terça-feira, 4 de maio de 2021

LIÇÃO 6 : Guarde o Seu Coração

 

                                  Guarde o Seu Coração

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

 Salmo 55.4

 4 - O meu coração está dorido dentro de mim, e terrores de morte sobre mim caíram.

 Salmo 73.21,26

 21 - Assim, o meu coração se azedou, e sinto picadas nos meus rins.

 26 - A minha carne e o meu coração desfalecem; mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre. Salmo 84.5

 5 - Bem-aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.

 Salmo 112.7,8

 7 - Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor:

 8 - O seu coração, bem firmado, não temerá, até que ele veja cumprido o seu desejo sobre os seus inimigos.

 Provérbios 3.1,3,5

 1 - Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos.

 3 - Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.

 5 - Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.

TEXTO ÁUREO

 Sobre tudo o que se deve guardar,

 guarda o teu coração,

 porque dele procedem

 as saídas da vida.

Provérbios 4.23

OBJETIVOS

 Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:

 • saber o que fazer para livrar-se dos sentimentos tóxicos que se abrigam no coração;

 • entender como vencer a ditadura do ego;

 • saber o que fazer para ver-se livre de pecados obstinados.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

 Há quatro coisas que o professor não pode eximir-se de ensinar aos alunos.

 A primeira é pensar, pois está lidando com seres racionais.

 A segunda é trabalhar, pois todos os talentos precisam ser utilizados.

 A terceira é aprender a aprender, pois é para isso que o aluno está ali.

 A quarta é aprender como aprender

 Professor, uma importante recomendação a ser feita aos alunos, sempre que possível, é a de que o estudo da lição não deve restringir-se ao ambiente de sala de aula. Todo bom aluno da Escola Bíblica deve ser um estudante assíduo e interessado, e vir para a aula com o conteúdo já estudado, apenas para tirar dúvidas, oferecer subsídios, colaborar com novas experiências ou trocar ideias sobre o assunto com os colegas.

Boa aula!

COMENTÁRIO

 Palavra introdutória

 Se guardamos, em cofres, objetos, dinheiro, joias e tesouros, na intenção de protegê-los das investidas de furtadores e ladrões, por que, muitas vezes, não nos preocupamos em guardar o espaço que aponta os caminhos da existência? O Sábio, em Provérbios 4.23, em outras palavras, exorta-nos a, acima de tudo, guardar o nosso coração, pois dele depende toda a nossa vida.

 Nesta lição, veremos do que devemos guardar o nosso coração, a fim de que a nossa vida em família não naufrague em mares turbulentos.

CONCLUSÃO

Proteja a sua mente e suas emoções submetendo-se à palavra de Deus:

“Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4:6-8)

Subjugue o seu ego (eu) e permita que ELE (Cristo) se manifeste através de você:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).

Somente a obediência à Palavra de Deus pode te proteger do pecado obstinado:

“Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11).

📍LPD CENTRAL GOSPEL - 2º TRIMESTRE/2017

FAMÍLIA CRISTÃ - PROTEÇÃO, PARCERIA E AMOR

COMENTARISTA: Pr. Estevam Fernandes

                 Aquilo a que você resiste, persiste (Cari Jung).


Lição 06 – Guarde o Seu Coração

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Salmo 112.7,8

 7 - Não temerá maus rumores; o seu coração está firme, confiando no Senhor.

 8 - O seu coração, bem firmado, não temerá, até que ele veja cumprido o seu desejo sobre os seus inimigos.

 Provérbios 3.1,3,5

 1 - Filho meu, não te esqueças da minha lei, e o teu coração guarde os meus mandamentos.

 3 - Não te desamparem a benignidade e a fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.

 5 - Confia no Senhor de todo o teu coração e não te estribes no teu próprio entendimento.

 TEXTO ÁUREO

 Pv 4:23 Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.

 OBJETIVOS

 Ø saber o que fazer para livrar-se dos sentimentos tóxicos que se abrigam no coração;

 Ø entender como vencer a ditadura do ego;

 Ø saber o que fazer para ver-se livre de pecados obstinados.

 INTRODUÇÃO

 O que é o coração na Bíblia Sagrada?

 O AT emprega leb ou lebab para coração. São termos sinônimos, sendo que o primeiro ocorre nas partes mais antigas e o segundo a partir de Isaias. O coração aparece nos dois sentidos: literal e metafórico. As referências ao órgão físico são poucas e em sua maioria não específicas (2 Sm 18:14).

 A maioria das vezes em que os termos aparecem, se refere ao sentido metafórico, ou seja, o coração como o centro da vida e das emoções.

 Ø Na Mesopotâmia: o fígado;

 Ø No mediterrâneo oriental: os rins;

 Ø No mediterrâneo ocidental: a cabeça;

 Ø No Egito: o coração;

 Os hebreus pensavam em termos de experiências subjetivas, e não com observações objetivas e científicas. Era essencialmente do homem inteiro, com todos os seus atributos físicos, intelectuais epsicológicos, de que se ocupava o pensamento hebreu, onde o coração era concebido como o centro governador de todos esses aspectos. É o coração que faz um homem ser aquilo que ele é (Dn 4:16; Lc 6:45) e governa todas as suas ações (Pv 4:23). Caráter, personalidade, vontade, mente, alma, são termos que refletem todos, algum aspecto daquilo que, no sentido bíblico, é chamado de “coração”.

 A Septuaginta usa o termo kardia (gr.), tanto no AT quanto no NT. Este termo grego equivale em significado os termos hebraicos.

 O centro do intelecto: o coração conhece (Pv 22:17); entende (Is 44:18; At 16:14); medita (Lc 2:19); duvida (Mc 11:23); crê (Rm 10:9).

 Ø O centro das emoções: alegria (Ex 4:14); tristeza (Ne 2:2); medo (Js 5:1); ansiedade (Pv 12:25); arrependimento (Sl 51:17).

  Ø O centro da volição: se endurece (Ex 4:21; Hb 3:15); se submete (Js 24:23); decide (Dn 1:8).

  O coração é o termo que mais se aproxima daquilo que chamamos de “pessoa” (Dt 7:17)

 O coração do homem afastado de Deus é inclinado ao pecado em decorrência da queda (Gn 6:5; Jr 17:9; Mc 7:21-23), por isso Deus nos deu um novo coração (Ez 36:26).

 O que significa guardar o coração?

 Guardar é o mesmo que preservar, proteger, defender, ou seja, guardar o coração é proteger a mente e a emoção para que os frutos produzidos sejam bons e as decisões tomadas sejam acertadas.

 1. GUARDE O SEU CORAÇÃO DOS SENTIMENTOS TÓXICOS

  Todas as emoções, as positivas e as negativas de alguma forma contribuem para o nosso amadurecimento e crescimento, portanto devem ser sentidas. O problema surge quando essas emoções tomam o controle da nossa vida, quando esses sentimentos não são bem administrados, tornando-se tóxicos, nocivos à nossa saúde física, psíquica e aos nossos relacionamentos.

 1.1. Tipos de sentimentos tóxicos

  Vejamos, a seguir, alguns sentimentos tóxicos que têm encontrado abrigo no seio de muitas famílias:

 1.1.1. O Ressentimento Para alguns especialistas ressentimento e mágoa são sinônimos, ainda que haja pequenas diferenças. Ressentir significa sentir novamente, vivenciar a mesma emoção, a mesma dor diversas vezes. O ressentimento é como uma prisão (Sl 142:7), pois o ressentido sente:

 Ø Que é uma vítima;

 Ø Que foi injustiçado;

 Ø Desejo de vingança;

  Por esse motivo ele acaba fomentando mais o ressentimento, pois olha sempre para quem o ofendeu e nunca olha para dentro de si mesmo (Mt 7:3-5). Vivemos em meio a uma geração falida emocionalmente, por isso muitas pessoas são suscetíveis a esses sentimentos, consequentemente às diversas doenças psicossomática.

  1.1.2. Mágoa

 A mágoa, filha legítima do ressentimento, pode ser ilustrada pela pessoa que bateu com a canela na quina da escada, logo o local ficou vermelho e depois roxo. Se essa pessoa não proteger o lugar do hematoma, não tomar a medicação necessária, ela pode bater a canela de novo e de novo, até que o simples hematoma se torne um problema mais grave. A mágoa é como uma ferida em nossa alma, que é cada vez mais aprofundada pelo ressentimento e geralmente vem acompanhada de outros problemas, causando na vida a dois:

 Ø Mau humor

 Ø Intolerância

 Ø Diminuição da autoestima

 Ø Afastamento entre os cônjuges

 1.1.3. A Revolta

 A revolta surge da mágoa, do rancor, é uma evolução do desejo de vingança. Pode ser silente, pois o rancoroso pode curtir a raiva por algum tempo, mas quando decide externa-la, nada poderá saciá-lo a não ser a vingança efetiva.

 Ø A Traição de um dos cônjuges;

 Ø Os pais que não aceitam o fato de ter perdido um filho tão jovem;

 Ø O filho que se sente rejeitado pelos pais; Contra quem você tem alimentado revolta? O que lhe tem provocado revolta? Peça ao Senhor para sondar o seu coração; para prová-lo; para conhecer as suas inquietações e para dirigi-lo ao caminho eterno (Sl 139.23,24).

 1.2. Como se livrar dos sentimentos tóxicos que se abrigam no coração?

 Ø Diálogo (Sl 128:3-4);

 Ø Perdão (Ef 4:32; Mt 18:21-22; 23-35);

 2. GUARDE O SEU CORAÇÃO DO EGOCENTRISMO

 De modo geral, pode-se dizer que o egocentrismo é uma característica das pessoas que acreditam ser o centro do universo; essas priorizam a si mesmas na mesma medida em que desconsideram os desejos, pensamentos e necessidades alheios.

 2.1. Narcisismo, egoísmo e ingratidão.

 Ø O narcisismo (o mito do narciso) é uma distorção da autoimagem e pode se tornar patológico e prejudicar as relações do indivíduo. O narcisista tende a ser exibicionista e tende a não ouvir o que o outro diz. Geralmente só espera a sua vez de falar.

 Ø Egoísmo – é uma patologia advinda da imaturidade emocional. O egoísta quer receber mais do que é capaz de dar. Mesmo que consiga praticar ações positivas em relação ao outro, essas ações quase sempre têm por objetivo atingir um benefício pessoal. Ele não consegue dizer “nós”, mas sempre “eu quero”, “eu posso”, “eu faço”, “eu decido”, “e eu?”.

 Ø Ingratidão – pessoas autocentradas, ou que acreditam que Deus e o mundo lhes devem tudo, têm sérias dificuldades em reconhecer os favores recebidos; e, por esse motivo, não desenvolvem a virtude de reconhecer a importância do outro em sua vida.

 2.2. Como livrar-se do egocentrismo que domina o coração? Narcisistas, egoístas e ingratos são os que se deixam dominar pelo ego (eu). O problema do egocêntrico é a sua cegueira para com as necessidades dos outros, do seu cônjuge e da sua família (1 Tm 5:8). O seu coração estará nas duas prioridades (Lc 12:34). Podemos nos livrar do egocentrismo olhando para:

 Ø O ensino deJesus (Mt 22.37-40);

 Ø O exemplo de Jesus (1 Jo 3.16; Jo 13.34-35);

 Ø O impacto de Jesus na vida de João (1 Jo 4.19-21);

 3. GUARDE O SEU CORAÇÃO DO PECADO OBSTINADO

 É péssimo, para a alma e para o corpo, nutrir sentimentos tóxicos, tanto quanto o é viver sob a ditadura do eu. Porém, nada se compara aos pecados obstinados e persistentes que se alojam e criam raízes no coração, pois estes nos afastam da presença de Deus (Is 59.2), o Santo (Is 6.3). “Na verdade, obstinado não é o pecado, mas é o cristão que decide pecar mesmo tendo a consciência de que está entristecendo a Deus” (Lc 11:26). “O obstinado é alguém que não se deixa dissuadir, é irredutível, teimoso e insistente” (1 Sm 15:23).

 Ø Davi – O adultério cometido por Davi com Bate-Seba (2 Sm 11) trouxe graves consequências para sua vida pessoal, para sua família e para o seu reino: o fruto daquela união extraconjugal nasceu e, logo, morreu (2 Sm 12.15-25); seu filho, Amnom, foi morto por seu outro filho, Absalão (2 Sm 13.23- 36), que, algum tempo depois, foi morto por Joabe, seu sobrinho (2 Sm 18.9-18).

 Ø Além da consciência supracitadas, Davi sofreu durante o período em que escondeu o seu pecado (Sl 32:3-4).

 Ø Davi reconheceu o seu pecado somente quando foi confrontado pelo profeta Natã (2 Sm 12:13). Houve arrependimento e Deus o perdoou (Sl 32:5; Sl 51).

 Ø O arrependimento verdadeiro, o abandono do pecado e a fé formam a receita para recomeçar (Pv28:13).

  CONCLUSÃO

 Proteja a sua mente e suas emoções submetendo-se à palavra de Deus:

 “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai.” (Fp 4:6-8).

 Subjugue o seu ego (eu) e permita que ELE (Cristo) se manifeste através de você:

  “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).

 Somente a obediência à Palavra de Deus pode te proteger do pecado obstinado: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11).

 Deus vos abençoe

                         Autor: Dc. Silvio Antunes

                                               

           Título: O coração à luz da Bíblia

 Autor: Donald C. Stamps

Pv 4.23 “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.”

 I. DEFINIÇÃO DE CORAÇÃO.

 O povo da atualidade geralmente considera que o cérebro é o centro diretor da atividade humana.

  A Bíblia, no entanto, refere-se ao coração como esse centro; “dele procedem as saídas da vida” (Pv 4.23; Lc 6.45). Biblicamente, o coração pode ser considerado como algo que abarca a totalidade do nosso intelecto, emoção e volição (ver Mc 7.20-23).

 1. O coração é o centro do intelecto.

  As pessoas sabem as coisas em seus corações (Dt 8.5),

 Oram no coração (1Sm 1.12,13),

 Meditam no coração (Sl 19.14),

 Escondem a Palavra de Deus no coração (Sl 119.11),

 Maquinam males no coração (Sl 140.2),

 Guardam as palavras da sabedoria no coração (4.21),

 Pensam no coração (Mc 2.8),

 Duvidam no coração (Mc 11.23),

 Conferem as coisas no coração (Lc 2.19),

 Creem no coração (Rm 10.9) e

 Cantam no coração (Ef 5.19). Todas essas ações do coração são primordialmente fatos a envolver a mente.

 2. O coração é o centro das emoções.

 A Bíblia fala a respeito do coração alegre (Êx 4.14),

 do coração amoroso (Dt 6.5),

 do coração medroso (Js 5.1),

 do coração corajoso (Sl 27.14),

 do coração arrependido (Sl 51.17), do coração ansioso (12.25),

 do coração irado (19.3),

 do coração avivado (Is 57.15),

 do coração angustiado (Jr 4.19; Rm 9.2),

 do coração gozoso (Jr 15.16),

 do coração pesaroso (Lm 2.18),

 do coração humilde (Mt 11.29),

 do coração ardente pela Palavra do Senhor (Lc 24.32) e do coração perturbado (Jo 14.1).

 Todas essas atitudes do coração são, antes de tudo, de natureza emocional.

 3. O coração é o centro da vontade humana.

 Lemos nas Escrituras a respeito do coração endurecido que se recusa a fazer o que Deus ordena (Êx 4.21),

 do coração submisso a Deus (Js 24.23),

 do coração que decide fazer algo para Deus (2Cr 6.7),

 do coração que se dedica a buscar o Senhor (1Cr 22.19),

 do coração que deseja receber as bênçãos do Senhor (Sl 21.1-3), do coração inclinado aos estatutos de Deus (Sl 119.36) e do coração que deseja fazer algo pelos outros (Rm 10.1).

 Todas essas atividades ocorrem na vontade humana.

  II. A NATUREZA DO CORAÇÃO DISTANTE DE DEUS.

  Quando Adão e Eva deram ouvidos à tentação da serpente para que comessem da árvore do conhecimento do bem e do mal, sua decisão afetou horrivelmente o coração humano, o qual ficou repleto de maldade. Desde então, segundo o testemunho de Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jr 17.9).

  Jesus confirmou a descrição de Jeremias, quando disse que o que contamina uma pessoa diante de Deus não é o descumprimento de uma lei cerimonial, mas, sim, a obediência às inclinações malignas alojadas no coração tais como “os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” (Mc 7.21,22).

  Jesus expôs a gravidade do pecado no coração ao declarar que o pecado da ira é igual ao assassinato (Mt 5.21,22), e que o pecado da concupiscência é tão grave como o próprio adultério (Mt 5.27,28; ver Êx 20.14; Mt 5.28).

  Um coração entregue à prática da iniquidade corre o grave risco de tornar[1]se endurecido. Quem se recusa continuamente a ouvir a palavra de Deus e a obedecer ao que Deus ordena e, em vez disso, segue os desejos pecaminosos do seu coração, verá que, depois, Deus endurecerá seu coração de tal modo que se tornará insensível para com a Palavra de Deus e os apelos do Espírito Santo (ver Êx 7.3; Hb 3.8).

  O principal exemplo bíblico desse fato é o coração de Faraó, na ocasião do êxodo (ver Êx 7.3, 13, 22-23; 8.15, 32; 9.12; 10.1; 11.10; 14.17). Paulo viu o mesmo princípio geral em ação na sociedade ímpia da presente era (cf. Rm 1.24,26,28) e predisse que também ocorreria o mesmo fato nos dias do anticristo (2Ts 2.11,12). O livro aos Hebreus contém muitas advertências ao crente, não para que não endureça o seu coração (e.g., Hb 3.8-12).

  Todo aquele que persistir na rejeição da Palavra de Deus, terá por fim um coração endurecido.

 III. O CORAÇÃO REGENERADO.

  A solução de Deus para o coração pecaminoso é a regeneração, que tem lugar em todo aquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para Deus, e pela fé aceita a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal.

 1. A regeneração está ligada ao coração. Aquele que, de todo o coração, se arrepende e confessa que Jesus é Senhor (Rm 10.9), nasce de novo e recebe da parte de Deus um coração novo (cf. Sl 51.10; Ez 11.19).

 2. No coração daquele que experimenta o nascimento espiritual, Deus cria o desejo de amá-lo e de obedecê-lo. Repetidas vezes, Deus realça diante do seu povo a necessidade do amor que provém do coração (ver Dt 4.29; 6.6). Tal amor e dedicação a Deus não podem estar separados da obediência à sua lei (Sl 119.34,69,112).

 Jesus ensinou que o amor a Deus, de todo o coração, juntamente com o amor ao próximo, resume toda a lei de Deus (Mt 22.37-40).

 3. O amor de todo o coração é o elemento essencial a uma vida de obediência.

  Repetidas vezes, o povo de Deus, no passado, procurou substituir o verdadeiro amor do coração pela observação de formalidades religiosas exteriores (tais como festas, ofertas e sacrifícios; ver Is 1.10-17; Nm 5.21-26; Dt 10.12).

  A observância exterior sem o desejo interior de servir a Deus é hipocrisia, e foi severamente condenada por nosso Senhor (ver Mt 23.13-28; ver Lc 21.1-4).

  4. Muitos outros fatos espirituais têm lugar no coração da pessoa regenerada.

 Ela louva a Deus de todo o coração (Sl 9.1),

 Medita no coração (Sl 19.14),

 Clama a Deus do coração (Sl 84.2),

 Busca a Deus de todo o coração (Sl 119.2, 10),

 Oculta a Palavra de Deus no seu coração (Sl 119.11; ver Dt 6.6 nota),

 confia no Senhor de todo o coração (Pv 3.5),

 Experimenta o amor de Deus derramado em seu coração (Rm 5.5) e

 canta a Deus no seu coração (Ef 5.19; Cl 3.16). Referências: Bíblia de Estudo Pentecostal Adaptado dos Escritos de: DONALD C. STAMPS Editora: CPAD

 


      O Amor Fora de Foco (egoísmo, narcisismo)

 Pastor Hernandes

 Paulo estava preso em Roma pela segunda vez, quando escreveu sua última carta. O presídio onde estava era a masmorra Mamertina, um lugar úmido, insalubre e sombrio. O veterano apóstolo enfrentava a acusação de ser um malfeitor (2Tm 2.9). Por essa razão, os crentes da Ásia o abandonaram (2Tm 1.15), Timóteo ficou com vergonha de suas cadeias (2Tm 1.8). Quando marcaram sua primeira defesa, ninguém foi a seu favor (2Tm 4.16). O resultado é que Paulo foi condenado à pena de morte (2Tm 4.6). Por ser cidadão romano não foi crucificado como Pedro (Jo 21.18,19; 2Pe 1.14,15), mas foi degolado.

  Nessa emocionante epístola, Paulo faz um diagnóstico dos últimos dias, e diz que seriam tempos difíceis, ou seja, furiosos. Numa longa lista de pecados, vícios e mazelas, da sociedade, o apóstolo menciona três tipos de amor que estavam fora do foco, resultando no adoecimento das relações do homem com Deus, com o próprio e consigo mesmo.

  Vejamos:

  Em primeiro lugar, os homens serão amantes de si mesmos (2Tm 3.2). A palavra grega philautoi, traduzida por “egoístas” significa literalmente “amantes de si mesmos”. O homem em vez de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ama a si mesmo, esquece-se de Deus e despreza o próximo. Em vez de adorar a Deus e servir ao próximo, o homem vira as costas para Deus e explora o próximo. Porque seu amor está fora de foco, o homem age como se fosse o centro do universo. Sua vontade precisa prevalecer. Seus interesses precisam vir em primeiro lugar. Olha o próximo como alguém a ser explorado. Não hesita em fazer do outro um alvo de sua ganância. Busca, de todas as formas, se locupletar. Sua filosofia é: “o que é meu é meu; e o que é seu, precisa ser meu também”. O homem egoísta pensa em si e não no outro. Seu amor é ego centralizado e não outro centralizado. Esse egoísmo exacerbado é a origem de todas as mazelas da família e da sociedade.

  Em segundo lugar, os homens serão amantes do dinheiro (2Tm 3.2). A palavra grega philarguroi, traduzida por “avarentos” significa literalmente “amantes da prata”. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Quem ama o dinheiro, dele nunca se satisfaz. Quem ama o dinheiro cai em tentação e cilada e atormenta sua alma com muitos flagelos. Quem ama o dinheiro é capaz de cometer os mais bárbaros crimes para se locupletar. A violência das ruas, os sequestros e assaltos, a corrupção nas empresas, o desvio de verbas públicas, nos corredores do poder político estão diretamente ligados ao amor ao dinheiro. Nessa sociedade, cujos valores estão invertidos, ama-se o dinheiro e explora-se as pessoas. É digno de nota que o dinheiro é um bom servo, mas um péssimo patrão. O dinheiro é para ser usado e não para nos usar. O dinheiro a serviço do bem é uma bênção, mas quando é adquirido ilicitamente, é usado para a prática do mal. Que Deus nos livre da avareza, desse amor perigoso, o amor à prata.

  Em terceiro lugar, os homens serão amantes dos prazeres (2Tm 3.4). A palavra grega philedonoi, traduzida por “amigo dos prazeres” significa literalmente que os homens são mais amigos dos prazeres do que de Deus. Os homens amam mais o prazer carnal do que a Deus. São hedonistas. Vivem para satisfazer seus desejos mundanos. São escravos de seus apetites. Querem beber todas as taças dos prazeres desta vida. Vivem embriagados com suas paixões. Sorvem cada gota dos deleites efêmeros que o mundo lhes oferece. Não se importam com as coisas de Deus. Não buscam a Deus. Não amam a Deus. Seu amor está distorcido e invertido.

  Dentre as outras razões elencadas pelo apóstolo Paulo, essas três retro mencionadas são um diagnóstico preciso da decadência do homem que ama mais a si do que o próximo, mais o dinheiro do que as pessoas e mais o prazer do que a Deus.

  Artigo em formato digital: hernandesdiaslopes

 

 

        O Vírus que Adoece as Emoções

 “Sonda-me ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos: vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139.23, 24)

  O que temos visto quando olhamos para dentro de nós? Podemos identificar alguns desses vírus que adoecem as emoções? Podemos fazer, com coragem, essa oração que o salmista fez? Quando alguém fratura um membro, o procedimento é tirar um raio x para visualizar com clareza onde está a fratura, o aspecto da ferida ou o tamanho do trauma; assim é na vida emocional.

  Quando submetemos nossas vidas interiores à luz do conhecimento de Deus identificamos onde estão os traumas a serem tratados.

  A cura e a restauração da alma são uma atitude de enfrentar, conscientemente, com maturidade os traumas não superados, as memórias doídas e emoções feridas. Curar é enfrentar, é o ato de trazer à frente. É necessária uma revelação bem definida de como está a estrutura da nossa personalidade, identificando rejeições, traumas e feridas que vieram como resultado de modelos de autoridade que falharam, mas principalmente nossas escolhas erradas frente a essas falhas. Muitas vezes nossas emoções adoecem não só pelas influências, mas também pelas escolhas erradas que fazemos.

  O estado do coração compromete nossas atitudes e também a qualidade de vida. Precisamos entender o que está impedindo o desenvolvimento da nossa saúde emocional. Muitas são as situações que podem adoecer as emoções, como podemos ver:

 Área de Trevas:

 “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios 28.13)

  Situações não resolvidas, pecados não confessados, medos e traumas sufocados, abusos, consistem em áreas de trevas comprometendo nossa saúde emocional e aprisionando-nos em um estilo de vida de sofrimento. Podemos perceber que essas áreas de trevas geram algumas doenças emocionais que migram para nosso físico. Stress, depressão, síndrome do pânico, desordem de humor têm grandes possibilidades de terem raízes nessas áreas de trevas, podendo gerar as doenças psicossomáticas, onde o indivíduo faz todos os exames e não encontram nenhuma alteração no organismo, mas os sintomas insistem em permanecer.

  Para lidar com esse vírus que adoece as emoções é necessário estar disposto a construir um estilo de vida de transparência, livre de situações ocultas e guardadas. Quanto mais transparente a pessoa for, mais livre ela estará desse vírus.

 Passividade:

  “Desde os dias de João Batista até agora o Reino de Deus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele” (Mateus 11.12)

 A passividade é uma inimiga, tanto da saúde emocional como da saúde espiritual. Se não conseguirmos que a pessoa saia da passividade, vamos falhar em ajudá-la. O maior perigo da passividade é que, quando instalada, vai minando a força moral e tornando a pessoa suscetível a imoralidades. A incapacidade de reagir frente a situações de pecados e tentações revela a intensidade da passividade.

  Muitas famílias são marcadas quando a passividade se instala, quando a figura de um dos modelos de autoridade se anula gerando uma disfunção. A figura do homem é muito atingida pela passividade, que acaba levando esse pai, esse marido, à margem de suas funções. Para poder lidar com esse vírus, um estilo de vida marcado pela iniciativa faz toda a diferença.

  Orgulho:

  “Mas ele nos concede graça maior. Por isso diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (Tiago 4.6)

  As pessoas não querem se apresentar como “fracas”, reconhecendo que um problema existe, então constroem barreiras de autoproteção e não estão dispostas a se despir emocionalmente para serem curadas, como foi com o general de guerra Naamã relatado no livro de 2 Reis 5.1-19.

  Apesar de todo seu status e posição, a bíblia declara que ele era leproso e precisava desesperadamente ser curado. Sua cura não foi somente física, mas também na alma. Ele se despiu de toda sua armadura, suas estrelas e, principalmente, de seu orgulho. Expôs suas feridas e, seguindo o conselho do profeta, foi mergulhar sete vezes no rio Jordão. Ao sair de lá estava curado no físico. Será que temos a mesma disposição para sermos curados?

  O orgulho tem sido uma forte marca nesta geração. Quantas pessoas estão em dificuldades e sofrimentos? Até sabemos como ajudá-las, mas não podemos, devido ao orgulho que acaba impedindo com que a pessoa reconheça que precisa de ajuda.

  Religiosidade:

  “(…) Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12.1)

  A religiosidade é como uma maquiagem que encobre áreas de derrota e fracasso, esconde a ferida e também impede que o remédio seja administrado.

  A religiosidade nos faz cegos para nossos erros, tornando nossa consciência insensível ao arrependimento. Temos um número grande de pessoas que, apesar de estarem dentro das igrejas, ainda estão cegas com relação aos próprios erros e àquilo que precisam mudar. Muitas vezes ministram outras vidas com um ar de superioridade. Por baixo dessa religiosidade existem feridas que precisam ser curadas e expostas. A religiosidade está ligada a uma vida de aparências, sem essência. Regemos nossa rotina baseados em rituais, vivendo em função do que os outros vão pensar ou falar.

  Muito da fala e do discurso de Jesus estava voltado em combater esse tipo de atitude superficial. Ele confrontou a elite religiosa da época, que estava vivendo uma espiritualidade baseada em religiosidade e hipocrisia. Para lidar com esse vírus que adoece as emoções é preciso construir um entendimento de que espiritualidade é baseada em essência e não em aparência. O evangelho é uma mensagem que age em nosso coração.

  Falta de Perdão

  “E quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem[1]no, para que também o Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Marcos 11.25)

  A falta de perdão tem se tornado uma grande armadilha, aprisionando muitas pessoas em um quadro emocional de amargura e frustração. Sempre ouvimos com facilidade que precisamos perdoar, mas na prática não é tão fácil assim. O perdão não é um sentimento, nunca vamos sentir de perdoar ninguém, o perdão é uma decisão e, por outro lado, um processo. A falta de perdão nos faz ligados ao ofensor. Então nos cabe decidir de que maneira queremos estar vinculados às pessoas que nos machucaram.

  O ressentimento e o rancor nos tornam como que amarrados às pessoas que nos ofenderam, carregando esse peso até o ponto de todas as nossas forças se acabarem. Perdão não significa fingir que nada aconteceu, mas sim uma decisão de renunciar a dor do orgulho ferido e entregar essa causa. Perdão não significa que eu tenho de transformar a pessoa perdoada no meu melhor amigo para provar o perdão.

  A melhor maneira de lidar com esse vírus que tem adoecido, e muito, a vida de pessoas, é enfrentar a dor e resolver o perdão. Não vale a pena carregar a mágoa e a amargura, esses sentimentos são tóxicos e criam raízes profundas na nossa vida. Texto extraído do livro: “Saúde Emocional

 – O Cuidado que Gera Crescimento”

 


             Compreendendo o Perdão

 Luciano

“Se, pois, ao trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar[1]te com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta”. (Mateus 5.23,24)

  A reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas também para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da cruz, também temos duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem com Deus) e a horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de Deus deve ser praticado para com nossos semelhantes.

  QUEM NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO

  O perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de alguém. A reconciliação horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai permanecer em nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao fato de que se não perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos perdoará. Foi Jesus Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:

  “Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.14,15)

  Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente, sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso para com quem nos ofende. Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo, se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida, e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência da horizontal. Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas (faladas num contexto que envolvia o perdão):

  “Por isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os seus servos. E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga. Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo: paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe implorava: Sê paciente comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes, indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse: Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida. Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não perdoardes cada um a seu irmão”. (Mateus 18.23-35)

  O significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável, enquanto que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a dívida de cada um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o equivalente a cerca de 200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários que o outro servo devia era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável, estávamos destinados à prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus pecados e recusa-se a perdoar um irmão – seu conservo no evangelho – terá seu perdão revogado.

  Isto é muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta. E a premissa bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar a qualquer um que nos ofenda.

  A FALTA DE PERDÃO É UMA PRISÃO

  Quem não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18.34: “E, indignando[1]se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida”. A palavra verdugo significa “torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa. Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física, etc.

  Muita gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo que o ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um pouco de veneno, esperando que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão produz dano maior em quem está ferido do que naquele que feriu. Por isso sempre digo a quem precisa perdoar: – “Já não basta o primeiro sofrimento, porque acrescentar um outro maior (a mágoa)”?

  Alguns acham que o perdão é um benefício para o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi dado ao ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual, emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada. Em outra porção das Escrituras (onde o contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o Senhor Jesus nos advertindo do mesmo perigo:

  “Entra em acordo sem demora com teu adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”. (Mateus 5.25,26)

  Não sei exatamente como é esta prisão, mas sei que Cristo não estava brincando quando falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais alguém. Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que esteve presa por tantos anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre. Isto também pode acontecer com você, basta decidir perdoar.

  SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO

  Como deve ser o perdão? A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê[1]lo para poder ser perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:

  “Antes, sede uns para com os outros benignos, compassivos, perdoando[1]vos uns aos outros, como também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.32)

  O texto bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o exemplo da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta perguntar: – “Fizemos por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também não precisa fazer por merecer”.

  O perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com merecimento. O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um coração compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e não por haver ou não benignidade no ofensor.

  Jesus disse que se eu souber que alguém tem algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação. Mesmo se tal pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a iniciativa, tenho que tentar. Deus ofereceu perdão gratuito a todos, independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!

  NÃO HÁ LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR

  Certa ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que existe para perdoar alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe deu: “Então Pedro, aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mateus 18.21,22)

  O Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra mim por quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para perdoar.

  Fico pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus. Quantas vezes Deus já nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos perdoar como também Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há limite de vezes para perdoar!

  O DIABO É QUEM LEVA VANTAGEM

  Já falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão. E que demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um outro texto bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá vantagem ao diabo.

  “A quem perdoais alguma cousa, também eu perdôo; porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado, por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não alcance vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. (2 Coríntios 2.10,11)

  O apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava dizendo que justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia deixar de perdoar.

  Precisamos entender que Deus não será engrandecido na falta de perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar. Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a ferida do ressentimento.

  A Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo (Ef 4.27). Que ele anda em nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (1 Pe 5.8), e que devemos resisti-lo (Tg 4.7). Mas quando nos recusamos a perdoar, estamos deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.

   CONSELHOS PRÁTICOS

  Para aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos práticos que serão de grande valia.

  Primeiro, o perdão não é um sentimento, é uma decisão e também uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão racional. Portanto, o perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de perdoar.

  As conseqüências da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do que à emoção. É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava seus discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:

  “Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se por sete vezes no dia pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido, perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. (Lucas 17.3-5)

  Naquele instante os discípulos reconheceram que para praticar este nível de perdão iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado, pois nos versículos seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais se exercita (planta) mais ela cresce (se colhe).

  É necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão. Muitas vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar alguém perdoado, o diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida. Em Provérbios 17.9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a questão ou renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!

 É importante ver os ofensores como vítimas. Isto é algo especial que vejo em Jesus na cruz:

  “Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)

  Em vez de olhar para eles como quem merece punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós faríamos), Jesus teve compaixão deles. Acredito que este é um princípio para o perdão fluir livremente. Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo, também o fez:

  “Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz: Senhor, não lhes imputes este pecado”. (Atos 7.60)

  Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor (ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.

 Artigo em formato digital: COMPREENDENDO O PERDÃO - Luciano Subirá - ORVALHO.COM - LUCIANO SUBIRÁ



 Se guardamos objetos, dinheiro, joias e tesouros em cofres, na intenção de protegê-los das investidas de furtadores e ladrões, por que, muitas vezes, não nos preocupamos em guardar o espaço que aponta os caminhos da existência? O Sábio, em Provérbios 4.23, exorta-nos a, acima de tudo, guardar o nosso coração, pois dele depende toda a nossa vida.

Nesta lição, veremos do que devemos guardar o nosso coração, a fim de que a nossa vida em família não naufrague em mares turbulentos, a saber:

(1) de sentimentos tóxicos;

(2) do egocentrismo;

(3) do pecado obstinado.

Boa aula!

            

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