Lição 11: O Presbítero, Bispo ou Ancião
TEXTO ÁUREO
“Por esta
causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda
restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros […]”
(Tt 1.5).
VERDADE
PRÁTICA
O
presbitério deve ser constituído por pessoas idôneas para auxiliar na
administração da igreja local.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Tito 1.5-7; 1
Pedro 5.1-4.
Tito
1
5 – Por esta
causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda
restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te mandei:
6 – aquele que
for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha filhos fiéis, que não
possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes.
7 – Porque
convém que o bispo seja irrepreensível como despenseiro da casa de Deus, não
soberbo, nem iracundo, nem dado ao vinho, nem espanca dor, nem cobiçoso de
torpe ganância;
1 Pedro 5
1 – Aos
presbíteros que estão entre vós, admoesto eu, que sou também presbítero com
eles, e testemunha das aflições de Cristo, e participante da glória que se há
de revelar:
2 – apascentai
o rebanho de Deus que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas
voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto;
3 – nem como
tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho.
4 – E, quando
aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa de glória.
OBJETIVO GERAL
Apresentar a importância da função de presbítero.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos
1
Definir o termo e a
função do presbítero; O
2
Destacar
a importância do presbítero;
3
Pontuar
os deveres dos presbíteros.
•
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
A
igreja local é o Corpo Invisível de Cristo num tempo e num espaço. Ela é
constituída por distintos seres humanos. Por isso, é preciso haver uma
liderança que a norteie, a oriente e a administre com sabedoria. Então, aprouve
ao Senhor levantar obreiros para dela cuidar. A igreja local jamais pode ser
administrada por um único líder. Apesar da importância do pastor titular, este
deve contar com um grupo de obreiros aptos a ensinar e a administrar a igreja
local: o presbitério. O nosso Pai levantou presbíteros, homens honrados, de boa
índole e idôneos, para junto do pastor titular, cuidar e zelar do rebanho do
Senhor.
INTRODUÇÃO
No
início da Igreja do primeiro século havia líderes que orientavam os crentes
quanto ao Evangelho, bem como à organização e desenvolvimento da igreja local.
O Evangelho frutificou na vida das pessoas, e por isso, surgiam cada vez mais
novos crentes. Foi necessário, a fim de garantir o discipulado integral da nova
pessoa em Cristo, separar crentes idôneos e maduros na fé para cuidarem desse
precioso rebanho. Assim, os apóstolos de Cristo passaram a estabelecer
presbíteros para zelar pela administração e a vida espiritual da igreja local.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Caro
professor, para concluir o assunto do primeiro tópico, sobre a função do
presbítero, reproduza o quadro abaixo conforme as suas possibilidades. Peça aos
alunos para discutirem as funções do presbítero apresentadas no quadro,
preenchendo os espaços vazios.
Conclua
afirmando que a função de um presbítero, em primeiro lugar, é pastoral. Isto
implica múltiplas ações e zelo com a igreja local instituída pelo Senhor numa
região. Ao final da aula, juntamente com os alunos, interceda pelo presbitério
de sua igreja local.
SUBSÍDIO
TEOLÓGICO
“As
qualificações dos Presbíteros (1.6-9) As qualificações no verso 6, de acordo
com o idioma original, são condições ou questões indiretas relativas aos
candidatos que estão sendo considerados para o ministério. 0 grego traduz
literalmente: ‘Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher, que tenha
filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução [desperdício de
dinheiro] nem são desobedientes’ — este pode ser considerado como um candidato
ao presbitério […]. Paulo parece estar usando as palavras ‘ancião/presbítero’
(presbyteros, v.5) e Tíder/bispo’ (episkopos, v.7) de modo intercambiável […].
Neste primeiro período da história da Igreja, os ofícios ministeriais eram
variáveis e indistintos (STRONSTAD, Roger; ARRINGTON, French L. (Eds.) Comentário
Bíblico Pentecostal Novo Testamento. Vol. 2: Romanos a Apocalipse. 4.ed. Rio de
Janeiro: CPAD, 2009, pp.704,05).
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“PRESBÍTEROS
As Assembléias de Deus, especialmente no Brasil, certamente em razão de se
constituírem inicialmente de crentes de diversos grupos evangélicos, atraídos
pela crença bíblica do batismo no Espírito Santo, do ponto de vista
administrativo, ministerial, adotaram uma posição intermediária mais
aproximada do sistema presbiteriano. Não admitem hierarquia. Não aceitam o
episcopado formal, senão o conceito bíblico de que o pastor é o mesmo bispo
mencionado no Novo Testamento. Admitem, entretanto, o cargo separado de
presbítero. 0 presbítero (anteriormente chamado ‘ancião’) é o auxiliar do
pastor. Porém, em algumas regiões, em campo de evangelização das Assem bléias
de Deus, de certo modo, é-lhe dado cargo correspondente ao de pastor, onde, na
ausência deste, ele desempenha todas as funções pastorais: unge, ministra a
Ceia e batiza. Entre esses, há os que possuem a dignidade, capacidade e
verdadeiro dom de pastor. […] Porém, na Convenção Geral de 1937, na AD de São
Paulo (SP), foi debatida a questão sobre se os anciãos (presbíteros) não
poderiam ser considerados pastores. Os convencionais compreenderam, citando
textos como 1 Pedro 5.1, Atos 20.28 e 1 Timóteo 5.17, que, em alguns casos,
parece haver uma diferença entre anciãos e anciãos com chamada ao ministério, e
estabeleceram, assim, a hierarquia eclesiástica que até hoje existe nas
Assembléias de Deus: diáconos, presbíteros e ministros do evangelho (pastores e
evangelistas). […] Nas Assembléias de Deus, embora o trabalho do presbítero
tenha a sua definição, passou a ser também visto como o penúltimo cargo a ser
exercido pelo obreiro, na sucessão das ordenações, antes de ser consagrado a
evangelista ou pastor” (ARAÚJO, Isael. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio
de Janeiro: CPAD, 2007, pp.715,16).
11
O PRESBÍTERO, BISPO
OU
ANCIÃO
A Igreja deixou
de ser localizada apenas em Jerusalém, passando pela Judeia e Samaria, e começou
a se deslocar para “os confins da terra” (At 1.8). As “igrejas de Deus” sofriam
a perseguição e se espalhavam por vários lugares (1 Ts 2.14).
A
conversão do fariseu Saulo, no caminho de Damasco, fez dele um dos maiores
evangelistas de todos os tempos. Em suas viagens missionárias, muitas igrejas
foram abertas, inclusive na Europa. Em consequência, as igrejas necessitavam de
líderes, que orientassem os crentes acerca do evangelho, da organização, do
desenvolvimento e da maneira de viver dos novos grupos de cristãos. Os
apóstolos, com o verdadeiros evangelistas e missionários, não podiam ficar
radicados num só lugar. Uns tinham que se dedicar “à oração e à palavra” (At
6.4). Outros precisavam sair evangelizando, mas o crescimento da obra exigia m
ais pessoas para ajudá-los.
Assim ,
com o passar dos anos, foram surgindo crentes de mais idade, que demonstravam
condição para cuidar dos m ais novos convertidos. A boa sem ente do evangelho
frutificava em vários lugares, e os líderes da Igreja (pertencentes ao Colégio
Apostólico) tom aram providências para que, em cada cidade, fossem
estabelecidos líderes locais para cui darem do rebanho. Barnabé e Saulo foram
encarregados de levar socorro aos irmãos da Judeia, os quais o fizeram,
entregando a ajuda “aos anciãos” (At 11.30).
Havia
um a grande fome naquela região e os líderes, com sabedoria, não m andaram a
ajuda de qualquer forma. Enviaram aos líderes da com unidade cristã. Em sua
primeira viagem missionária, Paulo e Barnabé chegaram a Icônio, foram
perseguidos e saíram para listra, Derbe, Antioquia, Pisídia e por muitas outras
cidades. Eles fizeram excelente trabalho missionário, fundando muitas igrejas
por onde passavam. E as multidões de crentes precisavam ser discipuladas.
Aquela altura da expansão da Igreja, não havia ainda um ministério organizado
com o conhecemos hoje, com pastores, evangelistas, mestres, presbíteros e
diáconos, de forma bem definida e até impropriamente hierarquizada.
Por
isso, os discípulos mais antigos, e de mais idade, eram designados para cuidar
de cada igreja. Eram os anciãos, que iam sendo escolhidos para serem superintendentes,
supervisores, ou bispos. Exortando os irmãos de Efeso, Paulo falou para os
líderes daquela igreja:
“Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho
sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja
de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue” (At 20.28 — grifo nosso). 129
Em sua carta a Tito, Paulo mostra que é um
verdadeiro pastor e líder, chamado por Deus (1 Co 1.1; G1 1.1), e tem cuidado
das igrejas que fundou em suas viagens missionárias. E diz para seu discípulo:
“Por
esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que
ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te
mandei” (Tt 1.5).
De
acordo com o entendimento da época, a igreja local deveria ter à frente um
obreiro experiente e de mais idade. Que fosse um ancião.
Um
jovem obreiro pode ter muito conhecimento bíblico e até muita unção de Deus.
Mas a experiência só se consegue com o tempo, com o passar dos anos (Jó 32.7).
Ao longo dos séculos, a atividade do presbítero caracterizou-se pelo ministério
de administrar as igrejas, bem como do ensino da Palavra. Sua função não é
inferior à do pastor ou do evangelista. É atividade necessária para o bom
ordenamento das atividades das igrejas locais.
O
presbítero é obreiro que colabora com o pastor da igreja, ajudando-o no cuidado
do rebanho do Senhor Jesus Cristo.
I - A ESCOLHA E TRATO COM OS PRESBÍTEROS
1. SIGNIFICADO DE PRESBÍTERO
A
palavra presbítero, em sua origem significa “Forma comparativa” de presbys
(gr.), que tem o significado de “ mais velho, como substantivo, uma pessoa mais
velha; especialmente um membro do Sinédrio israelita (também figurado, membro
do conselho celestial) ou um “presbítero” cristão — ancião, mais velho, “um
título de dignidade” “Anciãos de igrejas cristãs, presbíteros, encarregados da
administração e governo das igrejas individuais”. Equivale a “episkopos,
supervisor, bispo. Também didaskolos, professor; poimén, pastor”.
Nos primórdios
da Igreja, o presbítero era “o pastor” local, fazendo parte de um grupo de
obreiros, responsáveis pelo cuidado das novas igrejas que surgiam em
decorrência da evangelização intensiva.
O
apóstolo Paulo, que também era pastor e presbítero, teve o cuidado de organizar
a administração das igrejas por ele abertas em suas viagens missionárias.
Escrevendo a Tito, seu discípulo, orientou-o quanto ao estabelecimento de
presbíteros, nos diversos lugares, onde havia igrejas, indicando que eles
seriam de fato os responsáveis pela liderança das novas igrejas.
2. A
NECESSIDADE DOS PRESBÍTEROS
O
crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a
delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do
Senhor Jesus (Tt 1.5,7).
Os
pastores não podem abarcar tudo para si, sob pena de não darem conta das
inúmeras responsabilidades que a igreja local requer. Com o a referência a
presbíteros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”, “bispos” ou “anciãos”,
dá a entender que, em geral, o presbítero não agia isoladamente, mas como um
corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da igreja local. “Sempre são
citados no plural, isto é, não é mencionada uma só igreja onde houvesse apenas
um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; T g 5 .l4 ; 1 Pe 5.1).”2
Certamente, pela inexistência de pessoas
qualificadas com o dom ministerial de pastor, havia a necessidade de uma
liderança, formada por um grupo de irmãos mais idosos, para cuidar da igreja
local. En tende-se, assim, que os presbíteros têm um ministério de grande
importância, auxiliando os pastores, designados por Deus para apascentarem e
cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados.
3. A
ESCOLHA E AS QUALIFICAÇÕES
A
missão do presbítero é de tanta importância que o Novo Testa mento dedica
vários textos a respeito das qualificações que se devem exigir dos obreiros que
são escolhidos para essa função ministerial. Não é um “dom de Deus”, como já
vimos no estudo sobre Efésios 4.11. Mas é um ministério, no sentido a que Paulo
se refere, ao dizer que “há diversidade de ministérios” (1 Co 12.5).
“O
papel dos oficiais da igreja era variável e flexível na época do Novo
Testamento. Até o período patrístico primitivo3, tais funções ainda não tinham
sido padronizadas e regulamentadas”. Tendo em vista a origem do presbítero,
como acentuado em item anterior, sua importância é indiscutível. E suas
qualificações são das mais relevantes. Em sua escolha, segundo a Palavra de
Deus, devem ser observadas algumas qualidades ou qualificações, com base no
texto de Tito 1.6-9, que equipara o presbítero ao “bispo” '.
1) “Aquele que for irrepreensível” .
O
presbítero, ou bispo, deve ser uma pessoa de caráter cristão ilibado, íntegro,
exemplar. Um “obreiro que não tem de que se envergonhar” (2 Tm 2.15).
2) “Marido de uma mulher
Significa
que o candidato ao presbitério ou ao episcopado deve ser um homem fiel à sua
esposa.
O
renomado comentarista Matthew Henry, em seu Comentário Bíblico sobre o Novo
Testamento, diz sobre ser “marido de uma mulher” o bispo não deve ser bígamo,
tendo duas ou três mulheres, “de acordo com a prática pecaminosa comum daquela
época, por uma imitação perversa dos patriarcas”.5
3) Que
tenha familia ajustada.
Paulo
dá destaque especial à criação dos filhos do presbítero ou bispo (cf. 1 Tm
3.4,5).
4) “Não
soberbo”.
E
sinônimo de “arrogante, orgulhoso, presunçoso”. Um presbítero não deve ser
orgulhoso. Quando Jesus, Mestre dos mestres, e “Sumo Pastor”, lavou os pés dos
discípulos, quis dar uma grande lição aos pastores, e aos presbíteros ou
bispos. E bom lembrar que cargo ministerial não é sinônimo de grandeza
espiritual (1 Pe 5.5).
5) “Nem
iracundo”.
Uma
pessoa iracunda é raivosa, colérica, fu riosa. Um presbítero deve ser pessoa
que sabe refrear seus impulsos emocionais. A ira é a pior opção para ser cultivada.
Um iracundo perde os melhores amigos e afasta a muitos de seu convívio.
Jesus
oferece um curso de mansidão (Mt11.29). Há vaga para todos.
6) “Nem dado ao vinho”.
Ou
seja: não dado a fazer uso de bebida alcoólica (ver E f 5.18). Não deve beber vinho
embriagante, nem ser tentado ou atraído por ele, nem comer e beber com os
ébrios (Mt 24.49). (1) A abstinência total de vinho fermentado era a regra para
reis, príncipes e juizes, no Antigo Testamento (Pv 31.4-7)/’ Não há necessidade
de o presbítero, bispo ou pastor tomar vinho. Um suco de uva puro tem as mesmas
propriedades terapêuticas que o vinho, exceto o teor alcoólico.
7) “Nem espancador”.
Ou não violento, agressivo. O obreiro precisa
ter o fruto da temperança ou do domínio próprio, para não dar lugar a seu
temperamento agressivo. O servo de Deus não deve guiar-se por seu temperamento,
mas pelo Espírito Santo (G1 5.16).
Alguém
pode espancar outro com palavras, ou ferir com agressões verbais ou psicológica
(cf. Jr 18.18). Sempre houve pastores grosseiros, prepotentes, alguns que
cometeram “assédio moral” contra pessoas a seu redor. Isso é reprovável sob
todos os aspectos. O presbítero ou bispo deve ser ordeiro, humilde, de bom
trato para com todos.
8) “Nem
cobiçoso de torpe ganância”.
A ganância
por bens mate riais ou pelo poder tem sido a causa de muitos escândalos e
descrédito contra o ministério pastoral. O apóstolo Pedro deu a mesma exortação
aos presbíteros (1 Pe 5.2).
9) “Mas dado à hospitalidade”.
O bispo
deve ser hospitaleiro (Hb 13.2). Um presbítero, bispo ou pastor deve ser uma
pessoa acolhedora; que sabe receber bem, com cortesia e amabilidade, qualquer
pessoa, em sua casa, na igreja, ou em qualquer lugar. Não deve ser grosseiro
nem fazer acepção de pessoas (At 10.34; T g 2.1, 9).
10)
“Amigo do bem”.
O
presbítero deve ter o fruto do Espírito da “benignidade”, que é a qualidade
daquele que se dedica a fazer o bem (SI 37.27; G16.9, 10). Quem faz o bem
colherá os frutos do que semeou.
11) “Moderado”.
É
sinônimo de “comedido, prudente, contido”. O presbítero ou o bispo deve ser uma
pessoa assim, sem afetação, sem exibicionismo; ter uma vida sem exagero, seja
na vida ministerial, seja na vida pessoal; sem ser radicalista ou liberalista,
evitando os extremos. Não deve ser precipitado no falar, no agir, mas deve ter
autocontrole em suas atitudes e ações. Deve ter o fruto do Espírito da
temperança (G1 5.22).
12) “Justo”.
É
sinônimo de “ imparcial, isento, neutro, justiceiro". Ê quali dade
indispensável ao líder. O Sumo Pastor nos guia “pelas veredas da justiça por
amor do seu nome” (SI 23.3).
O
presbítero ou bispo, que apascenta as ovelhas do Senhor, deve ter o mesmo
cuidado, de ser justo e não praticar qualquer ato de injustiça. Nunca usar os
“dois pesos e duas medidas”.
13)
“Santo”.
É
qualidade e condição indispensável para que uma pessoa seja salva. Ser santo é
ser separado ou consagrado para Deus. Um líder tem o dever de zelar pela
santidade. Para isso precisa estar sempre exercitando o processo da
“santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14; 1 Pe 1.15).
14) “
Temperante”.
E
qualidade de quem tem “temperança”, ou domínio próprio, autocontrole. Que sabe
dominar seus impulsos e paixões, seja na área dos relacionamentos, na área
afetiva, sexual, ou nos apetites carnais. O intemperante em qualquer área acaba
prejudicando a si ou aos outros. O bispo ou presbítero precisa ser um exemplo
na temperança. Após enumerar as quatorze qualificações para a escolha de um
presbítero ou bispo, Paulo diz a condição para que ele possa exercer sua nobre
missão, de cuidar, zelar e alimentar o rebanho:
1) “Retendo firme a fiel Palavra, que é
conforme a doutrina (1.9a)”.
Para
que todas as qualificações do ministro tenham valor é necessário que ele seja
“exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na
pureza” (1 Tm 4.12).
2) “Para que seja poderoso, tanto para
admoestar com a sã doutrina como para convencer os contradizentes” (1.9b).
Guardando ou retendo a “Fiel Palavra” de Deus, o líder tem autoridade para
admoestar os que aceitam a “sã doutrina” e para “convencer os contradizentes” ,
ou opositores da liderança. Paulo sabia o que era esse tipo de gente (1 Tm
1.20; 2T m 2.17; 4.14).
Para
que as qualificações do presbítero ou bispo sejam completas, é interessante
reunir as qualidades aqui estudadas com as da lista de Paulo a Timóteo, no capítulo
2.1-7. Uma complementa a outra.
II
- Os DEVERES DOS PRESBÍTEROS (1 PE 5.1-4; TG 5.14)
A
natureza e o significado honrosos do cargo ou da função do presbítero ou bispo
lhe confere muitas responsabilidades. Seus deveres são inerentes às suas
qualificações, como foi visto no item I, deste comentário. A seguir, resumimos
alguns desses deveres, conforme indicam os textos bíblicos sobre o presbítero.
1. A
PASCENTAR A IGREJA
Os
presbíteros, como pastores, na igreja local, têm o dever de alimentar o
rebanho de Cristo, com a sã doutrina, que é o alimento puro, saudável e
nutritivo para sua vida espiritual, social, moral, familiar, como cidadão do
céu e da terra.
O
apóstolo Pedro exorta muito bem aos presbíteros quanto a esse dever primordial
de sua missão:
“Apascentai o rebanho de Deus que está
entre vós...” (1 Pe 5.2a).
2.
CUIDAR DO REBANHO
Diz
Pedro aos presbíteros que devem apascentar “o rebanho de Deus”, “tendo cuidado
dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo
pronto; nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo
ao rebanho” (1 Pe 5.2,3). Os cuidados pastorais com as ovelhas requer muita
graça e capacidade, concedidas por Deus.
O
presbítero deve ter a consciência de que não é dono do rebanho. Ele cuida de
ovelhas que pertencem ao Senhor Jesus e não a ele.
1) Não “por força ”.
Por
isso, o presbítero, pastor ou bispo não tem o direito de usar “a força” ou o
autoritarismo para dirigir a igreja local. Já ouvimos de obreiro que,
aborrecido com alguma atitude de um ou outro crente, esbraveja, no púlpito:
“Aqui, quem manda sou eu; quem quiser pode sair” . Esse tipo de comportamento
revela um obreiro fracassado; que não tem autoridade nem competência para
cuidar do rebanho de Deus. O líder cristão não deve agir “por força”, mas pelo
poder do Espírito de Deus (cf. Zc 4.6).
2) “Mas voluntariamente”.
O
trabalho do presbítero deve ser voluntário, ou espontâneo. Não deve ser feito
por obrigação imposta. Os obreiros que mais progridem em seus ministérios e as
igrejas sob seu cuida do crescem são aqueles que o fazem por satisfação em
servir. Quem serve voluntariamente enfrenta as lutas próprias do ministério,
mas não sofre tanto desgaste quanto aqueles que executam as atividades “por
obrigação”.
3) “Nem
por torpe ganância”.
Uma das
qualificações do presbítero ou bispo é não ser “cobiçoso de torpeganância” (Tt
1.7). E não ter apego “ao lucro desonesto”, ao uso indevido dos recursos
financeiros da igreja que dirige.
4) “M
as de ânimo pronto”.
Essa
recomendação fala de disposição mental para servir à igreja, com prontidão.
Deus chamou Davi para ser rei, porque, entre suas qualidades pessoais ele era
“valente e animoso” (1 Sm 16.18). Uma das piores coisas para uma igreja é um
obreiro desanimado, sem coragem, sem interesse em ver a obra crescer. Há
obreiros que estão à frente de uma igreja, apenas para ter um emprego, uma
fonte de renda. Não deve ser indicado para presbítero um obreiro sem ânimo.
5 )
“Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus” .
É um
terrível engano, quando o obreiro acha que é dono da igreja local. Jesus não
chama o obreiro para que ele “mande” na igreja, mas para ser servo da igreja.
Autoritarismo não faz parte da liderança cristã. A resposta de Jesus ao desejo
de grandeza (Mt 20.21) foi uma lição eloquente para todos os líderes cristãos
(Mt 20.25-28).
6) “Mas servindo de exemplo ao rebanho”.
O
presbítero ou bispo deve ser um líder. E o verdadeiro líder não é o que
“manda”, mas o que vai à frente dos liderados. O Bom Pastor não manda as
ovelhas irem à frente. Ela vai “... adiante delas, e as ovelhas o seguem,
porque conhecem a sua voz” (Jo 10.4).
O líder
é o que influencia com seu exemplo as ovelhas e elas o seguem para o seu
objetivo.
3.
LIDERAR A IGREJA LOCAL
O
presbítero ou bispo tem o dever de cuidar “da Igreja de Deus” (1 Tm 3.5). Para
tanto, precisa saber “governar a sua própria casa” (1 Tm 3.4). Daí, deduz-se
que um dos seus deveres é “governar” (cf. 1 Tm 5.17a) ou liderar a igreja
local.
4.
ENSINAR A IGREJA
O
presbítero como homem mais experiente tem o dever de ser um ensinador na igreja
local. “Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada
honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (1 Tm 5.17 —
grifo nosso).
5.
PRESERVAR A IGREJA CONTRA OS ERROS
Em
todos os tempos, as igrejas foram alvo das heresias e dos falsos ensinos. Nos
tempos presentes, não é diferente. Multiplicam-se como ervas daninhas os
ensinos distorcidos, os modismos e as práticas estranhas à ortodoxia bíblica.
O
presbítero, como líder do rebanho, deve preservar a igreja local das investidas
dos falsos mestres, “...retendo firme a fiel palavra, que é conforme a
doutrina, para que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina como
para convencer os contradizentes” (Tt 1.9; 1 Tm 4.1).
6.
UNGIR OS ENFERMOS
A unção com óleo é um ato de fé que acompanha
a “oração da fé”, feita por homens de Deus, que, liderando a igreja local, ou
auxiliando os pastores-líderes, atendem aos que se encontram enfermos, e oram
por sua cura, “em nome de Jesus” (Mc 16.18c). Orar pelos enfermos e curá-los é
sinal de fé para “os que crerem” , independente de serem obreiros regulares. M
as orar com unção com óleo é confiado aos presbíteros.
Conclusão
Os termos presbítero, bispo ou ancião são
equivalentes, na organização eclesiástica neotestamentária. Os presbíteros ou
bispos sempre formaram um corpo de obreiros com a finalidade de contribuir para
a edificação da igreja local, ao lado do pastor-líder do rebanho.
Nas
Assembleias de Deus, os presbíteros prestam excelente serviço, dirigin do as
congregações, que se criam com o fruto da evangelização. São eles que cuidam da
execução das principais tarefas da Igreja, que são a evangelização e o
discipulado. Por isso, devem ser bem selecionados e valorizados pela liderança
eclesiástica.
O PRESBÍTERO, BISPO OU ANCIÃO
DONS ESPIRITUAIS & MINISTERIAIS
Elinaldo Renovato.
A UNÇÃO PARA PASTOREAR
A
referência principal ao cargo
de pastor acha-se em
Efésios 4. 11: Ele
mesmo concedeu uns ...
para pastores... As
muitas referências bíblicas aos pastores de ovelhas , e a Jesus como o Bom Pastor, lançam muita luz
sobre o assunto.
Precisamos
entender, também, para evitarmos
confusões, que a palavra grega
epi skopos é traduzida
por “bispo” ou “superintendente”, e
que essas palavras
em português se
referem ao mesmo cargo de “pastor”.
Na sua mensagem
de despedida aos
presbíteros da igreja
em Éfeso, Paulo lhes disse :
atendei por vós e
por todo o
rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu BISPOS, para
pastoreardes a igreja de Deus,
a qual ele
comprou com o
seu próprio sangue
( At 20. 28). Esses presbíteros eram pastores .
Grandes
controvérsias têm surgido no tocante aos
presbíteros ou anciãos. O estudo
da História da
Igreja Primitiva revela
que a palavra grega
presbyteros simplesmente significa
uma “pessoa mais idosa”.
Nos primeiros
dias da igreja,
não tinham todos
os ministérios alistados no
Novo Testamento. O único ministério
que a igreja tinha no início era dos
apóstolos. Surgiu, então,
a grande perseguição
em Jerusalém , e os
cristãos primitivos foram
dispersos por outras
regiões . Iam por toda parte pregando A Jesus, e cada um
deles era pregador.
Atos 8.
5 diz que Filipe, descendo
à cidade de
Samaria, anunciava-lhes a Cristo.
Mas Filipe não
era evangelista naqueles tempos. Os
apóstolos tinham imposto
sobre ele as
mãos , e ele
foi colocado primeiramente no cargo de diácono.
Posteriormente, e m
Atos 21, lemos
que Lucas e
Paulo, com seus companheiros
de viagem, foram
até Cesaréia e
ficaram na casa de
Filipe, o evangelista.
Quando deus começou
a levantar ministérios, ele fez
de Filipe um evangelista.
Desenvolver
ministérios leva tempo
Você pode
ficar salvo –
e até mesmo
batizado no Espírito Santo – hoje, e ser chamado por Deus par ser um pastor, mas você não
poderá começar a
pastorear amanhã, caro
amigo. Você ainda não está pronto para isso . Precisará
preparar-se.
Entre,
portanto, no caminho
da obediência a Deus
, quer
você esteja no ministério,
quer não, e
Deus o promoverá
e o usará
de modo cada vez
mais grandioso. Se
você aprender, como
Filipe, a ser fiel
onde quer que
você esteja , Deus
poderá achar por
bem leva-lo adiante. Se ele
o fizer, tudo
bem. Se ele
não o fizer ,
é só você permanecer
fiel onde você
está. Ele não
poderá usa -lo se
você não for fiel .
Na
Igreja Primitiva, por
causa da falta
de ministérios, nomeavam um
presbítero (“um mais idoso”) para supervisionar um rebanho específico.
Começando por esses
presbíteros, Deus desenvolveu
pastores e superintendentes.
Certamente é
antibíblico pegar um leigo
sem nenhuma unção e
colocá-lo no cargo
de presbítero ou
fazer dele o
superintendente de uma congregação.
Ele não tem
a unção especial para i sso.
Tem, apenas, aquela mesma unção que qualquer outro crente tem.
Vemos,
portanto, que o bispo, o
superintendente, ou o presbítero tem o mesmo cargo: o cargo pastoral.
Quem supervisiona o rebanho? O pastor. No caso das
ovelhas literais no campo,
ou das “ovelhas”
que são os
crentes, membros da igreja,
temos a mesma
palavra em grego,
e a mesma
palavra na tradução em
português: o pastor,
que é o
responsável pelo rebanho. Pedro chama
Jesus de o Pastor e
Bispo das vossas almas
(I Pe 2. 25).
E
em I Pedro
5. 4 lemos:
Ora, logo que
o SUPREMO PASTOR se manifestar, recebereis a
imarcescível coroa da glória.
Jesus
é o Grande
Pastor, de todas
as ovelhas de
Deus. Jesus tem seus
pastores assistentes. O ministro é
um pastor das
ovelhas de Deus.
Deus
chama e prepara
o s homens para
pastorearem um rebanho.
Compreendendo a Unção - Kenneth E
Hagin
PRESBITÉRIO,
PRESBÍTERO
COMENTARIOS
DIVERSOS:
Grupo
ou ordem de anciãos que consagrou o jovem Timóteo (1 Tm 4.14). Parece que
Paulo, nesta ocasião, liderava este grupo (2 Tm 1.6). Da mesma maneira que a
nação israelita tinha seus anciãos, as Sinagogas também tinham os seus, e o
mesmo ocorria com o Sinédrio. Junto com o presbitério havia um conjunto de
sacerdotes e escribas. Na época do NT este grupo tinha como presidente o sumo
sacerdote. Paulo estabeleceu as igrejas sob o governo de um corpo de anciãos
(At 14.23; 16.4; Tt 1.5; cf. At 15.4,6,23; 20.17,28). Nas igrejas atuais,
particularmente naquelas que adotam a forma de administração presbiteriana, o
grupo de anciãos da Igreja local é chamado de sessão, enquanto aqueles que se
reúnem como representantes das igrejas de uma área maior são chamados
presbíteros. E impossível dizer se os anciãos mencionados em 1 Timóteo eram de
uma ou mais igrejas.
PFEIFFER .Charles F. Dicionário Bíblico Wycliffe. Editora CPAD. pag. 1591.
ANCIÃO NO NT (literalmente
pessoa mais velha ou homem mais velho; algumas vezes transliterado como
presbítero). Este termo designava três grupos diferentes no NT: (a) indivíduos
mais velhos; (b) líderes político-religiosos do Judaísmo e (c) os primeiros
líderes da igreja apostólica.
1. Formação: AT, Judaísmo
Rabínico e a comunidade de Qumrã. De acordo com a terminologia do AT, o ancião
era um termo vagamente definido, designando os líderes religiosos e políticos,
especialmente de Israel. As referências bíblicas mostram que outras nações,
como Egito e Moabe, possuíram tais líderes (cp. Gn 50.7; Nm 22.7). Embora
vários termos hebraicos foram usados para descrever estes líderes, três termos
aparecem com mais frequência que outros: Geralmente significando uma pessoa
mais velha (cp. Gn 43.7; Êx 3.16,18; 12.21; 17.5,6); significando idade
avançada ou uma idade mais velha, do verbo que significa ser muito antigo (cp.
l Rs 14.4); chefe ou governador, (cp. Jz 5.15; 6.6-16). Em Isaías
3.2,3 são mencionadas pelo menos onze diferentes posições de liderança pelo
profeta; ancião é uma delas. Particularmente importante é a ideia dos “setenta
anciãos” no AT (cp. Êx 24.1; Nm 11.16).
No
primeiro século d.C., o ofício de ancião era uma posição regular na sinagoga
judaica. No tratado do Sinédrio sobre a Mishná, as obrigações deste ofício são
claramente destacadas. O conselho de anciãos era responsável pelo governo da
comunidade judaica. Em Jerusalém, o Sinédrio, que era um conselho composto de
setenta e um anciãos, agia como a corte suprema para todo o Judaísmo. (Cp. Berakhoth4:7;Nedrarim 5:5; Me- ghillah 3:1;
Edhuyoth 5:6; Ta’anith 3:8; Middoth 2:2; Ed 10.8; Lc 6.22; Jo 9.22; 12.42).
As descobertas de Qumrã têm revelado uma comunidade pactuai, na qual o ofício de ancião também funcionava quase do mesmo modo que no Judaísmo, e há um consenso geral de que a comunidade de Qumrã realmente tinha conexões significantes com o Cristianismo primitivo. Isto não sugere que a Igreja Primitiva adotou sua estrutura eclesiástica da comunidade de Qumrã. O Manual de Disciplina (1 QS VI) fala dos anciãos (mebaqqer) como os que estavam em segundo lugar em autoridade, vindo logo após os sacerdotes.
2. O
significado e a importância para a Igreja do NT.
Os
termos associados com esta posição aparecem mais de setenta vezes no NT: (a)
quase metade das citações referem-se ao ofício no Judaísmo (cp. Mt 15.2; 26.47;
Mc 8.31; 14.43; At 4.5; 25.15; note: o termo não é usado nenhuma vez no
evangelho de João, exceto na variante textual em 8.9, e isto é particularmente
significante à luz do tom negativo do quarto evangelho para com o Judaísmo em
geral); (b) cinco referências são designações comparativas de idade (cp. Lc
15.25; At 2.17 [RSV “homens mais velhos”]; Rm 9.12; l Tm 5.2 [RSV “mulheres
mais velhas”]; Hb 11.2 [RSV “homens de idade”]; (c) as referências restantes
são em relação ao ofício na Igreja Primitiva.
Na
história apostólica de Lucas, o ofício aparece, sem explicações de sua origem,
pela primeira vez em Atos 11.30. A referência aqui é aos presbíteros na Igreja
da Judéia, para quem uma coleta foi tirada na Igreja de Antioquia. Nos é dito
mais tarde que Paulo “designou” (do verbo grego que significa “escolher ou
eleger por meio de mãos levantadas ou indicação”) presbíteros em cada Igreja
(At 14.23). A exata natureza desta ordenação apostólica ou nomeação não é
descrita exceto para sugerir que orações e jejuns faziam parte do ritual. Nós
podemos supor que esta aparição inexplicável, em contraste com a escolha dos
sete em Atos 6, implica numa transição natural, da estrutura da Sinagoga
Judaica para a organização da Igreja Primitiva (cp. At 2.46).
A
questão sobre a qual a Igreja tem se dividido através dos anos é acerca do
relacionamento do ofício de presbítero em relação ao ministério total da
Igreja. Primeiro, deveria ser observado que em muitas passagens eclesiológicas
importantes o ofício de presbítero não é especificamente mencionado. Os ofícios
de diácono, bispo ou pastor assim como ancião são notavelmente omitidos (I Co
12.4-11, e vv. 28-30).
Segundo, as epístolas pastorais referem-se somente a dois ofícios: pastores ou
presbíteros e diáconos. Em 1 Timóteo 3.1-13,0 texto usa episkopos e diakonos\
enquanto que Tito 1.5-9 parece usar os termos episkopos e presbuteros quase que
de modo permutável: “te deixei em Creta, para que... em cada cidade,
constituísses presbíteros... porque é indispensável que o bispo (episkopos) .
“., Na carta à igreja em Filipos, a saudação menciona somente “bispos”
(episkopos) e “diáconos” (diakonos), e deve ser observado que ambos termos são
plurais.
Duas
questões são levantadas pela evidência do NT. Primeira, qual é a importância da
pluralidade de anciãos na igreja do NT? Segundo, qual é o relacionamento de
bispo ou pastor com o ofício de presbítero?
Em
relação à primeira questão, deve ser observado que duas possíveis explicações
estão disponíveis. Por um lado, a estrutura existente da sinagoga, com sua
pluralidade de anciãos é comparada à organização da Igreja do NT. Deve ser
destacado aqui que, mesmo na sinagoga havia, um “cabeça”. A pluralidade neste
caso não proibiria a liderança predominante de um presbítero, talvez referido
como “presbítero que preside” (l Tm 5.17). Há, na história posterior da igreja,
um desenvolvimento que pode ser seguido desde uma pluralidade de presbíteros a
um bispo presidente até uma estrutura episcopal hierárquica. A natureza das
assembleias cristãs primitivas do NT, que geralmente cultuava em lares dos
membros, pode também ajudar a explicar a pluralidade de presbíteros. Em outras
palavras, em uma dada comunidade poderia haver um número de presbíteros
responsável pelo cuidado de uma congregação particular, que se reunia em seu
lar ou no lar de algum outro cristão na congregação. Exemplos claros disto são
encontrados no próprio NT (cp. At 16.11ss.;Rm 16.3-5).
Em
relação à última questão, já se tem observado que na época em que as epístolas
pastorais foram escritas os termos “bispo” e “presbítero” foram usados de modo
permutável (cp. l Tm 3; Tt 1). Mas mesmo mais cedo no ministério de Paulo (cp.
At 20.17-38), quando ele se encontrou com os presbíteros da igreja de Éfeso,
ele parece referir-se aos três termos ao mesmo tempo — presbítero, bispo ou
supervisor e pastor. A ideia de presbíteros servindo como pastores do rebanho e
supervisionando a administração da Igreja ajudou a distinguir o título do
ofício de suas funções práticas. Em outras palavras, o termo presbítero,
originalmente, designava aqueles que eram, tanto natural quanto
espiritualmente, mais velhos ou mais maduros. Observe que Paulo faz menção
específica ao fato de que ninguém deveria ser admitido ao ofício de presbítero
ou bispo sendo um “recém convertido” ou noviço (cp. l Tm 3.6). Os outros termos
— pastor e bispo ou supervisor — referem-se às funções deste ofício na Igreja.
Um presbítero é, portanto, um homem mais velho, um homem membro da Igreja
espiritualmente mais maduro, que é responsável pela administração da
congregação. Neste último caso, é instrutivo que Pedro refere-se a si mesmo
como um presbítero; “Aos presbíteros, pois, que há entre vós, rogo eu, que sou
presbítero com eles” (I Pe 5.1). Nos últimos escritos pós-apostólicos da
Igreja, há uma evidência clara de que o ministério de pastor ou bispo e
presbítero eram o mesmo (cp. Didaquê 10.6).
MERRILL C. TENNEY. Enciclopédia da Bíblia. Editora Cultura Cristã. Vol. 1. pag. 297-299.
PRESBÍTERO. No
AT.
Os “anciãos do povo” ou os “anciãos de Israel" são frequentemente
associados a Moisés quando este lidava com o povo (Ex 3.16; 4.29; 17.5; 18.12;
19.17; 24.1, 11; Nm 11.16). Posteriormente, administram o governo local (Jz
8.14; Js 20.4; Rt 4.2) e participam dos negócios da nação (1 Sm 4.3) mesmo
depois da instituição da monarquia (1 Sm 8.4; 30.26; 2 Sm 3.17; 5.3; 1 Rs
21.8). Galgam nova preeminência durante o exílio (Jr 29.1; Ez 7.1; 14.1; 20.1)
e depois da volta do exílio, estão associados tanto ao governador nas suas
funções (Ed 5.9ss.; 6.7) quanto à administração local (Ed 10.14). Em si mesmos,
têm certas funções jurídicas (Dt 22.15; 25.7ss.) e associam-se aos juízes, que
provavelmente são escolhidos dentre os “anciãos" (ou “presbíteros”), para
administração e execução da justiça (Dt 16.18; 21.2ss.; Ed 7.25; 10.14). Além
disso, estão associados a Moisés e Arão na transmissão da palavra de DEUS ao
povo (Ex 3.14; 4.29; 19.7) e na representação do povo diante de DEUS nas
ocasiões grandiosas (Ex 17.5; 24.1; Nm 11.16). Cuidam dos preparativos para a
páscoa (Ex 12.21).
Outras
nações tinham anciãos (cf. Gn 50.7; Nm 22.7), o direito ao título estava ligado
à idade, o respeito de que o indivíduo gozava, ou ao cargo específico ocupado
na comunidade (cf. o alderman saxônico, o senador romano, a gerousia grega). O
ancião em Israel obtinha inicialmente, sem dúvida, sua autoridade e seu status,
bem como seu nome, da sua idade e da sua experiência.
No
período dos macabeus, o título “anciãos de Israel" é aplicado aos membros
do Sinédrio judaico que, segundo se considerava, tinha sido estabelecido por
Moisés quando nomeou os setenta anciãos em Nm 11.16ss. No nível local, uma
comunidade de 120 (cf. At 1.15) ou mais, podia nomear sete anciãos (Mishna,
Sanhedrin 1.6). Estes eram chamados os “sete de uma cidade”, e é possível que
os sete que foram nomeados em Atos 6 fossem considerados anciãos desse tipo
(cf. D. Daube, The NT and Rabbinic Judaism, 237). Nos evangelhos, os anciãos
estão associados com os escribas e com os sacerdotes principais que fizeram
padecer CRISTO (Mt 16.21; 27.1) e os apóstolos (At 6.12).
No
NT. Os anciãos ou “presbíteros” (presbyteroi) aparecem já no início da vida da
igreja, e assumem posição juntamente com os apóstolos, profetas e mestres. Em
Jerusalém, estão associados a Tiago no governo da igreja local da maneira usada
na sinagoga (At 11.30; 21.18), mas em associação aos apóstolos compartilham,
também, do governo mais amplo, tipo Sinédrio, da igreja inteira (At 15.2,6,23;
16.4). Um apóstolo pode ser um presbítero (1 Pe 5.1).
Os
presbíteros não aparecem em Antioquia durante a estada de Paulo (At 13.1), nem
são mencionados nas primeiras epístolas dele. É possível que o governo
eclesiástico fosse questão de importância secundária naquele período. Mesmo
assim, Paulo e Barnabé, em sua primeira viagem missionária, promoveram a
eleição de presbíteros em todas as igrejas que fundaram (At 14.23).
Os
presbíteros aos quais Paulo dirigiu a palavra em Éfeso (At 20.17ss.) e aqueles
aos quais 1 Pedro e Tito falam, têm um lugar decisivo na vida da igreja. Além
da sua função de humilde supervisão pastoral, deles depende, em grande medida,
a estabilidade e a pureza do rebanho quando as tentações e crises se aproximam.
Ocupam uma posição de autoridade e de privilégio que pode ser abusada. São
coparticipantes do ministério de CRISTO entre o rebanho (1 Pe 5.1-4; At 20.28;
cf. Ef 4.11)·,
É
asseverado frequentemente que nas igrejas gentias o nome episkopos é usado como
substituto de presbyteros, com significado idêntico. Parece que as palavras são
intercambiáveis em At 20.17, 18 e Tt 1.5-9. Mas, embora todos os episkopoi
sejam indubitavelmente presbyteroi, não fica claro se o inverso sempre se
aplica. A palavra presbyteros indica principalmente o status de “ancião”, ao
passo que episkopos denota a função de pelo menos alguns dos anciãos. Mas é
possível que tenha havido “presbíteros” que não eram episkopoi.
Em
1 Tm 5.17, o ensino é considerado uma função desejável do presbítero, e não
somente a da supervisão. É provável que, quando os apóstolos, mestres e
profetas, em suas viagens, já não podiam ministrar a toda a igreja, a função do
ensino e da pregação recaísse sobre os presbíteros locais, e assim,
desenvolver-se-ia o cargo de presbítero, e as qualificações dos presbíteros.
Isso, por sua vez, pode ter levado a uma distinção dentro do presbiterado. A
presidência do grupo local de presbíteros, tanto na disciplina da congregação,
quanto na celebração da Ceia do Senhor, tenderia a ser um cargo permanente,
exercido por um só homem.
O “presbítero” em 2 e 3 João refere-se
meramente a alguém que gozava de alta estima dentro da igreja. Os vinte e
quatro anciãos que com tanta freqüência aparecem nas visões do livro de
Apocalipse são exemplos de como toda a autoridade deve adorar humildemente a
DEUS e ao Cordeiro (Ap 4.10; 5.8-10; 19.4).
Na
História da Igreja. Na época da Reforma, Calvino entendeu que o cargo de
presbítero era uma das quatro “ordens ou cargos” que CRISTO instituíra para o
governo normal da igreja, sendo que as outras eram: pastores, mestres e
diáconos. Os presbíteros, como representantes do povo, eram responsáveis pela
disciplina, lado a lado com os pastores ou bispos. Na Escócia, posteriormente,
o presbítero recebia uma ordenação vitalícia, sem a imposição das mãos, e tinha
o dever de examinar os candidatos à comunhão da igreja e de visitar os
enfermos, sendo incentivado a ensinar. Surgiu a teoria, através de 1 Tm 5.17,
de que os ministros e os demais presbíteros eram da mesma ordem, e que os
ministros eram presbíteros quer ensinavam, e os demais, presbíteros que
governavam. De modo global, no entanto, a Igreja Presbiteriana tem sustentado
que há uma distinção entre a ordenação ao ministério e a ordenação ao
presbiterado, sendo que o tipo de ordenação é determinado segundo a sua
finalidade.
O
presbítero tem sido considerado representante do povo (sem, porém, ter sido
nomeado pelo povo, e sem ser responsável diante deste) na organização dos
assuntos da igreja, e tem cumprido muitas das funções que, no NT, são próprias
do diaconato. O padrão da obra do presbítero dentro da igreja corresponde
estreitamente àquele do “ancião do povo” no AT.
WALTER A. ELWELL. Enciclopédia HISTÓRICO-TEOLÓGICA DA IGREJA CRISTA. Editora Vida Nova.
2.
A liderança local.
O
crescimento das igrejas, como fruto da evangelização e do discipulado, exige a
delegação de atividades a pessoas que tenham condições de liderar o rebanho do
Senhor JESUS (Tt 1.5,7). Os pastores não podem abarcar tudo para si, sob pena
de não darem conta das inúmeras responsabilidades que a igreja local requer.
Como a referência a presbíteros, no NT, sempre é feita no plural “presbíteros”,
“bispos” ou “anciãos”, dá a entender que, em geral, o presbítero não agia
isoladamente, mas como um corpo de ministros, ou de líderes, que cuidava da
igreja local. “Sempre são citados no plural, isto é, não é mencionada uma só
igreja onde houvesse apenas um presbítero (At 11.30; 15.2,4,6; 20.17; Tg 5.l4;
1 Pe 5.1).”
Certamente,
pela inexistência de pessoas qualificadas com o dom ministerial de pastor,
havia a necessidade de uma liderança, formada por um grupo de irmãos mais
idosos, para cuidar da igreja local. Entende-se, assim, que os presbíteros têm
um ministério de grande importância, auxiliando os pastores, designados por
DEUS para apascentarem e cuidarem da Igreja do Senhor sob seus cuidados.
Elinaldo Renovato. Dons espirituais & Ministeriais Servindo a DEUS e aos homens com poder extraordinário. Editora CPAD. pag. 131.
Na
época da carta de Paulo a Tito, o jovem é o representante do apóstolo em Creta
onde era evidentemente pastor da igreja cristã.
Por
esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que
ainda restam e, de cidade em cidade, estabelecesses presbíteros, como já te
mandei (5). Os dizeres dão a entender que fazia pouco tempo que Paulo estivera
em Creta acompanhado com Tito que lhe servia de assistente. O fato de Tito ter
sido encarregado de ordenar presbíteros... de cidade em cidade mostra a
extensão dessa atividade. O ministério de Paulo em Creta havia terminado
recentemente; mas o apóstolo deixou ali Tito, seu assistente, para completar a
tarefa de organizar as igrejas. A linguagem de Paulo dá a entender que nem tudo
estava bem nas igrejas cretenses e que parte da tarefa de Tito era corrigir o
que estava errado.
Tito foi instruído a designar e ordenar presbitérios (ou “pastores”, BV) para as igrejas. Esta prática estava de acordo com o costume do apóstolo. Já na primeira viagem missionária, Lucas nos informa que, “havendo-lhes por comum consentimento eleito anciãos em cada igreja, orando com jejuns, os encomendaram ao Senhor em quem haviam crido” (At 14.23). Há diferenças nas instruções de Paulo entre 1 Timóteo e Tito. Na primeira, já havia bispos no exercício do cargo, ao passo que na última, provavelmente por ser algo novo na igreja cretense, era a primeira ordenação de presbitérios.
O
bispo era o gerente financeiro da igreja local e por isso, se por nenhuma outra
razão, deve ser homem de extrema integridade.
Como
guardião dos fundos monetários da igreja esta poderia se tornar fonte de
tentação para o bispo.
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 543-546.
Tito
também deixará a ilha. Por isso é necessário que as instruções sejam entregues
por escrito às mãos dos irmãos colaboradores e co-dirigentes em Creta. Em 1Tm
já se pressupõem formas e serviços eclesiais mais sólidos, em Creta parece
existir um estágio anterior de constituição da igreja.
As
coisas faltantes são aquilo que ainda falta para o desenvolvimento de uma
igreja plenamente emancipada. O que Paulo deixou inconcluso é confiado a Tito
para que este cuide da evolução posterior. O que DEUS começou ele pretende
levar à maturidade. Aqui não se tem em vista apenas um aperfeiçoamento em
termos de organização! Já em 1Ts 3.10 Paulo escreve que deseja dirimir as
falhas que ainda estão ligadas à fé. As igrejas devem chegar à aprovação na fé.
Tito
recebe particularmente a incumbência de instituir presbíteros em cada cidade.
Aparentemente a fé em JESUS se expandiu primeiramente nas cidades, ou as
igrejas cresceram mais rapidamente nelas, de modo que se tornasse necessária a instalação
de presbíteros. As aldeias e localidades das redondezas eram evangelizadas a
partir das cidades. Em todos os lugares a instalação de servos para a igreja
aconteceu com a participação dos membros da igreja. At 14.23 informa que Paulo
e Barnabé retornaram a três cidades em que se haviam formado igrejas durante a
primeira migração evangelizadora. Somente agora, na segunda estadia, elegem
presbíteros em cada igreja, recomendando-os em conjunto com a igreja ao Senhor,
mediante oração e jejum. A evangelização em Creta pode ter ocorrido de forma
similar. Primeiramente Paulo e Tito viajaram em conjunto pela ilha, anunciando
o evangelho de JESUS. Em uma segunda visita, pouco tempo depois, Tito (ele
permaneceu na ilha, enquanto Paulo seguiu viagem) deve confirmar, em e com as
jovens igrejas, presbíteros que se evidenciaram como agraciados e aprovados por
DEUS em vista de seu serviço aos fiéis.
Em
todas as igrejas surgidas da atividade missionária de Paulo havia serviços
eclesiais organizados desde o princípio, tão logo um grupo sólido de discípulos
estivesse de fato formado. O NT não dá notícia de nenhuma igreja sem liderança.
O estilo de liderança pode se configurar de formas muito distintas, porém nunca
na forma de uma posição especial excludente ou de uma reivindicação legal
consolidada.
Tt
1.7 O presidente deve ser irrepreensível como administrador de DEUS: O
presidente é um dos presbíteros e vem das fileiras deles, por isso é repetida
para ele a característica decisiva: que seja irrepreensível! O singular não
exclui a possibilidade de que houvesse vários presidentes em uma cidade,
especialmente quando se formavam várias igrejas caseiras na mesma localidade.
Ao contrário de 1Tm, não se mencionam aqui diáconos. Não se trata de listar
todos os serviços na igreja e muito menos de instituir um cargo de bispo
monárquico, nem de providenciar o ordenamento jurídico de cargos.
A
prestação de serviços na administração de DEUS acontece pela fé. Cada
administrador presta contas do que faz e deixa de fazer.
Hans
Bürki. Comentário Esperança Cartas aos Tito. Editora
Evangélica Esperança.
LIDERES
ORDENADOS E QUALIFICADOS (Tt 1:5-9)
Um dos motivos pelos quais Paulo deixou Tito na ilha de Creta foi para que organizasse as congregações locais, "[pondo] em ordem as coisas restantes". Essa expressão é um termo médico e se refere a endireitar um membro torto. Tito não era o ditador espiritual da ilha, mas sim o representante apostólico oficial de Paulo, com autoridade para realizar sua obra. Fazia parte da política de trabalho de Paulo ordenar presbíteros nas igrejas que começava (At 14:23), mas o apóstolo não havia ficado tempo suficiente em Creta para ordenar esses líderes.
É bom desejar ser um líder espiritual. Desejar significa “dirigir o coração em direção a alguma coisa”. A liderança é uma excelente obra. Paulo destacou a sua importância. No entanto, como ele iria mostrar, os padrões são elevados.
Os
novos crentes devem se tornar seguros e fortes na fé antes de assumirem
posições de liderança na igreja. Frequentemente, quando está
precisando desesperadamente de obreiros, a igreja coloca um neófito
prematuramente em uma posição de liderança. Os novos crentes devem tomar parte
no ministério de DEUS, mas não devem ser colocados em posições de liderança até
que estejam firmemente enraizados na sua fé, com um modo de vida solidamente
cristão e um conhecimento da Palavra de DEUS. De outra maneira, o novo crente,
ensoberbecendo-se, cairá na condenação do diabo. A referência ao diabo ensina
que, da mesma maneira como Satanás caiu, por causa do seu orgulho, assim também
o perigo do orgulho espreita os novos crentes a quem é dada alguma responsabilidade
antes que estejam prontos para assumi-la. Os novos crentes que são promovidos
muito rapidamente podem ser alvos fáceis para a poderosa tentação do diabo: o
orgulho. O orgulho pode seduzir as emoções e ofuscar a nossa razão. Pode tornar
aqueles que são imaturos suscetíveis à influência de pessoas inescrupulosas.
I
Tm 3.7 Exigir que os líderes tenham uma boa reputação com as pessoas de fora da
igreja (isto é, os não-crentes da comunidade) dava à igreja em geral uma boa
reputação na comunidade. Os líderes da igreja, sendo as pessoas mais visíveis
da igreja no mundo secular, fariam bem em manter os mais altos padrões e a
melhor reputação. Ver diversos líderes de igreja nas manchetes nos últimos anos
devido à evasão de impostos, uso ilícito de fundos e escapadas sexuais
certamente danifica a credibilidade da igreja. Os líderes de igreja que seguem
os conselhos de Paulo evitam que a sua igreja enfrente ofensas desnecessárias.
Do contrário, o resultado é ficar desmoralizado e cair em afronta e no laço do
diabo, juntamente com os crentes e os não-crentes. Este laço pode ser o
fracasso moral e o julgamento resultante em que um homem escolhido para ser
líder irá cair, ou pode significar a armadilha da tentação que leva ao orgulho,
conforme mencionado no versículo 6. Quando os líderes cristãos têm uma
reputação ruim, isto impede que os incrédulos venham a CRISTO.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 494-496.
Irrepreensível não significa simplesmente gozar de boa fama, mas ter um testemunho justificadamente bom. A crítica e as acusações não devem encontrar pontos vulneráveis para seu ataque. Aparentemente a palavra designa o comportamento abrangente, fundamental para tudo o que segue. JESUS frisa a importância do bom testemunho, como também ocorre em geral no NT. Nessa questão é decisivo que o bom testemunho seja reconhecido e fornecido pelos que não fazem parte da igreja. “Vossa conduta seja decorosa aos olhos dos estranhos.” Essa exortação da carta mais antiga de Paulo coincide integralmente com a exigência de ser irrepreensível, o que não pode ser questionado nem mesmo por observadores críticos e hostis. Um modo de vida desses só é viável a partir do “mistério da fé, preservado em uma consciência pura”. Essa é a origem e a renovação de toda a autêntica irrepreensibilidade.
Marido
de uma só mulher. O presidente deve ser exemplarmente casado.
Não se espera o celibato dos servidores da igreja, mas que tenham plena
capacidade matrimonial e sejam modelos no casamento. A melhor “escola
matrimonial” acontece por “exemplos matrimoniais”.
Presidentes
e diáconos devem ser casados uma única vez; isso aponta em 3 direções:
1)
Acerca da profetiza Ana lemos que era virgem até se casar. Quando o marido
morreu após 7 anos de casamento, ela passou a viver sozinha até idade avançada
(84 anos), servindo a DEUS. De acordo com a palavra profética permaneceu fiel
ao “noivo de sua mocidade”.
2)
Conforme as palavras do Senhor a monogamia é o alvo original, estabelecido por
DEUS, do relacionamento entre homem e mulher. Se os próprios gentios chamam
atenção para isso e os cristãos aspiram ao amor e à fidelidade no matrimônio,
quanto mais isso deveria valer, então, para aqueles que se “apresentam em todas
as coisas” (logo também no casamento) como “exemplo de boas obras”.
3)
A interpretação aqui fornecida possui relevância justamente com vistas à
prática do divórcio, que naquela época se alastrava com força, e do correlato
recasamento de pessoas divorciadas, seja entre gregos, seja entre judeus.
A
expressão única pode ser mantida em forma tão genérica pelo fato de que deve
caracterizar de forma abrangente a atitude básica fundamental da castidade em
todas as situações. O casto não reprimiu sua sexualidade, mas a tornou íntegra,
porque castidade é alegrar-se com a sexualidade respeitando os limites do
respeito.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
II
- A IMPORTÂNCIA DO PRESBITÉRIO
1.
Significado do termo.
I Tm 4.14. Não desprezes o dom que há em ti, o qual te foi dado por profecia, com a imposição das mãos do presbitério (14). Nesta passagem, o apóstolo reconhece que o poder, que chamaríamos preparação carismática para o ministério, é decididamente o mais importante. Ele firma que Timóteo recebeu este dom por profecia, observação repetitiva de Paulo (1.18). O chamado de DEUS para servir na obra do ministério é consideração anterior e principal. E o ESPÍRITO SANTO que tem de instigar a escolha do homem para esta vocação santa. E com o seu chamado temos razão para crer que haverá as qualificações acompanhantes da “graça, dons e utilidade”. Pode haver casos excepcionais em que uma ou outra destas qualidades não esteja em evidência, mas DEUS as vê em estado latente; contudo, a regra é conforme está declarada acima.
Isto significa mais que “ter facilidade em falar”, ou “ser muito extrovertido”, ou “dar-se bem com as pessoas”, ou “ser líder nato”. Algumas destas qualidades podem complementar o equipamento espiritual essencial, mas nenhuma o substitui.
Além disso, seria erro presumir que a ordenação da igreja fornece esta qualidade mística quando em falta. A significação da ordenação da igreja e sua relação com a ação anterior do ESPÍRITO estão claramente expostas em Atos 13.2,3. Falando da igreja em Antioquia na Síria, Lucas relata: “Disse o ESPÍRITO SANTO: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando, e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”. O mero “contato manual”, como disse alguém, a imposição das mãos do presbitério não tem significado sem essa obra antecedente do ESPÍRITO SANTO.
A
linguagem de Paulo dá a entender perfeitamente que, referindo-se à ordenação de
Timóteo, a ação do presbitério (os pastores) era reconhecimento e confirmação
da ação anterior do ESPÍRITO.
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 484-485.
I Tm 4.14 Ninguém deveria desprezar Timóteo (4.12), nem ele deveria desprezar a si mesmo. Paulo lembrou Timóteo de que ele tinha os requisitos necessários para realizar aquela obra difícil em Éfeso. Entre eles, estava um dom espiritual de DEUS. Embora Paulo não defina especificamente este dom, ele estava preocupado com a possibilidade de Timóteo hesitar em usá-lo ou deixar de usá-lo. Quando virmos as capacitações de todos os tipos (espiritual, relacional, técnica) como dons de DEUS, será mais fácil vermos a sua mão operando por meio dos esforços humanos. Ele poderia realizar a tarefa porque DEUS o tinha chamado para realizá-la, o tinha capacitado para realizá-la, e estaria com ele durante a realização dela.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag. 502.
Para
Paulo o carisma está no começo e no centro de todo serviço e de toda a vida da
igreja. O carisma não é algo acrescentado ao ministério, nem mesmo algo que
somente possui certa importância à margem da verdadeira ordem eclesiástica.
Dons da graça foram dados a todos para todos, ainda que nem todos recebam os
mesmos dons. Em 1Co 12-14 Paulo não fala contra os dons da graça, mas somente
contra seu abuso. Timóteo não corre o risco dos carismáticos de Corinto. Pelo
contrário, a ele o apóstolo precisa dizer: não negligencies o dom da graça em
ti. O próprio DEUS o concedeu a você, não uma instância humana. Por isso
utilize esse dom, exercite-se nele, use-o diligentemente!
Mediante
profecia: por meio de uma palavra profética; profecias que apontam para
Timóteo; falam de sua vocação. Desse chamado de DEUS lhe advém força para a
luta. No começo do serviço não está o cargo, mas o carisma. No começo do
carisma não está a ordenação, mas a vocação pelo próprio DEUS. Tanto o AT como
o NT deixam inequivocamente claro que os servos estabelecidos para um serviço
específico recebem a dádiva do ESPÍRITO antes de receber os dons do ESPÍRITO
para o serviço.
Pela
imposição de mãos: A imposição das mãos confirma o que aconteceu, a saber, a
vocação prévia por DEUS, profeticamente divulgada. A prática da imposição das
mãos situa-se no âmbito dos sinais visíveis que acompanham a fé.
Paulo
lhe impôs as mãos em conjunto com os anciãos (QI 30). Assim como Tito deve
instalar presbíteros de cidade em cidade, assim o próprio Paulo havia instalado
Timóteo como presbítero. A instalação do presbítero não era uma ação arbitrária
do apóstolo, mas ele reconhecera no ESPÍRITO que DEUS já havia posto sua mão
sobre o jovem: o apóstolo então agiu de modo correspondente. Embora Timóteo
fosse jovem na idade, DEUS o havia chamado como “ancião” e o manifestou
mediante profecia. Concedeu-lhe o ESPÍRITO SANTO, incutiu-lhe o carisma para o
serviço, confirmou sua vocação pela imposição de mãos por Paulo perante muitas
testemunhas.
Que
carisma específico Timóteo havia, pois, recebido? Será que era pastor, mestre
ou evangelista? (“Faça a obra de um evangelista!” 2Tm 4.5). Seria igualmente
difícil definir um dom espiritual específico para Paulo. O dom geral da
“palavra”, i. é, a vocação para o “serviço à palavra”, podia abranger
proclamação, exortação, ensino e evangelização, mas apresentava ênfases
diferentes nos diversos servos. Dependendo também das circunstâncias com que se
deparavam, um ou outro serviço podia passar mais para o primeiro plano.
Essencial para todos os dons espirituais é que cada um carece de
complementação. Por mais abrangentes que sejam, ocorrem de forma apenas
limitada em cada pessoa, carecendo da permanente complementação por parte de
outra.
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
2.
A atuação do presbitério.
At
16.4,5 Pelo menos um dos novos itens da agenda da sua viagem era explicar a
decisão tomada em relação aos mandamentos que haviam sido estabelecidos pelos
apóstolos e anciãos no concílio de Jerusalém (At 15). As questões entre judeus
e gentios que tinham sido solucionadas no concílio provavelmente surgiriam
novamente nas áreas predominantemente gentílicas para onde Paulo estava
viajando.
O
crescimento rápido era importante nesta primeira etapa da divulgação do
Evangelho em meio aos gentios. Os críticos do ministério de Paulo orientado aos
gentios (especialmente a facção judaica) estariam esperando ansiosamente por
uma oportunidade para calar Paulo, ou pelo menos para diminuir a sua
influência. Mas aqui, na primeira penetração real do Evangelho no mundo gentílico,
a igreja prosperava, da mesma maneira como havia ocorrido no início com a
igreja que era composta, em sua maioria, por pessoas de origem judaica.
Comentário do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 1. pag. 697.
E,
quando iam passando (tempo imperfeito) pelas cidades (Listra, Icônio, Pisídia,
Antioquia) os irmãos lhes entregavam (4) — os gentios cristãos — os decretos —
lit., “dogmas” usados para os decretos imperiais (17.7; Lc 2.1)127 — que haviam
sido estabelecidos pelos apóstolos e anciãos em Jerusalém. A expressão Que
haviam sido estabelecidos quer dizer literalmente “que foram julgados”. Esta é
a única passagem no Novo Testamento onde o verbo comum krino foi traduzido como
estabelecidos. A luz desse contexto (cap. 15), provavelmente a melhor tradução
para a frase seria: “As decisões a que chegaram” (Phillips) ou “Os decretos que
foram deliberados”.128
Aparentemente,
a promulgação dos decretos do Concílio de Jerusalém mais ajudou do que
prejudicou os trabalhos, pois lemos que: as igrejas eram confirmadas na fé e
cada dia cresciam em número (5) — lit., “estavam sendo fortalecidas” e “estavam
aumentando” (verbos no tempo imperfeito). Este é o quarto relatório resumido
sobre o progresso do trabalho missionário (cf. 6.7; 9.31; 12.24).
Ralph Earle. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 6. pag. 328-329.
«...decisões...»,
isto é, os decretos baixados quando do concilio que houve na cidade citada,
eram entregues e explicados aos irmãos. Paulo sem dúvida ansiava por mostrar-se
leal ao pacto firmado em Jerusalém. Lembremo-nos, além disso, que Silas
era um dos delegados originais enviados pelos irmãos de Jerusalém, o qual
poderia acrescentar o seu próprio testemunho sobre a natureza das providências
tomadas naquela cidade. «Os decretos e as determinações salutares devem ser
diligentemente observados, pois, de outro modo, assemelhar-se-iam a um sino sem
badalo». (Starke, in loc.).
«Esses
decretos ainda eram claramente considerados, pelos convertidos vindos do
paganismo, como a carta magna com base na qual poderiam tomar posição firme em
qualquer disputa com os judaizantes, e, sem dúvida, esses decretos ajudaram a
determinar muitos que ainda estavam hesitantes, a buscarem admissão na igreja
cristã». (E.H. Plumptre, in loc.).
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias. Vol. 3. pag. 328.
3.
A valorização do presbitério.
Recompensa
Adequada pelo Serviço Fiel (5.17,18)
As
palavras “anciãos” (1) e presbíteros (17; aqui quer dizer “pastores”, cf. BV)
são tradução da mesma palavra grega; os significados, embora distintos, estão
correlacionados. No versículo 1, significa os membros mais idosos da
congregação; mas aqui diz respeito aos indivíduos separados para a obra do
ministério: Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de
duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina (17).
Há comentaristas que entendem que este versículo antecipa a distinção entre
“pastores” que governam e “pastores que ensinam”, que é a prática em certas
igrejas reformadas. Mas isso é improvável, quando lembramos que Paulo já havia
declarado especificamente que todo bispo (ou pastor) tem de ser “apto para
ensinar” (3.2).
O
apóstolo está estipulando a Timóteo que o pastor que combina igreja com o
serviço fiel e talentoso como pregador e professor de honra. Junto do honorário
deve ser incluída a honra. Ainda não havia chegado o dia em que os ministros da
igreja seriam totalmente sustentados. O costume que então vigorava era que os
líderes da igreja se sustentassem, da mesma maneira que o apóstolo o fazia. Na
opinião de Paulo, o bom serviço merece reconhecimento e recompensa. Aquele cujo
tempo era tomado quase todo pelo trabalho da igreja deveria receber maior
compensação.
Paulo
sustenta seu conselho com um argumento que lembra 1 Coríntios 9.9: Porque diz a
Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu
salário (18). A primeira destas passagens é um preceito do Antigo Testamento
encontrado em Deuteronômio 15.4, e em sua situação original é uma ordenação
humanitária. Mas em outro texto Paulo argumenta que tem um significado mais
profundo: “Porventura, tem DEUS cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por
nós?” (1 Co 9.9,10). O apóstolo também cita outra passagem para a qual dá
importância igual: Digno é o obreiro do seu salário. Esta é declaração de nosso
Senhor registrada em Lucas 10.7. O fato surpreendente é que os estudiosos do
Novo Testamento não conseguem achar evidências para provar que o Evangelho de
Lucas tinha acesso geral quando estas palavras foram escritas. Provável é que o
Evangelho de Lucas fosse conhecido por Paulo e também por Timóteo.
E.
K. Simpson assume a posição, junto com B. B. Warfield, de que “temos aqui uma
citação verbalmente exata do Evangelho de Lucas, tratada como porção integrante
das Santas Escrituras”. Nesta passagem, o apóstolo deixa clara sua opinião de
que o serviço fiel e eficaz merece reconhecimento e remuneração adequada. E
óbvio que a igreja começava a mudar rumando para um ministério assalariado.
J. Glenn Gould. Comentário Bíblico Beacon. Editora CPAD. Vol. 9. pag. 490-491.
Dobrada
honra: o termo honra retoma nitidamente o tema do v. 3, onde já se evidenciou
que ele não podia se referir apenas ao sustento ou ao salário. Honrar uma
pessoa significa reconhecê-la, atribuir-lhe o valor que lhe cabe. O próprio
Timóteo não havia recebido a honra e o reconhecimento que merecia. Em vez de
exigi-los para si, deve responder a essa deficiência com vida exemplar.
Conceder “dobrada honra” pode significar ou honrar uma pessoa idosa por ser
anciã e por trabalhar na igreja como anciã ou, além do sustento material
recebido por todos os idosos carentes, manter (intelectualmente) honrados os
idosos que presidem a igreja, por causa de seu ministério. A igreja deve ser
generosa e pródiga no sustento de homens e mulheres idosos e de forma alguma
ser reticente quando desempenham um bom ministério em prol da igreja.
Sobretudo
os que trabalham na palavra e no ensino: que realizam algo, que se esforçam,
termo frequente em Paulo.
Palavra:
como em 1Tm 4.12; 1Co 1.5; de modo geral a proclamação da mensagem de CRISTO.
Ensino:
instrução para viver a partir da fé. De acordo com 1Tm 3.2 e Tt 1.9, ensinar
faz parte das atribuições do presidente. Consequentemente se fala aqui de
vários presidentes em Éfeso, assim como acontecia na igreja em Filipos. Os
dirigentes das famílias em cujos lares surgiram as primeiras igrejas caseiras
também eram os presidentes naturais para as igrejas, caso fossem aprovados.
Contrariando
a declaração, muitas vezes reiterada, de que as pastorais preferem títulos para
cargos sem descrever a função deles, ao passo que o próprio Paulo raramente
empregaria títulos para cargos, mas em troca assinala o conteúdo dos diversos
serviços, aparece o presente versículo: “Sobretudo aqueles que trabalham na
palavra e no ensino.” Nem aqui nem em 1Tm 3.1s se fala de uma ordem hierárquica
dos ministérios. Por isso o jovem Timóteo pode ser convocado para ser
“presbítero”, porque em última análise a chave não é a idade, nem o cargo em
si, mas o serviço ao evangelho, o empenho e o labor dentro dele (1Tm 4.14).
Hans Bürki. Comentário Esperança Cartas aos I Timóteo. Editora Evangélica Esperança.
NORMAS
PARA A ADMINISTRAÇÃO PRÁTICA
1
Timóteo 5:17-22
Esta
passagem consiste numa série de normas muito práticas para a vida e a
administração da Igreja.
(1)
Deve-se honrar adequadamente os anciãos, e também pagar-lhes como corresponde.
No Oriente quando se debulhava, as hastes de trigo se deixavam na era; logo se
fazia com que várias juntas de bois caminhassem sobre eles; ou se atava os bois
num poste no meio, como um eixo e eram partidos ao redor do grão; outras vezes
se acoplava a eles um pau de debulhar, aquele que se fazia passar e repassar
sobre o trigo; mas em todos os casos se deixava os bois sem focinheira; estavam
livres para comer todo o grão que quisessem como prêmio pelo trabalho que
estavam fazendo. A lei existente de que não se devia atar a boca aos bois
encontra-se em Deuteronômio 25:4. A afirmação de que todo obreiro é digno de
seu trabalho pertence a JESUS (Lucas 10:7). O mais provável é que Ele tenha
citado um provérbio. Todo homem que trabalha merece seu sustento, e quanto mais
trabalha, mais terá ganho e merecido. O cristianismo nunca teve nada que ver
com a ética suave e sentimental que exige salários iguais para todos. O que
recebe o homem deve ser sempre proporcional a seu trabalho. Mas devemos notar
quais são os anciãos que devem ser especialmente honrados e retribuídos.
Trata-se daqueles que trabalham na pregação e no ensino. Não se trata aqui do
ancião que se limitava a dar conselhos e recomendações, cujo serviço consistia
em palavras, discussões e argumentos e que considerava terminados seus deveres
de ancião quando se sentou a uma mesa e falou. O homem que verdadeiramente
honrava a Igreja era aquele que trabalhava para edificá-la com sua pregação da
verdade às pessoas, e com sua tarefa de educar os mais jovens e os novos
conversos no caminho cristão.
(2)
A Lei judia estabelecia que não se podia condenar a ninguém com o testemunho de
uma só pessoa: “Uma só testemunha não se levantará contra alguém por qualquer
iniquidade ou por qualquer pecado, seja qual for que cometer; pelo depoimento
de duas ou três testemunhas, se estabelecerá o fato” (Deuteronômio 19:15).
A
Mishnah, a lei rabínica codificada, ao descrever o processo de um juízo diz:
" A segunda testemunha era igualmente trazida e examinada.
Se
fosse encontrado que o testemunho dos dois coincidia, o caso era aberto para a
defesa." Quer dizer, se sustentava-se uma acusação com a evidência de uma
só testemunha, considerava-se que não havia motivo para iniciar uma causa.
Em
épocas posteriores as normas da Igreja estabeleceram que as duas testemunhas
deviam ser cristãs, porque teria sido fácil para um pagão malicioso inventar
uma falsa acusação contra um ancião cristão para desacreditá-lo, e através dele
à Igreja. Nos primeiros dias da Igreja, as autoridades eclesiásticas não
duvidavam em aplicar a disciplina, e Teodoro de Mopsueste, um dos pais
primitivos, assinala quão necessária era esta norma, porque os anciãos estavam
expostos sempre ao desagrado e especialmente a ataques maliciosos "como
aquela desforra dos que tinham sido repreendidos por seus pecados". Uma
pessoa a que se tinha chamado à ordem podia querer obter sua revanche acusando
maliciosamente a um ancião de alguma irregularidade ou algum pecado. O certo é
que este seria um mundo mais feliz, e a Igreja seria mais feliz, se a pessoa
compreendesse que difundir ou repetir histórias a respeito das pessoas, que não
são, nem podem ser seguras, é nada menos que um pecado. Os falatórios
irresponsáveis, caluniosas e maliciosas fazem danos infinitos e causam muitas
feridas, e DEUS não deixará de castigar.
(3)
Aqueles que persistem no pecado devem ser repreendidos publicamente. Essa
reprimenda pública tinha um duplo valor. Fazia com que o pecador considerasse
seriamente sua forma de ser, e despertava o sentimento de vergonha; e fazia com
que outros se cuidassem de não ver-se envoltos eles mesmos numa humilhação
similar. A ameaça da publicidade não é má, se faz com que a pessoa se mantenha
no caminho correto, ainda que seja por medo. Um dirigente sábio, saberá quando
é o momento de calar as coisas, e quando deve fazer uma reprimenda pública. Mas
seja o que for que aconteça, a Igreja não deve dar ao mundo nunca a impressão
de que está tolerando o pecado.
(4)
Timóteo vê-se urgido a administrar sua tarefa sem favoritismos nem
preconceitos. D. S. Easton escreve. "O bem-estar de toda comunidade
depende da disciplina imparcial." Nada faz mais mal que tratar a algumas
pessoas como se não pudessem fazer o mal, ou a outros como se não pudessem
fazer o bem. A justiça é uma virtude universal, e nela a Igreja nunca deve
estar por baixo das normas de imparcialidade que até o mundo exige com razão.
(5)
Previne a Timóteo que “a ninguém imponhas precipitadamente as mãos”. Isso pode
significar uma de duas coisas.
(a)
Pode ser que signifique que não deve ser muito ligeiro em impor as mãos a
qualquer pessoa para ordená-la numa função da Igreja. Ninguém deveria começar
no posto mais alto. A pessoa deve dar provas de que merece uma posição de
responsabilidade e liderança. Isto é duplamente importante na Igreja; porque
uma pessoa que é elevada a uma alta função e logo fracassa nela ou a
desacredita, não só traz desonra sobre si mesmo, mas também sobre a Igreja. Num
mundo crítico a Igreja não pode deixar de ser muito cuidadosa no que concerne à
classe de pessoas que escolhe como dirigentes.
(b)
Eusébio, o historiador da Igreja, relata-nos que era um costume antigo que os
pecadores arrependidos fossem recebidos novamente com a imposição de mãos e com
oração. Se esta passagem refere-se a isso, pode tratar-se de uma advertência a
Timóteo que não seja muito ligeiro em receber novamente à pessoa que havia
trazido desonra à Igreja; que esperasse até que tivesse demonstrado que seu
arrependimento era genuíno e que estava verdadeiramente decidido a modificar
sua vida para concordar com suas manifestações de arrependimento.
A
comunidade da Igreja existe para ajudar a estas pessoas a redimir-se a si
mesmos, mas o ser membros da Igreja é para aqueles que dedicaram suas vidas a
CRISTO verdadeira e sinceramente.
BARCLAY. William. Comentário Bíblico. I Timóteo. pag. 129-133.
I
Ped 5.1 Aqui prossegue a linha de pensamento de 4.12-19. Como o julgamento de
DEUS irá “começar pela casa de DEUS” (4.17), os presbíteros destas congregações
tinham grande responsabilidade. Os presbíteros eram os líderes nomeados nas
igrejas (veja At 14.23; 20.17; 1 Tm 5.17,19;Tt 1.5,6); eles deveriam conduzir
as igrejas por meio do ensino das doutrinas sadias, ajudando os crentes a
adquirirem maturidade espiritual e equipando os crentes para viverem para JESUS
CRISTO, apesar das oposições. Os presbíteros tinham grande responsabilidade, e
esperava-se que fossem bons exemplos. Pedro pediu como um presbítero também,
identificando-se, desta forma, com os outros líderes da igreja, embora tivesse
ainda mais autoridade por ser um dos apóstolos. Como testemunhas, eles também
poderiam participar daqueles sofrimentos, “testemunhando-os” pessoalmente em
sua própria vida.
Mas
eles compartilham ainda mais, pois Pedro e os demais presbíteros, assim como
todos os crentes, serão participantes da glória de CRISTO, que se há de revelar
quando Ele retornar. Pedro e os crentes estavam participando da glória de
CRISTO naquela época, e eles também participarão desta glória quando ela for
revelada, no último dia (a Segunda Vinda).
Comentário
do Novo Testamento Aplicação Pessoal. Editora CPAD. Vol 2. pag.
732.
FONTE: APAZDOSENHOR.ORG
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