sábado, 5 de junho de 2021

Lição 11: O Presbítero, Bispo ou Ancião

 


               Lição 11: O Presbítero, Bispo ou Ancião

TEXTO ÁUREO

“Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros […]”

 (Tt 1.5).

VERDADE PRÁTICA

O presbitério deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na administração da igreja local.

LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Tito 1.5-7; 1 Pedro 5.1-4.

Tito 1

5 – Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei:

6 – aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.

7 – Porque convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espanca dor, nem cobiçoso de torpe ganância;

1 Pedro 5

1 – Aos presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há de revelar:

2 – apascentai o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;

3 – nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.

4 – E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.

 OBJETIVO GERAL

Apresentar a importância da função de presbítero.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Abaixo, os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos subtópicos

1 Definir o termo e a função do presbítero; O

2 Destacar a importância do presbítero;

3 Pontuar os deveres dos presbíteros.

• INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A igreja local é o Corpo Invisível de Cristo num tempo e num espaço. Ela é constituída por distintos seres humanos. Por isso, é preciso haver uma liderança que a norteie, a oriente e a administre com sabedoria. Então, aprouve ao Senhor levantar obreiros para dela cuidar. A igreja local jamais pode ser administrada por um único líder. Apesar da importância do pastor titular, este deve contar com um grupo de obreiros aptos a ensinar e a administrar a igreja local: o presbitério. O nosso Pai levantou presbíteros, homens honrados, de boa índole e idôneos, para junto do pastor titular, cuidar e zelar do rebanho do Senhor.

INTRODUÇÃO

No início da Igreja do primeiro século havia líderes que orientavam os crentes quanto ao Evangelho, bem como à organização e desenvolvimento da igreja local. O Evangelho frutificou na vida das pessoas, e por isso, surgiam cada vez mais novos crentes. Foi necessário, a fim de garantir o discipulado integral da nova pessoa em Cristo, separar crentes idôneos e maduros na fé para cuidarem desse precioso rebanho. Assim, os apóstolos de Cristo passaram a estabelecer presbíteros para zelar pela administração e a vida espiritual da igreja local.

ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA

Caro professor, para concluir o assunto do primeiro tópico, sobre a função do presbítero, reproduza o quadro abaixo conforme as suas possibilidades. Peça aos alunos para discutirem as funções do presbítero apresentadas no quadro, preenchendo os espaços vazios.

Conclua afirmando que a função de um presbítero, em primeiro lugar, é pastoral. Isto implica múltiplas ações e zelo com a igreja local instituída pelo Senhor numa região. Ao final da aula, juntamente com os alunos, interceda pelo presbitério de sua igreja local.

SUBSÍDIO TEOLÓGICO

“As qualificações dos Presbíteros (1.6-9) As qualificações no verso 6, de acordo com o idioma original, são condições ou questões indiretas relativas aos candidatos que estão sendo considerados para o ministério. 0 grego traduz literalmente: ‘Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução [desperdício de dinheiro] nem são desobedientes’ — este pode ser considerado como um candidato ao presbitério […]. Paulo parece estar usando as palavras ‘ancião/presbítero’ (presbyteros, v.5) e Tíder/bispo’ (episkopos, v.7) de modo intercambiável […]. Neste primeiro período da história da Igreja, os ofícios ministeriais eram variáveis e indistintos (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2: Romanos a Apocalipse. 4.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, pp.704,05).

SUBSÍDIO TEOLÓGICO 

“PRESBÍTEROS

 As Assembléias de Deus, especialmente no Brasil, certamente em razão de se constituírem inicialmente de crentes de diversos grupos evangélicos, atraídos pela crença bíblica do batismo no Espírito Santo, do ponto de vista administrativo, ministerial, adotaram uma posição intermediária mais aproximada do sistema presbiteriano. Não admitem hierarquia. Não aceitam o episcopado formal, senão o conceito bíblico de que o pastor é o mesmo bispo mencionado no Novo Testamento. Admitem, entretanto, o cargo separado de presbítero. 0 presbítero (anteriormente chamado ‘ancião’) é o auxiliar do pastor. Porém, em algumas regiões, em campo de evangelização das Assem bléias de Deus, de certo modo, é-lhe dado cargo correspondente ao de pastor, onde, na ausência deste, ele desempenha todas as funções pastorais: unge, ministra a Ceia e batiza. Entre esses, há os que possuem a dignidade, capacidade e verdadeiro dom de pastor. […] Porém, na Convenção Geral de 1937, na AD de São Paulo (SP), foi debatida a questão sobre se os anciãos (presbíteros) não poderiam ser considerados pastores. Os convencionais compreenderam, citando textos como 1 Pedro 5.1, Atos 20.28 e 1 Timóteo 5.17, que, em alguns casos, parece haver uma diferença entre anciãos e anciãos com chamada ao ministério, e estabeleceram, assim, a hierarquia eclesiástica que até hoje existe nas Assembléias de Deus: diáconos, presbíteros e ministros do evangelho (pastores e evangelistas). […] Nas Assembléias de Deus, embora o trabalho do presbítero tenha a sua definição, passou a ser também visto como o penúltimo cargo a ser exercido pelo obreiro, na sucessão das ordenações, antes de ser consagrado a evangelista ou pastor” (ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, pp.715,16).

 


11 O PRESBÍTERO, BISPO

OU ANCIÃO
   A Igreja deixou de ser localizada apenas em Jerusalém, passando pela Judeia e Samaria, e começou a se deslocar para “os confins da terra” (At 1.8). As “igrejas de Deus” sofriam a perseguição e se espalhavam por vários lugares (1 Ts 2.14).

  A conversão do fariseu Saulo, no caminho de Damasco, fez dele um dos maiores evangelistas de todos os tempos. Em suas viagens missionárias, muitas igrejas foram abertas, inclusive na Europa. Em consequência, as igrejas necessitavam de líderes, que orientassem os crentes acerca do evangelho, da organização, do desenvolvimento e da maneira de viver dos novos grupos de cristãos. Os apóstolos, com o verdadeiros evangelistas e missionários, não podiam ficar radicados num só lugar. Uns tinham que se dedicar “à oração e à palavra” (At 6.4). Outros precisavam sair evangelizando, mas o crescimento da obra exigia m ais pessoas para ajudá-los.

  Assim , com o passar dos anos, foram surgindo crentes de mais idade, que demonstravam condição para cuidar dos m ais novos convertidos. A boa sem ente do evangelho frutificava em vários lugares, e os líderes da Igreja (pertencentes ao Colégio Apostólico) tom aram providências para que, em cada cidade, fossem estabelecidos líderes locais para cui­ darem do rebanho. Barnabé e Saulo foram encarregados de levar socorro aos irmãos da Judeia, os quais o fizeram, entregando a ajuda “aos anciãos” (At 11.30).

  Havia um a grande fome naquela região e os líderes, com sabedoria, não m andaram a ajuda de qualquer forma. Enviaram aos líderes da com unidade cristã. Em sua primeira viagem missionária, Paulo e Bar­nabé chegaram a Icônio, foram perseguidos e saíram para listra, Derbe, Antioquia, Pisídia e por muitas outras cidades. Eles fizeram excelente trabalho missionário, fundando muitas igrejas por onde passavam. E as multidões de crentes precisavam ser discipuladas. Aquela altura da expansão da Igreja, não havia ainda um minis­tério organizado com o conhecemos hoje, com pastores, evangelistas, mestres, presbíteros e diáconos, de forma bem definida e até impro­priamente hierarquizada.

  Por isso, os discípulos mais antigos, e de mais idade, eram designados para cuidar de cada igreja. Eram os anciãos, que iam sendo escolhidos para serem superintendentes, supervisores, ou bispos. Exortando os irmãos de Efeso, Paulo falou para os líderes daquela igreja:

  “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.28 — grifo nosso). 129

  Em sua carta a Tito, Paulo mostra que é um verdadeiro pastor e líder, chamado por Deus (1 Co 1.1; G1 1.1), e tem cuidado das igrejas que fundou em suas viagens missionárias. E diz para seu discípulo:

  “Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei” (Tt 1.5).

  De acordo com o entendimento da época, a igreja local deveria ter à frente um obreiro experiente e de mais idade. Que fosse um ancião.

  Um jovem obreiro pode ter muito conhecimento bíblico e até muita unção de Deus. Mas a experiência só se consegue com o tempo, com o passar dos anos (Jó 32.7). Ao longo dos séculos, a atividade do presbítero caracterizou-se pelo ministério de administrar as igrejas, bem como do ensino da Palavra. Sua função não é inferior à do pastor ou do evangelista. É atividade necessária para o bom ordenamento das atividades das igrejas locais.

  O presbítero é obreiro que colabora com o pastor da igreja, ajudando-o no cuidado do rebanho do Senhor Jesus Cristo.

I - A ESCOLHA E TRATO COM OS PRESBÍTEROS

 1. SIGNIFICADO DE PRESBÍTERO

  A palavra presbítero, em sua origem significa “Forma comparativa” de presbys (gr.), que tem o significado de “ mais velho, como substantivo, uma pessoa mais velha; especialmente um membro do Sinédrio israelita (também figurado, membro do conselho celestial) ou um “presbítero” cristão — ancião, mais velho, “um título de dignidade” “Anciãos de igrejas cristãs, presbíteros, encarregados da administração e governo das igrejas individuais”. Equivale a “episkopos, supervisor, bispo. Também didaskolos, professor; poimén, pastor”.

  Nos primórdios da Igreja, o presbítero era “o pastor” local, fazen­do parte de um grupo de obreiros, responsáveis pelo cuidado das no­vas igrejas que surgiam em decorrência da evangelização intensiva.

   O apóstolo Paulo, que também era pastor e presbítero, teve o cuidado de organizar a administração das igrejas por ele abertas em suas viagens missionárias. Escrevendo a Tito, seu discípulo, orientou-o quanto ao estabelecimento de presbíteros, nos diversos lugares, onde havia igrejas, indicando que eles seriam de fato os responsáveis pela liderança das novas igrejas.

  2. A NECESSIDADE DOS PRESBÍTEROS

  O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do Senhor Jesus (Tt 1.5,7).

  Os pastores não po­dem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das inúmeras responsabilidades que a igreja local requer. Com o a referência a presbí­teros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”, “bispos” ou “anci­ãos”, dá a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. “Sempre são citados no plural, isto é, não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; T g 5 .l4 ; 1 Pe 5.1).”2

  Certamente, pela inexistência de pessoas qualificadas com o dom ministerial de pastor, havia a necessidade de uma liderança, formada por um grupo de irmãos mais idosos, para cuidar da igreja local. En­ tende-se, assim, que os presbíteros têm um ministério de grande impor­tância, auxiliando os pastores, designados por Deus para apascentarem e cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados.

  3. A ESCOLHA E AS QUALIFICAÇÕES

  A missão do presbítero é de tanta importância que o Novo Testa­ mento dedica vários textos a respeito das qualificações que se devem exigir dos obreiros que são escolhidos para essa função ministerial. Não é um “dom de Deus”, como já vimos no estudo sobre Efésios 4.11. Mas é um ministério, no sentido a que Paulo se refere, ao dizer que “há diversidade de ministérios” (1 Co 12.5).

  “O papel dos oficiais da igreja era variável e flexível na época do Novo Testamento. Até o período patrístico primitivo3, tais funções ainda não tinham sido padronizadas e regulamentadas”. Tendo em vista a origem do presbítero, como acentuado em item anterior, sua importância é indiscutível. E suas qualificações são das mais relevantes. Em sua escolha, segundo a Palavra de Deus, devem ser observadas algumas qualidades ou qualificações, com base no texto de Tito 1.6-9, que equipara o presbítero ao “bispo” '.
 1) “Aquele que for irrepreensível” .

  O presbítero, ou bispo, deve ser uma pessoa de caráter cristão ilibado, íntegro, exemplar. Um “obreiro que não tem de que se envergonhar” (2 Tm 2.15).

  2) “Marido de uma mulher

  Significa que o candidato ao presbité­rio ou ao episcopado deve ser um homem fiel à sua esposa.

  O renomado comentarista Matthew Henry, em seu Comentário Bíblico sobre o Novo Testamento, diz sobre ser “marido de uma mulher” o bispo não deve ser bígamo, tendo duas ou três mulheres, “de acordo com a prática pecami­nosa comum daquela época, por uma imitação perversa dos patriarcas”.5

  3) Que tenha familia ajustada.

  Paulo dá destaque especial à cria­ção dos filhos do presbítero ou bispo (cf. 1 Tm 3.4,5).

  4) “Não soberbo”.

  E sinônimo de “arrogante, orgulhoso, presunço­so”. Um presbítero não deve ser orgulhoso. Quando Jesus, Mestre dos mestres, e “Sumo Pastor”, lavou os pés dos discípulos, quis dar uma grande lição aos pastores, e aos presbíteros ou bispos. E bom lembrar que cargo ministerial não é sinônimo de grandeza espiritual (1 Pe 5.5).

  5) “Nem iracundo”.

  Uma pessoa iracunda é raivosa, colérica, fu­ riosa. Um presbítero deve ser pessoa que sabe refrear seus impulsos emocionais. A ira é a pior opção para ser cultivada. Um iracundo perde os melhores amigos e afasta a muitos de seu convívio.

  Jesus oferece um curso de mansidão (Mt11.29). Há vaga para todos.

  6) “Nem dado ao vinho”.

  Ou seja: não dado a fazer uso de bebida alcoólica (ver E f 5.18). Não deve beber vinho embriagante, nem ser ten­tado ou atraído por ele, nem comer e beber com os ébrios (Mt 24.49). (1) A abstinência total de vinho fermentado era a regra para reis, príncipes e juizes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7)/’ Não há necessidade de o presbítero, bispo ou pastor tomar vinho. Um suco de uva puro tem as mesmas propriedades terapêuticas que o vinho, exceto o teor alcoólico.
   7) “Nem espancador”.

  Ou não violento, agressivo. O obreiro pre­cisa ter o fruto da temperança ou do domínio próprio, para não dar lugar a seu temperamento agressivo. O servo de Deus não deve guiar-se por seu temperamento, mas pelo Espírito Santo (G1 5.16).

  Alguém pode espancar outro com palavras, ou ferir com agressões verbais ou psicológica (cf. Jr 18.18). Sempre houve pastores grosseiros, prepoten­tes, alguns que cometeram “assédio moral” contra pessoas a seu redor. Isso é reprovável sob todos os aspectos. O presbítero ou bispo deve ser ordeiro, humilde, de bom trato para com todos.

  8) “Nem cobiçoso de torpe ganância”.

  A ganância por bens mate­ riais ou pelo poder tem sido a causa de muitos escândalos e descrédito contra o ministério pastoral. O apóstolo Pedro deu a mesma exortação aos presbíteros (1 Pe 5.2).

  9) “Mas dado à hospitalidade”.

  O bispo deve ser hospitaleiro (Hb 13.2). Um presbítero, bispo ou pastor deve ser uma pessoa acolhedora; que sabe receber bem, com cortesia e amabilidade, qualquer pessoa, em sua casa, na igreja, ou em qualquer lugar. Não deve ser grosseiro nem fazer acepção de pessoas (At 10.34; T g 2.1, 9).

  10) “Amigo do bem”.

  O presbítero deve ter o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade daquele que se dedica a fazer o bem (SI 37.27; G16.9, 10). Quem faz o bem colherá os frutos do que semeou.
 11) “Moderado”.

   É sinônimo de “comedido, prudente, contido”. O presbítero ou o bispo deve ser uma pessoa assim, sem afetação, sem exibicionismo; ter uma vida sem exagero, seja na vida ministerial, seja na vida pessoal; sem ser radicalista ou liberalista, evitando os extremos. Não deve ser precipitado no falar, no agir, mas deve ter autocontrole em suas atitudes e ações. Deve ter o fruto do Espírito da temperança (G1 5.22).
  12) “Justo”.

  É sinônimo de “ imparcial, isento, neutro, justiceiro". Ê quali­ dade indispensável ao líder. O Sumo Pastor nos guia “pelas veredas da justiça por amor do seu nome” (SI 23.3).

  O presbítero ou bispo, que apascenta as ovelhas do Senhor, deve ter o mesmo cuidado, de ser justo e não praticar qualquer ato de injustiça. Nunca usar os “dois pesos e duas medidas”.

  13) “Santo”.

  É qualidade e condição indispensável para que uma pessoa seja salva. Ser santo é ser separado ou consagrado para Deus. Um líder tem o dever de zelar pela santidade. Para isso precisa estar sempre exercitando o processo da “santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14; 1 Pe 1.15).

  14) “ Temperante”.

  E qualidade de quem tem “temperança”, ou domí­nio próprio, autocontrole. Que sabe dominar seus impulsos e paixões, seja na área dos relacionamentos, na área afetiva, sexual, ou nos apetites carnais. O intemperante em qualquer área acaba prejudicando a si ou aos outros. O bispo ou presbítero precisa ser um exemplo na temperança. Após enumerar as quatorze qualificações para a escolha de um pres­bítero ou bispo, Paulo diz a condição para que ele possa exercer sua nobre missão, de cuidar, zelar e alimentar o rebanho:
 1) “Retendo firme a fiel Palavra, que é conforme a doutrina (1.9a)”.

  Para que todas as qualificações do ministro tenham valor é necessário que ele seja “exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na cari­dade, no espírito, na fé, na pureza” (1 Tm 4.12).
  2) “Para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã dou­trina como para convencer os contradizentes” (1.9b). Guardando ou retendo a “Fiel Palavra” de Deus, o líder tem autoridade para admoestar os que aceitam a “sã doutrina” e para “convencer os contradizentes” , ou opositores da liderança. Paulo sabia o que era esse tipo de gente (1 Tm 1.20; 2T m 2.17; 4.14).

  Para que as qualificações do presbítero ou bispo sejam completas, é interessante reunir as qualidades aqui estudadas com as da lista de Paulo a Timóteo, no capítulo 2.1-7. Uma complementa a outra.

 II - Os DEVERES DOS PRESBÍTEROS (1 PE 5.1-4; TG 5.14)

  A natureza e o significado honrosos do cargo ou da função do pres­bítero ou bispo lhe confere muitas responsabilidades. Seus deveres são inerentes às suas qualificações, como foi visto no item I, deste comen­tário. A seguir, resumimos alguns desses deveres, conforme indicam os textos bíblicos sobre o presbítero.

 1. A PASCENTAR A IGREJA

  Os presbíteros, como pastores, na igreja local, têm o dever de ali­mentar o rebanho de Cristo, com a sã doutrina, que é o alimento puro, saudável e nutritivo para sua vida espiritual, social, moral, familiar, como cidadão do céu e da terra.

  O apóstolo Pedro exorta muito bem aos presbíteros quanto a esse dever primordial de sua missão:

  “Apascen­tai o rebanho de Deus que está entre vós...” (1 Pe 5.2a).

  2. CUIDAR DO REBANHO

  Diz Pedro aos presbíteros que devem apascentar “o rebanho de Deus”, “tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao reba­nho” (1 Pe 5.2,3). Os cuidados pastorais com as ovelhas requer muita graça e capacidade, concedidas por Deus.

  O presbítero deve ter a consciência de que não é dono do rebanho. Ele cuida de ovelhas que pertencem ao Senhor Jesus e não a ele.
 1) Não “por força ”.

  Por isso, o presbítero, pastor ou bispo não tem o direito de usar “a força” ou o autoritarismo para dirigir a igreja local. Já ouvimos de obreiro que, aborrecido com alguma atitude de um ou outro crente, esbraveja, no púlpito: “Aqui, quem manda sou eu; quem quiser pode sair” . Esse tipo de comportamento revela um obreiro fracassado; que não tem autoridade nem competência para cuidar do rebanho de Deus. O líder cristão não deve agir “por força”, mas pelo poder do Espírito de Deus (cf. Zc 4.6).

  2) “Mas voluntariamente”.

  O trabalho do presbítero deve ser voluntário, ou espontâneo. Não deve ser feito por obrigação imposta. Os obreiros que mais progridem em seus ministérios e as igrejas sob seu cuida­ do crescem são aqueles que o fazem por satisfação em servir. Quem serve voluntariamente enfrenta as lutas próprias do ministério, mas não sofre tanto desgaste quanto aqueles que executam as atividades “por obrigação”.

  3) “Nem por torpe ganância”.

  Uma das qualificações do presbítero ou bispo é não ser “cobiçoso de torpeganância” (Tt 1.7). E não ter apego “ao lucro desonesto”, ao uso indevido dos recursos financeiros da igreja que dirige.

  4) “M as de ânimo pronto”.

  Essa recomendação fala de disposição mental para servir à igreja, com prontidão. Deus chamou Davi para ser rei, porque, entre suas qualidades pessoais ele era “valente e animoso” (1 Sm 16.18). Uma das piores coisas para uma igreja é um obreiro desanimado, sem coragem, sem interesse em ver a obra crescer. Há obreiros que estão à frente de uma igreja, apenas para ter um emprego, uma fonte de renda. Não deve ser indicado para presbítero um obreiro sem ânimo.

  5 ) “Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus” .

  É um terrível engano, quando o obreiro acha que é dono da igreja local. Jesus não chama o obreiro para que ele “mande” na igreja, mas para ser servo da igreja. Autoritarismo não faz parte da liderança cristã. A resposta de Jesus ao desejo de grandeza (Mt 20.21) foi uma lição eloquente para todos os líderes cristãos (Mt 20.25-28).

 6) “Mas servindo de exemplo ao rebanho”.

  O presbítero ou bispo deve ser um líder. E o verdadeiro líder não é o que “manda”, mas o que vai à frente dos liderados. O Bom Pastor não manda as ovelhas irem à frente. Ela vai “... adiante delas, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz” (Jo 10.4).

  O líder é o que influencia com seu exemplo as ovelhas e elas o seguem para o seu objetivo.

  3. LIDERAR A IGREJA LOCAL

  O presbítero ou bispo tem o dever de cuidar “da Igreja de Deus” (1 Tm 3.5). Para tanto, precisa saber “governar a sua própria casa” (1 Tm 3.4). Daí, deduz-se que um dos seus deveres é “governar” (cf. 1 Tm 5.17a) ou liderar a igreja local.

  4. ENSINAR A IGREJA

  O presbítero como homem mais experiente tem o dever de ser um ensinador na igreja local. “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (1 Tm 5.17 — grifo nosso).

  5. PRESERVAR A IGREJA CONTRA OS ERROS

  Em todos os tempos, as igrejas foram alvo das heresias e dos falsos ensinos. Nos tempos presentes, não é diferente. Multiplicam-se como ervas daninhas os ensinos distorcidos, os modismos e as práticas estra­nhas à ortodoxia bíblica.

  O presbítero, como líder do rebanho, deve preservar a igreja local das investidas dos falsos mestres, “...retendo fir­me a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (Tt 1.9; 1 Tm 4.1).

  6. UNGIR OS ENFERMOS

  A unção com óleo é um ato de fé que acompanha a “oração da fé”, feita por homens de Deus, que, liderando a igreja local, ou auxiliando os pastores-líderes, atendem aos que se encontram enfermos, e oram por sua cura, “em nome de Jesus” (Mc 16.18c). Orar pelos enfermos e curá-los é sinal de fé para “os que crerem” , independente de serem obreiros regulares. M as orar com unção com óleo é confiado aos presbíteros.
    Conclusão

   Os termos presbítero, bispo ou ancião são equivalentes, na organi­zação eclesiástica neotestamentária. Os presbíteros ou bispos sempre formaram um corpo de obreiros com a finalidade de contribuir para a edificação da igreja local, ao lado do pastor-líder do rebanho.

  Nas Assembleias de Deus, os presbíteros prestam excelente serviço, dirigin­ do as congregações, que se criam com o fruto da evangelização. São eles que cuidam da execução das principais tarefas da Igreja, que são a evangelização e o discipulado. Por isso, devem ser bem selecionados e valorizados pela liderança eclesiástica.

  O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO

  DONS ESPIRITUAIS & MINISTERIAIS

  Elinaldo Renovato.

 


 

                          CAPÍTULO 8

                 A UNÇÃO PARA PASTOREAR

  A  referência  principal  ao  cargo  de   pastor  acha-se  em  Efésios 4.  11:  Ele   mesmo  concedeu  uns ...  para  pastores...  As  muitas referências bíblicas aos pastores de ovelhas , e  a Jesus como o Bom Pastor, lançam muita luz sobre o assunto.

  Precisamos entender, também,  para evitarmos confusões, que a  palavra  grega  epi skopos  é  traduzida  por   “bispo”  ou “superintendente”,  e  que  essas  palavras  em  português  se  referem ao mesmo cargo de “pastor”.

  Na sua  mensagem  de  despedida  aos  presbíteros  da  igreja  em Éfeso,  Paulo  lhes disse :  atendei por  vós  e  por  todo  o  rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu BISPOS, para pastoreardes a igreja  de  Deus,  a  qual  ele  comprou  com  o  seu  próprio  sangue   ( At 20. 28). Esses presbíteros eram pastores .

  Grandes controvérsias têm surgido no tocante aos  presbíteros ou  anciãos.  O  estudo  da  História  da  Igreja  Primitiva  revela  que  a palavra  grega  presbyteros  simplesmente  significa  uma  “pessoa mais idosa”.

  Nos  primeiros  dias  da  igreja,  não  tinham  todos  os  ministérios alistados  no  Novo  Testamento.  O  único  ministério  que  a  igreja tinha no início era dos apóstolos.  Surgiu,  então,  a  grande  perseguição  em  Jerusalém ,  e   os cristãos  primitivos  foram  dispersos  por  outras  regiões .  Iam  por toda parte pregando A Jesus, e cada um deles era pregador.

  Atos  8.  5  diz  que  Filipe,  descendo  à  cidade  de  Samaria, anunciava-lhes  a  Cristo.  Mas  Filipe  não  era  evangelista  naqueles tempos.  Os  apóstolos  tinham  imposto  sobre  ele  as  mãos ,  e  ele  foi colocado primeiramente no cargo de diácono.

  Posteriormente,  e m  Atos  21,  lemos  que  Lucas  e   Paulo,  com seus  companheiros  de  viagem,  foram  até  Cesaréia  e  ficaram  na casa  de  Filipe,  o  evangelista.  Quando  deus  começou  a  levantar ministérios, ele fez de Filipe um evangelista.

Desenvolver ministérios leva tempo

 Você pode  ficar  salvo    e   até  mesmo  batizado  no  Espírito Santo – hoje, e  ser chamado por Deus par ser um pastor,  mas você não  poderá  começar  a  pastorear  amanhã,  caro  amigo.  Você  ainda não está pronto para isso . Precisará preparar-se.

  Entre,  portanto,  no  caminho  da  obediência  a  Deus ,  quer  você esteja  no  ministério,  quer  não,  e  Deus  o  promoverá  e  o  usará  de modo  cada  vez  mais  grandioso.  Se  você  aprender,  como  Filipe,  a ser  fiel  onde  quer  que  você  esteja ,  Deus  poderá  achar  por  bem leva-lo  adiante.  Se  ele  o  fizer,  tudo  bem.  Se  ele   não  o  fizer ,  é   só você  permanecer  fiel  onde  você  está.  Ele  não  poderá  usa -lo  se  você não for fiel .

  Na  Igreja  Primitiva,  por  causa  da  falta  de  ministérios, nomeavam um presbítero  (“um mais  idoso”) para supervisionar um rebanho  específico.  Começando  por  esses  presbíteros,  Deus desenvolveu pastores e superintendentes.

  Certamente é   antibíblico  pegar um  leigo  sem  nenhuma  unção e  colocá-lo  no  cargo  de   presbítero  ou  fazer  dele  o  superintendente de  uma  congregação.  Ele  não  tem  a  unção especial  para i sso.  Tem, apenas, aquela mesma unção que qualquer outro crente tem.

  Vemos,  portanto,  que  o  bispo,  o  superintendente,  ou  o presbítero tem o mesmo cargo: o  cargo pastoral.

  Quem supervisiona o rebanho? O pastor.  No caso das  ovelhas literais  no  campo,  ou  das  “ovelhas”  que  são  os  crentes,  membros da  igreja,  temos  a  mesma  palavra  em  grego,  e   a  mesma  palavra  na tradução  em  português:  o  pastor,  que  é   o  responsável  pelo rebanho.  Pedro chama  Jesus  de o   Pastor e  Bispo  das  vossas almas  (I Pe 2. 25).

  E  em  I  Pedro  5.  4  lemos:  Ora,  logo  que  o  SUPREMO  PASTOR se manifestar, recebereis a imarcescível coroa da glória.

  Jesus  é   o  Grande  Pastor,  de  todas  as  ovelhas  de  Deus.  Jesus tem  seus  pastores assistentes.  O  ministro é  um  pastor  das  ovelhas de Deus.

  Deus  chama  e   prepara  o s  homens  para  pastorearem  um rebanho.  

      Compreendendo a Unção - Kenneth E Hagin

 


PRESBITÉRIO, PRESBÍTERO

COMENTARIOS DIVERSOS:

Grupo ou ordem de anciãos que consagrou o jovem Timóteo (1 Tm 4.14). Parece que Paulo, nesta ocasião, liderava este grupo (2 Tm 1.6). Da mesma maneira que a nação israelita tinha seus anciãos, as Sinagogas também tinham os seus, e o mesmo ocorria com o Sinédrio. Junto com o presbitério havia um conjunto de sacerdotes e escribas. Na época do NT este grupo tinha como presidente o sumo sacerdote. Paulo estabeleceu as igrejas sob o governo de um corpo de anciãos (At 14.23; 16.4; Tt 1.5; cf. At 15.4,6,23; 20.17,28). Nas igrejas atuais, particularmente naquelas que adotam a forma de administração presbiteriana, o grupo de anciãos da Igreja local é chamado de sessão, enquanto aqueles que se reúnem como representantes das igrejas de uma área maior são chamados presbíteros. E impossível dizer se os anciãos mencionados em 1 Timóteo eram de uma ou mais igrejas.

PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1591.

ANCIÃO NO NT (literalmente pessoa mais velha ou homem mais velho; algumas vezes transliterado como presbítero). Este termo designava três grupos diferentes no NT: (a) indivíduos mais velhos; (b) líderes político-religiosos do Judaísmo e (c) os primeiros líderes da igreja apostólica.

1. Formação: AT, Judaísmo Rabínico e a comunidade de Qumrã. De acordo com a terminologia do AT, o ancião era um termo vagamente definido, designando os líderes religiosos e políticos, especialmente de Israel. As referências bíblicas mostram que outras nações, como Egito e Moabe, possuíram tais líderes (cp. Gn 50.7; Nm 22.7). Embora vários termos hebraicos foram usados para descrever estes líderes, três termos aparecem com mais frequência que outros: Geralmente significando uma pessoa mais velha (cp. Gn 43.7; Êx 3.16,18; 12.21; 17.5,6); significando idade avançada ou uma idade mais velha, do verbo que significa ser muito antigo (cp. l Rs 14.4);  chefe ou governador,  (cp. Jz 5.15; 6.6-16). Em Isaías 3.2,3 são mencionadas pelo menos onze diferentes posições de liderança pelo profeta; ancião é uma delas. Particularmente importante é a ideia dos “setenta anciãos” no AT (cp. Êx 24.1; Nm 11.16).

No primeiro século d.C., o ofício de ancião era uma posição regular na sinagoga judaica. No tratado do Sinédrio sobre a Mishná, as obrigações deste ofício são claramente destacadas. O conselho de anciãos era responsável pelo governo da comunidade judaica. Em Jerusalém, o Sinédrio, que era um conselho composto de setenta e um anciãos, agia como a corte suprema para todo o Judaísmo. (Cp. Berakhoth4:7;Nedrarim 5:5; Me- ghillah 3:1; Edhuyoth 5:6; Ta’anith 3:8; Middoth 2:2; Ed 10.8; Lc 6.22; Jo 9.22; 12.42).

As descobertas de Qumrã têm revelado uma comunidade pactuai, na qual o ofício de ancião também funcionava quase do mesmo modo que no Judaísmo, e há um consenso geral de que a comunidade de Qumrã realmente tinha conexões significantes com o Cristianismo primitivo. Isto não sugere que a Igreja Primitiva adotou sua estrutura eclesiástica da comunidade de Qumrã. O Manual de Disciplina (1 QS VI) fala dos anciãos (mebaqqer) como os que estavam em segundo lugar em autoridade, vindo logo após os sacerdotes.

2. O significado e a importância para a Igreja do NT.

Os termos associados com esta posição aparecem mais de setenta vezes no NT: (a) quase metade das citações referem-se ao ofício no Judaísmo (cp. Mt 15.2; 26.47; Mc 8.31; 14.43; At 4.5; 25.15; note: o termo não é usado nenhuma vez no evangelho de João, exceto na variante textual em 8.9, e isto é particularmente significante à luz do tom negativo do quarto evangelho para com o Judaísmo em geral); (b) cinco referências são designações comparativas de idade (cp. Lc 15.25; At 2.17 [RSV “homens mais velhos”]; Rm 9.12; l Tm 5.2 [RSV “mulheres mais velhas”]; Hb 11.2 [RSV “homens de idade”]; (c) as referências restantes são em relação ao ofício na Igreja Primitiva.

Na história apostólica de Lucas, o ofício aparece, sem explicações de sua origem, pela primeira vez em Atos 11.30. A referência aqui é aos presbíteros na Igreja da Judéia, para quem uma coleta foi tirada na Igreja de Antioquia. Nos é dito mais tarde que Paulo “designou” (do verbo grego que significa “escolher ou eleger por meio de mãos levantadas ou indicação”) presbíteros em cada Igreja (At 14.23). A exata natureza desta ordenação apostólica ou nomeação não é descrita exceto para sugerir que orações e jejuns faziam parte do ritual. Nós podemos supor que esta aparição inexplicável, em contraste com a escolha dos sete em Atos 6, implica numa transição natural, da estrutura da Sinagoga Judaica para a organização da Igreja Primitiva (cp. At 2.46).

A questão sobre a qual a Igreja tem se dividido através dos anos é acerca do relacionamento do ofício de presbítero em relação ao ministério total da Igreja. Primeiro, deveria ser observado que em muitas passagens eclesiológicas importantes o ofício de presbítero não é especificamente mencionado. Os ofícios de diácono, bispo ou pastor assim como ancião são notavelmente omitidos (I Co 12.4-11, e vv. 28-30).

  Segundo, as epístolas pastorais referem-se somente a dois ofícios: pastores ou presbíteros e diáconos. Em 1 Timóteo 3.1-13,0 texto usa episkopos e diakonos\ enquanto que Tito 1.5-9 parece usar os termos episkopos e presbuteros quase que de modo permutável: “te deixei em Creta, para que... em cada cidade, constituísses presbíteros... porque é indispensável que o bispo (episkopos) . “., Na carta à igreja em Filipos, a saudação menciona somente “bispos” (episkopos) e “diáconos” (diakonos), e deve ser observado que ambos termos são plurais.

Duas questões são levantadas pela evidência do NT. Primeira, qual é a importância da pluralidade de anciãos na igreja do NT? Segundo, qual é o relacionamento de bispo ou pastor com o ofício de presbítero?

Em relação à primeira questão, deve ser observado que duas possíveis explicações estão disponíveis. Por um lado, a estrutura existente da sinagoga, com sua pluralidade de anciãos é comparada à organização da Igreja do NT. Deve ser destacado aqui que, mesmo na sinagoga havia, um “cabeça”. A pluralidade neste caso não proibiria a liderança predominante de um presbítero, talvez referido como “presbítero que preside” (l Tm 5.17). Há, na história posterior da igreja, um desenvolvimento que pode ser seguido desde uma pluralidade de presbíteros a um bispo presidente até uma estrutura episcopal hierárquica. A natureza das assembleias cristãs primitivas do NT, que geralmente cultuava em lares dos membros, pode também ajudar a explicar a pluralidade de presbíteros. Em outras palavras, em uma dada comunidade poderia haver um número de presbíteros responsável pelo cuidado de uma congregação particular, que se reunia em seu lar ou no lar de algum outro cristão na congregação. Exemplos claros disto são encontrados no próprio NT (cp. At 16.11ss.;Rm 16.3-5).

Em relação à última questão, já se tem observado que na época em que as epístolas pastorais foram escritas os termos “bispo” e “presbítero” foram usados de modo permutável (cp. l Tm 3; Tt 1). Mas mesmo mais cedo no ministério de Paulo (cp. At 20.17-38), quando ele se encontrou com os presbíteros da igreja de Éfeso, ele parece referir-se aos três termos ao mesmo tempo — presbítero, bispo ou supervisor e pastor. A ideia de presbíteros servindo como pastores do rebanho e supervisionando a administração da Igreja ajudou a distinguir o título do ofício de suas funções práticas. Em outras palavras, o termo presbítero, originalmente, designava aqueles que eram, tanto natural quanto espiritualmente, mais velhos ou mais maduros. Observe que Paulo faz menção específica ao fato de que ninguém deveria ser admitido ao ofício de presbítero ou bispo sendo um “recém convertido” ou noviço (cp. l Tm 3.6). Os outros termos — pastor e bispo ou supervisor — referem-se às funções deste ofício na Igreja. Um presbítero é, portanto, um homem mais velho, um homem membro da Igreja espiritualmente mais maduro, que é responsável pela administração da congregação. Neste último caso, é instrutivo que Pedro refere-se a si mesmo como um presbítero; “Aos presbíteros, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou presbítero com eles” (I Pe 5.1). Nos últimos escritos pós-apostólicos da Igreja, há uma evidência clara de que o ministério de pastor ou bispo e presbítero eram o mesmo (cp. Didaquê 10.6).

MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 297-299.

PRESBÍTERO. No AT. Os “anciãos do povo” ou os “anciãos de Israel" são frequentemente associados a Moisés quando este lidava com o povo (Ex 3.16; 4.29; 17.5; 18.12; 19.17; 24.1, 11; Nm 11.16). Posteriormente, administram o governo local (Jz 8.14; Js 20.4; Rt 4.2) e participam dos negócios da nação (1 Sm 4.3) mesmo depois da instituição da monarquia (1 Sm 8.4; 30.26; 2 Sm 3.17; 5.3; 1 Rs 21.8). Galgam nova preeminência durante o exílio (Jr 29.1; Ez 7.1; 14.1; 20.1) e depois da volta do exílio, estão associados tanto ao governador nas suas funções (Ed 5.9ss.; 6.7) quanto à administração local (Ed 10.14). Em si mesmos, têm certas funções jurídicas (Dt 22.15; 25.7ss.) e associam-se aos juízes, que provavelmente são escolhidos dentre os “anciãos" (ou “presbíteros”), para administração e execução da justiça (Dt 16.18; 21.2ss.; Ed 7.25; 10.14). Além disso, estão associados a Moisés e Arão na transmissão da palavra de DEUS ao povo (Ex 3.14; 4.29; 19.7) e na representação do povo diante de DEUS nas ocasiões grandiosas (Ex 17.5; 24.1; Nm 11.16). Cuidam dos preparativos para a páscoa (Ex 12.21).

Outras nações tinham anciãos (cf. Gn 50.7; Nm 22.7), o direito ao título estava ligado à idade, o respeito de que o indivíduo gozava, ou ao cargo específico ocupado na comunidade (cf. o alderman saxônico, o senador romano, a gerousia grega). O ancião em Israel obtinha inicialmente, sem dúvida, sua autoridade e seu status, bem como seu nome, da sua idade e da sua experiência.

No período dos macabeus, o título “anciãos de Israel" é aplicado aos membros do Sinédrio judaico que, segundo se considerava, tinha sido estabelecido por Moisés quando nomeou os setenta anciãos em Nm 11.16ss. No nível local, uma comunidade de 120 (cf. At 1.15) ou mais, podia nomear sete anciãos (Mishna, Sanhedrin 1.6). Estes eram chamados os “sete de uma cidade”, e é possível que os sete que foram nomeados em Atos 6 fossem considerados anciãos desse tipo (cf. D. Daube, The NT and Rabbinic Judaism, 237). Nos evangelhos, os anciãos estão associados com os escribas e com os sacerdotes principais que fizeram padecer CRISTO (Mt 16.21; 27.1) e os apóstolos (At 6.12).

No NT. Os anciãos ou “presbíteros” (presbyteroi) aparecem já no início da vida da igreja, e assumem posição juntamente com os apóstolos, profetas e mestres. Em Jerusalém, estão associados a Tiago no governo da igreja local da maneira usada na sinagoga (At 11.30; 21.18), mas em associação aos apóstolos compartilham, também, do governo mais amplo, tipo Sinédrio, da igreja inteira (At 15.2,6,23; 16.4). Um apóstolo pode ser um presbítero (1 Pe 5.1).

Os presbíteros não aparecem em Antioquia durante a estada de Paulo (At 13.1), nem são mencionados nas primeiras epístolas dele. É possível que o governo eclesiástico fosse questão de importância secundária naquele período. Mesmo assim, Paulo e Barnabé, em sua primeira viagem missionária, promoveram a eleição de presbíteros em todas as igrejas que fundaram (At 14.23).

Os presbíteros aos quais Paulo dirigiu a palavra em Éfeso (At 20.17ss.) e aqueles aos quais 1 Pedro e Tito falam, têm um lugar decisivo na vida da igreja. Além da sua função de humilde supervisão pastoral, deles depende, em grande medida, a estabilidade e a pureza do rebanho quando as tentações e crises se aproximam. Ocupam uma posição de autoridade e de privilégio que pode ser abusada. São coparticipantes do ministério de CRISTO entre o rebanho (1 Pe 5.1-4; At 20.28; cf. Ef 4.11)·,

É asseverado frequentemente que nas igrejas gentias o nome episkopos é usado como substituto de presbyteros, com significado idêntico. Parece que as palavras são intercambiáveis em At 20.17, 18 e Tt 1.5-9. Mas, embora todos os episkopoi sejam indubitavelmente presbyteroi, não fica claro se o inverso sempre se aplica. A palavra presbyteros indica principalmente o status de “ancião”, ao passo que episkopos denota a função de pelo menos alguns dos anciãos. Mas é possível que tenha havido “presbíteros” que não eram episkopoi.

Em 1 Tm 5.17, o ensino é considerado uma função desejável do presbítero, e não somente a da supervisão. É provável que, quando os apóstolos, mestres e profetas, em suas viagens, já não podiam ministrar a toda a igreja, a função do ensino e da pregação recaísse sobre os presbíteros locais, e assim, desenvolver-se-ia o cargo de presbítero, e as qualificações dos presbíteros. Isso, por sua vez, pode ter levado a uma distinção dentro do presbiterado. A presidência do grupo local de presbíteros, tanto na disciplina da congregação, quanto na celebração da Ceia do Senhor, tenderia a ser um cargo permanente, exercido por um só homem.

  O “presbítero” em 2 e 3 João refere-se meramente a alguém que gozava de alta estima dentro da igreja. Os vinte e quatro anciãos que com tanta freqüência aparecem nas visões do livro de Apocalipse são exemplos de como toda a autoridade deve adorar humildemente a DEUS e ao Cordeiro (Ap 4.10; 5.8-10; 19.4).

Na História da Igreja. Na época da Reforma, Calvino entendeu que o cargo de presbítero era uma das quatro “ordens ou cargos” que CRISTO instituíra para o governo normal da igreja, sendo que as outras eram: pastores, mestres e diáconos. Os presbíteros, como representantes do povo, eram responsáveis pela disciplina, lado a lado com os pastores ou bispos. Na Escócia, posteriormente, o presbítero recebia uma ordenação vitalícia, sem a imposição das mãos, e tinha o dever de examinar os candidatos à comunhão da igreja e de visitar os enfermos, sendo incentivado a ensinar. Surgiu a teoria, através de 1 Tm 5.17, de que os ministros e os demais presbíteros eram da mesma ordem, e que os ministros eram presbíteros quer ensinavam, e os demais, presbíteros que governavam. De modo global, no entanto, a Igreja Presbiteriana tem sustentado que há uma distinção entre a ordenação ao ministério e a ordenação ao presbiterado, sendo que o tipo de ordenação é determinado segundo a sua finalidade.

   O presbítero tem sido considerado representante do povo (sem, porém, ter sido nomeado pelo povo, e sem ser responsável diante deste) na organização dos assuntos da igreja, e tem cumprido muitas das funções que, no NT, são próprias do diaconato. O padrão da obra do presbítero dentro da igreja corresponde estreitamente àquele do “ancião do povo” no AT.

WALTER A. ELWELL. Enciclopédia HISTÓRICO-TEOLÓGICA DA IGREJA CRISTA. Editora Vida Nova.

2. A liderança local.

O crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do Senhor JESUS (Tt 1.5,7). Os pastores não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das inúmeras responsabilidades que a igreja local requer. Como a referência a presbíteros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos”, dá a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. “Sempre são citados no plural, isto é, não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.l4; 1 Pe 5.1).”

Certamente, pela inexistência de pessoas qualificadas com o dom ministerial de pastor, havia a necessidade de uma liderança, formada por um grupo de irmãos mais idosos, para cuidar da igreja local. Entende-se, assim, que os presbíteros têm um ministério de grande importância, auxiliando os pastores, designados por DEUS para apascentarem e cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados.

Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 131.

Na época da carta de Paulo a Tito, o jovem é o representante do apóstolo em Creta onde era evidentemente pastor da igreja cristã.

Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei (5). Os dizeres dão a entender que fazia pouco tempo que Paulo estivera em Creta acompanhado com Tito que lhe servia de assistente. O fato de Tito ter sido encarregado de ordenar presbíteros... de cidade em cidade mostra a extensão dessa atividade. O ministério de Paulo em Creta havia terminado recentemente; mas o apóstolo deixou ali Tito, seu assistente, para completar a tarefa de organizar as igrejas. A linguagem de Paulo dá a entender que nem tudo estava bem nas igrejas cretenses e que parte da tarefa de Tito era corrigir o que estava errado.

Tito foi instruído a designar e ordenar presbitérios (ou “pastores”, BV) para as igrejas. Esta prática estava de acordo com o costume do apóstolo. Já na primeira viagem missionária, Lucas nos informa que, “havendo-lhes por comum consentimento eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido” (At 14.23). Há diferenças nas instruções de Paulo entre 1 Timóteo e Tito. Na primeira, já havia bispos no exercício do cargo, ao passo que na última, provavelmente por ser algo novo na igreja cretense, era a primeira ordenação de presbitérios.

O bispo era o gerente financeiro da igreja local e por isso, se por nenhuma outra razão, deve ser homem de extrema integridade.

Como guardião dos fundos monetários da igreja esta poderia se tornar fonte de tentação para o bispo.

J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 543-546.

Tito também deixará a ilha. Por isso é necessário que as instruções sejam entregues por escrito às mãos dos irmãos colaboradores e co-dirigentes em Creta. Em 1Tm já se pressupõem formas e serviços eclesiais mais sólidos, em Creta parece existir um estágio anterior de constituição da igreja.

As coisas faltantes são aquilo que ainda falta para o desenvolvimento de uma igreja plenamente emancipada. O que Paulo deixou inconcluso é confiado a Tito para que este cuide da evolução posterior. O que DEUS começou ele pretende levar à maturidade. Aqui não se tem em vista apenas um aperfeiçoamento em termos de organização! Já em 1Ts 3.10 Paulo escreve que deseja dirimir as falhas que ainda estão ligadas à fé. As igrejas devem chegar à aprovação na fé.

Tito recebe particularmente a incumbência de instituir presbíteros em cada cidade. Aparentemente a fé em JESUS se expandiu primeiramente nas cidades, ou as igrejas cresceram mais rapidamente nelas, de modo que se tornasse necessária a instalação de presbíteros. As aldeias e localidades das redondezas eram evangelizadas a partir das cidades. Em todos os lugares a instalação de servos para a igreja aconteceu com a participação dos membros da igreja. At 14.23 informa que Paulo e Barnabé retornaram a três cidades em que se haviam formado igrejas durante a primeira migração evangelizadora. Somente agora, na segunda estadia, elegem presbíteros em cada igreja, recomendando-os em conjunto com a igreja ao Senhor, mediante oração e jejum. A evangelização em Creta pode ter ocorrido de forma similar. Primeiramente Paulo e Tito viajaram em conjunto pela ilha, anunciando o evangelho de JESUS. Em uma segunda visita, pouco tempo depois, Tito (ele permaneceu na ilha, enquanto Paulo seguiu viagem) deve confirmar, em e com as jovens igrejas, presbíteros que se evidenciaram como agraciados e aprovados por DEUS em vista de seu serviço aos fiéis.

Em todas as igrejas surgidas da atividade missionária de Paulo havia serviços eclesiais organizados desde o princípio, tão logo um grupo sólido de discípulos estivesse de fato formado. O NT não dá notícia de nenhuma igreja sem liderança. O estilo de liderança pode se configurar de formas muito distintas, porém nunca na forma de uma posição especial excludente ou de uma reivindicação legal consolidada.

Tt 1.7 O presidente deve ser irrepreensível como administrador de DEUS: O presidente é um dos presbíteros e vem das fileiras deles, por isso é repetida para ele a característica decisiva: que seja irrepreensível! O singular não exclui a possibilidade de que houvesse vários presidentes em uma cidade, especialmente quando se formavam várias igrejas caseiras na mesma localidade. Ao contrário de 1Tm, não se mencionam aqui diáconos. Não se trata de listar todos os serviços na igreja e muito menos de instituir um cargo de bispo monárquico, nem de providenciar o ordenamento jurídico de cargos.

A prestação de serviços na administração de DEUS acontece pela fé. Cada administrador presta contas do que faz e deixa de fazer.

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos Tito. Editora Evangélica Esperança.

LIDERES ORDENADOS E QUALIFICADOS (Tt 1:5-9)

Um dos motivos pelos quais Paulo deixou Tito na ilha de Creta foi para que organizasse as congregações locais, "[pondo] em ordem as coisas restantes". Essa expressão é um termo médico e se refere a endireitar um membro torto. Tito não era o ditador espiritual da ilha, mas sim o representante apostólico oficial de Paulo, com autoridade para realizar sua obra. Fazia parte da política de trabalho de Paulo ordenar presbíteros nas igrejas que começava (At 14:23), mas o apóstolo não havia ficado tempo suficiente em Creta para ordenar esses líderes.

É bom desejar ser um líder espiritual. Desejar significa “dirigir o coração em direção a alguma coisa”. A liderança é uma excelente obra. Paulo destacou a sua importância. No entanto, como ele iria mostrar, os padrões são elevados.

Os novos crentes devem se tornar seguros e fortes na fé antes de assumirem posições de liderança na igreja. Frequentemente, quando está precisando desesperadamente de obreiros, a igreja coloca um neófito prematuramente em uma posição de liderança. Os novos crentes devem tomar parte no ministério de DEUS, mas não devem ser colocados em posições de liderança até que estejam firmemente enraizados na sua fé, com um modo de vida solidamente cristão e um conhecimento da Palavra de DEUS. De outra maneira, o novo crente, ensoberbecendo-se, cairá na condenação do diabo. A referência ao diabo ensina que, da mesma maneira como Satanás caiu, por causa do seu orgulho, assim também o perigo do orgulho espreita os novos crentes a quem é dada alguma responsabilidade antes que estejam prontos para assumi-la. Os novos crentes que são promovidos muito rapidamente podem ser alvos fáceis para a poderosa tentação do diabo: o orgulho. O orgulho pode seduzir as emoções e ofuscar a nossa razão. Pode tornar aqueles que são imaturos suscetíveis à influência de pessoas inescrupulosas.

I Tm 3.7 Exigir que os líderes tenham uma boa reputação com as pessoas de fora da igreja (isto é, os não-crentes da comunidade) dava à igreja em geral uma boa reputação na comunidade. Os líderes da igreja, sendo as pessoas mais visíveis da igreja no mundo secular, fariam bem em manter os mais altos padrões e a melhor reputação. Ver diversos líderes de igreja nas manchetes nos últimos anos devido à evasão de impostos, uso ilícito de fundos e escapadas sexuais certamente danifica a credibilidade da igreja. Os líderes de igreja que seguem os conselhos de Paulo evitam que a sua igreja enfrente ofensas desnecessárias. Do contrário, o resultado é ficar desmoralizado e cair em afronta e no laço do diabo, juntamente com os crentes e os não-crentes. Este laço pode ser o fracasso moral e o julgamento resultante em que um homem escolhido para ser líder irá cair, ou pode significar a armadilha da tentação que leva ao orgulho, conforme mencionado no versículo 6. Quando os líderes cristãos têm uma reputação ruim, isto impede que os incrédulos venham a CRISTO.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 494-496.

Irrepreensível não significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento abrangente, fundamental para tudo o que segue. JESUS frisa a importância do bom testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé, preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a autêntica irrepreensibilidade.

Marido de uma só mulher. O presidente deve ser exemplarmente casado. Não se espera o celibato dos servidores da igreja, mas que tenham plena capacidade matrimonial e sejam modelos no casamento. A melhor “escola matrimonial” acontece por “exemplos matrimoniais”.

Presidentes e diáconos devem ser casados uma única vez; isso aponta em 3 direções:

1) Acerca da profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido morreu após 7 anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada (84 anos), servindo a DEUS. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel ao “noivo de sua mocidade”.

2) Conforme as palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por DEUS, do relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam atenção para isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio, quanto mais isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas as coisas” (logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.

3) A interpretação aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à prática do divórcio, que naquela época se alastrava com força, e do correlato recasamento de pessoas divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.

A expressão única pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve caracterizar de forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em todas as situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra, porque castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do respeito.

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.

II - A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO

1. Significado do termo.

I Tm 4.14. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério (14). Nesta passagem, o apóstolo reconhece que o poder, que chamaríamos preparação carismática para o ministério, é decididamente o mais importante. Ele firma que Timóteo recebeu este dom por profecia, observação repetitiva de Paulo (1.18). O chamado de DEUS para servir na obra do ministério é consideração anterior e principal. E o ESPÍRITO SANTO que tem de instigar a escolha do homem para esta vocação santa. E com o seu chamado temos razão para crer que haverá as qualificações acompanhantes da “graça, dons e utilidade”. Pode haver casos excepcionais em que uma ou outra destas qualidades não esteja em evidência, mas DEUS as vê em estado latente; contudo, a regra é conforme está declarada acima.

Isto significa mais que “ter facilidade em falar”, ou “ser muito extrovertido”, ou “dar-se bem com as pessoas”, ou “ser líder nato”. Algumas destas qualidades podem complementar o equipamento espiritual essencial, mas nenhuma o substitui.

Além disso, seria erro presumir que a ordenação da igreja fornece esta qualidade mística quando em falta. A significação da ordenação da igreja e sua relação com a ação anterior do ESPÍRITO estão claramente expostas em Atos 13.2,3. Falando da igreja em Antioquia na Síria, Lucas relata: “Disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”. O mero “contato manual”, como disse alguém, a imposição das mãos do presbitério não tem significado sem essa obra antecedente do ESPÍRITO SANTO.

A linguagem de Paulo dá a entender perfeitamente que, referindo-se à ordenação de Timóteo, a ação do presbitério (os pastores) era reconhecimento e confirmação da ação anterior do ESPÍRITO.

J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 484-485.

I Tm 4.14 Ninguém deveria desprezar Timóteo (4.12), nem ele deveria desprezar a si mesmo. Paulo lembrou Timóteo de que ele tinha os requisitos necessários para realizar aquela obra difícil em Éfeso. Entre eles, estava um dom espiritual de DEUS. Embora Paulo não defina especificamente este dom, ele estava preocupado com a possibilidade de Timóteo hesitar em usá-lo ou deixar de usá-lo. Quando virmos as capacitações de todos os tipos (espiritual, relacional, técnica) como dons de DEUS, será mais fácil vermos a sua mão operando por meio dos esforços humanos. Ele poderia realizar a tarefa porque DEUS o tinha chamado para realizá-la, o tinha capacitado para realizá-la, e estaria com ele durante a realização dela.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 502.

Para Paulo o carisma está no começo e no centro de todo serviço e de toda a vida da igreja. O carisma não é algo acrescentado ao ministério, nem mesmo algo que somente possui certa importância à margem da verdadeira ordem eclesiástica. Dons da graça foram dados a todos para todos, ainda que nem todos recebam os mesmos dons. Em 1Co 12-14 Paulo não fala contra os dons da graça, mas somente contra seu abuso. Timóteo não corre o risco dos carismáticos de Corinto. Pelo contrário, a ele o apóstolo precisa dizer: não negligencies o dom da graça em ti. O próprio DEUS o concedeu a você, não uma instância humana. Por isso utilize esse dom, exercite-se nele, use-o diligentemente!

Mediante profecia: por meio de uma palavra profética; profecias que apontam para Timóteo; falam de sua vocação. Desse chamado de DEUS lhe advém força para a luta. No começo do serviço não está o cargo, mas o carisma. No começo do carisma não está a ordenação, mas a vocação pelo próprio DEUS. Tanto o AT como o NT deixam inequivocamente claro que os servos estabelecidos para um serviço específico recebem a dádiva do ESPÍRITO antes de receber os dons do ESPÍRITO para o serviço.

Pela imposição de mãos: A imposição das mãos confirma o que aconteceu, a saber, a vocação prévia por DEUS, profeticamente divulgada. A prática da imposição das mãos situa-se no âmbito dos sinais visíveis que acompanham a fé.

Paulo lhe impôs as mãos em conjunto com os anciãos (QI 30). Assim como Tito deve instalar presbíteros de cidade em cidade, assim o próprio Paulo havia instalado Timóteo como presbítero. A instalação do presbítero não era uma ação arbitrária do apóstolo, mas ele reconhecera no ESPÍRITO que DEUS já havia posto sua mão sobre o jovem: o apóstolo então agiu de modo correspondente. Embora Timóteo fosse jovem na idade, DEUS o havia chamado como “ancião” e o manifestou mediante profecia. Concedeu-lhe o ESPÍRITO SANTO, incutiu-lhe o carisma para o serviço, confirmou sua vocação pela imposição de mãos por Paulo perante muitas testemunhas.

Que carisma específico Timóteo havia, pois, recebido? Será que era pastor, mestre ou evangelista? (“Faça a obra de um evangelista!” 2Tm 4.5). Seria igualmente difícil definir um dom espiritual específico para Paulo. O dom geral da “palavra”, i. é, a vocação para o “serviço à palavra”, podia abranger proclamação, exortação, ensino e evangelização, mas apresentava ênfases diferentes nos diversos servos. Dependendo também das circunstâncias com que se deparavam, um ou outro serviço podia passar mais para o primeiro plano. Essencial para todos os dons espirituais é que cada um carece de complementação. Por mais abrangentes que sejam, ocorrem de forma apenas limitada em cada pessoa, carecendo da permanente complementação por parte de outra.

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.

2. A atuação do presbitério.

At 16.4,5 Pelo menos um dos novos itens da agenda da sua viagem era explicar a decisão tomada em relação aos mandamentos que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos no concílio de Jerusalém (At 15). As questões entre judeus e gentios que tinham sido solucionadas no concílio provavelmente surgiriam novamente nas áreas predominantemente gentílicas para onde Paulo estava viajando.

O crescimento rápido era importante nesta primeira etapa da divulgação do Evangelho em meio aos gentios. Os críticos do ministério de Paulo orientado aos gentios (especialmente a facção judaica) estariam esperando ansiosamente por uma oportunidade para calar Paulo, ou pelo menos para diminuir a sua influência. Mas aqui, na primeira penetração real do Evangelho no mundo gentílico, a igreja prosperava, da mesma maneira como havia ocorrido no início com a igreja que era composta, em sua maioria, por pessoas de origem judaica.

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 697.

E, quando iam passando (tempo imperfeito) pelas cidades (Listra, Icônio, Pisídia, Antioquia) os irmãos lhes entregavam (4) — os gentios cristãos — os decretos — lit., “dogmas” usados para os decretos imperiais (17.7; Lc 2.1)127 — que haviam sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. A expressão Que haviam sido estabelecidos quer dizer literalmente “que foram julgados”. Esta é a única passagem no Novo Testamento onde o verbo comum krino foi traduzido como estabelecidos. A luz desse contexto (cap. 15), provavelmente a melhor tradução para a frase seria: “As decisões a que chegaram” (Phillips) ou “Os decretos que foram deliberados”.128

Aparentemente, a promulgação dos decretos do Concílio de Jerusalém mais ajudou do que prejudicou os trabalhos, pois lemos que: as igrejas eram confirmadas na fé e cada dia cresciam em número (5) — lit., “estavam sendo fortalecidas” e “estavam aumentando” (verbos no tempo imperfeito). Este é o quarto relatório resumido sobre o progresso do trabalho missionário (cf. 6.7; 9.31; 12.24).

Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 328-329.

«...decisões...», isto é, os decretos baixados quando do concilio que houve na cidade citada, eram entregues e explicados aos irmãos. Paulo sem dúvida ansiava por mostrar-se leal ao pacto firmado em Jerusalém.  Lembremo-nos, além disso, que Silas era um dos delegados originais enviados pelos irmãos de Jerusalém, o qual poderia acrescentar o seu próprio testemunho sobre a natureza das providências tomadas naquela cidade. «Os decretos e as determinações salutares devem ser diligentemente observados, pois, de outro modo, assemelhar-se-iam a um sino sem badalo». (Starke, in loc.).

«Esses decretos ainda eram claramente considerados, pelos convertidos vindos do paganismo, como a carta magna com base na qual poderiam tomar posição firme em qualquer disputa com os judaizantes, e, sem dúvida, esses decretos ajudaram a determinar muitos que ainda estavam hesitantes, a buscarem admissão na igreja cristã». (E.H. Plumptre, in loc.).

CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 328.

3. A valorização do presbitério.

Recompensa Adequada pelo Serviço Fiel (5.17,18)

As palavras “anciãos” (1) e presbíteros (17; aqui quer dizer “pastores”, cf. BV) são tradução da mesma palavra grega; os significados, embora distintos, estão correlacionados. No versículo 1, significa os membros mais idosos da congregação; mas aqui diz respeito aos indivíduos separados para a obra do ministério: Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (17). Há comentaristas que entendem que este versículo antecipa a distinção entre “pastores” que governam e “pastores que ensinam”, que é a prática em certas igrejas reformadas. Mas isso é improvável, quando lembramos que Paulo já havia declarado especificamente que todo bispo (ou pastor) tem de ser “apto para ensinar” (3.2).

O apóstolo está estipulando a Timóteo que o pastor que combina igreja com o serviço fiel e talentoso como pregador e professor de honra. Junto do honorário deve ser incluída a honra. Ainda não havia chegado o dia em que os ministros da igreja seriam totalmente sustentados. O costume que então vigorava era que os líderes da igreja se sustentassem, da mesma maneira que o apóstolo o fazia. Na opinião de Paulo, o bom serviço merece reconhecimento e recompensa. Aquele cujo tempo era tomado quase todo pelo trabalho da igreja deveria receber maior compensação.

Paulo sustenta seu conselho com um argumento que lembra 1 Coríntios 9.9: Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário (18). A primeira destas passagens é um preceito do Antigo Testamento encontrado em Deuteronômio 15.4, e em sua situação original é uma ordenação humanitária. Mas em outro texto Paulo argumenta que tem um significado mais profundo: “Porventura, tem DEUS cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós?” (1 Co 9.9,10). O apóstolo também cita outra passagem para a qual dá importância igual: Digno é o obreiro do seu salário. Esta é declaração de nosso Senhor registrada em Lucas 10.7. O fato surpreendente é que os estudiosos do Novo Testamento não conseguem achar evidências para provar que o Evangelho de Lucas tinha acesso geral quando estas palavras foram escritas. Provável é que o Evangelho de Lucas fosse conhecido por Paulo e também por Timóteo.

E. K. Simpson assume a posição, junto com B. B. Warfield, de que “temos aqui uma citação verbalmente exata do Evangelho de Lucas, tratada como porção integrante das Santas Escrituras”. Nesta passagem, o apóstolo deixa clara sua opinião de que o serviço fiel e eficaz merece reconhecimento e remuneração adequada. E óbvio que a igreja começava a mudar rumando para um ministério assalariado.

J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 490-491.

Dobrada honra: o termo honra retoma nitidamente o tema do v. 3, onde já se evidenciou que ele não podia se referir apenas ao sustento ou ao salário. Honrar uma pessoa significa reconhecê-la, atribuir-lhe o valor que lhe cabe. O próprio Timóteo não havia recebido a honra e o reconhecimento que merecia. Em vez de exigi-los para si, deve responder a essa deficiência com vida exemplar. Conceder “dobrada honra” pode significar ou honrar uma pessoa idosa por ser anciã e por trabalhar na igreja como anciã ou, além do sustento material recebido por todos os idosos carentes, manter (intelectualmente) honrados os idosos que presidem a igreja, por causa de seu ministério. A igreja deve ser generosa e pródiga no sustento de homens e mulheres idosos e de forma alguma ser reticente quando desempenham um bom ministério em prol da igreja.

Sobretudo os que trabalham na palavra e no ensino: que realizam algo, que se esforçam, termo frequente em Paulo.

Palavra: como em 1Tm 4.12; 1Co 1.5; de modo geral a proclamação da mensagem de CRISTO.

Ensino: instrução para viver a partir da fé. De acordo com 1Tm 3.2 e Tt 1.9, ensinar faz parte das atribuições do presidente. Consequentemente se fala aqui de vários presidentes em Éfeso, assim como acontecia na igreja em Filipos. Os dirigentes das famílias em cujos lares surgiram as primeiras igrejas caseiras também eram os presidentes naturais para as igrejas, caso fossem aprovados.

Contrariando a declaração, muitas vezes reiterada, de que as pastorais preferem títulos para cargos sem descrever a função deles, ao passo que o próprio Paulo raramente empregaria títulos para cargos, mas em troca assinala o conteúdo dos diversos serviços, aparece o presente versículo: “Sobretudo aqueles que trabalham na palavra e no ensino.” Nem aqui nem em 1Tm 3.1s se fala de uma ordem hierárquica dos ministérios. Por isso o jovem Timóteo pode ser convocado para ser “presbítero”, porque em última análise a chave não é a idade, nem o cargo em si, mas o serviço ao evangelho, o empenho e o labor dentro dele (1Tm 4.14).

Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.

NORMAS PARA A ADMINISTRAÇÃO PRÁTICA

1 Timóteo 5:17-22

Esta passagem consiste numa série de normas muito práticas para a vida e a administração da Igreja.

 (1) Deve-se honrar adequadamente os anciãos, e também pagar-lhes como corresponde. No Oriente quando se debulhava, as hastes de trigo se deixavam na era; logo se fazia com que várias juntas de bois caminhassem sobre eles; ou se atava os bois num poste no meio, como um eixo e eram partidos ao redor do grão; outras vezes se acoplava a eles um pau de debulhar, aquele que se fazia passar e repassar sobre o trigo; mas em todos os casos se deixava os bois sem focinheira; estavam livres para comer todo o grão que quisessem como prêmio pelo trabalho que estavam fazendo. A lei existente de que não se devia atar a boca aos bois encontra-se em Deuteronômio 25:4. A afirmação de que todo obreiro é digno de seu trabalho pertence a JESUS (Lucas 10:7). O mais provável é que Ele tenha citado um provérbio. Todo homem que trabalha merece seu sustento, e quanto mais trabalha, mais terá ganho e merecido. O cristianismo nunca teve nada que ver com a ética suave e sentimental que exige salários iguais para todos. O que recebe o homem deve ser sempre proporcional a seu trabalho. Mas devemos notar quais são os anciãos que devem ser especialmente honrados e retribuídos. Trata-se daqueles que trabalham na pregação e no ensino. Não se trata aqui do ancião que se limitava a dar conselhos e recomendações, cujo serviço consistia em palavras, discussões e argumentos e que considerava terminados seus deveres de ancião quando se sentou a uma mesa e falou. O homem que verdadeiramente honrava a Igreja era aquele que trabalhava para edificá-la com sua pregação da verdade às pessoas, e com sua tarefa de educar os mais jovens e os novos conversos no caminho cristão.

(2) A Lei judia estabelecia que não se podia condenar a ninguém com o testemunho de uma só pessoa: “Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato” (Deuteronômio 19:15).

A Mishnah, a lei rabínica codificada, ao descrever o processo de um juízo diz: " A segunda testemunha era igualmente trazida e examinada.

Se fosse encontrado que o testemunho dos dois coincidia, o caso era aberto para a defesa." Quer dizer, se sustentava-se uma acusação com a evidência de uma só testemunha, considerava-se que não havia motivo para iniciar uma causa.

Em épocas posteriores as normas da Igreja estabeleceram que as duas testemunhas deviam ser cristãs, porque teria sido fácil para um pagão malicioso inventar uma falsa acusação contra um ancião cristão para desacreditá-lo, e através dele à Igreja. Nos primeiros dias da Igreja, as autoridades eclesiásticas não duvidavam em aplicar a disciplina, e Teodoro de Mopsueste, um dos pais primitivos, assinala quão necessária era esta norma, porque os anciãos estavam expostos sempre ao desagrado e especialmente a ataques maliciosos "como aquela desforra dos que tinham sido repreendidos por seus pecados". Uma pessoa a que se tinha chamado à ordem podia querer obter sua revanche acusando maliciosamente a um ancião de alguma irregularidade ou algum pecado. O certo é que este seria um mundo mais feliz, e a Igreja seria mais feliz, se a pessoa compreendesse que difundir ou repetir histórias a respeito das pessoas, que não são, nem podem ser seguras, é nada menos que um pecado. Os falatórios irresponsáveis, caluniosas e maliciosas fazem danos infinitos e causam muitas feridas, e DEUS não deixará de castigar.

(3) Aqueles que persistem no pecado devem ser repreendidos publicamente. Essa reprimenda pública tinha um duplo valor. Fazia com que o pecador considerasse seriamente sua forma de ser, e despertava o sentimento de vergonha; e fazia com que outros se cuidassem de não ver-se envoltos eles mesmos numa humilhação similar. A ameaça da publicidade não é má, se faz com que a pessoa se mantenha no caminho correto, ainda que seja por medo. Um dirigente sábio, saberá quando é o momento de calar as coisas, e quando deve fazer uma reprimenda pública. Mas seja o que for que aconteça, a Igreja não deve dar ao mundo nunca a impressão de que está tolerando o pecado.

(4) Timóteo vê-se urgido a administrar sua tarefa sem favoritismos nem preconceitos. D. S. Easton escreve. "O bem-estar de toda comunidade depende da disciplina imparcial." Nada faz mais mal que tratar a algumas pessoas como se não pudessem fazer o mal, ou a outros como se não pudessem fazer o bem. A justiça é uma virtude universal, e nela a Igreja nunca deve estar por baixo das normas de imparcialidade que até o mundo exige com razão.

(5) Previne a Timóteo que “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos”. Isso pode significar uma de duas coisas.

(a) Pode ser que signifique que não deve ser muito ligeiro em impor as mãos a qualquer pessoa para ordená-la numa função da Igreja. Ninguém deveria começar no posto mais alto. A pessoa deve dar provas de que merece uma posição de responsabilidade e liderança. Isto é duplamente importante na Igreja; porque uma pessoa que é elevada a uma alta função e logo fracassa nela ou a desacredita, não só traz desonra sobre si mesmo, mas também sobre a Igreja. Num mundo crítico a Igreja não pode deixar de ser muito cuidadosa no que concerne à classe de pessoas que escolhe como dirigentes.

(b) Eusébio, o historiador da Igreja, relata-nos que era um costume antigo que os pecadores arrependidos fossem recebidos novamente com a imposição de mãos e com oração. Se esta passagem refere-se a isso, pode tratar-se de uma advertência a Timóteo que não seja muito ligeiro em receber novamente à pessoa que havia trazido desonra à Igreja; que esperasse até que tivesse demonstrado que seu arrependimento era genuíno e que estava verdadeiramente decidido a modificar sua vida para concordar com suas manifestações de arrependimento.

A comunidade da Igreja existe para ajudar a estas pessoas a redimir-se a si mesmos, mas o ser membros da Igreja é para aqueles que dedicaram suas vidas a CRISTO verdadeira e sinceramente.

BARCLAY. William. Comentário Bíblico. I Timóteo. pag. 129-133.

I Ped 5.1 Aqui prossegue a linha de pensamento de 4.12-19. Como o julgamento de DEUS irá “começar pela casa de DEUS” (4.17), os presbíteros destas congregações tinham grande responsabilidade. Os presbíteros eram os líderes nomeados nas igrejas (veja At 14.23; 20.17; 1 Tm 5.17,19;Tt 1.5,6); eles deveriam conduzir as igrejas por meio do ensino das doutrinas sadias, ajudando os crentes a adquirirem maturidade espiritual e equipando os crentes para viverem para JESUS CRISTO, apesar das oposições. Os presbíteros tinham grande responsabilidade, e esperava-se que fossem bons exemplos. Pedro pediu como um presbítero também, identificando-se, desta forma, com os outros líderes da igreja, embora tivesse ainda mais autoridade por ser um dos apóstolos. Como testemunhas, eles também poderiam participar daqueles sofrimentos, “testemunhando-os” pessoalmente em sua própria vida.

Mas eles compartilham ainda mais, pois Pedro e os demais presbíteros, assim como todos os crentes, serão participantes da glória de CRISTO, que se há de revelar quando Ele retornar. Pedro e os crentes estavam participando da glória de CRISTO naquela época, e eles também participarão desta glória quando ela for revelada, no último dia (a Segunda Vinda).

Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 732.

                    FONTE: APAZDOSENHOR.ORG



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