cercaria de figuras famosas obviamente felizes pelo deleite e a satisfação
de sua nova vida em Cristo. Depois captaria a magia do momento em videoteipe,
com a esperança de colocar o filme no ar no intervalo do programa de maior
audiência.
Jesus, porém, é honesto e direto: para
compartilhar de sua glória, primeiro a pessoa tem de compartilhar de sua morte.
Jesus é o Senhor dos senhores
e o Rei dos reis. E o Senhor do Universo ordena que toda pessoa o siga. Seu
chamado a Pedro e André (Mt 4.18,19) e a Tiago e João (Mt 4.21) foi uma ordem.
“Siga-me” sempre tem sido uma ordem, nunca um convite (Jo 1.43). Jesus nunca
implorou que alguém o seguisse. Ele era embaraçosamente direto. Ele confrontou
a mulher no poço, com o seu adultério; Nicodemos, com seu orgulho intelectual;
os fariseus, com sua justiça própria. Ninguém pode interpretar “Arrependam-se,
poiso Reino dos céus está próximo” (Mt 4.17) como uma súplica. Jesus ordenou a
cada pessoa que renunciasse a seus interesses, abandonasse os pecados e
obedecesse completamente a ele. Quando o jovem rico se recusou a vender tudo o
que possuía para segui-lo (Mt 19.21), Jesus não foi correndo atrás dele
tentando conseguir um acordo, tile nunca minimizou seu padrão.
Jesus declarava apenas: “Quem me serve precisa
seguir-me...” (Jo 12.26). Jesus esperava obediência imediata. Ele não aceitava
desculpas (Lc 9.62) Quando um homem quis primeiro sepultar o pai antes de
seguir Cristo, ele replicou: “...Siga-me, e deixe que os mortos sepultem os
seus próprios mortos” (Mt 8.22). Homem algum recebeu algum elogio por ter
obedecido à ordem de Cristo de segui-lo e tornar-se seu discípulo; era o que se
esperava de todos. Jesus disse: “Assim também vocês, quando tiverem feito tudo
o que lhes for ordenado, devem dizer- ‘Somos servos inúteis; apenas cumprimos o
nosso dever’ ” (Lc 17 10).
Assim, quando é que você se torna um cristão,
um discípulo de Cristo? Quando vai à frente em resposta a um apelo? Quando se
ajoelha diante do altar? Quando chora sinceramente? Nem sempre. Os primeiros
seguidores de Cristo tornaram-se discípulos quando lhe obedeceram, quando
“eles, deixando imediatamente seu pai e o barco, o seguiram” (Mt 4.22)1
A obediência à ordem de Cristo “Siga-me”
resulta na morte de si mesmo. O cristianismo sem essa morte é apenas uma
filosofia abstrata. E um cristianismo sem Cristo.
Talvez o erro fundamental cometido por muitos
cristãos seja fazer distinção entre receber a salvação e tornar-se discípulo.
Colocam as duas coisas em níveis diferentes de maturidade cristã, presumindo
que é aceitável ser salvo sem assumir compromisso com as exigências mais
radicais de Jesus, como “tomar a sua cruz” e segui-lo (Mt 10.38).
Essa idéia baseia-se na crença errada de que a
salvação é principalmente para o benefício do homem a fim de torná-lo feliz e
evitar a condenação eterna.
Embora a salvação venha ao
encontro da mais profunda necessidade do homem, essa idéia humanista de fazer
uma coisa em favor do bem-estar da pessoa ignora completamente a razão
fundamental pela qual Cristo morreu na cruz. Deus concede a salvação aos homens
principalmente para trazer glória a ele por meio de um povo que tem o caráter
de seu Filho (Ef 1 12). A glória de Deus é mais importante do que o bem-estar
do homem (Is 43.7).
Ninguém que compreenda o propósito da salvação
ousaria especular que uma pessoa pudesse ser salva sem aceitar o senhorio de
Cristo. Cristo não pode ser o Senhor da minha vida se eu for o senhor dela.
Para que Cristo esteja no controle, tenho de morrer. Não posso me tornar
discípulo sem morrer
'Nossa salvação é fundamentada na graça de
Deus c dela decorrente. A graça de Deus é a fonte. Nossa fé é o instrumento.
Mas nossa obediência é a resposta ordenada ao homem, como também a inegável
evidência da salvação (Efésios 2.8-10).
E a prova da nossa fé. Por isso, Tiago
declara que “a fé sem obras é morta” (Tiago 2.17).
para mim mesmo e sem me
identificar com Cristo, que morreu pelos meus pecados (Mc 8.34). O discípulo
segue o seu Mestre até mesmo à cruz.
Por muito tempo, lutei para entender as
implicações práticas de "morrer para si mesmo”. Como essa determinada
auto renúncia se manifestaria em minha vida? Ao meditar em Gálatas 2.20,
finalmente compreendi: “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem
vive, mas Cristo vive em mim...”
Suponhamos que no dia 1° de janeiro eu
estivesse sobrevoando o Kansas quando o avião explodiu. Meu corpo caiu no chão,
e morri com o impacto. Depois de algum tempo, um íazendeiro encontrou meu
corpo. Não havia pulsação, nenhuma batida do coração nem fôlego. Meu corpo
estava frio. Era óbvio que eu estava morto. O fazendeiro fez uma cova. Mas, ao
colocar meu corpo na terra, o dia já estava escuro demais para cobri-lo.
Decidindo que terminaria o trabalho na manhã seguinte, ele voltou para casa.
Então Cristo veio c me disse: "Keith,
você está morto. Sua vida sobre a Terra acabou, mas eu soprarei um fôlego de
nova vida em você se prometer fazer qualquer coisa que eu pedir e ir a qualquer
lugar que eu mandar”
Minha reação imediata foi: “De maneira
nenhuma. Isso não é razoável. É escravidão” Mas, então, reconhecendo que não
estava em posição de negociar, sincera e rapidamente concordei.
Instantaneamente, os pulmões, o coração e os
demais órgãos vitais voltaram a funcionar. Voltei à vida. Nasci de novo.
Daquele momento em diante, não importava o que Cristo pedisse de mim ou aonde
me mandasse, eu estava mais que disposto a obedecer-lhe. Nenhuma tarefa seria
por demais difícil, nenhum horário cansativo demais, nenhum lugar perigoso
demais. Nada era sem motivo. Por quê? Porque eu não tinha direito sobre minha
vida; estava vivendo com tempo emprestado, o tempo de Cristo. Keith morrera no
dia 1“ de janeiro em um milharal do Kansas. Então eu podia dizer com Paulo:
“Estou crucificado [morri] com Cristo; já não sou eu [Keith] quem vive, mas
Cristo [quem] vive em mim”.
E isso que significa morrer para si mesmo e
nascer de novo. A ordem de Cristo “Siga-me” é uma determinação para participar
de sua morte a fim de experimentar uma nova vida. Você se torna morto para si
mesmo totalmente consagrado a ele. Um grande paradoxo da vida está em que
existe imensa liberdade nessa morte. O morto já não se preocupa com seus
direitos, com sua independência ou com as opiniões dos outros a seu respeito.
Ao unir-se espiritualmente ao Cristo crucificado, riquezas, segurança e status
— as coisas que o mundo tanto almeja — perdem o valor. “Os que pertencem a
Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos” (G1
5.24). A pessoa que toma a cruz, que está crucificada com Cristo, não fica
ansiosa pelo amanhã porque o seu futuro está nas mãos de outro.
Certo líder da igreja no interior sonhava em
realizar um ministério ousado nas ruas. Mas quando os milagres pelos quais
ansiava não aconteceram, ele recorreu a fantasias, distorcendo encontros e
criando eventos imaginários, esperando conseguir o respeito das pessoas. Ele se
tornara escravo de suas visões de grandeza, cativo de suas próprias esperanças.
Sua motivação subconsciente era ganhar o
respeito e a admiração do mundo cristão por meio de atos heroicos para o Reino.
Paixões, sonhos e visões nunca foram crucificados. Ele nunca foi liberto da
pressão de ser um sucesso e de produzir. Nunca experimentou a liberdade que vem
de não ter de provar nada, não ter nada a perder. Ele tinha uma idéia
distorcida do discipulado. Queria servir a Deus para que pudesse obter glória.
Por outro lado, o morto para
si mesmo é liberto a fim de fazer todas as coisas para a glória de Deus (Rm
8.10). Ele coloca tudo o que tem e tudo o que é à disposição permanente de
Deus. Sua submissão ao senhorio de Cristo capacita-o a agradar a Deus em cada
decisão que toma, em cada palavra que diz e em cada pensamento que tem. O
discípulo vê toda a sua vida e todo o seu ministério como adoração (ICo 10.31).
Morrer para si mesmo liberta-o para ter prazer em seu amor a Deus.
A morte do eu é pré-requisito essencial para
tornar-se discípulo. Qualquer pessoa que não tenha experimentado a morte de si
mesmo não pode se qualificar como elo legítimo no processo de discipulado
porque é incapaz de reproduzir. Jesus ensinou: “... se o grão de trigo não cair
na terra e não morrer, continuará ele só. Mas se morrer, dará muito fruto” (Jo
12.24). Sem multiplicação, não existe discipulado.
REPRODUÇÃO
Cristo ordenou que seus discípulos
reproduzissem em outros a plenitude de vida que encontraram nele (Jo 15.8). Ele
alertou: “Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele [o Pai] corta; e
todo que dá fruto ele [o Pai] poda, para que dê mais fruto ainda” (Jo 15.2).
Um discípulo maduro tem de ensinar outros
cristãos como viver uma vida que agrade a Deus, equipando-os a treinar outros
para que ensinem outros. Nenhuma pessoa é um fim em si mesma. Todo discípulo
faz parte de um processo, parte do método escolhido por Deus para expandir seu
Reino por meio da reprodução. Sabemos isso porque Cristo fez discípulos e
ordenou-lhes que fizessem discípulos (Mt 28.19).
Deus poderia ter escolhido
qualquer outro método para propagar o evangelho e edificar seu Reino. Não foi
por acaso que a língua comum do mundo fosse o grego muito tempo depois de
aquele império ter desaparecido. A língua grega possui certas nuanças que a
tornam ideal para a comunicação da verdade. Também, as estradas do Império
Romano, que uniam o mundo conhecido, podem ter tido o propósito de levar as
carruagens do império, mas o comércio mais valioso que levaram foi o evangelho
de Cristo.
Da mesma forma que Deus usou a Grécia e Roma
como instrumentos involuntários para a propagação do evangelho, ele poderia ter
feito que a imprensa, o rádio ou até mesmo a televisão fossem inventados antes
do nascimento de Cristo. Jesus poderia ter sido um escritor de renome, um
mestre de ensino bíblico pelo rádio ou o primeiro evangelista de televisão. As
opções de Deus não eram limitadas.
No entanto, em vez de adotar qualquer um
desses métodos sofisticados, Jesus optou pelo discipulado. Ele treinou
pessoalmente um pequeno grupo de homens e equipou-os para que treinassem outros
que pudessem ensinar outros. Ele ordenou que fizessem discípulos.
Devo confessar que, a princípio, duvidei da
sabedoria de Cristo. À primeira vista, esse investimento em indivíduos parecia
ser muito lento. Levou três anos para Jesus fazer doze homens discípulos e um
deles foi um fracasso.
Pensei que seria feliz se em três anos eu
pudesse treinar tão bem uma pessoa que ela pudesse ajudar-me a treinar outros
mas, nesse passo, eu jamais conseguiria deixar alguma marca nos 2 milhões de
pessoas do gueto de Los Angeles. No máximo, só poderia esperar lazer 16
discípulos em toda a minha vida. De que adiantaria isso? Meu pecado foi duvidar
de Deus, de sua sabedoria e de sua soberania.
Quando, porém, estudei o que é discipulado, descobri
que Deus escolheu um método sólido e eficaz de edificar seu Reino. Começaria
pequeno, como um grão de mostarda, mas cresceria rapidamente, à medida que se
propagasse de uma pessoa para outra ao redor do mundo. Sua Igreja seria um
movimento dinâmico, em vez de uma estrutura estática. O discipulado é o único
meio de produzir tanto a quantidade como a qualidade que Deus deseja dos
cristãos.
Os princípios matemáticos estão corretos
Você pode imaginar o que seria atingir mais de
4 bilhões de pessoas com o evangelho? A tarefa de cumprir a Grande Comissão
parece tão estonteante que até os maiores sonhadores poderiam ser vencidos por
sua grandeza c acabar nada fazendo. Mas a Bíblia é tanto um livro de método
como de mensagem. E o método de Cristo é lazer discípulos.
Quando cheguei ao gueto, estava apaixonado
pela evangelização. Imagine que no meu primeiro dia eu conduzisse alguém a
Cristo. Em seguida, levasse mais um indivíduo a Cristo todos os dias até o
restante do ano. No final do ano, eu teria conduzido 365 pessoas ao Senhor. Se
eu continuasse a fazer assim pelos próximos 32 anos, teria atingido 11.680
pessoas. Uma grande realização!
Por outro lado, suponhamos que eu alcançasse
apenas uma pessoa para Cristo naquele primeiro ano. Mas, dessa vez, fizesse um
treinamento de discipulado com ela durante um ano para que estivesse plenamente
alicerçada na fé cristã e fosse capaz de alcançar e fazer outro discípulo. No
ano seguinte, nós dois alcançaríamos mais uma pessoa cada um e as treinaríamos
para se juntarem a nós no treinamento de outros. Se continuássemos assim por 32
anos, haveria 4.294.967.296 discípulos — quase a população do mundo todo! (Veja
a tabela 1.)
Nota: Pressupõe-se que o evangelista atinja uma pessoa por dia e o
discipulador treine uma pessoa por ano. 28
Mencionei minha hesitação inicial. Mas
deixe-me compartilhar meu entusiasmo agora. Se cada um dos membros atuais de
nossa equipe em Los Angeles fizesse um discípulo a cada dois anos tão bem que
seus discípulos pudessem se unir a nós para treinar outros, poderíamos atingir
todo o gueto de Los Angeles — 2 milhões de pessoas — em 32 anos. Isso significa
que eu só terei de investir em 16 pessoas em 32 anos. Essa é uma tarefa viável.
Apesar de o discipulado ter um começo lento,
no final das contas a multiplicação espiritual atinge muito mais pessoas no
mesmo espaço de tempo do que a adição, conforme a tabela 2.
A Grande Comissão é possível!
Keith
Phillips A formação de um discípulo
2 O chamado ao discipulado
Quando ia passando, viu a Levi,
filho de Alfeu, sentado na
coletoria e disse-lhe:
Segue-me! Ele se
levantou e o seguiu.Marcos 2.14
O chamado é
feito e, de
imediato, aquele que
o ouviu obedece. A resposta do
discípulo não é uma
confissão oral da fé
em Jesus, mas um ato
de obediência. Como é
possível ocorrer essa obediência imediatamente após o chamado?
Isso contraria a razão natural e, por isso, ela se esforça para separar
esses fenômenos tão
interdependentes; algo tem de
estar intercalado entre
eles, algo tem de ser
esclarecido. Seja o que for que esteja
acontecendo, é preciso encontrar uma explicação psicológica e histórica para
essa sequência. Pode-se até levantar uma questão boba e perguntar se o
publicano já não conhecia Jesus antes de ser chamado por ele e, portanto, já
não estava predisposto a segui-lo. A esse respeito o texto
nada revela, optando por
enfatizar exatamente a
sequência imediata da ação
após o chamado. Não lhe interessa
encontrar justificativas psicológicas para as decisões piedosas do indivíduo.
Por que não? Porque para essa sequência de chamado e ação só existe uma
justificativa válida: o próprioJesus Cristo.
É ele quem chama e, por isso, o publicano o segue. Nesse encontro pode-se
testemunhar a autoridade de Jesus, incondicional, imediata e que não demanda
explicações. Nada é mais importante que o chamado, e nada ocorre além da
imediata obediência daquele que foi chamado. O fato de Jesus ser o Cristo confere-lhe
total poder para
chamar e exigir
obediência à sua
palavra. Jesus chama
ao discipulado, não como mestre sábio e exemplo de vida, mas sendo
Cristo, o Filho de Deus. Assim, nessa breve passagem, anuncia-se Jesus Cristo e
o que ele requer do ser humano, e nada mais. Ao discípulo não cabe elogios ou
aplausos por seu cristianismo decidido. O olhar não deve recair sobre ele, mas
somente sobre aquele que chama e sobre todo o seu poder. Tampouco se trata de
indicar o caminho para a fé, para o discipulado, pois não há qualquer outro
caminho para a fé senão o da obediência ao chamado de Jesus.
O que sabemos sobre o
conteúdo do discipulado? “Segue-me! Vinde após mim!” Isso é tudo. Segui-lo
parece algo sem conteúdo. Não é algo que de fato pode ser visto como programa
de vida cuja realização faça sentido. Não é, igualmente, um objetivo ou um
ideal a ser alcançado. Para os padrões humanos, não é algo que mereça
sacrifício ou pela qual valha a pena investir a vida. E o que ocorre? O indivíduo
que foi chamado deixa para trás tudo que possui não com o intuito de fazer algo
especial, mas simplesmente por causa do chamado de Jesus, pois de outro modo não pode seguir seus passos. A esse ato não se atribui valor
algum. É completamente
sem sentido, insignificante. Pontes
foram destruídas, e simplesmente segue-se em frente. Uma vez
chamado, o ser humano tem de abandonar a existência que levava até então. Sua
única tarefa passa a ser “existir”, no sentido estrito do termo. Tem de abrir
mão de tudo que viveu; o que é velho deverá ficar para trás. O discípulo deixa
sua relativa segurança de vida e segue
para a completa
insegurança (isto é,
na realidade, para
a absoluta segurança
e proteção da comunhão com Jesus); deixa uma situação
aparentemente previsível e calculável (mas, na verdade, muito
imprevisível) para a
imprevisibilidade, para o
acaso total (quer
dizer, para a
única coisa que é
necessária e previsível); deixa o domínio das possibilidades limitadas (isto é,
de fato, das possibilidades infinitas)
para o domínio
das possibilidades infinitas
(ou seja, para a única
realidade libertadora).
Novamente, não se trata de uma lei de caráter geral, e sim da subversão de todo
legalismo. Novamente, nada mais é
senão a pura
ligação com Jesus,
ou seja, exatamente
o oposto de
todo programa
preestabelecido, de todo
idealismo ou legalismo. Porque
Jesus é o
único conteúdo, não
pode haver qualquer outro. Ao
lado dele não existem outros conteúdos. Ele próprio é o único.
Portanto, o
chamado ao discipulado
é o compromisso
exclusivo com a pessoa
de Jesus Cristo,
a subversão de todo legalismo por meio da graça daquele que chama. É o
chamado da graça, e também o mandamento
da graça. Vai
além do antagonismo
entre lei e
evangelho. Cristo chama,
o discípulo simplesmente o segue.
Isso é graça e mandamento unidos em uma coisa só.
“E
andarei com largueza, pois me empenho pelos teus preceitos” (SI 119.45).
O discipulado é compromisso
com Cristo; porque Cristo existe, tem de haver discipulado. Uma ideia de
Cristo, um sistema doutrinário, um conhecimento religioso geral da graça ou do
perdão dos pecados não implicam, necessariamente, o discipulado; na verdade,
isso tudo pode até excluí-lo e, aliás, tornar-se seu inimigo. A relação
que se pode ter com essa ideia é de conhecimento,
de entusiasmo, talvez até mesmo de realização, porém nunca a
relação de discipulado pessoal e obediente. Cristianismo sem Jesus Cristo vivo
permanece um cristianismo sem discipulado, e cristianismo sem discipulado é
sempre um cristianismo sem Jesus Cristo; é apenas uma ideia, um mito. Um
cristianismo em que exista apenas Deus Pai, mas não Cristo como seu Filho vivo,
anula por completo o discipulado; nele existe a fé em Deus, mas não o
discipulado. Somente porque o Filho de
Deus se fez humano, e por ser Mediador, é que o discipulado se
torna o relacionamento correto
com ele.
O
discipulado está comprometido
com o Mediador, e, onde quer que
se fale adequadamente do discipulado, fala-se do Mediador Jesus Cristo, o Filho
de Deus. Somente o Mediador, Deus que se fez humano, pode chamar ao
discipulado.
O discipulado sem Jesus
Cristo é escolha pessoal de um caminho talvez ideal, um caminho, quem sabe, de
martírio, porém sem a promessa. Isso Jesus seguramente rejeitará.
Indo
eles caminho fora, alguém lhe
disse: Seguir-te-ei para onde
quer que fores.
Mas Jesus lhe
respondeu: As raposas têm
seus covis, e as aves do
céu, ninhos; mas
o Filho do
Homem não tem
onde reclinar a
cabeça. A outro
disse Jesus: Segue-me!
Ele, porém, respondeu:Permite-me ir primeiro
sepultar meu pai, Mas Jesus
insistiu: Deixa aos
mortos o sepultar
os seus próprios
mortos. Tu, porém, vai e
prega o reino de
Deus. Outro lhe
disse: Seguir-te-ei, Senhor;
mas deixa-me primeiro
despedir-me dos de
casa. Mas Jesus
lhe replicou: Ninguém que, tendo posto a mão no arado,
olha para trás é apto
para o reino de Deus.
Lucas 9.57-62
O primeiro discípulo se
oferece ele próprio para seguir Jesus;
ele não foi chamado. A resposta de Jesus adverte o entusiasta de que ele
não sabe o que faz. Não o pode, de fato, saber. É esse o sentido da resposta na
qual se mostra ao seguidor a vida com Jesus como ela realmente é. Aqui fala
aquele que está a caminho da cruz, cuja
vida inteira é descrita no Credo Apostólico numa única palavra: “padeceu”. Ninguém pode desejar isso por
escolha própria. Ninguém pode chamar a
si mesmo, diz Jesus, e suas palavras ficam
sem resposta. O
abismo entre a
oferta espontânea ao
discipulado e o
verdadeiro discipulado permanece aberto.
Mas, quando é o próprio
Jesus que chama, ele constrói a ponte que transpõe o abismo mais profundo. O
segundo discípulo quer enterrar o pai antes de seguir Jesus. A lei humana o
prende. Ele sabe o que quer e o que deve fazer. Antes, porém, deve cumprir a
lei, e só então poderá seguir Jesus. Interpõe-se aqui, entre a pessoa chamada
e Jesus, um mandamento patente
da lei. A isso o
chamado de Jesus
se contrapõe veementemente, não
admitindo que, logo naquele momento, algo se interponha entre Jesus e aquele
que foi chamado, mesmo que seja o que exista de maior e de mais sagrado, mesmo
que seja a lei. Naquele momento, por causa de Jesus, a lei que visava impedir a
concretização do chamado tem de ser violada, pois esta já não tem o direito de
se interpor entre Jesus e a pessoa chamada. Assim, Jesus opõe-se à lei e
ordena o
discipulado. Só Cristo
pode falar desse
modo. É dele a
última palavra; o
outro não pode contestar. Esse chamado, essa graça, é
irresistível.
O terceiro entende o
discipulado como o primeiro, como oferta que só ele próprio pode fazer, como
programa de vida por ele mesmo escolhido. Mas, ao contrário do primeiro,
julga-se no direito de impor condições. Com isso, entra em total contradição.
Quer pôr-se à disposição de Jesus, ao mesmo tempo que interpõe algo entre Jesus
e si mesmo: “mas deixa-me primeiro...”.
Quer segui-lo, porém quer criar ele próprio as condições para o discipulado. É,
para ele, uma possibilidade de cuja realização faz parte o cumprimento de
exigências e condições preestabelecidas. Assim, o discipulado torna-se algo
acessível e compreensível para o ser humano. Primeiro, faz-se uma coisa,
depois, faz-se outra. Tudo tem seu tempo apropriado. O
discípulo mesmo se põe à
disposição, mas achando-se,
por isso, no
direito de impor condições. Fica claro
que, nesse momento, o
discipulado deixa de ser
discipulado; transforma-se em
programa humano a ser realizado segundo meu próprio julgamento e que posso
justificar por meio da razão e da ética. O terceiro discípulo, portanto, deseja
ingressar no discipulado, porém no momento em que o aceita condicionalmente
mostra não desejar mais ser discípulo. O modo como fez a própria oferta anula o
discipulado, pois este não tolera quaisquer condições que possam se interpor
entre Jesus e o que obedece. Entra em contradição não apenas com Jesus, mas
também consigo. Não quer o que Jesus quer, e também não quer o que ele mesmo
quer. Julga a si próprio, discorda de si mesmo, e tudo isso se expressa em “mas
deixa-me primeiro...”. A resposta de Jesus confirma figurativamente esse
conflito interior, que acaba por excluir o discipulado: “Ninguém que, tendo
posto a mão no arado, olha para trás é apto para o reino de Deus”.
Ser discípulo significa
dar determinados passos. Já o primeiro passo, que é consequência imediata do
chamado, separa o
discípulo de sua
existência anterior. Assim,
o chamado ao
discipulado cria
imediatamente uma nova situação.
É absolutamente impossível
conciliar a existência
anterior com o discipulado. A
princípio, isso era bem visível. O publicano teve de abandonar a coletoria;
Pedro teve de deixar as redes para trás, a fim de seguir Jesus. Segundo nosso
modo de entender, podería ter havido, já naquela época, outras possibilidades.
Por exemplo, Jesus podería ter disponibilizado ao publicano um novo conhecimento
de Deus e
permitido que ele
continuasse em sua antiga
situação. Isso teria
sido possível, se Jesus não fosse o Filho de Deus que se fez humano. Uma
vez que Jesus, todavia, é o Cristo, tudo tinha de ficar evidente desde o
início, isto é, que sua mensagem não é uma nova doutrina, mas a criação de uma
nova maneira de ser. Tratava-se de realmente caminhar com Jesus. Estava claro
para a pessoa que era chamada que, para ela,
só havia uma possibilidade de fé em Jesus: abandonar tudo e seguir o Filho de Deus que
se fez humano.
A partir do primeiro
passo, o discípulo se vê na situação em que a fé se torna possível. Se não
seguir o Mestre, ficará para trás e,
assim, não aprenderá a crer. Aquele que recebe o chamado deve deixar a situação em que se encontra,
impossibilitado de crer, para outra em que, acima de tudo, possa crer. Esse
passo não tem em si
qualquer valor programático;
justifica-se somente pela
comunhão com Cristo, estabelecida
no momento da decisão. Enquanto Levi continuasse na coletoria, e Pedro, junto
às redes no lago, poderíam seguir exercendo honrada e fielmente sua profissão,
e poderíam ter o antigo ou o novo conhecimento de Deus; mas, se quisessem
aprender a ter fé em Deus, deveríam seguir o Filho de Deus que se fez humano e
caminhar com ele.
Antes, era
diferente. Podiam viver na reclusão
e no anonimato
do campo, realizando
suas tarefas, cumprindo as leis e
esperando o Messias. Agora, porém, ele já estava lá, e seu chamado era
anunciado. Crer, nesse momento, já não significava ficar em silêncio e
aguardar, mas sim ir com ele no discipulado. Agora, seu chamado ao discipulado
destruía quaisquer vínculos anteriores e os transformava em união exclusiva com
Jesus Cristo, por amor a ele. Agora, era necessário derrubar todas as pontes,
dar o passo para a insegurança
infinita, a fim
de reconhecer o
que Jesus exige
e o que
ele oferece. Se
Levi continuasse em seu trabalho na alfândega, poderia ter sido aproveitado
por Jesus como seu ajudante para o
que fosse necessário,
porém não o teria
reconhecido como único
Senhor em cujas mãos
deveria depositar toda a sua vida; não teria, portanto, aprendido a ter
fé. É necessário criar a situação em que se pode crer em Jesus, o Deus que se
fez humano, o tipo de situação impossível, em que tudo se volta para uma única
coisa, isto é, a palavra de Jesus. Pedro tem de saltar do barco e andar sobre
as águas revoltas a fim de vivenciar isso e, assim, perceber sua impotência
diante da onipotência de seu Senhor. Se não tivesse descido
daquele barco, não teria
aprendido a ter fé. A
situação completamente impossível
e eticamente irresponsável — no caso essa sobre o mar revolto — teve de
ser criada para que a fé se tornasse
possível. O caminho
para a fé
passa pela obediência
ao chamado de
Cristo. Esse passo
é fundamental, do contrário o chamado de Jesus se perde no vazio e, com
ele, todo suposto discipulado; sem esse passo ao qual Jesus chama, torna-se
entusiasmo enganoso.
É grande a dificuldade
para se diferenciar uma situação em que a fé é possível de outra em que ela não
o é. Em primeiro lugar, é preciso ficar muito claro que nunca se pode
reconhecer ou descobrir na própria situação de que natureza ela é. Somente o chamado de Jesus a classifica como
situação em que a fé é possível. Em
segundo lugar, a
situação em que a
fé é possível
nunca é criada
pelo ser humano.
O discipulado não é uma oferta criada pelo ser humano; apenas o chamado
é capaz de criar essa situação. Em terceiro lugar, essa situação nunca contém em si um valor
próprio; ela se justifica somente pelo chamado.
Por último e principalmente, também essa situação em que a fé é possível sempre
e somente se torna possível na fé.
O conceito de situação
em que a fé se torna possível nada mais é que a paráfrase da circunstância em
que os dois enunciados seguintes não só têm validade, como são igualmente
verdadeiros: Só o que
crê é obediente, e Só o obediente
é que crê.
Trata-se de uma perda
significativa da fidelidade à Bíblia quando se expressa o primeiro enunciado
sem o segundo. Só o que crê é obediente — é assim que queremos entender.
Dizemos que a obediência resulta da fé,
assim como todo bom fruto
vem de uma árvore
boa. Primeiro é
a fé, e
só então a obediência. Caso se queira comprovar que a
justificação vem pela fé somente, sem a necessidade do ato de obediência,
estaríamos, na verdade, diante da premissa necessária e irrefutável de tudo o
mais. Se, com isso, queira se
estabelecer alguma ordem cronológica em que primeiro se tem fé e só depois se
exige obediência, estariam, portanto, fé e obediência separadas uma da outra, e
isso daria margem à pergunta de
natureza patentemente prática:
quando devemos começar
a obedecer? Assim,
a obediência fica separada da fé.
Por causa da justificação, a fé e a obediência
devem ficar separadas uma da outra, mas essa separação não deve jamais destruir
a unidade de ambas, que reside no fato
de a fé só existir na obediência, e nunca sem a obediência, e de que a fé é tão
somente fé no ato da obediência.Por causa da impropriedade do discurso da obediência
como consequência da fé, e para chamar a
atenção à unidade
indissolúvel entre fé
e obediência, deve-se
acrescentar à ideia
“Só o que
crê é obediente” um segundo
enunciado: “Só o
obediente é que
crê”. Se, na primeira,
a fé é premissa da obediência, na segunda, a
obediência é premissa da fé. Exatamente da mesma forma que a obediência é
considerada consequência da fé, também deve ser considerada premissa da fé.
Só o obediente é que
crê. É preciso praticar a obediência a uma ordem concreta, a fim de que possa
haver fé. Um primeiro passo no caminho da obediência tem de ser dado, para que
a fé não se transforme em ilusão piedosa imposta pelo próprio indivíduo, ou
seja, em graça barata. Tudo depende do primeiro passo, que
se diferencia qualitativamente de
todos os que
vêm na sequência. O
primeiro passo de obediência exige que Pedro deixe as redes
para trás e salte do barco; exige que o jovem abandone sua riqueza. A fé só se
torna possível nessa nova existência que a obediência criou.
Esse primeiro passo, portanto,
deve ser visto como a obra externa que consiste na troca de um modo de
existência por outro. Tal passo qualquer um pode dar; o ser humano é livre para
isso. É um ato possível no âmbito da justitia
civilis [justiça civil], em que o ser humano é livre. Pedro não pode
converter a si mesmo, mas pode deixar as redes para trás. Essencialmente,
exige-se, nos Evangelhos, com o primeiro passo, um ato que comprometerá o resto
da vida do indivíduo. A Igreja Romana ordenava esse passo apenas como
possibilidade extraordinária da vida monástica, enquanto para os demais crentes
bastaria a disposição de se submeter incondicionalmente à Igreja e a seus
preceitos. A importância desse primeiro passo
também é reconhecida
de modo significativo
nos escritos confessionais
luteranos: uma vez afastado
fundamentalmente o perigo
de um mal-entendido
sinergístico, pode-se e
deve-se dar espaço àquele primeiro ato externo que não se
pode deixar de fazer no caso da fé, isto é, o passo em direção à Igreja, onde a
mensagem da salvação é proclamada. Esse passo pode ser dado com toda a
liberdade.
Venha para a Igreja! É por meio de sua liberdade humana que você
pode fazê-lo. Pode sair de casa aos domingos e ir para o culto. Se não o fizer, por livre vontade afasta-se
do local onde a fé é possível. Assim, os escritos confessionais luteranos
revelam ter conhecimento de que existe uma situação em que a fé é possível, e
outra em que ela não o é. Embora fique bem escondido esse conhecimento, quase
como se fosse motivo de vergonha, ele continua disponível como conhecimento
sobre o significado do primeiro passo na qualidade de ato externo.
Assegurado esse
conhecimento, é necessário dizer, em segundo lugar, que o primeiro passo, ato
de todo externo, é e continuará a ser obra inútil da lei e que, em si, jamais
conduz a Cristo. Como ato externo, a nova
existência permanece tal
qual a anterior;
na melhor das
hipóteses, tornar-se-á uma
nova lei existencial, um novo estilo
de vida, mas que nada tem a ver com a nova vida em Cristo. O bêbado que
renuncia ao álcool e o rico que distribui seu dinheiro libertam-se do álcool e
do dinheiro, mas não de si mesmos.
Não conseguem livrar-se
da escravidão de si próprios,
e provavelmente continuam mais escravos que antes. O que foi
feito anteriormente ainda exerce poder sobre eles. Embora seja inegociável essa
renúncia ao que se fez antes, ela não basta para afastar o discípulo da morte,
da desobediência e da impiedade. Se, por
acaso, entendermos nosso primeiro passo
como premissa da graça, da fé, então já
seremos declarados culpados por nossas próprias obras e totalmente excluídos da
graça. Assim, tudo que costumamos chamar de convicção, boa intenção, tudo que a
Igreja Romana chama de facere quod in
seest [faça o que está ao seu alcance], está incluído na obra
externa. Se dermos o primeiro passo com
a intenção de nos colocarmos numa situação em que a fé se torna possível, então
essa possibilidade de crer nada mais é que uma obra, uma nova possibilidade de
vida no âmbito da antiga existência; desse modo, por ser completamente mal
entendida, continuamos na descrença.
Todavia, é necessário que
essa obra externa seja realizada, e temos de nos colocar na situação em que a
fé se torna possível. Precisamos dar esse passo. O que isso significa?
Significa que só daremos esse passo corretamente se o encararmos não como obra
nossa que desejamos ver praticada, mas
somente como aquilo que é praticado em obediência à palavra de Jesus Cristo, que
para isso nos chama. Pedro sabe que não pode saltar do barco por sua vontade;
seu primeiro passo já significaria seu afogamento, e portanto ele diz:
“Manda-me ir ter contigo, por sobre as águas”, ao que Cristo responde: “Vem”.
Assim, Cristo deve ter antes chamado, e só com base em sua palavra é que o
passo pode ser dado. Esse chamado é sua graça, que chama da morte para a nova
vida de obediência. Agora, porém, que Cristo chamou, cabe a Pedro saltar do
barco para ir até ele. Na realidade, portanto, o primeiro passo da obediência
já é um ato de fé na palavra de Cristo. Mas a fé seria completamente mal
entendida como fé se, a partir disso, se chegasse à conclusão de que o primeiro
passo não é mais necessário, pois a fé já está ali, de qualquer modo. Em contraponto a isso,
deve-se ousar dizer o enunciado:
primeiro, é preciso
dar o passo
da obediência, antes mesmo que possa haver fé. O desobediente não pode
crer.
Você se
queixa de não
poder ter fé?
Ninguém deve se surpreender
de não poder
crer enquanto deliberadamente se
recusar ou se opuser, em alguma circunstância, a aceitar o mandamento de Jesus.
Não quer submeter a esse mandamento uma paixão pecaminosa, uma inimizade, uma
esperança, os planos de sua vida, a
razão? Não se surpreenda se não receber o Espírito Santo, se não conseguir orar, se suas preces por fé caírem no vazio! Vá,
antes, a seu irmão e faça as pazes com ele, abandone o pecado que o mantém
cativo, e poderá crer novamente! Se rejeitar a palavra de ordem de Deus, também
não receberá sua palavra de graça. Como é que quer encontrar a comunhão daquele
de quem você propositadamente foge e com quem evita tratar de qualquer assunto?
O desobediente não pode crer; só o obediente é que crê.
É assim que
o chamado da
graça de Jesus
Cristo ao discipulado
torna-se lei severa:
Faça isto! Abandone aquilo!
Salte do barco e venha até Jesus! Àquele
que usa sua fé ou sua falta de
fé como desculpa de sua
desobediência efetiva ao chamado, Jesus diz:
Primeiro, seja obediente, pratique o ato externo, deixe para trás o que
o prende, abandone o que o separa da vontade de Deus! Não diga que não tem fé
para isso; você não a terá
enquanto permanecer na desobediência,
enquanto não quiser dar o
primeiro passo. Não diga: Eu já tenho fé, portanto não preciso mais dar o
primeiro passo. \bcê não tem fé enquanto não der esse primeiro passo e porque
não quer dá-lo; além disso, porém, também porque persiste na falta
de fé que
se esconde detrás
da aparência de uma fé
humilde. É maldosa
artimanha responsabilizar a falta
de obediência pela
falta de fé, e a
falta de fé,
pela falta de
obediência. A desobediência do
“crente” ocorre justamente ao confessar sua falta de fé no instante mesmo em
que a obediência lhe é exigida, e ao barganhar sutilmente com essa confissão
(Mc 9.24). Se você crê, dê o primeiro
passo; ele conduz a
Jesus Cristo! Se
não crê, dê
igualmente o passo;
é assim que lhe
foi ordenado! Não se aplica a
você a questão sobre fé ou falta de fé,
mas sim a obediência que lhe foi
ordenada e de imediato deve ser cumprida. Nela está a situação em que a fé se
torna possível e existe de fato.
Portanto, não existe algo
em que você pode crer, mas é Jesus Cristo que cria para você a situação em que
a fé se lhe torna possível. É necessário chegar a essa situação, para que a fé
seja fé verdadeira, e não ilusão autoimposta. Justamente por se tratar só da
verdadeira fé em Jesus Cristo, por só a fé ser o único objetivo, agora e sempre
(“de fé em fé”, Rm 1.17), é que essa situação é indispensável. Quem contestar
isso de modo rápido e demasiado protestante deve perguntar a si próprio se não
é a graça barata que ele defende; pois, na realidade, os dois enunciados, se
postos lado a lado, não se tornarão obstáculo para a fé verdadeira; mas, se
compreendidos separadamente, tornam-se impedimento ainda maior para ela. Só o
que crê é obediente — diz-se ao obediente em situação de fé. Só o obediente é que crê — diz-se ao crente
em situação de obediência. Isolando o primeiro enunciado, o crente será
entregue à graça barata, isto é, à condenação. Isolando o segundo enunciado, o
crente será entregue às obras, ou seja, também à condenação.
A partir deste ponto,
abordemos um pouco do trabalho pastoral. É extremamente importante, para quem
exerce esse ofício, que suas palavras sejam fundamentadas no conhecimento dos
dois enunciados. Para ele, deve estar claro que a queixa sobre a falta de fé
resulta, muitas vezes, da desobediência consciente, ou já inconsciente,
e que a
essa desobediência corresponde
facilmente o consolo
da graça barata. Contudo, a desobediência permanece intacta, e a mensagem da graça serve de consolo com o
qual o próprio desobediente alivia seu
sofrimento e torna-se o perdão dos pecados que ele outorga a si mesmo. A
pregação, porém, torna-se
vazia, e ele já não
a ouve. E,
mesmo que perdoe
os próprios pecados milhares de vezes, não poderá crer no
perdão verdadeiro, pois este, na verdade, nunca lhe foi dado. A falta de fé
alimenta-se da graça barata porque deseja persistir na desobediência. É essa
uma situação frequente no trabalho pastoral de nossos dias.
Resulta daí que, ao outorgar a si mesmo o perdão dos
pecados, o indivíduo persiste na
desobediência e, desse modo, alega não poder conhecer o bem e o mandamento de
Deus, por considerá-los
questões ambíguas, que permitem interpretações diversas.
A consciência da desobediência, a princípio muito clara, turva-se cada
vez mais, até finalmente tornar-se pura obstinação. Nesse ponto, o próprio
desobediente enredou-se e emaranhou-se de tal modo que já não pode ouvir a
Palavra. Com efeito, a fé se torna impossível. Ocorrerá, então, entre o
obstinado e o pastor o provável diálogo: “Não consigo ter fé.” “Escute a
palavra, ela lhe é anunciada!” “Eu a escuto, mas ela nada significa para mim,
parece-me vazia, entra por um ouvido e sai pelo outro.” “\bcê não quer ouvir.”
“Claro que quero.” Chega-se, assim, ao ponto em que o diálogo é interrompido,
porque o pastor já não sabe o que dizer. Conhece apenas aquele enunciado: só o que crê é obediente. E esse enunciado não
é suficiente para ajudar o desobediente obstinado que não tem nem pode ter essa
fé. O pastor parece estar diante do maior dos enigmas: Deus dá a fé a alguns, e
a nega a outros. Com isso, desiste de curar a alma do obstinado, que acaba por
isolar-se e, conformado, lamenta sua aflição. Mas é justamente esse o ponto
mais importante da conversa, em que deve haver uma mudança radical. Nesse
momento, abandona-se a argumentação, e as perguntas e aflições do descrente
passam a não ser mais levadas tão a sério. Agora, o que se levará cada vez mais
a sério é aquele que tenta se esconder detrás de suas perguntas e aflições.
Oportunidade, portanto, para destruir a fortaleza que o obstinado construiu
para defender-se, usando o enunciado “só o obediente é que crê”. Assim, a
conversa é interrompida, e o pastor prossegue dizendo: “ Você é desobediente,
recusa a obediência a Cristo, quer preservar para si um pouco de controle. Não
consegue ouvir a Cristo porque é desobediente, não consegue ter fé na graça
porque não quer obedecer. Você se agarra a algum lugar de seu coração contra o
chamado de Cristo. Sua aflição é seu
pecado”. Agora, o próprio Cristo entra em cena e ataca o demônio que se alojava
no outro e que, até então, se escondia por detrás da graça barata. Agora, tudo
depende de o pastor ter engatilhado, para uso imediato, os dois enunciados: só
o obediente é que crê, e só o que crê é obediente. Em nome de Jesus, o pastor
tem de chamar à obediência, ao ato, à realização do primeiro passo. “Abandone o que o prende e siga-o!” Nesse
momento, tudo depende desse passo. A posição assumida pelo desobediente tem de
ser derrubada, pois nela Cristo não pode ser ouvido. O fugitivo tem de sair do
esconderijo que construiu para si próprio; somente lá fora ele pode ver, ouvir,
crer novamente como um ser humano livre. É verdade que, diante de Cristo, nada
se ganhe por a obra ter sido realizada,
pois, em si, é apenas obra inócua. Mesmo assim, Pedro teve de saltar do
barco e andar sobre o mar revolto para que pudesse crer.
Em resumo, a verdade
é esta: por
meio do enunciado
“só o que
crê é obediente”,
o ser humano envenenou-se com a graça barata.
Persiste na desobediência e consola-se no perdão que ele a si mesmo outorga, fechando-se assim à Palavra de Deus. O ataque à fortaleza fracassa enquanto se
continuar a repetir esse enunciado atrás do qual ele se esconde. Tem de haver
uma mudança; o outro, o obstinado, tem de ser chamado à obediência: só o
obediente é que crê!
Discipulado Dietrich - Bonhoeffer
NOTA :
A GLÓRIA DA
PROMESSA FINAL Mateus 28:16-20 Aqui chegamos ao final do relato evangélico, e
ouvimos as últimas palavras de Jesus a seus homens. E neste último encontro
Jesus fez três coisas.
(1)
Deu-lhes certeza sobre seu poder. Não há dúvida de que não havia nada que
estivesse fora do poder de alguém que tinha morrido e que tinha conquistado a
morte. Agora eram servos de um Senhor cuja autoridade sobre a Terra e o céu
estava além de toda dúvida.
(2)
Deu-lhes uma comissão. Enviou-os a converter a todo mundo em seus discípulos.
Pode ser que a ordem de batizar seja um desenvolvimento posterior das palavras
que Jesus pronunciou. Pode-se discutir esse ponto; o fato concreto é que a
ordem de Jesus é ganhar a todos os homens para Ele.
(3)
Prometeu-lhes uma presença. Deve ter sido assombroso para onze homens da
Galiléia o serem enviados a conquistar o mundo. Inclusive enquanto O ouviam
seus corações devem ter duvidado. Mas tão logo foi dada a ordem se pronunciou a
promessa. Enviou-os, como a nós, a cumprir a maior tarefa do mundo, mas os
acompanhava a maior presença do mundo.
Mateus
(William Barclay)
1I - O TRIPÉ DO
DISCIPULADO: PALAVRA, COMUNHÃO E SERVIÇO
Ensino da Palavra de DEUS na EBD e nos cultos de ensino,
inclusão do novo convertido nas visitas pastorais e no trabalho da igreja como
corais, vocais, bandas, evangelismo, etc... tudo isso vai fazer do novo
convertido um crente também ganhador de almas.
1. A Palavra.
Os apóstolos como mestres. Durante seu ministério, o Senhor
Jesus enviou os seus discípulos para ensinar (Mc 6.30). Mais tarde, o Senhor
mandou que fizessem discípulos de todas as nações, e ensinando-os a observar
tudo o que Ele havia ordenado (Mt 28.20). Depois do Pentecostes, que ocorreu
após a ascensão, os apóstolos ensinaram, ao povo que o Senhor Jesus ressuscitou
dos mortos (Act 4.2). O Concílio judeu mandou que Pedro e João desistissem de
ensinar no nome de Jesus (Act 4.18), uma ordem que eles não atenderam, e foram
presos no templo enquanto continuavam a ensinar (Act 5.21, 24ss.). Apesar de
uma outra severa advertência das autoridades, os apóstolos continuaram a
ensinar e pregar a Jesus Cristo (Act 5.42) até que toda Jerusalém estivesse
repleta de seu ensino (Act 5.28).
Barnabé e Paulo ensinaram durante um ano inteiro na igreja que
estava em Antioquia (Act 11.26; cf. 15.35). O procônsul Sérgio Paulo ficou
admirado com o ensino de Paulo sobre o Senhor Jesus (Act 13.12). Quando os
atenienses ouviram Paulo, eles o levaram ao Areópago para que pudesse lhes
expor seu novo ensino (Act 17.19). Paulo passou dezoito meses em Corinto
ensinando a Palavra de Deus (Act 18.11), e mais tarde lembrou aos presbíteros
efésios que ele lhes havia ensinado publicamente e de casa em casa durante sua
estada em Éfeso (Act 20.20). Apolo, embora conhecendo apenas o batismo de João,
ensinou diligentemente em Éfeso as coisas do Senhor (Act 18,25). Os discípulos
judeus acusaram Paulo diante de Tiago e dos presbíteros em Jerusalém, de ter
ensinado os gentios a abandonar as leis de Moisés, a deixar a prática da
circuncisão, e a abandonar os costumes judeus (Act 21.21). Esta mesma acusação
foi lançada pelos próprios judeus quando
descobriram Paulo no templo e exclamaram contra
ele como alguém que havia ensinado os homens em toda parte contra os judeus, a
lei, e o templo (Act 21.28). Pela palavra falada e escrita, os apóstolos
ensinaram a mensagem do cristianismo aos seus contemporâneos.
Mestres na igreja. Paulo refere-se repetidamente à sua
designação como mestre dos gentios na fé e na verdade (1 Tm 2.7; 2 Tm 1.11) e
de sua doutrina (2 Tm 3.10; 1 Co 4.17). Ele negou que o Evangelho que ele
pregava tivesse sido ensinado por um homem; antes ele declarou que o recebeu
pela revelação de Jesus Cristo e pelo próprio Senhor JESUS(Gl 1.12; 1 Co
11.23). O ensino de Paulo foi dirigido a todos os homens em toda a sabedoria
para que todo homem pudesse tomar- se maduro em Cristo (Cl 1.28; cf. Hb 6.1,2).
Entre os dons e a capacitação do Cristo que subiu aos céus a fim de equipar e
treinar os membros de seu Corpo, estavam a capacitação para se tornarem
doutores (ou mestres; Efésios 4.11). Uma vez que os apóstolos, profetas e
evangelistas tinham a princípio uma grande mobilidade, é provável que muitos
dos mestres na igreja primitiva tenham tido um ministério de viagens, visitando
os crentes em uma certa cidade por um período mais curto ou mais longo. E
provável que a maioria ou todos os cinco homens citados em Atos 13.1 não
estivessem residindo permanentemente em Antioquia.
O papel do mestre na igreja era designado e desempenhado
através da indicação Divina e da capacitação do Espírito (1 Co 12.28), A
integridade e a fidelidade para com a tarefa do ensino são enfaticamente
ordenadas (Rm 12.7; 1 Tm 4.11,13,16), tanto em sua preparação como em seu
conteúdo (Tt 2.1,7; 2 Tm 4.2). Aqueles que ensinam devem ser considerados
dignos de duplicada honra (1 Tm 5.17), e merecem o apoio daqueles que são
ensinados (Gl 6.6). O aspirante a mestre é solenemente advertido de que esta
atividade, em última instância, o envolverá em um julgamento mais rigoroso (Tg
3.1).
Mas embora existam aqueles que são especialmente selecionados para
ensinar na igreja, cada crente deve envolver-se neste ministério (Cl 3.16; 1 Co
14.6,26; Hb 5.12). Este deve ser para o benefício de todos, e não deve ser
complacente com desordem na adoração da igreja (1 Co 14.6,19,26). O servo do
Senhor deve ser apto para ensinar e evitar contendas (2 Tm 2.24). Embora as
mulheres sejam proibidas de ensinar os homens na igreja (1 Tm 2.12), Paulo
ordena que as mulheres idosas ensinem o que é bom enquanto educam as mulheres
mais jovens (Tt 2.3).
O ensino na igreja. Há uma referência no NT a uma tradição cristã
apostólica denominada diferentemente de sã doutrina (Tt 2.7) ou de palavra fiel
(Tt 1.9), que havia sido entregue à igreja (Rm 6.17; 16.17; Ef 4.21; Cl 2.7; 2
Ts 2.15; 2 Tm 2.2; Tt 1.9). Os primeiros discípulos em Jerusalém dedicaram-se
ao ensino dos apóstolos (Act 2.42). Parte desta tradição era o AT, que é
proveitoso, diz Paulo, para o ensino (Rm 15.4; 2 Tm 3.16; cf. 1 Tm 1.8-10). O
ensino cristão, e somente ele (1 Tm 1.3), deve ser confiado aos homens que
crêem, que por sua vez serão capazes de ensinar aos outros também (2 Tm 2.2; cf
1 Tm 4.11). O presbítero, portanto, deve ser apto para ensinar (1 Tm 3.2), e
deve permanecer firme na palavra fiel que lhe foi ensinada, para que possa dar
instrução na sã doutrina e oferecer uma apologia eficaz para a fé (Tt 1.9). A
obediência ao padrão da doutrina é creditada com o poder moral para libertar o
crente da escravidão do pecado (Rm 6.17). A doutrina está de acordo com a
piedade (1 Tm 6.3) e fornece o alimento espiritual necessário ao crente (1 Tm
4.6).
Outros usos. O menino Jesus foi encontrado por sua família sentado
entre os doutores da lei no templo (Lc 2.46), Nicodemos foi chamado, por nosso
Senhor, de mestre de Israel (Jo 3.10 etc.). João Batista ensinou a seus
discípulos como orar (Lc 11.1). O Senhor Jesus adverte que aquele que infringe
o menor mandamento e assim o ensina aos homens, será o menor no reino; e, ao
contrário, aquele que observa e ensina corretamente aos homens será grande no
reino (Mt 5.19). Jesus censurou os escribas e os fariseus por adorarem a Deus
de forma vã, ensinando como doutrinas os preceitos dos homens (Mt 15.9; Mc 7.7;
cf. Is 29.13).
Paulo rogou a Timóteo que ensinasse as sãs palavras de Jesus, e que
rejeitasse aqueles que ensinam de outra maneira (1 Tm 6.2ss.). O apóstolo
ensinou que havia aqueles que deveriam ser silenciados visto que estavam
perturbando famílias inteiras ensinando basicamente o que não tinham o direito
de ensinar (Tt 1.11), e também adverte Timóteo contra os judaizantes que
desejavam, em vão, se tornar mestres da lei (1 Tm 1.7). O mesmo apóstolo exortou
os efésios à integração espiritual e à participação vital de todos dentro da
igreja, para que eles não fossem agitados de um lado para outro e levados ao
redor por todo vento de doutrina (Ef 4.14).
O autor da epístola aos Hebreus adverte seus leitores a não se
deixarem envolver por doutrinas várias e estranhas (Hb 13.9), enquanto João
ordena aos seus leitores que não se associem a alguém que não permaneça na
doutrina de Cristo (2 Jo 9,10). A igreja em Pérgamo é criticada por ter alguns
que aderiram ao ensino de Balaão e à doutrina dos nicolaítas (Ap 2.14),
enquanto a igreja em Tiatira é censurada por tolerar o ensino de Jezabel (Ap
2.20,24)
Quando a Bíblia fala de doutrina dos póstolos está
se referindo ao ensino de JESUS a eles e experiência deles próprios com o
Senhor JESUS e com o ESPÍRITO SANTO que lhes ensinava a Palavra de DEUS e os
usava para escrever mais da Palavra de DEUS.
Atos 2.41 De sorte que foram batizados os que de bom grado
receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas. 42
E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e
nas orações.
43 Em cada alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos
apóstolos. 44 Todos os que criam estavam juntos e tinham tudo em comum. 45 Vendiam
suas propriedades e fazendas e repartiam com todos, segundo cada um tinha
necessidade. 46 E, perseverando unânimes todos os dias no templo e partindo o
pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração, 47 louvando a
Deus e caindo na graça de todo o povo. E todos os dias acrescentava o Senhor à
igreja aqueles que se haviam de salvar.
A Prática do evangelismo pessoal
/ Antonio
Gilberto da Silva
Medite diante
do Senhor, e chegue a uma conclusão definida para saber como você poderá
evangelizar mais, utilizando:
Seu
tempo
Seus
talentos
Seu
dinheiro
Que
os fatos abaixo, a partir de agora, sejam uma realidade em sua vida:
Meu
alvo: O mundo para CRISTO.
Meu
anseio: Ser revestido da nossa habitação celestial (2 Co 5.2).;
Minha
visão: A Ampliacão do reino de DEUS.
Meu
receio: A noite vem quando ninguém pode trabalhar (Jo 9.4).
Observação
final - Uma das razões da indiferença e da inatividade de igrejas e crentes na
obra da evangelização dos perdidos vem do seu descuido quanto a vinda de JESUS.
Os
cristãos primitivos foram ativos na evangelização, não só porque eram cheios do
ESPÍRITO Santo, mas também porque esperavam a volta de JESUS naqueles dias -
em seus dias!
E
nós???
Um
exame na obra do Evangelismo Pessoal
Tendo
em vista a obra de ganhar almas para Jesus, mediante a evangelização pessoal,
vamos considerar este assunto sob os cinco pontos seguintes:
1. Porque
devemos evangelizar
2. Quando
devemos evangelizar
3. Onde
devemos evangelizar
4. Como
devemos evangelizar
5. Resultados de evangelizar
1. PORQUE DEVEMOS EVANGELIZAR
1.1.
Porque o nosso Senhor ordenou (Mc 16.15)
Para
muitos cristãos, JESUS é apenas o Salvador de suas almas, mas não Senhor e
Rei de suas vidas. O evangelho integral apresenta JESUS não só como Salvador,
mas também como Senhor (At 16.31). A ordem de evangelizar vem do Senhor
para os seus súditos. Não é um convite: é um mandamento do nosso
Senhor. Mas não devemos evangelizar só porque é um mandamento, mas porque
amamos a Jesus e queremos ser-lhe gratos. Vejamos as desculpas mais comuns
dos crentes quanto a esta ordem do Senhor:
a."Estou
muito ocupado"; "Não tenho tempo". Entretanto o Senhor
JESUS não estava tão ocupado a ponto de não poder vir morrer em nosso
lugar. Aqui no mundo Ele sempre cumpria na hora o programa do Pai, mesmo
sabendo que o final seria o Calvário (Mt 26.45; Lc 22.14; Jo 2.4; 13.1;
17.1). Ele não andava tão ocupado a ponto de não ouvir o clamor das
almas aflitas (Mc 5.30; Lc 18.40).
b."Estou
muito cansado ". JESUS, no sol de meio-dia, junto à fonte de Jacó,
não
estava tão cansado a ponto de não poder atender a samaritana perdida (Jo
4.6,7).
c."Não
sei falar"; "Não dou para nada na igreja".
d."Não
tenho capacidade". Outros também já deram as mesmas desculpas, mas ao
obedecerem à ordem do Senhor, foram maravilhosamente usados por Ele. Estude os
exemplos de:
-Moisés
(Ex 3.11)
- Gideão
(Jz 6.15)
- Isaías
(Is 6.5)
- Jeremias
(Jr 1.6)
-Amos (Am 7.14)
Portanto,
entregue ao Senhor o que você tem, irmão. Ele transformará o pouco no muito
(Jo 6.9-13). Ele dará a capacidade necessária (Mt 4.19; 2 Co 3.5).
A missão de evangelizar o mundo, entregue por JESUS à sua Igreja, implica em dever e responsabilidade (Ez 33.8,9; Rm 1.14; 1 Co 9.16). Uma das razões da inatividade de muitas igrejas e crentes na obra de evangelização vem do seu descuido quanto à vinda de JESUS. Os cristãos primitivos foram ativos na evangelização, não só porque eram cheios do ESPÍRITO SANTO, mas também porque esperavam a volta de JESUS em seus dias.
1.2. Porque
temos recebido de DEUS talentos, e assim temos uma mordomia para dar conta
(Mt 25.14-30; Lc 16.2; 19.13)
O
dia da prestação de contas com o nosso Senhor está perto (Rm 14.10; 1 Co
3.13-15; 2 Co 5.10).
1.3. Porque
DEUS nos concedeu o privilégio de participar do seu trabalho
Servir
ao Senhor não é apenas um dever cristão, é também um grande privilégio.
DEUS podia usar outros meios para levar a mensagem de salvação ao pecador.
Ele assim faz quando lhe apraz, mas isto não é regra geral; é exceção. Seu
método é usar homens para falar a homens. O trabalho de ganhar almas para
DEUS é um privilégio que Ele nos concede para obtermos galardão no dia de
CRISTO (Fp 2.16). Há, neste sentido, uma solene declaração da Bíblia em Pv
11. 30. A salvação é dádiva de DEUS, mas galardão é recompensa que o crente
obtém mediante sua atividade na obra do Senhor.
1.4. Porque
o pecador sem JESUS está perdido (Rm 5.12)
A
palavra perdido, significa perdido mesmo, isto é, sem solução,
desenganado, extraviado, desgarrado, arruinado. JESUS usou esta palavra em Lc
19.10. Precisamos compreender que esta é a situação atual do
pecador
não-salvo. JESUS não usou termos menores, nem arrodeios.
Aqui,
entre nós, quando desaparece um avião, um navio, uma expedição ou mesmo
uma pessoa, todos os recursos disponíveis são mobilizados para salvar o
que está perdido. Vamos nós fazer menos, ou cruzar os braços ante o
perdido pecador, que se não aceitar JESUS como seu Salvador, irá para o Inferno
eterno?
Se,
como parte de um curso de evangelismo pessoal, tivéssemos de passar 24 horas
no Inferno, para ver o que se passa lá entre os perdidos, ao voltarmos,
toda nossa vida giraria em torno da obra de evangelizar e ganhar almas
perdidas, e também desviados, e jamais pôr tropeço na vida de alguém.
Uma
alma vale mais do que todo o mundo (Mc 8.36,37). O amor que JESUS
demonstrou por nós no Calvário deve nos constranger (2 Co 5.14). A
visão deste sublime amor de JESUS torna-se mais real quando meditamos a
respeito do seu suor de sangue, da traição de Judas, das vergastadas, do esbofeteamento,
dos pregos nas mãos e nos pés; na sede, na zombaria; sim, quando sentimos
seu coração rasgado de dor; quando vemos seu rosto desfigurado pelos
maus-tratos; quando ouvimos seu brado pungente nas trevas e contemplamos a sua
cabeça pendente na cruz!
Na mensagem ao profeta Isaías, DEUS
dirige-se a todos nós: "A quem enviarei eu? E quem irá por nós?"
(Is 6.8). O irmão já teve a visão horrível das almas condenadas caminhando
nas trevas para o abismo? Lembre-se de que está agora salvo porque alguém
duma maneira ou de outra o levou a CRISTO, meu caro irmão! Queremos
somente receber e não dar também?
2.
QUANDO DEVEMOS EVANGELIZAR
A
única resposta é: AGORA! Como os pecadores crerão agora, se eu não falar
agora? (Ml 1.9; At 17.30; Hb 3.7). As almas precisam ser ganhas para JESUS
agora, porque:
- AGORA
é que estamos vivos. Em Lucas 16 temos a história de um homem que se
interessou pela salvação dos outros, mas só depois de morto, quando nada mais
podia fazer.
AGORA
temos pouco tempo. JESUS não tarda a vir. Se no tempo do apóstolo João, sua
vinda já estava próxima (Ap 22.20), que diremos nós hoje? Urge
atentar para Jo 9.4. Nosso tempo também pode ser pouco no
- sentido
de a liberdade religiosa ser cerceada ou mesmo cassada, como já
aconteceu e está acontecendo em certos países.
Quanto
à idade daqueles a quem devemos evangelizar, a resposta sempre será - agora.
Crianças, jovens e velhos podem ser ganhos para JESUS agora. Na
igreja, um dos grandes setores de evangelização das crianças é a Escola
Dominical, quando devidamente aparelhada. Nela, o professor de crianças tanto
pode levar as crianças a CRISTO, como ensiná-las a viver para CRISTO. Quem
ganha uma criança para JESUS salva uma vida inteira. Quem ganha um adulto,
salva apenas meia vida, pois a outra metade o mundo já levou. Cuidado, pois!
Uma oportunidade perdida pode nunca mais voltar. Um coração hoje aberto
pode amanhã estar fechado, e... para sempre.
3.
ONDE DEVEMOS EVANGELIZAR
Nem
em todos os locais podemos fazer cultos de pregação, mas ganhar almas
individualmente, sim. Vejamos alguns locais onde isso pode suceder:
3.1.
Nos cultos
Os
crentes ganhadores de almas devem ficar alerta nos cultos de pregação,
especialmente quando estes chegam ao término. Há pecadores que, mesmo
depois de convencidos pelo ESPÍRITO SANTO, precisam de ajuda para fazer
sua decisão. Muitos têm dúvidas, temores e dificuldades internas. Nessas
horas, uma palavra de encorajamento da parte de DEUS é decisiva. Há
pessoas que nunca entraram num templo. Acham tudo estranho. Uma voz amiga
vence tais barreiras. Quantos milhares de pecadores fizeram sua decisão porque
alguém os conduziu à frente. Não convém insistir demais nem também forçar.
Deixe o ESPÍRITO SANTO dirigir as coisas. Muitas almas se extraviam por
falta de uma palavra amiga, portanto, dê atenção pessoal a elas. Nos cultos ao
ar livre, o trabalho pessoal com os circunstantes é valiosíssimo. Muitos frutos
têm sido colhidos assim.
3.2. Nos
lares
O
lar pode ser o nosso. Muitas vezes o campo de trabalho não é o interior do
país nem o exterior, mas a nossa própria casa, isto é, pais, irmãos, filhos,
parentes. JESUS disse que o campo é o mundo (Mt 13.38); ora, o mundo
começa à nossa porta. Os crentes primitivos evangelizavam de casa em casa
(Mc. 5.19; At 5.42; 20.20). Muitas grandes igrejas de hoje, começaram em
casas particulares. O lar foi a primeira instituição divina, e DEUS tem em
mira a salvação de todos no lar (Gn 19.12; Êx 12.3; Js 6.23-25;
Al 11.14; 16.31).
3.3.
Em público
Aqui,
há muitos locais a considerar. O apóstolo Paulo pregou em praças (At
17.17). À beira de rios (At 16.13). Na parábola das bodas, o Senhor
JESUS fez menção disso (Lc 14.21). Há pessoas de tal temperamento e
formação; de tais superstições e preconceitos, que jamais entrarão num templo
evangélico. Muitas vezes há também proibição. Tais pessoas só poderão ser
atingidas pelo evangelismo pessoal em público. Evangelizar é ir ao encontro do
povo. JESUS não disse: "Venha todo o povo ouvir a pregação do
Evangelho", mas, "Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a
toda a criatura".
3.4.
No trabalho (indústrias, profissões particulares, etc.)
JESUS
chamou vários discípulos quando ocupados em seus trabalhos habituais (Mt 9.9;
Mc 1.16-19). O grande evangelista D.L. Moody foi salvo quando trabalhava
no interior duma sapataria. Há ocasiões em que a melhor maneira de falar
de JESUS em .tais lugares é através da própria vida, vivendo diante
dos patrões, empregados e colegas como um verdadeiro filho de DEUS, deixando a
luz brilhar nas trevas. Uma vida assim atrai os outros para CRISTO. "A
única Bíblia que muitas pessoas lêem é a vida de um crente" (D.V.
Hurst). É como se fosse o "Evangelho Segundo Fulano de Tal".
É
preciso prudência para falar nos locais acima mencionados, de modo que não
haja violação de rotinas, quebra de instruções, etc. A hora de almoço e. o
tempo de descanso podem ser as ocasiões apropriadas. Não é preciso um sermão.
Muita gente pode ser alcançada em público: barbeiros, ascensoristas,
engraxates, comerciantes, comerciários, empregados em geral, balconistas etc.
O irmão R.A. Torrey dava cinco características de uma boa oportunidade em
público. Ei-las: - Quando a pessoa está só
- Quando
desocupada
-
Quando de bom humor
- Quando
comunicativa
-
Quando em atitude séria.
3.5. Nos
transportes em geral (trens, navios, aviões, ônibus, etc)
Em
viagem, normalmente as pessoas estão dispostas: gostam de conversar e ler.
Outras ficam apreensivas. O transporte em que viajamos diariamente pode
ser o meio de ganharmos muitas almas para o reino de DEUS. Peça, irmão,
ardentemente ao Senhor que o dirija a falar aos
pecadores.
Às vezes, quando não é possível falar, podemos entregar um folheto
apropriado. (Quanto a isto, estudaremos mais adiante.)
3.6. Nas
instituições públicas (hospitais, prisões, abrigos, penitenciárias, institutos,
etc)
Aqui,
a primeira providência é obter a devida permissão para o serviço que se
pretende fazer. É um ato nobre e cristão levar alegria e prazer aos internos
de tais instituições. Muitos deles, dali não voltarão mais ao convívio dos
seus. A única oportunidade que terão de ouvir o Evangelho será pelo testemunho
pessoal, pelo rádio ou pela página impressa. "Estando enfermo e na
prisão, não me visitaste" (Mt 25.43).
Paulo
ganhou o carcereiro dentro da prisão (At 16.23,24). Há pessoas que em são
estado de saúde e em plena liberdade, jamais ouviriam o Evangelho, mas
nas instituições de internamento podem ouvir de boa mente. O campo é vasto
nas organizações deste tipo. Milhares têm aceitado CRISTO nas prisões,
sanatórios, abrigos, etc. Outros estão a espera que alguém lhes leve a
mensagem da salvação. (Lede Hb 13.3.)
3.7. Aproveitando
as ocasiões
Pessoas
atingidas por infortúnios, desgraças, catástrofes, etc, ouvindo do poder
salvador de CRISTO, poderão render-se a Ele. Quando uma pessoa acha-se no
centro de tais acontecimentos, esvaem-se-lhe a vaidade, o egoísmo, os pontos de
vista, os preconceitos, etc. Numa situação assim, o Evangelho deve ser
indicado como a felicidade eterna.
Há pessoas que em situações normais não dão qualquer importância ao assunto da salvação, mas atingidas pela adversidade, tornam-se receptivas. Muitos têm sido salvos em tais circunstâncias. Por exemplo: ali está um homem morrendo sem salvação. Ele treme ao enfrentar a eternidade sem DEUS. Em tais momentos o testemunho de JESUS pode ser vital e decisivo. Quantos já estão na glória, tendo sido salvos nos últimos momentos de vida? O malfeitor ao lado de CRISTO, foi salvo assim (Lc 23.42,43). Momentos de decisões importantes também são ocasiões próprias para se falar de JESUS.
4.
COMO DEVEMOS EVANGELIZAR
Para
começar, o ganhador de almas tem de ter experiência própria da salvação. É
um paradoxo alguém conduzir um pecador a CRISTO, sem ele próprio conhecer o
Salvador. Isto é apontar o caminho do Céu sem conhecê-lo. Quem fala
de JESUS deve ter experiência própria da salvação. (Ver Sl 34.8 e 2 Tm
1.12.)
4.1.
O uso da Palavra de DEUS e seu estudo constante (2 Tm 2.15)
Este
é um dos fatores do crescimento espiritual e da prática de ganhar almas.
Estando nosso coração cheio da Palavra de DEUS, nossa boca falará dela
(Mt 12.34). É evidente que o ganhador de almas precisa de um conhecimento
prático da Bíblia; conhecimento esse, não só quanto à mensagem do Livro,
mas também quanto ao volume em si, suas divisões, estrutura em geral, etc.
Sim, para ganhar almas é preciso "começar pela Escritura" (At
8.35).
Aquilo que a eloqüência, o argumento e a persuasão
humana não podem fazer, a Palavra de DEUS faz, quando apresentada sob a
unção do Espírito SANTO. Ela é qual espelho. Quando você fala a Palavra, está
pondo um espelho diante do homem. Deixe o pecador mirar-se neste
maravilhoso espelho! Assim fazendo, ele aborrecerá a si mesmo ao ver sua
situação deplorável.
Está
escrito que "Pela lei vem o conhecimento do pecado" (Rm 3.20).
Através da poderosa Palavra de DEUS, o homem vê seu retrato sem qualquer
retoque, conforme Is 1.6. No estudo da obra de ganhar almas, há muito proveito
no manuseio de livros bons e inspirados sobre o assunto. Há livros deste
tipo que focalizam métodos de ganhar almas; outros focalizam experiências
adquiridas, o desafio, o apelo e a paixão que deve haver no ministério em
apreço. A igreja de Éfeso foi profundamente espiritual pelo fato de Paulo ter
ensinado a Palavra ali durante três anos, expondo todo o conselho de DEUS
(At 20.27-31). Em Corinto ele ensinou dezoito meses (At 18.11). Veja a
diferença entre essas duas igrejas através do texto das duas epístolas
(Coríntios e Efésios).
4.2.
Uma vida correta
Paulo
evangelizando pessoalmente a Félix, o governador da Judéia, disse:
"Procuro sempre ter uma consciência sem ofensa, tanto para com DEUS como
para com os homens" (At 24.16). A consciência nos seus dois lados - para
com DEUS e para com os homens - deve estar limpa. Muitos crentes têm sido
desaprovados por DEUS por falharem nesta parte. Trabalham à toda força e
frutos não há. Perguntam: "Por que não há frutos no meu
trabalho?" As Escrituras respondem em Is 52.11. Davi compreendia que
o pecado é um impedimento à conversão dos pecadores (Sl 51.2-13). Consideremos
aqui os seguintes textos:
- 1
Pe 1.15 - Aqui a santidade é requerida em todas as maneiras de viver.
- Fp
1.27 - Mostra que a nossa conduta deve ser conforme o Evangelho.
-
Rm 12.1,2 - O ensino aqui é que não devemos ter uma vida conformada com o
mundo. O povo de DEUS deve caminhar o mais possível distante do mundo.
Certo
patrão estava examinando um grupo de motoristas, a fim de selecionar um
deles para ficar como empregado de sua firma. A certa altura do teste,
surgiu a seguinte pergunta dele: "Se vocês fossem por uma estrada,
beirando um precipício, qual seria a menor distância a que chegariam da beira
do abismo, respeitando os limites de segurança?" Os motoristas querendo
demonstrar habilidade e experiência, foram dizendo: "um metro",
"menos de um metro", "meio metro". Nenhuma resposta
agradava o patrão até que um deles disse: "Eu caminharia tão longe
quanto possível do precipício". Este candidato foi aceito para o
emprego. Assim deve ser também na vida espiritual... O descrente não lê a
Bíblia, mas lê a vida do crente, que de fato deve ser uma Bíblia aberta!
(2 Co 3.2).
4.3.
Aprendendo com o supremo ganhador de almas - JESUS (Mt 4.19)
Em
sacrifício, amor, serviço e métodos na obra de ganhar almas, JESUS é o nosso
perfeito exemplo. Entre os diversos casos de evangelização pessoal
do Senhor JESUS, abordaremos um - o da mulher samaritana, em João cap.4.
Se seguirmos os passos de JESUS para ganhar a samaritana, muito aprenderemos
quanto à evangelização pessoal. Em seu ministério, inúmeras vezes JESUS pregou
a milhares de ouvintes; entretanto, um dos seus mais belos sermões - o de
João cap. 4 -, foi proferido perante uma só alma. Isto revela também a
importância do testemunho pessoal. Noutra ocasião, JESUS dirigiu um extenso
estudo bíblico para dois discípulos (Lc 24.27).
Sigamos,
pois, os passos do Senhor ao ganhar a samaritana:
4.3.1.Ter
amor, espírito de sacrifício (vv. 4,6,8).
O
v.4 fala de sacrifício; o v.6, de cansaço; e v.8, de necessidade (fome).
Tudo por causa duma alma perdida. É interessante notar que JESUS estava cansado
da viagem (v.6), mas não do trabalho. O ganhador de almas deve estar possuído
de ardente amor e compaixão pelos perdidos. O apóstolo Paulo tinha a
mesma paixão (Rm 9.2,3).
Ir
ao encontro do pecador (v.5). Notai como o Senhor JESUS foi do geral ao
particular: primeiro, à província de Samaria (v.4), depois à cidade de
Sicar (v.5), e por último à fonte de Jacó, para onde a mulher deveria vir
(v.6). Jamais deveremos esperar que os pecadores.
4.3.2.venham
ao nosso encontro.
JESUS
mostrou, em Mt 4.19, que a obra de ganhar almas é comparada a uma pescaria
espiritual. O pescador tem de colocar-se no local da pesca, se quiser
apanhar peixes. Noutras passagens da Bíblia encontramos o mesmo ensino,
como em Lc 15.4. O profeta Ezequiel, conduzido pelo Espírito SANTO, foi
até os cativos do seu povo e sentou-se entre eles (Ez 3.14,15).
4.3.3.Paciência
(v.6).
Diz
o texto: "Assentou-se". Assim fez, esperando pelo pecador. (Ler At
17. 2.)
4.3.4.Entrar
logo no assunto da salvação (v. 7).
Há
sempre uma porta aberta para se falar da salvação. No caso da samaritana,
o assunto do mo mento era água e sede, e logo JESUS falou da água da vida
que sacia a sede da alma. Vemos um caso idêntico em Atos capítulo 8. Aí o
assunto era leitura e logo o servo de DEUS iniciou a conversa com
uma pergunta também sobre leitura (v.30). Em João, capítulo 2, quando
JESUS conversava com Nicodemos, talvez soprasse uma brisa, e logo Ele usou
o vento como figura (v.8).
4.3.5.Ficar
a sós com quem está falando (v. 8).
Quando
alguém estiver falando com um pecador a respeito da salvação, evite
perturbá-lo, a menos que seja convidado.
4.3.6. Deixar
os preconceitos raciais ou sociais (vv.9,10). JESUS veio desfazer todas as
barreiras que impedem a perfeita relação entre DEUS e o homem, e entre este e
seu semelhante. Os preconceitos têm causado
grandes males na sua ação destruidora de separar, ao passo que JESUS veio unir
(Ef 2.11-22).
4.3.7. Não
se afastar do assunto da salvação (vv.9-13).
No
v.9, a mulher alega o problema do preconceito. No v.12, JESUS volta ao assunto
inicial: água, mas agora água da vida. Nos w.11,12, a mulher apresenta
dificuldades. Nos w.13,14, JESUS volta ao assunto inicial: salvação.
Resultado: no v.15 já há na pecadora um certo grau de interesse.
4.3.8.Fazer
ver ao ouvinte que ele é pecador (v.16).
JESUS
sabia que a samaritana não tinha marido, mas para motivar uma declaração
dela, disse-lhe: "Chama o teu marido e vem cá". Muitos pecadores não
se podem salvar porque não querem reconhecer que são pecadores e muito
menos perdidos.
4.3.9. Não
atacar defeitos, nem condenar (v. 18).
Isto
não quer dizer que vamos bajular alguém ou concordar com sua vida ímpia e
pecaminosa.
4.3.10. Evitar
discussão (vv.20-24).
Não
permitir que a conversa degenere em discussão. No v.20, a mulher aponta o fato
de os judeus desacreditarem na religião dos samaritanos. É costume também
o pecador apontar falhas nas igrejas e nas vidas de certas pessoas
crentes. Isto mostra que tais ouvintes, em lugar de olhar para CRISTO, estão
atrás de igrejas e pessoas. O alvo perfeito é CRISTO (Hb 12.2).Crentes
errados darão conta de si mesmos (Rm 14.12).
Diz
uma autoridade em Relações Humanas: "Você nunca vencerá uma
discussão. Se perder, perdeu mesmo, e se ganhar perdeu também, porque um
homem convencido contra a vontade, conserva sempre a opinião anterior. Quem
perde numa discussão fica ferido no seu amor próprio".
4.3.11. O
sexo influi, às vezes (v.27).
O
ideal é falar com pessoas do mesmo sexo, sem contudo fazer disso uma lei.
É provável que se uma mulher falasse à samaritana, talvez não prendesse
tanto a sua atenção.
Outros
exemplos de JESUS evangelizando pessoalmente:
a) JESUS
e Nicodemos (Jo 3.1-21).
b) Zaqueu,
o publicano (Lc 19.1-28).
c) O
cego Bartimeu (Mc 10.46-52).
d) O
malfeitor na cruz (Lc 23.39-43).
e) O
doutor da lei (Lc 10.25-37).
f) O
jovem rico (Mt 19.16-30).
g) A
mulher adúltera (Jo 8.1-11).
h)
A mulher enferma (Mc 5.25-34).
i)
A mulher siro-fenícia (Mc 7.24-30).
j)
O paralítico de Cafarnaum (Mc 2.1-12).
4.4. Ser
cheio do ESPÍRITO SANTO
Nos
negócios puramente humanos, o homem pode ter êxito e promover o progresso.
Isto acontece nas construções, nas indústrias, no comércio, na arte, nas
ciências, etc, mas no tocante à obra de DEUS, só pode de fato haver avanço
quando ela é acionada pelo ESPÍRITO de DEUS. Ele é que comunica vida.
Quando o trabalho do Senhor passa a ser dirigido exclusivamente pelo
homem, torna-se em organização mecânica, fria e estéril. A Igreja de DEUS,
quando dinamizada pelo ESPÍRITO SANTO, é de fato um organismo vivo, que cresce
sempre para a glória de DEUS. A ordem de JESUS à Igreja para pregar o
Evangelho está intimamente ligada à
ordem para
receber o poder do alto, como se vê em Lc 24.49; At 1.8. O poder de DEUS
faz a diferença. O apóstolo Pedro, fraco e tímido antes do Pentecoste, tornou-se
coluna, após o revestimento de poder.
Todo
o crente nascido de novo tem em si o Espírito SANTO (1 Co 3.16), mas o poder
glorioso para o testemunho e serviço de CRISTO, vem com toda plenitude
aos servos batizados com o ESPÍRITO SANTO (At 1.4,5,8; 2.1-4). Após o
crente ter sido cheio do ESPÍRITO SANTO é preciso permanecer cheio
sempre (Ef 5.18). Aí não se trata de um convite divino, mas de uma
ordem.
4.5. É
preciso orar sempre (Ef 6.18,19)
A
oração abre portas e remove barreiras. Ela é o meio de comunicação com DEUS. A
Igreja nasceu quando em oração, e é nesse ambiente que ela cresce e se
desenvolve (At 1.14). Pedro estava orando quando DEUS o usou para a
salvação de Cornélio, seus parentes e amigos (At 10). (Ver Sl 126.6; At
20.31.) É mais fácil falar ao pecador sobre DEUS, depois que falamos com
DEUS sobre o pecador...
4.6. Fé
na operação da Palavra de DEUS.
Quando
falamos a Palavra de DEUS, precisamos confiar no seu autor. À nós crentes
compete anunciar a Palavra; a DEUS, operar. Aquele que disse "Ide por
todo o mundo", também disse "Eis que estou convosco". Devemos
falar a Palavra com plena convicção de que é o poder de DEUS para
salvação de todo o que crê (Is 55.11; Rm 1.16). Há pecadores que aceitam
a mensagem da salvação com toda a simplicidade, outros não. Se o irmão está
procurando levar uma alma a CRISTO, nunca desanime. Certo irmão sueco orou 50
anos para JESUS salvar determinada pessoa, e viu-a aceitar o Salvador.
O Dr. R. A. Torrey, célebre ganhador de almas, orou 15 anos por uma
pessoa, e esta veio a crer em JESUS. Os homens que conduziam o paralítico
de Lucas cap.5 só conseguiram chegar à presença de JESUS, subindo ao eirado, o
que não era muito fácil. Mas não desanimaram. Isto é perseverança. Às
vezes é preciso um esforço assim. Qualquer caso, mesmo os piores, acham
solução no Senhor JESUS. Para DEUS nunca houve impossíveis. Ele é
especialista nisso! Portanto, é preciso anunciar a Palavra com plena confiança
na sua divina ação. Quando você estiver falando de JESUS, ore em espírito
para que DEUS honre a Palavra dele e manifeste o seu poder salvador.
4.7. É
preciso amor
Fé
e amor andam juntos na evangelização. Quaisquer outros recursos serão meros
paliativos, como relações humanas, sociologia etc.
JESUS
foi a personificação do amor. Ele salvou os pecadores amando-os até o fim (Jo
13.1). Sua posição ao morrer de braços abertos na cruz é a expressão
máxima do amor. Ali, num gesto de infinito alcance, Ele uniu os dois
povos com seus braços acolhedores (judeus e gentios).
4.8. A
apresentação pessoal
Cuide
disso. Sua aparência é importante, como é importante a mensagem que você
leva. DEUS pode usar quem Ele quiser e o que Ele quiser, até uma queixada
de jumento, como no caso de Sansão, mas quanto à sua aparência pessoal,
irmão, fica a seu critério. Cuide de sua apresentação, mas sem exagero.
Roupa passada, gravata no lugar, limpeza geral, inclusive das unhas; barba bem
feita, cuidado com o hálito. O traje deve ser modesto, decente e de bom
gosto. Um traje mundano, imoral e indecente não é próprio do cristão; pode
atrair o povo, mas não para CRISTO. Não permita que seu traje seja motivo
de atração para os ímpios, desviando, assim, a atenção a CRISTO. Diz a
Palavra de DEUS no Sl 103.1: "Tudo o que há em mim bendiga o seu
santo nome".
4.9. O
uso da fala (1 Co 14.9)
Ao
ler a Bíblia ou falar ao pecador, procure evitar solecismos prosódicos,
observando a pronúncia correta das palavras, o que inclui todas as suas letras.
Evite o pedantismo a todo o custo, porque logo será descoberto. Pedantismo
é falsa cultura. Na pronúncia da língua portuguesa atente para a
acentuação, entonação e pontuação. Uma dicção exata impõe-se e dá
destaque. JESUS certamente observava bem estas regras. O correto emprego
das palavras é também muito importante. Por exemplo, nunca dizer
"verso" em lugar de "versículo", quando referir-se às
divisões dos capítulos da Bíblia o certo é "versículo".
JESUS
ensinou seus discípulos a orar, mas não a pregar, porque aprender a falar
e pregar é tarefa nossa. JESUS unge a mensagem e opera por meio dela. Por
meio da oração buscamos o Senhor para que Ele inspire e ilumine a pregação. O
que é para o homem fazer. DEUS não executa. (Ver Jo 11.39.) Um auxiliar
valioso para a grafia e pronúncia correta dós nossos vocábulos é o
"Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa", edição de 1981.
O
meio ambiente de pessoas cultas também influi poderosamente na boa formação
lingüística e cultural. O apóstolo Paulo nunca desprezou os livros (2 Tm
4.13). É de grande valor o estudo de bons livros, como concordância,
dicionários, gramáticas, manuais doutrinários, etc.
4.10.
O manuseio prático da Bíblia
É
muito importante o pleno desembaraço no manuseio do volume sagrado. Isto
significa saber onde estão as passagens necessárias e localizá-las no
volume sagrado com rapidez. É imperioso conhecer a abreviatura de cada livro.
Como já foi dito, este curso de evangelismo pessoal adota o sistema mais
simples de abreviar os livros da Bíblia: apenas duas letras para cada
livro, sem ponto abreviativo.
Há
outros sistemas, mas esse é o mais simples.
Nunca
cite um versículo incompleto ou de maneira duvidosa. Isso compromete. Também
nunca acrescente ou subtraia palavras do texto bíblico, mutilando-o.
Quanto a isso. é bom atentar para a advertência de Dt 4.2; 12.32; Pv
30.5,6; Ap 22.18,19. Neste curso temos de memorizar muitos
textos da Palavra de DEUS. Se isso parecer difícil ou impossível,
lembremo-nos de Fp 4.13.
4.11.
O uso de folhetos e literatura em geral
Nunca
distribua nada sem primeiro ler para si. Há um provérbio que diz:
"Nem tudo que brilha é ouro". Ande sempre munido de porções impressas
da Palavra de DEUS: folhetos, revistas, Novos Testamentos. Bíblias completas
ou porções dela. Há ocasiões em que não se pode falar nem ingressar
em determinados lugares, mas a Palavra de DEUS pode fazer tudo isso.
Milhares já foram salvos pela mensagem impressa. Distribua a mensagem conforme
a situação do momento.
O agricultor, quando semeia, escolhe a semente antes de lançá-la ao solo; ele assim faz porque os terrenos são diferentes. Também se pode evangelizar por meio de cartas pessoais. Neste caso, as cartas devem sempre ser manuscritas, a fim de conduzir o toque pessoal. Na Bíblia temos muitas mensagens em forma epistolar.
5.
RESULTADO DE EVANGELIZAR
Aqui
estão algumas das bênçãos resultantes da evangelização pessoal:
5.1.
Crescimento da obra do Senhor.
Quem
ganha almas está ajudando a edificar a Igreja. Ela na Bíblia é comparada a
um edifício que se completa pela edificação. A igreja no seu início,
cresceu depressa porque os crentes evangelizavam sem cessar. Isto é visto nos
primeiros oito capítulos do livro de Atos, que é o livro histórico da Igreja.
Uma igreja local que possui um grupo de crentes cheios de zelo e paixão
pelas almas crescerá
sempre.
E se toda uma igreja for despertada para evangelizar o crescimento será
tal, que despertará uma região, um estado, um país e mesmo o mundo.
5.2.
Maior paixão pelas almas
Isso
tem acontecido com os servos de DEUS através dos tempos. Por exemplo, Paulo -
o grande ganhador de almas, após 25 anos de labor constante, sua paixão
pelos perdidos era tal, que exclamou certa vez: "Tenho grande
tristeza e contínua dor no meu coração. Porque eu mesmo poderia desejar ser
separado de CRISTO, por amor de meus irmãos" (Rm 9.2,3). Tal amor e
paixão pelos perdidos não encontra palavras para descrever-se.
5.3. Fortalecimento
na fé
Nossa
fé é fortalecida quando testemunhamos DEUS cumprir sua Palavra. É maravilhoso e
edificante ver como DEUS cumpre o que está escrito no que tange à
salvação das almas, quando as condições exigidas por Ele são satisfeitas.
Paulo dizia com confiança nesse sentido: "Não me envergonho do
evangelho" (Rm 1.16). Isto significa que por onde quer que ele falasse a
Palavra, DEUS confirmava a pregação com salvação de pecadores e demais bênçãos.
5.4. Estímulo a outros irmãos
A prática de ganhar almas e as bênçãos daí decorrentes estimulam outros a se renderem ao Senhor para que Ele os use de igual modo. Crentes inflamados pela salvação dos pecadores transmitem influência aos descuidados e indiferentes.
Tendo
apreciado o porquê, quando, onde, como e os resultados da evangelização
dos pecadores, pecamos a DEUS que nos revele e ajude a deixar tudo aquilo
que impede a nossa participação efetiva na evangelização das almas
perdidas, e que Ele derrame sobre nós o seu ESPÍRITO, dotando-nos, assim,
de poder para a tarefa de evangelizar e ganhar os perdidos para Ele. Que
Ele nos faça homens e mulheres segundo o seu coração.Você, irmão, está
sinceramente disposto a orar assim? Oh! que DEUS desperte seu povo
enquanto é tempo de falar aos perdidos, do seu amor e da sua salvação,
antes que entrem no Inferno!
FONTE: APAZDOSENHOR.ORG
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