TEXTO BÍBLICO
BÁSICO
2 Tm 1.1,2; 2.1-3; 9-15
TEXTO
ÁUREO
(...)
E eis que estava ali certo discípulo por nome Timóteo, filho de uma judia que era
crente, mas de pai grego, do qual davam bom testemunho os irmãos que estavam em
Listra e em Icônio.
Atos
16.1,2
OBJETIVOS
Conhecer as origens de Timóteo e seu chamado ministerial;
Entender as circunstâncias que nos revelam a intensidade da amizade que havia entre Paulo e Timóteo;
Compreender os conselhos deixados pelos apóstolos ao jovem que deveria conduzir a igreja de Éfeso.
INTRODUÇÃO
O
grande tema destas cartas pastorais é, lutar o bom combate na defesa da fé, na
mistura do gnosticismo e o judaísmo totalmente místico que tentavam
constantemente confundir a igreja com mitos e doutrinas erradas, eles ensinavam
com tanta convicção os assuntos, mas não compreendiam seu real significado.
Mesmo
pressentindo sua morte se percebe em suas duas cartas uma preocupação do
apóstolo Paulo em orientar seu filho na fé, para jamais abrir mão de ensinar a
sã doutrina e fundamentar a fé da noiva de Cristo.
1. TIMÓTEO, O
HOMEM
Seu
nome no grego, significa “Aquele que honra a Deus” tem o seu chamado em Atos Cap.16 1-3. Desde a
sua juventude era um exemplo para os jovens.
Qual
era sua doença? (1 Tm 5.23).
Deus
abençoe
sua
vida!
LIÇÕES DA PALAVRA DE DEUS – No 36 – JOVENS E
ADULTOS
TÍTULO: Heróis do Novo
Testamento — Um legado de amor, fé e obediência
AUTOR: Geziel Gomes
A INSPIRAÇÃO DE TIMÓTEO
2 Timóteo 1:1-7 (continuação)
O
objetivo de Paulo ao escrever é o de inspirar e fortalecer a Timóteo em sua
tarefa em Éfeso. Timóteo era jovem, e tinha uma árdua tarefa lutando contra as
heresias e as infecções que forçosamente ameaçariam e invadiriam a Igreja.
Assim, pois, para manter altas sua coragem e seu esforço, Paulo o lembra de
certas coisas.
(1) Lembra-o
de sua própria fé e confiança nele. Não há maior inspiração que a de sentir que
alguém crê em nós. Um chamado à honra sempre é mais efetivo que uma ameaça de
castigo. O temor de desiludir àqueles que nos amam é um temor que limpa.
(2)
Lembra-o de sua tradição familiar. Timóteo caminhava numa bela herança, e se
fracassava, não só mancharia seu próprio nome, mas também diminuiria a honra de
sua família também. Um dos maiores dons que pode ter um homem é um bom
parentesco. Deve agradecer a Deus por ele, e nunca desonrá-lo.
(3)
Lembra-o de ter sido apartado para o serviço e o dom que lhe foi conferido.
Quando alguém entra em serviço de qualquer sociedade ou associação com uma
tradição e uma história, tudo o que fizer não afetará só a ele; e tudo o que fizer
não o fará por suas próprias forças. A força da tradição o levará adiante e
deverá preservar a honra dessa tradição. Isto é especialmente certo com relação
à Igreja. Aquele que serve a Igreja tem sua honra em suas mãos; aquele que o
faz vê-se sustentado e fortalecido pela consciência da comunhão de todos os
santos.
(4) Lembra a Timóteo das qualidades que devem
caracterizar um mestre cristão. Estas qualidades, tal como via Paulo nesse
momento são quatro.
(a) A coragem. O serviço cristão deve
outorgar ao homem coragem e não medo covarde. É preciso coragem para ser
cristão, e essa coragem provém da consciência contínua da presença de Cristo.
(b) O
poder. O verdadeiro cristão tem o poder de fazer frente às coisas, de assumir
as tarefas cansativas, de erguer-se frente a uma situação que é derrubada, de
conservar a fé frente à tristeza que resseca a alma e a desilusão que fere. O
cristão é caracteristicamente uma pessoa que pode confrontar o ponto limite,
sem desmaiar.
(c) O
amor. No caso de Timóteo trata-se do amor pelos irmãos, amor pela congregação
do povo de Cristo sobre o qual foi posto. Precisamente é este amor o que dá ao
pastor cristão suas outras qualidades. O pastor cristão deve amar tanto a seu
povo que nunca encontre uma tarefa muito grande para fazer por eles. Deve
amá-los tanto que nenhuma situação ameaçadora o desanime. Ninguém jamais teria
que entrar no ministério da Igreja de Cristo a não ser que haja em seu coração
amor pelo povo do Senhor.
(d) O domínio próprio. A palavra é sofronismos. Esta é uma dessas grandes palavras gregas intraduzíveis. Alguém a definiu como a "sanidade da santidade". Falconer a define como "o domínio próprio perante o pânico ou a paixão. Só Cristo nos pode dar esse domínio próprio, essa auto-disciplina, esse autocontrole que nos preserva de ser arrastados ou de fugir. Nenhum homem poderá governar a outros a não ser que antes se dominou a si mesmo. Sofronismos é esse domínio próprio divinamente outorgado que faz com que uma pessoa seja uma grande autoridade sobre outros porque em primeiro lugar é um servo de Cristo e dono de si mesmo.
A CADEIA DO ENSINO
2 Timóteo 2:1-2
Aqui nos fala de duas coisas: a recepção e a
transmissão da fé cristã.
(1) A recepção da fé está fundada em duas
coisas. Fundamenta-se em ouvir. Timóteo ouviu a verdade e a graça da fé cristã
pela boca de Paulo. Mas as palavras que ouviu foram confirmadas pelo testemunho
de muitos. Havia muitos que estavam prontos para dizer: "Estas palavras,
estas promessas são certas, e eu sei, porque o tenho descoberto em minha
própria vida." Pode ser que haja muitos de nós que, não têm o dom da
expressão,e que não podem nem ensinar nem explicar e expor a fé cristã. Mas até
aqueles que não têm o dom do ensino podem ser testemunhas do poder vivente do
evangelho, e atestar que todas as promessas são certas.
(2) Mas
não só é um privilégio receber a fé cristã; é um dever transmiti-la. Todo
cristão deve ver em si mesmo um vínculo entre duas gerações. Não só recebeu a
fé; deve também passá-la a outro. E. K. Simpson escreve sobre esta passagem:
"A tocha da luz celestial deve ser transmitida sem apagar-se de uma
geração a outra, e Timóteo deve considerar-se a si mesmo como um intermediário
entre a era apostólica e as eras posteriores." O privilégio de um cristão:
é receber a fé; e transmiti-la é sua responsabilidade.
(3)
Deve-se transmitir a fé a homens fiéis que também a ensinem a outros. A Igreja
cristã depende desta cadeia ininterrupta de mestres. Quando Clemente escreveu à
Igreja de Corinto, descreveu esta cadeia. "Nossos apóstolos designaram às
pessoas antes mencionadas (os anciãos) e depois eles proveram uma continuidade,
para que, se essas pessoas dormiam, outros homens aprovados pudessem continuar
seu ministério." O mestre é um elo na cadeia viva que se estende sem
rupturas do momento atual até Jesus Cristo. A glória do ensino é que une o
presente à vida terrestre de Jesus Cristo. Estes mestres devem ser homens
fiéis. A palavra grega para fiel, pistos, tem uma rica variedade de
significados intimamente relacionados. Um homem que é pistos é uma pessoa que
crê, que é leal, que é de confiança e da qual pode-se depender. Todos estes
significados estão aqui. Falconer disse que estes homens crentes são tais
"que não se renderão nem perante a perseguição nem perante o erro". O
coração de um mestre deve estar tão fixo em Cristo que as ameaças de perigo não
o tentem a deixar a senda da lealdade, nem a sedução dos falsos ensinos o façam
apartar do caminho reto da verdade. O mestre cristão deve ser constante tanto
na vida como no pensamento.
A LEMBRANÇA ESSENCIAL
2 Timóteo 2:8-10
Desde o
começo desta Carta Paulo tratou que exortar e inspirar a Timóteo em sua tarefa.
Lembrou-lhe sua própria fé nele; lembrou-lhe seu herança divina; mostrou-lhe a
imagem do soldado, do atleta e do lavrador cristãos. E agora vem o maior dos
chamados: Lembra-te de Jesus Cristo. Falconer chama a estas palavras: "O
coração do evangelho paulino". Ainda que qualquer outro chamado à
galhardia de Timóteo fracassasse, certamente que a lembrança de Jesus Cristo
não fracassaria. Nas palavras que continuam há três coisas envoltas que devemos
lembrar.
(1)
Devemos lembrar a Jesus Cristo ressuscitado dos mortos. O tempo do verbo em
grego não implica um ato levado a cabo num momento definido, mas sim uma
afirmação contínua que permanece para sempre. Paulo não está dizendo a Timóteo:
"Lembra a ressurreição real de Jesus Cristo"; em realidade está
dizendo-lhe: "Lembra que Jesus ressuscitou para sempre e está sempre
presente; lembra o teu Senhor ressuscitado e presente para sempre." Esta é
a grande inspiração cristã. Não dependemos da inspiração de uma lembrança, por
maior que seja. Desfrutamos com o poder de uma presença. Quando um cristão deve
realizar uma grande tarefa, uma tarefa que não pode senão sentir que está fora
de seu alcance, deve enfrentá-la com a segurança de que não o faz sozinho, mas
sim está com ele para sempre a presença e o poder do Senhor ressuscitado.
Quando os temores ameaçam, quando assaltam as dúvidas, quando a falta de
adequação deprime, lembremos a presença do Senhor ressuscitado.
(2) Lembremos que Jesus Cristo nasceu da
linhagem de Davi. Este é o outro lado da pergunta. "Lembra a humanidade de
seu Mestre", diz Paulo a Timóteo. Não lembramos somente a Alguém que é só
Espírito, e uma presença espiritual; lembramos a Um que andou neste caminho, e
viveu esta vida, e enfrentou esta luta, e que portanto conhece aquilo pelo que
estamos passando. Temos conosco, não só a presença de um Cristo glorificado;
também temos a presença de um Cristo que conheceu a luta desesperada por ser um
homem, que seguiu até o cruel final a vontade de Deus.
(3) Finalmente,
Paulo diz, lembra o evangelho. Lembra as boas novas. Mesmo quando o evangelho
exige muito, mesmo quando leva a um esforço que pareceria estar mais além da
capacidade humana, e a um futuro que pareceria cheio de toda classe de ameaças,
lembremos que é um evangelho, que se trata das Boas Novas; e lembremos que o
mundo as está esperando. Não importa quão dura seja a tarefa que oferece o
evangelho, esse mesmo evangelho é a mensagem de libertação do pecado e a
vitória sobre as circunstâncias, para nós e para a humanidade.
De modo que Paulo incita a Timóteo ao heroísmo ao levá-lo a lembrar de Jesus Cristo, a contínua presença do Senhor ressuscitado, a simpatia que flui da humanidade do Mestre, a glória do evangelho para ele mesmo e para o mundo que nunca o escutou e que espera. 2 Timóteo (William Barclay)
TEM CUIDADO DE TI MESMO
Conrad
Mbewe
Amado Timóteo,
Estou bastante entusiasmado com o início de
seu novo ministério pastoral. Estive pensando muito sobre o que o Senhor pode
ter reservado para você. Lembro-me quando você tinha, há vários meses atrás, um
bom número de igrejas lhe chamando para assumir o cargo de pastor. Eu estava
ansioso por você, pois uma decisão errada poderia se mostrar muito custosa no
futuro. Estou contente que você finalmente tenha aceitado o convite da Primeira
Igreja Batista. Humanamente falando, eles possuem o melhor ambiente para alguém
que esteja começando no ministério. Durante estes últimos seis meses, desde que
começou no serviço do Senhor, você sempre tem estado em minhas orações. Tenho
orado para que o Senhor lhe dê um ministério duradouro e que produza frutos em
abundância.
Conforme prosseguia orando, sentia um peso
crescendo em meu coração, indicando que devia escrever-lhe algumas palavras de
aconselhamento. Não fosse pelo fato de que o conheço já há tantos anos, o que
vou escrever-lhe poderia até mesmo parecer presunção. Mas como nestes dez anos
de relacionamento nossa amizade tem crescido tanto e nos mantido tão próximos,
duvido muito que você se ofenda com sinceros e bem intencionados conselhos, em
um momento como este. Em algumas áreas serei muito pessoal, pois sei que você
será capaz de suportar minha praticidade naquele mesmo espírito no qual as
Escrituras dizem: Leais são as feridas feitas pelo que ama, porém os beijos de
quem odeia são enganosos (Pv 27.6).
Conforme já disse antes, e não vou hesitar em
dizer novamente: seu nível de talento no manuseio da Palavra está muito acima
da média dos pregadores. Sua madura percepção espiritual, sua compreensão de
toda a esfera da doutrina cristã, a força de sua voz, seu conhecimento das
Escrituras, sua impecável e incomparável eloqüência; tudo se combina em um
maravilhoso banquete para os ouvintes sob seu ministério. Além disso, você tem
a grande vantagem de possuir um invejável amor pela leitura, de forma que, em
sua casa, seu rico depósito de informações está sempre sendo abastecido. Estes
fatos sem dúvida terão um papel muito importante ao longo do tempo, em ajudá-lo
a sustentar um ministério eficaz para a edificação do povo de Deus na Primeira
Igreja Batista e, até mesmo, além de suas fronteiras.
Ainda
assim, Timóteo, biblioteca e cabeça abastecidas não são o suficiente. O futuro
do ministério de qualquer pastor depende de como ele próprio se desenvolve,
especialmente em sua santificação pessoal. Por isto que o apóstolo Paulo
aconselhou o seu xará, dizendo: Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua
nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus
ouvintes (1 Tm 4.16).
Nada é
mais importante no ministério pastoral do que este cuidado próprio. Tenho freqüentemente o encorajado a ler o
livro Lições aos Meus Alunos, volume 2, 1 de Charles Haddon Spurgeon, que tem
como título de seu primeiro capítulo A Autovigilância do Ministro. Apenas no
segundo capítulo, ele começa a tratar de O Chamado para o Ministério. Parece-me
que Spurgeon sacrifica a ordem cronológica para o que ele viu ser a ordem de
importância. Ele incentiva os pastores a se assegurarem de que são
verdadeiramente convertidos, a manterem uma vitalidade espiritual e a
desenvolverem um bom caráter.
Não
tenho tempo agora para lidar com tudo aquilo que se encerra na frase do
apóstolo Paulo Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina, de forma que, nesta
carta, vou me limitar apenas à primeira parte, Tem cuidado de ti mesmo. Este
cuidado deve ser algo para a vida toda. E um cuidado que deve assegurar o
desenvolvimento adequado para sua vida, ao invés de um desenvolvimento
deformado, especialmente em se tratando de sua vida espiritual. Timóteo, espero
que você pese adequadamente o que tenho a lhe dizer agora.
SEU
CUIDADO PESSOAL PRECISA SER COMPLETO
Quando
o apóstolo Paulo incitou seu amigo a cuidar de si mesmo, ele não tinha apenas
uma área da vida em mente. Ele queria que o jovem Timóteo se assegurasse de um
crescimento completo, abarcando sua vida espiritual, física, emocional,
intelectual e doméstica. Eu já lhe disse anteriormente que um pregador não é de
forma alguma um espírito desencarnado. Por exemplo, uma vez que ele é afetado
nas capacidades físicas de seu ser, sua vida spiritual também será da mesma
forma afetada. Portanto, é responsabilidade de todo pregador assegurar que todo
o seu ser redimido submeta-se a um desenvolvimento positivo, que o acompanhe
por toda a vida. Certa vez, um pregador muito conhecido no Reino Unido foi
pedir conselhos ao Dr. Martyn Lloyd Jones. Ele sentiu-se tão seco
espiritualmente que estava pensando seriamente em abandonar o ministério
pastoral. Sua vida de oração estava no nível mais baixo possível. Ele sequer
sentia amor pelas almas e se via como um completo hipócrita por ainda estar no
ministério.
Quando o Dr. Martyn Lloyd-Jones ouviu tudo o
que este pregador tinha a dizer, aconselhou-o a tirar umas férias, O pregador,
lembrando-se deste evento, disse que ficou extremamente desapontado pelo fato
do Dr. Lloyd-Jones não lhe dar outro conselho, além de tirar férias. No
entanto, em respeito ao doutor, ele acatou a sugestão. Seu testemunho foi que
após aquele tempo de férias, não precisou voltar a falar com seu conselheiro. O
gozo espiritual havia voltado. Ele estava espiritualmente alegre outra vez. A
lição que aprendera foi muito simples todas as áreas da sua vida estão
interligadas. Este homem havia negligenciado o descanso físico e emocional, e
isto teve um efeito visível em sua vida espiritual.
Portanto, procure balancear sua vida. A Bíblia
diz: Pois o exercício físico para pouco é proveitoso, mas a piedade para tudo é
proveitosa, porque tem a promessa da vida que agora é e da que há de ser (1 Tm
4.8). Não negligencie coisas como descanso e exercícios, enquanto você continua
com o árduo trabalho do ministério. Na sua idade, isto pode até parecer
completamente desnecessário, mas se você estiver fazendo planos a longo prazo,
então, precisa correr como se estivesse numa maratona, e não como se fosse
correr os cem metros livre. O famoso Robert Murray M Cheyne, da Escócia, morreu
em um sábado, dia 25 de março de 1843, com apenas vinte e nove anos. Seu
clamor, enquanto morria, era: O Senhor me deu uma mensagem e um cavalo. Matei o
cavalo. Oh, o que devo fazer com a mensagem agora? Um tipo de vida equilibrado
vai evitar este tipo de confissão tão dolorosa no fim de sua vida!
1C. H. Spurgeon, Lições aos
Meus Alunos
TEM CUIDADO DE TI MESMO
Conrad Mbewe
Timóteo, o destinatário da
carta
Timóteo
era natural de Listra, cidade da província da Galácia do Sul. Era filho de uma
crente judia e de um pai grego (At 16.1). Sua mãe, Eunice, e sua avó, Loide, o instruíram
nas Sagradas Escrituras desde a infância (1.5;3.15). Timóteo bebeu o leite da
piedade desde o alvorecer da vida. Conheceu Paulo na primeira viagem
missionária do apóstolo e tornou-se seu companheiro de jornada a partir da
viagem missionária seguinte. Embora Timóteo tenha sido criado sob a influência
espiritual de sua mãe e avó, Paulo foi o instrumento de Deus para levá-lo a
Cristo,uma vez que o apóstolo o chama de verdadeiro filho nafé e amado filho
(lT m l.2) e filho amado efiel no Senhor (IC o4.17). Timóteo tornou-se o
companheiro mais próximo de Paulo. O apóstolo o chama de seu cooperador (Rm
16.21) e de irmão e ministro de Deus no evangelho de Cristo (lT s 3.2).Timóteo
serviu ao evangelho junto com Paulo, como filho ao p ai (Fp 2.22). Timóteo se
distinguia de outros obreiros,a ponto de Paulo dizer que ninguém era como ele
no zelo de cuidar dos interesses da igreja e de Cristo (Fp 2.20,21). Embora
Timóteo fosse um jovem tímido e doente,Paulo delegou a ele várias missões
importantes, tanto em Tessalônica (lT s 3.1-5) como em Corinto (IC o
4.17).Timóteo acompanhou Paulo em sua viagem a Jerusalém,quando levaram uma
oferta aos pobres da Judeia, ocasião em que o apóstolo foi preso pelos judeus
(At 20.1-5). Na primeira prisão de Paulo em Roma, Timóteo estava ao seu lado
(Fp 1.1; 2.19-24; Cl 1.1; Fm 1). Agora, em sua segunda prisão, Paulo roga para
Timóteo vir depressa ao seu encontro (4.9,21).
Depois
que foi solto da primeira prisão em Roma,Paulo deixou Timóteo em Éfeso (lTm
1.3), como líder da igreja. As responsabilidades eram imensas. Timóteo precisou
enfrentar com coragem os falsos mestres que perturbavam a igreja (lTm 1.1-7),
estabelecer critérios claros para a manutenção da ordem no culto (lTm 2.1-15),
escolher e ordenar oficiais para a igreja (lT m 3.1-13),regular e coordenar a
assistência social às viúvas, e ainda orientar o ministério das viúvas na
igreja (lTm 5.1-16),decidir acerca da remuneração e disciplina dos
presbíteros(lTm 5.17-21), assim como outras obrigações morais(lTm 6.1-19).
Nesse tempo, Timóteo era considerado ainda um
homem jovem (2.22; lTm 4.12). Além disso, Timóteo era tímido (1.7,8; 2.1,3;
3.12; 4.5; ICo 16.10,11) e doente(lTm 5.23), mais propenso a “ser comandado que
acomandar”.11 Paulo já estava na antessala de seu martírio,às portas da
decapitação. Era urgente passar a Timóteo o bastão da responsabilidade para
preservar a sã doutrina e conservar intacto o ensino dos apóstolos. Com as características
de Timóteo, parecia impossível que o filho na fé desse conta de tão gigantesca
missão.
É
importante destacar, outrossim, que essa carta foi endereçada também à igreja
de Éfeso (4.22). As mesmas palavras destinadas a Timóteo, o pastor da igreja,
deveriam alcançar, de igual modo, toda a comunidade. 1
O propósito da carta
Desde
sua conversão, o apóstolo Paulo se lançou numa intensa jornada de pregação.
Depois de longo preparo,três anos na Arábia (G1 1.15-18), dez anos em Tarso
(At9.30; At 11.25,26; G1 2.1), o homem convertido em Damasco, rejeitado em
Jerusalém e esquecido em Tarso éagora levado para Antioquia, a terceira maior
cidade do mundo. Dali é separado pelo Espírito Santo e enviado para a obra
missionária. Paulo pregou com zelo e fervor, no poder do Espírito Santo, a
tempo e fora de tempo, são ou doente, livre ou preso. O livro de Atos registra
três de suas viagens missionárias: a primeira na província da Galácia, a segunda
nas províncias da Macedônia e Acaia e a terceira na província da Ásia Menor. As
cartas pastorais fazem referência à sua quarta viagem missionária, depois de
ter sido solto da primeira prisão em Roma.
Por
mais de trinta anos, Paulo pregou fielmente o evangelho, plantou igrejas,
defendeu a fé e consolidou a obra. Num breve resumo de seu passado, ele
declarou: Combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé(4.7).
Agora,
o idoso apóstolo está novamente preso e sofrendo dolorosa solidão. Os irmãos da
Ásia o abandonaram (1.15).Fígelo e Hermógenes não queriam mais nenhuma ligação com
ele (1.15). Demas já o havia deixado à própria sorte(4.10). Diante da atroz
perseguição romana, os crentes tinham medo de se associarem a ele. Na sua
primeira defesa, ninguém foi a seu favor (4.16). Paulo permaneceu desamparado
numa masmorra escura, úmida e insalubre, de localização desconhecida (1.17). O
imperador Nero, com toda a sua loucura e violência, estava determinado a esmagar
os cristãos com mão de ferro.20
Em Roma, os crentes eram crucificados,
queimados vivos; outros, de cidadania romana, eram decapitados. Ao mesmo tempo
que o fogo da perseguição se espalhava, os falsos mestres espalhavam o veneno
das heresias, causando grande perturbação às igrejas. A situação era quase
desesperadora .Paulo, o grande bandeirante do cristianismo, estava na fila do
martírio. Handley Moule chegou a dizer que “o cristianismo estremecia, à beira
da aniquilação”.12
E nesse
contexto de angústia e dor, de sombras espessas e tempestades borrascosas, que
Paulo escreve sua última carta .Sua preocupação não é prioritariamente com a
própria vida. Seu foco não é sua libertação. Sua atenção se volta para o
evangelho. Seu grande apelo a Timóteo, nesse tempo de perseguição política e
sedução dos falsos mestres, é: O Timóteo, guarda o que te fo i confiado (lTm
6.20) e guarda o bom depósito (1.14). John Stott diz acertadamente que Paulo
enfatizou esse ponto em cada capítulo dessa carta :guarda o evangelho (1.14),
sofre pelo evangelho (2.2,8,9),persevera no evangelho (3.13,14) e prega o
evangelho(4 .1 ,2 ) . 13
Myer
Pearlman explica que essa epístola foi escrita para pedir a presença de Timóteo
em Roma, admoestá-lo contra os falsos mestres, animá-lo em seus deveres e
fortalecê-lo contras as perseguições vindouras.14 Na mesma linha de pensamento,
Gordon Fee e Douglas Stuart destacam que o propósito da carta é pedir a Timóteo
que se junte a Paulo em Roma quanto antes (4.9,21), levando consigo
Marcos(4.11) e alguns itens pessoais (4.13). Timóteo deve ser substituído por Tíquico,
o portador da carta (4.12). A razão para a pressa é o começo do inverno (4.21)
e o fato de que a audiência preliminar já havia ocorrido (4.16). A maior parte
da carta, porém, se ocupa com um apelo para que Timóteo se mantenha leal a
Paulo e ao evangelho, aceitando o sofrimento e a privação.15 Com essas
informações na mente e no coração, podemos agora entrar na exposição da carta.
A formação espiritual de Timóteo
(1.3-8)
Enquanto Paulo ora por Timóteo, relembra sua
infância, seu chamado, suas lágrimas, suas lutas, seus desafios. John Stott
comenta sobre as quatro maiores influências que contribuíram para a formação de
Timóteo. Destacamos a seguir essas contribuições.
Em
primeiro lugar, a formação familiar. Pela recordação que guardo de tua fé sem
fingimento, a mesma que, primeiramente, habitou em tua avó Loide e em tua mãe
Eunice, e estou certo de que também em ti (1.5). Paulo recorda tanto o seu
passado quanto o passado de Timóteo e afirma que ele procedia de um lar
piedoso. Embora o pai de Timóteo fosse grego (possivelmente não convertido),
sua mãe e sua avó o criaram desde a infância, ensinando-lhe as sagradas letras.
E esse ensino foi tão eficaz que Timóteo exibia uma fé sem fingimento. Vale
destacar que Paulo menciona uma fé sem fingimento passando por três gerações:
Loide, Eunice e Timóteo, ou seja, avó, mãe e filho.
Em
segundo lugar, a amizade espiritual. Dou graças a Deus, a quem, desde os meus
antepassados, sirvo com consciência pura, porque, sem cessar, me lembro de ti
nas minhas orações, noite e dia. Lembrado das tuas lágrimas, estou ansioso por
ver-te, para que eu transborde de alegria(1.3,4). O verbo “servir” usado por
Paulo é uma das mais importantes palavras gregas. A palavra latreuo era usada especialmente
para o desempenho de deveres religiosos, particularmente de natureza cúltica, e
era empregada no sentido de adorar. A declaração deve ser usada no sentido de
que Paulo pensava no judaísmo em estreita conexão com o cristianismo, e sua
presente adoração a Deus era, em certo sentido, continuação de sua adoração
judaica.21
A fé do apóstolo Paulo tinha suas raízes na
religião de seus antepassados. Era similar à deles. Nessa mesma linha de pensamento,
Charles Erdman diz que o cristianismo e o judaísmo não eram para Paulo
religiões distintas; aquele era fruto deste. Era seu cumprimento, sua
culminação, sua glória. A fé aceita o que Deus revela, e a revelação por meio
dos profetas encontra sua plenitude em Jesus Cristo.22
John N. D. Kelly ainda diz que, embora em
certo sentido sua aceitação de Cristo como seu Salvador representasse um
rompimento total com sua piedade ancestral, em outro sentido era seu
desenvolvimento e florescimento apropriado. A lei cumpriu seu propósito ao
levar o apóstolo a Cristo.23
Concordo com Hendriksen quando ele escreve:
O que
Paulo enfatiza é que ele não está introduzindo uma nova religião.
Essencialmente o que agora crê é o que Abraão, Isaque, Jacó, Moisés, Isaías e
todos os antepassados piedosos também creram. Há continuidade entre a antiga e
a nova dispensação. Os antepassados criam na ressurreição; Paulo também.
Esperavam a vinda do Messias; Paulo proclama o mesmo Messias que em forma real
havia feito sua aparição. Ê Roma que mudou sua atitude. É o governo que, depois
do incêndio da capital no ano 64, começou a perseguir os cristãos. A
consciência de Paulo é pura. O prisioneiro goza de paz no coração e na mente.24
27
Depois da família, ninguém nos
influencia mais do que os amigos. Paulo foi o pai na fé de Timóteo e seu grande
mentor espiritual. Como intercessor incansável, Paulo mantinha Timóteo em seu
coração e em suas orações noite e dia.
Em
terceiro lugar, o dom espiritual. Por esta razão, pois,te admoesto que reavives
o dom de Deus que há em ti pela imposição das minhas mãos (1.6). Paulo deixa
agora os meios usados por Deus para moldar o caráter cristão de Timóteo(seus
pais e amigos) para enfocar um dom diretamente dado por Deus a ele.25 Embora o
texto não explicite qual era esse dom, tudo nos faz crer que fora concedido a
ele em sua ordenação. Portanto, era um dom espiritual ligado ao exercício do
seu ministério. Alford sugere que era “o dom de ensinar e presidir a igreja”.26
Alfred Plummer entendia esse dom como “a autoridade e o poder para ser um
ministro de Cristo”.27 Hendriksen é da opinião que se tratava do dom da graça
de Deus que capacitava o jovem Timóteo a ser o representante escolhido do
apóstolo Paulo.28
O vento
da perseguição era uma ameaça à chama do dom concedido a Timóteo em sua
ordenação. Paulo,portanto, encoraja seu discípulo a remover as cinzas e a reacender
esse fogo. No mundo antigo, nunca se mantinha o fogo constante. O fogo era
mantido vivo mediante brasas que eram recolocadas em chamas, sempre que a
situação o exigisse.29
Concordo com Warren Wiersbe quando ele diz que
Timóteo não carecia de novos ingredientes espirituais em sua vida; precisava
apenas “reavivar” o que já possuía.Na primeira carta a Timóteo, Paulo instruiu
seu filho espiritual a não ser negligente com o dom (lTm 4.14).Agora
acrescenta: ... te admoesto que reavives o dom Deus de que há em ti.30 De acordo
com Hendriksen, o pano de fundo para essa exortação sugere que o fogo do
carisma de Timóteo estava baixo, por algumas razões: 1) Timóteo estava limitado
por freqüentes enfermidades físicas (lTm5.23); 2) Timóteo era naturalmente
tímido (IC o 16.10); 3)Timóteo era relativamente jovem (lTm 4.12; 2Tm 2.22);4)
Os efésios que se opunham a Timóteo eram tenazes noerro (lTm 1.3-7,19,20;
4.6,7; 6.3-10; 2Tm 2.14-19,23);5)
Os
crentes eram perseguidos pelo Estado.31
Em
quarto lugar, a disciplina pessoal. Porque Deus nãonos tem dado espírito de
covardia, mas de poder, de amor e de moderação. Não te envergonhes, portanto,
do testemunho de nosso Senhor, nem do seu encarcerado, que sou eu; pelo contrário,
participa comigo dos sofrimentos, a favor do evangelho, segundo o poder de Deus
(1.7,8). Paulo relembra a Timóteo as qualificações que devem caracterizar um
mestre cristão: coragem, poder, amor e domínio próprio. Um pastor não pode ser
covarde. Um ministro do evangelho deve ser revestido com o poder de Deus. Um
líder cristão precisa ser governado pelo amor. Aqueles que lidam com outras
pessoas precisam, sobretudo, ter domínio próprio. A moderação ou domínio
próprio é a sanidade da santidade. Nenhum homem pode governar outros se não tem
domínio sobre si mesmo.32
John N.
D. Kelly diz que o evangelho de um Salvador crucificado (IC o 1.23)
impressionava os judeus como sendo blasfemo, e os pagãos como sendo puro
contrassenso. E compreensível, portanto, que, em uma situação de extrema tensão
como aquela vivida pela igreja, uma pessoa tímida como Timóteo (IC o 16.10)
sentisse temor diante do inevitável desprezo e ódio suportado por causa do evangelho.
Longe de ter vergonha das humilhações e dos sofrimentos de Paulo, Timóteo
deveria criar coragem e participar. Se assim fizer, redundará em lucro para o evangelho.33
John
Stott diz que o dom é comparado ao fogo. Do verbo grego anazopureo, que não
aparece em nenhum aoutra passagem do Novo Testamento, não se pode de duzirque
Timóteo tenha deixado o fogo extinguir-se e deva agora soprar as brasas quase
apagadas até que o fogo ressurja. O prefixo ana pode indicar tanto aumentar o
fogo quanto tornar a acendê-lo. A exortação de Paulo, portanto, é para continuar
soprando, a fim de “atiçar aquele fogo interior”e conservá-lo vivo.34 Deus nos
dá dons, mas estes precisam ser reavivados. Deus nos dá desafios e também o
poder para levá-los a cabo. O medo e a covardia não combinam na vida cristã. O
Espírito Santo é Espírito de poder, por isso não precisamos temer a perseguição
nem a morte. O Espírito Santo é Espírito de amor; portanto, precisamos servir
ao próximo, mesmo correndo sérios riscos. O Espírito Santo é Espírito de
moderação, por isso devemos demonstrar domínio próprio, ainda que outros à
nossa volta se dispersem em numa debandada geral.
Paulo
passa dos fatores que contribuíram na formação de Timóteo para a autenticidade
do evangelho. Porém, antes de falar da singularidade do evangelho, exorta Timóteo
a não se envergonhar dos ensinos de Cristo (1.8).Embora Timóteo fosse um jovem
tímido, não deveria se envergonhar do evangelho. Embora muitos na Ásia
não quisessem mais nenhuma associação com Paulo (1.15), em virtude de estar
preso, acusado de malfeitor (2.9), Timóteo não deveria se envergonhar de Cristo
nem de seu enviado. Envergonhar-se do evangelho (Rm 1.16) é envergonhar--se de
Cristo, e aqueles que se envergonham de Cristo, o próprio Cristo se
envergonhará deles (Mc 8.38). O Paulo que não se envergonhava (1.12), admoestou
Timóteo a não se envergonhar (1.8) e relatou que Onesíforo não tinha vergonha
das algemas do apóstolo (1.16).
A singularidade do evangelho (1.9,10)
Paulo
passa agora a falar com mais detalhes desse evangelho do qual Timóteo não
deveria se envergonhar e pelo qual deveria estar pronto a sofrer.
O
evangelho é a boa notícia da salvação em Jesus. O nome de Jesus já revela esse fato
auspicioso, por significar que ele salvará o seu povo dos seus pecados (Mt
1.21). Em seu nascimento, na cidade de Belém, essa verdade foi proclamada pelos
anjos (Lc 2.11).O evangelho é chamado por Paulo de o evangelho da nossa salvação
(Ef 1.13). O evangelho não é uma invenção do homem, mas uma revelação de Deus.
Não tem sua origem no tempo, mas na eternidade. Não vem da terra, mas do céu.
No evangelho, devemos crer. O evangelho, devemos guardar. O evangelho, devemos
proclamar. Do evangelho, não podemos nos envergonhar. Algumas verdades devem
ser aqui destacadas.
Trechos do livro : Hernandes Dias
Lopes - 2 Timoteo
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