TEXTO ÁUREO
E
digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância
em abundância também ceifará.
2
Coríntios 9.6
Texto Bíblico Básico:
Gl 6.1-10
1 Irmãos, se
algum homem chegar a ser surpreendido nalguma ofensa, vós, que sois
espirituais, encaminhai o tal com espírito de mansidão; olhando por ti mesmo,
para que não sejas também tentado.
2 Levai as
cargas uns dos outros, e assim cumprireis a lei de Cristo.
3 Porque, se
alguém cuida ser alguma coisa, não sendo nada, engana-se a si mesmo.
4 Mas prove
cada um a sua própria obra, e terá glória só em si mesmo, e não noutro.
5 Porque cada
qual levará a sua própria carga.
6 E o que é
instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui.
7 Não erreis:
Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também
ceifará.
8 Porque o que
semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no
Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.
9 E não nos
cansemos de fazer bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não houvermos
desfalecido.
10 Então,
enquanto temos tempo, façamos bem a todos, mas principalmente aos domésticos da
fé.
OBJETIVOS
CONHECER quatro
questões fundamentais, relacionadas à nossa semeadura de vida;
COLOCAR
em
prática algumas regras para solução de conflitos conjugais;
RESPONDER à seguinte pergunta: no que tange às discussões conjugais, que tipos de sementes temos lançado em nosso casamento?
Deus
abençoe
sua
vida!
Lição 12 – Semeiem vida e paz
PALAVRA
INTRODUTÓRIA
Somos o resultado daquilo que pensamos, daquilo que cremos, daquilo que falamos, ou seja, daquilo que semeamos, nossas vidas são como um campo, você é o semeador, qual tipo de semente você tem plantado? Como temos agido diante das situações de conflito a que todos somos expostos diariamente? Que atitudes têm pautado nossas relações familiares? Temos agido com mansidão ou temos nos deixado conduzir por comportamentos autoritários, intempestivos e arrogantes?
Lembra da Parábola do Semeador – Mt 13.3-8? O texto explícito, que explica a parábola está em Mt 13.19-23. Todavia, temos também o texto implícito (princípios morais, éticos, espirituais e práticos contidos no mesmo texto) – lei da dupla interpretação bíblica (profético e prático; contextual e relacional) – exemplificando-se: At 3.1-3.
Cuidados Fundamentais
·
Cuidado com a semente que você semeia –
Você colherá muito mais que plantou!
Gl 6.7 - conselho paulino: “Não erreis: Deus não se deixa escarnecer, porque tudo que o homem (ser humano) semear, isso também colherá”.
· Cuidado com o campo que você semeia – a
semente pode ser desperdiçada, ou seja, ineficaz para os resultados:
- Entenda o ambiente antes de falar alguma
coisa Tg 1. 19,20 – “Portanto, meus amados irmãos, todo o homem seja pronto
para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar. Porque a ira do homem não
opera a justiça de Deus”. (Deus não é glorificado neste diálogo – 1 Co 10.31 –
quer comais, quer bebais, quer dialogais...)
- Entenda o momento que o outro está passando, emocionalmente abalada com algo, pode haver ERRO DE INTERPRETAÇÃO do que foi dito. Diferença entre ouvir (captou os sons, mas pode não interpretar o significado) e escutar (requer compreensão – auscultare – o médico ausculta o paciente). Hb 2.1 – “Portanto, convém-nos atentar com mais diligência para as coisas que já temos ouvido, para que em tempo algum nos desviemos dela”. Preste atenção no outro, não pense que entendeu, compreenda! Ouvir é diferente de escutar, entender (ter uma informação) é diferente de compreender (entender com completude, os detalhes, o funcionamento).
O foco do comentarista são as SEMENTES (palavras), logo, pressupõe-se que, o campo foi trabalhado, foi escolhido, limpo, cuidado com todo o carinho e dedicação que merece aquilo que você ama.
Você
precisa trabalhar o campo, para que não seja uma terra endurecida pela
passagem, como a beira do caminho (terra pisada); e as aves (pessoas que se
intrometem no seu relacionamento) – muitos familiares querem dizer como deve
ser seu casamento, e isto gera brigas entre os cônjuges. Você precisa ter
cuidado na semeadura para que a sua semente não seja lançada entre as pedras e
espinhos (intolerância, solicitude demasiada com a vida para não sufocar a boa
semente = a boa palavra).
1. SEMEADURA:
4 QUESTÕES FUNDAMENTAIS
Quem
planta bem, colhe bem! Isto é, aquele que planeja o plantio e procura entender
um pouco daquilo que está fazendo terá resultados excelentes.
1. Somos
todos sementes
2. Nossos
atos, palavras, pensamentos e sentimentos são sementes
3. Colhemos o
que plantamos
4. Todos nós
temos sementes para plantar
1.1.
Nossas palavras são sementes - o que você tem semeado? O Sábio, no Livro de
Provérbios, disse que a boca do justo é manancial de vida (Pv 10.11); por isso,
o homem prudente fica calado, quando não tiver nada de bom a dizer (Pv 11.12)
2. REGRAS PARA
SOLUÇÃO DE CONFLITOS
2.1. Não tenham Medo de encarar os conflitos
Os conflitos entre casais são bons ou
maus?
Conflitos lado positivo
Conflitos lado negativo
Ajustes de Expectativas:
o
que eu quero? O que você quer? – O que decidimos querer?
2.2.
Sejam justos Antes de ferir o outro (cônjuge) pergunte a si mesmo? É bom?
(egoísmo) é correto? (segue princípios) e justo? (não tiro o direito do outro?)
2.3.
Resolvam um assunto de cada vez e não abandonem o diálogo sem resolver a
questão
Resolver cada assunto por vez – priorize o diálogo.
Não ataquem um ao outro. Ataquem o problema.
2.4.
Deixem o passado para trás
O passado não pode ser mudado, mas pode mudar meu futuro
O comentarista da lição pergunta: “O que eu
ganho chafurdando lamas fétidas?
2.5.
Mantendo a amabilidade o respeito Não fira aqueles a quem você ama, nem
fisicamente, nem moralmente. Xingamentos e ofensas não cabem em relacionamentos
que tem por base o amor.
2.6.
Não abandonem a discussão, sem antes resolver o problema
Não deixe o sol se pôr sobre sua ira. Ef.
4.26
Não deixe pendências em seu coração
2.7.
Não envolvam terceiros nos assuntos o casal.
Seja
maduro. Cuidado com a exposição indevida do outro.
Cuidado com a saúde emocional do casal pela
exposição. Não exponha seu cônjuge ao julgamento alheio.
Não jogue o outro contra a família dele ou
dela.
Procurem ajuda, se for necessário
2.8.
Façam as pazes Maturidade é reconhecer o conflito, lidar com ele, dialogar e
fazer as pazes. Conflito não é GUERRA, ele é AJUSTE, então, após o diálogo,
esteja aberto para melhorar pessoalmente, emocionalmente.
LPD n.º 50 –
Família Cristã: Proteção, Parceria e Amor 2.º Trimestre de 2017
PRINCÍPIO DA VIDA 6:
O PRINCÍPIO DE SEMEADURA E COLHEITA
Você
colhe o que você semeia, mais do que semeia, e depois que semeia.
“Hoje é pai do amanhã”.
O que hoje somos é o resultado do que
pensamos e da maneira como vivemos no passado. Aqueles que agem sabiamente hoje
terão sabedoria no futuro para tomar decisões sábias. O mesmo acontece quando
chegamos ao assunto das finanças. Aqueles que economizem com sabedoria hoje
terão abundância amanhã. Aqueles que gastam tudo o que têm hoje terão pouco ou
nada no futuro. É uma pessoa míope que pensa apenas no agora, fazendo o menor
possível, pois no dia do pagamento ele não terá como evitar a má qualidade e a
pequena quantidade de suas recompensas. A nação de Israel teve que aprender
isso de uma maneira muito pessoal. O seu desinteresse e o fracasso em fazer o
que Deus os instruiu a fazê-los muitas vezes os colocaram em uma posição em que
eles não teriam Suas bênçãos.
O Senhor dá princípios na Escritura para
servir de advertência e como encorajamento. Em Gálatas 6: 7, Sua Palavra
declara: "Não se engane, Deus não se zombou, pois o que quer que o homem
semeie, este também colherá".
Todo
fazendeiro entende o significado desse princípio: colhemos o que semeamos, mais
do que nós semeamos e depois que nós semeamos. Vejamos cada parte do princípio
para garantir que compreendamos suas implicações completas.
1. O princípio
aplica-se a todos, tanto cristãos como não-cristãos.
Este
princípio é irrevogável; Não há escapatória, nem para o crente, nem para o
incrédulo. É uma lei da vida.
Você
notou como Gálatas 6: 7 começa? Ele diz: "Não se engane, Deus não é
ridicularizado". Aqui está a raiz do estilo de vida descuidado e
indulgente de muitas pessoas. Eles são enganados. Eles não acreditam na
verdade, ou eles pensam que de alguma forma serão as exceções às leis de Deus.
Para
zombar de Deus é levantar o nariz dele, para espioná-lo - um pensamento tolo,
como 2 Coríntios 5:10 revela: "Todos devemos comparecer diante do tribunal
de Cristo, para que cada um possa ser recompensado Suas ações no corpo, de
acordo com o que ele fez, seja bom ou ruim ".
Se
você fosse obrigado a comparecer perante o tribunal de Cristo nos próximos
cinco minutos, que tipo de culturas você teria que mostrar?
2. Nós
colhemos o que nós semeamos.
O fato de colher o que semeamos é uma boa
notícia para aqueles que semeiam bons hábitos, mas um pensamento assustador
para aqueles atualmente envolvidos em atividades impiedosas, como
promiscuidade, abuso de drogas e álcool, negligência de família ou maltrato de
outros para escalar A escada do sucesso. Não podemos semear o crabgrass (capim colchão, relva selvagem , oriunda dos
EUA) e esperar colher abacaxis. Não podemos semear a desobediência a Deus e
esperamos colher Sua benção. O que semeamos, colhamos. Não nos enganemos: nós
colheremos a colheita de nossas vidas.
3. Nós
colhemos mais do que nós semeamos .
Por
que os agricultores plantam suas sementes? Porque esperam colher muito mais do
que semeiam. Uma única semente que brota pode produzir dezenas, pontuações,
mesmo centenas de sementes. É da mesma maneira com o pecado e a justiça - uma
pequena decisão de fazer bom ou mal colhe uma colheita muito maior, tanto para
a alegria como para a tristeza.
Jesus
usou a imagem de uma semente brotante para mostrar que quando permitimos que a
Palavra de Deus produza coisas boas em nós, os resultados se multiplicam:
"Aquele sobre quem a semente foi semeada no bom solo, este é o homem que
ouve a palavra e entende isto; Que de fato dá frutos e produz, cem vezes mais,
uns sessenta e uns trinta "(Mt 13:23). Do outro lado do livro, o profeta
Oséias descreve o que aguarda aqueles que escolhem semear sementes de maldade:
"Semeiam o vento e colhem o redemoinho" (Êxodo 8: 7).
4. Nós
colheremos depois do que semeamos .
Alguns
são enganados porque a sua semente presente não parece produzir uma colheita
imediata. Então eles continuam em seu curso, acreditando erroneamente que nunca
haverá uma colheita. Mas, ao contrário das culturas do campo, que são colhidas
aproximadamente na mesma época a cada ano, não há um cronograma regular para a
colheita da vida. Algumas colheitas que colhemos rapidamente; Outros demoram
muito tempo. Mas não se engane, sua temporada virá. E, indo na segunda milha
agora e dando mais do que é necessário, obteremos dividendos ricos mais tarde.
"Para o que quer que um homem semeia,
isso ele também colherá". Que pensamento reconfortante e seguro para
aqueles que trabalham fielmente em circunstâncias difíceis. A fidelidade em
tais situações produzirá uma colheita rica no futuro, pois nosso Pai celestial
sempre cumpre suas promessas.
Adaptado da Bíblia de Princípios de Vida
Charles F. Stanley , © 2009.
O
IMPACTO DA TECNOLOGIA NAS FAMÍLIAS
Tecnologia
e Família, duelo de gigantes na sociedade contemporânea. Na sociedade dita como
moderna, os relacionamentos estão sendo através de um click, raras são as
conversas olho no olho, abraços, carinhos. Palavras são frases, palavras são
abreviações, pontuação quase não existe, decadência na educação. As pessoas
acham que esse click ajuda naquilo que hoje juram não ter: tempo, praticidade,
agilidade e conformismo fazem parte dessa corrida. As crianças estão crescendo
num mundo acelerado, onde tempo é ouro, e vivendo somente o agora.
O
diálogo entre pais e filhos está ficando para trás. A cena mais comum em um lar
é: na sala a TV ligada, os pais no sofá cada um mexendo em seu celular e os
filhos cada um em seu quarto também mexendo em seus aparelhos eletrônicos. E
por muitas vezes esse diálogo que deveria ser presencial está sendo digital
dentro do mesmo espaço
tecnologia pode atrapalhar o relacionamento familiar
Quem
diria que um aparelho tão pequeno, um objeto de valor mensurável, pudesse ser
tão idolatrado. As mãos vivem ocupadas. Na hora da refeição uma mão está para o
talher, assim como a outra mão está para o celular, como uma equação
matemática, onde a ordem dos fatores alteram a soma, diferentemente da adição.
A
tecnologia aproxima quem está longe e distancia quem está perto.
Sabe-se
que ela é uma excelente e importante ferramenta nos dias atuais, porém, não
sendo bem utilizada, pode trazer danos irreparáveis no que diz respeito ao
relacionamento familiar como um todo e também na educação escolar, sem tratar
dos diversos campos que ela pode alcançar.
A família com dependência da tecnologia sofre impactos no relacionamento
A desorganização familiar pode ser atingida em diversos campos, sejam eles
emocionais, sociais, financeiros, educacionais (escolar), bem como nas
atividades rotineiras, impedindo o funcionamento saudável da família no dia a
dia com risco de danos no futuro.
Expressar emoções, fazer amizades, exercícios físicos, brincadeiras
tradicionais como jogar bola, pega-pega, rouba bandeira, estão sendo
substituídas por atividades no mundo digital.
Notadamente a principal área atingida no relacionamento pais e filhos na era
digital tem sido o diálogo. Hoje a maioria dos pais passa a maior parte do dia
fora de casa; o trabalho os consome , chegam em casa estressados depois de um
dia cheio de cobranças profissionais, e quando tem tempo durante o dia
comunicam-se com seus filhos através de ligação pelo celular, ou o mais usado
Whatsapp.
Logo cedo as crianças são presenteadas com um aparelho tecnológico com a
justificativa que através desse objeto os pais terão mais controle sob a
criança por não poder estar perto dela.
“O
diálogo está morrendo, muitos só sabem falar de si mesmo quando estão diante de
um psiquiatra ou psicólogo. Pais e filhos não cruzam suas histórias, raramente
trocam experiências de vida A família moderna está se transformando em um grupo
de estranhos, todos ilhados em seu próprio mundo.”
Augusto
Cury – Necessidades do momento.
Com
as múltiplas tarefas, a internet permite e facilita a aceleração das
informações, porém o ser humano possui limites, e isso está se tornando uma
fonte de estresse.
A internet é uma das responsáveis pela mudança comportamental.
Estudos já chegaram à conclusão de que os dependentes tecnológicos possuem
alguns dos problemas abaixo:
Redução
da atenção, aumento de obesidade, perda de identidade e autoestima, diminuição
da empatia, aumento de estresse e depressão.
depressão pelo excesso de tecnologia
Porém a culpa não é da tecnologia, e sim de quem a utiliza e como o faz. É
necessário estabelecer limites, determinar a frequência de utilização, e ainda
observar o que a criança está fazendo na internet. Ser adulto é “chato”, ser
pai ou mãe e educar dá trabalho, mas é dever deles dizer “Não”, colocar
limites, orientar, proibir, e fazer com que as crianças entendam que bons pais
não são aqueles que permitem tudo.
Frustrar também faz parte da educação; a frustração permite o entendimento de
que a vida não é “um mar de rosas”, nem sempre tudo dará certo, nem sempre as
coisas saem como desejamos, o exagero do sim omite a realidade que nos cerca. A
mídia pode ser um mundo de fantasias, e depois que entrarmos nele pode ser
difícil sair.
Os
humanos estão se tornando cada dia mais individualistas e egocêntricos, querem
se satisfazer com menos esforço, têm menos capacidade de se colocar no lugar do
outro, não conseguem perceber e ler as emoções do outro, e ainda temos a
inversão de valores, onde o ter é mais importante do que o ser.
Jovens tecnologicamente dependentes estão preocupados com a aprovação da
sociedade, do grupo em que vivem, pois nesse mundo em que eles vivem, acham que
não estão sós. Por ser um acontecimento recente ainda não sabemos como serão os
futuros adultos, quais serão os efeitos da tecnologia sobre eles. Portanto não
podemos esperar sentados, é preciso agir antes que essa futura sociedade seja
invadida ainda mais por doenças emocionais.
(https://amenteemaravilhosa.com.br/impacto-da-tecnologia-nas-familias/)
FONTE : ESCOLA BEREANA – ADVEC SEDE
Título:
Semeando Paz
Definir
paz para o discípulo de Jesus evidentemente perpassa pela pessoa de Cristo,
visto que a paz é conquistada mediante a religação que Jesus promove entre o
cristão e o Pai.
A
certeza da vida reconciliada e a construção do relacionamento processual com
Deus promove um estado de paz, onde este estado é definido também pela atuação
do Espírito Santo operando com a Graça divina nos recônditos da alma e nos
contextos exteriores, gerando os frutos do Espírito (Gálatas 5.22-23).
Conceito de Paz na vida cristã
Numerosos versículos ratificam a importância
da paz a quem professa a fé em Cristo, como em Ef 2.11-22, 1Tm 2.5 e Tg 3.18.
Não obstante é importante ressaltar a utilização constante desse vocábulo pelo
próprio Jesus e pelos agentes envolvidos no Seu ministério como no Seu
nascimento em Lc 2.14, no envio dos discípulos para cumprirem o Ide e a paz
como premissa em suas orientações em Lc 10.5 e posteriormente na atuação da
Igreja Primitiva em At 9.31 reforçando a comunhão.
Ora, a
manifestação dos frutos e a vida cristã não ocorre no isolamento, ainda que
momentos reclusos sejam necessários na caminhada. Entretanto, a performance
cristã se constrói em nível de relacionamentos.
A vida
cristã é vida relacional: no trabalho, na escola, no clube, no teatro, na igreja
e na família. Onde a máxima pontuada por Jesus deve ecoar ininterruptamente no
íntimo a amar a Deus, estando reconciliado com Ele, e a amar os irmãos, vivendo
em paz uns com os outros.
Evidências como justiça, alegria e paz são as
marcas do crente cheio do Espírito, essas características fazem parte do nosso relacionamento
com o Reino de Deus, onde o solo no qual o Espírito Santo trabalha para
produzir o seu fruto é o da paz, pois o chamado cristão também é para a
formação de um indivíduo pacificador.
Desta
forma, age como um instrumento de reconciliação das outras pessoas com Deus, de
forma que elas também possam ter paz.
O
sacerdócio principal de cada crente no Evangelho é sua célula familiar, ou
seja, o cristão é responsável por manter essa atmosfera propícia à atuação do
Espírito Santo dentro de seu lar.
Cultura
de paz e mediação de conflitos
O
desenvolvimento das relações expõe diferenças e sempre que houver diferenças,
existirá conflitos.
A
maneira como se reage a eles é que determina o desenvolvimento de relações
saudáveis, pois os conflitos são oportunidades de aprender.
Valores
como confiança, cooperação, cuidado e empatia precisam se sobressair diante dos
conflitos, e isso é possível a partir da mudança cultural da violência para a
paz.
Como
ser formador de opinião com o diferente fora de sua casa, se, dentro do próprio
lar, ao observar como o cristão lida com os filhos e o cônjuge, deparam com uma
pessoa agressiva e intolerante?
Apesar
da soberania das Escrituras, há ferramentas seculares construídas a partir das
Ciências Humanas que são muito pertinentes a serem utilizadas nas relações
externas e também nas familiares, como: A Mediação de Conflitos, a Justiça
Restaurativa e a Comunicação Não Violenta.
Essas
ferramentas fazem parte do projeto de Cultura de Paz produzido pela Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde outubro
de 1999.
As ações da ONU perpassam por garantir os
direitos humanos combatendo a discriminação e a intolerância, bem como, a
exclusão social, a miséria e a destruição ambiental. Por meio da Resolução
53/243 de 6 de outubro de 1999 a Cultura de Paz foi instituída e a ferramenta
principal é o diálogo instaurado como solucionador de conflitos através do
entendimento e da cooperação mundial.
No dia 04 de fevereiro de 2019, em nova
Resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas para recordar a assinatura do
“Documento sobre a Fraternidade Humana em prol da Paz Mundial e da Convivência
Comum” foi determinado o 1º Dia Internacional da Fraternidade Humana. Agir de
forma fraternal é abrir-se ao diálogo, rompendo com a indiferença, onde as
relações são fundamentadas a partir do respeito mútuo e da compreensão de que a
diferença no outro não põe em risco as convicções individuais e que não há
espaço no mundo para aqueles que são indiferentes às diferenças e à conduta
dialética.
A fraternidade dentro e fora de casa é
símbolo do amor cristão e antídoto contra a violência, e agir em concordância
com a Palavra em todos os âmbitos é o ideal. Afinal, as palavras convencem, mas
o exemplo arrasta.
Nome do Autor: JULIANA DE JESUS CHINELL
FONTE: FABRICA DA E.B.D
LIÇÃO
12 – LANÇA O TEU PÃO SOBRE AS ÁGUAS
18
de dezembro de 2013
A
vida debaixo do sol tem de ser vivida.
INTRODUÇÃO
–
Na sequência do estudo do livro de Eclesiastes, estudaremos o capítulo 11
daquele livro sapiencial.
–
Neste capítulo, Salomão ensina-nos que a vida debaixo do sol tem de ser vivida,
não podemos ser passivos em nossa peregrinação terrena.
I
– UM CHAMADO À AÇÃO EM FAVOR DO PRÓXIMO
–
Temos visto, ao longo do estudo do livro de Eclesiastes, que é ele uma profunda
investigação feita por Salomão a respeito da vida debaixo do sol, uma pesquisa
com o propósito de se procurar o sentido da vida terrena (Ec.1:13,14), pesquisa
esta que, já em seu início, é dito que chega a uma conclusão, qual seja, a de
que a vida debaixo do sol é “vaidade e aflição de espírito”.
–
Verdade é que, como temos visto nestas lições do segundo bloco deste trimestre,
o pregador chegou a uma constatação, qual seja, a de que a vida debaixo do sol
nos remete a algo que fica “além do sol”, “acima do sol” e que dá sentido à
vida, faz com que deixe de ser “vaidade e aflição de espírito”.
–
Assim dissertando, pareceria que o pregador chegasse à conclusão de que
deveríamos nos conformar a esta existência terrena repleta de perplexidades,
tendo uma vida absolutamente passiva, inerte, simplesmente respeitando as
coisas sagradas, dedicando-nos a Deus, mas nos afastando de toda “vaidade e
aflição de espírito”, a fim de não sermos tomados pelo desânimo e pela
frustração.
–
Mas, ao iniciar o capítulo 11, Salomão mostra-nos que é exatamente o contrário
que se deve fazer. A vida debaixo do sol, em si mesma, não faz sentido, há uma
necessidade de nos voltarmos ao Criador para que esta vida tenha sentido, mas a
vida precisa ser vivida, ela precisa ser vivenciada, estamos aqui para agradar
a Deus e para mostrar a nós mesmos e aos que nos cercam que a vida tem, sim, um
sentido, desde que nos voltemos ao Senhor e, sob esta perspectiva, ajamos,
tomemos atitudes enquanto estivermos neste planeta.
–
Eis a razão pela qual o livro de Eclesiastes não deve ser considerado um livro
de desencanto existencial, um livro que nos convida à depressão ou à inação. O
pregador, mesmo tendo analisado profundamente a vida terrena e constatado que
ela, em si, não tem sentido, é “vaidade e aflição de espírito”, não diz que
devamos ficar inertes e alheios ao que se passa à nossa volta, ainda que não
tenhamos controle algum sobre o desenrolar dos acontecimentos, sobre o ciclo da
natureza.
–
O pregador, então, no início do capítulo 11 de seu livro, afirma a todos os
seus leitores: “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos dias o
acharás” (Ec.11:1).
–
Salomão já havia dito, ao descrever o ciclo da natureza, que “todos os ribeiros
vão para o mar e contudo o mar não se enche; para o lugar para onde os ribeiros
vão, para aí tornam eles a ir” (Ec.1:7). Assim, como tudo nesta vida debaixo do
sol, as águas vivem num ciclo, sempre retornando ao lugar de onde vieram.
–
Ora, se assim é o ciclo da natureza, se tudo retorna ao lugar de onde veio, por
que não haveria o homem de fazer o bem, de “lançar o teu pão sobre as águas”?
Fazendo isto, o homem, certamente, haverá de receber, num determinado momento,
o bem que fez, já que tudo vive num ciclo. Assim como o pão lançado nas águas
tornará como as águas onde foi lançado, de igual modo, o bem que o homem fizer,
também haverá de voltar para o benfeitor.
–
Este ciclo natural também revela haver um ciclo moral, um ciclo de justiça que
também é controlado pelo Criador, pelo Senhor de todas as coisas. O pregador já
dissera que tinha a convicção de que Deus julgará o justo e o ímpio, porque há
um tempo para todo o intento e toda a boa obra (Ec.3:17). Assim, não há motivo
algum para que o homem deixe de praticar o bem, mesmo vendo tanta maldade na
vida debaixo do sol.
–
Como ensina o comentarista bíblico Matthew Henry (1662-1714), “…Salomão tinha
frequentemente, neste livro [Eclesiastes, observação nossa] se dirigido com
insistência aos ricos para que desfrutassem das suas riquezas; aqui ele se lhes
dirigisse para que fizessem bem aos outros e que fossem abundantes em
liberalidade para com os pobres, o que lhes resultaria em abundância um outro
dia…” (Comentário a Ec.11:1. Disponível em:
http://www.biblestudytools.com/commentaries/matthew-henry-complete/ecclesiastes/11.html
Acesso em 30 out. 2013) (tradução nossa de texto original em inglês).
–
Temos aqui uma determinação do pregador para que o pão fosse “lançado”, fosse
“jogado” “sobre ás águas”, ou seja, de forma indiscriminada, o que nos lembra o
conhecido dito popular segundo o qual “deve-se fazer o bem sem olhar a quem”.
Matthew Henry equipara esta expressão, seguindo alguns estudiosos, à expressão
de “sair a semear”, que encontramos na parábola do semeador, dita por Nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo, onde se diz que o “semeador saiu a semear”
(Mt.13:3; Mc.4:3; Lc.8:5).
–
O semeador da parábola de Cristo saiu semeando sem olhar para onde semeava,
tendo, por isso mesmo, atingido diversos tipos de terreno (a beira do caminho,
o terreno pedregoso, o terreno com espinhos, a boa terra), mas cumpriu o seu
dever, que era o de semear. Sem semeadura, não haverá colheita e, por isso, se
deve semear indiscriminadamente, a fim de que se possa ter o que colher no
futuro.
–
Aqui, também, o pão deve ser lançado sobre as águas, sabendo-se que, num
determinado momento, este pão há de tornar para aquele que o lançou, não se
preocupando em saber onde ele foi lançado. O dever é lançar, a fim de que se
possa ter, algum dia, o retorno.
–
Estamos, portanto, a falar, nesta determinação de ação por parte do pregador,
de filantropia, de fazer o bem ao próximo, de “caridade” e, para o pregador,
“…caridade não é algo a ser praticado apenas com pessoas conhecidas. Salomão
afirma que todo ato de caridade, de alguma forma, acaba trazendo uma
recompensa…” (Torá – a lei de Moisés. Trad. de Meir Matzliah Melamed. com.
Ec.11, p.683).
–
Notamos que o pregador mostra, claramente, que os homens não podem viver
solitários nesta vida debaixo do sol, que devem conviver e se ajudar
mutuamente, pois estão peregrinando para algo “além do sol”, e, por isso mesmo,
devem se submeter a este ciclo tanto natural quanto moral.
– O pregador manda que se “reparta com sete e ainda até com oito, porque não
sabes que mal haverá sobre a terra” (Ec.11:2). O pregador já havia demonstrado
que as riquezas são instáveis e, por isso mesmo, não se deve confiar nelas,
gesto este que representará um afastamento de Deus e um perigo constante para
que elas se percam, pois esta é uma das diferenças entre o justo e o ímpio
(Ec.5:11-17).
–
Se as riquezas são instáveis, se não se pode confiar nelas, o que se deve fazer
é reparti-las com todas as pessoas a fim de que, diante de uma perda, não se
tenha qualquer proveito, pois somente aquele bem que fizermos, no repartir,
poderá nos tornar como recompensa, se o mal nos sobrevier.
– Quando se reparte com o próximo, isto é como que introduzido no ciclo moral
da vida debaixo do sol e, por isso mesmo, este bem há de retornar para o
benfeitor. Quando há retenção, e as riquezas forem perdidas por alguma “má
aventura”, teremos simplesmente a perda e, como não se praticou o bem, não se terá
o que retornar para aquele que detinha as riquezas.
–
É importante observar que o pregador, ao estabelecer este paralelo entre o
ciclo natural das águas e o ciclo moral, mostra-nos que a justiça divina começa
a ser praticada ainda neste mundo, ainda na vida debaixo do sol, embora, aos
olhos incautos do ser humano, pareça que, neste mundo, reine a maldade e que
Deus não detenha qualquer controle sobre ele. Salomão mostra-nos que bem o
contrário disto, que Deus está no controle de tudo e que, assim como o homem
não pode modificar o curso da natureza, também não pode impedir que se produza
a “lei da semeadura”.
–
O apóstolo Paulo é bem explícito ao afirmar que Deus não Se deixa escarnecer e
o que o homem semear, isto também ceifará (Gl.6:7). Tudo quanto Deus faz durará
eternamente, nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar e isto faz
Deus para que haja temor diante d’Ele (Ec.3:14). Destarte, há um momento, um
tempo em que o “pão retorna junto com as águas”, e, neste momento, seja aqui,
ainda, na vida debaixo do sol, seja na eternidade, haverá o devido pago pelo
que se fez e pelo que não se fez.
–
O pregador diz que isto se dará “depois de muitos dias”. Como afirma Matthew
Henry, “…o retorno pode ser lento, mas é certo e será o mais abundante. O trigo,
o grão mais valioso, demora a frutificar no campo. As longas viagens são as que
trazem maior retorno…” (ibid.). Pode ser que o retorno de todo o bem realizado
venha a ocorrer tão somente no mundo-além, na eternidade, como, aliás, ocorreu
com Lázaro, na história contada pelo Senhor Jesus (Lc.16:19-31). Mas não
importa, o que devemos fazer é sermos fiéis ao mandamento do Senhor e fazermos
o bem, pois é nisto que demonstraremos, inclusive, a nossa justiça, a nossa
condição de discípulos de Cristo, de salvos (Jo.13:35).
–
Salomão já nos mostra que o verdadeiro justo, aquele que teme a Deus, é alguém
que pratica o bem, que reparte as suas riquezas com os outros, que “faz o bem
sem olhar a quem”. Este repartir, inclusive, parte de uma premissa, qual seja,
a de que o mal pode vir sobre a terra e, portanto, é importante fazermos o bem
quando ainda podemos fazê-lo, pois não sabemos se, no futuro, estaremos
privados de realizá-lo.
–
Já vimos em lição anterior que um dos deveres do homem para com Deus é o dever
do serviço, o de que fazer o que está em nossas mãos fazê-lo antes que isso se
torne impossível (Ec.9:10), de sorte que o pregador, aqui, reitera este
pensamento, a fim de que façamos o bem enquanto há possibilidade de fazê-lo,
pois pode chegar o momento em que o mal chegue e isto se torne impossível para
nós.
–
Salomão mostra, com absoluta clareza, que a abundância não é um convite à
retenção, mas, sim, à repartição. Quando o Senhor nos abençoa, devemos repartir
com os demais aquilo que recebemos e este princípio não abrange tão somente os
bens materiais, mas, sobretudo, as bênçãos espirituais que tenhamos alcançado
do Senhor.
–
Somente quando repartimos o que temos, isto que temos tem o seu devido
proveito, é posto no “ciclo moral” do mundo e traz recompensa, traz proveito,
traz fruto. O que não for repartido será simplesmente perdido, não terá valor
algum, nem mesmo para aquele que o recebeu, o adquiriu e não repartiu. Porventura,
não foi isto que aconteceu com o tolo Nabal, que, por não ter repartido com
Davi um pouco do que tinha, tudo perdeu por uma ação divina (cf. I
Sm.25:10-42)?
–
Eis um dos motivos pelos quais os judeus entendem que a “caridade” seja uma
manifestação da justiça, tanto que a palavra hebraica “tzedakah” signifique
literalmente “virtude”. “…O Talmude descreve uma discussão — não se sabe
se real ou apócrifa — entre o rabi Akiva e Turnus (Tineius) Rufus, governador
da Judeia. O romano perguntou a rabi Akiva: ‘Se o seu Deus ama os pobres como
diz o senhor, por que então não os sustenta?’ Uma pergunta cabível, na verdade!
Rabi Akiva respondeu que se Deus deixava o cuidado dos pobres à benevolência
dos próprios judeus era propositadamente ‘ para que possamos ser salvos, por
esses méritos, do castigo do Gehinom (…)’. Em que se baseava o rabino para
inferir essa intenção de Deus? Akiva citou a passagem: ‘Não deverá repartir teu
pão com o faminto, e recolher os pobres desabrigados em tua casa? E se vires o
nu o cobrires, e não te esconderes dos teus semelhantes? (Is.58:7)…” (AUSUBEL,
Nathan. Caridade. In: A JUDAICA, v.5, pp.113-4).
–
Prossegue Nathan Ausubel, “…no próprio sentido do equivalente hebraico da
caridade —tzedakah — pode ser encontrado um índice de como os judeus encaram o
dar e o receber. Se bem que a palavra signifique, na verdade, ‘virtude’, também
tem uma certa conotação de ‘justiça’. Em outras palavras, aquilo que é dado aos
pobres e por eles aceito, pertence-lhes por direito moral! Por direito? Esta é
a maneira ela qual os antigos rabinos tentavam explicá-lo: Se a pobre existia,
era principalmente a sociedade que deveria ser responsabilizada, uma vez que
permitia a opressão dos pobres e fracos. Esta situação era tida como uma
violação da lei natural, e a prática difundida da benevolência servia,
meramente, como forma de expiação e aprimoramento. Quando o salmista cantava:
‘A terra é do Senhor e tudo o que nela se encontra’, o princípio daquele
direito estava claramente indicado. O mesmo princípio adquiriu força de lei no
texto das Escrituras: ‘Minha é a prata e Meu é o ouro, disse o Senhor das
Hostes.’
E,
obviamente, uma vez que Deus havia dado a terra com ‘todas as suas riquezas’ —
a prata e o ouro — somente aos ricos e poderosos, os Sábios deduziram daí que
Deus tinha uma dívida material para com os pobres que tinham sido deixados de
mãos vazias. Por consequência, fazer com que essa dívida fosse paga aos pobres
pelos ricos constituía um ato de ‘justiça’ e, portanto, de ‘virtude’. Além
disso, acreditavam que quando Deus havia dado riqueza aos abastados, não as
havia entregue em caráter definitivo, nem como recompensa por suas ações ou por
qualquer mérito especial. Era somente para que a retivessem em custódia para os
pobres! Os ricos seriam, assim,a meros agentes fiscais de Deus, por assim
dizer, em favor dos pobres! Estender a tzedakah aos pobres ‘com todo o coração’
tinha, portanto, a significação intrínseca de um ato de ‘virtude’. Daí ter-se
desenvolvido o axioma que, se os ricos fossem realmente honestos e tementes a
Deus, distribuiriam prazerosamente a riqueza que retinham em custódia de Deus,
entre os inúmeros credores de Deus — os pobres, os doentes, os desamparados, os
necessitados etc.…” (ibid.) (itálicos originais).
–
Dentro desta explicação rabínica é que entendemos o espírito do pensamento do
próprio Salomão, de onde, aliás, advém esta explicação talmúdica. Quando há
repartição das benesses, há proveito, há a introdução de nossa participação na
ordem estatuída por Deus, fazemos parte de Seu propósito, de Sua ordenação,
passamos a ser, realmente, Seus “filhos”, aqueles que atendem ao Seu chamado,
aprendem com Ele e põem em ação o que aprenderam.
–
Como ensina Hugo de São Vítor (1096-1141), um pedagogo cristão da Idade Média,
o aprendizado somente se dá quanto se põe em prática aquilo que se aprendeu,
pois a ação é o penúltimo estágio da edificação do aprendizado. Diz ele: “…Há
quatro coisas nas quais se exerce a vida dos santos, que são como degraus pelos
quais se elevam à futura perfeição. São estes:o estudo, ou doutrina; a
meditação; a oração; a ação. Há ainda uma quinta que se segue destas, que é a
contemplação, que é, de certo modo, o fruto destas quatro primeiras. Na
contemplação temos antecipadamente já nesta vida a futura recompensa das boas obras.
Foi por isto que o salmista, falando dos preceitos de Deus e recomendando-os,
logo em seguida acrescentou: ‘Grande é a recompensa para os que os observarem’
[Sl.19:15, observação nossa]…” (Didascaliom, L.V, c.9 apud Notas sobre a
pedagogia de Hugo de São Vitor. Disponível em:
http://www.cristianismo.org.br/pedggvit.htm Acesso em 30 out. 2013).
–
Se aprendemos com Deus, se somos “bons diante d’Ele” (Ec.2:26), se somos
“sábios”, pois temos visto, ao longo deste trimestre, que é sábio aquele que
aprende com Deus, que Lhe dá ouvidos, não há como se deixar de praticar boas
obras nesta vida debaixo do sol, não há como se deixar de demonstrar o amor ao
próximo e é precisamente por este motivo que Jesus indica que o sinal que prova
alguém ser Seu discípulo, Seu aprendiz, o de manifestar o amor ao próximo, o
amor de uns aos outros.
–
Por isso mesmo, ainda no Talmude, vermos que o já mencionado Rabi Akiva
(40-137), que foi o responsável pela redução a escrito da tradição dos anciãos,
ter dito que os homens são chamados de “filhos” por Deus quando atendem aos
Seus desejos e cita como exemplo disso aqueles que fazem bem aos pobres,
precisamente porque, quando isto sucede, não são cobrados pelos publicanos.
OBS:
Eis o trecho do Talmude: ‘…Ele [Rabi Akiva, observação nossa] lhe disse: ‘Vocês
são chamados tanto filhos quanto servos. Quando vocês executam os desejos do
Onipresente, são chamados ‘filhos’ e quando não executam os desejos do
Onipresente, ‘servos’. Atualmente, vocês não estão executando os desejos do
Onipresente. Rabi Akiva respondeu: ‘As Escrituras dizem: ‘Não é para
distribuíres o teu pão aos famintos e trazer os pobres para bani-los de tua
casa. Quando ‘trazes os pobres que são banidos de tua casa’? Agora; e se diz
[ao mesmo tempo], não é para distribuir teu pão aos famintos/”… (Baba Bathra
10a).
–
Se somos “filhos” do Senhor, se atendemos aos Seus desejos, então repartimos
com os necessitados aquilo que recebemos, seja de ordem material, seja de ordem
espiritual. Hugo de São Vítor diz que o objetivo de quem aprende tem de ser
ensinar e que o Senhor Jesus prometeu estar com aqueles que levassem a cabo o
ensino de tudo quanto tinham aprendido d’Ele (Mt.28:19,20).
–
Por isso, se aprendemos com Deus, temos de repartir com os demais o que
aprendemos e não é por outro motivo que o pregador traz a imagem das nuvens que
existem para que se encham e, depois, derramem a chuva sobre a terra (Ec.11:3),
ou seja, as nuvens foram feitas para se encher de água e, depois, derramá-la,
são meros instrumentos neste “ciclo natural das águas”.
–
Os “filhos de Deus”, de igual modo, também são passam de instrumentos nas mãos
de Deus para que se faça o “ciclo moral”, o “ciclo da virtude”, o “ciclo da
justiça”, enchendo-se das benesses do Senhor para depois distribuí-la em favor
dos outros, para a glorificação do nome do Senhor.
–
Não foi isto que fez Davi, o “homem segundo o coração de Deus” (I Sm.13:14) ?
Demonstrando ser realmente um “filho”, tomou todo o seu tesouro particular e o
entregou ao Senhor para que fosse construído o templo, reconhecendo que havia
recebido tudo de Deus, que tudo a Deus pertencia e que, por isso mesmo, o
entregava novamente ao Senhor, sendo, neste gesto, seguido por todo o povo, o
que, certamente, serviu de exemplo e aprendizado para o jovem Salomão, que estava
para iniciar o seu governo (I Cr.29:10-18).
–
Somos como as nuvens, estamos aqui nesta vida debaixo do sol para nos encher,
mas, uma vez cheios, devemos derramar a chuva sobre a terra. Somos abençoados
pelo Senhor com o único propósito de nós mesmos nos tornarmos uma bênção. Foi
isto que Deus prometeu a Abrão (Gn.12:2) e esta bênção que Deus deu ao
patriarca chega até nós na pessoa de Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo
(Gl.3:14).
–
Ser um homem “bom diante de Deus” neste mundo, ter a visão de que a vida
debaixo do sol é somente “vaidade e aflição de espírito” não nos faz, portanto,
em absoluto, pessoas “alienadas” deste mundo, voltadas para si mesmas, sem
qualquer preocupação com o bem do próximo, com a melhoria das condições da vida
terrena. Muito pelo contrário, o verdadeiro e genuíno servo de Deus, aquele que
é Seu “filho” é sempre alguém comprometido com o bem-estar do outro, com o bem
do próximo, com a justiça social, com o bem do outro.
–
Este bem, entretanto, ao contrário do que defende o socialismo, o marxismo ou
suas variantes, não é feito mediante a tomada de quem tem para favorecer quem
não tem, mas, antes, pela nossa própria entrega, pelo nosso próprio dar-se em
favor do outro. A nuvem não toma a água de alguém e derrama sobre a terra, mas
se esvazia para que a terra seja derramada. Cabe a cada um de nós fazer o bem,
não deixar isto a cargo de outros, como o Estado, por exemplo.
OBS:
“…Ainda há homens e mulheres de verdade, capazes de agir por si próprios, sem
intermediário estatal, orgulhosos de sua liberdade. Eles sabem que a liberdade
efetiva não tem nada a ver com ‘direitos’ outorgados pela burocracia
espertalhona. Sabem que a liberdade vem do coração e depende de símbolos
inspiradores profundamente arraigados na cultura dos milênios. Quando são
abordados por um pobre na rua, sabem que não estão diante de um problema
administrativo. Não correm para esconder-se sob as saias da burocracia. Encaram
o pobre como um igual temporariamente caído, merecedor de tanto carinho e
atenção quanto eles próprios o seriam em circunstâncias análogas. Não hesitam
em estender algum dinheiro ao infeliz, em conversar com ele, às vezes em
assumir responsabilidade pessoal por tirá-lo da sua condição infame, dando-lhe
trabalho, um abrigo, um conselho.
A
sociedade já se condenou a si mesma quando virou o rosto aos pedintes, sonhando
em transformá-los numa equação administrativa. Só homens e mulheres de
verdade podem salvá-la da derradeira abjeção.…” (CARVALHO, Olavo de. Aprendendo
com o dr. Johnson. In: BRASIL, Felipe Moura (org.). O mínimo que você precisa
saber para não ser um idiota. 3.ed., pp.83-4).
–
De outro lado, o pregador dá a ilustração da árvore que, em caindo, ou seja,
deixando de ficar presa à terra e, consequentemente, deixando de dar fruto, “no
lugar em que cair, ficará” (Ec.11:3). Ora, se não distribuirmos aquilo que
recebermos, seremos como a árvore caída, que não mais frutifica, que não se
desenvolverá e apenas apodrecerá no lugar em que caiu.
–
Não distribuir o bem que recebemos da parte de Deus para os outros é, portanto,
morrer espiritualmente, deixar de dar fruto e o Senhor Jesus nos deixou bem
claro que, quando isto sucede, somos cortados da videira verdadeira e lançados
no fogo (Jo.15:2,4,6). Não distribuir o que se recebe é não estar em Cristo e,
por isso mesmo, cedo ou tarde, este impostor será lançado fora, para que seja
queimado juntamente com os ímpios. Qual é a nossa situação, amados irmãos?
II
– UM CHAMADO À AÇÃO AO LONGO DOS ANOS
–
Mas o pregador não se limita a mostrar a necessidade de fazermos o bem ao
próximo, de sermos generosos, de repartirmos aquilo que temos recebido da parte
do Senhor. Salomão, também, mostra que devemos ser ativos, operosos, que temos
de trabalhar enquanto estivermos nesta vida debaixo do sol.
–
Na sua reflexão, o pregador já havia dito que o trabalho é um fator que nos dá
sentido à vida, na medida em que nos serve de sinal, de indicador de que existe
algo além do sol, de que existe um Criador que dá sentido à vida. O trabalho
leva-nos ao desfrute legítimo daquilo que produzimos, sendo esta dádiva algo
que provém da mão de Deus (Ec.2:24-26).
–
Por isso mesmo, embora o trabalho, em si, seja algo desprovido de sentido,
“vaidade e aflição de espírito” (Ec.2:26), o fato é que poder gozar daquilo que
se trabalhou é uma bênção divina, que desfrutam aqueles que Lhe são tementes
(Ec.5:16-20).
–
Agora, o pregador conclama a todos que sejam ativos nesta vida terrena, que não
cessem de trabalhar, ainda que se saiba que tudo aqui é passageiro e que,
muitas vezes, o fruto do trabalho fica para outrem que não se sabe se será
sábio ou tolo. Salomão exorta seu leitor a que semeie, não olhando para o vento
nem tampouco para as nuvens (Ec.11:4).
–
“Pela manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão, porque tu
não sabes qual prosperará; se esta, se aquela, ou se ambas igualmente serão
boas” (Ec.11:5). O fato de o homem não ter controle sobre a ordem natural das
coisas não o dispensa de que deve fazer a sua parte, que é a semeadura, que é o
trabalho.
–
Conforme vimos na lição 3 deste trimestre, quando estudamos sobre o trabalho, o
trabalho foi imposto ao homem por Deus como um fator que o assemelha ao
Criador, algo que o dignifica. Por isso, o pregador diz que o homem deve
trabalhar, independentemente de saber se seu esforço terá, ou não, um
resultado, pois o próprio ato do trabalho, em si, é algo que alegra o Senhor,
que faz com que o homem seja agradável a Deus.
–
Neste ponto, o pregador volta a nos mostrar que o tempo é outro fator que não
nos compete determinar ou fazer, mas, tão somente, que nos leva a confiar em
Deus e de procurar, junto a Ele, cumprir o Seu propósito. “Quem observa o
vento, nunca semeará e o que olha para as nuvens, nunca segará” (Ec.11:4). Não
cabe a nós querer prever quando haverá bom tempo para o plantio, se irá ou não
ter resultado o ato da nossa semeadura. Cabe a nós semear, deixando estas
questões para quem de direito, ou seja, para o Criador.
–
O homem “bom diante de Deus” é aquele que faz aquilo que está ao seu alcance,
que põe a sua fé em ação, andando por fé e não por vista (II Co.5:7), fazendo
aquilo que está ao seu alcance fazer, deixando que Deus faça a Sua parte no
momento oportuno, que outro não é senão “o tempo de Deus”.
–
Assim, não cabe ao homem indagar se deve fazer o bem, ou não, se este é o
momento propício, ou não, mas, simplesmente, deve fazê-lo, se está ao seu
alcance fazê-lo, porquanto, se ficar a perquirir se deve fazê-lo, ou não,
estará como aquele que vê o vento ou as nuvens e que, depois que eles se vão,
simplesmente nada fez.
–
Vivemos dias em que o homem quer, a todo custo, saber prever o que vai
acontecer, ter a máxima segurança de suas ações e atitudes e, no mais das
vezes, diante de alguma incerteza, deixa de fazê-lo, retendo aquilo que está em
suas mãos por medo, por receio, por “segurança”. Este gesto não pode ser
imitado pelos que servem ao Senhor, pois estes não podem se mover pelo que
veem, mas têm de confiar em Deus e em Suas promessas, agindo de forma a
agradar-Lhe, ainda que se saiba que há sempre uma incerteza nesta ou naquela
atitude a se tomar.
–
Não se está aqui defendendo a insensatez, o agir sem pensar, pois o andar por
fé não se confunde, em absoluto, com o agir irrefletido que, como temos visto
ao longo deste trimestre, é um agir típico de quem não serve a Deus. Temos o
Espírito Santo em nós, devotamos ao Senhor um culto racional, de sorte que
somos caracterizados pela prudência, pela cautela, prudência e cautela, entretanto,
que não se confundem com um inércia enquanto não tivermos o “pleno domínio da
situação”, algo que jamais teremos, pois somos criaturas e não o Criador, o
único que conhece todas as coisas, que tem “pleno domínio do fato”.
–
O homem deve ter ciência de que seu conhecimento é limitado e que, dentro desta
limitação, deve agir em plena consonância com a vontade de Deus, confiando no
Senhor, sabendo que Deus está no controle de todas as coisas e que tudo
contribuirá para o bem daqueles que amam a Deus e são chamados pelo Seu decreto
(Rm.8:28).
–
Diz o sábio Salomão, do alto de sua sabedoria que nunca foi atingida por
qualquer ser humano, com a exceção de Cristo, que “assim como tu não sabes qual
o caminho do vento nem como se formam os ossos no ventre da que está grávida,
assim também não sabes as obras de Deus, que faz todas as coisas” (Ec.11:5).
–
O segredo do sábio, do prudente nesta vida debaixo do sol é ter consciência de
que “sabemos que nada sabemos”. Devemos assumir a nossa real posição nesta vida
debaixo do sol e agirmos dentro desta postura de que somos servos do Senhor,
meros homens (Sl.9:20) e que não nos cabe “mudar o mundo”, mas viver neste
mundo agradando a Deus.
–
Devemos, então, trabalhar, fazer aquilo que temos de fazer, não nos importando
se a semente que semearmos irá frutificar ou não. Este ensino do pregador, como
já dissemos, foi retomado pelo Senhor Jesus, sendo uma lição a seguirmos no
tocante à pregação do Evangelho.
–
Nos dias difíceis em que vivemos, muitos já estão a “observar o vento” e a
“olhar para as nuvens” em termos de evangelização. Elaboram projetos, planos,
métodos de crescimento de igreja, mas nada fazem em prol do reino de Deus.
Outros, por sua vez, discutem qual será o “retorno estimado” da evangelização
ali ou acolá (e, muitas das vezes, este “retorno” é visto sob o prisma
exclusivamente econômico-financeiro) e, por isso mesmo, deixam de realizar a
obra de Deus. Que Deus nos guarde destas atitudes, pois a ordem divina é “pela
manhã, semeia a tua semente e, à tarde, não retires a tua mão”!
–
O apóstolo Paulo, um grande trabalhador do Evangelho, bem entendeu este ensino
de Salomão e disse, com convicção, que devemos ser firmes e constantes, sempre
abundantes na obra do Senhor, sabendo que o vosso trabalho não é vão no Senhor
(I Co.15:58).
–
Matthew Henry, ao comentar sobre este trecho do Eclesiastes, afirmou que “…isto
é aplicável à caridade espiritual, nossos esforços piedosos pelo bem das almas
dos outros; vamos continuá-los, pois, embora tenhamos trabalhado muito tempo em
vão, podemos, finalmente, ver o seu sucesso. Que os ministros, nos dias de sua
semeadura, semeiem tanto de manhã quanto de tarde, pois quem pode dizer qual
prosperará?…” (ibid.) (tradução nossa de texto original em inglês). Era este o
mesmo sentimento do pastor Paulo Leivas Macalão externado no hino 149 da Harpa
Cristã: “Quando há um temporal e a pesca corre mal, novamente no meu barco vou
pescar! Pode ser que desta vez, eu não tenha mais revés, pois Jesus eu levo
para m’ensinar” (quinta estrofe). Temos procedido deste modo?
–
O comentarista interpreta esta passagem, reportando-se ao escritor Derek
Kinder, levando em conta o tempo. Entende que a nuvem e o vento falam do
presente, enquanto que a árvore caída retrataria o passado. Desta forma, como o
passado é imóvel, não podemos nos prender a ele, mas, no presente, no momento
em que vivermos, temos de agir, fazendo o que nos está posto às mãos, pois, só
deste modo, aproveitaremos a oportunidade que se nos dá nesta vida passageira e
tão instável como é a vida debaixo do sol.
–
Não deixa de ser uma leitura possível, que também nos mostra a importância do
trabalho e da ação no momento, instante em que estamos a viver, pouco nos
importando o que se sucederá daqui para a frente, qual será o futuro,
porquanto, em vivendo assim, estaremos demonstrando nossa confiança em Deus,
que quer que o nosso futuro seja de paz, pois os pensamentos do Senhor são
pensamentos de paz e não de mal, para nos dar o fim que esperamos (Jr.29:11).
–
Por isso, o Senhor Jesus nos ensina que o Seu discípulo, ao buscar
primeiramente o reino de Deus e a sua justiça, age no presente sem se preocupar
com ansiedade com relação ao futuro, visto que sabe que basta a cada dia o seu
mal (Mt.6:33,34).
–
Quem se inquieta por causa do futuro ou fica preso ao passado, deixa passar o
presente como aquele que observa o vento ou olha para as nuvens, nada fazendo
neste instante, que é o único que existe na realidade. A vida debaixo do sol
tem de ser vivida aqui e agora, pois é este o momento em que podemos agir. O
que passou, passou, não pode mais ser alterado, como a árvore caída que não sai
do lugar onde caiu; o futuro ainda não chegou, de forma que nada poderemos
fazer para alterá-lo ou construí-lo. Resta-nos, tão somente, viver o presente,
de forma agradável a Deus, semeando o que poderemos segar quando o futuro
chegar.
–
Quando vivemos o presente, demonstramos nossa fé em Deus, porquanto passamos a
vida debaixo do sol de forma alegre e confiante, sem nos inquietarmos por causa
do futuro. Vivemos dia a dia com o Senhor, fazendo o bem aos outros, repetindo,
deste modo, o próprio viver de Cristo sobre a face da Terra (At.10:38).
Seguimos o conselho do salmista, entregando o nosso caminho ao Senhor,
confiando n’Ele e esperando que Ele tudo faça (Sl.37:5), pois, em fazendo o
bem, habitaremos nesta terra confiados n’Ele e sendo verdadeiramente alimentado
por Ele (Sl.37:3). Aleluia!
III
– ADVERTÊNCIA SOBRE A LONGEVIDADE
–
Ao término deste capítulo, o pregador, já se encaminhando para o término de seu
sermão, tendo mostrado que fazer o bem é essencial nesta vida debaixo do sol,
conclui este seu ensino dizendo que “verdadeiramente suave é a luz e agradável
é aos olhos ver o sol” (Ec.11:7).
–
Quando o pregador nos fala em uma vida na luz, impossível não deixarmos de recorrer
ao apóstolo João que sempre identifica o andar com Cristo com o andar na luz.
No seu evangelho, João faz questão de dizer que Jesus é a luz dos homens
9Jo.1:4), a “luz verdadeira que alumia todo o homem que vem ao mundo” (Jo.1:9).
Fez questão de dizer que o próprio Jesus Se identificou como “a luz do mundo”
(Jo.8:12; 9:5). Assim, quem segue a Cristo terá a luz da vida.
–
Na sua primeira epístola, João retoma este mesmo pensamento, ao afirmar que
“…Deus é luz e não há n’Ele trevas nenhumas. Se dissermos que temos comunhão
com Ele e andarmos em trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Mas, se
andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros, e o
sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado” (I Jo.1:5-7).
–
No Evangelho, ainda, João afirma que “a condenação é esta: que a luz veio ao
mundo, e os homem amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram
más. Porque todo aquele que faz o mal aborrece a luz e não vem pra a luz, para
que as suas obras não sejam reprovadas.Mas quem pratica a verdade vem para a
luz, a fim de que as suas oras sejam manifestas, porque são feitas em Deus”
(Jo.3:19-21).
–
Ora, se assim é, quando o pregador nos mostra que “verdadeiramente suave é a
luz e agradável aos olhos ver o sol” (Ec.11:7), está a nos mostrar que a vida
debaixo do sol somente tem sentido quando estamos andando na luz, ou seja,
quando estamos em comunhão com Cristo, quando praticamos a verdade, quando nos
deixamos purificar pelo sangue de Cristo e passamos a viver em comunhão com Ele
e com a Sua Igreja.
–
A vida debaixo do sol tem de ser vivida, vivenciada, mas a vida só é vivida
quando nos pomos a trabalhar, no momento presente, devidamente em comunhão com
o Senhor Jesus, tendo o Espírito Santo e, assim, fazendo bem e curando a todos
os oprimidos do diabo (At.10:38). Somente quando entramos no corpo de Cristo,
passamos a pertencer à Sua Igreja, podemos, de forma cabal, dar sentido à vida
terrena e vivê-la de forma agradável e prazerosa.
–
“Não Me escolhestes vós a Mim, mas Eu vos escolhi a vós, e vos nomeei, para que
vades e deis fruto, e o vosso fruto permaneça; a fim de que tudo quanto em Meu
nome pedirdes ao Pai, Ele vo-lo conceda” (Jo.15:16). Fomos chamados pelo Senhor
para produzir fruto, e o fruto somente será produzido se nós semearmos de manhã
a nossa semente e, à tarde, não retirarmos as nossas mãos, pouco importando
qual semente prosperará. Temos feito isto? Ou estamos a observar o vento e a
olhar para as nuvens, absolutamente inertes, não produzindo fruto e, por isso
mesmo, nos candidatando a sermos cortados da videira verdadeira? Pensemos
nisto!
–
O sentido da vida, portanto, está em agir segundo a vontade de Deus, segundo o
Seu propósito. Não está nem mesmo na longevidade, que é tida como uma bênção
divina, porquanto é uma promessa que se encontra nos dez mandamentos, mais
precisamente no que toca à honra ao pai e à mãe (Ex.20:12; Dt.5:16).
–
O pregador já havia dito que a longevidade, ou seja, uma grande quantidade de
dias, em si mesma nada representa, porquanto de nada adianta alguém viver cem
anos se não puder desfrutar do fruto do seu trabalho e não amealhar honra
diante dos semelhantes durante todo este tempo, pois, em assim sendo, uma vida
tão longa valeria menos do que a vida daquele que nunca chegou a nascer
(Ec.6:3-5).
–
Aqui, também, Salomão, que já se encontrava em idade bem avançada, mostra que a
vida longa, em si mesma, nada representa, pois, ainda que se alegre e desfrute
do seu trabalho legitimamente, há de saber que, na vida longa, também são
muitos os dias maus (Ec.11:8).
–
Dentro do realismo que lhe é peculiar, o pregador não foge à constatação de
que, na vida debaixo do sol, há tanto o dia bom, o dia da prosperidade, como
também o dia mau, o dia da adversidade, um sucedendo ao outro,
independentemente de a pessoa ser boa ou má aos olhos do Senhor (Ec.7:14).
Assim, quem viver bastante, também terá mais dias maus do que os que viverem
menos.
–
Não está, portanto, na quantidade de dias a felicidade da vida de alguém, mas,
sim, de se viver na luz, em comunhão com o Senhor, fazendo o bem quando se pode
fazê-lo, mesmo que venham os dias maus.
–
A vida, seja longa, seja breve, vale a pena ser vivida se estivermos “olhando
para o sol”, ou seja, seguindo o exemplo do “Sol da justiça”, olhando para
Jesus, o autor e consumador da nossa fé (Hb.12:2), o que nos permitirá superar
todo o mal que virá nesta vida debaixo do sol sobre nós, tudo suportando pelo
gozo que nos está proposto. Não há como viver-se neste mundo sem que nosso
olhar esteja para o além, pois, neste mundo, a vida não faz sentido algum.
–
Olhar para o além, no entanto, em absoluto significa que nos alienamos do que
aqui ocorre, mas, pelo contrário, é por estarmos a divisar o mundo “além do
sol” que temos forças para praticar a verdade, para fazer o bem, mesmo que não
venhamos a receber qualquer recompensa por parte dos outros, por parte do
próximo. A visão do além dá0-nos força e condição para aqui fazermos o bem,
praticarmos a verdade, pois, “à luz do sol”, manifestamos nossas obras e
divisamos que elas são feitas em Deus.
–
Por isso mesmo, não há sentido algum nos pensamentos que andam rondando o povo
de Deus, de falsas doutrinas que têm entendido que a visão do além é
“alienadora” do povo de Deus e que, por isso mesmo, não podemos estimular o
povo a um olhar escatológico ou à consideração de que Deus tem o controle de
todas as coisas. Ambas as visões, que procuram “reinterpretar” as Escrituras de
modo a dar um “engajamento social” aos crentes são, na verdade, armadilhas
satânicas, para que nós percamos o sentido da vida debaixo do sol. Fujamos
disto, amados irmãos!
–
Esta vida debaixo do sol é passageira, não tem sentido em si mesma, mas ela nos
aponta para o Criador, que controla todas as coisas, em quem podemos confiar e
que nos convida, nesta confiança n’Ele, a fazermos o bem, mesmo sabendo que,
“depois de muitos dias”, acharemos o pão que lançamos sobre as águas. A vida
tem sentido, sim, e seu sentido não está em sua longura de dias, pois, em tal
longura, só teremos mais dias maus, mas em que, ao praticarmos o bem, estaremos
andando na luz e percebendo que para isso viemos neste mundo e que para isso
estamos aqui, a fim de que o nome do Senhor seja glorificado. Aleluia!
–
Por isso, Salomão dirige-se aos jovens, dizendo que ele se alegre na sua
mocidade e recreie o seu coração nestes dias de vigor, aproveitando a vida, mas
se lembrando que de tudo quanto fizer, Deus o levará a juízo (Ec.11:9).
–
Salomão, ao se dirigir aos jovens, não o faz de modo castrador, como é próprio,
às vezes, dos mais velhos. O pregador entende o vigor da juventude, que é
próprio desta idade o querer fazer, o querer aproveitar, sendo, mesmo, este o
momento para o desgaste das energias, que são muitas e estão aí para serem
usufruídas e desfrutadas. O jovem tem vigor e este vigor deve ser usado, sim,
em toda a sua plenitude.
–
No entanto, esta utilização do vigor deve ser feita de modo responsável, ou
seja, o jovem, ainda que esteja jovem e com todo o vigor e, na sua ilusão,
longe da morte, longe do momento da prestação de contas, deve tudo fazer, desde
já, sabendo que deverá prestar contas a Deus de tudo quanto fizer.
–
Não se deve impedir o jovem de usar a sua energia, o seu vigor. Não, não e não!
Deve-se, apenas, lembrá-lo que ele terá de prestar contas a Deus de tudo quanto
fizer e que, portanto, será muito melhor que tudo que ele venha a fazer, seja
feito na luz, debaixo da bênção divina, de acordo com a vontade e o propósito
do Senhor.
–
Ao jovem, não devemos inibir o seu vigor, mas pôr o seu vigor e a sua juventude
debaixo da vontade e do propósito do Senhor! Quantos, na atualidade, nas
igrejas locais, não têm desperdiçado o vigor da juventude, impedindo-a de
trabalhar para o Senhor e querendo que eles se comportem como se velhos fossem?
Urge sabermos identificar este vigor dos jovens e inseri-los na obra do Senhor,
antes que o diabo complete este trabalho tão eficaz de retirá-los dos caminhos
do Senhor, precisamente porque se tem tentado, loucamente, impor aos jovens uma
inatividade que lhes é absolutamente antinatural. Pensemos nisto!
–
Para que os jovens possam se conduzir na luz, possam utilizar a sua energia e
vigor fazendo o bem e já plantando cedo para terem uma colheita abundante ainda
nesta vida, pois, quanto antes começarem a plantar, mais cedo hão de colher os
frutos de suas boas ações, é necessário, diz o pregador, que “afastem a ira do
seu coração e removam da carne o mal” (Ec.11:10).
–
A primeira atitude é “afastar a ira do coração”. “Ira” aqui, é melhor traduzido
por “desgosto” tanto pela Versão Almeida Revista e Atualizada quanto pela
Bíblia de Jerusalém, assim como a King James Atualizada. O que o pregador
procura dizer aqui, portanto, é que o jovem, no auge do seu vigor, ao perceber
como o mundo é, não pode se “desgostar”, se “angustiar”, ver, na falta de
sentido da vida terrena enquanto tomada em si, um fator para desânimo, para a
inércia.
–
Uma das grandes armas do inimigo de nossas almas, em nossos dias, tem sido,
precisamente, o de trazer aos jovens uma “falta de sentido para a vida”, uma
“angústia”, um “desalento” que os leve a perder a motivação para viver, a fugir
da realidade, a buscar um escape para a difícil situação da vida debaixo do
sol. Vem daí o “culto à morte” e a alternativa das drogas que tem destruído
milhões e milhões de jovens em nossos dias.
– Precisamos mostrar a estes jovens que eles devem “afastar o desgosto do
coração”, de que a vida debaixo do sol tem um sentido, sentido este que se
encontra em Cristo Jesus e que, portanto, é preciso ir, através da fé, para
“além do sol”, para que, então, na luz, tudo seja visto de modo a que
pratiquemos a verdade, façamos o bem neste mundo, encontrando em Jesus o
sentido para nossas vidas.
–
A segunda atitude é “remover o mal da carne”, que a Versão Almeida Revista e
Atualizada traduz por “remover a dor da carne”, a Bíblia de Jerusalém por
“afastar o sofrimento do corpo”; a King James Atualizada por “fazer parar o teu
corpo de sofrer” e a Nova Versão Internacional por “acabar com o sofrimento do
teu corpo” e a Tradução da CNBB, por “afastar o mal do teu corpo”.
–
Pelo que observamos aqui, há, por parte do pregador, um conselho aos jovens que
não façam mal ao seu corpo, o que nos lembra a admoestação anteriormente já
estudada com relação ao respeito às coisas sagradas, um dos deveres do homem
diante de Deus, como vimos na lição 10, onde se envolve a questão do respeito
ao próprio corpo, que é templo do Espírito Santo (I Co.6:19).
–
Como consequência do próprio desalento em função da falta de sentido para a
vida debaixo do sol em si mesma, ou, na busca deste sentido, através do prazer,
da alegria mundana ou das riquezas, o jovem, facilmente, é levado a
desrespeitar o seu corpo, a não observar os limites físicos, tamanho o seu
vigor.
–
Assim agindo, o jovem, certamente, comprometerá o seu físico na continuidade da
sua vida, trazendo para si diversos sofrimentos, que não permitirão que ele
possa desfrutar daquilo que a vida lhe oferece. Além do mais, não cuidando
devidamente de seu organismo, o jovem pode nem mesmo chegar à idade avançada,
até porque a impiedade demasiada faz com que o homem morra antes do tempo
(Ec.7:17).
–
Por isso, ao jovem, sem que se lhe iniba o legítimo uso do vigor que possui, é
recomendado pelo pregador que não exceda os limites do seu corpo, que não o
destrua, que se abstenha de todas as ações que venham a trazer dor ao seu
corpo, pois isto não levará a lugar nenhum, senão ao sofrimento na continuidade
de sua existência terrena, se é que conseguirá lá chegar.
–
Vemos aqui, aliás, como o inimigo tem trabalhado precisamente no sentido
contrário, desenvolvendo toda uma mentalidade hedonista e irresponsável, onde a
mutilação do corpo e sua total destruição é, exatamente, a linha que tem sido
observada, basta ver o quanto se tem propagado entre os jovens na atualidade,
com a defesa de uma vida totalmente irresponsável seja na libertinagem sexual,
seja na mutilação física, seja no uso de drogas, lícitas ou ilícitas.
–
A adolescência e a juventude são vaidade, diz o pregador, e, como são como o
vapor, que logo desaparece, devem ser tratadas como tal pelos que a possuem,
que devem viver fazendo o bem, desde cedo, para que seja semeado algo que possa
dar a devida recompensa na continuidade da existência terrena. Temos agido como
Salomão e instruído conveniente os nossos jovens e adolescentes?
Pensemos nisto!
Ev. Dr. Caramuru Afonso Francisco
Site: http://www.portalebd.org.br/files/4T2013_L12_caramuru.pdf
EBD | Lição 12: Semeiem Vida e Paz | Eliseu Fernandes | 18/06/17
Aula ministrada em 2017 (Em aproximadamente 35 MIN.)
pelo
professor Pr. Eliseu Fernandes referente à lição 12.
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