sábado, 26 de junho de 2021

Lição 1- A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo

 


Lição 1- A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo

| CPAD –  O Plano Divino para Israel em meio à Infidelidade da Nação 

Texto Áureo

“E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a glória do Senhor enchera a Casa do Senhor.”

(1 Rs 8.11)

 Verdade Prática

O pedido de sabedoria feito por Salomão a Deus aponta para a maturidade espiritual que Deus deseja para seus filhos.

OBJETIVO GERAL

Expor a necessidade de permanecer em comunhão com Deus.

 LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

1 Reis 4:29-34; 6.1,11-14

 29 E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de coração, como a areia que está na praia do mar.

30 E era a sabedoria de Salomão maior do que a sabedoria de todos os do oriente e do que toda a sabedoria dos egípcios.

31 E era ele ainda mais sábio do que todos os homens, e do que Etã, ezraíta, e Hemã, e Calcol, e Darda, filhos de Maol; e correu o seu nome por todas as nações em redor.

32 E disse três mil provérbios, e foram os seus cânticos mil e cinco.

33 Também falou das árvores, desde o cedro que está no Líbano até ao hissopo que nasce na parede; também falou dos animais e das aves, dos répteis e dos peixes.

34 E vinham de todos os povos a ouvir a sabedoria de Salomão, e de todos os reis da terra que tinham ouvido da sua sabedoria.

 1 E sucedeu que no ano de quatrocentos e oitenta, depois de saírem os filhos de Israel do Egito, no ano quarto do reinado de Salomão sobre Israel, no mês de Zive (este é o mês segundo), começou a edificar a casa do SENHOR.

 11 Então veio a palavra do Senhor a Salomão, dizendo:

12 Quanto a esta casa que tu edificas, se andares nos meus estatutos, e fizeres os meus juízos, e guardares todos os meus mandamentos, andando neles, confirmarei para contigo a minha palavra, a qual falei a Davi, teu pai;

13 E habitarei no meio dos filhos de Israel, e não desampararei o meu povo de Israel.

14 Assim edificou Salomão aquela casa, e a acabou.

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

Comece a aula perguntando a seus alunos qual a diferença entre inteligência e sabedoria. Sabedoria é uma habilidade ou uma virtude? Deixe a turma debater por algum tempo sobre a distinção desses dois termos antes de iniciar a introdução da aula propriamente. É importante também debater sobre a relação entre sabedoria e astúcia ou esperteza. Uma pessoa astuta pode ser considerada sábia? Que relação tem a sabedoria de Salomão com a prosperidade de Israel sob seu governo?  

  A seguir, encaminhe seus alunos para a conclusão demonstrando que, enquanto o conhecimento representa as nossas experiências e aprendizagens adquiridas do mundo exterior, a sabedoria, especialmente a proveniente de Deus, nos dá a condição de transformarmos estes conhecimentos em prática de vida, a fim de mantermos o equilíbrio, a coesão e a justiça.

    Não deixe de apresentar o comentarista da lição. Trata-se do pastor Claiton Pommerening, doutor e mestre em Teologia; membro do Conselho Geral da RAE – Rede Assembleiana de Ensino; autor de obras editadas pela CPAD; diretor da Faculdade Refidim e do Colégio CEEDUC (Joinville – SC); editor executivo da revista REPAS/CEC/CGADB; pastor auxiliar na Assembléia de Deus em Joinville (SC).

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico l com os seus respectivos subtópicos.

I Evidenciar as virtudes de Salomão;

II Destacar o comportamento orgulhoso de Salomão no fim de sua vida;

III Apontar os feitos de Salomão.

 SUBSÍDIO DIDÁTICO-PEDAGÓGICO

A tragédia de vida de Salomão não foi uma catástrofe pessoal repentina, mas a diminuição gradual de sua completa devoção à Deus. Isso está relacionado com os interesses de suas “muitas esposas”, resultando em sua própria adoração idolátrica. Ele trilhou o repetido caminho para longe de Deus: o conhecimento do coração tornou-se somente o entendimento da mente e o conhecimento da mente, no final, deu lugar à apostasia total.

   Pergunte se a seus alunos se a sabedoria, ou conhecimento cultivado de Deus, é garantia de lealdade contínua ao Senhor. Promovam o pequeno debate sobre o assunto, e peça a ele que procure na Bíblia outros exemplos semelhantes.

SUBSÍDIO DEVOCIONAL

“2 Cr 1.11,12 Salomão poderia pedir qualquer coisa, porém pediu sabedoria para governar a nação. Pelo fato de Deus ter aprovado a forma como rei definir suas prioridades, dele também prosperidade, riqueza e Honra. Jesus também falou a respeito de prioridades. Ele disse que quando colocamos Deus em primeiro lugar, tudo aquilo que realmente necessitamos também nos é concedido (Mt 6.33).

   Embora isso não seja uma garantia de que seremos tão ricos e famosos como Salomão, ao colocarmos Deus em primeiro lugar, a sabedoria que recebemos nos permitirá gozar uma vida ricamente gratificante. Quando temos o propósito de viver e aprender a contentar-nos com o que temos, alcançaremos uma riqueza tal como jamais poderíamos ter imaginado.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal. Rio de Janeiro: CPAD, 2003,p.594-95).

SUBSÍDIO HISTÓRICO

” Uma vez que Salomão obteve um firme controle do reino, voltou-se para o extenso programa de construções, iniciando com a construção do templo. Davi já havia comprado a eira de Araúna – o local separado por Deus – e o rei ordenava que o terreno fosse totalmente limpo a fim de começar a obra. Ele também preparou os materiais da construção, particularmente blocos de pedras trabalhadas e metais preciosos, e fez acordo com os fenícios para o fornecimento de madeiras para construção. Tudo que Salomão precisava fazer era reunir os materiais e construtores no mesmo local, e dar início à Obra.

    Hirão foi informado de que tudo estava pronto, então começou o envio de madeiras para construção Vila conforme havia prometido. Salomão enviou os gêneros alimentícios acordados e outros bens como forma de pagamento. Também foram convocados trinta mil cortadores de lenha para que mensalmente, em torno de dez mil homens fossem auxiliar os trabalhadores de Hirão no Líbano. Setenta mil carregadores foram destacados para o serviço, mais oito mil cortadores de pedras.

    Todos os trabalhadores foram supervisionados por três mil e trezentos homens que respondiam diretamente a Adonirão, o oficial encarregado dos trabalhadores forçados (1 Rs 5.13-18) ” (MERRILL, Eugene H. História de Israel no Antigo Testamento: O reino de sacerdotes que Deus colocou entre as nações. 6. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.312).

   CONCLUSÃO

Nunca houve na Terra um homem com tanta sabedoria como Salomão, e que soubesse empregá-la com justiça e correção durante anos de reinado. Esse grande rei de Israel, em seu governo, proporcionou ao povo de Deus um longo período de paz, harmonia e prosperidade. Ele usou sua sabedoria tanto para consolidar seu poder quanto para construir um majestoso templo para Morada e culto a Deus

 EBD | 3° Trimestre De 2021 | CPAD – Adultos – Tema Do Trimestre: O Plano Divino para Israel em meio à Infidelidade da Nação | Lição 01: A Ascensão de Salomão e a Construção do Templo

 

 

    Reis é um conjunto de dois livros que traçam a ascensão da nação de Israel e a sua degradação após a divisão do reino. O critério que o autor de Reis utiliza para legitimar o sucesso ou tecer censuras do reinado dos reis descritos por ele, que começam com Salomão e terminam com os exílios assírio e babilônico, é o quanto cada um deles reconhece o Templo de Jerusalém como único santuário legítimo, de não adorar outros deuses e da conservação ou não do hábito de oferecer sacrifícios nos lugares altos. Nesse sentido, os reis do Norte são prejudicados pela exclusão geográfica de Jerusalém. Jeroboão é o que inaugura a base para censuras negativas aos reis do Sul ou do Norte. Diz-se muitas vezes no texto, quando se refere a um mau rei, que ele “seguiu pelo caminho de Jeroboão”; os poucos que se sobressaíram na busca da adoração a Deus são os que “seguiram pelo caminho de Davi”, geralmente no

Reino do Sul. No texto, há uma clara e justa predileção pelos reis do Sul, que foram melhores, provavelmente porque o autor era de Judá e onde mais se preservou a adoração a Jeová.

    Todos os reis do Norte (Israel) são acusados negativamente. Já no Reino do Sul (Judá), dois são elogiados sem restrições, Ezequias e Josias. Asa, Josafá, Joás, Amazias, Azarias e Jotão foram parcialmente aprovados, com reservas. Os demais receberam a acusação de terem “praticado o mal aos olhos do Senhor” ou de terem “[andado] no caminho de Jeroboão”. O contraponto comparativo é o rei Davi, de quem o autor refere-se como: “andou contigo em verdade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face” (1 Rs 3.6); caminhou “com inteireza de coração e com sinceridade” (1 Rs 9.4); o seu coração “[...] era perfeito para com o Senhor, seu Deus” (1 Rs 11.4); “reto ao meus olhos, guardando os meus estatutos e os meus mandamentos” (1 Rs 11.38); “[...] guardou os meus mandamentos e [...] andou após mim com todo o seu coração para fazer somente o que era reto aos meus olhos” (1 Rs 14.8). Portanto, toda

a monarquia israelita e judaica foi julgada conforme o modelo de Davi, cujo prumo estava sempre diante dos olhos do autor de Reis.

   A principal preocupação do autor de Reis é demonstrar com provas irrefutáveis que a obediência à Lei pelo rei e, consequentemente, pelo povo, levava-lhes à prosperidade, enquanto a desobediência sempre tinha consequências pesadas, culminando nos exílios assírio e babilônico. Caso eles persistissem na desobediência, diz Deuteronômio:

   “Será, porém, que, se não deres ouvido à voz do Senhor, teu Deus, para não cuidares em fazer todos os seus mandamentos e os seus estatutos, que hoje te ordeno, então, sobre ti virão todas estas maldições e te alcançarão” (Dt 28.15). O autor de Reis coloca quase totalmente a responsabilidade pela obediência inteiramente no rei, entendendo que eles deveriam ser os guardiões da Lei, facilitando a sua obediência ao povo e jamais incentivando a idolatria como fez Jeroboão, que serviu de modelo de perversão, e todos os demais.

   O autor de Reis elabora uma Teologia prioritariamente meritória, dentro da concepção hebraica da maneira como Deus relaciona-se com o seu povo, demonstrando que, apesar da sua grande misericórdia, acompanhada de sucessivos convites e ocasiões de arrependimento, o povo preferiu dar as costas para Deus, tendo Ele de aplicar os seus juízos descritos na Lei, sustentando que a lei da causa e efeito da desobediência estava em vigor com Deus. Essa constatação não dá prerrogativas para dizer que não havia a presença da graça de Deus em Reis, pois a própria história vivida pelo profeta Oseias é um modelo vivo da operosidade misericordiosa, graciosa e amorosa de Deus para com o seu povo.

     Reis conta uma história de culpa, com juízos teológicos fortes e sem versões neutras, porém, deixa lacunas nas histórias dos reis, pois abarca um período muito vasto de tempo de, talvez, 400 anos. O autor relata o relacionamento tenso entre profetas e reis, trocas de governo pacíficas

e violentas, decisões injustas e, por vezes, sábias, de momentos de culto e de guerras, mas quase não menciona problemas sociais e de política interna, cujas implicações avolumaram-se com a monarquia.

     A obra provavelmente foi escrita logo depois do ano 561 a.C., tendo a sua autoria atribuída a Jeremias, no Egito, seguindo a tradição judaica.

Trata-se de um “trabalho histórico cuidadosamente arquitetado, que reelabora suas fontes e interpreta os acontecimentos”, mas mantém uma unidade de propósito, o que aponta para um autor único. O autor procura seguir a escrita de Deuteronômio como parâmetro legal, especialmente quanto a causa e consequência da teologia meritória, demonstrando a condenação e queda de Israel, dentro da metanarrativa da história da salvação de Jeová.

     Embora o autor seja Jeremias, o livro termina mencionando o reinado de Evil-Merodaque, sucessor do rei Nabucodonosor, que reinou entre 561–559 a.C. (2 Rs 25.27), posterior à época de Jeremias. Isso aponta para o fato de que outra pessoa possa ter feito revisões ao texto, o que é assegurado até mesmo pela ortodoxia. Isso, no entanto, não retira a inspiração do livro.

    O tema central da obra gira em torno da justiça de Jeová e a fidelidade da sua Palavra, que sempre enviou profetas com as suas advertências incitando o povo à conversão para evitar o castigo proveniente da idolatria, numa esperança de arrependimento e salvação do povo.

     Reis é citado no Novo Testamento, especialmente por Jesus, o que ratifica a sua inspiração, no caso da lepra de Naamã e Elias e a viúva de Sarepta (1 Rs 17.9; 18.1; 2 Rs 5.14; Lc 4.25-27). Reis, assim como muitos dos escritos bíblicos, traz em bojo uma teologia narrativa, onde as histórias entrelaçam-se com os conceitos teológicos e éticos, o que dá vivacidade aos escritos, prendendo a atenção do leitor.

Entre uma história e outra, o autor intercala com as suas compreensões da Lei, dos motivos pelos quais Deus ou os personagens estavam agindo de determinada forma e por que a história da salvação do povo de Deus estava seguindo por determinado rumo. Deus está sempre presente, guiando os acontecimentos, seja nos momentos de derrota, seja nos de triunfo, mas é muito interessante observar que, apesar da intervenção divina, Ele não anula as escolhas humanas que foram decisivas para o desfecho trágico dos Reis.

   Ao escrever o texto, procuro seguir a forma teológica do autor presente no livro, mas procurei também aliar o conteúdo bíblico-devocional (narrativo) ao conteúdo acadêmico (abstrato), para facilitar a leitura para qualquer tipo de leitor. A elaboração teológica, obviamente, segue a linha da ortodoxia professada pela Assembleia de Deus, embora isso não impeça de dialogar com autores com os quais não se concorde, o que enriquece o texto. Preocupando-se sempre manter a inspiração, a veracidade, o vaticínio e a predição dos textos bíblicos, como histórica e doutrinariamente são ensinados.

  Embora alguns textos aqui presentes sejam exegéticos, a obra não tem esse objetivo. O livro foi escrito como texto para ser utilizado como subsídio ao professor de Escola Bíblica Dominical e a todos àqueles que gostam de ler. Portanto, não se propõe a ser um comentário exaustivo dos livros de Reis, embora algumas partes de Reis sejam exploradas com comentários hermenêuticos. Assim, a obra é uma introdução ao estudo dos Reis.

    Agradeço a Deus por ser minha fonte de inspiração e aquele que me fez conhecer o seu amor e cuidado, revelando-se a mim a cada dia de forma mais profunda e envolvente. Agradeço a meu pai pelas suas orações e incentivo; a minha mãe (in memorian); a Thaís, minha esposa amada, cujo apoio é um grande presente de Deus em minha vida. Foi com ela que Deus agraciou-me com a Letícia e a Thaíne, minhas filhas amadas.

Agradeço ao pastor Sérgio Melfior, meu pastor, pela confiança e apoio. Agradeço ao Dr. Ronaldo Rodrigues de Souza e ao pastor Alexandre Claudino Coelho pelo convite e pela confiança em mim depositada para escrever. Agradeço aos amigos professores Orlando Gulonda, Andréa Nogueira e Fernando Albano, que leram o manuscrito original e deram importantes contribuições, bem como a contribuição de minha filha Thaíne Saloá. Agradeço aos meus irmãos da Assembleia de Deus em Joinville, aos amigos e colegas da CEEDUC/Refidim pelo incentivo e apoio.


   Salomão significa “homem de paz” em hebraico. Ele foi o segundo filho de Davi com Bate-Seba e o terceiro rei de

Israel sob o reino unido. Após uma perturbadora história de adultério e assassinato protagonizada por Davi e morte do seu primeiro filho como consequência do duplo pecado,

Salomão foi o filho que lhe sucedeu no trono. Isso demonstra a grande misericórdia de Deus ao permitir que, mesmo como fruto de uma união questionável, após sofrer as consequências do seu ato, Deus concedeu a Davi a imensurável graça de poder conduzir o seu filho Salomão ao trono. O profeta Natã deu a ele o nome de Jedidias (o amado do Senhor). Tudo indica que Salomão tenha sido o único rei a ser ungido de forma

dupla: por um profeta, Natã, e por um sacerdote, Zadoque (1 Rs 1.34).

    A condução de Salomão ao trono não se sucedeu sem antes acontecerem muitas tramas dramáticas na família de Davi. Embora este fosse o maior rei de Israel, sucederam-lhe consequências da sua ausência como figura paterna e a sua dificuldade em lidar com a educação adequada dos filhos (1 Rs 1.6), especialmente porque, na cultura patriarcal, da qual Davi era oriundo, eram a mãe e os criados que normalmente cuidavam dos filhos. O rei Davi teve vários problemas com os seus filhos: o incesto de Amnom com Tamar (2 Sm 13.14); a vingança de Absalão matando Amnom (2 Sm 13.28,29), pois Davi não fez nada com Amnom a não ser ficar irado (1 Sm 13.25,26,37; 14.24,32,33); o golpe de estado aplicado por Absalão (2 Sm 15.2-6,10,12-14); e a tentativa de golpe para

tornar-se rei feita por Adonias (1 Rs 1.5). Davi já estava velho, o reino à mercê, e ele não tomava a decisão de apontar um sucessor; por isso, foi preciso ajuda do profeta Natã e da mãe de Salomão para que Davi tomasse as providencias para a sua coroação. Portanto, a condução de Salomão ao trono foi antecedida por lutas políticas e morte de alguns dos filhos de Davi — um alto custo de vidas humanas —, o que poderia trazer muitas dificuldades para Salomão. Porém, como o próprio nome Salomão significa, o seu reino foi pacífico, embora tivesse que matar Adonias, o seu irmão; destituir o sacerdote Abiatar por ter participado da conspiração de Adonias (1 Rs 2.26,27,35); matar o antigo general do exército de Davi, Joabe, pelo mesmo motivo (2 Rs 2.29-34); e matar também a Simei, que se voltara contra o seu pai, Davi (1 Rs 2.46). Dessa forma, o seu reino encontrou paz e solidez.

   Após a morte de Davi e em função da aliança que Deus tinha para com ele, o Senhor constituiu um reino muito sólido para o seu filho Salomão, permitindo um período de muita prosperidade, glória e poder. O domínio de Israel atingiu o seu maior apogeu na história durante o reinado de Salomão. Dessa forma, uma das tarefas de Salomão era manter e controlar um grande território que recebera como legado do seu pai, Davi.

I. A SABEDORIA DE SALOMÃO

1. A Virtude de Salomão

   A grande virtude de Salomão foi a sabedoria que ele recebeu como um dom divino, mas, mesmo antes de recebê-la, ele já apresentava alguns traços de sabedoria, pois, ao ser inquirido por Deus quanto a qualquer pedido que quisesse fazer-lhe (1 Rs 3.5), Salomão preferiu a sabedoria; isso por si só já demonstra que ele era um homem sábio, pois, se fosse ganancioso, pediria dinheiro; se fosse orgulhoso, pediria glória; se fosse vaidoso, pediria muitos dias de vida; se fosse vingativo, pediria a morte dos inimigos (1 Rs 3.11,13; 2 Cr 1.10). De que adiantariam todas essas coisas se lhe faltasse a sabedoria? Salomão, portanto, tinha um elevado senso de prioridade para pedir a coisa certa para Deus.

  Uma conceituação bíblica de sabedoria seria a correta compreensão da realidade e a base de uma vida ética e moral elevadas (Jó 11.6; Pv 2.6). Ela expressa-se na vida diária em “temor [reverência] do Senhor” (Jó 28.28;

Pv 1.7), surge de atitudes de coração e mente e expressa-se em prudência, cuidados e acolhimento nas relações humanas e institucionais.

     A sabedoria também pode ser expressa em técnicas e perícia (Êx 25.3; 4.28), na habilidade de julgamento entre certo e errado (1 Rs 3; 4.28) e aplica-se na boa administração e liderança (1 Rs 10.4,24; Sl 105.16-22; At 7.10).

    A sabedoria expressa no Antigo Testamento reflete os ensinos de um Deus pessoal, justo e bom, cuja conduta deve ser imitada e exibida por aqueles que o temem na vida cotidiana. Nesse sentido, a sabedoria do Antigo Testamento diverge da sabedoria grega, cuja principal fonte é o conhecimento perfeito. Já a sabedoria bíblica não exige conhecimento teórico para fazer-se presente. Ela é o reflexo das virtudes presentes na observância da ética presente na Lei divina, como a prudência que é expressa por aqueles que falam com sabedoria (Sl 37.30; Pv 10.31) e pelo uso sábio do tempo (Sl 90.12).

  A sabedoria sempre será oriunda de Deus e do conhecimento que se tem dEle e do relacionamento que se tem com Ele. A sabedoria, portanto, é um dos seus atributos e uma dádiva que Ele dá (Tg 1.5) graciosamente.

   “Conhecimento” vem da palavra hebraica yada e é usada para expressar familiaridade com alguém, para relacionamentos íntimos (Êx 33.17; Dt 34.10) e sexuais (Gn 4.1; 19.8), bem como para o relacionamento com alguma divindade (Dt 13.3), ou também com Deus (1 Sm 2.12; 3.7). Portanto, se considerado o relacionamento íntimo, trata-se da comunhão com muita proximidade e afeto. Em se tratando do conhecimento de

Deus, sempre que se estabelece esse tipo de relacionamento com Ele, o resultado desse encontro enriquecerá o fiel que assim se interessa por Ele, e um dos resultados é a sabedoria divina oriunda desse encontro íntimo.

Se nos relacionamentos humanos já somos enriquecidos com aquilo que o outro tem, quanto mais o será no conhecimento íntimo de Deus.

2. O Sábio Pede Sabedoria

    Deus apareceu em sonhos para Salomão e deu a ele a opção de pedir o que quisesse. O seu pedido demonstrou a sabedoria que ele já possuía. Nesse mesmo sonho, ele orou a Deus e expôs várias coisas que são dignas de nota: (1) Ele reconheceu a soberania de Deus e a forma como agiu no passado, lembrou-se da fidelidade, justiça e retidão de Davi, o seu pai, e da benevolência que Deus usou para com ele, reconhecendo que ele mesmo, Salomão, é fruto dessa bondade divina. Salomão viu-se como um escolhido de Deus (1 Rs 3.6); (2) Ele reconheceu a sua fraqueza e mostrou-se um homem humilde no pedido de sabedoria, pois uma das respostas que dá a Deus é: “[...] e sou ainda menino pequeno, nem sei como sair, nem como entrar” (1 Rs 3.7b). O próprio Salomão escreveu que “a humildade precede a honra” (Pv 15.33b, ARA), o que se tornou realidade na sua vida. Isso demonstra que ele tinha plena consciência da grandeza da tarefa (1 Rs 3.8), não permitindo que a imponência do reinado fosse motivo de prepotência, mas, acima de tudo, demonstrou um autoconhecimento profundo, muito peculiar a toda pessoa sábia; (3)

Ele reconheceu que nem o povo era dele, nem a coroa que estava sobre a sua cabeça, mas que Deus estava acima de tudo e havia elegido um povo numeroso e complexo para Salomão tomar conta (1 Rs 3.8); (4) O pedido vai de acordo com a vontade divina, mostrando que ele não foi egoísta pedindo coisas para si, pois o verdadeiro líder pensa em satisfazer as necessidades do povo, e não em satisfazer os seus próprios interesses e/ou da sua família, mas pede para o bem do povo e segundo as suas necessidades.

Ele pediu um coração compreensivo, apto a ouvir, entender e discernir a situação do outro, sabendo fazer a diferença entre o bem e o mal.

   Assim como Salomão, a pessoa sábia conhece os seus próprios limites e sempre perscruta o seu coração para encontrar ali tesouros, mas também para perceber as inclinações do coração e as suas próprias falhas e limites, sabendo perfeitamente lidar com elas para não prejudicar a si mesmo e muito menos aos outros. Essa é a grande virtude de Salomão demonstrada ao pedir sabedoria a Deus, pois ele tinha clareza das suas limitações e sentia necessidade de aprimorar a sua habilidade de percepção para julgar corretamente o povo.

   Discernir a si mesmo é uma necessidade básica para ter sabedoria. Quem não conhece a si mesmo e não sabe cuidar de si e das suas emoções, desejos e paixões, corre o perigo de agir de forma imprudente e projetar as suas próprias necessidades sobre os outros. Algumas vezes, o que permanece inconsciente poderá ter um efeito devastador sobre as pessoas ao redor que são afetadas pelas decisões desse líder. Todas as decisões precisam estar em harmonia com o coração do líder e com os impulsos que se escondem no seu interior. O pedido de Salomão revela uma das maiores necessidades de qualquer liderança: o discernimento para entender de forma compassiva qualquer situação e a inteligência para tomar as decisões certas baseadas na justiça e na equidade.

3. A Sabedoria na Prática de Vida

  O apóstolo Tiago escreveu que existe um tipo de sabedoria que se aprimora em levar vantagem em tudo, que maquina habilidosamente o mal e que é maquiavelicamente calculista para trapacear os outros. Essa sabedoria é terrena, animal e diabólica, pois é fruto de ciúme, divisionismo, confusão e obras maléficas (Tg 3.15,16). No entanto, ele incentiva os crentes a pedirem a Deus sabedoria (Tg 1.5) do alto, que Ele reparte liberalmente a todos, cuja virtude é a pureza, a pacificação, a gentileza, a fácil tratabilidade, a misericórdia e a produção de bons frutos, sem ambiguidades e com sinceridade (Tg 3.17). Essa foi a sabedoria que Salomão recebeu de Deus.

  Além da sua sabedoria na condução do reino, Salomão escreveu provérbios e cânticos (1 Rs 4.32) aos milhares. Boa parte deles compõe o Antigo Testamento com o nome de Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Dois salmos também são atribuídos a ele: o Salmo 72, como um Salmo real, e o 127, como um Salmo de sabedoria. Poucos heróis antigos foram tão citados quanto Salomão. Muitos contos judaicos, árabes e etíopes citam Salomão como uma referência de sabedoria e intelectualidade. Salomão tinha conhecimentos nas mais variadas áreas das ciências (1 Rs 4.31-34).

   Salomão organizou os tributos e contribuições do reino de tal forma que, a cada mês, uma tribo era encarregada de manter o palácio real (1 Rs 4.7).

Essa prática depois se mostrou pesada para os súditos, que reclamaram a Roboão um alívio dessa carga tributária (1 Rs 12.4). Outro agravante foi que Salomão recrutou 30 mil israelitas para serem os seus escravos (1 Rs 5.13). Essas organizações reais trouxeram pesado ônus para o povo e foram decisivas para a divisão do Reino do Sul e do Norte, além de encontrarem apoio em Jeroboão, que se tornaria o rei do Reino do Norte.

    O episódio relevante da sua demonstração de sabedoria, qualidade acompanhada de discernimento e perspicácia, deu-se no caso das duas mães que reclamaram o mesmo filho. Ele provou qual das duas tinha o verdadeiro sentimento de mãe da criança viva quando propôs cortá-la ao meio. Dessa forma, a mãe verdadeira demonstrou o seu amor e, de forma justa, ficou com a criança viva (1 Rs 3.16-28). A rainha de Sabá ficou estupefata ao contemplar toda a glória, sabedoria, organização e liderança do reinado de Salomão (1 Rs 10.6-9). A sua sabedoria adquiriu uma fama tão grande em toda a terra que nunca houve um homem tão sábio quanto Salomão, exceto Jesus (Mt 12.42; 1 Rs 4.29,30).

II. A CONSOLIDAÇÃO DO PODER

1. A Glória do Reino de Salomão

   O reinado de Salomão tornou-se amplo em termos territoriais e serviçais, bem como foi firmado e estabelecido em justiça e paz (1 Rs 4.24), permitindo ao povo tanta fartura e condições ideais que esses podiam fazer festas e alegrarem-se (1 Rs 4.20). Todos os governos, inclusive a Igreja do Senhor, quando são administrados sob essas premissas básicas, tornam-se duradouros e trazem segurança ao povo (1 Rs 4.25a).

  No reinado de Salomão, houve muita riqueza para ele e para o povo (1 Rs 4.25). Havia uma excepcional organização de provisões e suprimentos diários para o palácio do rei, da ordem de “três mil quilos de farinha de trigo e seis mil quilos de farinha de outros cereais; dez bois gordos, vinte bois de pasto e cem carneiros; fora veados, gazelas, corços e aves domésticas” (1 Rs 4.22,23, NTLH). Ele também organizou um grande exército composto de soldados bem equipados e alimentados, em torno de 1.400 carros de guerra, 12 mil cavaleiros, além de ter construído 4 mil estábulos para cavalos, que eram negociados no Egito.

2. O Orgulho Precede a Ruína

   Infelizmente, até mesmo os homens mais sábios estão sujeitos à queda quando deixam de temer a Deus e entram em caminhos tortuosos. Nesse sentido, Salomão acabou desenvolvendo uma sabedoria idiotizada pelo orgulho e pelo poder. Esses desvios foram chegando aos poucos na vida de Salomão, na medida em que ele foi fazendo pequenas concessões no seu coração e estabelecendo acordos e conchavos políticos que foram deteriorando sorrateiramente os seus valores espirituais, enganando a si mesmo a partir da ganância e da sede de poder que foram entrando no seu coração. É importante observar que esses valores deteriorados não estavam presentes no início do seu reinado, mas foram ocupando espaço na medida em que Salomão foi permitindo certos desvios, que até eram pequenos no início, mas que depois assumiram proporções gigantescas, cujas advertências estão contidas no Salmo 73.

A pessoa que adquire riqueza e poder e é desprovida de sabedoria leva uma vida de prepotência e arrogância (Pv 16.19; 18.23). Desse modo, ela vê as pessoas como objetos, e não como criaturas de Deus e nem como seu próximo. As pessoas nessa situação tendem a lutar constantemente para manter seu status quo. Por isso, tratam as pessoas subordinadas ou em condições de dependência como se nunca fossem precisar delas. Elas investem nos relacionamentos com pessoas em condições financeiras e de poder semelhantes com o propósito de trocas de favores e interesses. Elas vivem uma vida de insegurança constante, sempre com medo de perder o poder e, por esse motivo, não dormem enquanto não maquinam o que fazer para manter-se no controle (Pv 4.16; Sl 36.4; Is 57.20; Ml 2.1).

Os desvios e as suas consequências haviam sido preconizados pelo legislador Moisés, referindo-se ao futuro rei de Israel em Deuteronômio 17.16,17:

   Porém não multiplicará para si cavalos, nem fará voltar ao povo ao Egito, para multiplicar cavalos; pois o Senhor vos tem dito: Nunca mais voltareis por este caminho. Tampouco para si multiplicará mulheres, para que o seu coração se não desvie; nem prata nem ouro multiplicará muito para si.

   Percebe-se que Moisés, na sua sabedoria, previu os problemas oriundos da ganância e da luxúria, mas Salomão tropeçou exatamente naquilo que Moisés havia-lhe prevenido nas suas ordenanças. Nota-se a diferença do coração de Davi para o de   Salomão. O primeiro sempre se arrependia dos seus pecados e consertava o erro cometido. Já Salomão não se arrependeu, pois justamente as muitas riquezas, glória e luxúria causaram-lhe cegueira espiritual e uma quase impossibilidade de arrependimento (ver Lc 18.25). O próprio Salomão, enquanto ainda dependente de Deus e não das suas habilidades, disse: “Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas” (Pv 3.5,6). Mas, infelizmente, ele deixou de confiar em Deus e trouxe sérias consequências, permitindo que se perdesse boa parte daquilo que ele havia adquirido e organizado. Por isso, Deus voltou-se contra Salomão e predisse a ruína do seu reino quando os seus filhos assumissem o trono (1 Rs 11.9-13).

   Salomão fez alianças políticas com vários reinos antigos territorialmente próximos, porém, outros longínquos, em troca de casamentos com princesas desses reinos e outros benefícios econômicos. Com isso, trouxe sérios comprometimentos ao seu reino, tendo que edificar lugares sagrados pagãos para agradar as suas mulheres e construir castelos imponentes para elas, como no caso da filha de Faraó (1 Rs 3.1; 7.8). A tradição de escritos antigos afirma que ele teve um filho com a rainha

de Sabá chamado Menelik I, que seria o fundador da casa real etíope.

   Em busca de mais poder e prestígio, Salomão fez tratados políticos com povos pagãos e teve em troca acesso a mais poder, glória e luxúria (1 Rs 11.1,2), que, em função dos envolvimentos, o levaram também ao paganismo e à grave desobediência ao Senhor (1 Rs 11.4-10). Dessa forma, Salomão cedeu às três principais tentações que podem destruir a pureza do coração humano: poder, sexo e dinheiro. Essas três forças não são más em si. Todas fazem parte da boa criação de Deus, mas podem levar à ruína quando dominam a pessoa e são usadas de forma imprópria e irresponsável. No caso de Salomão, levaram-no a adorar os deuses pagãos Astarote, Quemos e Milcom (2 Rs 23.13).

3. Dinheiro e Ganância

Salomão foi um rei extremamente rico, como o foram poucos da sua época. Por ser sábio na administração dos recursos que havia recebido de Deus, ele conseguiu negociar e acumulou muita riqueza. Ele fez negócios com várias nações vizinhas sempre com grandes perspectivas de lucro. Além disso, a sua fama atraía celebridades reais que sempre lhe traziam mais dinheiro e riquezas (1 Rs 4.27,34). O problema não estava nas riquezas que Salomão acumulou, mas na maneira como ele começou a encará-las. Primeiramente, ele começou fazendo escravos entre o seu próprio povo (1 Rs 5.13). Ora, fazer alguém de escravo significa que o trabalho estava sendo feito sem pagamento justo de salários. Se não havia pagamento justo, então esse dinheiro acumulava-se nas mãos de Salomão, enriquecendo-o ainda mais. Essa postura é um claro gesto de ganância, postura esta condenada pela Palavra de Deus (Is 56.11; Jr 22.17; 51.13; Hb 13.5). A ganância não se manifesta somente na ausência de salários, mas também quando não se paga o que é justo ou se omitem direitos e condições de vida digna do funcionário ou obreiro.

   A ganância e o desejo desenfreado de admiração andam muito próximos. Para sustentar a admiração, é preciso que as riquezas sejam vistas por outras pessoas para satisfação daquele que as possui; logo, é preciso comprar mais bens. Quanto mais se consegue mostrar que se tem poder de compra e quanto mais se exibe o que foi comprado, mais se tem admiração. Dessa forma, nunca se pode deixar quebrar esse ciclo para continuar sempre sendo admirado. Esse círculo vicioso gera ansiedade e frustração, pois o deus Mamom é um monstro insaciável. O próprio Jesus disse que Mamom e o Deus verdadeiro concorrem em  pé de igualdade no coração humano (Mt 6.24). Não que Mamon seja comparável a Deus, mas o coração humano pode abrir-se de tal forma que passa a ser governado por ele. Quem toma as principais decisões em nosso coração: Deus ou as riquezas? Essa é uma boa pergunta para detectarmos quem, de fato, está entronizado.

    Infelizmente, muitas decisões hoje são tomadas não com base na Palavra de Deus, mas naquilo que as riquezas afirmam ser o correto. Todavia, Mamom geralmente contradiz o que a Bíblia diz. Uma frase de Thomas Merton (1915–1968) resume muito bem o que o dinheiro pode fazer: “O dinheiro, na sociedade moderna, usurpou diabolicamente o papel que o Espírito Santo deve exercer na igreja.”

   A orientação bíblica não é que se deva ter aversão ao dinheiro ou às riquezas. O que se deve fazer é sempre lidar com o dinheiro de forma altruísta e benevolente (Lc 8.1-3), fazendo com que ele seja nosso servo para trazer-nos conforto e, ainda, reparti-lo com aquele que não tem e, acima de tudo, fazendo com que sempre sejamos gratos a Deus por tudo o que Ele tem-nos dado, não somente as riquezas materiais, mas também as imateriais. Se recebemos todas as coisas com gratidão, saberemos que o que temos não é nosso e que não haverá problema quando tivermos que nos desfazer de alguma coisa. Talvez se Salomão tivesse lidado dessa forma com as suas riquezas, não teria entrado nos caminhos tortuosos que entrou.

4. Sexo e Luxúria

   Não podemos afirmar que Salomão incorreu em luxúria, mas o que aconteceu realmente foi que as suas muitas mulheres fizeram-lhe desviar do propósito inicial do seu reinado (1 Rs 11.3). O autor de Reis afirma que as “suas mulheres lhe perverteram o coração”; para agradá-las, ele construiu locais de adoração pagãos e satisfez os desejos delas. Uma das divindades as quais se inclinou era Astarote, a deusa da guerra e da fertilidade, e uma das suas formas de adoração era a prostituição sagrada. Salomão tinha mil mulheres à sua disposição. Nenhum homem teria condições de atender às necessidades emocionais e físicas de um harém tão grande.

   A sexualidade é um dom de Deus à humanidade e faz parte da boa criação de Deus. Quando exercida dentro dos preceitos bíblicos, é fonte de alegria e de prazer. Como um “grande rio, rico, profundo e bom enquanto se mantiver dentro do seu leito apropriado, [...] nossa tarefa é dirigir nossas reações sexuais para dentro dessa correnteza rica e profunda.”

   Quando a sexualidade tem os seus propósitos distorcidos pelo pecado da luxúria, as suas consequências sempre serão funestas, causando obsessão e destruição. A luxúria está sempre presente quando a atividade sexual é utilizada de forma egoísta, ofensiva, deturpada e violenta, resumindo-se a uma paixão sexual descontrolada em que o indivíduo não define como e com quem ele ficará intimamente envolvido, permitindo-se ser dominado por desejos ardentes fugazes. Trata-se de uma experiência vazia de sentido porque nega o companheirismo e a comunhão profunda entre dois seres que se entregam em liberdade e fidelidade um ao outro. A luxúria elimina o relacionamento íntimo e limita-o à genitália humana apenas na busca do prazer, banalizando o sexo e negando o relacionamento, geralmente reduzindo a mulher a um objeto sexual que é dominado pelos homens. Nesse e noutros sentidos, a pornografia tem sido um dos piores males da humanidade.

  O sexo no mundo pornográfico é extremamente hábil, maravilhoso, extasiante. Sexo no mundo real é uma mistura de ternura e mau hálito, amor e cansaço, êxtase e desapontamento. Quando as pessoas acreditam no mundo dos sonhos, começam a olhar de maneira crítica para os defeitos do mundo real; de fato, começam a procurar um mundo de fantasia perfeito. Esse faz-de-conta é destrutivo tanto para a verdadeira sexualidade quanto para a verdadeira espiritualidade.

   Salomão deixa-nos o exemplo de que a satisfação egoísta desenfreada é um indício de queda e fracasso das melhores intenções e mais nobres projetos. Para satisfazer a si e ao outro de forma plena, o correto seria procurar por uma vivência sexual saudável, onde ocorra a plenitude da sexualidade como uma oposição da redução da atividade sexual apenas à genitália e ao egoísmo da satisfação apenas de si.

5. Poder e Ambição

  O desenvolvimento do reinado de Salomão levou-o a ter muito prestígio e poder. Ele usou o poder positivamente para estabelecer a paz no seu reino e ser próspero; porém, no decorrer do tempo, a ambição e o orgulho foram tomando conta do seu coração de tal forma que ele deixou ser seduzido pelas benesses do poder, pelo seu alcance e possibilidades infinitas e por todo prestígio que lhe trouxe o poder. Tudo indica que o poder seja a mais destrutiva força do trinômio: poder, sexo e dinheiro.

    O poder e a autoridade fazem parte das boas dádivas que Deus deu aos seres humanos para manter a ordem nas famílias, nas instituições e nas nações. Sem o exercício do poder, o mundo seria um lugar completamente caótico e sem segurança. Mas o “poder pode destruir ou criar”.

Como dizia Foucault:

   O que faz com que o poder se mantenha e que seja aceito é [...] que de fato ele permeia, produz coisas, induz ao prazer, forma saber, produz discurso. Deve-se considerá-lo como uma rede produtiva que atravessa todo o corpo social muito mais do que uma instância negativa que tem por função reprimir.

   Poder, status, reputação e posição foram-nos dados graciosamente por Deus, mas não podem tornar-se nossa obsessão. Sabemos que essas coisas vêm e vão; assim, não precisamos ficar agarrados ao poder para conservá-lo a todo custo, oprimindo e espoliando os recursos e a dignidade dos outros. Quando Jesus estava na casa de Lázaro, Maria, a irmã deste, escolheu a boa parte que não lhe seria tirada. Portanto, podemos perder qualquer coisa nessa vida, mas não podemos perder nossa comunhão com o Pai. O problema é quando o poder assume um lugar de controle excessivo e de ambição por sempre querer mais poder e autoridade. Isso leva à opressão, à violência e ao tolhimento da liberdade dos demais indivíduos. Querer o poder a todo custo coloca-nos em posição antagônica à escolha de Maria.

    Um dos grandes desafios da liderança é até que ponto podem-se estabelecer relações de poder/autoridade sobre as pessoas sem que isso seja opressivo e destruidor. O poder e a liderança, quando praticados sem amor, ferem e matam. Jesus deu-nos o grande exemplo de sempre respeitar a dignidade e as fraquezas das pessoas. Um ministério cristão autêntico precisa estar livre dessas amarras devastadoras e priorizar a prática do amor. A opulência e a ganância por títulos, cargos e posições causam opressão quando usadas para manipular as pessoas.

A tentação de considerar o poder um instrumento apto para a proclamação do Evangelho é a maior de todas. Estamos sempre ouvindo de outros, e dizendo a nós mesmos, que ter poder (desde que o usemos no serviço de Deus e em favor dos seres humanos) é uma coisa boa. [...] Mas era com este raciocínio que cruzadas foram realizadas; inquisições foram instituídas; índios foram escravizados; posições de grande influência foram cobiçadas; palácios episcopais, catedrais esplêndidas e opulentos seminários foram construídos; e muita manipulação de consciência foi usada. [...] O que torna a tentação do poder aparentemente tão irresistível? Talvez porque o poder ofereça um fácil substituto para a difícil tarefa de amar. Parece mais fácil ser Deus do que amar a Deus, mais fácil controlar as pessoas do que amá-las, mais fácil ser dono da vida do que amar a vida. Jesus pergunta: “Você me ama?” Nós perguntamos: “Podemos sentar à tua direita e à tua esquerda no teu reino?” (Mt 20.21).

    Henri Nouwen (1932–1996) alerta para o fato de que uma parte da liderança cristã é exercida por pessoas que não sabem desenvolver relacionamentos sadios e íntimos e, por esse motivo, fazem a opção pelo controle e pelo domínio sobre os outros. O poder não pode ser simplesmente usado para a “legitimação do poder dos dominantes” e para a “domesticação dos dominados”, mas, especialmente, deve estar disponível para servir como Jesus também o fez. Por isso, “os especialistas religiosos devem forçosamente ocultar a si mesmos e aos outros que a razão de suas lutas é interesses políticos. [...] Em linguagem ‘pagã’, interesses ‘temporais’.”

    Quem aspira a todo custo a fama e o reconhecimento acaba deixando de lado a ética e o respeito, pois, para atingi-la, torna-se aceitável ferir, lograr, manipular e mentir. Atrás da fama vêm o poder e o orgulho, e estes destroem relacionamentos, a confiança, o diálogo e a integridade. Quando se atinge a fama e o poder, a pessoa geralmente se convence de que isso que faz é igual ao Reino de Deus, e qualquer pessoa que se oponha a isso estará errada e sendo usada pelo Diabo. Atinge-se, assim, um estado de falsa perfeição (At 12.21-23). Jesus foi tentado a começar o ministério com fama.

    Então o diabo o transportou à Cidade Santa, e colocou-o sobre o pináculo do templo, e disse-lhe: Se tu és o Filho de Deus, lança-te daqui abaixo; porque está escrito: Aos seus anjos dará ordem a teu respeito, e tomar-te-ão nas mãos, para que nunca tropeces em alguma pedra. (Mt 4.5,6)

   Ele, no entanto, venceu essa tentação com uma determinação certeira à humildade. Não acalentou pensamentos de possibilidade de executar tal ato orgulhoso, mas combateu-o pela raiz, com a Palavra de Deus:

“Também está escrito” (Mt 4.7).

  Jesus usou a sua autoridade durante o seu ministério terreno para abençoar as pessoas, e não para ser servido (Mt 20.28). A sua autoridade era exsousia, no sentido de alargar e ampliar as possibilidades humanas, sendo exercida para beneficiar as pessoas, e não para prevalecer, disputar ou as subjugar. O seu poder era exercido a favor das pessoas, permitindo-as ser e atuar. Essa forma de poder e autoridade é uma das mais usadas no Novo Testamento, aparecendo umas 108 vezes. Já o sentido do verbo kratós, como poder e dominação exercidos pela força, no sentido físico ou por imposição moral, nunca é atribuído a Jesus, e Ele próprio argumenta contra o seu uso (Mc 10.41-43). Sherri McAdam disse que “a única cura para o amor ao poder é o poder do amor.”

    III. A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO

1. O Propósito de Salomão

O propósito de Salomão na construção do Templo foi muito nobre: “para a adoração do meu Deus, o Senhor” (1 Rs 5.5, NTLH). Nisso se percebe a pureza do coração de Salomão nos primeiros anos do seu reinado, e foi nesse propósito que ele construiu o Templo. Foram empregados muitos materiais nobres na construção, como cedro do Líbano, e também muito ouro. Todos os utensílios e detalhes do Templo foram feitos com muito esmero, pompa e glória, exatamente para demonstrar o amor de Salomão por Deus e para dar a Ele uma morada da mais excelente qualidade.

   Foi desejo de Davi construir o Templo para o culto a Deus, pois, até então, a Arca da Aliança, que simbolizava a presença de Deus entre o povo, estava guardada numa tenda que Davi havia feito para ela (2 Sm 6.12,17). Davi fez as plantas e desenhou os modelos de como seria o

Templo que o próprio Deus havia-lhe mostrado (1 Cr 28.11-19), mas, quando intentou construir, foi impedido por Deus por intermédio do profeta Natã (2 Sm 7.4-13), por ter sido um homem de muitas guerras e mortes (1 Cr 22.8). Percebe-se, nesse sentido, que Deus já começava a revelar a sua não aprovação às guerras e mortes de que o seu povo participava, negando a Davi o desejo de construir o Templo por este ter derramado muito sangue. No Novo Testamento, por meio de Jesus (Mt 5.21,22), a Revelação completa de Deus, há vários apelos para que sempre haja paz (Mt 5.9), devendo-se amar os inimigos e orar pelos que nos perseguem (Mt 5.44).

    Deus, porém, consolou Davi quanto à construção do Templo dizendo que a sua casa subsistiria para todo sempre. Ele, portanto, atentou para o bom propósito do coração de Davi proporcionando-lhe promessas muito maiores do que a construção de um templo: a construção de uma dinastia que não teria fim (2 Sm 7.14-16). Diante dessa promessa, Davi rendeu adoração, louvores e gratidão a Deus (2 Sm 7.18.29).

    Salomão executou a obra de construção do Templo conforme o modelo que Davi, o seu pai, havia-lhe fornecido. Era dividido internamente em três cômodos: um vestíbulo chamado Ulam, de 4,5m de comprimento; uma sala de culto chamada Hekal, cujo significado pode ser palácio ou templo, também chamada de Lugar Santo, medindo 18m de comprimento; e o Debir, cujo significado é a “câmara de trás”, que foi chamado de Santo dos Santos, onde ficava a Arca da Aliança e era inacessível, a não ser ao sumo sacerdote uma vez por ano. Esse compartimento era um cubo perfeito que media 9m de comprimento, altura e largura (1 Rs 6.16-21). Toda parte interna do Templo foi coberta de ouro em todas as  (1 Rs 6.22).

   No lugar Santo, Hekal, ficava o Altar de Incenso, a Mesa dos Pães da proposição e o Candelabro (1 Rs 7.48). Todos esses móveis e utensílios eram feitos de ouro (1 Rs 7.50). O Altar de Bronze, onde eram oferecidos os sacrifícios, ficava do lado de fora do Templo (1 Rs 9.25; 2 Rs 16.14). A sudeste do Templo, havia uma grande cuba (pia) de bronze sustentada por 12 figuras de touros com capacidade para 40 mil litros de água (1 Rs 7.23-26), que servia para a purificação dos sacerdotes (Êx 30.18-21). Havia também dez bacias de bronze quadradas com 1,80m tanto de largura quanto de comprimento e 1,30m de altura, nas quais cabiam 85 litros de água (1 Rs 7.27-39), destinadas para lavar as vítimas.

2. O Templo do Espírito Santo

   Essa visão de Deus centrada no Templo é uma característica do Antigo Testamento, mas com a redenção do ser humano efetuada por Cristo na cruz, a morada de Deus passa a ser o homem regenerado. Nesse lugar, deve haver beleza, pois o Espírito Santo habita nele (1 Co 6.19). A glória que foi manifestada no Templo de Salomão agora é manifestada na comunhão dos irmãos por meio de Cristo e no coração de cada crente regenerado.

   A presença de Deus no Templo é uma teofania do Antigo Testamento, necessária à revelação progressiva de Deus na história do seu povo. Já no Novo Testamento, a ênfase demasiada sobre o local de culto e a sua valorização excessiva como local da presença de Deus ofusca o verdadeiro local dessa presença, que é dentro de cada crente que se torna morada do Espírito Santo. Jesus disse: “Eu derribarei este templo, construído por mãos de homens, e em três dias edificarei outro, não feito por mãos de homens” (Mc 14.58). Portanto, no Novo Testamento, o Templo não é um lugar fixo geográfico, mas é ambulante, porque o seu povo movimenta-se no mundo como sinal do Reino de Deus. Todavia, é evidente também que, quando vários desses templos individuais do Espírito Santo, ou seja, as pessoas, ajuntam-se no templo/igreja, cria-se uma grande assembleia onde Deus, em Cristo, manifesta a sua presença não por causa do templo físico em si, mas por causa de os filhos de Deus em Cristo, em quem Ele habita, estarem juntos. Foi por isso que Jesus tirou a ênfase no Templo quando disse: “Porque onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20). Essa compreensão ajusta um desvio doutrinário presente em muitas igrejas e lideranças de uma supervalorização do templo, do seu embelezamento exagerado e caro,o que pode tornar-se uma idolatria. A idolatria templária já havia sido denunciada pelo profeta Jeremias (26.8-13), quando a manutenção das instituições tornaram-se mais importantes do que as reformas espirituais necessárias e o correto atendimento das necessidades do povo. Essa mesma ideia é expressa pelo profeta Ezequiel (8.6-18; 9.6-11).

3. A Glória do Senhor

A glória do Senhor manifestou-se no Templo depois de pronto de forma extraordinária em vários momentos. O primeiro foi quando os sacerdotes levaram a Arca para o Lugar Santíssimo, de tal forma que não puderam retornar ao local e tiveram que parar o seu trabalho (1 Rs 8.11; 2 Cr 5.14). Percebe-se que a glória do Senhor manifestou-se num ambiente de intensa adoração, por meio de instrumentos musicais e cantores que salmodiavam ao Senhor (2 Cr 5.12,13). A alegria e o temor da presença do Senhor fizeram Salomão proferir uma das mais belas orações da Bíblia (1 Rs 8.22-53; 2 Cr 6.14-42), reconhecendo a grandeza do Senhor Deus, bem como o seu senhorio, poder, misericórdia e amor sobre todas as coisas. A segunda vez em que a glória do Senhor manifestou-se foi quando Salomão acabou de proferir a oração de inauguração (2 Cr 7.1-3). Dessa vez, além da glória, também desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os sacrifícios. Segundo a teologia meritória do Antigo Testamento, a presença de Deus no meio do seu povo seria retirada se o povo fosse infiel, como, de fato, aconteceu no reinado dos reis idólatras.

   A presença da glória do Senhor no Templo é importante porque ela representa a própria presença dEle no local. Assim como a sua presença esteve no Tabernáculo no deserto (Êx 33.9; 40.34,35; Nm 12.4-10), agora também estava presente no Templo; trata-se do símbolo de que Deus tomou posse da sua casa e que agora ela é sua. Foi por isso que Ezequias, ao receber as cartas ameaçadoras de Senaqueribe, apresentou-as diante de Deus no Templo, e são vários os Salmos que celebram a presença de Deus no Templo (Sl 27.4; 42.5; 76.3; 84; 122.1-4; 132.13,14; 134). Embora Deus não habite em templos feitos por mãos de homens (Is 66.1; At 17.24), a representatividade da sua presença manifestou-se no Templo. O próprio Salomão, na sua oração de consagração do Templo, reconheceu a transcendência de Deus para além do Templo: “Mas, na verdade, habitaria Deus na terra? Eis que os céus e até o céu dos céus te não poderiam conter, quanto menos esta casa que eu tendo edificado” (1 Rs 8.27).

  O Plano Divino para Israel em meio à Infidelidade da Nação

NOTAS:
SALOMÃO - 
שלמה Sh ̂elomoh - Salomão = “paz”
1) filho de Davi com Bate-Seba e terceiro rei de Israel; autor de Provérbios e Cântico dos Cânticos

SALOMÃO - Do hebraico: muito pacifico (Dicionário de Significado dos nomes)

 2 Samuel 23.1-7
1 - E estas são as últimas palavras de Davi. Diz Davi, filho de Jessé, e diz o homem que foi levantado em altura, o ungido do DEUS de Jacó, e o suave em salmos de Israel: 2 - O ESPÍRITO do SENHOR falou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca. 3 - Disse o DEUS de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou: Haverá um justo que domine sobre os homens, que domine no temor de DEUS. 4 - E será como a luz da manhã, quando sai o sol, da manhã sem nuvens, quando, pelo seu resplendor e pela chuva, a erva brota da terra. 5 - Ainda que a minha casa não seja tal para com DEUS, contudo estabeleceu comigo um concerto eterno, que em tudo será ordenado e guardado. Pois toda a minha salvação e todo o meu prazer estão nele, apesar de que ainda não o faz brotar. 6- Porém os filhos de Belial serão todos como os espinhos que se lançam fora, porque se lhes não pode pegar com a mão. 7 - Mas qualquer que os tocar se armará de ferro e da haste de uma lança; e a fogo serão totalmente queimados no mesmo lugar.

Constituindo Salomão como rei.

Restava pouco tempo de vida a Davi. Secretamente Adonias tentava um golpe de estado. O profeta Natã descobre e manda Bate Seba até ao rei lhe perguntar quem deveria governar depois dele. Quando Bate Seba está ainda falando, Natã entra e dá a notícia ao rei. DEUS havia ordenado a Davi que colocasse Salomão em seu lugar (Cap. 1 vv. 5,17,30; 2.15).

E me disse: Teu filho Salomão, ele edificará a minha casa e os meus átrios, porque o escolhi para filho e eu lhe serei por pai. 1 Crônicas 28:6

  Já no seu leito de morte, doente e velho, Davi teve de atuar firmemente para constituir Salomão como rei. Ele chama Zadoque, Natã e Benaia (Zadoque, o sacerdote, e Benaías, general do exército e filho de Jeoiada, e Natã, o profeta), e passa-lhes as necessárias instruções, seguindo os costumes da separação de um rei: a unção e o anúncio público.
A ordem de Davi era que Salomão fosse colocado em sua mula, sobre a qual somente o rei andava; ele foi escoltado até Giom, em direção ao vale de Cedrom. A unção foi feita por Zadoque com o óleo do tabernáculo, perante todo o povo. A cerimônia feita para a coroação de Salomão recebia a ratificação divina, representada pelo profeta Natã. O exército estava presente apoiando através de seu general Benaia. Somente a partir disso é que Salomão poderia assumir o trono.

 1 Crônicas 28.4-8

 4 E o SENHOR, DEUS de Israel, escolheu-me de toda a casa de meu pai, para que eternamente fosse rei sobre Israel; porque a Judá escolheu por príncipe, e a casa de meu pai, na casa de Judá; e entre os filhos de meu pai se agradou de mim para me fazer rei sobre todo o Israel. 5 E, de todos os meus filhos (porque muitos filhos me deu o SENHOR), escolheu ele o meu filho Salomão para se assentar no trono do reino do SENHOR sobre Israel.6E me disse: Teu filho Salomão, ele edificará a minha casa e os meus átrios, porque o escolhi para filho e eu lhe serei por pai. 7 E estabelecerei o seu reino para sempre, se perseverar em cumprir os meus mandamentos e os meus juízos, como até ao dia de hoje. 8 Agora, pois, perante os olhos de todo o Israel, a congregação do SENHOR, e perante os ouvidos do nosso DEUS, guardai e buscai todos os mandamentos do SENHOR, vosso DEUS, para que possuais esta boa terra e a façais herdar a vossos filhos depois de vós, para sempre.

 28.8 GUARDAI E BUSCAI TODOS OS MANDAMENTOS DO SENHOR.

A condição prévia, para que o reino de Salomão fosse estabelecido, era ele (Salomão) viver em obediência e fidelidade a DEUS. Salomão, no início, seguiu os conselhos do seu pai, mas posteriormente afastou-se de DEUS (ver 1 Rs 2.4; 11.1).

O encargo que Davi deu a Salomão foi que conhecesse a DEUS, servisse a Ele e o buscasse "com um coração perfeito e com uma alma voluntária".

 (1) Conhecer a DEUS significa ter conhecimento prático da sua pessoa e dos seus caminhos e permanecer em profunda comunhão com Ele e com sua Palavra (ver Jo 17.3; cf. 15.4). 

 (2) Buscar a DEUS significa desejar a sua graça, o poder do seu reino e a retidão de tal maneira, que oramos continuamente, pedindo sua presença ativa em nossa vida e buscando diligentemente fazer a sua vontade (ver Mt 5.6).

Davi tinha aprendido, mediante árdua experiência e disciplina, que o sucesso e a bênção de DEUS dependiam da firmeza nos caminhos e na verdade de DEUS. Por isso, Davi estava muito empenhado no sentido de que Salomão vivesse em obediência e lealdade a DEUS. Mesmo assim, Salomão e seus filhos acabaram ignorando as admoestações de Davi, e se desviaram de DEUS e do seu concerto (2 Cr 7.17-22). O resultado foi o juízo divino contra Salomão (11.1-13), a divisão do reino (12.1-33), e, finalmente, a destruição, tanto do Reino do Norte, quanto do Reino do Sul. O pleno cumprimento das promessas de DEUS a Davi realizou-se somente em JESUS CRISTO (At 15.16-18).
O precursor do templo foi o Tabernáculo, a tenda construída pelos israelitas enquanto acampados no deserto, junto ao monte Sinai (Êx 25—27; 30; 36—38; 39.32—40.33). Após entrarem na terra prometida de Canaã, conservaram esse santuário móvel até os tempos do rei Salomão. Durante os primeiros anos do reinado deste, ele contratou milhares de pessoas para trabalharem na construção do templo do Senhor (1Rs 5.13-18). No quarto ano do seu reinado, foram postos os alicerces; sete anos mais tarde, o templo foi terminado (1Rs 6.37,38). O culto ao Senhor, e, especialmente, os sacrifícios oferecidos a Ele, tinham agora um lugar preciso na cidade de Jerusalém. (BEP-CPAD)
 

As palavras de Davi a Salomão e sua morte.

  E aproximaram-se os dias da morte de Davi e deu ele ordem a Salomão, seu filho, dizendo: Eu vou pelo caminho de toda a terra; esforça-te, pois, e sê homem. E guarda a observância do Senhor, teu DEUS, para andares nos seus caminhos e para guardares os seus estatutos, e os seus mandamentos, e os seus juízos, e os seus testemunhos, como está escrito na Lei de Moisés, para que prosperes em tudo quanto fizeres, para onde quer que te voltares.
Para que o Senhor confirme a palavra que falou de mim, dizendo: Se teus filhos guardarem o seu caminho, para andarem perante a minha face fielmente, com todo o seu coração e com toda a sua alma, nunca, disse, te faltará sucessor ao trono de Israel. 1 Reis 2:1-4

   Davi tem consciência de que vai morrer. É isso o que se constata em 1 Reis 2.1-4. Nessa hora, brotam dos seus lábios profundas palavras com as quais aconselha seu filho. Davi diz para Salomão andar em santidade e, nela, conduzir o rebanho de DEUS, Israel. O rei tinha consciência plena de que uma vida de santidade só era possível pela observância e obediência completa à Palavra de DEUS, conforme Moisés revelara.
Tanto Salomão quanto o povo tinham a responsabilidade de andarem nos caminhos do Senhor, por causa das verdades divinas transmitidas, o que significava: atentar para os estatutos do Senhor (Êx 30.21); guardar os mandamentos divinos (Êx 20.1-17); atentar para os decretos ou juízos do Senhor (Êx 21.1).

Sobre Joabe

 E também tu sabes o que me fez Joabe, filho de Zeruia, e o que fez aos dois chefes do exército de Israel, a Abner, filho de Ner, e a Amasa, filho de Jéter, os quais matou, e em paz derramou o sangue de guerra, e pôs o sangue de guerra no seu cinto que tinha nos lombos e nos seus sapatos que trazia nos pés. Faze, pois, segundo a tua sabedoria e não permitas que suas cãs desçam à sepultura em paz.

Sobre Barzilai

  Porém com os filhos de Barzilai, o gileadita, usarás de beneficência, e estarão entre os que comem à tua mesa, porque assim se chegaram eles a mim, quando eu fugia por causa de teu irmão Absalão.

Sobre Simei, filho de Gera, filho de Benjamim, de Baurim

  E eis que também contigo está Simei, filho de Gera, filho de Benjamim, de Baurim, que me maldisse com maldição atroz, no dia em que ia a Maanaim; porém ele saiu a encontrar-se comigo junto ao Jordão, e eu, pelo Senhor, lhe jurei, dizendo que o não mataria à espada. Mas, agora, o não tenhas por inculpável, pois és homem sábio e bem saberás o que lhe hás de fazer para que faças com que as suas cãs desçam à sepultura com sangue.

E Davi dormiu com seus pais e foi sepultado na Cidade de Davi.
E foram os dias que Davi reinou sobre Israel quarenta anos: sete anos reinou em Hebrom e em Jerusalém reinou trinta e três anos. Salomão se assentou no trono de Davi, seu pai, e o seu reino se fortificou sobremaneira. 1 Reis 2:5-12

Adonias, logo após a morte de Davi, usando Bate Seba, ainda tentou usurpar o trono, mas foi morto a mando de Salomão. 1Reis 1.50

  PONTAS DO ALTAR. As pontas do altar simbolizavam a misericórdia, perdão e proteção de DEUS.

Adonias refugiou-se no altar, crendo que Salomão não o mataria num lugar tão sagrado (cf. Êx 21.13,14).

- Salomão reina e mata AdoniasJoabe e Simei.

 E morreu numa boa velhice, cheio de dias, riquezas e glória; e Salomão, seu filho, reinou em seu lugar. 1 Crônicas 29:28

SALOMÃO - BEP - CPAD - O terceiro rei do reino unido de Israel. Ele reinou de 970 a 931 a.C., em lugar de Davi, seu pai. Sua mãe foi BATE-SEBA (2Sm 12.24; v. JEDIDIAS). Salomão foi um rei sábio e rico. Administrou bem o seu reino, construiu o TEMPLO, mas no final da sua vida foi um fracasso (1Rs 1—11)

 SALOMÃO - Dicionário de Jesus e Evangelhos

Filho de Davi e Betsabéia, rei de Israel durante o séc. X a.C. Mateus coloca-o entre os antepassados de Jesus (Mt 1,7-16). Jesus referiu-se a ele como exemplo de sabedoria (Mt 12,42; Lc 11,31) e opulência (Mt 6,29; Lc 12,27). Sem dúvida, Jesus era mais do que Salomão (Mt 12,42; Lc 11,31) e, por isso, o cuidado que devia esperar do Pai era superior à magnificência do monarca israelita (Mt 6,28-34).

SALOMÃO -  (Dicionário Russell Norman Champlin)
I.    Nomes
II.    Família
III.    Pano de Fundo Histórico
IV.    Chegada ao Poder
V.    Construção do Império
VI.    Época Aurea de Israel
VII.    Vida Espiritual

 
I.    Nomes
A palavra Salomão deriva do hebraico Shelomah, que sigrfica “pessoa pacifica”. Sob as ordens do profeta Natã, ele também recebeu o nome de Jedidias, que significa “amado por Yahweh" (II Sam. 12.24, 25). Mas Salomão foi o nome que prevaleceu, e o homem é chamado assim 300 vezes no Antigo Testamento.
II.    Família
O rei Davi teve muitas mulheres e muitos filhos. Salomão foi aparentemente c décimo filho do re: Davi. Sua mãe era a bela Bate-Seba, que já havia tido um filho de Davi, resultado de seu adultério. Este filho morreu logo após o nascimento, mas sua mãe foi colhida ao harém de Davi depois do assassinato de Urias, marido de Bate-Seba. Ver o artigo sobre ele para maiores detalhes de sua história vergonhosa. Salomão teve seis meio-irmãos que nasceram em Hebrom, cada um de uma mãe diferente (II Sam. 3.2-5). A linhagem messiânica, é claro, passou por Salomão (Mat. 1.6).
III.    Pano de Fundo Histórico
Saul e Davi tiveram origem humilde, em contraste com Salomão, que nasceu em um palácio. Saul foi capaz de enfraquecer alguns dos inimigos de Israel, mas foi Davi quem realizou a árdua tarefa de unificar o pais ao derrotar seus muitos inimigos. Aqueles que ele não aniquilou, conseguiu confinar. De fato, ele derrotou sete pequenos impérios para obter seu poder total. Ver II Sam. 5.17-25; 7.10; 12.26-31; 21.15-22 e I Crô. 18.1. Davi foi o Guerreiro Rei perfeito, enquanto Salomão foi o Construtor Sábio perfeito, capaz de alcançar a época áurea de Israel e tornar-se o maior rei israelita. Mas ele não podería ter feito isso sem o trabalho preparatório de seu pai que, digamos, lhe ofereceu o império numa bandeja de prata. Davi unificou o império e assim Salomão recebeu poder sobre tanto o norte como sobre o sul. Esta situação logo desintegrou no reino de seu filho, Reoboão, que, sem sabedoria, criou condições que dividiram o país em duas partes: o sul (Judá e Benjamim) e o norte (as Dez Tribos de Israel).
  O Egito, inimigo perene, havia sofrido sérias derrotas que o mantiveram no fundo do cenário por dois séculos. Isto permitiu que Salomão se engajasse em suas extensas atividades. O império hitita da Anatólia (o território da moderna Turquia) também sofreu um peri-odo de derrota nas mãos dos frigianos e dos filisteus. A Assíria era ainda um poder nascente e, assim, não interferiu nos avanços de Salomão, e o dia da Babilônia ainda não havia chego. Salomão tinha vizinhos encrenqueiros, mas nenhum rival verdadeiro.
IV.    Chegada ao Poder
Salomão teve rivais ao trono e, na verdade, não era o candidato mais óbvio. Davi havia recebido uma revelação de que “Salomão era o homem certo’’ para o cargo (I Crô. 22), e isso teve grande influência na escolha daquele filho em particular, entre várias possibilidades. Muitos de seus filhos mais velhos foram eliminados violentamente. Adonias era mais velho que Salomão e, portanto, a escolha óbvia para o reinado. Ele contava com homens poderosos e tentou forçar a questão. O sumo sacerdote, Abiatar, o apoiou e deu às suas ambições um tipo de aval espiritual. Um suposto festival religioso em En-Rogel (I Reis 1.9) acabou sendo uma operação política secreta para tornar Adonias o rei. O profeta Natã e Bete-Seba imediatamente planejaram colocar seu homem “Salomão” no poder. Davi ordenou que Zadoque ungisse Salomão como rei. As forças se acumularam em apoio a Salomão, e logo Adonias implorava por misericórdia, asilando-se nos chifres do alto altar do Tabernáculo. Como prêmio de consolação, ele solicitou que a bela Abisague lhe fosse dada por esposa. Mas ela fazia parte do harém de Davi, embora continuasse virgem porque o velho rei se tornara impotente antes de incluí-la em sua coleção. Ela acabou sendo apenas um aquece-cama para ele. Em qualquer caso, Salomão, furioso com o fato de que seu meio-irmão tentara ascender à cama de seu pai, ordenou sua execução. Isso significou o fim da rivalidade e a consolidação do poder de Salomão. Ver I Reis 2.24,25.
Abiatar não foi executado, mas a linhagem de Zadoque tomou o ofício de sumo sacerdote, em recompensa por ter apoiado a facção Davi-Salomão. O único xeque ao poder de Salomão foi a opinião do povo em geral. Os impostos ridiculamente altos, o trabalho escravo e a posterior apostasia e idolatria mancharam os anos finais de seu reinado e montaram o palco para a divisão do reino nas partes norte e sul.

V.    Construção do Império
O Pacto Abraâmico (ver o artigo Pactos) havia estabelecido a fronteira nordeste no rio Eufrates e sudeste no rio Nilo. Salomão foi o rei que mais se aproximou da realização desse extenso território. Mas muito provavelmente ele tivesse apenas postos militares avançados no Eufrates, enquanto sua fronteira sudeste parava no Ribeiro do Egito (ver), que era um wadi às vezes chamado de rio do Egito, levando a uma confusão com as referências bíblicas ao Nilo. O wadi el-hesa é o nome moderno desse “rio”.
Aspectos especificos da construção do império de Salomão:

1.    Sua sabedoria extrema aplicava-se a coisas tanto espirituais como materiais.

Ele se tornou o maior rei da monarquia hebraica, expandindo o território, introduzindo cavalos, carruagens e várias inovações militares que o tornaram invencível. No início, Salomão era um modelo de rei, chegando até a pedir que recebesse sabedoria em vez de riqueza material e poder (Ver I Reis 4.29 ss.).

2.    Já vimos sua expansão de território no primeiro parágrafo desta seção.

Seu território tocava o Eufrates no nordeste, o ribeiro do Egito no sudeste, o mar Mediterrâneo no oeste e o deserto arábico no leste. A fronteira leste de Israel sempre foi indefinida, mas era marcada pelo deserto e por alguns “lugares por lá”. Sua expansão logo foi manchada, contudo, pela tomada de Edom de suas mãos por Hadade (I Reis
11.14-22), e pela perda de Gezer para os egípcios. Para fortificar seus ganhos territoriais, Salomão fez várias alianças com poderes estrangeiros. Ainda assim, com toda a sua glória, o império inteiro de Salomão ocupou menos espaço que o atual Estado de São Paulo.

3.    Israel era um país ao lado do mar, mas não do mar.

Todavia, com a ajuda dos fenícios, Salomão desenvolveu um próspero comércio marítimo que trouxe ouro ao tesouro de Jerusalém. I Hirão de Tiro tornou-se seu amigo e ajudante em seu programa de enriquecimento rápido. Ver I Reis 5.1-12; 9.10-14.

4.    Tratados.

Salomão selou tratados com os grandes e com os humildes, mediante casamentos (I Reis 10.24, 25; II Crô. 9.23, 24). Seu filho Reoboão, o sucessor ao trono, era filho de uma amonita. Essas alianças ampliaram sua grandeza e garantiram um período de paz.

5.    Programa de construção.

Os projetos de construção mais ambiciosos de Salomão foram o Templo (ver) e seu próprio estupendo palácio, a “Casa da Floresta”, no Líbano, mas houve muitos outros projetos menos significativos. Para levá-los a cabo, ele extorquiu com altos impostos e empregou trabalho escravo, mantendo assim um costume Oriental e uma atividade copiada por políticos desde então. Os israelitas não eram cientistas, e seu conhecimento de matemática era primitivo. Consequentemente, eles tinham de apelar para trabalho e material estrangeiro nas empreitadas de construção. Ver I Reis 9.10-14. Os gastos extravagantes de Salomão e o trabalho escravo provocaram muitas reclamações de seus súditos e, assim, foram plantadas as sementes da rebelião e divisão (ver I Reis 5.13-14; 12.18).

6.    Mineração e refinamento de cobre.

As famosas “minas de cobre do rei Salomão” de fato existiram e não eram meramente uma história antiga que prendeu a imaginação dos diretores de cinema. A arqueologia demonstrou que foi realizada extensa mineração de cobre em Eziom-Geber. Novamente, os cientificamente ignorantes israelitas tiveram de apelar aos fenícios para realizar esta operação. Minerações semelhantes de cobre foram encontradas na Sardenha e na Espanha. Navios fenícios transportavam o cobre aos mercados de todo o mundo conhecido na época. Ver os artigos sobre Eziom-Geber para maiores detalhes. A cidade ficava na extremidade norte do golfo de Ácaba (ver). O local é assinalado pelo moderno Tell el kheleifeh. Ver I Reis 9.26. Unger chamou Salomão de “rei do cobre”, comparando Eziom-Geber à americana Pittsburgh, a “cidade do aço”. Mas não esqueçamos a mina de cobre Kennicott, próxima a Salt Lake City, Utah, a maior operação de cobre de todos os tempos. De qualquer forma, foi esta extração de cobre o principal fator na transformação de um pequeno país em um império. Ver o artigo separado sobre Salomão, Minas de.

1. Realizações culturais.

I Reis 4.29-34 afirma que Salomão foi o mais erudito dos estudiosos de sua época, superando os grandes sábios de Edom. São atribuídos a ele 3.000 provérbios e 1.005 canções. É provável que alguns dos provérbios canônicos tenham sido escritos por ele, talvez alguns salmos, mas não há quase nenhuma chance de que haja algo entre ele e os Cantares ou o Eclesiastes. E, claro, ele não foi o autor dos livros não-canônicos Sabedoria de Salomão e Salmos de Salomão (ver os artigos). Alguns estudiosos também supõem que ele tenha auxiliado na organização de vários livros históricos do Antigo Testamento como Josué, Juizes, Rute e os dois livros de Samuel, mas tais declarações, impossíveis de provar, são muito provavelmente falsas. Outras referências a essas realizações literárias podem ser encontradas em I Reis 11.41 e II Crônicas 9.29. Não se pode duvidar que Salomão foi um “homem das letras”, embora não seja possível determinar exatamente quanto do Antigo Testamento tenha passado por suas mãos.

VI.    Época Áurea de Israel
Se se considerar a grandeza, a prosperidade, a sabedoria e as realizações em construções de modo geral, nenhum rei de Israel ou de Judá podería ser comparado a Salomão. É dito corretamente que ele trouxe a Idade de Ouro de Israel. Ainda assim Jesus, referindo-se a si mesmo, disse que “alguém maior que Salomão está aqui”! (Mat. 12.42). Isto nos ensina que a verdadeira grandeza deve ser medida por padrões espirituais, não materiais. Salomão era um homem sábio, mas Jesus, o Cristo, o Logos manifesto, era a Sabedoria Personificada (I Cor. 1.30). Jamais devemos esquecer de nos afastar da busca do dinheiro e nunca devemos esquecer os verdadeiros tesouros que residem no espírito.

VII.    Vida Espiritual
O início da carreira de Salomão foi manchado por três execuções políticas (isto é, assassinatos políticos cometidos por alegados motivos nobres). As vítimas foram Adonias (um meio-irmão!), Joabe e Simei (ver os artigos). A consolidação pessoal do poder e a “proteção do estado” sempre recebem o crédito por tais crimes, que, de fato, escondem a ganância pessoal, a ambição e os egos inflamados.
Ainda assim, as Escrituras elogiam o inicio do reinado de Salomão, afirmando que ele buscava a Yahweh e obedecia à legislação mosaica. Sua sabedoria (I Reis 4.29 ss.) resultava de boas escolhas, quando ele enfatizava a parte espiritual da vida em detrimento do lado material. Sua construção do templo foi uma grande realização espiritual, mas, no início, influenciado por seu bando de mulheres e concubinas, ele caiu em idolatria (I Reis 11.5, 33). Seus abusos morais (elevados impostos e trabalho escravo) definiram o palco para o colapso de seu império e a conseqüente divisão nas partes norte (Israel) e sul (Judá-Benjamim). O homem que inicialmente teve um “coração que ouvia” (I Reis 3.0) logo passou a ter uma mente poluída. Um típico julgamento deuteronômico é passado ao homem em I Reis 11. Este capítulo fala de vários adversários que se levantaram contra o rei e o puniram por suas infrações. (Dicionário Russell Norman Champlin)

SALOMÃO (Enciclopédia Ilúmina Gold)
O terceiro rei de Israel e o segundo filho de Davi e Bate-Seba, Salomão governou Israel por quarenta anos (970-930 A.C.).

ESCOLHIDO PARA O TRONO
Como os outros filhos de Davi, Amnon e Absalão, não faziam questão do trono, Salomão e Adonias pareciam ser os que herdariam o trono. Mas o reinado tinha sido prometido a Salomão (1 Crônicas 22:9-10). Perto do fim da vida de Davi, Adonias tomou algumas providências para se tornar rei. Com a ajuda de Joabe, um general do exército, e Abiatar o sacerdote, Adonias foi proclamado rei. Salomão, o profeta Natã e Benaías não foram convidados para a cerimônia. Natã contou a Bate-Seba sobre o plano de Adonias, e Bate-Seba perguntou a Davi quais eram os seus planos. Davi mandou que Salomão fosse proclamado rei sobre Israel. Ele foi ungido por Zadoque enquanto tocavam as trombetas e o povo gritava "Viva o rei Salomão" (1 Reis 1:34). Adonias percebeu que a sua tentativa de se tornar rei havia desmoronado e assim ele pediu que tivessem misericórdia prometendo que seria fiel ao novo rei.
 Salomão trabalhou rápido para assegurar o seu poder (1 Reis 1-2). Quando Adonias pediu para se casar com Abisague, a mulher que havia sido companheira de Davi na sua velhice (1 Reis 1:1-4), Salomão recusou o pedido e mandou que matassem Adonias (1 Reis 2:22-25). Como Abiatar tinha se unido com Adonias, ele foi despedido de seu emprego de sacerdote. Enquanto isso, Joabe - o general do exército de Davi que também tinha se juntado a Adonias - fugiu para o altar. O rei ordenou que Benaías o matasse. Benaías se tornou então comandante chefe do exército.
  Uma das primeiras ações escritas de Salomão foi ir até Gibeão e sacrificar mil ofertas queimadas a Deus. Na noite seguinte, o Senhor apareceu em sonho ao rei e perguntou qual era a coisa que ele mais queria. Salomão pediu sabedoria para ser um bom rei para Israel e Deus se agradou de seu pedido (1 Reis 3:1). O rei de Israel teve o seu pedido realizado juntamente com vida longa, riquezas e fama.

AS REALIZAÇÕES DE SALOMÃO

SEU GOVERNO
Daví havia juntado as doze tribos de Israel, mas Salomão organizou todo o estado com a ajuda de muitos oficias (1 Reis 4:1). O país inteiro foi dividido em doze distritos principais. Cada distrito tinha que pagar pelas despesas da corte do rei durante um mês do ano. O sistema era justo e distribuía o peso dos impostos igualmente por todo o país.

SUAS CONSTRUÇÕES
Um dos primeiros projetos de Salomão era construir o templo, que Daví tinha sonhado em construir. Hirão, rei de Tiro, forneceu cedro do Monte Líbano para o templo (1 Reis 5:1-12), e ele foi pago com comida. Para ter trabalhadores para esse projeto, os cananitas foram feitos escravos (1 Reis 9:20-21). Os israelitas também foram forçados a trabalhar em grupos de 10,000 (1 Reis 5:13-18; 2 Crônicas 2:17-18). Levou 7 anos para acabar de construir o templo, que para parâmetros modernos, era uma construção pequena: 27.4 metros de comprimento, 9.1metros de largura e 13.7 metros de altura. Porém, a cobertura de ouro colocada nas paredes e os mobília fez dela uma construção muito valiosa.
  No décimo primeiro ano do reinado de Salomão, foi celebrada a dedicação do templo (1 Reis 6:38, 1 Reis 8:1-5). A presença do Senhor encheu o templo e Salomão fez uma grande oração dedicando o templo (1 Reis 8:23-53). Depois disso ele ofereceu 22,000 bois e 120,000 ovelhas juntamente com outras ofertas. O povo estava muito alegre porque um grande rei tinha substituído Davi.
  Salomão construiu muitos outros prédios. Levou treze anos para construir a sua casa, que era grande o suficiente para abrigar muitas esposas, concubinas e servos. Um grande forte também foi construído para proteger o templo (1 Reis 9:24).


SUA SABEDORIA
Salomão escreveu 3,000 provérbios e mais de 1,000 cânticos (1 Reis 4:32). A maior parte do livro de Provérbios é atribuído a ele (Provérbios 25:1), assim como Eclesiastes, Cântico dos Cânticos e os Salmos 72 e 127.
  A rainha de Sabá veio ver e ouvir se os relatos sobre a sabedoria e fama de Salomão eram verdade. Depois de ver tudo o que ele tinha em Jerusalém e ouvir a sua sabedoria, ela abençoou o Senhor Deus de Israel por levantar uma pessoa tão sábia para sentar num trono tão magnífico (1 Reis 10:1).

SUA QUEDA
Apesar de sua sabedoria, Salomão fez alguns julgamentos errados durante o seu reinado. O seu maior erro foi casar com muitas mulheres e ter muitas concubinas. Ele também construiu templos pagãos para que elas pudessem adorar os seus muitos deuses (1 Reis 11:1-8). O Senhor puniu a Salomão, permitindo que Israel fosse atacada por todos os lados. Apesar de o reino não ter sido destruído durante a vida de Salomão, o seu filho viu o reino dividido. Não há nenhum registro falando do arrependimento de Salomão, mas o livro de Eclesiastes mostra a culpa que Salomão sentia pelas suas decisões erradas. (Enciclopédia Ilúmina Gold)

SALOMÃO = Pacífico. (Bíblia Sagrada o Dicionário da Bíblia de John D. Davis)

Nome do filho mais moço de Davi com Bate-Seba, 2 Sm 12: 24; 1 Cr 3: 5; Antig. 7: 14, 2. Nasceu em Jerusalém e seu pai pôs-lhe o nome de Salomão, que quer dizer pacífico, por antecipação da paz e tranqüilidade que havia de caracterizar o reino de seu filho, em contraste com as perturbações e guerras que alteraram a vida nacional de seu governo, 1 Cr 22: 9. O profeta Natã, por ordem divina, deu-lhe o nome de Jedidias, que quer dizer Amável ao Senhor, 2 Sm 12: 25. Nos últimos dias do rei Davi, enfraquecido e velho, Adonias, um dos seus filhos, nascido em Hebrom, o mais velho depois de Amom e de Absalão, já mortos, pensou em governar sem o apoio do velho rei. O seu desígnio, porém, foi contrariado pelo profeta Natã que, com o auxílio de Sadoque sumo sacerdote, e de Benaías, general, do exército e pelo grosso das tropas, proclamaram rei a Salomão, 1 Rs 1: 5-40, com a derrota dos partidários de Adonias. Logo depois Davi morria.
  Salomão começou a reinar no ano 970 A. C. na idade de vinte anos. Obediente às instruções de seu pai, tratou com justiça ao pontífice Abiatar e a Semei. Tentando Adonias nova conspiração contra o rei, este mandou matá-lo bem assim a Joabe, também envolvido na conspiração, 1 Rs 2: 1-46. O jovem rei aparentou-se com Faraó, rei do Egito, porque se casou com uma sua filha e a levou para Jerusalém, 1 Rs 3: 1. Até então, não se tinha edificado templo ao nome do Senhor. O tabernáculo ainda estava em Gabaom; a arca, porém, achava-se Jerusalém. O povo sacrificava nos altos. Salomão subiu para Gabaom a fim de oferecer sacrifícios. Ali o Senhor lhe apareceu em sonhos, durante a noite e lhe disse. "Pede-me o que tu queres que eu te dê". Salomão pediu ao Senhor que lhe desse um coração dócil, para que pudesse julgar o povo e discernir entre o bem e o mal. Deus atendeu ao que pedia, como prova o julgamento com que decidiu a contenda entre as duas mulheres prostitutas, por causa do filho que ambas reclamavam para si, 1Rs 3: 2-28; 2 Cr 1: 3-12.
   Vinte, ou mais anos depois, o Senhor lhe apareceu outra vez, como lhe tinha aparecido em Gabaom, prometendo firmar o seu trono para sempre e dando-lhe solenes admoestações, 1Rs 9: 1, 10; 2 Cr 7: 12-22. Seu pai havia subjugado as nações contra Emate. Foi obrigado a tomar esta cidade a fim de proteger a parte setentrional de seu reino. Adade, rei de Edom e Rezim de Damasco, mostraram-se hostis ao monarca hebreu, que pouco se importou com isso. Salomão fortificou Hezar no alto Jordão e edificou uma torre no Líbano, a fim de guarnecer as fronteiras contra possíveis investidas de Damasco, protegendo por este modo o trânsito entre Edom e Eziom-Geber. As relações com os demais povos vizinhos eram cordiais. Entregou-se, pois, o grande rei a cuidar da organização do reino e à cultura das artes e das ciências.
   Davi havia acumulado grande quantidade de metais preciosos para a construção de um magnífico templo consagrado a Jeová. Salomão meteu mãos à obra, e com o auxílio de Hirão, rei de Tiro, concluiu a construção no fim de sete anos, 1 Rs caps. 5 e 6; 2 Cr cap. 2. Completadas que foram todas as ornamentações internas do cap. 8: 64; 2 Cr caps. 2 a 7. Em seguida, o monarca edificou um palácio para si em que gastou treze anos, 1 Rs 7:1-12. Veja Palácio. Mandou fazer jardins e plantar vinhas em Etã e talvez em Baal-Hamom, 1 Rs 9: 19; 2 Cr 8: 6; Ec 2: 6; Ct 8: 11.
  Revelou-se hábil governador, cercando-se de eminentes auxiliares, entre os quais contava como general dos exércitos o filho do sumo pontífice, 1 Rs 4: 2-6.
Mantinha o exército em plena atividade. Para fins administrativos, dividiu o reino em doze distritos, inteiramente independentes das antigas divisas das tribos, vv. 7-19, sem descuidar-se dos negócios atinentes à religiões do Estado. Por ocasião de fazer a dedicação do templo, congregrou o povo para orar e impetrou as bênçãos de Deus sobre ele.
  Floresceu o comércio e aumentou a riqueza pública, 1 Rs 10: 14-21; 2 Cr 9: 13, 14, 21, 27, deu incremento à navegação em sucessivas e proveitosas viagens a Ofir e à Índia, 1 Rs 10: 22, 23; 2 Cr 9: 10-22. Com o fim de intensificar o comércio e de facilitar o intercurso internacional, mandou edificar várias cidades, entre as quais a de Palmira no deserto, a meio caminho de Damasco e do Eufrates, 1 Rs 9: 18, 19. Empenhou-se em assuntos literários e científicos; escreveu tratados de botânica, sobre todas as árvores, desde o cedro que há no Líbano, até o hissôpo que brota do muro; tratou dos animais e das aves e dos répteis e dos peixes, 1 Rs 4: 33. Colecionou e compôs muitos provérbios, alguns dos quais ocupam lugar distinto no Antigo Testamento. Veja Provérbios. São atribuídos a ele os dois salmos, o 72 e o 127. Veja Eclesiastes e Cânticos.
  O esplendor da sua corte, a magnificência de sua mesa e a grande pompa, quando fazia excursões, correspondiam à sua riqueza e ao poder político, 1 Rs 10: 4, 5, 21; Ct 3: 7-11. De todos os povos vinham gentes a ouvir a sabedoria de Salomão, 1 Rs 4: 34; 10: 23-25. Até a rainha de Sabá, ouvida a fama do grande rei, veio a Jerusalém para fazer experiência nele por enigmas, 1: 13.
   Salomão errou em duas coisas: Estabeleceu um harém onde recolheu cerca de mil mulheres. Não poucas destas mulheres eram princesas que ali estavam como penhores de amizade política, por conseqüência, eram estrangeiras e idólatras, que lhe perverteram o coração a ponto de ser induzido por elas a erigir altares e templos aos seus deuses, 1 Rs 11: 1-8. Por causa de sua apostasia, Deus o castigou, rasgando o seu reino, deixando-lhe apenas uma pequena parcela, vv. 9-13, como herança de família. O exemplo da apostasia de Salomão teve influência direta neste caso. O profeta Aías, encontrando-se com Jeroboão no caminho de Jerusalém, anunciou-lhe que o reino de Israel seria rasgando das mãos de Salomão e que lhe seriam dadas dez tribos, vv. 28-39. Daí então ficou este considerado como opositor do rei Salomão, porém, só aparece quando Roboão sobe ao trono de seu pai. O segundo erro de sua vida consistiu nas enormes despesas da corte. O povo gemia sob o peso dos tributos e foi esta a causa da futura rebelião. Veja Roboão.
  Reinou quarenta anos, 1 Rs 11: 42; 2 Cr 9: 30, 31, e faleceu no ano 913 A. C.
O resto das ações de Salomão, assim o que ele fez como a sua sabedoria tudo está escrito no Livro da História do seu reinado, 1 Rs reinado, 1 Rs 11: 41, e nos livros do profeta Natã e nos livros de Aías de Silo e na visão do vidente Ado contra Jeroboão, filho de Nebate, 2 Cr 9: 29. (Bíblia Sagrada o Dicionário da Bíblia de John D. Davis)

  Composição e Extensão do Reino de Salomão (4:1-34) -  - Comentário Neves de Mesquita
  O escritor do livro de Reis deve ter tirado estas informações do cronista real, ou do livro dos reis de Judá, um dos poucos, que escaparam ao incêndio de Jerusalém. De qualquer sorte, este trecho nos mostra que Salomão era capaz de organizar um governo e presidi-lo como se fosse um governo democrático dos nossos dias. Estudando-o, veremos como estava bem administrado com os oficiais, prefeitos, sediados em diversos lugares centrais, com a incumbência de recolher os impostos, que consistiriam de dinheiro e víveres para a casa real. Veremos mais que os comensais de Salomão eram em número elevado. Segundo alguns deveriam ir a mais de 20. 000 pessoas. Para manter esta gente e pagar-lhes os salários, era necessária uma renda a que ninguém escapasse; e pela narrativa de I Reis 12:4 vemos que o povo estava escorchado de impostos e ansiava pela morte do velho, para se livrar da carga tributária. Vejamos a organização.
  1) O gabinete real (veja-se I Crôn. 18:15-17).
Azarias, filho de Zadoqu.e, sacerdote, primeiro ministro;
Eliorefe e Aías, filhos de Sisa, oficiais de gabinete;
Jeosafá, filho de Ailude, secretário de imprensa;
Benaías, filho de Jeoiada, ministro do exército;
Zadoque e Abiatar, sumo sacerdotes;
Zabude, filho de Natã (o profeta), oficial de gabinete (amigo do rei);
Azarias, filho de Natã (o profeta) intendente-chefe, secretário da fazenda;
Aisar, mordomo do palácio;
Adonirão, filho de Abda, superintendente dos trabalhadores forçados, uma espécie de ministro do trabalho.
  Estava assim organizado o gabinete, um tanto à moda moderna, o que nos deve admirar, pois naqueles tempos, um homem mandava tudo. Mesmo que se tratasse de monarquia ditatorial, o sentido de governo era um pouco democrático, não sabendo nós até que ponto iriam as funções e liberdades de cada ministro.
Alguns dos ministros de Estado, merecem uma informação adicional para esclarecimentos. Na organização do gabinete de Davi, encontramos Benaías, que já era o chefe do exército de Davi, bem assim Zadoque e Abimeleque, sacerdotes, verificando-se que alguns funcionários de Davi vieram a funcionar no gabinete de Salomão. Abiatar havia sido destituído do lugar (2:26), porque tinha tomado partidarismo com Adonias, da mesma maneira que Joabe (2:35). Como o nome de Abiatar aparece nesta lista, os comentadores não sabem, embora admitam, fora introduzidos em tempos depois da organização do gabinete. Sisa, já havia servido com Davi e era uma espécie de chanceler, incumbido de guarda do selo (ministro do exterior, em nossa linguagem). Adonirão, referido em 12:18 com o nome de Adorão, tinha a mesma tarefa dada por Salomão (já havia ocupado este cargo com Davi). Como se vê, é um oficial que serviu a dois governos no mesmo posto. Isso mostra que se tinha comportado de modo a merecer a confiança de diversos governos, desde Davi a Robão. Há um problema de idade, mas isso não obsta, pois podia ser bem moço no tempo de Davi e depois dos 40 anos de Salomão, ainda aparecer noutro governo. O fato de haver sido apedrejado pelo povo, quando Robão o mandou tentar uma harmonia impossível com o povo do norte, mostra que era bem conhecido e odiado. Desta feita morreu.
   2) Os prefeitos, também chamados provedores.
A casa de Salomão era muito numerosa, e o povo tinha de manter toda aquela farândula de cortesões e comedores, em número incontável, pois só as mulheres do palácio deveriam andar por 3.000, se dermos a cada mulher de Salomão três aias, o que não é demais. Para manter esta gente toda bem alimentada e nutrida, só mesmo uma administração como a de Salomão, aliás, já existente no tempo de Davi, seu pai, mas em menor extensão. Tinha Salomão doze intendentes sobre todo o Israel, que forneciam mantimentos ao rei e à sua casa:
  Bene-Hur, nas montanhas de Efraim, a tribo forte do Norte;
Bene-Dequer, em Macaz, Saalabim, Bete-Semes, Elom-Bete--Hanã, na região meridional, com diversas cidades;
Bene-Hesede, na região da meia tribo de Manassés, com as suas cidades;
Bene-Abinadabe, tinha a cordilheira do Dor, incluindo Sarom, que agora pertencia ao território de Judá. Era genro de Salomão;
Baaná, filho de Ailude, tinha Taanaque, Megido, Bete-Seã, uma das zonas mais ricas da Palestina e que deveria fornecer muito gado e vinho;

Bene-Geber, em Ramote-Gileade, a Manassés oriental, ao Jordão com suas aldeias. O que nós conhecemos, como toda a Basã até Argobe, era a prefeitura deste personagem. Havia grandes cidades com muros e ferrolhos de bronze, na região rica em pastos;
Ainadabe (filho de Ido) em Maanaim, terra de grandes fazendeiros, de onde veio Barzilai, amigo de Davi, quando foragido de Absalão (II Sam. 17:27-29). (Foi neste lugar que Jacó encontrou um rancho de anjos, Gên. 32, e onde se encontrou com Esaú e lá fizeram as pazes. Aqui Jesus lhe apareceu e com ele lutou uma noite toda. Era um lugar de muito significado na vida de Israel. Era o território das tribos de Rúben e Gade.)

Aimaaz, em Naftali, território ao norte. Também este era genro de Salomão;
Baaná, filho de Hasai, na tribo de Aser, no norte e regiões nortistas;
Jeosafá, filho de Paruá, no território de Issacar, também ao norte;
Simei, filho de Elá, em Benjamim, perto de Judá;
Geber, filho de Úri, na região de Gileade, ao sul de Basã, no antigo território de Ogue e Siom, reis dos amoritas. Este território também pertencia às tribos de Rúben e Gade. Não está incluída Judá nem Simeão nesta lista de prefeitos. Novo comentário da Bíblia dá Judá no texto anotado a Geber. A nossa opinião é que Judá estava junto da sede do governo e os tributos seriam coletados pela sede mesma.
  Como se vê, havia doze prefeituras onde eram colhidos os tributos em bois, carneiros, cereais e vinhos, tudo que era necessário para a mesa do rei. A palavra "bene" significa filho de, de modo que alguns destes oficiais aparecem apenas como filho de. Acredita-se que o nome próprio do pai tenha desaparecido do texto, pelo uso que fazia dos pergaminhos. Não nos devemos admirar que houvesse tal sistema de governo, muito parecido com o dos nossos dias, sabendo nós, como nos diz o texto sagrado, que a provisão diária era de trinta coros de flor de farinha, sessenta coros de farinha comum (cerca de 360 litros cada), dez bois cevados, vinte bois de pastos, cem carneiros, fora os veados, as gazelas, os corços e as aves cevadas (v. 23). Muitas destas coisas vinham das províncias distantes, de Babilônia e Síria, pois Salomão dominava em toda aquela área, ou por alianças políticas ou por casamentos com as princesas. Estes prefeitos tinham ainda de fornecer cevada e palha para quarenta mil cavalos, nas estrebarias de Megido e outros lugares (4:26). Cada intendente ou prefeito tinha de fazer o fornecimento de um mês (v. 27,28). Acredita-se que nem a corte de Luís XIV, ou qualquer outro Luís, tinha tanta gente a comer. Talvez 25.000, ou até 35.000, como crêem alguns. Quando o autor visitou Versalhes, na França, um cicerone lhe disse que o rei Luís XVI tinha vinte e cinco mil pessoas comendo da sua mesa. Lembrei-me de Salomão, que tinha muito mais, pois só os soldados, à disposição da casa real, eram doze mil. Não devemos admirar-nos que o povo estivesse ansioso por livrar-se de um monarca tão custoso e que só se agüentou por tanto tempo, graças à sua cultura e fama mundial.
  3) Extensão dos domínios de Salomão.
Dominava Salomão sobre todos os reinos, desde o Eufrates (Babilônia) até a terra dos filisteus e o Egito. Todos pagavam tributos e o serviam. Incluímos a Síria, os amonitas e moabitas, os edumeus, e os belicosos filisteus. Não sabemos como estes foram dominados, porque o texto não o diz, mas estavam agora entre os que pagavam tributos. Incluimos Hirão, rei de Tiro, que já era aliado de Davi (5:1) e que agora se tornava um aliado precioso, em face da construção do templo, que estava já nas cogitações do novo rei, conforme incumbência do pai. (O verso primeiro do capitulo 5 deveria estar junto de 4:21, mas não está, e talvez por motivos óbvios.) Tratava-se de um aliado voluntário e não sujeito, como seriam todos os demais. Havia, pois, paz e ordem em todo o Oriente. Não sabemos da atitude dos mitânios e hiteus, lá para o ocidente, atualmente território da Turquia, mas como nunca foram agressores, por certo se teriam acomodado com o governo de Salomão, que também não era conquistador. As conquistas conhecidas, referidas no verso 21, devem ter surgido de alianças políticas ou casamentos, pois as 700 princesas, que Salomão conheceu, deveriam provir de tais arranjos políticos. Mais adiante teremos ainda muito que dizer neste respeito.
  4) A sabedoria de Salomão.
A extensão do saber de Salomão nunca será devidamente apreciada. Quando Deus lhe diz que antes dele e depois dele nenhum outro haveria igual, entendemos que seria qualquer coisa fora do natural (3:12). Pelos versos 29-34 vemos que por toda a terra, de então, não havia igual. Mais sábio que Etã, Calcol e Darda, filhos de Maol, que poderiam ter sido judeus ou estrangeiros. Mais sábio que os egípcios, que efetivamente desenvolveram uma cultura admirável. Mais sábio que os babilônios, cujo saber chegou até nossos dias. Mais sábio que tudo e todos. Nós não estamos em condições de avaliar tal grau de saber; escapa à nossa compreensão; e se disséssemos que todos os sábios, de todos os tempos, não reuniram a sabedoria de Salomão, não haveria exagero. No domínio das letras compôs três mil provérbios, dos quais temos apenas alguns no nosso livro dos Provérbios. A maioria se perdeu pois não foi guardada, e se foi. Perdeu-se nas lutas em que o Estado judeu se envolveu posteriormente. Na ciência foi botânico, quando esta ciência ainda não existia; foi biólogo e zoólogo quando ainda nem se sabia o que é biologia (vv. 32,33). Não podia deixar de ser astrônomo, a ciência primitiva. Seria físico, num limite que não compreendemos. Em filosofia, que diríamos? Ai está o livro de Eclesiastes; na poesia temos o livro de Cântico dos Cânticos, que mesmo em seu estado atual talvez não tenha provindo de Salomão, mas ressumbra a sua vela poética e filosófica. Não temos meios de avaliar a obra literária de Salomão. Muita coisa se perdeu nas destruições de Jerusalém e do templo. Os livros que temos mal nos dão essa idéia, de que, antes e depois dele, nenhum outro homem teve o condão de dominar tantas formas do saber humano. Quando dizemos que Salomão foi um cientista, não temos em mente compará-lo aos grandes mestres da física, da química e da biologia modernos, visto que nem tais conhecimentos teriam lugar naqueles dias, pois a cada época o seu próprio ambiente e suas determinadas exigências. 

 DA CONSTRUÇÃO DO TEMPLO (I Reis 6 a 10 - II Crônicas 3 a 9) - Comentário Neves de Mesquita
  1. Inicio da Construção (6:1-13)
A construção do templo de Salomão era mais do que uma necessidade, era um imperativo de ordem pública. O povo não poderia continuar adorando nos altos, quer a seu Deus quer aos ídolos dos cananeus. Por outro lado, se a nação devia fundir-se num grande bloco unido e coeso, deveria ter um centro de culto, como aliás tinham as nações ao redor. O sonho de Davi, de construir um santuário para o seu Deus Jeová, era pois tanto um problema religioso como político. Nenhuma nação da Terra, nem antes nem depois, se firmou sem um sistema religioso capaz de aglutinar o povo. Já é provérbio universal que sem escolas e igrejas, não há nacionalidade. Davi sentiu isso. Ele sabia que os povos, ao redor da sua Palestina, tinham os seus deuses e os seus templos; até os vizinhos filisteus os possuíam. Ele saberia que havia grandes templos no Egito, em Babilônia, na Grécia e Roma. Então o seu Deus, que era o Deus dos deuses, deveria ter um lugar para sua adoração. Não sabemos que Davi tivesse viajado pelo exterior, anotando as suas observações a este respeito, mas o mundo era tão pequeno naqueles dias, que qualquer um tomaria conhecimento do que se passava por perto. Um líder do porte de Davi teria logo percebido que se permanecesse a situação de um grupo de irmãos adorando lá no norte e outro adorando cá no sul, não haveria possibilidade de se fazer a nação, idealizada e projetada nos idos de Moisés e Josué. Era tempo de dar curso a esta necessidade social. Para isso começou a ajuntar ouro, prata, bronze e tudo que pudesse vir à sua mão, para a desejada construção. Quando foi informado que a construção não seria feita por ele, deve ter ficado desapontado, mas como havia uma promessa de que seu filho construiria o templo, aí Davi teria cobrado ânimo para continuar os preparativos.
  O incidente de 1:1 Samuel 24 veio cristalizar o pensamento de um centro de culto para adoração do Senhor, pois foi-lhe mostrado o lugar onde deveria ser levantado o templo, lugar de um profundo significado na vida da nacionalidade. De agora em diante, tudo caminharia para a ultimação do velho desejo. Não nos parece que esta necessidade estivesse na mente de Josué, pois a sua missão não era essa; mas o fato dele se reunir com o povo, para as grandes solenidades, não era outra coisa senão um principio de que o povo tinha necessidade de um centro de atração social, política e religiosa. Nenhum povo pode viver sem isso, especialmente os da antigüidade. Deus igualmente tinha tomado as primeiras providências, quando mandou Abraão vir lá do sul a Jerusalém, ao monte de Moriá, oferecer o seu sacrifício simbólico. Sabia que ali o templo deveria ser levantado, lugar destacado por sua posição, com o território palestino ao redor.

Salomão não era homem viajado, que tivesse tomado conhecimento dos grandes santuários ao redor. Filho de uma das diversas mulheres de Davi, não teve o preparo para as obrigações que iam cair sobre a sua cabeça. Um harém tem essa desvantagem, entre tantas outras: o patriarca não tem meios de preparar o seu sucessor, especialmente numa situação como a de Salomão, rodeado de outros pretendentes. Nos tempos modernos, os príncipes herdeiros são instruídos, desde o nascimento, nos deveres da realeza, nos negócios da guerra e da paz, de maneira que, quando assumem o poder, só lhes falta o treino executivo; tudo mais eles têm. Isso faltou a Salomão; em contra-partida porém, teve o que nenhum outro pretendente a trono jamais teve, a presença de Deus que o encheu de sabedoria, não apenas para construir um lindo e magnífico templo, mas para os outros deveres do trono. Ele mesmo reconheceu isso, quando disse a Deus que era apenas um menino (3:7). Concluiu que não tinha sido devidamente preparado para os deveres que o trono lhe impunha. Não nos cabe censurar a Davi, pois nem ele teria tido muita segurança, quanto ao seu sucessor, enquanto Deus não lhe assegurou que Salomão seria o herdeiro. Portanto, ficou faltando alguma coisa que as condições do ambiente não facilitavam. Voltamos à nossa velha tecla, que os haréns produziam ou geravam defeitos e problemas que os tempos modernos não criam.
  2. Uma Data Histórica (6:1)
O capitulo 6 de I Reis, verso 1, dá-nos uma data básica para toda a cronologia desde o nascimento de Abraão. Se nos faltasse este verso, estaríamos, muito no ar para verificar tantas contradições e controvérsias a respeito do Êxodo. Foi o ANO QUATROCENTOS E OITENTA, DEPOIS DE SAIREM OS FILHOS DE ISRAEL DO EGITO. Partindo desta data, como já notamos nos estudos feitos em Josué, e apenas para recordar os seguintes passos, vejamos:
Saída do Egito - 1440.
Queda de Jericó - 1400.
Período da conquista - até 1390.
Período dos juízes - 350, reino de Saul 40, reino de Davi 40; um total de justamente 480 anos. A data da saída do Egito é fundamental em toda a cronologia antiga e para este autor teve lugar em 1440 e não 1200, como antigamente muitos escritores afirmavam.
Isto feito, voltemos ao nosso estudo da construção do templo. O escritor inspirado dá outros informes preciosos. Era o quarto ano do reinado de Salomão e o mês era o segundo, ou o nosso abril-maio, justamente na primavera, quando as condições nos Líbanos eram de todo favoráveis ao corte de madeira, que não podia ser cortada em qualquer época do ano. Há um período quando a seiva está nas raizes, e se a árvore for cortada a madeira perde a sua consistência. Na primavera a seiva está espalhada nos troncos e ramos. Os pinheiros em Portugal só podem ser cortados na primavera. Fora dessa época a madeira bicha logo, porque não tem resina, como se diz.
3. As Dimensões do Templo (6:2-3)
Sessenta côvados de comprimento, por vinte de largura e trinta de altura. O comprimento e a largura eram justamente o dobro das medidas do tabernáculo, construído por Moisés no deserto. Quanto à altura, é muito maior que a do tabernáculo para fins específicos. O pórtico media vinte côvados de largura, face ao Lugar Santo, por dez de fundos (v. 3). As janelas eram de tipo venezianas, fasquias superpostas, para evitar a penetração da vista. O que o texto diz de "janelas de fasquias" alguns comentadores entendem tratar-se de janelas rendilhadas ou "janelas emolduradas". A linguagem não é muito clara para o entendimento ocidental. Ao redor do templo fez Salomão câmaras, que o texto também chama de andares (v. 5). Eram lugares destinados à moradia dos sacerdotes em serviço, por seus turnos, lugar onde Joás foi escondido da sanha de Atalia (II Reis 11:2-3). Os sacerdotes estavam distribuídos pelas tribos, como vimos em Josué, de modo que, quando em serviço, tinham as suas moradas no templo, mas não no interior, que era lugar sagrado destinado aos serviços religiosos. Pela parte de fora do templo havia colunas, que chamaríamos alpendres, de modo que as vigas não fossem introduzidas nas paredes do templo (v. 6). Teríamos então uma alpendrada de três andares, acompanhando a altura do templo, e o acesso a estas câmaras se fazia por meio de escadas espirais (v. 8), como se usava muito, antigamente, em nossas construções internas. O templo, como tal, seria totalmente isolado de qualquer comunicação, que não dissesse respeito ao culto.

II - DA CONSTRUÇÃO DO TEMPLO À VISITA DA RAINHA DE SABÁ
(I Reis 6 a 10 - II Crônicas 3 a 9)
4. O Modo de Construção (6:11-12)
Ar, pedras já vinham cortadas das pedreiras, visto como Salomão possuía artistas em pedras e metais. De igual modo, a madeira já vinha aparelhada e na medida para ser assentada. Não se ouvia martelo, nem machado, nem instrumento algum. A casa ficava de frente para o Oriente, lado do nascente do sol que, segundo muitos intérpretes, é o luar do céu. Ouvimos um astrônomo dizer que nesta direção não há estrelas; todo o espaço está vazio e deve ser ocupado pelo céu. Segundo a disposição das tribos no deserto, ao redor do tabernáculo, a tribo de Judá estava ao Oriente (Núm. 2:9), com os seus 6.400 guerreiros. Foi desta tribo que nos veio o Salvador, portanto saiu do lado oriental, segundo a disposição do tabernáculo. Completada a casa com quatro andares de cinco côvados de altura, cobriu-se-lhe com tábuas de cedro já lavradas pelos carpinteiros de Hirão, rei de Tiro. Tudo pronto, externamente, faltavam os arremates internos, muito interessantes.
1) Deus aparece a Salomão (6:12-13).
Como a dizer que estava satisfeito, Deus faz uma aparição ao construtor e reafirma que tudo quanto havia sido prometido a Davi seria cumprido, se ele, Salomão, guardasse os estatutos e mandamentos. Infelizmente as coisas não correram como parecia a principio.

FONTE: APAZDOSENHOR.ORG

✔️ Você sabe a diferença entre sabedoria e inteligência? ✔️ Porque Salomão sendo o homem mais sábio do mundo, ele fez tantas coisas erradas? ✔️ Deus realmente pediu para Salomão construir um templo? Essas e outras questões serão respondidas nessa aula.

             

Neste 3º trimestre estudaremos: : O PLANO DE DEUS PARA ISRAEL EM MEIO À INFIDELIDADE DA NAÇÃO - As Correções e os Ensinamentos Divinos no Período dos Reis de Israel Comentarista: Pr. Claiton Pommerening


            

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