TEXTO
ÁUREO
E
ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores
( Ef 4.11).
VERDADE
PRÁTICA
O
dom do apostolado foi concedido por Deus a Igreja com o propósito de expandir o
evangelho de Cristo.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Efésios
4.7-16.
7 – Mas a graça
foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
8 – Pelo que
diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens.
9 – Ora, isto
— ele subiu — que é, senão que também antes tinha descido às partes mais baixas
da terra?
10 – Aquele
que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir
todas as coisas.
11 – E ele
mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para
evangelistas, e outros para pastores e doutores,
12 – querendo
o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do
corpo de Cristo;
13 – até que
todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão
perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.
14 – Para que
não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de
doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.
15 – Antes,
seguindo a verdade em caridade, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça,
Cristo.
16 – Do qual
todo o corpo, bem ajustado, e ligado pelo auxílio de todas as juntas, segundo a
justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo, para sua edificação em
amor.
OBJETIVO GERAL
Mostrar a importância do ministério apostólico no Novo Testamento.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo,
os objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com os seus respectivos
subtópicos
1
Investigar
biblicamente o colégio apostólico.
2
Explicar
o ministério apostólico de Paulo.
3
Avaliar
a respeito da apostolicidade atual.
INTERAÇÃO
Prezado
professor, já estudamos nas lições anteriores os dons espirituais de poder, de
elocução e de revelação. A partir da lição desta semana você terá a oportunidade
ímpar de estudar e ensinar a respeito dos dons ministeriais. Estes dons se
encontram relacionados em Efésios 4.11. Estas dádivas divinas são igualmente
importantes e necessárias para que a igreja cumpra a sua missão neste mundo e
os crentes cresçam “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador, Jesus
Cristo” (2Pe 3.18). Sabemos que o ministério apostólico, segundo os moldes do
colégio dos doze, não existe mais, todavia o dom ministerial descrito em
Efésios 4.11 continua em plena vigência. Por isso precisamos orar para que Deus
levante apóstolos a fim de que o Evangelho seja pregado a todas as nações.
INTRODUÇÃO
A
partir da lição desta semana estudaremos os Dons Ministeriais distribuídos por
Deus à sua Igreja, objetivando desenvolver o caráter cristão da comunidade dos
santos, tornando-o semelhante ao de Cristo (Ef 4.13). De acordo com as
epístolas aos Efésios e aos Coríntios, são cinco os dons ministeriais
concedidos por Deus à Igreja: apóstolos, profetas, evangelistas, pastores e
doutores (1Co 12.27-29). Veremos o quanto esses ministérios são necessários à
vida da igreja local para cumprir a missão ordenada pelo Senhor ante o mundo e,
simultaneamente, crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador
Jesus Cristo” (2Pe 3.18). Mostrando a sequência de Efésios 4.11, iniciaremos o
estudo pelo dom ministerial de apóstolo.
ORIENTAÇÃO
PEDAGÓGICA
Professor,
para introduzir a lição de forma dinâmica, faça a seguinte indagação: “Quais
são os dons ministeriais?” Ouça os alunos com atenção e em seguida leia a
relação descrita em Efésios 4.11. Depois, utilizando o quadro abaixo, explique
a respeito do termo apóstolo e faça um pequeno resumo a respeito deste dom.
Enfatize que Deus continua levantando apóstolos em nosso tempo. Conclua orando
para que o Senhor distribua este dom entre os seus alunos.
SUBSÍDIO TEOLÓGICO
“APÓSTOLO
Os apóstolos foram testemunhas oculares das atividades de Jesus na terra e consequentemente testificaram que Jesus era o Senhor ressurreto (Lc24.45-48; 1 Jo 1.1-3). Os pré-requisitos para a substituição apostólica nesta função única são dados em At 1.21,22. A lista de apóstolos de Lucas (Lc 6.14- 16; At 1.13) corresponde à lista dos doze dadas em Mateus 10.2-4 e Marcos 3.16-19. Mateus lista os discípulos aos pares, supostamente como enviados por Jesus. Tadeu (em Mateus e Marcos) era idêntico a Judas o filho de Tiago (em Lucas). Pedro, Tiago e João formavam um círculo íntimo dentre os doze, e estavam presentes no episódio da transfiguração (Mt 17.1-9; Mc 9.2-10; Lc 9.28-36) e no Getsêmani (Mt 26.36- 46; Mc 14.32-42; Lc 22.39-46). Os doze foram selecionados para ser os companheiros de Jesus e proclamar o Evangelho (Mc 3.14). Durante o ministério de Jesus, os doze serviram como seus representantes, uma função compartilhada por outros (Lc 10.1)” (PFEIFFER, Charles F.; REA, John; VOS, Howard F. (Eds.). Dicionário Bíblico Wycliffe. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2009, p. 162).
CONCLUSÃO
Nos
moldes do colégio dos doze, o ministério apostólico não existe atualmente.
Entretanto, o dom ministerial de apóstolo citado por Paulo em Efésios 4.11 está
em plena vigência. Pastores experimentados, evangelistas e missionários que
desbravaram os rincões do nosso país ou em países inimigos do Evangelho, são
pessoas portadoras desse dom ministerial. São os verdadeiros apóstolos da
Igreja de Cristo hoje.
5
O
APÓSTOLO
“E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros
para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores”
(Ef 4.11).
A partir deste capítulo, estudaremos
acerca dos dons ministeriais, que identificam uma diversidade enorme de
funções, ofícios e atividades, de homens, chamados por Deus, e designados pela
igreja local, para exercerem a operacionalidade de serviços ou ministérios. Os
dons ministeriais são indispensáveis ao “o aperfeiçoamento dos santos, para a
obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo” (Ef 4.12). Neste
estudo, o texto básico para referência é o capítulo 4, da epístola de Paulo aos
efésios.
Os dons
espirituais são voltados para a igreja em seu ambiente interno, congregacional,
com manifestações sobrenaturais, no falar línguas estranhas, profecia,
interpretação, dons de curar e outros carismas, os dons ministeriais ampliam a
ação do Espírito Santo, com sua ação poderosa e sobrenatural, tanto no âmbito
interno como externo, da missão da Igreja, na Terra.
Os
dons ministeriais confundem-se com aqueles a quem Deus lhes concede. Se alguém
é chamado para ser evangelista, ele mesmo é um “dom”, assim como sua função de
evangelizar. E Deus que concede os que podem ser chamados de “homens-dons” à
igreja. Por isso, o apóstolo Paulo diz “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e
outros para profetas, e outros evangelistas, e outros para
pastores e doutores” (Ef 4.11). A expressão “ele mesmo deu” indica que o dom
precede o ofício.
Diz
Donald Gee: “Se ‘Ele concedeu, está fora de dúvida não poder haver ministério
divinamente ordenado sem o Seu dom”.1
O primeiro dom ministerial que estudaremos
é o de apóstolo.
Há uma controvérsia que atravessa séculos acerca
da atualidade do ministério de apóstolo. Há uma corrente de estudiosos da
Bíblia, que podemos chamar de “cessacionista”, a exemplo do que ocorre com a
atualida de dos espirituais, que também entende que o ministério apostólico
“cessou” com os primeiros discípulos de Cristo. Outros entendem que ainda existem
apóstolos, hoje, ainda que numa conotação um tanto diferente dos primeiros doze
apóstolos de Cristo.
A
Igreja Católica tem como patrimônio de fé a chamada “sucessão apostólica”,
concedendo aos papas o título de “sucessores de Pedro”, considerado o primeiro
papa. Além dos 12 apóstolos de Cristo, que integraram o chamado “Colégio
Apostólico”, vemos, no Novo Testamento, que outros apóstolos foram levantados
por Deus, sem que nenhum se considerasse sucessor de outro. Paulo e Barnabé não
pertenciam ao “grupo dos 12”; mas eram apóstolos, credenciados por Deus para
realizar a missão que lhes foi confiada (1 Co 1.1; Cl 1.1; At13.46); Tiago,
“irmão do Senhor”, também recebia a qualificação de apóstolo (Gl 1.19).
Um apóstolo de Cristo, como Pedro, Tiago ou
João, reunia em si diversas funções ministeriais, além da missão de
evangelizar, ou de proclamar as Boas-Novas de salvação. Ele tinha que ser, além
de evangelista, profeta e mestre. Podemos dizer que um apóstolo, nos primórdios
da Igreja, era um homem polivalente. Nos dias atuais, após a expansão da
Igreja, percebemos que o Espírito Santo quis distribuir, não só os “dons
espirituais”, “repartindo particularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11),
mas, também, concedendo diversas operações e ministérios à igreja, através de
homens, chamados por Deus com variadas missões, concedidas a cada um.
Um dos
maiores equívocos, cometidos por muitos líderes de igrejas, nos dias presentes,
é o de entender que o título de “Apóstolo” lhes confere posição hierárquica superior
ao de pastor, evangelista, bispo ou presbítero. Já são conhecidos exemplos
diversos de obreiros, que eram detentores do título de “pastor”, devidamente
ordenados por seus ministérios ou convenções, os quais arrogaram para si o
título de “apóstolo”, com o objetivo de se colocarem em posição ministerial
“superior” . Procedimento totalmente fora de propósito ou de fundamento
escriturístico. Esquecem-se tais “apóstolos”, que a maior função, no ministério
de Cristo, é o de “servo fiel” (Nm 12.7; Hb 3.5; M t 25.21-23).
I - O Colégio Apostólico
1. O TERMO APÓSTOLO
Na língua grega, em que foi escrito o Novo
Testamento, a palavra apóstolo tem o significado de um enviado, um mensageiro
ou um delegado.
“Apóstolos. Um delegado; especialmente
um embaixador do evangelho; oficialmente, uma pessoa comissionada por Cristo
[um apóstolo’] (com poderes miraculosos): — apóstolo, mensageiro, aquele que é
enviado” .2
Essa é
a conceituação de apóstolo, em seu sentido original. Apóstolo não é qualquer
pessoa que “vai” ou que é mandada por alguém, numa visão humana. “O apóstolo é
enviado por Cristo do mesmo modo pelo qual foi Ele enviado pelo Pai; e pelo
menos com algo quanto de tudo implica autoridade e poder, e graça e amor”.3
2. O COLÉGIO APOSTÓLICO
Entende-se por “Colégio apostólico” o grupo
dos 12 primeiros discípulos de Jesus, que foram convidados por Ele para dar
início ao seu ministério terreno.
Primeiramente, Ele os fez discípulos ou
seguidores. Jesus foi o Apóstolo Líder do Grupo dos Doze. Ele foi enviado pelo
Pai (Jo 20.21). Foram três anos aproximadamente, em que eles aprenderam as
verdades de Deus com o maior Mestre da História.
Após o
seu discipulado, aos pés de Cristo, e o recebimento do batismo com o Espírito
Santo (Lc 24.49; At 1.8), aqueles 12 foram enviados para proclamar
o evangelho, ou as Boas-Novas de salvação (Lc 6.13). Eles constituíram a
base ministerial para o crescimento, o desenvolvimento e a expansão do Reino de
Deus e da Igreja de Cristo, por todo o mundo. 3. CARACTERÍSTICA DOS APÓSTOLOS DE CRISTO
A característica fundamental do apóstolo é ser
alguém que tem uma missão a cumprir, enviado por quem tem autoridade espiritual
para fazê-lo. Em seu discipulado, os doze apóstolos foram preparados para o
cumprimento da missão mais importante que um mortal poderia receber. Serem
embaixadores do Reino de Deus. Não poderiam ser pessoas desprovidas de
qualificações especiais. Eram homens comuns, humana mente detentores de
virtudes e defeitos, mas tiveram um treinamento aos pés do Mestre dos mestres.
E demonstraram possuir algumas qualidades especiais.
1)
Foram chamados por Jesus
Em seu ministério, Jesus teve muitos
discípulos (Mt 8.21; 9.57-62). Mas, para cumprir a grande missão, Jesus
selecionou apenas 12, e lhes deu credenciais e poder para se tornarem
apóstolos. “E, chamando a si os seus doze discípulos...” (Mt 10.1a). Lucas
anotou a eleição dos 12 dentre muitos outros. Após passar uma noite inteira em
oração a Deus, “chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles a quem
deu nome de apóstolos” (Lc 6.12 — grifo nosso).
2
) Receberam autoridade espiritual
Jesus “deu-lhes autoridade sobre os espíritos
imundos, para expulsarem, e para curarem toda sorte de doenças e enfermidades”
(Mt 10.1; Mc 3.15). Inicialmente, essa autoridade foi concedida aos doze. E, na
Grande Comissão, além de mandar que seus discípulos pregassem o evangelho por
todo o mundo, a toda a criatura, disse que os sinais e maravilhas haveriam de
seguir a todos os que nEle cressem. Não apenas aos doze, mas “aos que crerem”, ou
seja, a todos os seus discípulos (Mc 16.17, 18). E importante destacar que os
doze receberam dons sobre naturais, antes que o Espírito Santo os colocasse à
disposição da Igreja.
3 ) Tinham delegação de Cristo
Os 12
apóstolos não foram apenas “enviados”, mas tiveram um mandato especial. Jesus
lhes disse; “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o
Pai me enviou, também eu vos envio a vós. E, havendo dito isto, assoprou sobre
eles e disse-lhes:Recebei o Espírito Santo. A autoridade delegada aos apóstolos
foi tão grande, que eles tinham poder para perdoar pecados ou retê-los. Jesus
os enviou, do mesmo modo como Ele fora enviado pelo Pai (Jo 20.21-23).
Podemos
imaginar o que os doze sentiram, ao ouvir aquelas pa lavras! Serem enviados
por Cristo, e como Cristo o fora por seu Pai! Os que entenderam bem a missão
devem ter sentido o grande peso de sua responsabilidade. Os que haviam sido
pescadores, antes, podiam guardar as redes e suspender a pescaria. Mas, uma vez
feitos “pesca dores de homens” (Mt 4.19; Mc 1.17), não poderiam suspender a
missão. O s que outrora tinham outras atividades não tinham como voltar atrás.
O mundo nunca mais foi o mesmo depois de Cristo, e depois que seus apóstolos
começaram a cumprir a Grande Comissão (Mc 16.15).
II - APÓSTOLO PAULO
1. O MENOR DOS APÓSTOLOS
O
apóstolo Paulo não pertenceu ao Colégio Apostólico. Ele próprio, humildemente,
tendo sido perseguidor dos cristãos, reconheceu que não merecia ser chamado de
apóstolo (1 C o 15.8,9). Sua conversão dramática, no caminho de Damasco,
revela quão é imensurável e incompreensível, à lógica humana, a misericórdia e
o amor de Deus.
2. MAIOR DOS TEÓLOGOS
Mesmo
considerando-se “o menor dos apóstolos”, Paulo revelou-se um grande servo de
Deus. Algumas qualidades e atividades podem ser destacadas na vida do apóstolo,
podendo ser chamado de o maior dos teólogos do cristianismo. 74
1) Chamado por
Deus
“Paulo (chamado apóstolo de Jesus Cristo, pela
vontade de Deus), e o irmão Sóstenes (1 Co 1.1; 2 Co 1.1; G1 1.1).
Os Doze foram chamados por Jesus de maneira
bem natural e espontânea. Ao passar pelas margens do Mar da Galileia, Jesus
simplesmente olhou para os irmãos Pedro e André, e os chamou para serem
pescadores de homens (Mt 4.18,19); aos irmãos Tiago e João, os chamou da mesma
forma (Mt 4.21,22). E eles o seguiram também de maneira espontânea. O chamado
de Paulo foi bem diferente. A caminho de Damasco, com ordens dos sacerdotes
para prender os cristãos, foi interrompido por Jesus, de maneira sobrenatural e
impactante. Derrubado ao chão, Paulo teve o chamado de Deus de forma tão
dramática, que caiu, ouvindo a potente voz do Senhor, que o abatera em seu
orgulho e presunção, quando julgava estar fazendo a vontade de Deus no zelo do
judaísmo (At 9.4; 22.7; At 9.10-19).
Deus
tem seus caminhos e suas maneiras de agir, às vezes muito estranhas (cf. Is
28.21). Diante de um chamado tão singular e diferente dos demais apóstolos,
Paulo tinha razão em dizer que era chamado pela vontade de Deus e não dos
homens. Até seu nome foi mudado, de Saulo (hb. Sha 'ul, o que fo i pedido) para
Paulo (gr. Paulus, baixo, pequeno, humilde), após ser convocado pelo Espírito
Santo para ser enviado para a missão (At 13.8).
2
) Paulo teve experiências com Deus
Um
verdadeiro apóstolo é homem que deve ter comunhão e expe riência com Deus.
Paulo, não obstante não ter convivido com Jesus como os demais apóstolos, teve
experiências espirituais que os outros não tiveram. E essas experiências
fortaleceram sua vida espiritual e solidificaram o seu relacionamento com
Cristo. Ele diz que teve “visões e revelações do Senhor” (1 Co 12.1); com
bastante modéstia, falando na terceira pessoa, diz que “foi arrebatado ao
terceiro céu” ... “e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar”
(1 Co 12.2,4). Que palavras foram essas, só Deus e Paulo sabem.
3
) Paulo era um homem de grande cultura
Desmistificando a crença ou “doutrina” de que
Deus só usa pessoas de pouca instrução, o exemplo de Paulo é bem marcante. Era
homem de alto conhecimento bíblico e teológico, discípulo de Gamaliel, um dos
mestres do judaísmo (At 22.3). Paulo era um intelectual poliglota. Falava
hebraico, por ser judeu e fariseu (At 22.2); por ser cidadão romano (At 22.25),
falava latim; suas epístolas foram escritas em grego, o que dá a entender que,
sendo um homem culto de sua época, falava a língua helénica; e, como judeu
zeloso, certamente, falava o aramaico, que era língua usual, nos meios
intelectuais de sua época.
Em sua
soberania, e segundo seus propósitos divinos, Jesus resolveu contrariar a
lógica humana, e chamar um per seguidor do evangelho para ser salvo e fazer
dele um apóstolo dos mais destacados entre os que quis escolher. Enquanto
alguns de seus primeiros discípulos, do grupo dos Doze, eram humildes pescadores,
de menor grau de instrução, Paulo era um homem intelectual, que haveria de
levar o evangelho aos gentios, ou gentes de todas as nações, fora de Israel,
inclusive aos “reis” ou governantes de povos estrangeiros. Além dessa
característica marcante, em seu ministério, Paulo foi o grande teólogo e
intérprete dos evangelhos de Cristo.
Dos 27 livros do Novo Testamento, 13 foram
escritos por ele. E ainda resta dúvida se a epístola aos hebreus também foi de
sua autoria. Não foi por acaso que Paulo foi o primeiro apóstolo a levar o evangelho
de Cristo à Europa. Ele foi o grande evangelizador do Império Romano (Rm
15.24,28). Em suas viagens missionárias, levou o evangelho de Cristo a cidades
de Israel, passou pela Turquia, pela Ásia Menor; pregou na Macedônia, na Acaia,
na Grécia, centro cultural da Europa, à época; e, em sua última viagem missionária,
reviu discípulos nas igrejas que fundara, e terminou em Roma, para onde foi
levado preso, e pregou na capital do Império mundial da época. Concluiu sua
extra ordinária missão, declarando solenemente: “Combati o bom combate, acabei
a carreira, guardei a fé” (2 Tm 4.7).
III - APOSTOCIDADE ATUAL (EF 4.11)
Esse
tópico pode partir de perguntas que são feitas por muitos: Ainda há apóstolos
nos dias atuais? O ministério apostólico, nos moldes dos Doze, continua hoje?
Existe uma “sucessão apostólica”? Há interpretações diversas. Preferimos
analisar o tema com humildade e respei to ao que nos revela a Palavra de Deus.
E, para efeito de compreensão do assunto, categorizamos o ministério apostólico
em dois aspectos:
1. NO SENTIDO ESPECIAL
Aplicamos este termo ao que já vimos no item
1.1, ao “Colégio Apostólico”, ou aos Doze discípulos que foram selecionados por
Jesus, e enviados como apóstolos para dar início à Grande Comissão (Mc 16.15).
Apóstolos como eles não existem mais. Eles eram apóstolos no sentido estrito da
palavra, e nas circunstâncias em que foram chamados e enviados por Jesus.
1)
Estiveram com Cristo, durante todo o seu ministério terreno Enquanto
Paulo aprendeu “aos pés de Gamaliel”, os Doze aprenderam aos pés de Jesus, o
Mestre dos mestres, no mais perfeito curso de evangelização e discipulado que
alguém poderia realizar.
Próximo
à sua morte, Jesus lhes disse: “E vós sois os que tendes permanecido comigo nas
minhas tentações” (Lc 22.28). O fato de ter visto a Cristo não é condição
exclusiva, pois Paulo também o viu (1 Co 9.1,2). Mas o terem aceito seu chamado
diretamente de sua parte; de terem caminhado durante cerca de três anos, ao
seu lado, ouvindo sua palavra, e vendo seus milagres; de terem comido e dormido
ao seu lado, muitas vezes sem ter “onde reclinar a cabeça” (Mt 8.20); só os
Doze compartilharam momentos tão expressivos da humanidade, bem como da
divindade de Cristo.
2 ) Eles estiveram com Jesus, após a sua
ressurreição
Outros
discípulos também estiveram com Jesus, como os do Caminho de Emaús (Lc
24.13-31). Mas os que compartilharam da companhia do Senhor, de modo privado e
especial, foram os 11, visto que Judas traiu o Mestre e foi para o seu destino
trágico.
“ Chegada, pois, a tarde daquele dia, o
primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos
judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes:
Paz seja convosco! E, dizendo isso, mostrou-lhes
as mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor.
Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco! Assim como o Pai me
enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.19-21).
3 ) Receberam a Grande Comissão
O
mandato para evangelizar o mundo é destinado a todos os crentes em Jesus, a
toda a Igreja do Senhor. Mas os Doze receberam a ordem missionária, diretamente
da boca de Jesus (Mc 16.15). Jesus não disse aos Doze que eles fizessem
apóstolos, mas sim, discípulos em todas as nações (Mt 28.18-20).
4 ) Os Doze terão seus nomes nos
fundamentos da Nova Jerusalém
Esse importante detalhe, registrado no
Apocalipse, certamente, constitui argumento mais que suficiente para se
entender, que o apostolado especial dos Doze, que constituíam o Colégio
Apostólico, não é repetido em nenhuma fase da História da Igreja. João viu esse
singular privilégio, concedido unicamente aos que seguiram Jesus, durante o seu
ministério terreno (Ap 21.12-14).
2. NO SENTIDO GERAL
Já
ressaltamos o envio dos “setenta” discípulos, que, sendo enviados, de dois em
dois, cumpriram o papel de apóstolos. Mas, além deles, o Novo Testamento também
cita outros exemplos de apóstolos, como Paulo, que se considerou a si mesmo “o
menor dos apóstolos” por ter perseguido “a igreja de Deus” (1 Co.15.9; Rm 1.1;
2 Co 1.1); ele viu a Jesus Cristo (1 Co 9.1). Barnabé também foi reconhecido
como apóstolo (At 14.14). Havia “outros apóstolos”, a que Paulo se referia em
sua carta aos romanos (Rm 16.7) e em outras epístolas (G1 1.19; 1 Ts 2.6,7).
1) A liderança dos apóstolos
Segundo
o comentário da Bíblia de Estudo Pentecostal, os apóstolos “Eram homens de
reconhecida e destacada liderança espiritual, ungidos com poder para
defrontar-se com os poderes das trevas e confirmar o Evangelho com milagres.
Cuidavam do estabelecimento de igrejas, segundo a verdade e pureza
apostólicas”. Eles tinham a mensagem “original” de Cristo, e náo eram
apóstolos, com alguns, hoje, que apresentam um “evangelho genérico”,
antropocêntrico e deturpado, com ensinos que não têm fundamento bíblico, como a
falsa “teologia da prosperidade”, a absurda “confissão positiva”, o “teísmo
aberto” e outros da mesma natureza.
2 ) A itinerância dos apóstolos
Diz,
ainda, a Bíblia de Estudo Pentecostal que os apóstolos “Eram servos itinerantes
que arriscavam suas vidas em favor do nome de nos so Senhor Jesus Cristo e da
propagação do evangelho (At 11.21-26; 13.50; 14.19-22; 15;25,26).
No
presente, vemos “apóstolos”, que nunca foram além dos limites da cidade onde
vivem e assumiram a direção de uma igreja. São “presidentes” de igrejas,
radicados e estabelecidos em domínios eclesiásticos bem característicos.
Os que
se consideram “apóstolos”, hoje, em geral, adquiriram tal “posição”, após terem
sido ordenados a evangelista ou pastor, ou bispo, o que lhes confere a ideia de
que estão em posição hierárquica superior. Nada mais inadequado para um
verdadeiro apóstolo de Cristo, que deve ser, antes de tudo, um servo ou um
servidor e não alguém em grau de superioridade.
3 ) A ordem de fazer discípulos
A expressão “ensinai todas as nações”, no
texto bíblico original (Mt 28.19), escrito em grego, tem o sentido de fazer
discípulos. A tradução mais aproximada seria “ide, fazei discípulos em todas as
nações”.
“ O propósito da Grande Comissão é fazer
discípulos que observarão os mandamentos de Cristo.
Este é
o único imperativo direto no texto original deste versículo” . De modo mais
didático e direto, lemos, na Bíblia de Estudo Palavras-Chave sobre o versículo
de M t 28.19: “3.100 ( mathêteuo), intransitivo, tornar-se um aluno-,
transitivo, ser discípulo, i.e., inscrever-se como estudante: — ser discípulo,
instruir, ensinar. O termo correlato, mathetês (3101), “discípulo. Ser
discípulo de alguém (M t 27.57); treinar como discípulo, ensinar, instruir; por
exemplo, a Grande Comissão (Mt 28.19). Também Mateus 13.52; Atos 14.21” .5
(grifos nossos).
3. O
MINISTÉRIO DE CARÁTER APOSTÓLICO ATUAL
Como
demonstrado, o ministério dos Doze, ou do colégio apostólico, não se repete.
Nenhum dos Setenta, nem qualquer dos apóstolos da Igreja Primitiva; ou dos
tempos antigos, modernos, atuais, ou futuros, jamais terá seu nome nos
fundamentos da Nova Jerusalém. Aqueles Doze foram únicos. Não há sucessão
apostólica, como entende a Igreja Católica.
Referindo-se aos apóstolos de Jesus, no
sentido especial, a Bíblia de Estudo Pentecostal diz: “O ministério de apóstolo
nesse sentido restrito é exclusivo, e dele não há repetição.
Os
apóstolos originais do Novo Testamento não têm sucessores”.6 Atualmente, o que
podemos ver como ministério de caráter apostólico, é o trabalho dos
missionários, quando são enviados para desbravar campos, em países de povos não
alcançados pelo evangelho de Cristo. Se um missionário vai assumir um trabalho
que já está estabelecido, cujas bases e desenvolvimento deveram-se ao esforço
de outros companheiros, não pode dizer que faz um trabalho de apóstolo, e sim,
de pastor ou evangelista. Paulo ensina que Jesus, depois de subir ao alto e
levar “cativo o cativeiro”, “deu dons aos homens” .
Observando o texto bíblico, de Efésios 4.11,
lemos: “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros
para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo
de Cristo” (E f 4.11,12). Esses “homens-dons”, concedidos por Deus e seus
ofícios ou ministérios, têm por finalidade alcançar a “unidade do Espírito” (E
f 4.3), visando “o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério” e a
“edificação do corpo de Cristo”. Dessa forma, se existe atualidade para os
ofícios de “profetas”, “evangelistas” e “doutores” ou “mestres”, por que não
deveria haver atualidade do ofício do apóstolo? Sem dúvida alguma, o ministério
de caráter apostólico deve ser de senvolvido, na atualidade, ao lado dos
demais ministérios, indispensáveis à unidade e à edificação do corpo de Cristo.
Homens como John Wesley, William Carey,
cognominado “pai das missões modernas” ; Adoniran Judson, Hudson Taylor, D . L.
Moody, Jorge Müller, Smith Wigglesworth, Gunnar Vingren, Daniel Berg, Richard
Wurmbrand, e tantos outros, em tempos mais recentes, podem ser considerados ver
dadeiros apóstolos de Jesus. São homens que expuseram suas vidas para levar a
mensagem do evangelho aos mais longínquos lugares do mundo.
Patzia
afirma: “Visto que a Igreja de hoje não tem lugar para o cargo de apóstolo, por
exemplo, a tentação é encontrar-se uma contrapartida contemporânea nos líderes
eclesiásticos, como superintendentes ou supervisores”.7 H á realmente, essa
“tentação”, de se buscar aplicação para o termo “apóstolo”, a funções que pouco
ou nada têm de apostólicas.
Conclusão
Concluindo, podemos afirmar com bastante
fundamento escriturístico, que o ministério apostólico, nos moldes do Colégio
Apostólico, não existe mais. Porém, o ministério de caráter apostólico,
desenvolvido por missionários e evangelizadores, com a finalidade de
estabelecer igrejas, em diversos lugares, é perfeitamente atual.
Velhos
pastores, que, nos primórdios da evangelização do País, andaram a pé, no lombo
de jumentos ou de cavalos, de canoa, de jangadas ou barcos, muitas vezes não
tendo lugar certo para pousar, também podem ser considerados apóstolos
modernos, ainda que seus cargos fossem de pastores ou de evangelistas. Nos dias
atuais, também há homens e mulheres de Deus, arriscando suas vidas, em países
inimigos do evangelho. São verdadeiros apóstolos da Igreja de Jesus Cristo.
Dons
Espirituais e Ministeriais
Servindo a
Deus e aos homens com poder extraordinário
- Elinaldo
Renovato de Lima
Os
dons ministeriais (2ª Parte)
por
Antonio Gilberto
Como
havíamos prometido, vejamos nesta semana o dom ministerial de apóstolo.
O termo apóstolo significa literalmente enviado. No original, o verbo e o
substantivo aparecem em passagens como Hebreus 3.1, João 20.21, Mateus 10.15,
Lucas 6.13, Atos 13.4 e 14.14, Gálatas 1.1,19, Romanos 16.7, 2 Coríntios 8.23 e
Filipenses 2.25. Nos dois últimos textos, o termo não aparece no sentido
ministerial.
O apóstolo é a mais alta ordem na escala de ofícios do ministério no Novo
Testamento (1Co 12.28; Ef 3.5 e 4.11). A diferença de ministério entre o
apóstolo e o evangelista está bem definida em Atos 8, na evangelização de
Samaria. No ministério de Felipe como evangelista, destaca-se a pregação e a
conversão dos pecadores (At 8.5-13). No ministério de Pedro e João como
apóstolos, destacam-se o estabelecimento firme da obra e a consolidação dos
resultados da evangelização (At 8.14,25). De fato, em Gálatas 2.9, Pedro e João
(apóstolos) são tidos como colunas.
Os apóstolos têm sua liderança espiritual confirmada por provas e sinais (2 Co
12.12). Eles lançam os fundamentos iniciais de uma obra através da doutrina e
da liderança (1Co 3.10; Ef 2.20). São eles que estabelecem, no início do
trabalho, os fundamentos da doutrina (At 2.42) e provê em a adequada liderança
espiritual.
O apóstolo vela com cuidado pela obra, no sentido geral e coletivo (2Co 11.28 e
At 15.16). Esse cuidado geral e coletivo inclui viagens e comunicação constante
com a obra. Vemos isso no livro de Atos, nas epístolas e através da História da
Igreja. Os apóstolos, em virtude de sua missão, eram móveis. Não se fixavam em
um lugar. Eram embaixadores de Deus.
O ministério apostólico também é caracterizado pela elevada autoridade
conferida pelo Senhor (At 1.2 e 2Pe 3.2). A autoridade apostólica está sobre
todos os demais ministérios (1Co 12.28). Nesse sentido, os apóstolos são
"livres" para executarem serviços especiais de grande importância na
igreja (1Co 9.11).
Os doze apóstolos do Cordeiro formam um grupo distinto (Jd 17). Eles colocaram
o alicerce da Igreja (Ef 2.20 e Ap 21.14). São apóstolos num sentido único.
Alguns exemplos de apóstolos da Igreja independentes do grupo dos doze chamados
apóstolos do Senhor são Paulo e Barnabé (At 14.14), Andrônico e Júnias (Rm
16.7), e Tiago, irmão do Senhor (Gl 1.19). O próprio Paulo se declara apóstolo
em Romanos 1.1 e 1 Coríntios 1.1.
por Antonio Gilberto
NOTAS:
A
escolha que JESUS fez dos doze discípulos que gradualmente se reuniram ao seu
redor é uma importante referência na história do evangelho.
Tal
ato divide o ministério do nosso Senhor em duas partes provavelmente muito
semelhantes quanto à duração, mas diferentes quanto à extensão e a importância
do trabalho realizado em cada uma. No período inicial JESUS trabalhou sozinho;
suas obras milagrosas estavam confinadas a uma área limitada, e seu ensino era,
em sua maior parte, de caráter elementar. Mas na ocasião em que os doze foram
escolhidos, a obra do reino "assumiu dimensões que requeriam organização e
divisão de trabalho. O ensino de JESUS estava começando a ser de natureza mais
profunda e elaborada, e suas atividades beneficentes estavam crescendo muito.
E provável que a escolha de um número
limitado de discípulos para ser seus companheiros íntimos e constantes tenha se
tornado uma necessidade para CRISTO, em conseqüência de seu próprio sucesso ao
fazer discípulos. Seus seguidores eram tão numerosos a ponto de serem um
impedimento aos seus movimentos, especialmente nas longas jornadas que marcam a
parte posterior de seu ministério. Era impossível que todos os que criam
pudessem então continuar a segui-lo de modo literal, para onde quer que Ele
fosse: o grande número de pessoas agora poderia ser apenas de seguidores
ocasionais. Mas era seu desejo que alguns homens escolhidos estivessem consigo
em todos os momentos e em todos os lugares — seus companheiros de viagem em
todas as suas jornadas, testemunhando toda a sua obra e ministrando às suas
necessidades diárias. E assim, nas palavras singulares de Marcos: “E subiu ao
monte e chamou para si os que ele quis; e vieram a ele. E nomeou doze para que
estivessem com ele...”.
Estes doze, contudo, como sabemos, deveriam
ser mais que meros companheiros de viagem ou servos comuns do Senhor JESUS
CRISTO. Eles deveriam ser, então, aprendizes da doutrina cristã, e ocasionais
cooperadores das obras do reino, e mais tarde agentes treinados, escolhidos por
CRISTO para propagar a fé depois que Ele deixasse a terra. A partir do momento
em que foram escolhidos, de fato, os doze iniciaram um aprendizado regular para
o grande ofício do apostolado, no curso do qual deveriam aprender, na
privacidade de um relacionamento íntimo diário com seu Mestre, como deveriam
ser, agir, crer, e ensinar como suas testemunhas e seus embaixadores no mundo.
Doravante o treinamento desses homens deveria ser uma parte constante e
proeminente da obra pessoal de CRISTO. Ele os orientava à noite a respeito do
que deveriam falar de dia, e falava aos seus ouvidos o que nos anos posteriores
anunciariam publicamente.
A ocasião em que ocorreu essa eleição
(embora não se conheça tal data com precisão) é fixa em relação a certos
eventos-chave da história do evangelho. João se refere aos doze como uma
companhia organizada na ocasião em que o Senhor realizou o milagre de alimentar
mais de cinco mil pessoas, e do discurso sobre o Pão da vida na sinagoga de
Cafarnaum, proferido pouco tempo após aquele milagre. Desse fato aprendemos que
os doze foram escolhidos pelo menos um ano antes da crucificação; pois o
milagre da multiplicação dos alimentos ocorreu, de acordo com o quarto
evangelista, logo após a festa da Páscoa. A partir das palavras ditas por JESUS
aos homens que havia escolhido, transmitindo a sua pergunta em relação à
fidelidade devida a ele depois da multidão tê-lo abandonado: “Não vos escolhi a
vós os doze? E um de vós é um diabo”, concluímos que a escolha não era tão
recente. Os doze haviam estado juntos durante tempo suficiente para dar ao
falso discípulo a oportunidade de mostrar o seu verdadeiro caráter.
Voltando agora aos evangelistas sinópticos, encontramo-los
tentando estabelecer a posição da eleição em referência a dois outros eventos
ainda mais importantes. Mateus fala pela primeira vez dos doze como um corpo
distinto em relação à sua missão na Galiléia. Ele não diz, contudo, que foram
escolhidos imediatamente antes e com referência direta a tal missão. Antes,
fala como se a fraternidade apostólica já existisse anteriormente, sendo estas
as suas palavras: “E, chamando os seus doze discípulos...”
Lucas, por outro lado, faz um relato formal
da eleição, como um prefácio de seu relatório do Sermão da Montanha, dando a
impressão de que um evento ocorreu logo após o outro.
Finalmente, a narrativa de Marcos confirma o
ponto de vista sugerido por essas observações de Mateus e Lucas, isto é, os
doze foram chamados pouco antes da realização do Sermão da Montanha, e um tempo
considerável antes de terem sido enviados em missão para pregar e curar. Está
escrito: “E subiu ao monte e chamou para si os que ele quis” — a subida
obviamente se refere à ocasião em que JESUS subiu antes de pregar seu grande
discurso. Marcos continua: “E nomeou doze para que estivessem com ele e os
mandasse a pregar e para que tivessem o poder de curar as enfermidades e
expulsar os demônios”. Aqui há uma alusão feita a uma intenção da parte de
CRISTO de enviar seus discípulos em uma missão, mas a intenção não é
representada e imediatamente executada. Nem pode ser dito que a execução
imediata esteja implícita, embora não tenha sido expressa; o evangelista faz um
relato da missão como consta em vários capítulos seguintes em seu Evangelho,
iniciando com estas palavras: “Chamou a si os doze, e começou a enviá-los de
dois a dois...”.
Deve ser considerado, então, como
toleravelmente certo, que o chamado dos doze tenha sido um prelúdio à pregação
do grande sermão sobre o reino, em cuja fundação eles teriam, posteriormente,
uma participação ainda mais distinta. Não podemos determinar com exatidão em
que período do ministério de nosso Senhor o sermão em si deve ser precisamente
alocado. Nossa opinião, contudo, é que o Sermão da Montanha foi proferido
próximo ao primeiro ministério prolongado de CRISTO na Galiléia, durante o
tempo passado entre as duas visitas a Jerusalém em ocasiões de festas
mencionadas no segundo e no quinto capítulo do Evangelho de João.
O número da companhia apostólica é
significativo e, sem dúvida, uma questão de escolha, assim como a composição
daquele grupo seleto. Um número maior de homens elegíveis poderia ser
facilmente encontrado no círculo de discípulos que, mais tarde, não se tornou
menor que setenta auxiliares na obra evangelística; e um número menor pode ter
servido a todos os propósitos presentes ou futuros do apostolado. O número doze
foi recomendado por óbvias razões simbólicas. Expressava de uma forma feliz e
figurada o que JESUS reivindicava ser e o que veio fazer e, deste modo,
fornecia apoio à fé e estímulo à devoção de seus seguidores. Isto sugeriu de
forma significativa que JESUS era o divino Rei messiânico de Israel, que veio
para estabelecer o reino cujo advento fora anteriormente previsto pelos
profetas em linguagem fervorosa, sugerida pelos dias de felicidade da história
de Israel, quando a comunidade teocrática existia em sua integridade, e todas
as tribos da nação escolhida eram unidas sob a casa real de Davi. Sabemos que o
número doze estava designado a conter tal significado espiritual através das
próprias palavras de CRISTO aos apóstolos em uma ocasião posterior, quando, ao
descrever as recompensas que os esperavam no reino pelos serviços e sacrifícios
prestados, Ele disse: “Em verdade vos digo que vós, que me seguistes, quando,
na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também vos
assentareis sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel”.
É possível que os apóstolos conhecessem
muito bem a importância espiritual do seu número, e tenham encontrado nele o
encorajamento para a terna e ilusória esperança de que a vinda do reino não
deveria ser apenas um cumprimento espiritual das promessas, mas uma restauração
literal de Israel em relação à sua independência e integridade política. O
risco de tal equívoco era um dos obstáculos relacionados ao número doze em
particular, mas não foi considerado por JESUS como uma razão suficiente para
estabelecer outro. Seu método de procedimento nesse caso, como em todas as
coisas, era continuar o que era verdadeiro e certo, e então corrigir os
equívocos à medida que surgissem. Do número do grupo apostólico passamos para
as pessoas que o compõem. Sete dos doze — os primeiros sete na lista de Marcos
e Lucas, presumindo que Bartolomeu seja Natanael — são pessoas já conhecidas
por nós. Dois dos cinco restantes — o primeiro e o último — conheceremos bem à
medida que avançarmos na história.Tomé, chamado Dídimo ou o Gêmeo, aparece como
um homem de coração terno, mas de temperamento melancólico, pronto para morrer
por seu Senhor, mas lento para crer em sua ressurreição. Judas Iscariotes é
conhecido em todo o mundo como o Traidor. Ele aparece pela primeira vez nessa
lista de apóstolos com o título infame marcado em sua testa: “Judas Iscariotes,
aquele que o traiu”. A presença de um homem capaz de trair entre os discípulos
eleitos é um mistério no qual não devemos tentar penetrar. Meramente fazemos
aqui uma observação histórica sobre Judas — ele parece ter sido o único não
galileu entre os doze. Seu sobrenome veio aparentemente de seu lugar de origem,
Queriote; e no livro de Josué podemos constatar que existia uma cidade com tal
nome na fronteira do sul da tribo de Judá.
Os três nomes que restam são extremamente
obscuros. Tiago, filho de Alfeu. O próximo na lista de Mateus e Marcos é
apontado por muitos como sendo o irmão deste Tiago. Lebeu e Tadeu dos dois
primeiros Evangelhos, encontrarmos na lista de Lucas o nome Judas “... de
Tiago”. A elipse nesta designação foi preenchida pela palavra irmão, e
presume-se que o Tiago aludido seja Tiago, filho de Alfeu. Independentemente de
quão tentador esses resultados possam ser, não podemos considerá-los como
apurados, e devemos nos satisfazer com a idéia de que em meio aos doze havia um
segundo Tiago, além do irmão de João e filho de Zebedeu, e também um segundo
Judas, que novamente aparece como um interlocutor na conversa de despedida
entre JESUS e seus discípulos na noite anterior à crucificação, cuidadosamente
distinguido do traidor, pelo evangelista, através da anotação parentética: “não
o Iscariotes”. Este Judas, que é o próprio Lebeu ou Tadeu, foi chamado de
discípulo de três nomes.
O discípulo a quem reservamos o último lugar,
como aquele que fica no topo de todas as listas, é Simão. Este segundo Simão é
desconhecido, enquanto o primeiro é notório, porque não é mencionado na
história do evangelho, exceto nas listas dos apóstolos; e assim, pouco se sabe
a respeito dele, o apelido anexado ao seu nome leva a uma informação curiosa e
interessante. Ele é chamado de kananita (não de cananita), o que é uma
designação política e não geográfica, como consta no termo grego que Lucas usou
para substituir o termo hebraico, chamando o discípulo do qual falamos de
Simão, o zelote. Este apelido, zelote, relaciona Simão indiscutivelmente ao
famoso partido que surgiu da rebelião sob a coordenação de Judas nos dias da
taxação, aproximadamente vinte anos antes do início do ministério de CRISTO,
quando a Judéia e Samaria ficaram sob o comando direto do governo de Roma, e o
censo populacional foi feito com a intenção de se impor uma tributação
subseqüente.
Que fenômeno singular foi a presença desse
ex-zelote entre os discípulos de JESUS! Dois homens não poderiam diferir mais
em relação ao seu espírito, metas, e pretensões do que Judas (o líder dos
zelotes) e JESUS de Nazaré. Um era um político descontente; o outro,
completamente vencedor, daria a César o que era de César. O primeiro desejava a
restauração do reino de Israel, adotando como lema: “Nós não temos um Senhor ou
Mestre, exceto DEUS”; o segundo desejava a fundação do reino que não era
nacional, e sim universal; não deste mundo, e sim “puramente espiritual”. Os
métodos empregados pelos dois eram tão diferentes quanto os seus objetivos e
fins. Um havia recorrido às armas carnais de guerra, a espada e o punhal; o
outro confiava apenas na força bondosa e amável, porém onipotente, da verdade.
Não sabemos o que levou Simão a deixar Judas
(o líder dos zelotes) para seguir JESUS; mas ele fez uma troca feliz para si,
pois anos depois o partido que ele abandonou atraiu a ruína para si e seu país
devido a seu patriotismo fanático, inconseqüente e inútil. Embora a insurreição
de Judas fosse subjugada, o fogo do descontentamento ainda queimava no peito
dos seus adeptos; e com o tempo, eclodiu na fogueira de uma nova rebelião, que
fez surgir uma luta mortal contra o poder gigantesco de Roma, e terminou na
destruição da capital do judaísmo, e na dispersão do povo judeu.
A escolha desse discípulo para ser um
apóstolo fornece uma outra ilustração do desprezo de CRISTO pela sabedoria
humana. Não era seguro transformar um ex-zelote em um apóstolo, porque ele
poderia ser o meio de transformar JESUS e os seus seguidores em objetos de
suspeitas políticas. Mas o Autor da nossa fé estava disposto a correr este
risco. Ele desejava ganhar tanto discípulos das classes perigosas como das
classes desprezadas, e queria que também estivessem representados entre os
doze.
É uma surpresa agradável pensar que Simão, o
zelote, e Mateus, o publicano, homens de posições opostas, estivessem juntos e
em comunhão naquele pequeno grupo de doze pessoas. Na pessoa desses dois
discípulos os extremos se tocam — o ex-coletor de impostos e aquele que odiava
os impostos: o judeu que não era patriota, que havia se degradado ao se tornar
um servo do governante estrangeiro, e o judeu patriota, que se irritava com o
domínio estrangeiro, e suspirava pela emancipação.
Esta união dos opostos não era acidental, mas havia sido designada por JESUS como uma profecia daquilo que aconteceria no futuro. Ele desejava que os doze fossem a igreja em miniatura ou como o seu embrião; e assim, Ele os escolheu para que a distinção entre publicanos e zelotes não existisse, e então na igreja do futuro não deveria haver nem gregos nem judeus, circuncisão ou incircuncisão, escravos ou livres, mas somente CRISTO — Ele é tudo em todos e todos estão nele. Estes eram os nomes dos doze conforme consta nas listas dos evangelistas. Quanto à ordem são apresentados, examinando-se cautelosamente as listas, podemos observar que elas contêm três grupos de quatro pessoas, e em cada um deles os mesmos nomes são sempre encontrados, embora a ordem não seja a mesma. O primeiro grupo inclui aqueles que são mais conhecidos, o segundo inclui aqueles que são pouco menos conhecidos, e o terceiro inclui aqueles que são os menos conhecidos de todos, exceto no caso do traidor, que ficou muito bem conhecido. Pedro, a figura mais proeminente entre os doze, está no topo de todas as listas, e Judas Iscariotes no rodapé, cuidadosamente designado, conforme já foi observado, como o traidor.
E, quando já era dia, chamou a si os seus discípulos, e escolheu doze deles, a quem também deu o nome de apóstolos: Simão, ao qual também chamou Pedro, e André, seu irmão; Tiago e João; Filipe e Bartolomeu; Mateus e Tomé; Tiago, filho de Alfeu, e Simão, chamado Zelote; Judas, filho de Tiago, e Judas Iscariotes, que foi o traidor. Lucas 6:13-16
Estes
foram os homens que JESUS escolheu para o acompanharem enquanto estivesse nesta
terra, e para dar continuidade à sua obra depois de sua partida. Estes são os
homens que a igreja celebra como “a companhia gloriosa dos apóstolos”. O louvor
é merecido; mas a glória dos doze não era deste mundo. Sob um ponto de vista
mundano, alguns podem considerá-los, de fato, uma companhia insignificante — um
grupo de pobres e iletrados galileus provincianos, totalmente desprezados,
privados das características sociais mais elevadas, com mínimas chances de
serem escolhidos por alguém que valorizasse as considerações da prudência.
Por que JESUS escolheu tais homens? Teria Ele
sido levado por sentimentos de antagonismo por aqueles que possuíam vantagens
sociais, ou uma predileção por homens de sua própria classe? Não; sua escolha foi
feita com base na verdadeira sabedoria. Se Ele escolheu principalmente os
galileus, não foi por preconceito provincial contra aqueles do sul; se, como
algumas pessoas pensam, Ele escolheu dois ou mesmo quatro de seu próprio
parentesco, não foi por nepotismo; se Ele escolheu homens rudes, ignorantes,
humildes, não foi movido pela inveja do conhecimento, da cultura, ou da boa
origem. Se qualquer mestre, homem rico, ou governante estivesse disposto a se
entregar sem reservas ao serviço do reino, nenhuma objeção teria sido feita a
ele em virtude de suas habilidades, posses ou títulos.
O caso de Saulo de Tarso, o pupilo de
Gamaliel, prova a verdade dessa afirmação. Nem mesmo o próprio Gamaliel poderia
ter impedido que Paulo se tornasse um discípulo do Nazareno. Mas sim! Nem ele
nem nenhuma de suas ordens chegariam tão longe. Por esta razão o desprezado
Senhor não teve nenhuma oportunidade de mostrar sua disposição de aceitá-los
como díscípulos e escolhê-los como apóstolos.
A verdade é que JESUS quis se contentar com
pescadores, publicanos, e antigos zelotes como apóstolos. Eles eram o melhor
que se poderia obter. Aqueles que se consideravam melhores, eram também muito
orgulhosos para se tornarem discípulos, e por isso se excluíram do que o mundo
considera agora como a honra de serem os príncipes escolhidos do reino. A
aristocracia civil e religiosa se gabava de sua descrença. Os cidadãos de
Jerusalém se sentiram, por um momento, interessados no jovem entusiasta que
havia purificado o templo com um chicote de correias curtas; mas a fé deles era
superficial e sua atitude era defensiva, e por isso JESUS não se entregou a
eles, porque sabia o que havia no interior de cada um deles. Alguns poucos eram
simpatizantes sinceros, mas não estavam decididos quanto ao seu ingresso na
eleição para o apostolado. Nicodemos mal era capaz de dizer uma tímida palavra
apologética a favor de CRISTO, e José de Arimatéia foi um discípulo
“secretamente”, por medo dos judeus. Estes dificilmente seriam os homens certos
para ser enviados como missionários da cruz — homens tão presos aos laços
sociais e conexões partidárias, e tão escravizados pelo medo dos homens. Os
apóstolos do cristianismo devem ser feitos de material rígido.
E assim JESUS preferiu optar pelos homens da
Galiléia: rústicos, porém simples, sinceros e motivados. E Ele ficou bastante
satisfeito com sua escolha, e devotadamente agradeceu a seu Pai por ter-lhe
concedido homens como esses. JESUS não desprezaria a erudição, a posição, a
riqueza, o requinte, voluntariamente deixados em razão de seu serviço; mas
preferia homens devotos que não tivessem nenhuma dessas vantagens a homens não
devotos que tivessem todas elas. E com uma forte razão; isso importava muito
pouco, exceto aos olhos do preconceito contemporâneo, para o qual a posição
social ou mesmo a história prévia dos doze teria algum significado. O
importante é que eram espiritualmente qualificados para o trabalho que foram
chamados a fazer. Ou seja, o que importa não é o exterior do homem, mas o seu
interior. João Bunyan foi um homem de origem simples, de posição inferior, e
até à sua conversão tinha hábitos pouco louváveis; mas era por natureza um
homem capacitado e, pela graça, um homem de DEUS. Ele teria se tornado — como
de fato foi — um dos apóstolos mais eficientes.
A. B. BRUCE. O
Treinamento dos Doze. Editora CPAD. pag. 44-54.
“Até que do alto sejais revestidos de poder”.
Esta expressão tem um som místico, e o seu sentido parece difícil de definir;
contudo, o sentido geral é, certamente, simples o bastante. Ela significou não
total ou principalmente um poder para operar milagres, mas justamente o que
JESUS tinha dito em seu discurso de despedida, antes de sua morte. Este poder
que vem do alto significa tudo o que os apóstolos receberiam através da missão
do Consolador — esclarecimento da mente, dilatação do coração, santificação de
suas faculdades e transformação de caráter, para torná-los espadas afiadas e
flechas polidas para subjugar o mundo à verdade; essas qualidades, ou o efeito
combinado delas, constituíram o poder que JESUS direcionou os onze a esperar. O
poder, portanto, era espiritual, não mágico; uma inspiração, não uma possessão;
um poder que não agiria como uma força fanática cega, mas que se manifestaria
como um espírito de amor e de uma consciência sã. Depois que o poder desceu, os
apóstolos não se tornaram menos racionais, porém mais racionais; não loucos,
mas sóbrios; não meros entusiastas inflamados e vazios, mas entusiastas
equilibrados, claros e dignos expositores da verdade divina, tal como o relato de
Lucas sobre o seu ministério. Em resumo, estavam prestes a ser diferentes
daquilo que foram no passado, e mais parecidos com o seu Mestre: e não mais
ignorantes, infantis, fracos, carnais, mas iniciados nos mistérios do Reino, e
habitualmente sob a direção do ESPÍRITO de graça e santidade.
Tal poder prometido era evidentemente
indispensável para que fossem bem-sucedidos. Os títulos oficiais não seriam o
mais importante, e sob certos aspectos poderiam ser vãos — apóstolos,
evangelistas, pastores, professores, governantes; as vestes clericais seriam
vãs se a alma dos onze não fosse vestida com esta peça de roupa do poder
divino. Vãos, então, e igualmente vãos agora. O mundo está prestes a ser
evangelizado, não pelos homens investidos com dignidades eclesiásticas e com
peças de roupas parcialmente coloridas, mas por homens que têm experimentado o
batismo no ESPÍRITO SANTO, e que estão visivelmente imbuídos do poder divino da
sabedoria, amor e zelo.
O poder prometido era indispensável, e também
era, em sua natureza, algo a ser simplesmente esperado. Os discípulos foram
instruídos a esperar até que viesse. Não deveriam tentar fazer nada sem ele,
nem tentar alcançá-lo. E foram sábios o suficiente para seguir as instruções.
Entenderam completamente que o poder era necessário, e que não poderia ser
alcançado, mas que deveria vir sobre eles. Nem todos são igualmente sábios.
Muitos virtualmente assumem que o poder do qual CRISTO falou pode ser
dispensado, e que, de fato, não é uma realidade, mas uma quimera. Outros, mais
devotados, acreditam no poder, mas não na impotência do homem de investir-se
dele por si mesmo. Estes tentam ganhar o poder por meio de seu próprio
trabalho, ou assumem para si e para outros uma situação de frenesi e
entusiasmo.
O
fracasso, mais cedo ou mais tarde, convence essas pessoas de seus erros,
mostrando que os resultados espirituais são produzidos por algo mais do que
eloqüência, intelecto, dinheiro e organização; mostra, também, que o verdadeiro
poder espiritual não pode ser produzido, como faíscas elétricas, por fricção ou
estímulo, mas deve, soberana e graciosamente, vir do alto.
A. B. BRUCE. O
Treinamento dos Doze. Editora CPAD. pag. 573-574.
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