TEXTO ÁUREO
“Assim, também vós, como desejais dons espirituais,
procurai sobejar neles, para a edificação da igreja”
(1 Co 14.12).
VERDADE
PRÁTICA
Os dons são recursos concedidos por Deus para
fortalecer e edificar a Igreja espiritualmente.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 12.8-11; 13.1,2
I
Coríntios 12
8 – Porque a um, pelo Espírito, é dada a palavra da sabedoria; e a outro,
pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
9 – e a outro, pelo mesmo Espírito, a fé; e a outro, pelo mesmo Espírito,
os dons de curar;
10 – e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a
outro, o dom de discernir os espíritos; e a outro, a variedade de línguas; e a
outro, a interpretação das línguas.
11 – Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente
a cada um como quer.
1 Coríntios 13
1 – Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos e não tivesse
amor seria como o metal que soa ou como o sino que tine.
2 – E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os
mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que
transportasse os montes, e não tivesse amor; nada seria.
OBJETIVOS
Após esta aula, o aluno deverá estar apto a:
Conscientizar-se de que os dons espirituais não são para elitizar o crente.
Compreender que os dons devem ser utilizados para edificar a si mesmo e aos
outros.
Saber que o propósito dos dons é a edificação do Corpo de Cristo.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, para introduzir o primeiro tópico da
tição, divida a classe em dois grupos. Depois, escreva no quadro as seguintes
indagações: “O que precisamos fazer para receber os dons espirituais?” “A
santidade é condição para o recebimento dos dons?” Cada grupo deverá ficar com
uma questão. Dê alguns minutos para que os alunos discutam as questões. Em
seguida reúna a todos formando um único grupo. Peça a um representante de cada
grupo fazer suas considerações sobre a sua questão. Ouça os alunos com atenção.
Depois, explique que os dons espirituais são habilidades concedidas pelo
Espírito Santo para edificação da igreja. Para receber estas habilidades basta
crer e pedir com fé. Os dons são presentes divinos e fruto da misericórdia do
Pai. É graça de Deus!
CONCLUSÃO
A igreja
de Jesus Cristo tem uma missão a cumprir: proclamar o evangelho em um mundo
hostil às verdades de Cristo e descrente de Deus. Diante desta tão sublime
tarefa, a igreja necessita do poder divino. Os dons espirituais são um
“arsenal” à disposição do corpo de Cristo para o cumprimento eficaz de sua missão
na terra. Como já foi dito, o propósito dos dons é edificar toda a igreja, todo
Corpo de Cristo para ser abençoado, exortado e consolado. Por isso, nunca
devemos usar os santos dons de Deus em benefício particular, como se fosse algo
exclusivo de certas pessoas. Somos chamados a servir a Igreja do Senhor, e não
a utilizar os dons de Deus para nós mesmos.
A |
experiência da vida cristã indica que grande parte das pessoas, nas igrejas pentecostais, não sabe lidar muito bem com os recursos espirituais que Deus coloca à disposição dos crentes. A começar pelo batismo com o Espírito Santo, há uma confusão de ideias sobre sua natureza, a forma de receber, e, mais ainda, quanto à sua finalidade ou propósito. H á quem pense que o cristão é batizado para falar línguas. Quando, na verdade, o falar em línguas, em princípio, é um sinal da experiência do recebimento do batismo com o Espírito Santo, e este, uma bênção distinta da salvação, concedida para que o cristão tenha poder para testemunhar com eficácia a mensagem do evangelho (At 1.8).
O falar em línguas também pode ser evidência
do recebimento do “dom de variedade de línguas”, como um dom, ou carisma do
Espírito Santo, entre outros, tão importantes, que Deus concede “a cada um como
Ele quer”, mas sempre com propósitos ou finalidades especiais, visando a
edificação, a unidade e o fortalecimento da sua igreja, tanto no sentido
Universal, quanto no sentido da igreja local. Com esse entendimento, podemos
dizer que, se o batismo com o Espírito Santo e o uso dos dons espirituais não
forem bem compreendidos, no seio da igreja local, certamente haverá a
manifestação estranha de comporta mentos inadequados de espiritualidade.
Em certa
ocasião, este escritor foi pregar numa igreja, no interior de um Estado
brasileiro. O templo estava lotado. Mas, na hora da pregação, ficou inviável
discorrer sobre o tema a que o pregador se propôs, porque os irmãos, quase sem
parar, falavam línguas o tempo todo. Era uma comunidade bem animada, avivada,
por assim dizer, mas pareceu claro que havia faltado ensino quanto ao uso dos
dons espirituais, especialmente o dom de línguas.
Eles não o faziam com o intuito de prejudicar a
transmissão da mensagem. Mas estavam muito mais interessados em mostrar que
eram batizados com o Espírito Santo, ou que falavam línguas, do que com o entendimento
do que lhes seria transmitido. Tivemos que encerrar a prédica mais cedo, pois
éramos interrompidos o tempo todo, com brados em alta voz de louvor. A falta de
ensino resulta no mau uso dos dons espirituais e dá lugar a meninices no meio
da igreja. A igreja de Corinto, na Grécia, possuía praticamente todos os dons
espirituais (cf. 1 Co 1.7), mas o apóstolo Paulo, em sua primeira carta àquela
igreja, fez uma referência nada desejável àqueles irmãos. “E eu, irmãos, não
vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em
Cristo” (1 Co 3.1). Um verdadeiro paradoxo à primeira vista.
Uma igreja que possuía todos os dons, com
crentes batizados com o Espírito Santo; uns falavam línguas, outros
profetizavam; outros interpretavam; outros tinham dons de curas e milagres;
outros possuíam muito conhecimento espiritual, mas Paulo lhes escreve,
demonstrando que, em sua avaliação, eles não eram tão espirituais quanto
pareciam ser, pelo fato de terem tantos dons! Foi mais contundente, dizendo que
eles eram “carnais” ou “meninos em Cristo”! Seria motivo para perguntarem a
Paulo: “Como pode, pastor Paulo, uma coisa dessas? O senhor diz, no início de
sua carta (1.7), que nenhum dom falta à igreja, e, poucos parágrafos depois,
diz que esta igreja é formada de carnais e meninos em Cristo?”
Talvez, nem
tal pergunta foi feita, pois a resposta sobre sua avaliação da igreja de
Corinto foi dada logo a seguir, naquele trecho da missiva do apóstolo, para não
deixar dúvida quanto à sua afirmação desagradável: “porque ainda sois carnais,
pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura,
carnais e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e
outro: Eu, de Apoio; porventura, não sois carnais?” (1 Co 3.3,4). Não pode ria
haver uma igreja mais espiritual do que aquela, mas, infelizmente, não poderia
haver crentes mais carnais do que aqueles. Se fosse nos dias atuais, algum
“apóstolo” ou “bispo” se sentiria muito vaidoso em ser pastor de tal
congregação.
Entre eles
havia crentes invejosos, outros que promoviam contendas e dissensões, lançando
irmãos contra irmãos. Certamente, eles não en tendiam bem a natureza e o
propósito dos dons espirituais para a igreja. Imaginavam, como acontece hoje,
que possuir um dom espiritual é motivo para considerar-se superior aos outros;
era razão para ser consagrado ao ministério, para ser presbítero ou ministro;
quem sabe, havia irmãs de oração, que viviam profetizando, com a finalidade de
dirigir a vida do pastor ou de outras pessoas; quem sabe, ainda, havia quem
sapateasse na igreja, ou saísse marchando ou correndo, para lá e para cá, a fim
de chamar a atenção para sua espiritualidade.
Havia algo pior. Divisão dentro da própria
igreja. Havia grupos, partidos, “igrejinhas”, “panelinhas” e grupinhos de
partidários de Apoio, de Pedro, de Paulo e até “de Cristo”. Aliás, este último
grupo ou partido era o mais carnal de todos. Eram do tipo de crente que, hoje,
diz: “Eu não dou satisfação a ninguém. Eu não obedeço ‘a homem’, mas só a
Cristo” . São os que não obedecem aos pastores, ao dirigente da igreja,
principalmente quando esses querem corrigir excessos de manifestações ditas
espirituais no uso de dons.
Como Paulo
não era o pastor titular da igreja, mas seu fundador, e vivia distante por
força de seu ministério missionário, deve ter tomado conhecimento através de
informações consistentes quanto ao comporta mento da igreja. E por carta
precisou exortá-los a que não continuassem na prática de comportamentos
contrários à sã doutrina e ética no uso dos dons espirituais. Assim, é
importantíssimo que os líderes de igrejas pro movam o ensino bíblico quanto à
origem, a natureza e o propósito dos dons espirituais. Este comentário tem essa
finalidade, fornecendo análise e subsídios para o ensino sobre o propósito dos
dons espirituais.
I - HÁ DIVERSIDADE DE DONS
Deus quer “que, agora, pela igreja, a
multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos
céus” (Ef 3.10). Esta é uma das elevadíssimas missões da igreja: além de ser
portadora da mensagem de salvação, na Terra, deve ser portadora do conhecimento
e da sabedoria divina até mesmo perante os principados e potestades
espirituais. Essa sabedoria é tão profunda, que Paulo teve de exclamar de modo
eloquente: “0 profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de
Deus! Quão insondáveis são os seus juízos, e quão inescrutáveis, os seus
caminhos!” (Rm 11.13).
Diante de tão grande sabedoria, a ser
conhecida na esfera celestial, e na esfera dos homens, Deus quis propiciar à
igreja o acesso a recursos espirituais, tanto para conhecer a ciência de Deus,
quanto para demonstrar o seu poder no meio dos homens. Se não fossem os dons
espirituais, a igreja seria apenas uma instituição meramente humana, uma
“associação religiosa sem fins econômicos”, por exigência legal. Assim, Deus
capacitou a igreja com características e recursos que transcendem à esfera
humana.
Diz Paulo, acerca desses recursos e
manifestações espirituais: “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o
mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há
diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos” (1 Co
12.4-6). A “multiforme sabedoria de Deus” nunca poderia ser demonstrada
através de um só dom. A mente humana jamais abarcaria a grandeza e a profundidade
do saber divino. Assim, quis Deus que houvesse uma diversidade de dons
espirituais, para que, de modo equilibrado, os crentes pudes sem compreender e
atuar na esfera da vida espiritual.
Dessa
forma, Paulo registra que há nove tipos de dons (não nove dons). Num a igreja
bem edificada, os dons são abundantes. Há palavra de sabedoria, ciência de
Deus, existe a fé; há os dons de curar, que são variados; há operação de
maravilhas; há profecia autêntica e não “profetadas”; porque há “dom de
discernir os espíritos” ; e também há línguas e interpretação de línguas (cf. 1
Co 12.7-10).
Horton diz que “O Espírito Santo quer honrar
Jesus, não só chamando-o de Senhor, mas distribuindo uma ‘diversidade’
(diferentes ti pos) de dons espirituais (gr. charismata, dons da graça
livremente dados; cf. charis, ‘graça’). O único Espírito Santo é a fonte de
todos eles”.1 Esse autor acrescenta que os diversos ministérios ou serviços
(gr. diakoniõn) têm sua fonte no “único Senhor Jesus e os tipos de operações e
atividades (gr. energematõri) vêm do único Deus, que opera efetivamente em
todos eles e em todos os crentes”.
Na
realidade, dons, ministérios e operações formam o arsenal espiritual que
equipam a igreja para o cumprimento de sua missão, ante as forças que se opõem
a ela. O que seria da igreja se não houvesse esses recursos sobrenaturais?
Certamente, já teria desaparecido da face da terra há muito tempo. Mas, como
Corpo de Cristo, ela é indestrutível. Perseguida, sofrida, ameaçada, mas
vitoriosa! Todos os impérios que se levantaram contra ela já sucumbiram. E os
que ainda existem também hão de ser aniquilados. “As portas do inferno não
prevalecerão contra ela” (Mt 16.18).
II - OS PROPÓSITOS DOS DONS
Os propósitos dos dons podem ser compreendidos
a partir de sua natureza. Myer Pearlman diz que os dons do Espírito “...descrevem
as capacidades sobrenaturais concedidas pelo Espírito para ministérios es
peciais...”.3 Para esse teólogo, o propósito principal dos dons do Espírito
Santo é “edificar a Igreja de Deus, por meio da instrução aos crentes e para
ganhar novos convertidos” .3
1. SER EM ÚTEIS À EDIFICAÇÃO DA IGREJA
A Igreja é
comparada a um “edifício”. Paulo toma a figura da edificação de um prédio,
que, desde tempos imemoriais, possui a ideia ou o projeto; os alicerces ou suas
bases ou fundamentos; sua estrutura vertical e horizontal; e sua
superestrutura. “Vós sois.... edifício de Deus” (ver 1 Co 3.9). E adverte:
“veja cada um como edifica sobre ele” (1 Co 3.10).
Os dons espirituais, sejam quais forem, têm
propósitos elevados para a edificação da igreja, e não devem ser usados de
qualquer manei ra, mas segundo a orientação da Palavra de Deus. Os dons do
Espírito Santo são manifestações espirituais que devem ser úteis à edificação
da igreja local. Diz Paulo: “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um
para o que for útil” (1 C o 12.7). Por exemplo: se, numa mensagem radiofônica,
um pregador fala línguas, qual a utilidade para o ouvinte, se ele não entende
nada do que está ouvindo? Num a rede de televisão de determinada igreja, o
pregador dizia que todos, naquele momento, deveriam falar em línguas. E ele
próprio começou a balbuciar: “balá, balá, balá; ialamá, ialamá...”. O que os
telespectadores aproveitaram de tais “línguas”? Tornou-se ridículo. Talvez “os
meninos” espirituais apreciaram muito, mas os que têm um pouco de maturidade e
discernimento acerca da natureza e da finalidade dos dons devem ter desligado o
televisor para não perder tempo com tamanha baboseira.
Mesmo que
sejam línguas autênticas, o dom de línguas, assim como os outros dons, tem que
ter utilidade prática, concreta e oportuna para a edificação da igreja local.
Ensinando sobre o dom de línguas, Paulo diz que o crente que ora em línguas
pode fazê-lo, em ação de graças a Deus, mas não edifica “o outro”. “Porque
realmente tu dás bem as gra ças, mas o outro não é edificado” (1 Co 14.17). “O
único propósito do Espírito Santo ao outorgar esses poderes aos cristãos é
sempre o de glorificar a Cristo (12.3), para o benefício e o bem de todos
(12.7)”.4
No capítulo 14 da primeira epístola aos
coríntios, Paulo procura corrigir o abuso e o descontrole no uso dos dons espirituais,
principalmente o dom de línguas. Exortando a mesma igreja de Corinto, diz:
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada um de vós tem salmo, tem
doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para
edificação” (1 Co 14.26 — grifo nosso). Aqui, temos o modelo de um verdadeiro
culto pentecostal. Em primeiro lugar, a prioridade é da palavra: “salmo”, “doutrina”.
Depois, vêm as manifestações espirituais de “revelação” (ciência), “língua” e
“interpretação” . Mas tudo deve ser feito para a edificação da igreja. Se não
for, não faz sentido demonstrações vazias de espiritualidade, por mais
espontâneas e interessantes que elas sejam.
A Bíblia de Estudo Pentecostal tem uma nota
interessante sobre o uso dos dons, ressaltando que tais recursos espirituais
devem ser para a edificação da igreja. “O propósito principal de todos os dons
espirituais é edificar a igreja e o indivíduo (w. 3,4,12,17,26). “Edificar”
(gr. oikodomeo) significa fortalecer e promover a vida espiritual, a maturidade
e o caráter santo dos crentes. Essa edificação é uma obra do Espírito Santo
através dos dons espirituais, pelos quais os crentes são espiritual mente
transformados mais e mais para que não se conformem com este mundo (Rm 12.2-8),
mas edificados na santificação, no amor a Deus, no bem-estar do próximo, na
pureza de coração, numa boa consciência e numa fé sincera (ver 1 Co 13; Rm
8.13; 14.1-4,26; G1 5.16-26; E f 2.19-22; 4.11-16; Cl 3.16; 1 Ts 5.11; Jd 20;
ver 1 Tm 1.5 nota)”.5
Por isso, quando o crente fala línguas com
interpretação, além de edificar a si mesmo, também edifica a igreja. “Assim,
também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, para a
edificação da igreja. Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a
possa interpretar” (1 Co 14.12, 13). Neste caso, as línguas com interpretação
equivalem à profecia, pois “o que profetiza edifica a igreja” (1 Co 14.4). A
edificação da igreja, acima de tudo, é da competência do supremo edificador que
é o Senhor Jesus Cristo. Ele afirmou, de modo solene e eloquente, ante seus
discípulos, quando Pedro teve o discernimento de quem Ele era “Pois também eu
te digo que tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.18 — grifo nosso).
A edificação da igreja é como a edificação da
vida do crente. Se Deus não edificar, todo o trabalho será vão, como diz o
salmista: “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que
edificam...” (SI 127.1). Segundo Boyd, “A origem dos dons espirituais,
charismata’, é de Deus, o Pai (outorgante), e Jesus Cristo, o Filho, é quem
distribui (1 Co 12.4-6)”.6
2. A
EDIFICAÇÃO DO CRENTE
Diz Paulo que “O que fala língua estranha
edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja” (1 C o 14.4). É um
aspecto muito interessante do propósito dos dons. O membro da igreja, em
particular, precisa ser edificado, para que a coletividade, a igreja, também o
seja. Não pode haver igreja edificada, se os membros não tiverem edificação
espiritual. Quando o crente fala línguas, sem que haja intérprete, não edifica
a igreja, porque o que fala fica sem entendimento para os de mais. Mas não se
deve proibir que o crente fale língua para si próprio (1 Co 14.39). Tão
somente, deve ser ensinado que ele se controle e não eleve a voz, numa mensagem
ininteligível. Há irmãos que, ao falar línguas, querem chamar a atenção para
si, para mostrar que são espirituais. Isso é falta de maturidade.
O apóstolo ensina: “E, agora, irmãos, se eu
for ter convosco falando línguas estranhas, que vos aproveitaria, se vos não
falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da
doutrina?” (1 Co 14.6). Ele quer dizer que, se falar língua sem interpretação,
é ótimo para si próprio, pois “edifica a si mesmo”. Mas, se não houver interpre
tação, não haverá revelação, ciência, profecia ou doutrina. E a igreja fica sem
edificação, sem aproveitamento. Daí, porque, no mesmo capítulo, ele exorta:
“Pelo que, o que fala língua estranha, ore para que a possa interpretar.
Porque, se eu orar em língua estranha, o meu espírito ora bem, mas o meu
entendimento fica sem fruto” (1 C o 14.13,14).
Quem fala línguas, sem interpretação,
“edifica-se a si mesmo”, mas “ ... não fala aos homens, senão a Deus; porque
ninguém o entende, e em espírito fala de mistérios” (1 Co 14.2). Naturalmente,
quando o crente ora em línguas, mesmo que ele não saiba o sentido das palavras,
Deus o entende. O crente, batizado com o Espírito Santo, deve procurar
desenvolver uma adoração individual, plena da unção do Espírito Santo. H á
ocasiões em que as palavras do seu idioma nativo não con seguem expressar o
que sua alma deseja dizer a Deus, seja glorificando, intercedendo ou suplicando
ao Senhor.
E nessas horas, quando o crente não sabe orar,
que o Espírito Santo intercede por ele de maneira especial. “E da mesma maneira
também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos
de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis”
(Rm 8.26). Esses “gemidos” do Espírito, pronunciados em línguas estranhas, são
incompreensíveis ao que ora, mas perfeitamente entendidos por Deus, pois há
línguas estranhas que são linguagem do céu, ou “línguas dos anjos” (1 Co 13.1).
3. OS DONS
DEVEM SER PROCURADOS
Os dons espirituais são tão importantes e
necessários à edificação da igreja, que Paulo diz que devemos procurá-los. Um
dos maiores problemas da igreja, no sentido denominacional, nos dias atuais, é
a superficialidade doutrinária, especialmente, nas igrejas ditas pentecostais
ou neopentecostais. Em lugar da busca genuínas dos dons, há uma busca pela
“prosperidade material”. Pregadores “famosos”, pregoeiros da tal “teologia da
prosperidade”, esbaldam-se em ensinar que “todo crente tem que ser rico” e
nunca adoecer. Mas esquecem de ensinar sobre a busca dos dons espirituais, que
levam os crentes a aprofundarem-se no “rio da graça de Deus”. 29
Diz o
apóstolo: “Portanto, procurai com zelo os melhores dons; e eu vos mostrarei um
caminho ainda mais excelente” (1 Co 12.31). Os dons devem ser procurados com
zelo, com interesse real, e não apenas passageiro, em eventos “de avivamento”.
A exortação é para que experimentemos os dons de maneira sobeja, abundante.
“Assim, também vós, como desejais dons espirituais, procurai sobejar neles, p
ara a edificação da igreja” (1 Co 14.12 — grifo nosso). Os dons têm um objetivo
primordial: a edificação da igreja.
III - Os Edificadores da Igreja
1. SÁBIOS ARQUITETOS
Deus levanta homens, ministros, pastores,
ensinadores e líderes, para que se encarreguem da edificação espiritual, moral
e doutrinária da igreja. Eles precisam de dons espirituais. A igreja é, em seu
conjunto, “ ... edifício de Deus” (1 Co 3.9). Após afirmar que os crentes são
“edifício de Deus”, Paulo demonstra que foi comissionado, pela graça de Deus,
“como sábio arquiteto”, para estabelecer “o fundamento” da igreja, com seus
ensinos, exortações, pregações e discipulado; e diz que “outro edifica sobre
ele”, ou seja, ele não seria único, como obreiro, a cuidar da edificação da
igreja; haveria outros que tomariam parte na edificação espiritual da igreja,
segundo a mesma graça que lhe fora con cedida. Mas fez solene advertência:
“mas veja cada um como edifica sobre ele” (1 Co 3.10); “Porque ninguém pode pôr
outro fundamento, além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 C o
3.11).
Paulo teve
coragem de dizer que era um “sábio arquiteto”, na edificação da igreja. Nem todo
obreiro pode dizer isso, nos dias presentes. Os terrenos em que a igreja está
sendo edificada são tão instáveis, que desafiam a capacidade de todos os
engenheiros ou arquitetos. Os ventos fortes de falsas doutrinas e movimentos
heréticos, disfarçados de genuínos movimentos cristãos conspiram contra a
estabilidade e a unidade da Igreja de Cristo. Os edificadores de hoje têm
tantos ou maiores desafios do que os do tempo de Paulo, mesmo que tenham mais
recursos humanos e técnicos que o apóstolo dos gentios. 30
Mas a missão dos obreiros do Senhor é
cuidar da evangelização, buscando as almas que se integram à igreja, e o
cuidado delas, através do discipulado autêntico, que se fundamenta na sã
doutrina, esposada por Jesus Cristo, e interpretada e aplicada pelos seus
apóstolos e discípulos, ao longo da História. Os cristãos devem ser edificados
para serem templos do Espírito Santo (1 Co 6.19,20). E os dons são
indispensáveis nessa edificação espiritual.
2.
DESPENSEIROS DOS DONS
O apóstolo Pedro exortou a igreja sobre como o
dom de Deus deve ser administrado. E usou a figura do despenseiro, que,
antigamente, era o homem que cuidava da despensa. Tinha que ser homem de total
confiança do patrão. Ele cuidava da aquisição dos mantimentos; zelava pela sua
guarda, para que não se estragassem e distribuía-os para a alimentação da
família. Ele tinha a chave da despensa.
Dessa
forma, os despenseiros de Deus, ministros ou membros da igreja, que é a
“família de Deus” (Ef 2.19), precisam ter muito cuidado no uso dos dons
concedidos pelo Senhor para provisão, alimentação espiritual e edificação. Diz
Pedro: “Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons
despenseiros da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras
de Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá, para
que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
o poder para todo o sempre. Amém” (1 Pe 4.10,11).
Conclusão
A Igreja de Jesus Cristo é a representante dos
céus na terra. Ela tem uma missão que transcende a esfera humana, pois recebeu
a incumbência de fazer com que a “... multiforme sabedoria de Deus seja
conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3.10). Sua missão, na
terra, é a proclamação do evangelho, num mundo hostil às verdades de Cristo; um
mundo que rejeita a Palavra de Deus. Diante dessa realidade, a igreja precisa
de poder sobrenatural. O s dons espirituais são um arsenal à disposição da
igreja para o cumprimento eficaz de sua missão na terra.
DONS ESPIRITUAIS E MINISTERIAIS
Servindo a Deus e aos homens com poder extraordinário
ELINALDO RENOVATO
COMENTÁRIOS
O vocábulo
«…irmãos…» é um termo que subentende afeição, usado para suavizar as severas
reprimendas que Paulo precisava dirigir contra os crentes de Corinto. (Ver
outros usos desse termo em I Cor. 1:10,26; 2:1; 4:6; 10:1; 12:1 e 14:20).
«…espirituais…» Paulo postulou aqui três classes de homens, a saber, «espirituais», «carnais» e «naturais». Os homens espirituais e os carnais são ambos crentes, mas de inclinações opostas. Os homens naturais são os indivíduos ainda sem regeneração. (Ver as notas expositivas a esse respeito em I Cor. 2:14, onde as palavras gregas são explicadas).
«…carnais…» Em outras palavras, «homens da carne», ou seja, crentes controlados pela carne. É possível interpretar que esse adjetivo significa que as pessoas assim qualificadas são inteiramente destituídas do Espírito de Deus (se considerarmos tão-somente o sentido verbal), mas o contexto geral não nos permite tirar essa conclusão. Mui facilmente, entretanto, Paulo poderia estar querendo dar a entender que toda a sua suposta e apregoada espiritualidade, no exercício dos dons espirituais, era falsa, fraudulenta; porque não dispor das qualidades morais de Cristo, e, ao mesmo tempo, ser supostamente habitado pelo Espírito de Deus, a ponto de realizar feitos miraculosos, é uma aberrante contradição, uma impossibilidade moral.
Os crentes «…espirituais…», de conformidade com o uso que Paulo fez desse vocábulo, eram os crentes «experientes», espiritualmente maduros, segundo se lê em I Cor. 2:6. Já os «carnais», em contraste com isso, eram os, que davam excessivo valor à sabedoria «humana», conforme a menção e os comentários existentes em I Cor. 1:18,19;21 e 2:1,4,5.
A sabedoria humana, em sua exaltação por parte dos retóricos e sofistas cristãos, que abundavam na igreja de Corinto, é que havia causado as lamentáveis divisões que Paulo repreende com tanta severidade nesta epístola. Príncipes se encontravam entre os sábios deste mundo; mas esses são inteiramente despidos da sabedoria divina, tendo cometido o pior de todos os crimes da humanidade, a saber, a crucificação do Senhor Jesus.
E poderiam crentes verdadeiros imitar tal sabedoria, provocando assim tão desgraçadas divisões no seio do cristianismo? Tal possibilidade pareceria inconcebível, mas era exatamente o que aquela gente tinha feito. Dessa maneira, se tinham desqualificado a si mesmos como crentes «espirituais». Antes, eram imaturos, crianças na fé. Eram crentes «carnais», o que significa que não eram necessariamente destituídos da presença do Espírito Santo, e, sim, que não eram controlados por ele, conforme supunham, e, sim, pela carne. Não tinham ainda atingido a plenitude da experiência espiritual, apesar de se julgarem supremamente espirituais. Todas as suas supostas elevadas experiências espirituais, portanto, eram fraudulentas.
A palavra «carnal», em sua definição básica, significa simplesmente «da carne e do sangue», não indicando, necessariamente, qualquer qualidade ética inferior. Mas o homem que é dominado por seus desejos inferiores, que se originam da mera mortalidade, como as concupiscências, as paixões, a busca pela fama, pela exaltação pessoal, etc. (tudo o que caracterizava certo grupo de crentes da igreja de Corinto, conforme se lê na primeira e na segunda epístolas aos Coríntios), se torna «eticamente carnal, e não apenas metafisicamente carnal. Isso significa que pouco se conhece sobre o predomínio do «princípio espiritual», também chamado «princípio celestial», que faz com que um homem se torne um crente espiritual. Essa palavra, pois, significa: 1. Pertencente à ordem das coisas terrenas, «materiais», sem ou com algum conteúdo ético. (Ver o trecho de I Cor. 9:11 quanto ao uso dessa palavra, sem qualquer conteúdo moral).
2. Pode também significar «composto de carne», que é uma referência ao corpo humano. (Ver I Pol. 2:2).
3. Finalmente, pode significar pertencente ao reino da carne, isto é, algo débil, pecaminoso e transitório, em contraste com o reino espiritual. (Ver I Cor. 3:4 e I Ped. 2:11). Nesse caso entra o elemento ético, o que mostra que o adjetivo «carnal» significa pecaminoso, controlado por princípios errôneos.
Portanto, por si mesma, essa palavra pode aplicar-se à totalidade dos homens não-regenerados, a todos os homens, como seres .humanos mortais, ou aos crentes carnais. Essa é a aplicação que esse vocábulo tem no presente texto. As pessoas a quem Paulo se referiu não estavam subordinadas à «lei superior» dos céus, mas permaneciam verdadeiros filhos deste mundo terreno. Com isso se pode comparar a afirmativa de Paulo, em Rom. 7:14, em que ele se declara que fora «carnal, vendido ao pecado». Isso é menção à carnalidade que controla o crente infantil, o que abafa as influências espirituais superiores em sua pessoa.
No N.T. grego existem duas palavras extremamente similares, «sarkinos» e «sarkikos». Nem mesmo no grego clássico esses dois termós são distinguidos claramente, e muito menos ainda no grego «koiné». «Sarkinos» é a palavra que aparece neste texto. «Sarkikos» figura em Rom. 7:14; 15:27 e outros trechos. Os manuscritos confundem os dois vocábulos, usando-os como sinônimos. (Ver a iiota textual que as segue).
«… crianças em Cristo …»A palavra grega aqui traduzida por «crianças» é «nepios». Esse vocábulo usualmente indica alguém que ainda não sabe falar (derivado de «ne», o negativo, e de «epos», palavra), ou seja, uma criança tão pequena que ainda não aprendeu a falar, isto é, com menos de dois anos de idade. Notemos, pois, quão severa é a repreensão de Paulo. Eram virtuais «recém-nascidos», como crentes, totalmente destituídos de outras experiências cristãs válidas. Eram crentes imaturos, sem espiritualidade, embora se julgassem altamente espirituais. Paulo os põe em antítese com «experimentados», isto é, os crentes maduros, em I Cor. 2:6, que é uma de suas descrições acerca dos crentes «espirituais». Paulo se utilizou da palavra «crianças», algumas vezes, em sentido depreciativo, conforme vemos em Rom. 2:20; Gál. 4:3 e Efé. 4:4. Em diversas referências literárias se verifica que esse termo era empregado para indicar os noviços nas escolas, os prosélitos recentes de alguma religião. Paulo gostaria de ter-lhes escrito uma mensagem como aquela que encontramos na epístola aos Efésios, um tratado profundo sobre as questões espirituais; mas isso lhe era impossível, porquanto se dirigia a pessoas que eram principiantes na fé cristã, que se admiravam ante a sabedoria humana, e não por causa da sabedoria divina.
«Eram pessoas convertidas, mas tinham um entendimento infantil, no conhecimento e na experiência; tinham bem pouco discernimento quanto às coisas espirituais, e não possuíam ainda habilidade na palavra da justiça». (John Gill, in loc.).
«É extremamente comum que pessoas de conhecimento e compreensão muito moderados se mostrarem excessivamente convencidas. O apóstolo atribuiu sua ínfima eficiência, no conhecimento do cristianismo, como uma das razões pelas quais ele não lhes podia transmitir mais profundas verdades». (Matthew Henry, in loc.).
O vocábulo grego aqui usado para indicar «…carnais…» é «sarkikoi», e não «sarkinoi», conforme se lê no primeiro versículo deste capítulo, ainda que alguns manuscritos apresentem a mesma palavra também nesse primeiro versículo. (Ver as notas textuais e os comentários a respeito desse primeiro versículo). Alguns eruditos pensam que «sarkikoi» é termo mais fraco que «sarkinois»; porém, o leitor que acompanhar as referências dadas em um bom léxico grego ou concordância grega, ficará convencido de que ambas essas palavras eram frequentemente usadas para dar a entender a mesma coisa, porquanto são sinônimos entre si. É bem provável, pois, que Paulo tenha usado essas palavras como termos intercambiáveis.
A segunda menção do termo grego sarkikoi neste versículo (onde essa palavra é empregada por duas vezes), é alterada, em alguns manuscritos gregos, para «sarkinoi». Assim dizem os mss P(46), D(1)G, o que certamente mostra que, para muitos escribas antigos, não havia diferença apreciável entre essas palavras. Portanto, a suposta distinção feita por alguns estudiosos, os quais dizem que o final «inos» denota uma relação «material», ao passo que o término «ikos» envolve uma relação «ética», é uma distinção artificial, tanto quanto ao uso real dessas palavras como quanto ao sentido dessas palavras. Diversas outras interpretações estabelecem diferenças quanto a esses vocábulos gregos, mas nenhuma delas é convincente. Assim é que alguns eruditos pensam que «sarkinoi» significa «totalmente da carne», ao passo que «sarkikoi» significaria «dominado pela carne», embora restem ainda alguns elementos espirituais presentes nos indivíduos assim qualificados. Contudo, não é provável que Paulo tenha dito uma coisa, no primeiro versículo, para então, logo adiante, no nosso atual versículo terceiro, ter dito outra, mais suave. Simplesmente Paulo usou esses termos como sinônimos intercambiáveis.
«….ciúmes…» Essa palavra, no original grego, «zelos», pode significar «zelo», «ardor», não sendo má por si mesma. (Ver II Cor. 9:2; Fil. 3:6; Luciano, Adv. Ind. 17: I Macabeus 2:58). Esse é o vocábulo grego do qual se derivou a nossa «inveja», «ciúme», tal como em Plur. Thess. 6:9; Atos 5:17; 13:45; Rom. 13:13; II Cor. 12:20 e Gál. 5:20. Nesta última referência, o «ciúme» é alistado como uma das «obras da carne», isto é, um dos resultados da pervertida carnalidade do homem, em contraste com o «fruto do Espírito», o qual produz a transformação moral do crente segundo a imagem de Cristo. Por conseguinte, a inveja é aqui pintada através do mau sentido de «zelo» ou «ardor», provocado pela criação de facções, alicerçadas na adoração a «heróis» humanos. Porém, Cristo é o único verdadeiro «herói» da igreja cristã; e, assim sendo, adorar ou venerar a quem quer que seja equivale à idolatria, furtando algo da glória de Cristo.
«…contendas…» Essa palavra tem por sinônimos «discórdia», «querelas», «dissensão». (Ver Fil. 1:15; Tito 3:9; I Cl. 35:5; 46:5 e Tito 3:9). Essa palavra aparece na lista dos muitos vícios que caracterizavam os pagãos, que haviam abandonado o conhecimento de Deus, segundo se aprende em Rom. 1:29. Portanto, os crentes de Corinto agiam como homens ainda sujeitos às obras da carne (ver Gál. 5:20), como pagãos que ainda não conheciam a Cristo. No entanto, ao mesmo tempo, se exaltavam como elementos altamente espirituais, ufanando-se no uso extraordinário dos dons espirituais. A estimativa que deles fazia o apóstolo Paulo, contudo, era inteiramente diferente disso. Aquele que é verdadeiramente espiritual deve demonstrar o fruto do Espírito, exercendo predomínio sobre as obras da carne. Devemos observar que essa palavra, aqui traduzida por «contidas», também aparece na lista de Gál. 5:20, como obra da carne, aparecendo ali imediatamente antes de «ciúmes». É possível que esses dois defeitos de caráter tenham alguma conexão vital. As contendas começam quando surge a inveja no coração.
«As contendas são o resultado exterior do sentimento invejoso. (Ver Gál. 5:20; Clemente Rom. Cor. 3)». (Robertson e Plummér, in loc.).
«..e andais segundo o homem? …» Isto é, de conformidade como o homem de inclinações «carnais», o homem controlado pelos apetites da natureza carnal. Paulo estabelecia aqui o contraste com o homem «espiritual», referido no primeiro versículo deste capítulo, que ele definiu como «experimentado» ou maduro (ver I Cor. 2:6). Aqueles crentes de Corinto, embora inchados com pensamentos de uma espiritualidade superior, na realidade eram homens controlados pelas paixões carnais, tal como qualquer outra pessoa deste mundo.
Variante Textual·.
Ao invés das palavras: «.. .segundo o homem…», alguns manuscritos dizem «segundo a carne» (no grego, «sarkikoi»), fazendo com que este versículo apresente essa expressão por três vezes. Mas isso é apenas uma tentativa escribal de esclarecer o que Paulo queria dizer com as palavras «segundo o homem», que alguns escribas devem ter imaginado que não seriam compreendidas .Essa modificação aparece nosmssD(l)FG,eem alguns outros textos posteriores).
A operação autenticado Espírito Santo derrota os impulsos carnais na experiência do crente. (Ver Rom. 8:3 e ss.). Os crentes de Corinto, pois, não contavam com uma autêntica operação do Espírito de Deus em suas vidas.
Por causa disso, tinham perdido de vista a glória de Deus, na pessoa de Cristo, substituindo-a pelo orgulho e pela vangloria humanos. Viviam na carne, e não no Espírito; e estavam completamente equivocados quanto a essa questão. Ê admirável como os facciosos, provocadores de divisões entre os irmãos na fé, alicerçados sob questões imaginárias, podem continuar a pensar que são os melhores e mais espirituais elementos de sua comunidade, chegando até a convencer disso a terceiros. Tudo não passa de um colossal ludibrio, que atinge tanto aos enganadores como aos enganados.
«‘Andais como homens’, isto é, como homens sem regeneração. (Comparar com Mat. 16:23). ‘Segundo a carne e não segundo o Espírito’, conforme sucede aos regenerados pelo Espírito. (Ver Rom. 8:4 e Gál. 5:25,26)». (Faucett, in loc.).
Com essas palavras se pode comparar os trechos de Rom.3:5; 15:5 e Gál. 1:2, onde lemos «segundo Jesus Cristo», quanto ao caráter dessa maneira de andar, o que também é um contraste com a maneira carnal de viver. Pois aquele que anda como Cristo andou, segundo Jesus Cristo, só pode fazê-lo por meio do Espírito de Deus.
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por
versículo. Editora Candeias.
Paulo censura os coríntios pela fraqueza e incompetência deles. Aqueles que são santificados somente o são em parte: ainda há lugar para crescimento e aumento na graça e no conhecimento (2 Pe 3.18). Aqueles que são renovados pela graça divina para uma vida espiritual, ainda podem ser defeituosos em muitas coisas. O apóstolo lhes diz que “não lhes pôde falar como a espirituais, mas como a carnais, como a meninos em Cristo” (v. 1). Eles estavam tão longe de basear suas máximas e medidas sobre o chão da revelação, e entrar no espírito do Evangelho, que se tornou muito evidente que eles estavam sob o controle das inclinações corruptas e carnais.
Eles ainda eram meros bebês em Cristo. Eles haviam recebido alguns dos primeiros princípios do cristianismo, mas não haviam crescido até a maturidade de entendimento neles, ou de fé e de santidade; e ainda está claro, por diversas passagens nesta epístola, que os coríntios eram muito orgulhosos de sua sabedoria e conhecimento.
Note que é muito comum para pessoas de entendimento e conhecimento muito restritos terem uma grande medida de orgulho próprio. O apóstolo assinala a pouca competência que eles têm no conhecimento do cristianismo como uma razão pela qual ele não lhes havia comunicado mais das suas coisas profundas. Eles não podiam suportar tal comida, eles precisavam ser alimentados com leite, não com carne (v. 2). Note que é tarefa do fiel ministro de Cristo estudar a capacidade de entendimento de seus ouvintes e ensinar-lhes o quanto eles puderem suportar. E também é natural que os bebês cresçam até se tornarem homens; e bebês em Cristo devem se empenhar em crescer em estatura e tornar-se homens em Cristo.
Espera-se que seu desenvolvimento no conhecimento seja proporcional aos seus recursos e oportunidades, e ao tempo da profissão da sua religião, que eles possam ser capazes de suportar discursos sobre os mistérios de nossa religião, e não descansar sempre em coisas simples e claras. Era uma vergonha para os coríntios que eles tivessem se sentado tanto tempo sob o ministério de Paulo e não tivessem feito progresso significativo no conhecimento cristão. Observe que os cristãos são totalmente culpados se não se empenham em crescer na graça e no conhecimento.
Ele os censura por sua carnalidade, e menciona sua disputa e discórdia acerca de seus ministros como evidência dela: “porque ainda sois carnais, pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois, porventura, carnais e não andais segundo os homens?” (v. 3). Eles mantinham rivalidades mútuas e rixas e facções entre eles, por conta de seus ministros, “porque, dizendo um: eu sou de Paulo; e outro: eu, de Apoio; porventura, não sois carnais?” (v. 4). Essas são provas de que eram carnais, que inclinações e interesses carnais os controlavam. Note que rivalidades e rixas sobre a religião são tristes evidências de carnalidade remanescente.
A verdadeira religião torna os homens pacíficos e não contenciosos. Os espíritos de divisão atuam com base nos princípios humanos, não nos princípios da religião verdadeira; eles são guiados por seu próprio orgulho e paixões, e não pelas regras do cristianismo: “não andais segundo os homens?” Note que é para lamentar-se que muitos que deveriam se comportar como cristãos, isto é, acima da média dos homens, andam realmente como homens comuns, e vivem e se comportam exatamente como os outros homens.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE Edição completa. Editora CPAD
Nem mesmo o dom de línguas, desacompanhado de interpretação, deixa de ter seu devido propósito. As línguas podem servir de meio de edificação própria, no nível da alma, ainda que a mente não entenda o que é dito. As línguas são um meio de entrarmos em contacto com o divino, ainda que o conhecimento não se beneficie. As experiências místicas, até mesmo aquelas da mais elevada ordem, geralmente são inefáveis, isto é, sua natureza e seus resultados não podem ser bem expressos verbalmente. Não obstante, tais experiências produzem um efeito «purificador», um efeito elevador, um efeito até mesmo transformador.
É óbvio que isso beneficia a pessoa envolvida; contudo, trata-se de um benefício de natureza egoísta, a despeito de ser aprovado e desejado pela vontade divina. Por essa mesma razão é que o apóstolo dos gentios jamais proibiu que se falassem em línguas (ver o trigésimo nono versículo deste capítulo), ainda que tivesse recomendado que as línguas, sem interpretação, não fossem usadas na adoração pública (ver os versículos vigésimo sétimo e vigésimo oitavo deste capítulo). As línguas particulares seriam altamente benéficas para cada crente, porquanto nada há de errado com a alma que se comunica com Deus, ainda que o intelecto não tire proveito. No entanto, os crentes de Corinto apreciavam o caráter teatral das línguas, e lhe davam preferência acima da profecia, conforme este capítulo inteiro deixa subentendido. Esse foi o «abuso» que Paulo procurou corrigir.
O dom profético, em contraste com as línguas, é uma manifestação de natureza altruísta; portanto, está mais conforme ao grande princípio do amor cristão (altruísmo puro), segundo Paulo havia demonstrado no décimo terceiro capítulo desta epístola. Esse exaltado princípio do amor cristão é que deve governar todas as atividades da igreja cristã; portanto, em uma comunidade cristã bem orientada pelo Senhor, o dom profético terá proeminência sobre as línguas. A profecia é tão mais importante que o dom de línguas como a edificação da congregação inteira é mais importante que a edificação de uma única pessoa.
Acerca do benefício do dom de línguas, comenta
Findlay (in loc.): «A impressão causada sobre aquele que fala em línguas, por
sua ejaculação verbal, visto tudo suceder em um arrebatamento, e sem concepção
clara (ver o décimo segundo versículo e ss.), deve ser vaga; mas isso confirma
poderosamente a sua fé, porquanto deixa um senso permanente de possessão do
Espírito de Deus (comparar com II Cor. 12:1-10). Nossos mais profundos
sentimentos entram na mente abaixo da superfície do consciente».
CHAMPLIN, Russell Norman, O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Editora Candeias.
Ele apresenta as razões dessa preferência. E é digno de nota que ele somente compare o profetizar com o falar em línguas. Parece que esse era o dom com o qual os coríntios principalmente se valorizavam a si mesmos. Isso era mais ostentação do que a clara interpretação das Escrituras, mais adequado para satisfazer o orgulho, porém menos adequado para buscar os propósitos da caridade cristã; ele não edificaria da mesma forma, nem faria bem à alma dos homens.
Pois: 1. Aquele que falava em línguas devia falar unicamente entre Deus e si mesmo; pois, quaisquer mistérios que pudessem ser comunicados em suas línguas, nenhum de seus conterrâneos poderia entendê-los, porque eles não entendiam a língua (v. 2). Note que o que não puder ser entendido nunca poderá edificar. Não se pode tirar vantagem alguma dos mais excelentes discursos, se pronunciados em uma língua ininteligível, que o público não consegue falar nem entender; mas, aquele que profetiza fala para a vantagem de seus ouvintes; eles podem lucrar com seu dom. A interpretação da Escritura será para a sua edificação; eles podem ser exortados e confortados por ela (v. 3). E de fato, esses dois devem caminhar juntos. A obediência é o modo correto de confortar; e aqueles que são confortados devem tolerar ser exorta dos. 2. 0 que fala em línguas pode edificar-se a si mesmo (v. 4). Ele pode entender e ser afetado por aquilo que fala; e assim cada ministro deve fazê-lo; e aquele que mais se edifica a si mesmo está disposto e em bom estado para fazer bem a outros pelo que ele fala; mas, aquele que fala em línguas, ou em linguagem desconhecida, somente pode edificar-se a si mesmo; outros não podem aproveitar nenhum benefício de sua fala.
Ao passo que a finalidade do falar na igreja é a edificação da igreja (v. 4), à qual se adapta o profetizar, ou o interpretar as Escrituras por inspiração ou de outra maneira. Note que é o dom mais desejável e vantajoso, que melhor responde aos propósitos da caridade e realiza o melhor bem; não que ele possa somente nos edificar, mas que também edificará a igreja. Tal é a profecia, ou a pregação, e a interpretação da Escritura, comparada com o falar em uma língua desconhecida. 3. De fato, nenhum dom deve ser desprezado, mas deve-se preferir os melhores. “E eu quero, diz o apóstolo, que todos vós faleis línguas estranhas, mas muito mais que profetizeis” (v. 5). Cada dom de Deus é um favor de Deus, e pode ser melhorado para a sua glória, e como tal deve ser valorizado e recebido com gratidão; mas então, devem ser mais valorizados os que forem de maior utilidade, “…porque o que profetiza é maior do que o que fala línguas estranhas, a não ser que também interprete, para que a igreja receba edificação” (v. 5).
A benevolência torna um homem verdadeiramente grande. Mais bem-aventurada coisa é dar que receber. E é verdadeira magnanimidade estudar e procurar ser útil aos outros, mais do que aumentar a admiração e ganhar a estima deles. Tal homem tem uma grande alma, copiosa e difundida na proporção de sua benevolência e inclinada na mente para o bem público. O que interpreta a Escritura para edificar a igreja é maior do que aquele que fala línguas para recomendar-se a si mesmo. E não é fácil dizer que outra finalidade o que falava em línguas podia ter, a menos que interpretasse o que falava. Note que contribui mais para a honra de um ministro o que é mais para a edificação da igreja, e não o que mostra mais vantagem. Ele age em uma estreita esfera, enquanto tem por alvo a si mesmo; mas seu espírito e caráter crescem em proporção à sua utilidade, quer dizer, sua própria intenção e esforço em ser útil.
HENRY. Matthew. Comentário Matthew Henry Novo Testamento ATOS A APOCALIPSE
A profecia edifica a igreja (14.4-6). Como a profecia é entendida pelos homens, ela edifica a igreja (4). Falar em línguas desconhecidas serve apenas para fortalecer o indivíduo. Entretanto, Paulo não proíbe completamente esta prática: Quero que todos vós faleis línguas estranhas (5). O verbo quero, ou desejo (thelo), “não expressa uma ordem, mas uma concessão sob a forma de um desejo improvável de ser realizado (cf. 7.7)”.80 Quanto a essa declaração, Bruce escreve: “E provável que Paulo receasse ter ido muito longe ao rejeitar as línguas. Portanto, ele deixa claro que não está proibindo as línguas, mas insistindo na superioridade da profecia”. Como era difícil fazer a distinção entre um dom válido de falar em línguas, ou a legítima expressão de um desejo de êxtase espiritual, e uma inválida expressão de alegria pessoal, Paulo preferiu não proibir o falar em línguas. Entretanto ele indica, de forma rápida e distinta, que o dom de profecia é superior: …mas muito mais que profetizeis.
O critério de avaliação de qualquer dom é o seu valor para a igreja. Mesmo quando Paulo faz a concessão do falar em línguas, ele imediatamente insiste que seu valor é menor que a profecia, a não ser que elas sejam interpretadas para que a igreja receba edificação (5). As palavras a não ser que também interprete “não se referem à particular interpretação de uma mensagem transmitida em línguas, mas ao dom permanente da interpretação… Paulo tem em vista uma pessoa que recebeu dois dons, o de falar em línguas e o de ter a sua interpretação”. Dessa forma, o apóstolo indica que qualquer glossolalia deveria ser interpretada para fortalecer a congregação.
Quando Paulo faz alusão à sua futura visita a Corinto, ele novamente faz da edificação da igreja o critério pelo qual se estabelece o valor dos dons do Espírito: Que vos aproveitaria, se vos não falasse ou por meio da revelação, ou da ciência, ou da profecia, ou da doutrina? (6)
Donald S. Metz. Comentário
Bíblico Beacon
Paulo, continuando suas admoestações, reporta-se mais uma vez ao seu grande salmo em louvor ao amor: Buscai o amor! Esta deve ser a maior preocupação deles, pois, como expressa certo comentarista: O amor é a patroa; os demais dons espirituais são servos, criados. Por isso, enquanto continuam no empenho proposital de ir após o amor, os coríntios deviam lutar com dedicação pelos dons espirituais, sendo o uso de todos eles, em sua dedicação à congregação, regulado pelo padrão estabelecido pelo amor.
E neste sentido o dom da profecia está acima dos demais, pois seu objetivo principal foi ensinar e instruir outros nas coisas de sua salvação. Deviam cobiçar este dom mais do que todos os outros, até mais do que o de línguas, que naturalmente fazia uma profunda impressão sobre os coríntios e era considerado especialmente desejável.
O apóstolo dá os motivos de sua preferência: Pois aquele que fala em língua, incitado pelo Espírito nalguma língua estranha, em especial se isto acontece no culto público, então ele não fala a pessoas, mas a Deus. As pessoas não têm benefício do seu falar, porque não conseguem entendê-lo.
Ouvem os sons de sua voz, mas não têm qualquer idéia sobre o significado de sua elocução, visto que no espírito fala ministérios, os segredos de Deus continuam encobertos, ocultos aos ouvintes, e provavelmente também a quem fala. Doutro lado, aquele que profetiza, a pessoa que tem o dom da profecia, de fato fala às pessoas. Sua fala, sendo por eles entendida, serve como meio de comunicação; Comunica-lhes ideias, edificação e exortação e consolo. A fala daquele que profetiza serve para fazer os cristãos crescer em conhecimento, promovendo assim o progresso da igreja. Ela os admoesta, os estimula para se aplicarem mais sinceramente ao seu dever cristão.
Dá-lhes força e consolo espiritual quando estão em perigo de serem dominados pelo medo. Esse, pois, é o propósito principal do culto público, que a Palavra de Deus seja pregada e aplicada, que as pessoas possam entender o que é dito e sejam edificadas, admoestadas e confortadas. Este objetivo não é alcançado no caso daquele que fala em língua. Na melhor das hipóteses ele edifica a si mesmo, enquanto que aquele que profetiza edifica a assembleia da igreja. Era fato que aquele que falou em línguas foi confirmado em sua fé, visto que deve ter sentido o poder do Espírito, o qual fez uso de sua boca com um instrumento de sua declaração. Foi, porém, o único que foi atingido desta forma, enquanto que no caso daquele que profetizou a congregação reunida recebeu o benefício.
Paulo, fazendo esta afirmação, não quer se entendido erradamente como se subestimasse o valor do dom de línguas: Não obstante desejar que todos vós falásseis em línguas, desejo muito antes que profetizásseis. Desta forma ele não faz quaisquer medíocres concessões aos coríntios, mas está bem consciente do fato que o dom de línguas poderia ter uma profunda impressão sobre um ímpio que chegasse à reunião deles e que poderia abrir caminha para sua conversão. Mas sabe, devido ao uso efetivo e prático, que o dom da profecia deve ser preferido. Além disso, aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas. Ocupa uma posição de maior utilidade e por isso também de maior dignidade, a não ser que, aquele que fala em línguas tem também, ao mesmo tempo, o dom e a capacidade de interpretar suas extáticas elocuções, de forma que todas as pessoas possam entendê-lo e a congregação receba, desta forma, edificação.
Numa pergunta dirigida a todos eles, Paulo à sua decisão sobre o assunto: Agora, porém, irmãos, sendo tal a situação atual em Corinto, se viesse a vós falando em línguas, que proveito, que ajuda vos seria, se não vos falasse em revelação, ou em sabedoria, ou em profecia, ou em ensino? Se Paulo tivesse sido só um orador em línguas, e incapaz para interpretar os mistérios que o Espírito Santo exprimia através de sua boca, então o seu trabalho evidentemente não teria tido qualquer valor, a não ser que ele, de fato, se pudesse fazer entender por meio duma fala inteligível, em revelação e profecia, pelo ensino dos grandes mistérios que compreendeu, trazendo juntos tanto o conhecimento como a doutrina. A profecia se refere a fatos particulares, para cuja compreensão era precisa luz adicional, a mistérios que só por revelação podiam ser conhecidos. Doutrina e conhecimento foram deduzidos do credo dos cristãos e foram usados para confirmar os cristãos no assunto de sua salvação. Este apelo ao senso comum dos coríntios não podia deixar de convencê-los da verdade do argumento de Paulo, visto que sabiam que ele sempre buscou o bem-estar espiritual deles, e não sua própria satisfação e edificação espiritual.
KRETZMANN. Paul E. Comentário Popular da Bíblia Novo Testamento. Editora
Concordia Publishing House.
Pr. Fabio Segantin apresenta a aula:
O Propósito dos Dons Espirituais. Inscreva-se, Curta, Compartilhe e deixe o seu comentário. Conto com sua interação para que novos vídeos sejam inseridos aqui no canal. Deus abençoe a sua vida!
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