OBJETIVO
GERAL
Expor os
dons que fazem parte da categoria dos dons de revelação.
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS
Abaixo os
objetivos específicos referem-se ao que o professor deve atingir em cada
tópico. Por exemplo, o objetivo I refere-se ao tópico I com seus respectivos
subtópicos
I
– Conceituar o dom da palavra da sabedoria;
II – Explicar o dom da palavra da ciência;
III – Refletir a respeito do dom de discernimento dos espíritos.
Tento Áureo
“Que fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada
um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação. Faça-se tudo para edificação.”
(1 Co 14.26)
Verdade
Prática
Os dons de revelação divina são indispensáveis à
igreja da atualidade, pois vivemos em um tempo marcado pelo engano.
LEITURA BÍBLICA EM CLASSE
1 Coríntios 12.8,10; Atos 6.8-10; Daniel
2.19-22
1
Coríntios 12
8 – Porque o um, pelo Espírito, é dada a
palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência;
10 – e a outro, a operação de maravilhas; e a outro, a profecia; e a outro, o
dom de discernir os espíritos; e a outro,
a variedade de línguas; e a outro, a interpretação das línguas.
Atos
6
8 – E Estêvão, cheio de fé e de poder,
fazia prodígios e grandes sinais entre o povo.
9 – E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos Libertos, e dos
cireneus, e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Ásia, e disputavam
com Estêvão.
10 – E não podiam resistir à sabedoria e ao Espírito com que falava.
Daniel
2
19 – Então,
foi revelado o segredo a Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do
céu.
20 – Falou Daniel e disse: Seja bendito o nome de Deus para todo o sempre,
porque dele é a sabedoria e a força;
21 – ele muda os tempos e as horas; ele remove os reis e estabelece os reis;
ele dá sabedoria aos sábios e ciência
aos inteligentes.
22 – Ele revela o profundo e o escondido e conhece o que está em trevas; e com
ele mora a luz.
INTERAGINDO COM O PROFESSOR
Prezado professor,
nesta lição estudaremos a respeito dos dons de revelação. Estes dons são
concedidos à Igreja a fim de que ela seja edificada.
Estamos vivendo “tempos trabalhosos”,
necessitamos da sabedoria que vem do alto, do poder de Deus. Durante
o preparo da lição, ore, peça que o Senhor conceda aos seus alunos os dons
de revelação.
Siga o
exemplo de Paulo, pois sua oração em favor dos crentes de Éfeso era: “Para que
o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos dê em seu conhecimento o
espírito de sabedoria e de revelação” (Ef 1.17). Deus deseja nos outorgar os
dons de revelação, afim de que sejamos edificados e jamais venhamos a cair nas
astutas ciladas do Maligno.
PONTO CENTRAL
Os dons de revelação servem para a orientação da Igreja de
Cristo.
INTRODUÇÃO
O teólogo pentecostal Stanley Horton
afirma que “a maioria dos estudiosos classifica os dons de 1 Coríntios
12.8-10 em três categorias: revelação, poder e expressão, [tendo] três
dons em cada categoria”. Na lição desta semana estudaremos a respeito
dos dons da “primeira categoria”:
os de revelação. Estes são concedidos aos servos de
Deus para o aconselhamento e orientação da Igreja do Senhor.
ORIENTAÇÃO PEDAGÓGICA
Professor, reproduza no quadro o esquema da página
seguinte. Utilize-o para introduzir a lição, pois a partir desta
estudaremos detalhadamente os dons, então é importante que os alunos conheçam a
classificação geral dos nove dons
descritos no capítulo 12 de 1 Coríntios.
Ao explicar o quadro, ressalte a semelhança que existe entre os respectivos dons. Conclua explicando que todos os dons, independentemente da sua classificação, são importantes e necessários para a edificação do Corpo de Cristo.
CPAD – Dons Espirituais e Ministeriais – Servindo à Deus e
aos Homens com Poder Extraordinário
| Lição 03: Dons de Revelação
“Q |
ue fareis, pois, irmãos? Quando vos ajuntais, cada
um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem
interpretação. Faça-se tudo para edificação” (1 Co. 14.26).
Os dons de revelação constituem parte
da revelação de Deus, concedida ao homem salvo, para que, por eles, a “multiforme
sabedoria” divina seja manifestada no meio da Igreja, e os crentes em Jesus
sejam protegidos das sutilezas do Adversário e das maquinações humanas contra a
fé cristã.
Sem a presença física de Cristo, após sua
Ascensão aos céus, os sal vos, reunidos em igrejas locais, precisam, de
maneira indispensável, dos dons espirituais, tanto para cumprirem a Missão
confiada por Cristo, quanto para lutar e vencer “as hostes espirituais da
maldade nos lugares celestiais” (E f 6.12). Sem eles, a igreja local não passa
de uma comunidade humana, uma associação religiosa, como um “vale de ossos”,
transformados em corpos com tecidos humanos, mas sem vida. Tem estruturas
humanas, ministeriais, denominacionais, intelectuais, políticas e
administrativas, mas não tem o poder de Deus em sua vida institucional. Os
dons espirituais propiciam a provisão divina para a igreja cumprir a sua
missão, concedida por Cristo, de proclamar o evangelho por todo o mundo e a
toda a criatura.
Dentre esses, os chamados “dons de revelação”
aparecem como categoria de grande valor e necessidade, no meio das igrejas
locais. No tempo de Paulo, havia confusões, mistificações doutrinárias, ensinos
heréticos e tantos outros tipos de informações, que chegavam aos ouvidos dos
crentes, que muitos se desviaram, iludidos pelos “ventos de doutrina” (Ef
4.14). O gnosticismo ameaçava a integridade da fé cristã. Os judaizantes
queriam impor seus ensinos legalistas e ultrapassados. A igreja precisava de
recursos espirituais sobrenaturais para não ser esmagada pelas heresias, muitas
delas travestidas de verdades absolutas. Só a revelação de Deus, manifestada de
forma incisiva, poderia evitar a derrocada do cristianismo.
E, nos dias presentes, será que não há
necessidade da revelação especial de Deus, através de sua palavra e de dons ou
carismas que façam a diferença, para que os cristãos saibam discernir o “joio
do trigo”? Certa mente hoje, mais do que nunca, a igreja de Jesus, em toda a parte,
neces sita desses recursos. Os dons de revelação podem identificar a origem,
os meios e os propósitos de muitas falsas doutrinas que surgem a cada dia, no
meio evangélico. Pela revelação sobrenatural, pode-se desmascarar os falsos
pastores, os “obreiros fraudulentos”, “de torpe ganância” .
I - PALAVRA DA SABEDORIA (1 CO 12.8)
É parte da sabedoria de Deus, com a finalidade
de propiciar enten dimento, na ministração da palavra ou pregação; é de grande
valor na tarefa de aconselhamento, em situações que demandam uma orienta ção
sábia, notadamente no ministério pastoral. E de fundamental im portância no
exercício da liderança, da administração eclesiástica, na separação de
obreiros, ultrapassando os limites do saber intelectual ou humano. Jesus agradeceu
ao Pai por essa revelação: “Naquela mesma hora, se alegrou Jesus no Espírito
Santo e disse: Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque
escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes e as revelaste às
criancinhas; assim é, ó Pai, porque assim te aprouve” (Lc 10.21).
“Esse dom proporciona, pela operação do
Espírito Santo, uma compreensão (cf. E f 3.4) da profundidade da sabedoria de
Deus, ensinando a aplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões no serviço do
Senhor, e a expô-la a outros, de modo a ser bem entendida”.1 Quando os que
dirigem a igreja local contam com esse dom, dispõem de uma diversidade de
serviços ou ministérios que dinamizam o trabalho da igreja (1 Co 12.28) e a
edificação da igreja é feita com sabedoria (1 Co 3.10). Quando surgem
problemas, no meio da congregação, as soluções são encontradas com a ajuda do
Espírito Santo (At 6.1-7; 15.11-21).
Paulo recebeu essa visão, de que há uma
sabedoria sublime, quando escreveu aos coríntios, dizendo: “Mas, como está
escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao
coração do homem são as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las
reve lou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda
as profundezas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o
espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus,
senão o Espírito de Deus” (1 Co 2.9-11).
Essa sabedoria é de altíssimo nível, e
transcende os limites da sabedoria natural ou humana. Não se adquire nas
escolas seculares, nem também nas escolas teológicas ou filosóficas. Ela é
concedida por Deus, a quem Ele quer, visando atender à necessidade da igreja,
ou individual, de algum servo ou serva sua, principalmente em ocasiões em que o
saber natural é insuficiente para a tomada de decisões, ou resoluções difíceis.
No Antigo
Testamento, temos alguns exemplos marcantes dessa revelação da sabedoria de
Deus. Vemos tal sabedoria na construção do Tabernáculo (Êx 36.1,2). José, filho
de Jacó, teve momentos especiais em sua vida, em que demonstrou ter a sabedoria
concedida por Deus, em situações extrema mente significativas. Na prisão,
interpretou sonhos de servos de Faraó, os quais se cumpriram plenamente.
Chamado ao palácio real, diante de todos os sábios, adivinhos e conselheiros do
rei, interpretou os sonhos proféticos que Deus concedera ao monarca egípcio, e,
ainda por cima, deu instruções e consultoria gratuita sobre planejamento,
economia, contabilidade e finanças a Faraó. Se não fosse a sabedoria do
Espírito de Deus, jamais o jovem hebreu teria tamanha capacidade para
interpretar os misteriosos sonhos das vacas gordas e das vacas magras, e foi
elevado à posição de Governador do Egito (cf. Gn 41.14-41).
A proverbial
sabedoria de Salomão era, sem dúvida alguma, manifestação da sabedoria de
Deus, para a resolução de “causas impossíveis”. O caso das duas mulheres, que
disputavam a mesma criança demonstra tal capacidade, proveniente do Espírito de
Deus (1 Rs 3.16-28). Antes de desviar-se dos caminhos do Senhor, em sua
velhice, Salomão foi um exemplo como beneficiário da sublime sabedoria de Deus.
“E deu Deus a Salomão sabedoria, e muitíssimo entendimento, e largueza de
coração, como a areia que está na praia do mar. E era a sabedoria de Salomão
maior do que a sabedoria de todos os do Oriente e do que toda a sabedo ria dos
egípcios” (1 Rs 4.29,30).
Em o Novo Testamento, há diversas referências
quanto à aplicabilidade dessa sabedoria divina. Paulo exorta aos colossenses a
que saibam transmitir a palavra aos ouvintes, dizendo: “Andai com sabedoria
para com os que estão de fora, remindo o tempo. A vossa palavra seja sempre
agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a
cada um” (Cl 4.5,6). A falta dessa sabedoria de Deus pode causar graves prejuízos
à pregação do evangelho. Há pregadores, que usam o púlpito, em eventos
evangelísticos, de maneira arrogante e prepotente. Houve um que dizia, para uma
grande multidão, que os pastores eram um bando de trambiqueiros; e que a igreja
(denominação da qual fazia parte) estava ultrapassada. E dizia, diante de
pessoas não crentes; “Não sei por que Deus não tira essa velharia de cena” . A
sabedoria desse tipo de pregador não é do Espírito Santo. “Essa não é a sabedoria
que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica” (Tg 3.15).
Na vida de
Jesus, como o “Filho do Homem”, por diversas vezes, ele demonstrou essa
sabedoria vinda do Alto. Ao chegar à sua pátria, causou profunda admiração em
seus conterrâneos, por causa da sabe doria como que ministrava a mensagem. “E,
chegando à sua pátria, ensinava-os na sinagoga deles, de sorte que se
maravilhavam e diziam: Donde veio a este a sabedoria e estas maravilhas? Não é
este o filho do carpinteiro? E não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos, Tiago,
e José, e Simão, e Judas? E não estão entre nós todas as suas irmãs? Donde lhe
veio, pois, tudo isso!” (Mt 13.54-56 — grifo nosso).
Essa mesma sabedoria tem sido identificada, na
vida de irmãos humildes, ao longo da História da Igreja. Há casos em que pessoas
de pouca instrução formal, usadas por Deus, transmitem mensagens de profundo
significado e conteúdo espiritual, que provocam admiração nos que o ouvem. Em
Natal, décadas atrás, o folclorista Luís da Câmara Cascudo, um dos ícones da
literatura nacional, estava num culto, na Assembleia de Deus. Foi dada oportunidade
a um crente muito humilde, que, cheio do Espírito Santo, entregou a mensagem
na unção de Deus. O ilustre visitante não se conteve, e exclamou: “Esse homem
prega e mostra o céu por dentro!”. 35
Na vida da
igreja local, há casos interessantes, do exercício da sabedoria divina, pois
Deus é o mesmo. Um novo convertido, homem do campo, recebeu a visita de um
neto, que era formado em Medicina, em faculdade famosa. Sabendo que o avô houvera
aceitado a Cristo, passou a criticá-lo com arrogância, dizendo que, em seus
estudos houvera aprendido muitas coisas, inclusive que Deus não existe, que o
homem proveio de um macaco, e, depois de desfilar outras informações do que
aprendera, perguntou ao velho crente: “E, nessa crença, o que o senhor
aprendeu?” . O novo convertido, que nem sequer tivera tempo de conhecer bem a
Bíblia, respondeu ao neto ateu: “Eu aprendi a dizer: para trás de mim,
Satanás!” . O materialista despediu-se, dizendo que não adiantava lutar “contra
esses crentes...” .
É interessante que anotemos que o dom da
palavra da sabedoria não faz do seu portador uma pessoa mais sábia do que as
outras. Diz Horton: “O Espírito não torna a pessoa sábia por meio deste dom,
nem significa que a pessoa mais tarde não possa cometer erros (cf. o exemplo do
rei Salomão que, no fim da vida, não só errou, mas pecou)”.2
II - PALAVRA DO CONHECIMENTO (1 CO 12.8)
É
manifestação da ciência ou do conhecimento de Deus, concedido ao homem salvo.
Pode ser dado por sonho, por visão, por revelação especial, operando na esfera
humana, no seio da igreja; sendo um conhecimento sobrenatural propiciado por
Deus. Podemos dizer que a palavra da sabedoria é a aplicação da “ciência” de
Deus, na vida prática pessoal ou da igreja. Escrevendo aos coríntios, sobre as
“armas de nossa milícia”, Paulo diz que essas “armas” destroem “...os conselhos
e toda altivez que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levando cativo
todo entendi mento à obediência de Cristo” (2 Co 10.5 — grifo nosso). Paulo
fala de “todos os mistérios e toda a ciência” (1 Co 13.2), que só têm valor se
for sob a graça do amor de Deus. Através desse dom, o crente penetra nas
profundezas do conhecimento de Deus (cf. E f 1.17-19).
Em Cristo — “o mistério de Deus [...] em quem
estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.2,3), é que
os dons devem ser exercidos, no meio da igreja cristã. Pois Deus quer que esse
conhecimento profundo e sobrenatural esteja à disposição dos seus ser vos, que
o amam. “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não
ouviu, e não subiram ao coração do homem são as que Deus preparou para os que o
amam. Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra
todas as coisas, ainda as profundezas de Deus” (1 Co 2.9).
A Palavra de Deus mostra exemplos desse dom.
Quando Jesus pregava para a mulher samaritana, soube detalhes da vida dela,
que o conhecimento humano não teria condições de alcançar naquela circunstância
de um encontro inesperado. Ele disse à mulher que chamasse seu marido. A mulher
respondeu que não tinha marido e Jesus lhe disse que ela tivera “cinco maridos”
e aquele com quem vivia não era seu marido. A mulher ficou admirada, e disse: “Senhor,
vejo que és profeta” (Jo 4.16-19). A palavra da ciência não é adivinhação nem
expressão de tentativa de erro e acerto. E dada pelo Espírito Santo.
O profeta Eliseu sabia os planos de guerra do
rei da Síria, mesmo à distância. Quando o rei pensava em atacar o exército de
Israel de surpresa, em determinado lugar o profeta de Deus alertava ao rei de
Israel dos planos do inimigo, por diversas vezes. O rei sírio ficou intrigado e
des confiou de que haveria um traidor no meio de suas tropas. Mas um dos
servos do rei o fez saber o mistério: “E disse um dos seus servos: Não, ó rei,
meu senhor; mas o profeta Eliseu, que está em Israel, faz saber ao rei de
Israel as palavras que tu falas na tua câmara de dormir” (2 Rs 6.8-12). Era um
conhecimento muito mais aperfeiçoado do que todos os atuais sistemas de
informação, com uso de tecnologia de ponta, usados no mundo atual. Eliseu não
tinha informantes, nem sonhava com equipamentos de comunicação ou de
satélites.
Era a mensagem divina, di retamente do
Espírito Santo ao seu coração. Quando o profeta Samuel disse a Saul que as
jumentas do pai já haviam sido encontradas, foi pela ciência ou conhecimento de
Deus (1 Sm 9.15-20).
A revelação dada a Daniel acerca dos impérios
mundiais demonstra quão grande é a sabedoria de Deus, como recurso divino para
ocasiões especiais, em que de nada adianta a sabedoria humana, ou os
conhecimentos adquiridos pela experiência de quem quer que seja. Quis Deus
utilizar-se de um rei estrangeiro ao seu povo para revelar segredos sobre acontecimentos
que teriam lugar na História, na ocasião, e para o futuro. A visão de Nabucodonosor
é uma referência para a Escatologia, com base nas interpretações dadas pelo
Altíssimo a Daniel, seu servo, que estava vivendo naquele País, com uma missão
do mais alto significado.
Trata-se de um caso bem emblemático do que
significa receber o conhecimento, ou a revelação de Deus. O rei tivera um sonho
muito estranho, que o perturbara sobremaneira. Pela manhã, reuniu “os magos, e
os astrólogos, e os encantadores, e os caldeus, para que declaras sem ao rei
qual tinha sido o seu sonho; e eles vieram e se apresentaram diante do rei. E o
rei lhes disse: Tive um sonho; e, para saber o sonho, está perturbado o meu
espírito” (Dn 2.2,3). Tudo em vão. Ninguém soube interpretar o sonho, por uma
razão muito óbvia: o rei não se lembrava do sonho! Furibundo, o rei mandou
matar todos os sábios da Babilônia, pelo fato de não saberem interpretar um
sonho de que não tiveram sequer o relato de sua visão.
Mas Daniel, que estava no reino, em posição de
destaque, pediu ao mensageiro do rei que desse um tempo para que buscassem a
interpretação. Seu pedido foi atendido, e, contando o grave problema a seus
três companheiros, foram orar ao Deus dos céus. Diz a Bíblia: “Então, Daniel
foi para a sua casa e fez saber o caso a Hananias, Misael e Azarias, seus
companheiros, e pediu que orassem a Deus, “para que pedissem misericórdia ao
Deus dos céus sobre este segredo, a fim de que Daniel e seus companheiros não
perecessem com o resto dos sábios da Babilônia. Então, foi revelado o segredo a
Daniel numa visão de noite; e Daniel louvou o Deus do céu” (Dn 2.17-19). De
maneira didática, com precisão histórica, Daniel interpretou o sonho, mostrando
ao rei o desenrolar dos acontecimentos de sua época e de eventos futuros. Foi o
conhecimento de Deus e não humano, lógico ou natural.
Esse dom revela coisas que não são percebidas
pela visão natural (ver 1 Sm 16.7; Jo 2.24,25). Na vida prática da igreja,
algumas experiências demonstram que o dom da palavra da ciência pode ser dado
nos tempos presentes. Num Círculo de Oração, em Natal-RN, as irmãs estavam
tranquilas, orando e louvando a Deus, numa congregação, anos atrás.
Apresentou-se um homem, muito bem vestido, de paletó de tecido fino, sapato
lustroso, gravata e Bíblia debaixo do braço. Ao ser interpelado, para ser
apresentado, disse que era um servo de Deus, que estava de passagem por ali, e
que viera visitar o trabalho. Acrescentou que era “filho do Ministro da
Educação, Sr. Jarbas Passarinho”. A apresentação do “ilustre” visitante foi
feita, e as irmãs de imediato quiseram ouvir uma palavra por ele. 38
Uma
humilde serva de Deus, num lampejo divino, disse à dirigente: “Não dê
oportunidade a ele. E um mentiroso, falso e procurado pela polícia...!”. Foi um
mal-estar, pois a dirigente já ia anunciar a oportunidade ao visitante. Mas,
diante da advertência, não o fez. Foi criticada por um santo irmão, que achou
uma falta de respeito a um “servo de Deus”, “filho de uma autoridade pública”.
Esse também convidou o visitante para ir à sua casa, num gesto de desagravo e
de hospitalidade. No caminho, dizia ao visitante: “Essas irmãs não têm
sabedoria”. E pediu desculpas pelo constrangimento. Recebeu-o em casa,
apresentou à família, e ofereceu dormida ao desconhecido.
Pela madrugada, alguém bateu à porta. O
anfitrião foi abrir, e deparou-se com policiais federais, apontando
metralhadoras para sua casa, e dizendo que ele estava preso, pois dera acolhida
a um criminoso, estelionatário, que vinha sendo rastreado em sua viagem. Quem
revelaria tal coisa a uma simples serva de Deus? Sem dúvida, foi a operação do
dom da ciência, num momento crucial. Este exemplo é prova de que Deus não muda.
Agiu nos tempos antigos. E age em todos os tempos.
E preciso
entender a diferença entre o dom da sabedoria e o dom da palavra da ciência. A
ciência é o conhecimento profundo, concedido por Deus, em relação às coisas
divinas ou às coisas dos homens, que estão além do conhecimento natural. O dom
da sabedoria refere-se à utilização do conhecimento em questões práticas da
vida. Conheci mento sem sabedoria é puro exercício intelectual infrutífero e
diletante. O cristão deve ter conhecimento de Deus para viver o cristianismo de
forma concreta, no seu dia a dia.
III - DISCERNIMENTO DOS ESPÍRITOS (1 CO 12.10)
Mais adiante, na epístola em apreço,
encontramos o “dom de discernir os espíritos” (1 Co 12.10b). Refere-se à
capacidade sobrenatural, concedida por Deus, com a finalidade de
identificarem-se as origens e natureza das manifestações espirituais. Tais
manifestações podem ter basicamente, três origens: De Deus, do homem (da carne)
ou do maligno. Em determinadas ocasiões, uma manifestação espiritual pode
apresentar-se, no meio da congregação, ou diante de um servo de Deus, com
aparência de genuína, e ser uma mistificação diabólica, ou artimanha de origem
humana. Pelo entendimento e pela lógica humana, nem sempre é possível avaliar a
origem das manifestações espirituais. Mas, com o dom de discernir os espíritos
o servo de Deus ou a igreja não será enganada.
Segundo
Boyd, “a palavra ‘discernir’ (grego “diakrisis”) úgri&cajulgado através de,
distinguir, e tem o sentido de penetrar por baixo da superfície, desmascarando
e descobrindo a verdadeira fonte dos motivos e da animação”.3 Através desse
dom, em suas diversas manifestações, a igreja pode detectar a presença de
demônios, no meio da comunidade ou congregação, a fim de expulsá-los, no nome
de Jesus. Na ilha de Pafos, Paulo de frontou-se com uma ação diabólica
declarada com o objetivo de impedir a pregação do evangelho ali, e a conversão
de uma autoridade pública. Mas o apóstolo, cheio do Espírito Santo, percebeu as
artimanhas do Adversário, e, na autoridade de Deus, declarou que o opositor do
evangelho ficaria cego por algum tempo, o que de pronto aconteceu. Diante de
tamanho sinal, “Então, o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu,
maravilhado da doutrina do Senhor” (At 13.12).
Myer Pearlman diz que se pode saber a
diferença entre uma manifestação espiritual legítima e uma falsa manifestação,
através desse dom. “Pelo dom de discernimento que dá capacidade ao possuidor
para determinar se um profeta está falando, ou não, pelo Espírito de Deus. Esse
dom capacita o possuidor para ‘enxergar’ todas as aparências exteriores e
conhecer a verdadeira natureza duma inspiração.”4 A manifestação espiritual
precisa passar por duas provas de sua legitimidade: A prova doutrinária e a
prova prática.
A prova doutrinária pode basear-se no ensino
do apóstolo João, que diz:
“Amados, não creiais em todo espírito, mas
provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm
levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que
confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não
confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do
anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que está já no mundo.
Filhinhos, sois de Deus e já os tendes vencido, porque maior é o que está em
vós do que o que está no mundo. Do mundo são; por isso, falam do mundo, e o
mundo os ouve. Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele
que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o
espírito do erro.” (1 Jo 4.1-6)
A prova prática tem base no ensino
de Jesus, quando advertiu acerca dos falsos profetas, que podem ser conhecidos
pelos “seus frutos”, ou seja, pelo seu caráter, demonstrado em seu testemunho,
na vida prática:
“Acautelai-vos,
porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas
interiormente são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis.
Porventura, colhem-se uvas dos espinheiros ou figos dos abro lhos? Assim, toda
árvore boa produz bons frutos, e toda árvore má produz frutos maus. Não pode a
árvore boa dar maus frutos, nem a árvore má dar frutos bons. Toda árvore que
não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os
conhecereis” (Mt 7.15-20).
Jesus tinha esse dom. Quando
seus adversários queriam apanhá-lo em alguma palavra ou alguma falta, Ele já
sabia o que se passava no interior das pessoas. “Mas o mesmo Jesus não confiava
neles, porque a todos conhecia e não necessitava de que alguém testificasse do
homem, porque ele bem sabia o que havia no homem” (Jo 2.24, 25). O após tolo
Pedro teve a percepção de que Ananias estava mentindo, quando sonegou parte da
oferta que prometera a Deus, por esse dom especial de discernir os espíritos
(At 5.3).
No ministério de Paulo, temos o exemplo
notável do uso desse dom (At 16.12-18). Ao lado de seu companheiro, Silas,
chegou à cidade de Filipos, na Macedônia, para onde se dirigiram por orientação
do Espírito Santo. Após um período de oração e evangelização pessoal, foi
acolhido por Lídia, a vendedora de púrpura, que aceitou a Cristo e foi batizada
com toda a sua família. Era patente o sucesso da missão dos apóstolos naquele
lugar.
O Adversário não ficaria satisfeito de forma
alguma e resolveu atacar de uma forma muito sutil, usando uma jovem para tecer
um dos mais elevados elogios que um pregador poderia receber publicamente. Ela
era bem conhecida na cidade, pois era usada por comerciantes inescrupulosos que
obtinham grande lucro, usando-a em seu proveito, pois possuía “espírito de
adivinhação”. Quando os dois apóstolos saíram para a oração, a jovem os seguiu,
dizendo em alta voz: “Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são
servos do Deus Altíssimo” (At 16.17). E fez essa declaração elogiosa, durante
vários dias. Pregadores são seres humanos, sujeitos às falhas próprias de sua
natureza.
Elogios em geral sempre fazem bem ao ego, à
parte emocional, ainda mais, quando o elogio é verdadeiro, como era o que a
moça propagava acerca dos dois servos de Deus. Jamais alguém poderia imaginar
que aquele elogio não seria de origem legítima. Podemos entender até, que, a
princípio, os apóstolos devem ter ficado pensativos com aquela declaração. De
fato, eles eram servos do Deus Altíssimo!
O que haveria de errado ou repreensível ouvir
tal elogio? Não teria a jovem percebido que eles eram cristãos autênticos?
Acontece que Paulo e Silas eram homens de oração, tinham comunhão com o
Espírito Santo. Depois de alguns dias, ouvindo aquela declaração, Paulo
discerniu a sua origem. Não era nada da parte de Deus. A afirmação era
verdadeira, mas a origem e a intenção eram malignas. O Diabo queria iludir os
apóstolos, com bajulação e lisonja, para que o demônio continuasse livre para
agir, após a saída dos servos do Senhor. Assim, “Paulo, perturbado, voltou-se e
disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E, na
mesma hora, saiu” (At 16.18).
Conclusão
No
mundo atual, a Igreja de Jesus necessita, mais do que nunca, da revelação
profunda das coisas divinas, para discernir entre o certo e o errado; entre o
legítimo e o falso, no que respeita às manifestações espirituais. Em
determinados programas de TV, de responsabilidade de igrejas ou de determinados
pregadores, existem heresias absurdas, como a chamada teologia da prosperidade;
o “cair no espírito”; “maldição hereditária” para o salvo em Cristo; “teísmo
aberto” e outras manifestações heréticas, que, a princípio, têm aparência de
serem genuínas, e levam muitas pessoas incautas, que não leem a Bíblia, a
interessarem-se por tais ensinamentos espúrios. Que o Senhor conceda à sua
igreja os dons de revelação a muitos crentes, incluindo líderes, para
presidirem a igreja local com segurança espiritual e doutrinária.
Dons Espirituais e Ministeriais, Servindo a
Deus e aos homens com poder extraordinário – Elinaldo Renovato
✔️ Você conhece alguém que tem o dom da palavra da sabedoria? ✔️ Já ouviu falar do dom da palavra da ciência? ✔️ O que é na verdade o dom de discernimento de espíritos? ✔️ Estes dons são peculiares no Novo Testamento ou apareceram no Velho Testamento? Essas e outras questões serão respondidas nessa aula.
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