sábado, 12 de junho de 2021

Lição 12 – Semeiem vida e paz



TEXTO ÁUREO 

E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância em abundância também ceifará.

2 Coríntios 9.6

  Texto Bíblico Básico:

Gl 6.1-10

1 Irmãos, se algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo, para que não sejas também tentado.

2 Levai as cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.

3 Porque, se alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.

4 Mas prove cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro.

5 Porque cada qual levará a sua própria carga.

6 E o que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.

7 Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará.

8 Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.

9 E não nos cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos desfalecido.

10 Então, enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da fé.

OBJETIVOS

CONHECER quatro questões fundamentais, relacionadas à nossa semeadura de vida;

COLOCAR em prática algumas regras para solução de conflitos conjugais;

RESPONDER à seguinte pergunta: no que tange às discussões conjugais, que tipos de sementes temos lançado em nosso casamento?

Deus abençoe

sua vida!

 


Lição 12 – Semeiem vida e paz

          PALAVRA INTRODUTÓRIA

Somos o resultado daquilo que pensamos, daquilo que cremos, daquilo que falamos, ou seja, daquilo que semeamos, nossas vidas são como um campo, você é o semeador, qual tipo de semente você tem plantado? Como temos agido diante das situações de conflito a que todos somos expostos diariamente? Que atitudes têm pautado nossas relações familiares? Temos agido com mansidão ou temos nos deixado conduzir por comportamentos autoritários, intempestivos e arrogantes?

Lembra da Parábola do Semeador – Mt 13.3-8? O texto explícito, que explica a parábola está em Mt 13.19-23. Todavia, temos também o texto implícito (princípios morais, éticos, espirituais e práticos contidos no mesmo texto) – lei da dupla interpretação bíblica (profético e prático; contextual e relacional) – exemplificando-se: At 3.1-3.

              Cuidados Fundamentais

·  Cuidado com a semente que você semeia – Você colherá muito mais que plantou!

Gl 6.7 - conselho paulino: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer, porque tudo que o homem (ser humano) semear, isso também colherá”.

·  Cuidado com o campo que você semeia – a semente pode ser desperdiçada, ou seja, ineficaz para os resultados:

-  Entenda o ambiente antes de falar alguma coisa Tg 1. 19,20 – “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não opera a justiça de Deus”. (Deus não é glorificado neste diálogo – 1 Co 10.31 – quer comais, quer bebais, quer dialogais...)

      - Entenda o momento que o outro está passando, emocionalmente abalada com algo, pode haver ERRO DE INTERPRETAÇÃO do que foi dito.  Diferença entre ouvir (captou os sons, mas pode não interpretar o significado) e escutar (requer compreensão – auscultare – o médico ausculta o paciente). Hb 2.1 – “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos dela”. Preste atenção no outro, não pense que entendeu, compreenda! Ouvir é diferente de escutar, entender (ter uma informação) é diferente de compreender (entender com completude, os detalhes, o funcionamento).

O foco do comentarista são as SEMENTES (palavras), logo, pressupõe-se que, o campo foi trabalhado, foi escolhido, limpo, cuidado com todo o carinho e dedicação que merece aquilo que você ama.

Você precisa trabalhar o campo, para que não seja uma terra endurecida pela passagem, como a beira do caminho (terra pisada); e as aves (pessoas que se intrometem no seu relacionamento) – muitos familiares querem dizer como deve ser seu casamento, e isto gera brigas entre os cônjuges. Você precisa ter cuidado na semeadura para que a sua semente não seja lançada entre as pedras e espinhos (intolerância, solicitude demasiada com a vida para não sufocar a boa semente = a boa palavra).

1.  SEMEADURA:

 4 QUESTÕES FUNDAMENTAIS

Quem planta bem, colhe bem! Isto é, aquele que planeja o plantio e procura entender um pouco daquilo que está fazendo terá resultados excelentes.

 1. Somos todos sementes

2. Nossos atos, palavras, pensamentos e sentimentos são sementes

3. Colhemos o que plantamos

4. Todos nós temos sementes para plantar

1.1. Nossas palavras são sementes - o que você tem semeado? O Sábio, no Livro de Provérbios, disse que a boca do justo é manancial de vida (Pv 10.11); por isso, o homem prudente fica calado, quando não tiver nada de bom a dizer (Pv 11.12)

2. REGRAS PARA SOLUÇÃO DE CONFLITOS 


2.1. Não tenham Medo de encarar os conflitos 

Os conflitos entre casais são bons ou maus?

 Conflitos lado positivo

 Conflitos lado negativo

  Ajustes de Expectativas:

o que eu quero? O que você quer? – O que decidimos querer?

2.2. Sejam justos Antes de ferir o outro (cônjuge) pergunte a si mesmo? É bom? (egoísmo) é correto? (segue princípios) e justo? (não tiro o direito do outro?)

2.3. Resolvam um assunto de cada vez e não abandonem o diálogo sem resolver a questão

 Resolver cada assunto por vez – priorize o diálogo.

 Não ataquem um ao outro. Ataquem o problema.

2.4. Deixem o passado para trás

 O passado não pode ser mudado, mas pode mudar meu futuro

  O comentarista da lição pergunta: “O que eu ganho chafurdando lamas fétidas?

2.5. Mantendo a amabilidade o respeito Não fira aqueles a quem você ama, nem fisicamente, nem moralmente. Xingamentos e ofensas não cabem em relacionamentos que tem por base o amor.

2.6. Não abandonem a discussão, sem antes resolver o problema

  Não deixe o sol se pôr sobre sua ira. Ef. 4.26

 Não deixe pendências em seu coração

2.7. Não envolvam terceiros nos assuntos o casal.

Seja maduro. Cuidado com a exposição indevida do outro.

  Cuidado com a saúde emocional do casal pela exposição. Não exponha seu cônjuge ao julgamento alheio.

  Não jogue o outro contra a família dele ou dela.

  Procurem ajuda, se for necessário

2.8. Façam as pazes Maturidade é reconhecer o conflito, lidar com ele, dialogar e fazer as pazes. Conflito não é GUERRA, ele é AJUSTE, então, após o diálogo, esteja aberto para melhorar pessoalmente, emocionalmente.

LPD n.º 50 – Família Cristã: Proteção, Parceria e Amor 2.º Trimestre de 2017

 


 PRINCÍPIO DA VIDA 6:

 O PRINCÍPIO DE SEMEADURA E COLHEITA

Você colhe o que você semeia, mais do que semeia, e depois que semeia.

                              “Hoje é pai do amanhã”.

     O que hoje somos é o resultado do que pensamos e da maneira como vivemos no passado. Aqueles que agem sabiamente hoje terão sabedoria no futuro para tomar decisões sábias. O mesmo acontece quando chegamos ao assunto das finanças. Aqueles que economizem com sabedoria hoje terão abundância amanhã. Aqueles que gastam tudo o que têm hoje terão pouco ou nada no futuro. É uma pessoa míope que pensa apenas no agora, fazendo o menor possível, pois no dia do pagamento ele não terá como evitar a má qualidade e a pequena quantidade de suas recompensas. A nação de Israel teve que aprender isso de uma maneira muito pessoal. O seu desinteresse e o fracasso em fazer o que Deus os instruiu a fazê-los muitas vezes os colocaram em uma posição em que eles não teriam Suas bênçãos.

   O Senhor dá princípios na Escritura para servir de advertência e como encorajamento. Em Gálatas 6: 7, Sua Palavra declara: "Não se engane, Deus não se zombou, pois o que quer que o homem semeie, este também colherá".

    Todo fazendeiro entende o significado desse princípio: colhemos o que semeamos, mais do que nós semeamos e depois que nós semeamos. Vejamos cada parte do princípio para garantir que compreendamos suas implicações completas.

1. O princípio aplica-se a todos, tanto cristãos como não-cristãos.

    Este princípio é irrevogável; Não há escapatória, nem para o crente, nem para o incrédulo. É uma lei da vida.

    Você notou como Gálatas 6: 7 começa? Ele diz: "Não se engane, Deus não é ridicularizado". Aqui está a raiz do estilo de vida descuidado e indulgente de muitas pessoas. Eles são enganados. Eles não acreditam na verdade, ou eles pensam que de alguma forma serão as exceções às leis de Deus.

    Para zombar de Deus é levantar o nariz dele, para espioná-lo - um pensamento tolo, como 2 Coríntios 5:10 revela: "Todos devemos comparecer diante do tribunal de Cristo, para que cada um possa ser recompensado Suas ações no corpo, de acordo com o que ele fez, seja bom ou ruim ".

    Se você fosse obrigado a comparecer perante o tribunal de Cristo nos próximos cinco minutos, que tipo de culturas você teria que mostrar?

2. Nós colhemos o que nós semeamos.

      O fato de colher o que semeamos é uma boa notícia para aqueles que semeiam bons hábitos, mas um pensamento assustador para aqueles atualmente envolvidos em atividades impiedosas, como promiscuidade, abuso de drogas e álcool, negligência de família ou maltrato de outros para escalar A escada do sucesso. Não podemos semear o crabgrass  (capim colchão, relva selvagem , oriunda dos EUA) e esperar colher abacaxis. Não podemos semear a desobediência a Deus e esperamos colher Sua benção. O que semeamos, colhamos. Não nos enganemos: nós colheremos a colheita de nossas vidas.

3. Nós colhemos mais do que nós semeamos .

    Por que os agricultores plantam suas sementes? Porque esperam colher muito mais do que semeiam. Uma única semente que brota pode produzir dezenas, pontuações, mesmo centenas de sementes. É da mesma maneira com o pecado e a justiça - uma pequena decisão de fazer bom ou mal colhe uma colheita muito maior, tanto para a alegria como para a tristeza.

    Jesus usou a imagem de uma semente brotante para mostrar que quando permitimos que a Palavra de Deus produza coisas boas em nós, os resultados se multiplicam: "Aquele sobre quem a semente foi semeada no bom solo, este é o homem que ouve a palavra e entende isto; Que de fato dá frutos e produz, cem vezes mais, uns sessenta e uns trinta "(Mt 13:23). Do outro lado do livro, o profeta Oséias descreve o que aguarda aqueles que escolhem semear sementes de maldade: "Semeiam o vento e colhem o redemoinho" (Êxodo 8: 7).

4. Nós colheremos depois do que semeamos .

   Alguns são enganados porque a sua semente presente não parece produzir uma colheita imediata. Então eles continuam em seu curso, acreditando erroneamente que nunca haverá uma colheita. Mas, ao contrário das culturas do campo, que são colhidas aproximadamente na mesma época a cada ano, não há um cronograma regular para a colheita da vida. Algumas colheitas que colhemos rapidamente; Outros demoram muito tempo. Mas não se engane, sua temporada virá. E, indo na segunda milha agora e dando mais do que é necessário, obteremos dividendos ricos mais tarde.

   "Para o que quer que um homem semeia, isso ele também colherá". Que pensamento reconfortante e seguro para aqueles que trabalham fielmente em circunstâncias difíceis. A fidelidade em tais situações produzirá uma colheita rica no futuro, pois nosso Pai celestial sempre cumpre suas promessas.

  Adaptado da Bíblia de Princípios de Vida

 Charles F. Stanley , © 2009.

 


 O IMPACTO DA TECNOLOGIA NAS FAMÍLIAS

    Tecnologia e Família, duelo de gigantes na sociedade contemporânea. Na sociedade dita como moderna, os relacionamentos estão sendo através de um click, raras são as conversas olho no olho, abraços, carinhos. Palavras são frases, palavras são abreviações, pontuação quase não existe, decadência na educação. As pessoas acham que esse click ajuda naquilo que hoje juram não ter: tempo, praticidade, agilidade e conformismo fazem parte dessa corrida. As crianças estão crescendo num mundo acelerado, onde tempo é ouro, e vivendo somente o agora.

   O diálogo entre pais e filhos está ficando para trás. A cena mais comum em um lar é: na sala a TV ligada, os pais no sofá cada um mexendo em seu celular e os filhos cada um em seu quarto também mexendo em seus aparelhos eletrônicos. E por muitas vezes esse diálogo que deveria ser presencial está sendo digital dentro do mesmo espaço

   tecnologia pode atrapalhar o relacionamento familiar

   Quem diria que um aparelho tão pequeno, um objeto de valor mensurável, pudesse ser tão idolatrado. As mãos vivem ocupadas. Na hora da refeição uma mão está para o talher, assim como a outra mão está para o celular, como uma equação matemática, onde a ordem dos fatores alteram a soma, diferentemente da adição.

    A tecnologia aproxima quem está longe e distancia quem está perto.

    Sabe-se que ela é uma excelente e importante ferramenta nos dias atuais, porém, não sendo bem utilizada, pode trazer danos irreparáveis no que diz respeito ao relacionamento familiar como um todo e também na educação escolar, sem tratar dos diversos campos que ela pode alcançar.

    A família com dependência da tecnologia sofre impactos no relacionamento

    A desorganização familiar pode ser atingida em diversos campos, sejam eles emocionais, sociais, financeiros, educacionais (escolar), bem como nas atividades rotineiras, impedindo o funcionamento saudável da família no dia a dia com risco de danos no futuro.

   Expressar emoções, fazer amizades, exercícios físicos, brincadeiras tradicionais como jogar bola, pega-pega, rouba bandeira, estão sendo substituídas por atividades no mundo digital.

    Notadamente a principal área atingida no relacionamento pais e filhos na era digital tem sido o diálogo. Hoje a maioria dos pais passa a maior parte do dia fora de casa; o trabalho os consome , chegam em casa estressados depois de um dia cheio de cobranças profissionais, e quando tem tempo durante o dia comunicam-se com seus filhos através de ligação pelo celular, ou o mais usado Whatsapp.

    Logo cedo as crianças são presenteadas com um aparelho tecnológico com a justificativa que através desse objeto os pais terão mais controle sob a criança por não poder estar perto dela.

 

“O diálogo está morrendo, muitos só sabem falar de si mesmo quando estão diante de um psiquiatra ou psicólogo. Pais e filhos não cruzam suas histórias, raramente trocam experiências de vida A família moderna está se transformando em um grupo de estranhos, todos ilhados em seu próprio mundo.”

Augusto Cury – Necessidades do momento.

    Com as múltiplas tarefas, a internet permite e facilita a aceleração das informações, porém o ser humano possui limites, e isso está se tornando uma fonte de estresse.

     A internet é uma das responsáveis pela mudança comportamental.

     Estudos já chegaram à conclusão de que os dependentes tecnológicos possuem alguns dos problemas abaixo:

    Redução da atenção, aumento de obesidade, perda de identidade e autoestima, diminuição da empatia, aumento de estresse e depressão.

    depressão pelo excesso de tecnologia

     Porém a culpa não é da tecnologia, e sim de quem a utiliza e como o faz. É necessário estabelecer limites, determinar a frequência de utilização, e ainda observar o que a criança está fazendo na internet. Ser adulto é “chato”, ser pai ou mãe e educar dá trabalho, mas é dever deles dizer “Não”, colocar limites, orientar, proibir, e fazer com que as crianças entendam que bons pais não são aqueles que permitem tudo.

    Frustrar também faz parte da educação; a frustração permite o entendimento de que a vida não é “um mar de rosas”, nem sempre tudo dará certo, nem sempre as coisas saem como desejamos, o exagero do sim omite a realidade que nos cerca. A mídia pode ser um mundo de fantasias, e depois que entrarmos nele pode ser difícil sair.

    Os humanos estão se tornando cada dia mais individualistas e egocêntricos, querem se satisfazer com menos esforço, têm menos capacidade de se colocar no lugar do outro, não conseguem perceber e ler as emoções do outro, e ainda temos a inversão de valores, onde o ter é mais importante do que o ser.

        Jovens tecnologicamente dependentes estão preocupados com a aprovação da sociedade, do grupo em que vivem, pois nesse mundo em que eles vivem, acham que não estão sós. Por ser um acontecimento recente ainda não sabemos como serão os futuros adultos, quais serão os efeitos da tecnologia sobre eles. Portanto não podemos esperar sentados, é preciso agir antes que essa futura sociedade seja invadida ainda mais por doenças emocionais.

(https://amenteemaravilhosa.com.br/impacto-da-tecnologia-nas-familias/)

  FONTE : ESCOLA BEREANA – ADVEC SEDE

 


        Título: Semeando Paz

  Definir paz para o discípulo de Jesus evidentemente perpassa pela pessoa de Cristo, visto que a paz é conquistada mediante a religação que Jesus promove entre o cristão e o Pai.

  A certeza da vida reconciliada e a construção do relacionamento processual com Deus promove um estado de paz, onde este estado é definido também pela atuação do Espírito Santo operando com a Graça divina nos recônditos da alma e nos contextos exteriores, gerando os frutos do Espírito (Gálatas 5.22-23).

  Conceito de Paz na vida cristã

  Numerosos versículos ratificam a importância da paz a quem professa a fé em Cristo, como em Ef 2.11-22, 1Tm 2.5 e Tg 3.18. Não obstante é importante ressaltar a utilização constante desse vocábulo pelo próprio Jesus e pelos agentes envolvidos no Seu ministério como no Seu nascimento em Lc 2.14, no envio dos discípulos para cumprirem o Ide e a paz como premissa em suas orientações em Lc 10.5 e posteriormente na atuação da Igreja Primitiva em At 9.31 reforçando a comunhão.

  Ora, a manifestação dos frutos e a vida cristã não ocorre no isolamento, ainda que momentos reclusos sejam necessários na caminhada. Entretanto, a performance cristã se constrói em nível de relacionamentos.

  A vida cristã é vida relacional: no trabalho, na escola, no clube, no teatro, na igreja e na família. Onde a máxima pontuada por Jesus deve ecoar ininterruptamente no íntimo a amar a Deus, estando reconciliado com Ele, e a amar os irmãos, vivendo em paz uns com os outros.

  Evidências como justiça, alegria e paz são as marcas do crente cheio do Espírito, essas características fazem parte do nosso relacionamento com o Reino de Deus, onde o solo no qual o Espírito Santo trabalha para produzir o seu fruto é o da paz, pois o chamado cristão também é para a formação de um indivíduo pacificador.

  Desta forma, age como um instrumento de reconciliação das outras pessoas com Deus, de forma que elas também possam ter paz.

  O sacerdócio principal de cada crente no Evangelho é sua célula familiar, ou seja, o cristão é responsável por manter essa atmosfera propícia à atuação do Espírito Santo dentro de seu lar.

  Cultura de paz e mediação de conflitos

  O desenvolvimento das relações expõe diferenças e sempre que houver diferenças, existirá conflitos.

  A maneira como se reage a eles é que determina o desenvolvimento de relações saudáveis, pois os conflitos são oportunidades de aprender.

  Valores como confiança, cooperação, cuidado e empatia precisam se sobressair diante dos conflitos, e isso é possível a partir da mudança cultural da violência para a paz.

  Como ser formador de opinião com o diferente fora de sua casa, se, dentro do próprio lar, ao observar como o cristão lida com os filhos e o cônjuge, deparam com uma pessoa agressiva e intolerante?

  Apesar da soberania das Escrituras, há ferramentas seculares construídas a partir das Ciências Humanas que são muito pertinentes a serem utilizadas nas relações externas e também nas familiares, como: A Mediação de Conflitos, a Justiça Restaurativa e a Comunicação Não Violenta.

  Essas ferramentas fazem parte do projeto de Cultura de Paz produzido pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde outubro de 1999.

  As ações da ONU perpassam por garantir os direitos humanos combatendo a discriminação e a intolerância, bem como, a exclusão social, a miséria e a destruição ambiental. Por meio da Resolução 53/243 de 6 de outubro de 1999 a Cultura de Paz foi instituída e a ferramenta principal é o diálogo instaurado como solucionador de conflitos através do entendimento e da cooperação mundial.

   No dia 04 de fevereiro de 2019, em nova Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas para recordar a assinatura do “Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência Comum” foi determinado o 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana. Agir de forma fraternal é abrir-se ao diálogo, rompendo com a indiferença, onde as relações são fundamentadas a partir do respeito mútuo e da compreensão de que a diferença no outro não põe em risco as convicções individuais e que não há espaço no mundo para aqueles que são indiferentes às diferenças e à conduta dialética.

   A fraternidade dentro e fora de casa é símbolo do amor cristão e antídoto contra a violência, e agir em concordância com a Palavra em todos os âmbitos é o ideal. Afinal, as palavras convencem, mas o exemplo arrasta.

   Nome do Autor: JULIANA DE JESUS CHINELL

          FONTE: FABRICA DA E.B.D

 


        LIÇÃO 12 – LANÇA O TEU PÃO SOBRE AS ÁGUAS

18 de dezembro de 2013

A vida debaixo do sol tem de ser vivida.

INTRODUÇÃO

– Na sequência do estudo do livro de Eclesiastes, estudaremos o capítulo 11 daquele livro sapiencial.

– Neste capítulo, Salomão ensina-nos que a vida debaixo do sol tem de ser vivida, não podemos ser passivos em nossa peregrinação terrena.

I – UM CHAMADO À AÇÃO EM FAVOR DO PRÓXIMO

– Temos visto, ao longo do estudo do livro de Eclesiastes, que é ele uma profunda investigação feita por Salomão a respeito da vida debaixo do sol, uma pesquisa com o propósito de se procurar o sentido da vida terrena (Ec.1:13,14), pesquisa esta que, já em seu início, é dito que chega a uma conclusão, qual seja, a de que a vida debaixo do sol é “vaidade e aflição de espírito”.

– Verdade é que, como temos visto nestas lições do segundo bloco deste trimestre, o pregador chegou a uma constatação, qual seja, a de que a vida debaixo do sol nos remete a algo que fica “além do sol”, “acima do sol” e que dá sentido à vida, faz com que deixe de ser “vaidade e aflição de espírito”.

– Assim dissertando, pareceria que o pregador chegasse à conclusão de que deveríamos nos conformar a esta existência terrena repleta de perplexidades, tendo uma vida absolutamente passiva, inerte, simplesmente respeitando as coisas sagradas, dedicando-nos a Deus, mas nos afastando de toda “vaidade e aflição de espírito”, a fim de não sermos tomados pelo desânimo e pela frustração.

– Mas, ao iniciar o capítulo 11, Salomão mostra-nos que é exatamente o contrário que se deve fazer. A vida debaixo do sol, em si mesma, não faz sentido, há uma necessidade de nos voltarmos ao Criador para que esta vida tenha sentido, mas a vida precisa ser vivida, ela precisa ser vivenciada, estamos aqui para agradar a Deus e para mostrar a nós mesmos e aos que nos cercam que a vida tem, sim, um sentido, desde que nos voltemos ao Senhor e, sob esta perspectiva, ajamos, tomemos atitudes enquanto estivermos neste planeta.

– Eis a razão pela qual o livro de Eclesiastes não deve ser considerado um livro de desencanto existencial, um livro que nos convida à depressão ou à inação. O pregador, mesmo tendo analisado profundamente a vida terrena e constatado que ela, em si, não tem sentido, é “vaidade e aflição de espírito”, não diz que devamos ficar inertes e alheios ao que se passa à nossa volta, ainda que não tenhamos controle algum sobre o desenrolar dos acontecimentos, sobre o ciclo da natureza.

– O pregador, então, no início do capítulo 11 de seu livro, afirma a todos os seus leitores: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o acharás” (Ec.11:1).

– Salomão já havia dito, ao descrever o ciclo da natureza, que “todos os ribeiros vão para o mar e contudo o mar não se enche; para o lugar para onde os ribeiros vão, para aí tornam eles a ir” (Ec.1:7). Assim, como tudo nesta vida debaixo do sol, as águas vivem num ciclo, sempre retornando ao lugar de onde vieram.

– Ora, se assim é o ciclo da natureza, se tudo retorna ao lugar de onde veio, por que não haveria o homem de fazer o bem, de “lançar o teu pão sobre as águas”? Fazendo isto, o homem, certamente, haverá de receber, num determinado momento, o bem que fez, já que tudo vive num ciclo. Assim como o pão lançado nas águas tornará como as águas onde foi lançado, de igual modo, o bem que o homem fizer, também haverá de voltar para o benfeitor.

– Este ciclo natural também revela haver um ciclo moral, um ciclo de justiça que também é controlado pelo Criador, pelo Senhor de todas as coisas. O pregador já dissera que tinha a convicção de que Deus julgará o justo e o ímpio, porque há um tempo para todo o intento e toda a boa obra (Ec.3:17). Assim, não há motivo algum para que o homem deixe de praticar o bem, mesmo vendo tanta maldade na vida debaixo do sol.

– Como ensina o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714), “…Salomão tinha frequentemente, neste livro [Eclesiastes, observação nossa] se dirigido com insistência aos ricos para que desfrutassem das suas riquezas; aqui ele se lhes dirigisse para que fizessem bem aos outros e que fossem abundantes em liberalidade para com os pobres, o que lhes resultaria em abundância um outro dia…” (Comentário a Ec.11:1. Disponível em: http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/ecclesiastes/11.html Acesso em 30 out. 2013) (tradução nossa de texto original em inglês).

– Temos aqui uma determinação do pregador para que o pão fosse “lançado”, fosse “jogado” “sobre ás águas”, ou seja, de forma indiscriminada, o que nos lembra o conhecido dito popular segundo o qual “deve-se fazer o bem sem olhar a quem”. Matthew Henry equipara esta expressão, seguindo alguns estudiosos, à expressão de “sair a semear”, que encontramos na parábola do semeador, dita por Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, onde se diz que o “semeador saiu a semear” (Mt.13:3; Mc.4:3; Lc.8:5).

– O semeador da parábola de Cristo saiu semeando sem olhar para onde semeava, tendo, por isso mesmo, atingido diversos tipos de terreno (a beira do caminho, o terreno pedregoso, o terreno com espinhos, a boa terra), mas cumpriu o seu dever, que era o de semear. Sem semeadura, não haverá colheita e, por isso, se deve semear indiscriminadamente, a fim de que se possa ter o que colher no futuro.

– Aqui, também, o pão deve ser lançado sobre as águas, sabendo-se que, num determinado momento, este pão há de tornar para aquele que o lançou, não se preocupando em saber onde ele foi lançado. O dever é lançar, a fim de que se possa ter, algum dia, o retorno.

– Estamos, portanto, a falar, nesta determinação de ação por parte do pregador, de filantropia, de fazer o bem ao próximo, de “caridade” e, para o pregador, “…caridade não é algo a ser praticado apenas com pessoas conhecidas. Salomão afirma que todo ato de caridade, de alguma forma, acaba trazendo uma recompensa…” (Torá – a lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah Melamed. com. Ec.11, p.683).

– Notamos que o pregador mostra, claramente, que os homens não podem viver solitários nesta vida debaixo do sol, que devem conviver e se ajudar mutuamente, pois estão peregrinando para algo “além do sol”, e, por isso mesmo, devem se submeter a este ciclo tanto natural quanto moral.
– O pregador manda que se “reparta com sete e ainda até com oito, porque não sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec.11:2). O pregador já havia demonstrado que as riquezas são instáveis e, por isso mesmo, não se deve confiar nelas, gesto este que representará um afastamento de Deus e um perigo constante para que elas se percam, pois esta é uma das diferenças entre o justo e o ímpio (Ec.5:11-17).

– Se as riquezas são instáveis, se não se pode confiar nelas, o que se deve fazer é reparti-las com todas as pessoas a fim de que, diante de uma perda, não se tenha qualquer proveito, pois somente aquele bem que fizermos, no repartir, poderá nos tornar como recompensa, se o mal nos sobrevier.
– Quando se reparte com o próximo, isto é como que introduzido no ciclo moral da vida debaixo do sol e, por isso mesmo, este bem há de retornar para o benfeitor. Quando há retenção, e as riquezas forem perdidas por alguma “má aventura”, teremos simplesmente a perda e, como não se praticou o bem, não se terá o que retornar para aquele que detinha as riquezas.

– É importante observar que o pregador, ao estabelecer este paralelo entre o ciclo natural das águas e o ciclo moral, mostra-nos que a justiça divina começa a ser praticada ainda neste mundo, ainda na vida debaixo do sol, embora, aos olhos incautos do ser humano, pareça que, neste mundo, reine a maldade e que Deus não detenha qualquer controle sobre ele. Salomão mostra-nos que bem o contrário disto, que Deus está no controle de tudo e que, assim como o homem não pode modificar o curso da natureza, também não pode impedir que se produza a “lei da semeadura”.

– O apóstolo Paulo é bem explícito ao afirmar que Deus não Se deixa escarnecer e o que o homem semear, isto também ceifará (Gl.6:7). Tudo quanto Deus faz durará eternamente, nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar e isto faz Deus para que haja temor diante d’Ele (Ec.3:14). Destarte, há um momento, um tempo em que o “pão retorna junto com as águas”, e, neste momento, seja aqui, ainda, na vida debaixo do sol, seja na eternidade, haverá o devido pago pelo que se fez e pelo que não se fez.

– O pregador diz que isto se dará “depois de muitos dias”. Como afirma Matthew Henry, “…o retorno pode ser lento, mas é certo e será o mais abundante. O trigo, o grão mais valioso, demora a frutificar no campo. As longas viagens são as que trazem maior retorno…” (ibid.). Pode ser que o retorno de todo o bem realizado venha a ocorrer tão somente no mundo-além, na eternidade, como, aliás, ocorreu com Lázaro, na história contada pelo Senhor Jesus (Lc.16:19-31). Mas não importa, o que devemos fazer é sermos fiéis ao mandamento do Senhor e fazermos o bem, pois é nisto que demonstraremos, inclusive, a nossa justiça, a nossa condição de discípulos de Cristo, de salvos (Jo.13:35).

– Salomão já nos mostra que o verdadeiro justo, aquele que teme a Deus, é alguém que pratica o bem, que reparte as suas riquezas com os outros, que “faz o bem sem olhar a quem”. Este repartir, inclusive, parte de uma premissa, qual seja, a de que o mal pode vir sobre a terra e, portanto, é importante fazermos o bem quando ainda podemos fazê-lo, pois não sabemos se, no futuro, estaremos privados de realizá-lo.

– Já vimos em lição anterior que um dos deveres do homem para com Deus é o dever do serviço, o de que fazer o que está em nossas mãos fazê-lo antes que isso se torne impossível (Ec.9:10), de sorte que o pregador, aqui, reitera este pensamento, a fim de que façamos o bem enquanto há possibilidade de fazê-lo, pois pode chegar o momento em que o mal chegue e isto se torne impossível para nós.

– Salomão mostra, com absoluta clareza, que a abundância não é um convite à retenção, mas, sim, à repartição. Quando o Senhor nos abençoa, devemos repartir com os demais aquilo que recebemos e este princípio não abrange tão somente os bens materiais, mas, sobretudo, as bênçãos espirituais que tenhamos alcançado do Senhor.

– Somente quando repartimos o que temos, isto que temos tem o seu devido proveito, é posto no “ciclo moral” do mundo e traz recompensa, traz proveito, traz fruto. O que não for repartido será simplesmente perdido, não terá valor algum, nem mesmo para aquele que o recebeu, o adquiriu e não repartiu. Porventura, não foi isto que aconteceu com o tolo Nabal, que, por não ter repartido com Davi um pouco do que tinha, tudo perdeu por uma ação divina (cf. I Sm.25:10-42)?

– Eis um dos motivos pelos quais os judeus entendem que a “caridade” seja uma manifestação da justiça, tanto que a palavra hebraica “tzedakah” signifique literalmente “virtude”. “…O Talmude descreve uma discussão — não se sabe se real ou apócrifa — entre o rabi Akiva e Turnus (Tineius) Rufus, governador da Judeia. O romano perguntou a rabi Akiva: ‘Se o seu Deus ama os pobres como diz o senhor, por que então não os sustenta?’ Uma pergunta cabível, na verdade! Rabi Akiva respondeu que se Deus deixava o cuidado dos pobres à benevolência dos próprios judeus era propositadamente ‘ para que possamos ser salvos, por esses méritos, do castigo do Gehinom (…)’. Em que se baseava o rabino para inferir essa intenção de Deus? Akiva citou a passagem: ‘Não deverá repartir teu pão com o faminto, e recolher os pobres desabrigados em tua casa? E se vires o nu o cobrires, e não te esconderes dos teus semelhantes? (Is.58:7)…” (AUSUBEL, Nathan. Caridade. In: A JUDAICA, v.5, pp.113-4).

– Prossegue Nathan Ausubel, “…no próprio sentido do equivalente hebraico da caridade —tzedakah — pode ser encontrado um índice de como os judeus encaram o dar e o receber. Se bem que a palavra signifique, na verdade, ‘virtude’, também tem uma certa conotação de ‘justiça’. Em outras palavras, aquilo que é dado aos pobres e por eles aceito, pertence-lhes por direito moral! Por direito? Esta é a maneira ela qual os antigos rabinos tentavam explicá-lo: Se a pobre existia, era principalmente a sociedade que deveria ser responsabilizada, uma vez que permitia a opressão dos pobres e fracos. Esta situação era tida como uma violação da lei natural, e a prática difundida da benevolência servia, meramente, como forma de expiação e aprimoramento. Quando o salmista cantava: ‘A terra é do Senhor e tudo o que nela se encontra’, o princípio daquele direito estava claramente indicado. O mesmo princípio adquiriu força de lei no texto das Escrituras: ‘Minha é a prata e Meu é o ouro, disse o Senhor das Hostes.’

E, obviamente, uma vez que Deus havia dado a terra com ‘todas as suas riquezas’ — a prata e o ouro — somente aos ricos e poderosos, os Sábios deduziram daí que Deus tinha uma dívida material para com os pobres que tinham sido deixados de mãos vazias. Por consequência, fazer com que essa dívida fosse paga aos pobres pelos ricos constituía um ato de ‘justiça’ e, portanto, de ‘virtude’. Além disso, acreditavam que quando Deus havia dado riqueza aos abastados, não as havia entregue em caráter definitivo, nem como recompensa por suas ações ou por qualquer mérito especial. Era somente para que a retivessem em custódia para os pobres! Os ricos seriam, assim,a meros agentes fiscais de Deus, por assim dizer, em favor dos pobres! Estender a tzedakah aos pobres ‘com todo o coração’ tinha, portanto, a significação intrínseca de um ato de ‘virtude’. Daí ter-se desenvolvido o axioma que, se os ricos fossem realmente honestos e tementes a Deus, distribuiriam prazerosamente a riqueza que retinham em custódia de Deus, entre os inúmeros credores de Deus — os pobres, os doentes, os desamparados, os necessitados etc.…” (ibid.) (itálicos originais).

– Dentro desta explicação rabínica é que entendemos o espírito do pensamento do próprio Salomão, de onde, aliás, advém esta explicação talmúdica. Quando há repartição das benesses, há proveito, há a introdução de nossa participação na ordem estatuída por Deus, fazemos parte de Seu propósito, de Sua ordenação, passamos a ser, realmente, Seus “filhos”, aqueles que atendem ao Seu chamado, aprendem com Ele e põem em ação o que aprenderam.

– Como ensina Hugo de São Vítor (1096-1141), um pedagogo cristão da Idade Média, o aprendizado somente se dá quanto se põe em prática aquilo que se aprendeu, pois a ação é o penúltimo estágio da edificação do aprendizado. Diz ele: “…Há quatro coisas nas quais se exerce a vida dos santos, que são como degraus pelos quais se elevam à futura perfeição. São estes:o estudo, ou doutrina; a meditação; a oração; a ação. Há ainda uma quinta que se segue destas, que é a contemplação, que é, de certo modo, o fruto destas quatro primeiras. Na contemplação temos antecipadamente já nesta vida a futura recompensa das boas obras. Foi por isto que o salmista, falando dos preceitos de Deus e recomendando-os, logo em seguida acrescentou: ‘Grande é a recompensa para os que os observarem’ [Sl.19:15, observação nossa]…” (Didascaliom, L.V, c.9 apud Notas sobre a pedagogia de Hugo de São Vitor. Disponível em: http://www.cristianismo.org.br/pedggvit.htm Acesso em 30 out. 2013).

– Se aprendemos com Deus, se somos “bons diante d’Ele” (Ec.2:26), se somos “sábios”, pois temos visto, ao longo deste trimestre, que é sábio aquele que aprende com Deus, que Lhe dá ouvidos, não há como se deixar de praticar boas obras nesta vida debaixo do sol, não há como se deixar de demonstrar o amor ao próximo e é precisamente por este motivo que Jesus indica que o sinal que prova alguém ser Seu discípulo, Seu aprendiz, o de manifestar o amor ao próximo, o amor de uns aos outros.

– Por isso mesmo, ainda no Talmude, vermos que o já mencionado Rabi Akiva (40-137), que foi o responsável pela redução a escrito da tradição dos anciãos, ter dito que os homens são chamados de “filhos” por Deus quando atendem aos Seus desejos e cita como exemplo disso aqueles que fazem bem aos pobres, precisamente porque, quando isto sucede, não são cobrados pelos publicanos.

OBS: Eis o trecho do Talmude: ‘…Ele [Rabi Akiva, observação nossa] lhe disse: ‘Vocês são chamados tanto filhos quanto servos. Quando vocês executam os desejos do Onipresente, são chamados ‘filhos’ e quando não executam os desejos do Onipresente, ‘servos’. Atualmente, vocês não estão executando os desejos do Onipresente. Rabi Akiva respondeu: ‘As Escrituras dizem: ‘Não é para distribuíres o teu pão aos famintos e trazer os pobres para bani-los de tua casa. Quando ‘trazes os pobres que são banidos de tua casa’? Agora; e se diz [ao mesmo tempo], não é para distribuir teu pão aos famintos/”… (Baba Bathra 10a).

– Se somos “filhos” do Senhor, se atendemos aos Seus desejos, então repartimos com os necessitados aquilo que recebemos, seja de ordem material, seja de ordem espiritual. Hugo de São Vítor diz que o objetivo de quem aprende tem de ser ensinar e que o Senhor Jesus prometeu estar com aqueles que levassem a cabo o ensino de tudo quanto tinham aprendido d’Ele (Mt.28:19,20).

– Por isso, se aprendemos com Deus, temos de repartir com os demais o que aprendemos e não é por outro motivo que o pregador traz a imagem das nuvens que existem para que se encham e, depois, derramem a chuva sobre a terra (Ec.11:3), ou seja, as nuvens foram feitas para se encher de água e, depois, derramá-la, são meros instrumentos neste “ciclo natural das águas”.

– Os “filhos de Deus”, de igual modo, também são passam de instrumentos nas mãos de Deus para que se faça o “ciclo moral”, o “ciclo da virtude”, o “ciclo da justiça”, enchendo-se das benesses do Senhor para depois distribuí-la em favor dos outros, para a glorificação do nome do Senhor.

– Não foi isto que fez Davi, o “homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14) ? Demonstrando ser realmente um “filho”, tomou todo o seu tesouro particular e o entregou ao Senhor para que fosse construído o templo, reconhecendo que havia recebido tudo de Deus, que tudo a Deus pertencia e que, por isso mesmo, o entregava novamente ao Senhor, sendo, neste gesto, seguido por todo o povo, o que, certamente, serviu de exemplo e aprendizado para o jovem Salomão, que estava para iniciar o seu governo (I Cr.29:10-18).

– Somos como as nuvens, estamos aqui nesta vida debaixo do sol para nos encher, mas, uma vez cheios, devemos derramar a chuva sobre a terra. Somos abençoados pelo Senhor com o único propósito de nós mesmos nos tornarmos uma bênção. Foi isto que Deus prometeu a Abrão (Gn.12:2) e esta bênção que Deus deu ao patriarca chega até nós na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (Gl.3:14).

– Ser um homem “bom diante de Deus” neste mundo, ter a visão de que a vida debaixo do sol é somente “vaidade e aflição de espírito” não nos faz, portanto, em absoluto, pessoas “alienadas” deste mundo, voltadas para si mesmas, sem qualquer preocupação com o bem do próximo, com a melhoria das condições da vida terrena. Muito pelo contrário, o verdadeiro e genuíno servo de Deus, aquele que é Seu “filho” é sempre alguém comprometido com o bem-estar do outro, com o bem do próximo, com a justiça social, com o bem do outro.

– Este bem, entretanto, ao contrário do que defende o socialismo, o marxismo ou suas variantes, não é feito mediante a tomada de quem tem para favorecer quem não tem, mas, antes, pela nossa própria entrega, pelo nosso próprio dar-se em favor do outro. A nuvem não toma a água de alguém e derrama sobre a terra, mas se esvazia para que a terra seja derramada. Cabe a cada um de nós fazer o bem, não deixar isto a cargo de outros, como o Estado, por exemplo.

OBS: “…Ainda há homens e mulheres de verdade, capazes de agir por si próprios, sem intermediário estatal, orgulhosos de sua liberdade. Eles sabem que a liberdade efetiva não tem nada a ver com ‘direitos’ outorgados pela burocracia espertalhona. Sabem que a liberdade vem do coração e depende de símbolos inspiradores profundamente arraigados na cultura dos milênios. Quando são abordados por um pobre na rua, sabem que não estão diante de um problema administrativo. Não correm para esconder-se sob as saias da burocracia. Encaram o pobre como um igual temporariamente caído, merecedor de tanto carinho e atenção quanto eles próprios o seriam em circunstâncias análogas. Não hesitam em estender algum dinheiro ao infeliz, em conversar com ele, às vezes em assumir responsabilidade pessoal por tirá-lo da sua condição infame, dando-lhe trabalho, um abrigo, um conselho.

A sociedade já se condenou a si mesma quando virou o rosto aos pedintes, sonhando em transformá-los numa equação administrativa. Só homens e mulheres de verdade podem salvá-la da derradeira abjeção.…” (CARVALHO, Olavo de. Aprendendo com o dr. Johnson. In: BRASIL, Felipe Moura (org.). O mínimo que você precisa saber para não ser um idiota. 3.ed., pp.83-4).

– De outro lado, o pregador dá a ilustração da árvore que, em caindo, ou seja, deixando de ficar presa à terra e, consequentemente, deixando de dar fruto, “no lugar em que cair, ficará” (Ec.11:3). Ora, se não distribuirmos aquilo que recebermos, seremos como a árvore caída, que não mais frutifica, que não se desenvolverá e apenas apodrecerá no lugar em que caiu.

– Não distribuir o bem que recebemos da parte de Deus para os outros é, portanto, morrer espiritualmente, deixar de dar fruto e o Senhor Jesus nos deixou bem claro que, quando isto sucede, somos cortados da videira verdadeira e lançados no fogo (Jo.15:2,4,6). Não distribuir o que se recebe é não estar em Cristo e, por isso mesmo, cedo ou tarde, este impostor será lançado fora, para que seja queimado juntamente com os ímpios. Qual é a nossa situação, amados irmãos?

II – UM CHAMADO À AÇÃO AO LONGO DOS ANOS

– Mas o pregador não se limita a mostrar a necessidade de fazermos o bem ao próximo, de sermos generosos, de repartirmos aquilo que temos recebido da parte do Senhor. Salomão, também, mostra que devemos ser ativos, operosos, que temos de trabalhar enquanto estivermos nesta vida debaixo do sol.

– Na sua reflexão, o pregador já havia dito que o trabalho é um fator que nos dá sentido à vida, na medida em que nos serve de sinal, de indicador de que existe algo além do sol, de que existe um Criador que dá sentido à vida. O trabalho leva-nos ao desfrute legítimo daquilo que produzimos, sendo esta dádiva algo que provém da mão de Deus (Ec.2:24-26).

– Por isso mesmo, embora o trabalho, em si, seja algo desprovido de sentido, “vaidade e aflição de espírito” (Ec.2:26), o fato é que poder gozar daquilo que se trabalhou é uma bênção divina, que desfrutam aqueles que Lhe são tementes (Ec.5:16-20).

– Agora, o pregador conclama a todos que sejam ativos nesta vida terrena, que não cessem de trabalhar, ainda que se saiba que tudo aqui é passageiro e que, muitas vezes, o fruto do trabalho fica para outrem que não se sabe se será sábio ou tolo. Salomão exorta seu leitor a que semeie, não olhando para o vento nem tampouco para as nuvens (Ec.11:4).

– “Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão boas” (Ec.11:5). O fato de o homem não ter controle sobre a ordem natural das coisas não o dispensa de que deve fazer a sua parte, que é a semeadura, que é o trabalho.

– Conforme vimos na lição 3 deste trimestre, quando estudamos sobre o trabalho, o trabalho foi imposto ao homem por Deus como um fator que o assemelha ao Criador, algo que o dignifica. Por isso, o pregador diz que o homem deve trabalhar, independentemente de saber se seu esforço terá, ou não, um resultado, pois o próprio ato do trabalho, em si, é algo que alegra o Senhor, que faz com que o homem seja agradável a Deus.

– Neste ponto, o pregador volta a nos mostrar que o tempo é outro fator que não nos compete determinar ou fazer, mas, tão somente, que nos leva a confiar em Deus e de procurar, junto a Ele, cumprir o Seu propósito. “Quem observa o vento, nunca semeará e o que olha para as nuvens, nunca segará” (Ec.11:4). Não cabe a nós querer prever quando haverá bom tempo para o plantio, se irá ou não ter resultado o ato da nossa semeadura. Cabe a nós semear, deixando estas questões para quem de direito, ou seja, para o Criador.

– O homem “bom diante de Deus” é aquele que faz aquilo que está ao seu alcance, que põe a sua fé em ação, andando por fé e não por vista (II Co.5:7), fazendo aquilo que está ao seu alcance fazer, deixando que Deus faça a Sua parte no momento oportuno, que outro não é senão “o tempo de Deus”.

– Assim, não cabe ao homem indagar se deve fazer o bem, ou não, se este é o momento propício, ou não, mas, simplesmente, deve fazê-lo, se está ao seu alcance fazê-lo, porquanto, se ficar a perquirir se deve fazê-lo, ou não, estará como aquele que vê o vento ou as nuvens e que, depois que eles se vão, simplesmente nada fez.

– Vivemos dias em que o homem quer, a todo custo, saber prever o que vai acontecer, ter a máxima segurança de suas ações e atitudes e, no mais das vezes, diante de alguma incerteza, deixa de fazê-lo, retendo aquilo que está em suas mãos por medo, por receio, por “segurança”. Este gesto não pode ser imitado pelos que servem ao Senhor, pois estes não podem se mover pelo que veem, mas têm de confiar em Deus e em Suas promessas, agindo de forma a agradar-Lhe, ainda que se saiba que há sempre uma incerteza nesta ou naquela atitude a se tomar.

– Não se está aqui defendendo a insensatez, o agir sem pensar, pois o andar por fé não se confunde, em absoluto, com o agir irrefletido que, como temos visto ao longo deste trimestre, é um agir típico de quem não serve a Deus. Temos o Espírito Santo em nós, devotamos ao Senhor um culto racional, de sorte que somos caracterizados pela prudência, pela cautela, prudência e cautela, entretanto, que não se confundem com um inércia enquanto não tivermos o “pleno domínio da situação”, algo que jamais teremos, pois somos criaturas e não o Criador, o único que conhece todas as coisas, que tem “pleno domínio do fato”.

– O homem deve ter ciência de que seu conhecimento é limitado e que, dentro desta limitação, deve agir em plena consonância com a vontade de Deus, confiando no Senhor, sabendo que Deus está no controle de todas as coisas e que tudo contribuirá para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados pelo Seu decreto (Rm.8:28).

– Diz o sábio Salomão, do alto de sua sabedoria que nunca foi atingida por qualquer ser humano, com a exceção de Cristo, que “assim como tu não sabes qual o caminho do vento nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida, assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas” (Ec.11:5).

– O segredo do sábio, do prudente nesta vida debaixo do sol é ter consciência de que “sabemos que nada sabemos”. Devemos assumir a nossa real posição nesta vida debaixo do sol e agirmos dentro desta postura de que somos servos do Senhor, meros homens (Sl.9:20) e que não nos cabe “mudar o mundo”, mas viver neste mundo agradando a Deus.

– Devemos, então, trabalhar, fazer aquilo que temos de fazer, não nos importando se a semente que semearmos irá frutificar ou não. Este ensino do pregador, como já dissemos, foi retomado pelo Senhor Jesus, sendo uma lição a seguirmos no tocante à pregação do Evangelho.

– Nos dias difíceis em que vivemos, muitos já estão a “observar o vento” e a “olhar para as nuvens” em termos de evangelização. Elaboram projetos, planos, métodos de crescimento de igreja, mas nada fazem em prol do reino de Deus. Outros, por sua vez, discutem qual será o “retorno estimado” da evangelização ali ou acolá (e, muitas das vezes, este “retorno” é visto sob o prisma exclusivamente econômico-financeiro) e, por isso mesmo, deixam de realizar a obra de Deus. Que Deus nos guarde destas atitudes, pois a ordem divina é “pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão”!

– O apóstolo Paulo, um grande trabalhador do Evangelho, bem entendeu este ensino de Salomão e disse, com convicção, que devemos ser firmes e constantes, sempre abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor (I Co.15:58).

– Matthew Henry, ao comentar sobre este trecho do Eclesiastes, afirmou que “…isto é aplicável à caridade espiritual, nossos esforços piedosos pelo bem das almas dos outros; vamos continuá-los, pois, embora tenhamos trabalhado muito tempo em vão, podemos, finalmente, ver o seu sucesso. Que os ministros, nos dias de sua semeadura, semeiem tanto de manhã quanto de tarde, pois quem pode dizer qual prosperará?…” (ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês). Era este o mesmo sentimento do pastor Paulo Leivas Macalão externado no hino 149 da Harpa Cristã: “Quando há um temporal e a pesca corre mal, novamente no meu barco vou pescar! Pode ser que desta vez, eu não tenha mais revés, pois Jesus eu levo para m’ensinar” (quinta estrofe). Temos procedido deste modo?

– O comentarista interpreta esta passagem, reportando-se ao escritor Derek Kinder, levando em conta o tempo. Entende que a nuvem e o vento falam do presente, enquanto que a árvore caída retrataria o passado. Desta forma, como o passado é imóvel, não podemos nos prender a ele, mas, no presente, no momento em que vivermos, temos de agir, fazendo o que nos está posto às mãos, pois, só deste modo, aproveitaremos a oportunidade que se nos dá nesta vida passageira e tão instável como é a vida debaixo do sol.

– Não deixa de ser uma leitura possível, que também nos mostra a importância do trabalho e da ação no momento, instante em que estamos a viver, pouco nos importando o que se sucederá daqui para a frente, qual será o futuro, porquanto, em vivendo assim, estaremos demonstrando nossa confiança em Deus, que quer que o nosso futuro seja de paz, pois os pensamentos do Senhor são pensamentos de paz e não de mal, para nos dar o fim que esperamos (Jr.29:11).

– Por isso, o Senhor Jesus nos ensina que o Seu discípulo, ao buscar primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, age no presente sem se preocupar com ansiedade com relação ao futuro, visto que sabe que basta a cada dia o seu mal (Mt.6:33,34).

– Quem se inquieta por causa do futuro ou fica preso ao passado, deixa passar o presente como aquele que observa o vento ou olha para as nuvens, nada fazendo neste instante, que é o único que existe na realidade. A vida debaixo do sol tem de ser vivida aqui e agora, pois é este o momento em que podemos agir. O que passou, passou, não pode mais ser alterado, como a árvore caída que não sai do lugar onde caiu; o futuro ainda não chegou, de forma que nada poderemos fazer para alterá-lo ou construí-lo. Resta-nos, tão somente, viver o presente, de forma agradável a Deus, semeando o que poderemos segar quando o futuro chegar.

– Quando vivemos o presente, demonstramos nossa fé em Deus, porquanto passamos a vida debaixo do sol de forma alegre e confiante, sem nos inquietarmos por causa do futuro. Vivemos dia a dia com o Senhor, fazendo o bem aos outros, repetindo, deste modo, o próprio viver de Cristo sobre a face da Terra (At.10:38). Seguimos o conselho do salmista, entregando o nosso caminho ao Senhor, confiando n’Ele e esperando que Ele tudo faça (Sl.37:5), pois, em fazendo o bem, habitaremos nesta terra confiados n’Ele e sendo verdadeiramente alimentado por Ele (Sl.37:3). Aleluia!

III – ADVERTÊNCIA SOBRE A LONGEVIDADE

– Ao término deste capítulo, o pregador, já se encaminhando para o término de seu sermão, tendo mostrado que fazer o bem é essencial nesta vida debaixo do sol, conclui este seu ensino dizendo que “verdadeiramente suave é a luz e agradável é aos olhos ver o sol” (Ec.11:7).

– Quando o pregador nos fala em uma vida na luz, impossível não deixarmos de recorrer ao apóstolo João que sempre identifica o andar com Cristo com o andar na luz. No seu evangelho, João faz questão de dizer que Jesus é a luz dos homens 9Jo.1:4), a “luz verdadeira que alumia todo o homem que vem ao mundo” (Jo.1:9). Fez questão de dizer que o próprio Jesus Se identificou como “a luz do mundo” (Jo.8:12; 9:5). Assim, quem segue a Cristo terá a luz da vida.

– Na sua primeira epístola, João retoma este mesmo pensamento, ao afirmar que “…Deus é luz e não há n’Ele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo.1:5-7).

– No Evangelho, ainda, João afirma que “a condenação é esta: que a luz veio ao mundo, e os homem amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem pra a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.Mas quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas oras sejam manifestas, porque são feitas em Deus” (Jo.3:19-21).

– Ora, se assim é, quando o pregador nos mostra que “verdadeiramente suave é a luz e agradável aos olhos ver o sol” (Ec.11:7), está a nos mostrar que a vida debaixo do sol somente tem sentido quando estamos andando na luz, ou seja, quando estamos em comunhão com Cristo, quando praticamos a verdade, quando nos deixamos purificar pelo sangue de Cristo e passamos a viver em comunhão com Ele e com a Sua Igreja.

– A vida debaixo do sol tem de ser vivida, vivenciada, mas a vida só é vivida quando nos pomos a trabalhar, no momento presente, devidamente em comunhão com o Senhor Jesus, tendo o Espírito Santo e, assim, fazendo bem e curando a todos os oprimidos do diabo (At.10:38). Somente quando entramos no corpo de Cristo, passamos a pertencer à Sua Igreja, podemos, de forma cabal, dar sentido à vida terrena e vivê-la de forma agradável e prazerosa.

– “Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu nome pedirdes ao Pai, Ele vo-lo conceda” (Jo.15:16). Fomos chamados pelo Senhor para produzir fruto, e o fruto somente será produzido se nós semearmos de manhã a nossa semente e, à tarde, não retirarmos as nossas mãos, pouco importando qual semente prosperará. Temos feito isto? Ou estamos a observar o vento e a olhar para as nuvens, absolutamente inertes, não produzindo fruto e, por isso mesmo, nos candidatando a sermos cortados da videira verdadeira? Pensemos nisto!

– O sentido da vida, portanto, está em agir segundo a vontade de Deus, segundo o Seu propósito. Não está nem mesmo na longevidade, que é tida como uma bênção divina, porquanto é uma promessa que se encontra nos dez mandamentos, mais precisamente no que toca à honra ao pai e à mãe (Ex.20:12; Dt.5:16).

– O pregador já havia dito que a longevidade, ou seja, uma grande quantidade de dias, em si mesma nada representa, porquanto de nada adianta alguém viver cem anos se não puder desfrutar do fruto do seu trabalho e não amealhar honra diante dos semelhantes durante todo este tempo, pois, em assim sendo, uma vida tão longa valeria menos do que a vida daquele que nunca chegou a nascer (Ec.6:3-5).

– Aqui, também, Salomão, que já se encontrava em idade bem avançada, mostra que a vida longa, em si mesma, nada representa, pois, ainda que se alegre e desfrute do seu trabalho legitimamente, há de saber que, na vida longa, também são muitos os dias maus (Ec.11:8).

– Dentro do realismo que lhe é peculiar, o pregador não foge à constatação de que, na vida debaixo do sol, há tanto o dia bom, o dia da prosperidade, como também o dia mau, o dia da adversidade, um sucedendo ao outro, independentemente de a pessoa ser boa ou má aos olhos do Senhor (Ec.7:14). Assim, quem viver bastante, também terá mais dias maus do que os que viverem menos.

– Não está, portanto, na quantidade de dias a felicidade da vida de alguém, mas, sim, de se viver na luz, em comunhão com o Senhor, fazendo o bem quando se pode fazê-lo, mesmo que venham os dias maus.

– A vida, seja longa, seja breve, vale a pena ser vivida se estivermos “olhando para o sol”, ou seja, seguindo o exemplo do “Sol da justiça”, olhando para Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2), o que nos permitirá superar todo o mal que virá nesta vida debaixo do sol sobre nós, tudo suportando pelo gozo que nos está proposto. Não há como viver-se neste mundo sem que nosso olhar esteja para o além, pois, neste mundo, a vida não faz sentido algum.

– Olhar para o além, no entanto, em absoluto significa que nos alienamos do que aqui ocorre, mas, pelo contrário, é por estarmos a divisar o mundo “além do sol” que temos forças para praticar a verdade, para fazer o bem, mesmo que não venhamos a receber qualquer recompensa por parte dos outros, por parte do próximo. A visão do além dá0-nos força e condição para aqui fazermos o bem, praticarmos a verdade, pois, “à luz do sol”, manifestamos nossas obras e divisamos que elas são feitas em Deus.

– Por isso mesmo, não há sentido algum nos pensamentos que andam rondando o povo de Deus, de falsas doutrinas que têm entendido que a visão do além é “alienadora” do povo de Deus e que, por isso mesmo, não podemos estimular o povo a um olhar escatológico ou à consideração de que Deus tem o controle de todas as coisas. Ambas as visões, que procuram “reinterpretar” as Escrituras de modo a dar um “engajamento social” aos crentes são, na verdade, armadilhas satânicas, para que nós percamos o sentido da vida debaixo do sol. Fujamos disto, amados irmãos!

– Esta vida debaixo do sol é passageira, não tem sentido em si mesma, mas ela nos aponta para o Criador, que controla todas as coisas, em quem podemos confiar e que nos convida, nesta confiança n’Ele, a fazermos o bem, mesmo sabendo que, “depois de muitos dias”, acharemos o pão que lançamos sobre as águas. A vida tem sentido, sim, e seu sentido não está em sua longura de dias, pois, em tal longura, só teremos mais dias maus, mas em que, ao praticarmos o bem, estaremos andando na luz e percebendo que para isso viemos neste mundo e que para isso estamos aqui, a fim de que o nome do Senhor seja glorificado. Aleluia!

– Por isso, Salomão dirige-se aos jovens, dizendo que ele se alegre na sua mocidade e recreie o seu coração nestes dias de vigor, aproveitando a vida, mas se lembrando que de tudo quanto fizer, Deus o levará a juízo (Ec.11:9).

– Salomão, ao se dirigir aos jovens, não o faz de modo castrador, como é próprio, às vezes, dos mais velhos. O pregador entende o vigor da juventude, que é próprio desta idade o querer fazer, o querer aproveitar, sendo, mesmo, este o momento para o desgaste das energias, que são muitas e estão aí para serem usufruídas e desfrutadas. O jovem tem vigor e este vigor deve ser usado, sim, em toda a sua plenitude.

– No entanto, esta utilização do vigor deve ser feita de modo responsável, ou seja, o jovem, ainda que esteja jovem e com todo o vigor e, na sua ilusão, longe da morte, longe do momento da prestação de contas, deve tudo fazer, desde já, sabendo que deverá prestar contas a Deus de tudo quanto fizer.

– Não se deve impedir o jovem de usar a sua energia, o seu vigor. Não, não e não! Deve-se, apenas, lembrá-lo que ele terá de prestar contas a Deus de tudo quanto fizer e que, portanto, será muito melhor que tudo que ele venha a fazer, seja feito na luz, debaixo da bênção divina, de acordo com a vontade e o propósito do Senhor.

– Ao jovem, não devemos inibir o seu vigor, mas pôr o seu vigor e a sua juventude debaixo da vontade e do propósito do Senhor! Quantos, na atualidade, nas igrejas locais, não têm desperdiçado o vigor da juventude, impedindo-a de trabalhar para o Senhor e querendo que eles se comportem como se velhos fossem? Urge sabermos identificar este vigor dos jovens e inseri-los na obra do Senhor, antes que o diabo complete este trabalho tão eficaz de retirá-los dos caminhos do Senhor, precisamente porque se tem tentado, loucamente, impor aos jovens uma inatividade que lhes é absolutamente antinatural. Pensemos nisto!

– Para que os jovens possam se conduzir na luz, possam utilizar a sua energia e vigor fazendo o bem e já plantando cedo para terem uma colheita abundante ainda nesta vida, pois, quanto antes começarem a plantar, mais cedo hão de colher os frutos de suas boas ações, é necessário, diz o pregador, que “afastem a ira do seu coração e removam da carne o mal” (Ec.11:10).

– A primeira atitude é “afastar a ira do coração”. “Ira” aqui, é melhor traduzido por “desgosto” tanto pela Versão Almeida Revista e Atualizada quanto pela Bíblia de Jerusalém, assim como a King James Atualizada. O que o pregador procura dizer aqui, portanto, é que o jovem, no auge do seu vigor, ao perceber como o mundo é, não pode se “desgostar”, se “angustiar”, ver, na falta de sentido da vida terrena enquanto tomada em si, um fator para desânimo, para a inércia.

– Uma das grandes armas do inimigo de nossas almas, em nossos dias, tem sido, precisamente, o de trazer aos jovens uma “falta de sentido para a vida”, uma “angústia”, um “desalento” que os leve a perder a motivação para viver, a fugir da realidade, a buscar um escape para a difícil situação da vida debaixo do sol. Vem daí o “culto à morte” e a alternativa das drogas que tem destruído milhões e milhões de jovens em nossos dias.
– Precisamos mostrar a estes jovens que eles devem “afastar o desgosto do coração”, de que a vida debaixo do sol tem um sentido, sentido este que se encontra em Cristo Jesus e que, portanto, é preciso ir, através da fé, para “além do sol”, para que, então, na luz, tudo seja visto de modo a que pratiquemos a verdade, façamos o bem neste mundo, encontrando em Jesus o sentido para nossas vidas.

– A segunda atitude é “remover o mal da carne”, que a Versão Almeida Revista e Atualizada traduz por “remover a dor da carne”, a Bíblia de Jerusalém por “afastar o sofrimento do corpo”; a King James Atualizada por “fazer parar o teu corpo de sofrer” e a Nova Versão Internacional por “acabar com o sofrimento do teu corpo” e a Tradução da CNBB, por “afastar o mal do teu corpo”.

– Pelo que observamos aqui, há, por parte do pregador, um conselho aos jovens que não façam mal ao seu corpo, o que nos lembra a admoestação anteriormente já estudada com relação ao respeito às coisas sagradas, um dos deveres do homem diante de Deus, como vimos na lição 10, onde se envolve a questão do respeito ao próprio corpo, que é templo do Espírito Santo (I Co.6:19).

– Como consequência do próprio desalento em função da falta de sentido para a vida debaixo do sol em si mesma, ou, na busca deste sentido, através do prazer, da alegria mundana ou das riquezas, o jovem, facilmente, é levado a desrespeitar o seu corpo, a não observar os limites físicos, tamanho o seu vigor.

– Assim agindo, o jovem, certamente, comprometerá o seu físico na continuidade da sua vida, trazendo para si diversos sofrimentos, que não permitirão que ele possa desfrutar daquilo que a vida lhe oferece. Além do mais, não cuidando devidamente de seu organismo, o jovem pode nem mesmo chegar à idade avançada, até porque a impiedade demasiada faz com que o homem morra antes do tempo (Ec.7:17).

– Por isso, ao jovem, sem que se lhe iniba o legítimo uso do vigor que possui, é recomendado pelo pregador que não exceda os limites do seu corpo, que não o destrua, que se abstenha de todas as ações que venham a trazer dor ao seu corpo, pois isto não levará a lugar nenhum, senão ao sofrimento na continuidade de sua existência terrena, se é que conseguirá lá chegar.

– Vemos aqui, aliás, como o inimigo tem trabalhado precisamente no sentido contrário, desenvolvendo toda uma mentalidade hedonista e irresponsável, onde a mutilação do corpo e sua total destruição é, exatamente, a linha que tem sido observada, basta ver o quanto se tem propagado entre os jovens na atualidade, com a defesa de uma vida totalmente irresponsável seja na libertinagem sexual, seja na mutilação física, seja no uso de drogas, lícitas ou ilícitas.

– A adolescência e a juventude são vaidade, diz o pregador, e, como são como o vapor, que logo desaparece, devem ser tratadas como tal pelos que a possuem, que devem viver fazendo o bem, desde cedo, para que seja semeado algo que possa dar a devida recompensa na continuidade da existência terrena. Temos agido como Salomão e instruído conveniente os nossos jovens e adolescentes? 

Pensemos nisto!

Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco

Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2013_L12_caramuru.pdf

 


EBD | Lição 12: Semeiem Vida e Paz | Eliseu Fernandes | 18/06/17


          

 Aula ministrada em 2017 (Em aproximadamente 35 MIN.)

 pelo professor Pr. Eliseu Fernandes referente à lição 12.


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