quinta-feira, 11 de março de 2021

Lição 11 - Compromissados com a Evangelização

 

TEXTO ÁUREO

“Porque não me envergonho do evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, primeiro do judeu e também do grego.”

( Rm 1.16)

                           VERDADE PRÁTICA

A nossa responsabilidade para a salvação de todos os seres humanos, mediante o Evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo, nos torna servo de todos.

OBJETIVO GERAL

Conscientizar a respeito do compromisso com a evangelização.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Mostrar a evangelização como uma prioridade dos pentecostais;

Enfatizar que Jesus morreu para salvar todos os seres humanos;

Argumentar que o Novo Testamento destaca a obra missionária na esfera local e transcultural.

         LEITURA BÍBLICA EM CLASSE

Marcos 16.14-20

14 – Finalmente apareceu aos onze, estando eles assentados juntamente, e lançou-lhes em rosto a sua incredulidade e dureza de coração, por não haverem crido nos que o tinham visto já ressuscitado.

15 – E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura.

16 – Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado.

17 – E estes sinais seguirão aos que crerem: em meu nome, expulsarão demônios; falarão novas línguas;

18 – pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e imporão as mãos sobre os enfermos e os curarão.

19 – Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu e assentou-se à direita de Deus.

20 – E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém!

INTERAGINDO COM O PROFESSOR

A evangelização sempre foi e é prioridade no Movimento Pentecostal. A razão para isso é que os pentecostais encarnam na realidade concreta o batismo no Espírito Santo como uma capacitação para testemunhar a Cristo. Os pentecostais também têm em mente que todas as pessoas podem e devem ter acesso a esse testemunho, pois Jesus, o nosso Senhor, morreu para salvá-las.

E, finalmente, há um senso de urgência na pregação pentecostal por causa da bendita esperança, ou seja, a firme convicção na iminência da volta do Senhor. São convicções arraigadas na Palavra de Deus que fundamentam a nossa prática de evangelização. Aproveite essa oportunidade para fazer uma grande conscientização a respeito da urgência da evangelização. É uma incumbência do Senhor Jesus Cristo.

INTRODUÇÃO

O Reino de Deus cresce à medida que os pecadores vão se convertendo ao Senhor Jesus. A igreja é a única agência do Reino de Deus escolhida pelo Senhor Jesus para levar a mensagem do Evangelho a um mundo que perece por causa do pecado. Com isso nós estamos dando continuidade ao trabalho que Jesus começou. Isso aponta para a importância da evangelização e da obra missionária.

PONTO CENTRAL:

 A evangelização é um compromisso da Igreja com Deus.

| Lição 11 – Compromissados com a Evangelização

CPAD – Adultos – Tema: O Verdadeiro Pentecostalismo: A Atualidade da Doutrina Bíblica sobre a Atuação do Espírito Santo

 


                         A MISSÃO DA IGREJA

 Marcos 16:9-20

  Como vimos na Introdução, o Evangelho de Marcos realmente termina no versículo 8. Basta ler esta passagem para ver quão diferente é do resto dos Evangelhos, e não é encontrada em nenhum dos manuscritos importantes. É um resumo posterior que substitui o final que Marcos não viveu para escrever, ou que em algum momento se perdeu. O grande interesse desta passagem reside na descrição que nos dá do dever da Igreja. Evidentemente, o homem que escreveu esta seção final acreditava que a Igreja tinha certas tarefas que Jesus lhe tinha encarregado. (1) A Igreja tem a tarefa de pregar. É dever da Igreja, e isto quer dizer de cada cristão, contar a história das boas novas de Jesus àqueles que nunca a ouviram. O dever do cristão é ser arauto de Jesus Cristo. (2) A Igreja tem uma tarefa curadora. Vimos este fato uma e outra vez. O cristianismo tem que ver com o corpo dos homens tanto como com sua mente. Jesus quis trazer saúde ao corpo e à alma. (3) A Igreja era uma Igreja de poder. Não precisamos tomar tudo literalmente. Não precisamos acreditar que o cristão tem que ter literalmente o poder de levantar víboras venenosas e beber líquidos venenosos sem correr perigo. Mas no fundo desta linguagem pitoresca está a convicção de que o cristão está imbuído de um poder para enfrentar a vida e lidar com ela que outros não têm nem podem ter. (4) A Igreja nunca seria deixada sozinha para trabalhar na realização de sua obra. Cristo sempre opera com ela e nela e por meio dela. O Senhor da Igreja está ainda nela e é ainda o Senhor de poder. E assim termina o Evangelho com a mensagem de que a vida cristã é a vida vivida na presença e no poder daquele que foi crucificado e ressuscitou.  

    Marcos (William Barclay)



              Uma comissão universal (16.15-20)

Paul Beasley-Murray comentando esse passo bíblico faz algumas considerações oportunas que vamos considerar.989

    Em primeiro lugar, a boa nova é o próprio Jesus (16.15). As boas-novas (euangelion) é uma das palavras favoritas de Marcos. Ele a usa sete vezes (1.1,14,15; 8.35; 10.29; 13.10; 14.9). Para Marcos, a história de Jesus é a boa nova a ser proclamada. O evangelho é a mensagem de que Deus está agindo por meio de Jesus, seu Filho, trazendo libertação ao cativo, quebrando o poder do diabo, do pecado e da morte. Pelo evangelho proclamamos que em Jesus o curso da História tem sido mudado. Jesus pela sua morte e ressurreição estabeleceu o seu Reino. Isso é a grande boa nova do evangelho, diz Paul Beasley-Murray.990

    Em segundo lugar, a boa nova de Jesus precisa ser pregada (16.15).

O verbo pregar é outra palavra favorita de Marcos. Ela é encontrada quatorze vezes nesse evangelho, enquanto só aparece nove vezes em Mateus e Lucas. Marcos enfatiza que Cristo veio pregando (1.14). Marcos sabe que Jesus é mais do que um pregador, por isso, relata vários dos seus milagres, porém destaca a primazia do ministério de pregação de Jesus

(1.38). Embora Jesus tenha se ocupado em atender as necessidades físicas das pessoas, Ele focou primordialmente as necessidades espirituais.

Jesus chamou seus discípulos para pregar (3.14) e os enviou a pregar (6.12). Agora, Jesus ordena seus discípulos a pregar em todo o mundo.

Dewey Mulholland diz que estar calado é um perigo maior que perseguição e morte. O evangelho só é boas-novas se for compartilhado.991

    O propósito de Deus é o evangelho todo, por toda a igreja, em todo o mundo, a todas as criaturas. O evangelho deve ser pregado a todas as nações (13.10), em todo o mundo, a toda criatura (16.15). A Igreja precisa ser uma agência missionária. Ela precisa ser luz para as nações. Uma igreja que não evangeliza precisa ser evangelizada. A igreja é um corpo missionário ou um campo missionário.

     A evangelização é uma tarefa imperativa, intransferível e impostergável.

O mundo precisa do evangelho e a salvação do evangelho precisa ser oferecida livremente a toda a humanidade, diz John Charles Ryle.992

    Em terceiro lugar, a boa nova de Jesus precisa ser recebida (16.16). O evangelho somente é experimentado como boas-novas quando é recebido

e crido. A Palavra de Deus é como espada de dois gumes, ao mesmo tempo em que traz vida, também sentencia com a morte. A Igreja é perfume de vida e também de morte, pois ninguém pode ficar neutro diante da mensagem do evangelho que ela proclama. Aos que recebem a mensagem, a Igreja é cheiro de vida para a vida, porém, àqueles que rejeitam as boas-novas, ela é cheiro de morte para a morte.

    Aquele que crê deve ser batizado e introduzido na comunhão da igreja.

A fé, porém, precede ao batismo. O batismo não faz o cristão, mas demonstra-o. Uma pessoa pode ser salva sem o batismo, como o foi o ladrão que se arrependeu na cruz, mas jamais alguém pode ser salvo sem crer em Jesus. É a descrença e não a ausência do batismo a razão da condenação (16.16).993 John Charles Ryle corretamente afirma que milhares de pessoas são lavadas em águas sacramentais, mas jamais foram lavadas no sangue de Cristo. Isso, contudo, não significa que o batismo deve ser desprezado ou negligenciado.994

    Certamente, Jesus não está dizendo que o batismo é necessário para a salvação, mas a pessoa que é salva deve ser batizada. É a rejeição de Cristo que traz a condenação eterna. Jesus foi claro, quando disse: “Por isso, quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus” (Jo 3.36). Adolf Pohl diz que o vínculo direto entre os termos não é

“batismo e salvação”, mas “fé e salvação”, ou “incredulidade condenação”.995

   Em quarto lugar, a boa nova de Jesus precisa ser confirmada (16.17,18). Adolf Pohl corretamente afirma que os sinais não estão vinculados a cargos, mas em primeiro lugar à fé que deixa Deus ser Deus (5.36; 9.23; 11.22). Em segundo lugar, eles fazem parte do contexto missionário, pois o fato de eles “acompanharem” pressupõe que os discípulos estão a caminho para difundir o evangelho.996

     Paul Beasley-Murray diz que o que temos aqui é descritivo e não prescritivo. O que temos aqui é um sumário da vida da Igreja primitiva. Os cristãos primitivos expulsaram demônios em nome de Jesus (3.15; 6.7,13; At 8.7,16,18; 19.12). Eles falaram em línguas (At 2.4; 10.46; 19.6; 1Co 12.10,28; 14.2-40). Paulo foi picado por uma víbora sem sofrer o dano de seu veneno letal (At 28.3-6). Eles impuseram as mãos sobre os enfermos para curá-los (At 28.8). Não há, porém, nenhuma alusão no Novo

Testamento sobre a ingestão de veneno. O único registro que temos na história é de Eusébio, historiador da Igreja, que fala sobre Justus Barsabas, um cristão que, forçado a beber veneno, pela graça de Deus não morreu.997

    Warren Wiersbe diz que alguns sinais descritos em Marcos 16.17,18 ocorreram durante o período apostólico descrito no livro de Atos. Eles foram as credenciais dos apóstolos (Hb 2.1-4; Rm 15.19; 2Co 12.12), mas não devemos presumir que eles pertencem a todos os crentes hoje. É insensatez tentar a Deus bebendo veneno, mas não é tolice confiar em

Deus quando a obediência à sua vontade nos levar a situações perigosas. A presunção nos mata, mas a fé nos liberta.998

   B. B. Warfield, em conexão com esses dons especiais diz: “Esses dons eram parte das credenciais dos apóstolos, como os agentes autoritativos de Deus, na fundação da Igreja... tais dons necessariamente desapareceram, com os apóstolos”. Crisóstomo e Agostinho também eram da opinião que esses dons, com a morte dos apóstolos, cessaram de existir. Essa também era a opinião de Jonathan Edwards: “Esses dons extras foram dados para a fundação e estabelecimento da Igreja no mundo. Contudo, desde que o cânon das Escrituras se completou e a Igreja foi plenamente fundada e estabelecida, esses dons extraordinários cessaram de existir. Entre outros que expressaram um entendimento semelhante, estão Matthew Henry, George Whitefield, Charles H. Spurgeon, Robert L. Dabney, Abraham Kuiper, e G. T. Shedd.999

Não é esse, porém, o nosso entendimento. Cremos que Deus pode e tem dado seus dons de sinais onde e quando quer, a quem quer, livre e soberanamente, segundo o seu beneplácito, para o louvor da sua própria glória, para a salvação dos eleitos e a edificação dos santos. A grande ênfase de Marcos é que quando a Igreja proclama a mensagem de Deus, o próprio Deus confirma essa mensagem com a manifestação do seu poder

(1Co 2.4; 1Ts 1.5), transformando vidas, atraindo as pessoas irresistivelmente pelo seu poder sobrenatural. A Igreja é chamada para ser um sinal do Cristo vivo e ressurreto no mundo. William Barclay conclui o seu comentário de Marcos afirmando que a vida cristã é a vida vivida na presençae no poder daquele que foi crucificado e ressuscitou.1000

  O evangelista Marcos fecha as cortinas do seu livro, enfatizando duas gloriosas verdades:

    Em primeiro lugar, Cristo é coroado à destra de Deus Pai (16.19). Sua obra foi consumada. Seu sacrifício foi aceito. Ele que se humilhou foi exaltado sobremaneira (Fp 2.8-11). Agora, Ele está entronizado à destra do Pai, de onde intercede pela Igreja, de onde governa o universo e de onde vai voltar para buscar a sua noiva.

     Em segundo lugar, a Igreja em parceria com o Senhor realiza sua obra (16.20). Os discípulos partiram e pregaram por toda parte. O Senhor cooperou com eles confirmando a palavra por meio de sinais. A pregação do evangelho foi realizada com palavra e poder. A mensagem foi pregada aos ouvidos e também aos olhos. Esses cristãos, revestidos com o poder do Espírito Santo, mesmo perseguidos, empobrecidos e despojados de poder militar e influência política, empunharam a bandeira do evangelho, proclamaram com desassombro a mensagem da ressurreição e conquistaram o mundo com o poder do evangelho.

      HERNANDES DIAS LOPES - Marcos, o evangelho de milagres

 


Como Sinais e Maravilhas Ajudaram a Ajuntar Multidões ao Senhor

Atos 5:12-16 “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão. Quanto aos outros, ninguém ousava ajuntar-se com eles, mas o povo tinha-os em grande estima. E a multidão dos que criam no Senhor, tanto homens como mulheres, crescia cada vez mais, de sorte que transportavam os enfermos para as ruas e os punham em leitos e em camilhas, para que ao menos a sombra de Pedro, quando esse passasse, cobrisse alguns deles. E até das cidades circunvizinhas concorria muita gente a Jerusalém, conduzindo enfermos e atormentados de espíritos imundos, os quais todos eram curados.”

Há duas semanas atrás, focamos nossa atenção na oração em Atos 4:29 – 30 e eu concluí que devíamos orar daquela maneira. As necessidades do mundo hoje são tão grandes e a experiência presente da igreja tão fraca, que deveríamos anelar pela mesmíssima coisa que aqueles crentes anelaram. Em face a uma grande oposição, os Cristãos deveriam clamar a Deus, assim: “Agora, pois, Senhor, olha para as suas ameaças e concede a teus servos que falem com toda ousadia a tua Palavra, enquanto estendes a mão para curar, e para que se façam sinais e prodígios pelo nome to teu Santo Filho Jesus.” Clamaram por audácia em seus testemunhos; clamaram para que a mão de Deus se estendesse em curas; e clamaram para que Deus realizasse sinais e prodígios. Não estavam, por assim dizer, simplesmente “abertos” para sinais e prodígios. Se desesperavam por eles. Oravam para que eles viessem.

E porque oravam por sinais e prodígios?

A pergunta que quero engajar-me em poucos minutos é a seguinte: Porque queriam eles com tamanha ansiedade, que Deus demonstrasse sinais e prodígios? E porque queriam eles que Deus estendesse Sua mão para curar? Aquela foi a geração que teve a mais imediata e a mais convincente evidência da verdade da ressurreição; mais do que qualquer outra geração. Centenas de testemunhas oculares do Senhor ressuscitado estavam em Jerusalém. Aquela foi a geração de testemunhas que menos necessitava uma autenticação sobrenatural. Menos do que qualquer das outras gerações que se seguiram. Aquela foi a geração para a qual a pregação (aparte de sinais e prodígios) da poderosa, salvífica Palavra de Deus, foi mais ungida do que qualquer pregação em gerações subsequentes – a pregação de Pedro e de Estêvão e de Paulo. Porque razão esta geração com seu imediato acesso aos testemunhas da ressurreição e de sua pregação extraordinária, sentiu tal paixão por ver Deus estendendo sua mão para curar e para que fizesse sinais e prodígios entre eles?

Vocês têm que saber onde eu quero chegar. Esta questão histórica é importante porque, uma das objeções claves ao nosso clamor pelo poder sanador de Deus e por Seus sinais e prodígios, se destrói diante da sua resposta. Voltarei a este assunto em alguns minutos.

Para ajudar as pessoas virem à fé salvadora

Nesse texto de hoje, vemos uma resposta bastante clara à questão de por quê a igreja queria sinais e prodígios – com todos os seus perigos, com todos os seus abusos – porque oraram: “Senhor, estende a tua mão para curar e para que se façam sinais e prodígios pelo nome do teu Santo Filho Jesus”? Atos 5:12 diz: “E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos. E estavam todos unanimemente no alpendre de Salomão.” (Eu creio que “todos” se refere à igreja, por causa da sequência de pensamentos em 2:43 – 44.)

Os versos 13 e 14 descrevem dois resultados dessa demonstração de sinais e prodígios. Primeiramente, o povo em Jerusalém – os de fora - estava maravilhado dos apóstolos e da igreja. Ananias e Safira haviam sido mortos, sinais e prodígios haviam sido feitos, e o verso 13 diz, “ninguém ousava ajuntar-se com eles; mas o povo tinha-os em grande estima.” Mas isso ainda não é tudo. Em meio a todo este temor, assombro e admiração, muitos estavam vindo à fé em Jesus. Verso 14: “E a multidão dos que criam no Senhor, assim homens como mulheres, crescia cada vez mais.”

Assim, pois, eu diria que Lucas quer que vejamos essa conexão entre os sinais e prodígios feitos pelos apóstolos no verso 12, e a multidão “dos que criam no Senhor” que “crescia cada vez mais” no verso 14. E diria ademais, que esta foi a razão por quê a igreja orava tão intensamente para que sinais e prodígios fossem operados. Os sinais e prodígios ajudaram a trazer as pessoas ao Senhor. Ajudaram a trazer o povo à fé salvadora.

Uma constante no livro de Atos

Esse não é um exemplo isolado no livro de Atos. Era algo padrão. Contamos, pelo menos 17 vezes no livro de Atos, onde um milagre realizado ajuda a levar à conversão. Temos visto o milagre de Pentecostes que resultou em 3.000 conversões, e o milagre do homem aleijado em Atos 3:6, que levou à conversão de 2.000 pessoas (Atos 4:4). Atos 9:34 – 35 e 40, 42, são os exemplos mais claros. Pedro cura a Enéias e Lucas diz, “E viram-no todos os que habitavam em Lida e em Sarona, os quais se converteram ao Senhor.” Pedro ressuscita Tabita, e Lucas diz, “E foi isto notório por toda Jope, e muitos creram no Senhor.”

Não existe dúvida de que a operação de milagres – sinais e prodígios – ajuda a trazer as pessoas a Cristo. Isto é o que Lucas deseja que vejamos e esta, certamente, é a razão por quê o Cristãos oraram em Atos 4:30 pedindo para que Deus estendesse sua mão para curar e para operar sinais e prodígios. Isto ajuda a trazer as pessoas a Cristo.

Uma objeção contra orar por sinais e prodígios

Agora, deixe-me tratar com essa objeção que algumas vezes é trazida contra orar por um derramamento do Espírito Santo com poder, em sinais e prodígios, nos tempos atuais. Alguns dizem que isso compromete a centralidade da Palavra de Deus; que deprecia o valor da pregação da Palavra; que prejudica a suficiência da Palavra de Deus para salvar pecadores. Se sinais e prodígios forem adicionados à pregação, assim dizem, tem que ser porque a Palavra de Deus não está sendo confiada ou estimada como suficiente para salvar. Estas são as coisas que você ouve. Concorda comigo?

Textos que parecem apoiar esse pensamento

Bem, essa objeção parece ter alguns textos cruciais que a apoiam. Romanos 1:16, diz: “Porque não me envergonho do Evangelho de Cristo, pois é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê.” O Evangelho, e não sinais e prodígios. Em 1 Coríntios 1:22 – 23, diz Paulo: “Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos.” E Jesus mesmo disse, “uma geração má e adúltera pede um sinal.” (Mateus 12:39; 16:4).

Cria um novo problema

Esses são os tipos de textos que são trazidos contra buscar o Senhor hoje em dia por sinais e prodígios. Mas, até agora, eu não ouvi qualquer desses opositores sequer fazer a pergunta, e muito menos responde-la: Se orar por sinais e prodígios deprecia a pregação do Evangelho, e somente pessoas más e adúlteras querem sinais, então porque Pedro, João e os discípulos oraram por eles em Atos 4:30? E porque Lucas se desdobra para demonstrar quão valiosos eles são, em ganhar as pessoas para Cristo?

Você pode ver o que essas pessoas estão fazendo? Elas estão dando a impressão de que buscar sinais e prodígios hoje, é um problema por razões que seriam, igualmente, um problema no livro de Atos, ou seja, compromete a suficiência da pregação. Mas eles não abordam esse problema. Então, permitam-me fazê-lo, porque essa é uma questão realmente muito importante. Porque a oração pedindo por sinais e prodígios em Atos 4:30 não era alguma coisa má e adúltera, e tampouco prejudicava a suficiência da pregação como o poder de Deus para a salvação?

Porque a oração em Atos 4:30 não era má?

A reposta à primeira pergunta é a seguinte: buscar sinais e prodígios de Deus é mau e adúltero, quando a demanda por mais e mais evidência procede de um coração resistente e, simplesmente, encoberta a má vontade para crer. Se levamos em nós um caso de amor para com o mundo, e nosso esposo, Jesus, depois de uma longa separação vem a nós e diz, “Eu te amo e desejo-te de volta”, uma das melhores maneiras de proteger nosso relacionamento adúltero com o mundo, seria dizer, “Tu, realmente, não és meu esposo; Tu, realmente, não me amas. Prova-o. Dê-me algum sinal.” Se esta é a forma com que demandamos um sinal, então, sim, somos uma geração má e adúltera.

Mas, se ao contrário, você vem a Deus com um coração dolorido, e anelando por Sua glória e pela salvação de pecadores, e esta é a razão por quê você deseja que Ele estenda Sua mão para curar e para obrar sinais e prodígios no nome de Jesus, então você, nem é mau nem tampouco adúltero. Você é uma esposa perfeita querendo, tão somente, honrar ao seu esposo, Jesus.

Por que sinais e prodígios não comprometem a pregação?

A resposta à segunda pergunta – porque sinais e prodígios não tem que, necessariamente, comprometer o poder da pregação do Evangelho – segue assim: Atos 14:3 diz que Paulo e Barnabé “Detiveram-se, pois, muito tempo [em Icônio], falando ousadamente acerca do Senhor, o qual dava testemunho à palavra da Sua graça, permitindo que por suas mãos se fizessem sinais e prodígios.” E isso é sumamente importante: Os sinais e prodígios são o testemunho de Deus à Sua Palavra. Não se colocam em competição com a Palavra. Não são contrários à Palavra. Não estão acima da Palavra. São, melhor diríamos, testemunho divino do valor, da verdade e da necessária centralidade da Palavra.

Segue, aqui, a forma com a qual eu sumarizo o relacionamento entre o evangelho e sinais e prodígios: os sinais e prodígios não são a Palavra salvífica da graça; são testemunhos secundários à Palavra da graça. Sinais e prodígios não podem salvar. Não são o poder de Deus para a salvação. Eles não transformam o coração – tanto quando música, ou arte, ou drama ou performances de mágica. O que transforma o coração e salva a alma é a auto-autenticada glória de Cristo vista na mensagem do evangelho (2 Coríntios 18: - 4:6).

Mas, ainda que sinais e prodígios não podem salvar a alma, eles podem, se assim agrada a Deus, romper a armadura do desinteresse; podem quebrar a cobertura do cinismo; podem destruir a capa protetora da falsa religião. Como todo bom testemunho da Palavra da graça, eles podem ajudar o coração depravado a fixar o olhar no evangelho onde a glória do Senhor brilha em sua inerente autenticação e valor salvífico.

Buscando sinais e prodígios em oração hoje

Meu propósito aqui, não foi o de defender a validade dos sinais e prodígios na atualidade. Eu já o fiz anteriormente, e, sem dúvida, o farei outra vez. O propósito tem sido o de mostrar qual foi sua função no livro de Atos e como isso não é um impedimento para que os busquemos, hoje em dia, da mesma forma em que foi buscado em Atos 4:30 – como um testemunho divino da Palavra da graça.

E eu, em verdade creio que Deus quer que oremos nestes dias, por sinais e prodígios. Tampouco me encontro só na comunidade reformada que ama a soberania de Deus e as doutrinas da graça. Portanto, encerro com um desafio feito por nosso mui venerado porta-voz, Martyn Lloyd-Jones.

 

“Está perfeitamente claro que nos dias do Novo Testamento, o evangelho foi autenticado por sinais, prodígios e milagres de várias descrições e caráter… Estava, este fato, suposto a ser verdade apenas para a igreja em seu princípio? …As Escrituras nunca, em nenhum lugar afirma, que estas coisas eram somente temporárias – nunca! Tal afirmação não existe em nenhuma parte.” (The Sovereign Spirit, pp. 31 – 32, em inglês).

 

Lloyde-Jones cria no “estado contínuo”, regular, normal do ministério da igreja. Tendo sua bênção, e sua glória, do Senhor. Mas, eu creio, que Lloyde-Jones ficou gradualmente desiludido com o status quo já pelo final de seus 30 anos de um ministério estável na Westminster Chapel em Londres, em 1965.

 

“Nós podemos produzir um número de convertidos - graças a Deus por isso - e isto acontece regularmente nas igrejas evangélicas a cada domingo. Mas a necessidade de hoje é demasiado grande para isso. A necessidade de hoje é a de uma autenticação de Deus, do sobrenatural, do espiritual, do eterno, e isto poderá receber sua resposta por Deus, graciosamente, ouvindo nosso clamor e outra vez derramando Seu Espírito sobre nós, e enchendo-nos da mesma maneira em que Ele continuamente enchia a igreja em seus primeiros dias.” (Joy Unspeakable, p. 278, em inglês).
O que necessitamos é uma poderosa demonstração do poder de Deus, uma representação do Onipotente que obrigaria as pessoas a prestar atenção, e a olhar, e a ouvir… Esta a razão porque eu insisto em que orem por sinais e prodígios. “Quando Deus age, Ele pode fazer em um minuto muito mais do que o homem, com sua organização, pode fazer em 50 anos.” (Revival, pp. 121 -122, em inglês

FONTE: http://www.apazdosenhor.org.br/profhenrique

 


                               CAPÍTULO 2

 QUE É A OBRA DE GANHAR ALMAS?

  1. Não é profissão. Deus nunca quer que a obra mais elevada e santa, a de ganhar almas, se torne uma profissão. Mas o amor à fama, o amor ao salário e o amor de governar leva muitos a vestirem-se com trajes eclesiásticos e aceitar títulos de oficio. Na história da Igreja, as grandes colheitas de almas foram sempre fruto daqueles que trabalhavam sem idéia de profissionalismo, anunciando a Palavra por toda parte, à sua própria custa.

  2. Não é dar esmola. Muitos crentes estão deixando mais e mais de anunciar a mensagem que dá vida à alma, para dar comida e roupa aos pobres. Que a Igreja, deve compadecer-se dos pobres e dar, é certo, mas não será o número total de Paes distribuídos que o Juiz quer ver no último dia, mas o número de almas salvas. Pães e roupas não podem estancar a sede da alma: “Todo o que bebe desta água, tornará a ter sede.”

  3. Ganhar almas não é reformá-las. Não se deve pensar nem dar a entender ao perdido, que a salvação é adquirida pelo fato de alguém levantar a mão, deixar de fumar, recusar a bebida forte, e abandonar todos os vícios. Se o homem pudesse salvar-se, só exercer o poder da vontade, Deus não teria dado Seu Filho para sofrer a agonia do Getsêmani e do Calvário.

  4. Ganhar almas não é magnetizá-las. A alma atraída pela personalidade ou eloqüência do pregador permanece fiel só durante o tempo que o pregador fica com ele. “Meu ensino e a minha pregação não foram em palavras persuasivas de sabedoria, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se baseie na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus”. (1 Cor 2. 4- 5). O grande número de almas que Paulo ganhou para Cristo, não foi atraída pela personalidade de apóstolo. “Sua presença corporal é fraca” (2 Cor 10.10). Diz-se Jônatas Edwards, poderoso em ganhar almas, em tempos passados, escrevia seus sermões por extenso; lia-os em voz monótona, página por página, segurando o manuscrito perto dos olhos porque era míope; e, apesar disto, algumas vezes os do auditório agarravam-se aos bancos com medo de cair no inferno dos pecadores, tão vividamente representadas em palavras de fogo, e de tal forma, que multidões foram conquistadas para Deus. Era a Palavra do Senhor que os atraía e não a personalidade do homem.

  5. Ganhar almas é pescar. “Segui-me, e eu vos farei pescadores de homens” (Mat 4.19). “Eu vos farei!” Então, os pescadores de homens são feitos por Cristo. Todos os dons necessários, Ele lhes concede. “Serás pescador de homens” (Luc 5.10). A palavra nesta passagem no original traduzida literalmente, quer dizer: “Apanhar homens vivos”, dando a idéia de salvá-los completamente do perigo mais horrível. Encontra-se esta palavra só uma vez nas Escrituras, em 2 Tim 2.26: “E se livrem do loco do Diabo tendo sido feitos cativos, (apanhados vivos) por ele”. Satanás também apanha almas vivas! Que hoste grande de cativos ele está conduzindo para o inferno! Alguns dos nossos queridos estão na procissão, e nós permanecemos inativos?

  6. Ganhar almas é ceifar. “Rogai pois, ao Senhor da seara, que envie trabalhadores para a Sua seara” (Mat 9.38). Não é o dinheiro, nem os crentes, que envia o ceifeiro para suportar o calor, e o labor do dia inteiro, mas, sim, “o Senhor da seara”. “Aqueles que semeiam em lágrimas, com júbilo ceifarão. Embora alguém saia chorando, levando a semente para semear, tornará a vir com júbilo, trazendo os seus feixes” (Sl 126. 5-6) 7. Ganhar almas é procurar o que se havia perdido. Toda a circunvizinhança comove-se ao saber que uma criancinha se perdeu no deserto. O pastor fiel não pode descansar, nem provar comida, a noite inteira, se não achar a ovelha perdida. Leia o capítulo 15 de Lucas e peça a Cristo que lhe dê a Sua compaixão abrasadora para com um mundo pródigo, e lhe ensine a procurar almas perdidas.

  8. Ganhar almas é privilégio supremo do crente. Nem a Gabriel, nem a Miguel, nem a qualquer dos anjos dos céus, é permitido participar desse gozo de ganhar almas.

 Um dos mais conhecidos missionários na Turquia foi convidado a assumir o cargo de cônsul, numa das maiores cidades daquele país, com salário de príncipe, mas não aceitou. “Por que não aceitou? Perguntou-lhe um moço, admirado. “Porque recuso rebaixar-me a ser embaixador ou cônsul”, foi a resposta calma.

  “Os que forem sábios, resplandecerão como o fulgor do firmamento; e os que converterem a muitos para a justiça, como as estrelas para todo o sempre” (Dan 12.3).

  9. Ganhar almas é levá-las a ter contato com Cristo. Diz-se Jônatas Goforth: “O alvo da sua vida foi levar homens a Cristo até à hora da sua morte”.

  Quantas vezes estamos satisfeitos quando o perdido vem somente para orar. O nosso dever é levá-lo a ter contato com o Cristo vivo.

  Não devemos abandoná-lo depois de salvo, mas levá-lo a continuar perante o Senhor. Saulo, salvo no caminho de Damasco, estava pronto a começar a trabalhar para Cristo. Mas foi enviado à cidade, esperando, nas trevas, durante três dias, que Cristo fosse formado nele (compare Gal 4.19). Não há estória mais gloriosa, entre todos os missionários, do que a de Carlos de Foucald. Nasceu-se e criou-se no seio de uma família nobre, com toda pompa e luxo.

  Não zombava da religião, mas o seu único interesse era divertir-se. Ocupava um lugar de honra no exército, quando, na casa de parentes, em Paris, encontrou Ruvelin. Quis entrar em polêmica com o pregador, mas este, depois de olhar para ele por alguns momentos, pediu-lhe que se ajoelhasse e orasse, confessando seus pecados. O moço não o quis fazer, dizendo que não viera pra confessar seus pecados. Contudo, o homem de Deus insistiu em que se ajoelhasse. Admirado, de Foucauld obedeceu e foi compungido em sua alma, a confessar a Deus, as faltas de uma vida desperdiçada, da qual antes não fora despertado. Não houve qualquer argumento entre os dois, nem troca de idéias, mas o contrito, Carlos de Foucauld, desde aquele dia não olhou para trás. Nunca houve alguém que abandonasse a velha vida mais sinceramente do que ele. Renunciou a todas as riquezas materiais e confortos da vida, para levar os silvícolas ao Salvador. No lugar onde o Senhor o colocou, foi fiel até a morte, morte de mártir.

  O segredo da vida vitoriosa deste missionário estava em ter contato com o Salvador vivo, contato que nunca perdeu.

                 Esforça-te para ganhar almas - Orlando Boyer



ASPECTOS FUNDAMENTAIS SOBRE EVANGELIZAÇÃO

Rev.

Oziel Gomes

  I – INTRODUÇÃO

   Em certo país da América Latina duas Igrejas de uma mesma denominação estão em crise. Permanece somente uma fração de seus membros: a juventude se afasta em busca de soluções mais objetivas às suas profundas inquietudes. A influência destas Igrejas sobre suas respectivas comunidades é mínima. Uma sucessão de pastores não têm podido resolver esta lamentável situação. Portanto os líderes são tomados por uma profunda desilusão. Percebem que a situação é verdadeiramente angustiante.

  Um ano mais tarde, em uma dessas duas Igrejas, que vamos chamar de Igreja “A”, operou-se uma transformação assombrosa. A quantidade de membros tem crescido assustadoramente. Se tem planejado uma série de grupos de estudos bíblicos nas casas de membros e pessoas interessados e pontos de pregação em toda cidade, e a Igreja tem assumido a responsabilidade de um campo missionário fora da cidade. No entanto, na outra Igreja que chamamos de “B” prevalecem a apatia e a desilusão.

  Apesar dos esforços de seus líderes e de uma sucessão de novos pastores, cada um com métodos diferentes, a congregação se transforma com o transcorrer dos meses em um pequeno grupo de fiéis crentes.

  Qual foi o segredo do crescimento surpreendente da Igreja “A”? Que estratégia usou? E qual método aplicado que a Igreja “B” também deveria usar?

  Se procurarmos descobrir o segredo da explosão evangelística da Igreja “A”, não olhemos para uma estratégia pré-fabricada; nem um método determinado. A arma mais potente desta congregação foi seu dinâmico estilo de vida.

  Estes dois exemplos contrastantes ressaltam o urgente problema de muitas Igrejas em nossos dias. Colocam em relevo o dilema da Igreja a qual Cristo implantou a quase vinte séculos.

 

   II - PROBLEMAS QUE OCORREM NA IGREJA – O QUE FALTA?

  1 – O primeiro século da história da Igreja não foi um período muito diferente, em realidade, da era em que vivemos. A paz, a tranquilidade e a liberdade de religião eram prometidas desde que estas não viessem a transgredir os limites do Estado. Porém a mensagem da Igreja primitiva não se propagou apenas em forma verbal. Apesar de ser um instituição imperfeita, com uma compreensão limitada das implicações da Palavra de Deus para a missão que havia sido chamada, a Igreja proclamou ao mundo de sua época um estilo de vida radicalmente diferente. Vivendo e crescendo como um corpo íntegro, se submeteu ás ordens de seu Senhor, e o Espírito Santo derramou sobre ela muitos dons que foram usados a serviço da missão e do próximo. Valendo-se de métodos flexíveis adequados às oportunidades que lhe são apresentadas, ainda que sem depender delas, este punhado de homens e mulheres, a maioria deles iletrados, conseguiu no curto espaço de uma geração, levar o Evangelho a todo o mundo conhecido.

  2 – Que contraste com a Igreja de nosso tempo! Tristemente dividida, A Igreja de hoje se comporta tìmidamente. Tem perdido muito de sua autoridade e vive do louros. Desiludida ante seu escasso crescimento e impotente ante os complexos problemas que enfrenta em um mundo de desintegrações, a comunidade que Jesus Cristo deixou aqui para continuar sua missão na terra tem fracassado. Se isola do mundo e dedica uma grande parte de suas energias e recursos na defesa de seus próprios interesses e instituições. Desorienta, ora recorre a diversos métodos todos existentes, ora se lança para soluções extremas. Outras vezes é uma Igreja triunfalista, orgulhosa de seu ativismo e de um crescimento numérico enganoso. Inoperante, vive em um pequeno meio, ignorante as angústias do mundo e não percebe que a falta de conteúdo da sua mensagem tem ocultado a muitos corações o verdadeiro sentido do Evangelho.

  3 – Falta “Álguém”!

  Falta a presença da Igreja no mundo, em dinâmica e corajosa ação evangelizadora.

  Falta “Alguém”!

  Falta o reconhecimento da presença do Soberano Senhor Jesus Cristo sobre o trono da Igreja. Falta “Alguém “! Falta o Espírito Santo manifestado na multiplicação de seus dons e na plenitude de seu poder.

  Falta “Alguém”! Falta o Verbo encarnado no mundo, na vida da Igreja. Falta a palavra escrita aplicada na vida e ação da Igreja. Sim, falta “Alguém”! naturalmente, não faltam métodos, nem falta dinheiro, meios de comunicação. Faltam sim, homens e mulheres, jovens e adultos. Faltam pastores e leigos. Falta a convocação total da Igreja, de seus líderes e membros. Faltamos todos nós sem exceção. Falta uma verdadeira profundidade na Evangelização.

  III - CONSCIÊNCIA DA MISSÃO

  “Mas vós sois raça eleita, o sacerdócio real, a nação santa o povo de sua particular propriedade, a fim de que proclameis as excelências D’Aquele que vos chamou das trevas para a sua luz maravilhosa”( I Pedro 2:9) Como raça eleita, a Igreja tem sido chamada a proclamar o Reino de Cristo sobre os poderes demoníacos que usurpam seu domínio.

  Como primícias do reino que virá, tem sido comissionada para demonstrar, com um estilo de vida radicalmente diferente, a realidade da soberania absoluta de seu Senhor neste presente século. A Igreja tem também o ministério sacerdotal da intercessão. Em sua vida, proclamação e adoração, a Igreja intercede pelo mundo, mostrando a Cristo que é o único caminho para Deus.

  A ela lhe tem sido dado o ministério da reconciliação. Exerce este ministério na terra na proclamação da palavra, sempre por meio de sua presença no mundo como sal da terra e luz nas trevas. Sua adoração não é uma expressão de seu próprio egoísmo, separatismo e desejo de satisfação pessoal, mas sim de seu regozijo ante o sucesso glorioso de ver Cristo no meio de seu povo, oferecendo ao mundo graça e salvação.

  Em sua condição de povo anunciante, a Igreja exerce o ministério profético. Valentemente aponta o dedo implacável do juízo de Deus contra todo aquele que atenta contra a autoridade de Cristo e a integridade de sua criação, contra as injustiças e contra as opressões, contra o arbítrio desumano e irresponsável. Com poder e autoridade, proclama a mensagem de redenção e de libertação em Jesus Cristo de todo pecado e escravidão. E com toda ternura se preocupa em levar a um pobre pecador o Evangelho de Cristo.

  A Igreja que se mantém aberta ao mundo e ao Espírito Santo, perceberá que nosso povo latino-americano é hoje mais complexo que nunca. Já não se trata simplesmente de “converte católicos romanos ao protestantismo” ou “protestantes ao catolicismo”. É preciso que haja uma consciência mais concreta da missão da Igreja, e isto só poderá existir a partir de uma experiência pessoal com Cristo.

  IV - ENCARNAÇÃO DA MISSÃO

  Talvez nos ajude em nossa reflexão pensar também sobre a estreita relação que existe entre a missão de Cristo e a missão de sua Igreja. Desde a perspectiva dos quatros grandes feitos relacionados com seu ministério sobre a terra: sua encarnação, vida, crucificação, ressurreição e exaltação. Paulo descreveu muito diretamente o primeiro grande feito no ministério de Jesus nos seguintes termos:

  “Porque já conheceis a graça de Nosso Senhor Jesus Cristo, que por amor de vós se fez pobre, sendo rico, para que vós, por sua pobreza vos tornásseis ricos” (II Cor. 8:9).

  O Filho de Deus que se fez carne, identificando-se assim totalmente com a natureza humana, ainda que sem pecado, se comunica em nossos dias por meio de uma Igreja que é ao mesmo tempo povo santo e instituição humana. Jesus de Nazaré, cujas mãos se estenderam para tocar o corpo podre de um leproso indesejado, e com ele contaminar-se ante a Lei Levítica, só pode salvar o mundo se a Igreja, que é seu instrumento, estiver disposta a encarnar sua própria vida e missão, e se dispuser a entrar em contato direto com um mundo cheio de males e pestes.

  Uma Igreja que se aliena em seu próprio mundo de santidade pessoal ou de sua pureza doutrinária, que se recusa a descer da presença de seu Senhor de onde professa habitar, para correr o risco de se contaminar com a imundície deste mundo, não pode ser verdadeiro instrumento de Deus na evangelização. Não é a Igreja meramente institucional, rica em bens, em métodos e em pessoal eclesiástico, que, portanto, poderá falar ao mundo, de todas as maneiras, desta mensagem redentora. A única Igreja que pode comunicar eficazmente o Evangelho a um mundo em angustiante escravidão, é aquela que está livre de compromissos, pobre de espírito, disposta a abandonar toda pretensão de riqueza e que reconheça sua total dependência da abundância que o Senhor pode prover.

  Esta foi precisamente, a atitude de Jesus durante todo seu ministério. Deixando de lado todas as suas prerrogativas divinas (não sua natureza divina – Fil. 2: 5-7), o Filho do homem viveu e atuou neste mundo, não em seu próprio poder, mas sim na autoridade do Espírito.

  A Igreja é chamada também com sua vida a renunciar a qualquer privilégio que possa pretender e a qualquer autoridade humana. Sua única fonte de poder é o Espírito Santo de Deus. Só quando a Igreja se renuncia, a plenitude do poder do Senhor pode realizar, em nome de Cristo, os grandes prodígios e milagres de redenção e libertação que constituem sua missão aqui na terra. Esta submissão total à vontade de Deus tem sua máxima expressão na cruz. Foi na cruz que Cristo demonstrou sua total submissão à vontade do Pai, sua renúncia absoluta à glória deste mundo. O Cristo ressurreto é, por último, o Senhor exaltado. Ao assentar-se à destra do Pai, enviou seu Espírito à Igreja com abundância de Dons (Ef. 1:17-20; 4:8). Toda vez que a Igreja se reúne para proclamar a Cristo, experimenta em seu meio a manifestação do poder do Espírito de Deus.

  V - CUMPRIMENTO DA MISSÃO

  Neste ponto, um exemplo muito claro, nós podemos encontrar no ministério de Jesus e de seus discípulos. Em Lucas 4:18 e 19, Cristo definiu seu ministério em termos das necessidades tanto físicas como espirituais do mundo de sua época. Podemos ver o mesmo em Lucas 7:22 e 23 em sua resposta à interrogativa de João, o Batista. A concepção de Jesus sobre o homem foi a mesma que permeia toda a Bíblia. O conceito hebreu do homem, ao contrário do conceito pagão da filosofia grega que predomina em nossa teologia tradicional, não faz distinção entre corpo e alma. Deus está interessado no homem total e sua mensagem é dirigida ao homem em sua totalidade. Cristo não veio somente salvar almas, mas sim resgatar pessoas de carne e osso.

  O cumprimento no mundo da obra de Cristo por meio do testemunho unido da Igreja é uma das grandes metas da evangelização.

  Este é o sentido da oração de Cristo: “Que todos sejam um em nós”. A igreja não se propõe apenas dar a conhecer a Glória de Deus ao mundo, seu propósito mais concreto é colocar em prática os sinais desta glória através de sua vida. Crucificada com Cristo, a Igreja tem a missão de comunicar e viver a mensagem da cruz “para que o mundo creia”. CRER, no sentido bíblico, não é apenas uma concepção intelectual nem emocional. Implica uma entrega total de todo nosso ser a Deus e a comunicação deste feito ao mundo pela totalidade de nossas vidas.

  É neste contexto que a Igreja se enfrenta, também ao imperativo de proclamar e demonstrar em vida e em palavras a realidade do senhorio de Cristo sobre as estruturas e os poderes dominantes e demoníacos deste mundo. Evangelismo que só destaca as implicações individuais deste senhorio é uma comunicação parcial de uma mensagem de amor e de esperança que, como já temos visto, afeta a todo o mundo.

  Talvez um dos grandes problemas da Igreja seja o de se buscar o seu Senhor na solidão do individualismo, em lugar de buscá-lo na comunhão de todo o povo Deus. Este individualismo – seja pessoal, eclesiástico ou doutrinário, nos impede que reconheçamos a Cristo em nossos irmãos cristãos, e impede que a chama divina que está nele penetre também em nossos corações. A brasa que arde na fogueira foi acesa por um tição que fora dela só seguirá ardente se mantivermos estreita comunhão com outras brasas de quem recebe e a quem transmite seu intenso calor. Evangelho sem amor é uma contradição. Evangelizar sem reconhecer nossas necessidades de um entrosamento como irmãos, por mais diferentes que sejam nossos pontos de vista, é contradizer o próprio sentido do Evangelho que proclamamos.

  VI – CONCLUSÃO

  Existem muitos evangelistas orientados aos diferentes recursos, oportunidade e necessidades que a igreja tem. Alguns pecam por uma base teológica superficial, e outros por uma compreensão sociológica muito ingênua. Em fim, os líderes das Igrejas precisam examiná-los para saber escolher entre estes métodos, aqueles que mais se ajustam à realidade de suas Igrejas, e sejam mais capazes de responder às verdadeiras e profundas necessidades do mundo. A profundidade metodológica não se aprende em nenhuma escola nem em nenhum curso sobre métodos de evangelismo. Fluem muito mais da profundidade de nossas reflexões sobre as implicações da Grande Missão, no contexto do Corpo de Cristo. Surge, também, no terreno da prática. Tanto a Igreja como o crente aprendem a evangelizar, evangelizando. Nenhum método, portanto, poderá substituir a vida do crente e da Igreja. Se seu estilo de vida contradiz o que diz, a evangelização não passará de um método superficial e seus resultados de pouca duração.

  Portanto, em toda estratégia de mobilização para a evangelização, a função do pastor e dos líderes das Igrejas, é importante. A função do pastor é importante em todo o processo de mobilização para a evangelização. Excetuando ao Espírito Santo que atua soberanamente no meio da Igreja, Ele é a pessoa mais importante. Sem dúvida, não deve a Igreja fugir à sua responsabilidade junta a seu pastor, porque o próprio pastor pode ser o principal impedimento para uma evangelização em profundidade.

  Como disse o Papa João Paulo I em uma de suas últimas expressões ao povo: “Se Cristo foi bom, amou o ser humano e se deu por ele, a Igreja como continuadora de seu ministério, deve ser boa, amar também o ser humano e se dar por ele”.

  Somente nesta perspectiva, de bondade, de amor e de renúncia e entrega total, podemos compreender o sentido profundo do Evangelho de Cristo. Só assim poderemos evangelizar.

                   Aspectos fundamentais sobre evangelização


         

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