Guarde
o Seu Coração
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Salmo 55.4
4 - O meu coração está dorido dentro de mim, e
terrores de morte sobre mim caíram.
Salmo 73.21,26
21 - Assim, o meu coração se azedou, e sinto
picadas nos meus rins.
26 - A minha carne e o meu coração desfalecem;
mas Deus é a fortaleza do meu coração e a minha porção para sempre. Salmo 84.5
5 - Bem-aventurado o homem cuja força está em
ti, em cujo coração estão os caminhos aplanados.
Salmo 112.7,8
7 - Não temerá maus rumores; o seu coração
está firme, confiando no Senhor:
8 - O seu coração, bem firmado, não temerá,
até que ele veja cumprido o seu desejo sobre os seus inimigos.
Provérbios 3.1,3,5
1 - Filho meu, não te esqueças da minha lei, e
o teu coração guarde os meus mandamentos.
3 - Não te desamparem a benignidade e a fidelidade;
ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.
5 - Confia no Senhor de todo o teu coração e
não te estribes no teu próprio entendimento.
TEXTO ÁUREO
Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração,
porque dele procedem
as saídas da vida.
Provérbios 4.23
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá
ser capaz de:
• saber o que fazer para livrar-se dos
sentimentos tóxicos que se abrigam no coração;
• entender como vencer a ditadura do ego;
• saber o que fazer para ver-se livre de
pecados obstinados.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Há quatro coisas que o professor não pode
eximir-se de ensinar aos alunos.
A primeira é pensar, pois está lidando com
seres racionais.
A segunda é trabalhar, pois todos os talentos
precisam ser utilizados.
A terceira é aprender a aprender, pois é para
isso que o aluno está ali.
A quarta é aprender como aprender
Professor, uma importante recomendação a ser
feita aos alunos, sempre que possível, é a de que o estudo da lição não deve
restringir-se ao ambiente de sala de aula. Todo bom aluno da Escola Bíblica
deve ser um estudante assíduo e interessado, e vir para a aula com o conteúdo
já estudado, apenas para tirar dúvidas, oferecer subsídios, colaborar com novas
experiências ou trocar ideias sobre o assunto com os colegas.
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
Se guardamos, em
cofres, objetos, dinheiro, joias e tesouros, na intenção de protegê-los das
investidas de furtadores e ladrões, por que, muitas vezes, não nos preocupamos
em guardar o espaço que aponta os caminhos da existência? O Sábio, em
Provérbios 4.23, em outras palavras, exorta-nos a, acima de tudo, guardar o
nosso coração, pois dele depende toda a nossa vida.
Nesta lição, veremos do que devemos guardar o nosso coração, a fim de que a nossa vida em família não naufrague em mares turbulentos.
CONCLUSÃO
Proteja
a sua mente e suas emoções submetendo-se à palavra de Deus:
“Não
estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos
sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor,
nisso pensai.” (Fp 4:6-8)
Subjugue
o seu ego (eu) e permita que ELE (Cristo) se manifeste através de você:
“Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e
se entregou a si mesmo por mim” (Gl 2:20).
Somente
a obediência à Palavra de Deus pode te proteger do pecado obstinado:
“Escondi
a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti” (Sl 119:11).
📍LPD CENTRAL
GOSPEL - 2º TRIMESTRE/2017
FAMÍLIA
CRISTÃ - PROTEÇÃO, PARCERIA E AMOR
COMENTARISTA: Pr. Estevam Fernandes
Aquilo a que você resiste, persiste (Cari Jung).
Lição
06 – Guarde o Seu Coração
TEXTO
BÍBLICO BÁSICO
Salmo 112.7,8
7 - Não temerá maus rumores; o seu coração
está firme, confiando no Senhor.
8 - O seu coração, bem firmado, não temerá,
até que ele veja cumprido o seu desejo sobre os seus inimigos.
Provérbios 3.1,3,5
1 - Filho meu, não te esqueças da minha lei, e
o teu coração guarde os meus mandamentos.
3 - Não te desamparem a benignidade e a
fidelidade; ata-as ao teu pescoço; escreve-as na tábua do teu coração.
5 - Confia no Senhor de todo o teu coração e
não te estribes no teu próprio entendimento.
TEXTO ÁUREO
Pv 4:23 Sobre tudo o que se deve guardar,
guarda o teu coração, porque dele procedem as saídas da vida.
OBJETIVOS
Ø saber o que fazer para livrar-se dos
sentimentos tóxicos que se abrigam no coração;
Ø entender como vencer a ditadura do ego;
Ø saber o que fazer para ver-se livre de
pecados obstinados.
INTRODUÇÃO
O que é o coração na Bíblia Sagrada?
O AT emprega leb ou lebab para coração. São
termos sinônimos, sendo que o primeiro ocorre nas partes mais antigas e o
segundo a partir de Isaias. O coração aparece nos dois sentidos: literal e
metafórico. As referências ao órgão físico são poucas e em sua maioria não
específicas (2 Sm 18:14).
A maioria das vezes em que os termos aparecem,
se refere ao sentido metafórico, ou seja, o coração como o centro da vida e das
emoções.
Ø Na Mesopotâmia: o fígado;
Ø No mediterrâneo oriental: os rins;
Ø No mediterrâneo ocidental: a cabeça;
Ø No Egito: o coração;
Os hebreus pensavam em termos de experiências
subjetivas, e não com observações objetivas e científicas. Era essencialmente
do homem inteiro, com todos os seus atributos físicos, intelectuais
epsicológicos, de que se ocupava o pensamento hebreu, onde o coração era
concebido como o centro governador de todos esses aspectos. É o coração que faz
um homem ser aquilo que ele é (Dn 4:16; Lc 6:45) e governa todas as suas ações
(Pv 4:23). Caráter, personalidade, vontade, mente, alma, são termos que
refletem todos, algum aspecto daquilo que, no sentido bíblico, é chamado de
“coração”.
A Septuaginta usa o termo kardia (gr.), tanto
no AT quanto no NT. Este termo grego equivale em significado os termos
hebraicos.
O centro do intelecto: o coração conhece (Pv
22:17); entende (Is 44:18; At 16:14); medita (Lc 2:19); duvida (Mc 11:23); crê
(Rm 10:9).
Ø O centro das emoções: alegria (Ex 4:14);
tristeza (Ne 2:2); medo (Js 5:1); ansiedade (Pv 12:25); arrependimento (Sl
51:17).
Ø O
centro da volição: se endurece (Ex 4:21; Hb 3:15); se submete (Js 24:23);
decide (Dn 1:8).
O
coração é o termo que mais se aproxima daquilo que chamamos de “pessoa” (Dt
7:17)
O coração do homem afastado de Deus é
inclinado ao pecado em decorrência da queda (Gn 6:5; Jr 17:9; Mc 7:21-23), por
isso Deus nos deu um novo coração (Ez 36:26).
O que significa guardar o coração?
Guardar é o mesmo que preservar, proteger,
defender, ou seja, guardar o coração é proteger a mente e a emoção para que os
frutos produzidos sejam bons e as decisões tomadas sejam acertadas.
1. GUARDE O SEU CORAÇÃO DOS SENTIMENTOS
TÓXICOS
Todas
as emoções, as positivas e as negativas de alguma forma contribuem para o nosso
amadurecimento e crescimento, portanto devem ser sentidas. O problema surge
quando essas emoções tomam o controle da nossa vida, quando esses sentimentos
não são bem administrados, tornando-se tóxicos, nocivos à nossa saúde física,
psíquica e aos nossos relacionamentos.
1.1. Tipos de sentimentos tóxicos
Vejamos, a seguir, alguns sentimentos tóxicos
que têm encontrado abrigo no seio de muitas famílias:
1.1.1. O Ressentimento Para alguns
especialistas
ressentimento e mágoa são sinônimos, ainda que haja pequenas diferenças.
Ressentir significa sentir novamente, vivenciar a mesma emoção, a mesma dor
diversas vezes. O ressentimento é como uma prisão (Sl 142:7), pois o ressentido
sente:
Ø Que é uma vítima;
Ø Que foi injustiçado;
Ø Desejo de vingança;
Por
esse motivo ele acaba fomentando mais o ressentimento, pois olha sempre para
quem o ofendeu e nunca olha para dentro de si mesmo (Mt 7:3-5). Vivemos em meio
a uma geração falida emocionalmente, por isso muitas pessoas são suscetíveis a
esses sentimentos, consequentemente às diversas doenças psicossomática.
1.1.2. Mágoa
A mágoa, filha legítima do ressentimento, pode
ser ilustrada pela pessoa que bateu com a canela na quina da escada, logo o
local ficou vermelho e depois roxo. Se essa pessoa não proteger o lugar do
hematoma, não tomar a medicação necessária, ela pode bater a canela de novo e
de novo, até que o simples hematoma se torne um problema mais grave. A mágoa é
como uma ferida em nossa alma, que é cada vez mais aprofundada pelo
ressentimento e geralmente vem acompanhada de outros problemas, causando na
vida a dois:
Ø Mau humor
Ø Intolerância
Ø Diminuição da autoestima
Ø Afastamento entre os cônjuges
1.1.3. A Revolta
A revolta surge da mágoa, do rancor, é uma
evolução do desejo de vingança. Pode ser silente, pois o rancoroso pode curtir
a raiva por algum tempo, mas quando decide externa-la, nada poderá saciá-lo a
não ser a vingança efetiva.
Ø A Traição de um dos cônjuges;
Ø Os pais que não aceitam o fato de ter
perdido um filho tão jovem;
Ø O filho que se sente rejeitado pelos pais;
Contra quem você tem alimentado revolta? O que lhe tem provocado revolta? Peça
ao Senhor para sondar o seu coração; para prová-lo; para conhecer as suas
inquietações e para dirigi-lo ao caminho eterno (Sl 139.23,24).
1.2. Como se livrar dos sentimentos tóxicos
que se abrigam no coração?
Ø Diálogo (Sl 128:3-4);
Ø Perdão (Ef 4:32; Mt 18:21-22; 23-35);
2. GUARDE O SEU CORAÇÃO DO EGOCENTRISMO
De modo geral, pode-se dizer que o
egocentrismo é uma característica das pessoas que acreditam ser o centro do
universo; essas priorizam a si mesmas na mesma medida em que desconsideram os
desejos, pensamentos e necessidades alheios.
2.1. Narcisismo, egoísmo e ingratidão.
Ø O narcisismo (o mito do narciso) é
uma distorção da autoimagem e pode se tornar patológico e prejudicar as
relações do indivíduo. O narcisista tende a ser exibicionista e tende a não
ouvir o que o outro diz. Geralmente só espera a sua vez de falar.
Ø Egoísmo – é uma patologia advinda
da imaturidade emocional. O egoísta quer receber mais do que é capaz de dar.
Mesmo que consiga praticar ações positivas em relação ao outro, essas ações
quase sempre têm por objetivo atingir um benefício pessoal. Ele não consegue
dizer “nós”, mas sempre “eu quero”, “eu posso”, “eu faço”, “eu decido”, “e
eu?”.
Ø Ingratidão – pessoas
autocentradas, ou que acreditam que Deus e o mundo lhes devem tudo, têm sérias
dificuldades em reconhecer os favores recebidos; e, por esse motivo, não
desenvolvem a virtude de reconhecer a importância do outro em sua vida.
2.2. Como livrar-se do egocentrismo que domina
o coração?
Narcisistas, egoístas e ingratos são os que se deixam dominar pelo ego (eu). O
problema do egocêntrico é a sua cegueira para com as necessidades dos outros,
do seu cônjuge e da sua família (1 Tm 5:8). O seu coração estará nas duas
prioridades (Lc 12:34). Podemos nos livrar do egocentrismo olhando para:
Ø O ensino deJesus (Mt 22.37-40);
Ø O exemplo de Jesus (1 Jo 3.16; Jo 13.34-35);
Ø O impacto de Jesus na vida de João (1 Jo
4.19-21);
3. GUARDE O SEU CORAÇÃO DO PECADO OBSTINADO
É péssimo, para a alma e para o corpo, nutrir
sentimentos tóxicos, tanto quanto o é viver sob a ditadura do eu. Porém, nada
se compara aos pecados obstinados e persistentes que se alojam e criam raízes
no coração, pois estes nos afastam da presença de Deus (Is 59.2), o Santo (Is
6.3). “Na verdade, obstinado não é o pecado, mas é o cristão que decide pecar
mesmo tendo a consciência de que está entristecendo a Deus” (Lc 11:26). “O
obstinado é alguém que não se deixa dissuadir, é irredutível, teimoso e
insistente” (1 Sm 15:23).
Ø Davi – O adultério cometido por Davi com
Bate-Seba (2 Sm 11) trouxe graves consequências para sua vida pessoal, para sua
família e para o seu reino: o fruto daquela união extraconjugal nasceu e, logo,
morreu (2 Sm 12.15-25); seu filho, Amnom, foi morto por seu outro filho,
Absalão (2 Sm 13.23- 36), que, algum tempo depois, foi morto por Joabe, seu
sobrinho (2 Sm 18.9-18).
Ø Além da consciência supracitadas, Davi
sofreu durante o período em que escondeu o seu pecado (Sl 32:3-4).
Ø Davi reconheceu o seu pecado somente quando
foi confrontado pelo profeta Natã (2 Sm 12:13). Houve arrependimento e Deus o
perdoou (Sl 32:5; Sl 51).
Ø O arrependimento verdadeiro, o abandono do
pecado e a fé formam a receita para recomeçar (Pv28:13).
CONCLUSÃO
Proteja a sua mente e suas emoções
submetendo-se à palavra de Deus:
“Não
estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo
conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças. E a paz de
Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos
sentimentos em Cristo Jesus. Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro,
tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é
amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor,
nisso pensai.” (Fp 4:6-8).
Subjugue o seu ego (eu) e permita que ELE
(Cristo) se manifeste através de você:
“Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim” (Gl
2:20).
Somente a obediência à Palavra de Deus pode te
proteger do pecado obstinado: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu
não pecar contra ti” (Sl 119:11).
Deus vos abençoe
Autor: Dc. Silvio Antunes
Título: O coração à luz da Bíblia
Autor: Donald C. Stamps
Pv
4.23 “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as saídas da vida.”
I. DEFINIÇÃO DE CORAÇÃO.
O povo da atualidade geralmente considera que
o cérebro é o centro diretor da atividade humana.
A
Bíblia, no entanto, refere-se ao coração como esse centro; “dele procedem as
saídas da vida” (Pv 4.23; Lc 6.45). Biblicamente, o coração pode ser
considerado como algo que abarca a totalidade do nosso intelecto, emoção e
volição (ver Mc 7.20-23).
1. O coração é o centro do intelecto.
As
pessoas sabem as coisas em seus corações (Dt 8.5),
Oram no coração (1Sm 1.12,13),
Meditam no coração (Sl 19.14),
Escondem a Palavra de Deus no coração (Sl
119.11),
Maquinam males no coração (Sl 140.2),
Guardam as palavras da sabedoria no coração
(4.21),
Pensam no coração (Mc 2.8),
Duvidam no coração (Mc 11.23),
Conferem as coisas no coração (Lc 2.19),
Creem no coração (Rm 10.9) e
Cantam no coração (Ef 5.19). Todas essas ações
do coração são primordialmente fatos a envolver a mente.
2. O coração é o centro das emoções.
A Bíblia fala a respeito do coração alegre (Êx
4.14),
do coração amoroso (Dt 6.5),
do coração medroso (Js 5.1),
do coração corajoso (Sl 27.14),
do coração arrependido (Sl 51.17), do coração
ansioso (12.25),
do coração irado (19.3),
do coração avivado (Is 57.15),
do coração angustiado (Jr 4.19; Rm 9.2),
do coração gozoso (Jr 15.16),
do coração pesaroso (Lm 2.18),
do coração humilde (Mt 11.29),
do coração ardente pela Palavra do Senhor (Lc
24.32) e do coração perturbado (Jo 14.1).
Todas essas atitudes do coração são, antes de
tudo, de natureza emocional.
3. O coração é o centro da vontade humana.
Lemos nas Escrituras a respeito do coração
endurecido que se recusa a fazer o que Deus ordena (Êx 4.21),
do coração submisso a Deus (Js 24.23),
do coração que decide fazer algo para Deus
(2Cr 6.7),
do coração que se dedica a buscar o Senhor
(1Cr 22.19),
do coração que deseja receber as bênçãos do
Senhor (Sl 21.1-3), do coração inclinado aos estatutos de Deus (Sl 119.36) e do
coração que deseja fazer algo pelos outros (Rm 10.1).
Todas essas atividades ocorrem na vontade
humana.
II. A
NATUREZA DO CORAÇÃO DISTANTE DE DEUS.
Quando
Adão e Eva deram ouvidos à tentação da serpente para que comessem da árvore do
conhecimento do bem e do mal, sua decisão afetou horrivelmente o coração
humano, o qual ficou repleto de maldade. Desde então, segundo o testemunho de
Jeremias: “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem
o conhecerá?” (Jr 17.9).
Jesus
confirmou a descrição de Jeremias, quando disse que o que contamina uma pessoa
diante de Deus não é o descumprimento de uma lei cerimonial, mas, sim, a
obediência às inclinações malignas alojadas no coração tais como “os maus
pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a
avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba,
a loucura” (Mc 7.21,22).
Jesus
expôs a gravidade do pecado no coração ao declarar que o pecado da ira é igual
ao assassinato (Mt 5.21,22), e que o pecado da concupiscência é tão grave como
o próprio adultério (Mt 5.27,28; ver Êx 20.14; Mt 5.28).
Um
coração entregue à prática da iniquidade corre o grave risco de tornar[1]se
endurecido. Quem se recusa continuamente a ouvir a palavra de Deus e a obedecer
ao que Deus ordena e, em vez disso, segue os desejos pecaminosos do seu
coração, verá que, depois, Deus endurecerá seu coração de tal modo que se
tornará insensível para com a Palavra de Deus e os apelos do Espírito Santo
(ver Êx 7.3; Hb 3.8).
O principal exemplo bíblico desse fato é o
coração de Faraó, na ocasião do êxodo (ver Êx 7.3, 13, 22-23; 8.15, 32; 9.12;
10.1; 11.10; 14.17). Paulo viu o mesmo princípio geral em ação na sociedade
ímpia da presente era (cf. Rm 1.24,26,28) e predisse que também ocorreria o
mesmo fato nos dias do anticristo (2Ts 2.11,12). O livro aos Hebreus contém
muitas advertências ao crente, não para que não endureça o seu coração (e.g.,
Hb 3.8-12).
Todo
aquele que persistir na rejeição da Palavra de Deus, terá por fim um coração
endurecido.
III. O CORAÇÃO REGENERADO.
A
solução de Deus para o coração pecaminoso é a regeneração, que tem lugar em
todo aquele que se arrepende dos seus pecados, volta-se para Deus, e pela fé
aceita a Jesus como seu Salvador e Senhor pessoal.
1. A regeneração está ligada ao coração. Aquele
que, de todo o coração, se arrepende e confessa que Jesus é Senhor (Rm 10.9),
nasce de novo e recebe da parte de Deus um coração novo (cf. Sl 51.10; Ez
11.19).
2. No coração daquele que experimenta o
nascimento espiritual, Deus cria o desejo de amá-lo e de obedecê-lo. Repetidas
vezes, Deus realça diante do seu povo a necessidade do amor que provém do
coração (ver Dt 4.29; 6.6). Tal amor e dedicação a Deus não podem estar
separados da obediência à sua lei (Sl 119.34,69,112).
Jesus ensinou que o amor a Deus, de todo o
coração, juntamente com o amor ao próximo, resume toda a lei de Deus (Mt
22.37-40).
3. O amor de todo o coração é o elemento
essencial a uma vida de obediência.
Repetidas vezes, o povo de Deus, no passado,
procurou substituir o verdadeiro amor do coração pela observação de
formalidades religiosas exteriores (tais como festas, ofertas e sacrifícios;
ver Is 1.10-17; Nm 5.21-26; Dt 10.12).
A
observância exterior sem o desejo interior de servir a Deus é hipocrisia, e foi
severamente condenada por nosso Senhor (ver Mt 23.13-28; ver Lc 21.1-4).
4.
Muitos outros fatos espirituais têm lugar no coração da pessoa regenerada.
Ela louva a Deus de todo o coração (Sl 9.1),
Medita no coração (Sl 19.14),
Clama a Deus do coração (Sl 84.2),
Busca a Deus de todo o coração (Sl 119.2, 10),
Oculta a Palavra de Deus no seu coração (Sl
119.11; ver Dt 6.6 nota),
confia no Senhor de todo o coração (Pv 3.5),
Experimenta o amor de Deus derramado em seu
coração (Rm 5.5) e
canta a Deus no seu coração (Ef 5.19; Cl
3.16). Referências: Bíblia de Estudo
Pentecostal Adaptado dos Escritos de: DONALD C. STAMPS Editora: CPAD
O Amor Fora de Foco (egoísmo, narcisismo)
Pastor Hernandes
Paulo estava preso em Roma pela segunda vez,
quando escreveu sua última carta. O presídio onde estava era a masmorra
Mamertina, um lugar úmido, insalubre e sombrio. O veterano apóstolo enfrentava
a acusação de ser um malfeitor (2Tm 2.9). Por essa razão, os crentes da Ásia o
abandonaram (2Tm 1.15), Timóteo ficou com vergonha de suas cadeias (2Tm 1.8).
Quando marcaram sua primeira defesa, ninguém foi a seu favor (2Tm 4.16). O
resultado é que Paulo foi condenado à pena de morte (2Tm 4.6). Por ser cidadão
romano não foi crucificado como Pedro (Jo 21.18,19; 2Pe 1.14,15), mas foi
degolado.
Nessa
emocionante epístola, Paulo faz um diagnóstico dos últimos dias, e diz que
seriam tempos difíceis, ou seja, furiosos. Numa longa lista de pecados, vícios
e mazelas, da sociedade, o apóstolo menciona três tipos de amor que estavam
fora do foco, resultando no adoecimento das relações do homem com Deus, com o
próprio e consigo mesmo.
Vejamos:
Em
primeiro lugar,
os homens serão amantes de si mesmos (2Tm 3.2). A palavra grega philautoi,
traduzida por “egoístas” significa literalmente “amantes de si mesmos”. O homem
em vez de amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, ama a
si mesmo, esquece-se de Deus e despreza o próximo. Em vez de adorar a Deus e
servir ao próximo, o homem vira as costas para Deus e explora o próximo. Porque
seu amor está fora de foco, o homem age como se fosse o centro do universo. Sua
vontade precisa prevalecer. Seus interesses precisam vir em primeiro lugar.
Olha o próximo como alguém a ser explorado. Não hesita em fazer do outro um alvo
de sua ganância. Busca, de todas as formas, se locupletar. Sua filosofia é: “o
que é meu é meu; e o que é seu, precisa ser meu também”. O homem egoísta pensa
em si e não no outro. Seu amor é ego centralizado e não outro centralizado.
Esse egoísmo exacerbado é a origem de todas as mazelas da família e da
sociedade.
Em
segundo lugar, os homens serão amantes do dinheiro (2Tm 3.2). A palavra
grega philarguroi, traduzida por “avarentos” significa literalmente “amantes da
prata”. O amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Quem ama o dinheiro,
dele nunca se satisfaz. Quem ama o dinheiro cai em tentação e cilada e
atormenta sua alma com muitos flagelos. Quem ama o dinheiro é capaz de cometer
os mais bárbaros crimes para se locupletar. A violência das ruas, os sequestros
e assaltos, a corrupção nas empresas, o desvio de verbas públicas, nos
corredores do poder político estão diretamente ligados ao amor ao dinheiro.
Nessa sociedade, cujos valores estão invertidos, ama-se o dinheiro e explora-se
as pessoas. É digno de nota que o dinheiro é um bom servo, mas um péssimo
patrão. O dinheiro é para ser usado e não para nos usar. O dinheiro a serviço
do bem é uma bênção, mas quando é adquirido ilicitamente, é usado para a
prática do mal. Que Deus nos livre da avareza, desse amor perigoso, o amor à
prata.
Em
terceiro lugar, os homens serão amantes dos prazeres (2Tm 3.4). A
palavra grega philedonoi, traduzida por “amigo dos prazeres” significa
literalmente que os homens são mais amigos dos prazeres do que de Deus. Os homens
amam mais o prazer carnal do que a Deus. São hedonistas. Vivem para satisfazer
seus desejos mundanos. São escravos de seus apetites. Querem beber todas as
taças dos prazeres desta vida. Vivem embriagados com suas paixões. Sorvem cada
gota dos deleites efêmeros que o mundo lhes oferece. Não se importam com as
coisas de Deus. Não buscam a Deus. Não amam a Deus. Seu amor está distorcido e
invertido.
Dentre as outras razões elencadas pelo
apóstolo Paulo, essas três retro mencionadas são um diagnóstico preciso da
decadência do homem que ama mais a si do que o próximo, mais o dinheiro do que
as pessoas e mais o prazer do que a Deus.
Artigo em formato digital: hernandesdiaslopes
O Vírus que Adoece as Emoções
“Sonda-me
ó Deus e conhece o meu coração, prova-me e conhece os meus pensamentos: vê se
há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno” (Salmos 139.23, 24)
O que
temos visto quando olhamos para dentro de nós? Podemos identificar alguns
desses vírus que adoecem as emoções? Podemos fazer, com coragem, essa oração
que o salmista fez? Quando alguém fratura um membro, o procedimento é tirar um
raio x para visualizar com clareza onde está a fratura, o aspecto da ferida ou
o tamanho do trauma; assim é na vida emocional.
Quando
submetemos nossas vidas interiores à luz do conhecimento de Deus identificamos
onde estão os traumas a serem tratados.
A cura
e a restauração da alma são uma atitude de enfrentar, conscientemente, com
maturidade os traumas não superados, as memórias doídas e emoções feridas.
Curar é enfrentar, é o ato de trazer à frente. É necessária uma revelação bem
definida de como está a estrutura da nossa personalidade, identificando rejeições,
traumas e feridas que vieram como resultado de modelos de autoridade que
falharam, mas principalmente nossas escolhas erradas frente a essas falhas.
Muitas vezes nossas emoções adoecem não só pelas influências, mas também pelas
escolhas erradas que fazemos.
O
estado do coração compromete nossas atitudes e também a qualidade de vida.
Precisamos entender o que está impedindo o desenvolvimento da nossa saúde
emocional. Muitas são as situações que podem adoecer as emoções, como podemos
ver:
Área de Trevas:
“O que encobre as suas transgressões nunca
prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia” (Provérbios
28.13)
Situações
não resolvidas, pecados não confessados, medos e traumas sufocados, abusos,
consistem em áreas de trevas comprometendo nossa saúde emocional e
aprisionando-nos em um estilo de vida de sofrimento. Podemos perceber que essas
áreas de trevas geram algumas doenças emocionais que migram para nosso físico.
Stress, depressão, síndrome do pânico, desordem de humor têm grandes
possibilidades de terem raízes nessas áreas de trevas, podendo gerar as doenças
psicossomáticas, onde o indivíduo faz todos os exames e não encontram nenhuma
alteração no organismo, mas os sintomas insistem em permanecer.
Para
lidar com esse vírus que adoece as emoções é necessário estar disposto a
construir um estilo de vida de transparência, livre de situações ocultas e
guardadas. Quanto mais transparente a pessoa for, mais livre ela estará desse
vírus.
Passividade:
“Desde os dias de João Batista até agora o
Reino de Deus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele”
(Mateus 11.12)
A passividade é uma inimiga, tanto da saúde
emocional como da saúde espiritual. Se não conseguirmos que a pessoa saia da
passividade, vamos falhar em ajudá-la. O maior perigo da passividade é que,
quando instalada, vai minando a força moral e tornando a pessoa suscetível a
imoralidades. A incapacidade de reagir frente a situações de pecados e
tentações revela a intensidade da passividade.
Muitas
famílias são marcadas quando a passividade se instala, quando a figura de um
dos modelos de autoridade se anula gerando uma disfunção. A figura do homem é
muito atingida pela passividade, que acaba levando esse pai, esse marido, à
margem de suas funções. Para poder lidar com esse vírus, um estilo de vida
marcado pela iniciativa faz toda a diferença.
Orgulho:
“Mas ele nos concede graça maior. Por isso
diz a Escritura: “Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes”
(Tiago 4.6)
As pessoas
não querem se apresentar como “fracas”, reconhecendo que um problema existe,
então constroem barreiras de autoproteção e não estão dispostas a se despir
emocionalmente para serem curadas, como foi com o general de guerra Naamã
relatado no livro de 2 Reis 5.1-19.
Apesar
de todo seu status e posição, a bíblia declara que ele era leproso e precisava
desesperadamente ser curado. Sua cura não foi somente física, mas também na
alma. Ele se despiu de toda sua armadura, suas estrelas e, principalmente, de
seu orgulho. Expôs suas feridas e, seguindo o conselho do profeta, foi
mergulhar sete vezes no rio Jordão. Ao sair de lá estava curado no físico. Será
que temos a mesma disposição para sermos curados?
O
orgulho tem sido uma forte marca nesta geração. Quantas pessoas estão em
dificuldades e sofrimentos? Até sabemos como ajudá-las, mas não podemos, devido
ao orgulho que acaba impedindo com que a pessoa reconheça que precisa de ajuda.
Religiosidade:
“(…)
Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12.1)
A
religiosidade é como uma maquiagem que encobre áreas de derrota e fracasso,
esconde a ferida e também impede que o remédio seja administrado.
A
religiosidade nos faz cegos para nossos erros, tornando nossa consciência
insensível ao arrependimento. Temos um número grande de pessoas que, apesar de
estarem dentro das igrejas, ainda estão cegas com relação aos próprios erros e
àquilo que precisam mudar. Muitas vezes ministram outras vidas com um ar de
superioridade. Por baixo dessa religiosidade existem feridas que precisam ser
curadas e expostas. A religiosidade está ligada a uma vida de aparências, sem
essência. Regemos nossa rotina baseados em rituais, vivendo em função do que os
outros vão pensar ou falar.
Muito
da fala e do discurso de Jesus estava voltado em combater esse tipo de atitude
superficial. Ele confrontou a elite religiosa da época, que estava vivendo uma
espiritualidade baseada em religiosidade e hipocrisia. Para lidar com esse
vírus que adoece as emoções é preciso construir um entendimento de que
espiritualidade é baseada em essência e não em aparência. O evangelho é uma
mensagem que age em nosso coração.
Falta
de Perdão
“E
quando estiverem orando, se tiverem alguma coisa contra alguém, perdoem[1]no, para que também o
Pai celestial lhes perdoe os seus pecados” (Marcos 11.25)
A falta
de perdão tem se tornado uma grande armadilha, aprisionando muitas pessoas em
um quadro emocional de amargura e frustração. Sempre ouvimos com facilidade que
precisamos perdoar, mas na prática não é tão fácil assim. O perdão não é um
sentimento, nunca vamos sentir de perdoar ninguém, o perdão é uma decisão e,
por outro lado, um processo. A falta de perdão nos faz ligados ao ofensor.
Então nos cabe decidir de que maneira queremos estar vinculados às pessoas que
nos machucaram.
O
ressentimento e o rancor nos tornam como que amarrados às pessoas que nos
ofenderam, carregando esse peso até o ponto de todas as nossas forças se
acabarem. Perdão não significa fingir que nada aconteceu, mas sim uma decisão
de renunciar a dor do orgulho ferido e entregar essa causa. Perdão não
significa que eu tenho de transformar a pessoa perdoada no meu melhor amigo
para provar o perdão.
A melhor maneira de lidar com esse vírus que
tem adoecido, e muito, a vida de pessoas, é enfrentar a dor e resolver o
perdão. Não vale a pena carregar a mágoa e a amargura, esses sentimentos são
tóxicos e criam raízes profundas na nossa vida. Texto extraído do livro: “Saúde Emocional
– O Cuidado que Gera Crescimento”
Compreendendo o Perdão
Luciano
“Se, pois, ao
trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma
cousa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar[1]te com teu irmão; e,
então, voltando, faze a tua oferta”. (Mateus 5.23,24)
A
reconciliação não é algo a ser praticado somente entre nós e Deus, mas também
para com nossos irmãos. Reconhecemos, que, à semelhança da cruz, também temos
duas linhas do fluir da reconciliação: a vertical (o homem com Deus) e a
horizontal (entre os homens). O mesmo perdão que recebemos de Deus deve ser
praticado para com nossos semelhantes.
QUEM
NÃO PERDOA NÃO É PERDOADO
O
perdão (ou a falta dele) faz muita diferença na vida de alguém. A reconciliação
horizontal determina se a vertical que recebemos de Deus vai permanecer em
nossa vida ou não. A palavra de Deus é clara quanto ao fato de que se não
perdoarmos a quem nos ofende, então Deus também não nos perdoará. Foi Jesus
Cristo quem afirmou isto no ensino da oração do Pai-nosso:
“Porque
se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai celeste vos
perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tampouco vosso
Pai vos perdoará as vossas ofensas”. (Mateus 6.14,15)
Deus tem nos dado seu perdão gratuitamente,
sem que o merecêssemos, e espera que usemos do mesmo espírito misericordioso
para com quem nos ofende. Se fluímos com o Pai Celestial no mesmo espírito
perdoador, permanecemos na reconciliação alcançada pelo Senhor Jesus. Contudo,
se nos negamos a perdoar, interrompemos o fluxo da graça de Deus em nossa vida,
e nossa reconciliação vertical é comprometida pela ausência da horizontal.
Cristo também nos advertiu com clareza sobre isto em uma de suas parábolas
(faladas num contexto que envolvia o perdão):
“Por
isso o reino dos céus é semelhante a um rei, que resolveu ajustar contas com os
seus servos. E passando a fazê-lo, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos.
Não tendo ele, porém, com que pagar, ordenou o seu senhor que fosse vendido
ele, a mulher, os filhos e tudo quanto possuía, e que a dívida fosse paga.
Então o servo, prostrando-se reverente, rogou: Sê paciente comigo e tudo te
pagarei. E o senhor daquele servo, compadecendo-se, mandou-o embora, e
perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus
conservos que lhe devia cem denários; e, agarrando-o, o sufocava, dizendo:
paga-me o que me deves. Então o seu conservo, caindo-lhe aos pés, lhe
implorava: Sê paciente comigo e te pagarei. Ele, entretanto, não quis; antes,
indo-se, o lançou na prisão, até que saldasse a dívida. Vendo os seus
companheiros o que havia se passado, entristeceram-se muito, e foram relatar ao
seu senhor tudo o que acontecera. Então seu senhor, chamando-o, lhe disse:
Servo malvado, perdoei-te aquela dívida toda porque me suplicaste; não devias
tu, igualmente, compadecer-te do teu conservo, como também eu me compadeci de
ti? E, indignando-se, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse
toda a dívida. Assim também o meu Pai celeste vos fará, se do íntimo não
perdoardes cada um a seu irmão”. (Mateus 18.23-35)
O
significado desta ilustração dada por Jesus Cristo é muito forte. Temos um rei
e dois tipos de devedores. Se a parábola ilustra o reino de Deus, então o rei
figura o próprio Deus. O primeiro devedor tinha uma dívida impagável, enquanto
que a do segundo estava ao seu alcance. Não há como comparar a dívida de cada
um. Dez mil talentos da dívida do primeiro servo era o equivalente a cerca de
200.000 dias de trabalho, enquanto que os cem denários que o outro servo devia
era o equivalente a apenas cem dias de trabalho. Esta diferença revela a dimensão
da dívida que cada um de nós tinha para com Deus, e que, por ser impagável,
estávamos destinados à prisão e escravidão eterna. Contudo, sem que fizéssemos
por merecer, Deus em sua bondade, nos perdoou. Portanto, Ele espera que façamos
o mesmo. O cristão que foi perdoado de seus pecados e recusa-se a perdoar um
irmão – seu conservo no evangelho – terá seu perdão revogado.
Isto é
muito sério. As ofensas das pessoas contra a gente não são nada perto das
nossas ofensas que o Pai Celestial deixou de levar em conta. E a premissa
bíblica é de que se pudemos ser perdoados por Ele, então também devemos perdoar
a qualquer um que nos ofenda.
A FALTA
DE PERDÃO É UMA PRISÃO
Quem
não perdoa, está preso. Lemos em Mateus 18.34: “E, indignando[1]se,
o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a dívida”. A palavra
verdugo significa “torturador”. Além de preso, aquele homem seria torturado
como forma de punição. A prática do ministério nos revela que o que Jesus falou
em figura nesta parábola é uma realidade espiritual na vida de quem não perdoa.
Os demônios amarram a vida daqueles que retém o perdão. Suas torturas aplicadas
são as mais diversas: angústia e depressão, enfermidades, debilidade física,
etc.
Muita
gente tem sofrido com a falta de perdão. Outro dia ouvi alguém dizendo que o
ressentimento é o mesmo que você tomar diariamente um pouco de veneno, esperando
que quem te magoou venha a morrer. A falta de perdão produz dano maior em quem
está ferido do que naquele que feriu. Por isso sempre digo a quem precisa
perdoar: – “Já não basta o primeiro sofrimento, porque acrescentar um outro
maior (a mágoa)”?
Alguns acham que o perdão é um benefício para
o ofensor. Porém, eu digo que o benefício maior não é o que foi dado ao
ofensor, mas sim o que o perdão produz na vítima, naquele que está ferido. Sem
perdão não há cura. A doença interior só se complica, e a saúde espiritual,
emocional e física da pessoa ressentida é seriamente afetada. Em outra porção
das Escrituras (onde o contexto dos versículos anteriores é o perdão), vemos o
Senhor Jesus nos advertindo do mesmo perigo:
“Entra em acordo sem demora com teu
adversário, enquanto estás com ele a caminho, para que o adversário não te
entregue ao juiz, o juiz ao oficial de justiça, e sejas recolhido à prisão. Em
verdade te digo que não sairás dali, enquanto não pagares o último centavo”.
(Mateus 5.25,26)
Não sei
exatamente como é esta prisão, mas sei que Cristo não estava brincando quando
falou dela. A falta de perdão me prende e pode prender a vida de mais alguém.
Isto é um fato comprovado. Tenho presenciado gente que esteve presa por tantos
anos, e ao decidir perdoar foi imediatamente livre. Isto também pode acontecer
com você, basta decidir perdoar.
SEGUINDO O EXEMPLO DIVINO
Como
deve ser o perdão? A pessoa tem que pedir o perdão ou merecê[1]lo
para poder ser perdoada? Não. Devemos perdoar como Deus nos perdoou:
“Antes, sede uns para com os outros
benignos, compassivos, perdoando[1]vos uns aos outros,
como também Deus em Cristo vos perdoou”. (Efésios 4.32)
O texto
bíblico diz que nosso perdão e reconciliação horizontal deve seguir o exemplo
da que Deus em Jesus praticou para conosco. Então, basta perguntar: – “Fizemos
por merecer o perdão de Deus? Não. Então nosso ofensor também não precisa fazer
por merecer”.
O
perdão é um ato de misericórdia, de compaixão. Nada tem a ver com merecimento.
O apóstolo Paulo falou aos efésios que o perdão é fruto de um coração
compassivo e benigno. O perdão flui da benignidade do nosso coração, e não por
haver ou não benignidade no ofensor.
Jesus disse que se eu souber que alguém tem
algo contra mim, devo procurá-lo para tentar a reconciliação. Mesmo se tal
pessoa não me procurar ou nem mesmo quiser falar comigo, tenho que ter a
iniciativa, tenho que tentar. Deus ofereceu perdão gratuito a todos,
independentemente de qualquer comportamento, e Ele é nosso exemplo!
NÃO HÁ
LIMITE DE VEZES PARA PERDOAR
Certa
ocasião, o apóstolo Pedro quis saber o limite de vezes que existe para perdoar
alguém. E foi surpreendido pela resposta que Cristo lhe deu: “Então Pedro,
aproximando-se, lhe perguntou: Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará
contra mim, que eu lhe perdoe? Até sete vezes? Respondeu-lhe Jesus: Não te digo
que até sete vezes, mas até setenta vezes sete”. (Mateus 18.21,22)
O
Senhor declarou que mesmo se alguém repetir sua ofensa contra mim por
quatrocentos e noventa vezes, ainda deve ser perdoado. Na verdade, os
comentaristas bíblicos em geral entendem que Jesus não estava se prendendo a
números, mas tentando remover o limite imposto na mente dos discípulos para
perdoar.
Fico
pensando o que seria de nós sem a misericórdia de Deus. Quantas vezes Deus já
nos perdoou? Quantas mais Ele vai nos perdoar? Se devemos perdoar como também
Deus em Cristo nos perdoou, então fica claro que não há limite de vezes para
perdoar!
O DIABO
É QUEM LEVA VANTAGEM
Já
falamos que há uma prisão espiritual ocasionada por reter o perdão. E que
demônios se aproveitam desta situação. Agora queremos examinar um outro texto
bíblico que nos mostra nitidamente que a falta de perdão dá vantagem ao diabo.
“A quem perdoais alguma cousa, também eu
perdôo; porque de fato o que tenho perdoado, se alguma cousa tenho perdoado,
por causa de vós o fiz na presença de Cristo, para que Satanás não alcance
vantagem sobre nós, pois não lhe ignoramos os desígnios”. (2 Coríntios 2.10,11)
O
apóstolo Paulo revela que se deixamos de perdoar, quem vai se aproveitar da
situação é Satanás, o adversário de nossas almas. Disse ainda, que não ignorava
as maquinações do maligno. Em outras palavras, ele estava dizendo que
justamente por saber como o diabo age na falta de perdão, é que não podia
deixar de perdoar.
Precisamos entender que Deus não será
engrandecido na falta de perdão. Que o ofendido não lucra nada por não perdoar.
Que até mesmo o ofensor pode estar espiritualmente preso. O único que lucra com
isso é o diabo, pois passa a ter autoridade na vida de quem decide alimentar a
ferida do ressentimento.
A
Bíblia nos ensina que não devemos dar lugar ao diabo (Ef 4.27). Que ele anda em
nosso derredor rugindo como leão, buscando a quem possa tragar (1 Pe 5.8), e
que devemos resisti-lo (Tg 4.7). Mas quando nos recusamos a perdoar, estamos
deliberadamente quebrando todos estes mandamentos.
CONSELHOS PRÁTICOS
Para
aqueles que reconhecem que não há saída a não ser perdoar, mas que, por outro
lado, não é algo tão fácil de se fazer, quero oferecer alguns conselhos
práticos que serão de grande valia.
Primeiro, o perdão não é um sentimento,
é uma decisão e também uma atitude de fé. Já dissemos que o perdão não é por
merecimento, logo, não tenho motivação alguma em minhas emoções a perdoar. Não
me alegro por ter sido lesado, mas libero aquele que me lesou por uma decisão
racional. Portanto, o perdão não flui espontaneamente, deve ser gerado no
coração por levar em consideração aquilo que Deus fez por mim e sua ordem de
perdoar.
As conseqüências
da falta de perdão também devem ser lembradas, para dar mais munição à razão do
que à emoção. É preciso fé para perdoar. Certa ocasião quando Jesus ensinava
seus discípulos a perdoarem, foi interrompido por um pedido peculiar:
“Acautelai-vos. Se teu irmão pecar contra
ti, repreende-o; se ele se arrepender, perdoa-lhe. Se por sete vezes no dia
pecar contra ti, e sete vezes vier ter contigo, dizendo: Estou arrependido,
perdoa-lhe. Então disseram os apóstolos ao Senhor: Aumenta-nos a fé”. (Lucas
17.3-5)
Naquele
instante os discípulos reconheceram que para praticar este nível de perdão
iriam precisar de mais fé. E Jesus parece ter concordado, pois nos versículos
seguintes lhes ensinou que a fé é como semente, quanto mais se exercita
(planta) mais ela cresce (se colhe).
É
necessário crer que Deus é justo e que Ele não nos pede mais do que aquilo que
podemos dar. Se Deus nos pediu que perdoássemos, Ele vai nos socorrer
dispensando sua graça no momento em que tivermos uma atitude de perdão. Muitas
vezes o perdão precisa ser renovado. Depois de declarar alguém perdoado, o
diabo, que não quer perder seu domínio, vai tentar renovar a ferida. Em
Provérbios 17.9 as Escrituras Sagradas nos falam sobre encobrir a questão ou
renová-la. É preciso tomar uma decisão de esquecer o que houve, e renovar
somente o perdão. Cada vez que a dor tentar voltar, declare novamente seu
perdão. Ore abençoando seu ofensor. Lute contra a mágoa!
É importante ver os ofensores como vítimas.
Isto é algo especial que vejo em Jesus na cruz:
“Contudo Jesus dizia: Pai, perdoa-lhes, porque
não sabem o que fazem”. (Lucas 23.34)
Em vez de olhar para eles como quem merece
punição e castigo, Jesus enxerga que eles também eram vítimas. Aqueles homens
estavam em cegueira e ignorância espiritual, debaixo de influência maligna, sem
nenhum discernimento de quem estavam de fato matando. Eram vítimas de todo um
sistema que os afastou de Deus e da revelação das Escrituras. E ao reconhecer
que ele é que eram vítimas, em vez de alimentar dó de si mesmo (como nós
faríamos), Jesus teve compaixão deles. Acredito que este é um princípio para o
perdão fluir livremente. Assim como Jesus o fez, deixando exemplo, Estevão, o
primeiro mártir do Cristianismo, também o fez:
“Então, ajoelhando-se, clamou em alta voz:
Senhor, não lhes imputes este pecado”. (Atos 7.60)
Quando você começa a enxergar as misérias da vida espiritual de seu ofensor (ao menos a que manifestou no momento de te ferir), e canaliza o amor de Deus por ele, como você também necessita do amor divino ao se achegar arrependido em busca de perdão, a coisa fica mais fácil.
Artigo em formato digital: COMPREENDENDO O PERDÃO - Luciano Subirá -
ORVALHO.COM - LUCIANO SUBIRÁ
Nesta lição, veremos do que devemos guardar o nosso coração, a fim de que a nossa vida em família não naufrague em mares turbulentos, a saber:
(1)
de sentimentos tóxicos;
(2)
do egocentrismo;
(3) do pecado obstinado.
Boa aula!
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