Filipe,
Um Evangelista Para os Confins da Terra
TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Atos 8.5-8,
26-31
E, descendo
Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
E as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque
ouviam e viam os sinais que ele fazia;
Pois que os espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta
voz; e muitos paralíticos e coxos eram curados.
E havia grande alegria naquela cidade.
E o anjo do
Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao
caminho que desce de Jerusalém para Gaza, que está deserta.
E levantou-se, e foi; e eis que um homem etíope, eunuco, mordomo-mor de
Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus
tesouros, e tinha ido a Jerusalém para adoração,
Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e ajunta-te a esse carro.
E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes tu o que
lês?
E ele disse: Como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe
que subisse e com ele se assentasse.
TEXTO ÁUREO
E
as multidões unanimemente prestavam atenção ao que Filipe dizia, porque ouviam
e viam os sinais que ele fazia.
Atos 8.6
OBJETIVOS
Aprender
que Filipe foi, sobretudo, um servo submisso à vontade de Deus;
Entender
que Deus pode usar-nos em diversas funções no Reino;
Compreender que o dom mais excelente é o amor que devotamos a Deus e ao próximo.
REVISTA CENTRAL GOSPEL
Título: Filipe, o evangelista
Nome do autor: Equipe Ebd Areia Branca
Data de publicação: 15/02/2021
Data de inclusão no acervo: 10/02/2021
Filipe, o evangelista
O
capítulo 7 de Atos descreve o longo discurso de Estêvão. Tal discurso termina
com uma sentença condenatória contra o Sinédrio e todos os demais que ali
estavam (At 7:51-53). Esses não se arrependeram como deveriam, antes,
enfurecidos, mataram Estêvão, fazendo dele o primeiro mártir da igreja. Lucas
registra que no dia da morte de Estêvão foi levantada perseguição contra a
igreja em Jerusalém, provocando uma grande dispersão, a qual levou à expansão
da pregação da Palavra. Todos, com exceção dos apóstolos, foram dispersos pelas
regiões da Judéia e Samaria (At 8:1). Apesar da violência instalada, homens
piedosos correram sérios riscos ao darem um sepultamento apropriado a Estêvão,
além de lamentarem publicamente sua morte.
O que
parecia uma ação fatídica contra a igreja, na verdade, impulsionou os
discípulos a propagar o evangelho. Dentre os fugitivos, Lucas destaca Filipe,
que saiu a proclamar a Palavra em Samaria e também no deserto. Vejamos como
isso aconteceu.
FILIPE EVANGELIZA A CIDADE (At 8:4-13)
1. Compreendendo os bastidores
Havia
uma hostilidade histórica entre os judeus e os samaritanos. Tal agressividade
mútua começou com o fim da monarquia no século X a.C. (1Rs 12:1-20). Dez tribos
desertaram e fizeram de Samaria a sua capital. As outras duas permaneceram
leais a Jerusalém. Em 722 a.C, a Assíria capturou Samaria, deportou milhares de
seus habitantes e repovoou o território das dez tribos com povos de várias
nacionalidades (2Rs 17:24-28). Isso proporcionou o culto misto em solo
samaritano (2Rs 17:29-41). Com a construção de um templo rival, no século IV,
no monte Gerizim, e a rejeição do Antigo Testamento, exceto o Pentateuco, o
cisma se consolidou de vez. Os judeus tachavam os samaritanos de híbridos,
tanto na raça como na religião, além de hereges e cismáticos.
2. Filipe prega em uma região discriminada
Em
virtude da perseguição em Jerusalém, Filipe desceu a Samaria, mas não o fez
impensadamente. Seu objetivo foi levar a mensagem do Evangelho, anunciando a
Cristo (At 8:5), pois os samaritanos também esperavam o Messias (Jo 4:25). O
resultado foi que "As multidões atendiam, unanimes, às coisas que Filipe
dizia..." (At 8:6). A manifestação da graça de Deus veio em forma de
mensagem, libertação e cura (At 8:6-7). Samaria se encontrava sem direção do
alto, cativa e doente, assim como as cidades modernas.
A
ousadia de Filipe é impressionante! Ele começou a derrubar uma muralha que
separava judeus e samaritanos com a pregação do evangelho. Aí está uma grande
lição para nós. Precisamos amar as pessoas, não importando quem são, e anunciar
o evangelho, como Jesus, que pregava para prostitutas, leprosos e publicanos,
figuras marginalizadas na sociedade de Seu tempo. E no nosso tempo, quais são
as figuras que a sociedade rejeita? O que você e sua igreja têm feito por elas?
3. Filipe e Simão, o mago (At 8:9-13)
Antes
de Filipe chegar, Samaria estava sob forte influência de um mágico chamado
Simão. Ele enganava o povo e alegava ser muito importante (At 8:9). As pessoas
foram tão iludidas que chegaram a dizer que era o poder de Deus, chamado o
Grande Poder (At 8:10). O engano já havia fincado raízes, pois não era recente
(At 8:11). Filipe chegou e, proclamando desafiadoramente o evangelho, não deu
importância a Simão. As boas novas do Evangelho levadas por Filipe obtiveram
mais credibilidade do que as ações do mago (At 8:12a). Homens e mulheres iam se
convertendo e sendo batizados (At 8:12b). Até Simão desistiu de sua magia,
abandonou a fraude e abraçou a fé, sendo batizado (At 8:13a). Nas palavras de
John Stott: "ele, que extasiava outros, estava agora extasiado" (At
8:13b).
FILIPE EVANGELIZA O ETÍOPE (At 8:26-40)
Os
acontecimentos que marcaram os versículos de 1 a 13 foram narrados em um
contexto urbano onde as multidões ficam em evidência. Agora, depois de um
trabalho bem-sucedido entre a massa popular, Filipe recebeu uma ordem bastante
curiosa. O anjo do Senhor disse para ele descer a um caminho que se encontrava
deserto (At 8:26). O evangelista obedeceu prontamente. Quando Deus fala, por
mais estranho que pareça, devemos obedecer sem questionar.
1. Filipe encontrou o etíope (At 8:27-29)
O homem
que Filipe encontrou é alguém de destaque no cenário político da Etiópia
daqueles dias: um tesoureiro ou ministro das finanças. Lucas diz que ele era
alto oficial de Candace, rainha dos etíopes (At 8:27). Candace não era um nome
pessoal, mas um título dinástico da rainha-mãe que exercia certas funções em
nome do rei. Ele viera adorar em Jerusalém (At 8:27b). Isso pode significar que
era judeu, ou por nascimento ou por conversão. Mas ele era eunuco e havia uma
maldição em Deuteronômio 23:1 no que diz respeito à sua condição.
Provavelmente, a promessa aos eunucos em Isaías 56:3-5 já tivesse superado a
maldição de Deuteronômio.
O seu desejo de conhecer as Escrituras é
realçado pelo fato dele ler, apesar dos prováveis solavancos do carro (At
8:28), que devia ser uma espécie de carroça de bois. O Espírito Santo sabia do
ávido desejo instalado no coração do eunuco, por isso disse a Filipe:
"aproxima-te" (At 8:29).
2. Filipe anunciou as boas-novas ao etíope
(At 8:30-35)
Obedecendo à ordem do Espírito Santo, Filipe
se aproximou e ouviu o etíope lendo o profeta Isaías. Esse era um assunto com
que Filipe estava bem familiarizado. Perguntou ao viajante se compreendia o que
estava lendo (At 8:30). A resposta do eunuco foi bastante surpreendente e ao
mesmo tempo comum (At 8:31). Surpreende-nos sua sinceridade em dizer que não
entendia e que precisava de ajuda. Calvino ressalta a modéstia do etíope
"que reconhece sua ignorância livre e abertamente" contrastando com
uma pessoa "cheia de confiança em suas próprias capacidades". O que é
bastante comum é o grande número de pessoas que não entendem as Escrituras e
que precisam de alguém que as ensine. Se as que não compreendem, reconhecessem
a necessidade de ajuda, a leitura das Escrituras haveria de frutificar mais em
nossos dias. Diante do expresso pedido (At 8:34), Filipe anunciava a Jesus, a
partir do texto que ele vinha lendo (At 8:35).
3. Filipe batizou o etíope (At 8:36-39)
O
etíope entendeu a explicação de Filipe: o texto não falava a respeito de
Isaías, mas do cordeiro de Deus que morreu para que os nossos pecados fossem
perdoados. O eunuco respondeu à mensagem do evangelista com o desejo de ser
batizado. O batismo é uma ordenança que Jesus deixou (Mt 28:19) e que simboliza
nossa união com Cristo, através de Sua morte e ressurreição (Rm 6:3- 4). Filipe,
evidentemente, estava certo da profundidade e da solidez da decisão do etíope
de ser batizado. Desceram às águas, e o alto oficial, agora cristão, foi
batizado em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo (At 8:39).
4. Filipe foi retirado da presença do etíope
(At 8:39-40)
O verso
39 fala de outro acontecimento extraordinário. Logo depois que ambos saíram da
água, está escrito que Filipe foi arrebatado pelo Espírito do Senhor e achou-se
em Azoto. O eunuco seguiu seu caminho sem Filipe, mas foi acompanhado de Jesus
e transbordando de contentamento (At 8:39b). Filipe não se estabeleceu em
Azoto. Passou além e evangelizou as cidades que encontrou pelo caminho até
chegar em Cesaréia (At 8:40). Ali, em algum momento, ele fixou residência (At
21:8). No capítulo 8 de Atos, Lucas reuniu dois exemplos do trabalho
evangelístico de Filipe:
•
entre os samaritanos foi uma espécie de evangelização em massa, onde "as
multidões atendiam, unânimes, às coisas que Filipe dizia";
• com o etíope, encontramos um exemplo de
evangelização pessoal, no qual o discipulador e o discípulo sentam lado a lado
com a Palavra de Deus aberta. Em ambos os casos, apesar da diferença do público
e do método, a essência da mensagem foi a mesma. Tanto na evangelização em
massa como no evangelismo pessoal houve conversão, batismo e alegria.
Precisamos pregar a mesma mensagem proclamada por Filipe com o fim de colher os
mesmos resultados.
Bibliografia E. A. de Lima
Título: Filipe
viajou de teletransporte - Atos 8.1-40
Nome do autor: Pr. Daniel Deusdete Araújo
Barreto
Data de publicação: 15/02/2021
Data de inclusão no acervo: 10/02/2021
Filipe viajou de teletransporte - Atos 8.1-40
Como já dissemos, Atos foi escrito para
orientar a igreja em sua missão permanente por meio do relato de como o
Espírito Santo capacitou os apóstolos para propagar o testemunho de Cristo ao
mundo gentio. Estamos no capítulo 8, da parte III.
Breve
síntese do capítulo 8
O capítulo 8 começa dizendo que Saulo
consentia na morte de Estêvão e mais do que isso perseguia zelosamente à
igreja. Se Paulo foi o que foi para o cristianismo, como não era eficaz a
perseguição de Saulo aos irmãos? Como é misteriosa a obra de Deus! Em Jerusalém
somente ficou a liderança porque o restante dos crentes foi disperso e, indo
pelo caminho, pregavam a palavra por toda a parte. A partir do verso 5, Lucas
começa a narrar uma parte da história de Filipe que pregava/evangelizava sobre
o reino de Deus e sobre o nome de Jesus, batizava os que criam e, diz a Bíblia,
multidões atendiam unânimes as coisas que dizia e assim ouviam e viam os sinais
que ele operava. O que Filipe fazia? (Ir – pregar – evangelizar – curar -
batizar); o que Filipe pregava? (O reino de Deus – o nome de Jesus); o que a
multidão ouvia e via? (A palavra de Deus, sinais, milagres e prodígios).
Vejamos o presente capítulo com mais detalhes, conforme ajuda da BEG:
III. O TESTEMUNHO APOSTÓLICO NA JUDEIA E EM
SAMARIA
(8.1-11.18).
A perseguição causou o deslocamento do
testemunho apostólico de Jerusalém para a Judeia e Samaria, como Jesus havia
ordenado.
Quanto a isso, dois acontecimentos
importantes possibilitaram que o testemunho dos apóstolos se propagasse
geograficamente: a conversão de Paulo ao Cristianismo e o crescimento
espiritual de Pedro (isto é, o seu entendimento de que os cristãos gentios
tinham tanto direito às promessas de Deus quanto os cristãos judeus).
Doravante, do primeiro verso, aqui, até o
capítulo 11, estaremos vendo esse testemunho apostólico na Judeia e em Samaria.
Jesus ordenou a seus apóstolos que fossem testemunhas na Judeia e em Samaria
(1.8). Lucas passa a registrar a segunda fase do ministério apostólico
(primeira fase: 3.1-7.60; terceira fase: 13.1-28.31).
Para melhor entendimento, dividiremos esta
parte III em seis seções: A. O testemunho se propaga (8.1-40) – veremos agora;
B. A conversão de Paulo e o crescimento da igreja (9.1-31); C. O testemunho
continua a se propagar (9.32- 43); D. O testemunho alcança os gentios de
Samaria (10.1-11.18); E. A igreja em Antioquia da Síria (11.19-30); e, F
Perseguição e julgamento em Jerusalém (12.1-25).
A. O testemunho se propaga (8.1-40).
A
igreja em Jerusalém sofreu nova perseguição e muitos cristãos deixaram a
cidade, levando o evangelho de Cristo com eles. Lucas relata vários exemplos
dessa difusão do evangelho na Judeia e em Sararia.
Embora
houvesse a difusão do evangelho, Saulo, porém, assolava a igreja. O verbo grego
'assolar' tem um significado considerável, refletindo não apenas perseguição
ideológica como também violência física por meio de torturas.
Com
essa terrível perseguição, zelosa ao extremo, muitos cristãos foram dispersos e
ao serem espalhados, espalhavam também a palavra da pregação. A perseguição fez
com que o evangelho se propagasse rapidamente (11.19).
Um
desses homens que saíram pregando foi Filipe que realizava grandes sinais
miraculosos e o povo lhe deu atenção máxima. Também ocorria que muitos
espíritos imundos saiam das pessoas, dando gritos, e muitos paralíticos e
mancos eram curados.
Ele
estava pregando em fuga na cidade de Samaria.
Isso
despertou a curiosidade de um grande mago da região, Simão. Simão o mágico
(também conhecido como Simão Mago) é mencionado com frequência em escritos
antigos do período pos-neotestamentário e na literatura extra bíblica antiga
como sendo um arqui-inimigo da igreja e líder do movimento herético dos
agnósticos.
O gnosticismo ensina que o ser humano alcança
a salvação por meio de conhecimentos secretos a respeito de Deus, e não pelo
mérito da morte substitutiva de Cristo em favor dos pecadores.
Justino
Mártir (m. 165 d.C.), que era ele mesmo um samaritano, afirmou que a maioria
dos samaritanos considerava Simão como um deus supremo (chamavam-no de "o
Grande Poder'; vs. 10).
Irineu
(m. c. 202 d.C.), que escreveu extensivamente contra o gnosticismo em Contra
Heresias, indicou que Simão era um dos fundadores da heresia gnóstica.
O livro
apócrifo de Atos de Pedro (datado do século 2 d.C.) descreve os ensinamentos e
os poderes de Simão.
Embora
esse Simão do vs. 9 possa se referir a outra pessoa, os pais da igreja
consideraram os dois como sendo o mesmo indivíduo e o contexto de 8.9-11 (que
descreve o seu caráter e a sua atitude de samaritano) certamente favorece essa
conclusão.
O
próprio Simão abraçou a fé; e, tendo sido batizado, creu e passou a seguir
Filipe, por onde quer que ele andasse. À luz da informação na nota sobre o vs.
9, essa fé de Simão baseava-se provavelmente num conhecimento superficial e não
numa verdadeira aceitação de Jesus, pois o seu interesse estava nos 'sinais e
grandes milagres' que Pedro fazia e não num compromisso genuíno com Jesus.
Como
havia muita gente que tinha abraçado a fé, enviaram para lá tanto Pedro quanto
João e estes, quando chegaram, oraram pelos crentes para que recebessem o
Espírito Santo – vs. 15.
Os
cristãos samaritanos, até aquele momento, não haviam recebido evidência do
derramamento do Espírito Santo, algo característico do período
neotestamentário.
Como
consequência da fé em Cristo, o Espirito Sano veio habitar com eles (Rm 8.9),
mas os apóstolos lhes impuseram as mãos para que houvesse um derramamento
especial do Espírito.
No
entanto, o registro não explica em detalhes qual foi a manifestação que o
Espírito Santo realizou entre eles (p. ex., falar em línguas, dom da profecia,
etc.).
O fato
claro era que o Espírito Santo ainda não havia descido sob nenhum deles, pois
apenas tinham sido batizados em água no nome do Senhor Jesus.
Esse segundo batismo ocorreu nesse momento
porque os apóstolos haviam inaugurado uma segunda fase geográfica na propagação
do evangelho à medida que se deslocavam para Samaria (8.1 - 11.18).
O
procedimento normal do Novo Testamento é apenas um batismo a ser realizado em
nome do Pai, do filho e do Espírito Santo (Mt 28.19).
Outras demonstrações extraordinárias do
Espírito ocorreram em outros momentos:
· At 2, quando
do primeiro derramamento.
· Aqui, quando
Pedro chegou a Samaria;
· 10.44, quando
Pedro pregou pela primeira vez aos gentios.
· 19.4-7,
quando Paulo chegou a Éfeso.
Em cada
caso, pelo menos um dos apóstolos estava presente, indicando que o derramamento
extraordinário do Espírito inaugurava um novo estágio do sucesso missionário do
testemunho apostólico.
Ora –
vs. 17 - Pedro e João lhes impunham as mãos, e eles recebiam o Espírito Santo.
Isso chamou a atenção de Simão que viu e gostou e desejou o mesmo poder para
ele, estando disposto a pagar para obtê-lo. Óbvio que algo acontecia que
deixava claro a todos que eles estavam recebendo o Espírito Santo pela
imposição das mãos dos apóstolos.
Foi ele
mesmo que disse a Pedro e a João: "Deem-me também este poder, para que a
pessoa sobre quem eu impuser as mãos receba o Espírito Santo". (vs. 19).
Pedro,
diante da oferta dele, responde rispidamente e com energia: 'Sejam destruídos
tu e o teu dinheiro' (cf. Mt 7.13; Ap 17.8).
Simão
demonstrou, por meio de seus atos e palavras, que não era um verdadeiro crente
em Cristo; ainda era "servo do pecado" (cf. Rm 6.16; 8.8) e tinha a
boca cheia de amargura (cf. Dt 29.18; Rm 3.14). Uma profissão de fé sem
arrependimento indica a ausência de fé verdadeira.
Depois
da repreensão de Pedro, ele teve medo e pediu oração. Pedro e João voltaram
para Jerusalém, mas pelo caminho foram pregando em vários locais dos
samaritanos.
Filipe
recebe a visita de um anjo do Senhor que pede a ele para ir para o sul, para
uma estrada deserta que descia de Jerusalém a Gaza. Filipe obedeceu.
No
caminho, Filipe encontra um eunuco etíope. Esse homem era o ministro das
finanças da Etiópia, hoje a atual Núbia, uma área que se estende da atual
Assuã, no Egito, até Cartum, no Sudão.
Ele era
eunuco, ou seja, um oficial emasculado da corte real, ou a um alto funcionário
do governo, não necessariamente emasculado. Na Septuaginta (a tradução grega do
AT) e em escritos extra bíblicos, muitas vezes o termo significa um oficial do
governo.
Ele era
encarregado dos tesouros de Candace, rainha dos etíopes. O título da rainha-mãe
que exercia o governo sobre as questões seculares em lugar de seu filho que,
como filho do sol, era considerado um ser espiritual e não deveria se envolver
com os assuntos triviais do governo do Estado.
O fato era que aquele eunuco estava vindo a
Jerusalém para adorar a Deus e foi na sua volta para casa, enquanto lia o
profeta Isaías, que surge diante dele Filipe.
Caso o
etíope estivesse lendo a passagem sobre a misericórdia do Senhor para com os
eunucos (Is 56.3-5; cf. Dt 23.1), seria de esperar que também conhecesse a
passagem de Is 53.
Foi o
próprio Espírito Santo quem disse para Filipe para se aproximar daquela
carruagem e acompanhá-la. Em obediência, Filipe se aproximou dela e ouviu ele
lendo Isaías. Nos tempos antigos, ler em voz alta era uma prática comum. Filipe
começou uma abordagem com ele e perguntou se ele entendia o que lia ao que o
eunuco disse que não e que precisava de alguém que explicasse para ele. Então
Filipe, aproveitando a oportunidade, anunciou-lhe a Jesus.
Filipe
começou em Is 53 e identificou o servo da passagem com Jesus, o servo sofredor.
Lucas parece sugerir que Filipe utilizou outras passagens do Antigo Testamento
para identificar Jesus como o Messias.
Eles prosseguiam viagem até ao ponto em que
encontraram água pelo caminho e o eunuco manifestou o desejo de ser batizado e
assim foi feito por Filipe. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor
arrebatou Filipe repentinamente. O eunuco não o viu mais e, cheio de alegria,
seguiu o seu caminho. Filipe, porém, apareceu em Azoto – vs. 39,40.
Azoto
era uma antiga cidade litorânea de Asdode (1 Sm 5.1), uma das cinco cidades
filisteias, localizada cerca de 30 km ao norte da costa de Gaza e
aproximadamente 95 km ao sul de Cesareia.
Filipe
pregou o evangelho em todas as cidades ao longo do litoral até chegar a
Cesareia, uma grande cidade marítima construída por Herodes, o Grande, próxima
à Torre de Estratão.
Possuía
um porto excelente que Herodes expandiu para incrementar o tráfego marítimo
(21.8) e também serviu de centro de operações para procuradores romanos tais
como Pilatos, Félix (23.23-24.4) e Festo (25.6).
Filipe
pode ter fixado residência em Cesareia, pois nos anos seguintes ele ainda
estava na cidade (21.8).
Atos 8. 1-40
E também Saulo consentiu na morte dele. E
fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém;
e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os
apóstolos.
E uns homens piedosos foram enterrar Estêvão,
e fizeram sobre ele grande pranto.
E Saulo assolava a igreja, entrando pelas
casas; e, arrastando homens e mulheres, os encerrava na prisão. Mas os que
andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo
Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo.
E as multidões unanimemente prestavam atenção
ao que Filipe dizia, porque ouviam e viam os sinais que ele fazia; Pois que os
espíritos imundos saíam de muitos que os tinham, clamando em alta voz; e muitos
paralíticos e coxos eram curados. E havia grande alegria naquela cidade. E
estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela
cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que era uma
grande personagem; Ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo:
Este é a grande virtude de Deus. E
atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas.
Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do
nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres.
E creu até o próprio Simão; e, sendo
batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes
maravilhas que se faziam, estava atônito. Os apóstolos, pois, que estavam em
Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá
Pedro e João.
Os quais, tendo descido, oraram por eles
para que recebessem o Espírito Santo (Porque sobre nenhum deles tinha ainda
descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes
impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela
imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro, Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem
eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro:
O teu dinheiro seja contigo para perdição,
pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem
sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.
Arrepende-te, pois, dessa tua iniqüidade, e ora a Deus, para que porventura te
seja perdoado o pensamento do teu coração; Pois vejo que estás em fel de
amargura, e em laço de iniqüidade. Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós
por mim ao Senhor, para que nada do que dissestes venha sobre mim.
Tendo eles, pois, testificado e falado a
palavra do Senhor, voltaram para Jerusalém e em muitas aldeias dos samaritanos
anunciaram o evangelho.
E o anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo:
Levanta-te, e vai para o lado do sul, ao caminho que desce de Jerusalém para
Gaza, que está deserta.
E levantou-se, e foi; e eis que um homem
etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era
superintendente de todos os seus tesouros, e tinha ido a Jerusalém para
adoração, Regressava e, assentado no seu carro, lia o profeta Isaías.
E disse o Espírito a Filipe: Chega-te, e
ajunta-te a esse carro. E, correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e
disse: Entendes tu o que lês?
E ele disse: Como poderei entender, se alguém
não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se assentasse. E o lugar
da Escritura que lia era este: Foi levado como a ovelha para o matadouro; e,
como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, Assim não abriu a sua boca.
Na sua humilhação foi tirado o seu
julgamento; E quem contará a sua geração? Porque a sua vida é tirada da terra.
E, respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta?
De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe,
abrindo a sua boca, e começando nesta Escritura, lhe anunciou a Jesus. E, indo
eles caminhando, chegaram ao pé de alguma água, e disse o eunuco: Eis aqui
água; que impede que eu seja batizado?
E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o
coração. E, respondendo ele, disse:
Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus. E
mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e o
batizou. E, quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e
não o viu mais o eunuco; e, jubiloso, continuou o seu caminho. E Filipe se
achou em Azoto e, indo passando, anunciava o evangelho em todas as cidades, até
que chegou a Cesaréia.
Que história bonita a de Filipe. Merece um
estudo sério e dedicado. Poderemos meditar no apoio que enviou os apóstolos à
Samaria ao encaminhar a eles Pedro e João que oravam e ele recebiam o Espírito
Santo; que este fato despertou o desejo de Simão, o mágico, em obter o mesmo
poder para que impondo ele as mãos também recebessem o Espírito Santo; o anjo
que lhe sugeriu evangelizar o eunuco; o Espírito Santo que tele transportou
Filipe... Meu Deus, há tantos mistérios e maravilhas nos teus caminhos....
Referências: http://www.jamaisdesista.com.br
Título: A
missão de Felipe
Nome
do autor: Edson Santos
Data
de publicação: em 15/02/2021
Data
de inclusão no acervo: 10/02/2021
O anjo disse para Felipe descer de Jerusalém
para Gaza para a banda desértica. De Jerusalém a Gaza se percorre uma distância
de aproximadamente 100km. Após ter ensinado a palavra para o eunuco o mesmo
decidiu se batizar porque creu de todo o seu coração e confessou Jesus como o
verdadeiro Filho do Deus Altíssimo.
Imediatamente após o batismo do eunuco quando
Felipe saiu da água, a Bíblia nos diz que o Espírito Santo de Deus o arrebatou
para a cidade Azoto a atual Asdode, onde continuou seu caminho anunciando a
palavra até chegar a Cesareia. De Jerusalém a Cesareia o caminho mais curto é
de 121KM. De Jerusalém a Asdode, que é o atual nome da antiga cidade de Azoto,
o caminho mais curto nos dias de hoje, é de 63,1 km.
Isso
significa que ele foi arrebatado a uma distância de 60km e depois percorreu a
pé mais 60km, lembrando que isso tudo é uma hipótese, pois se trata de um
estudo simples; mas, o que aprendemos com isso?
Que
para aqueles que tem vontade de levar a palavra de Deus, o próprio Deus vai
providenciar tudo quanto for necessário, o principal já foi feito, a morte
vicária do nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.
Quer
dizer que posso ser arrebatado? Não, hoje nós temos aviões. Não são tão
eficazes quanto um arrebatamento providencial, mas resolvem o caso. Hoje há
muitos pregoeiros da palavra, mas, como na antiguidade, é necessário ir onde
ninguém quer ir.
Nas
“crackolândias”, nas ruas onde existem moradores de rua, menores infratores e
mendigos ninguém quer pregar as boas novas, todos querem grandes templos
lotados de pessoas, para demonstrarem seu conhecimento bíblico e teológico, e
“ai’’ de quem discordar deles, pois nunca mais voltam para pregar.
Isso
acontece por causa do crescimento da iniquidade, “que esfria o amor”. Mt
24.12,13. Você já parou para pensar que, em certas situações, até nós mesmos,
que nos denominamos evangélicos e cristãos, não temos coragem de falar ao menos
um "Jesus te Ama" para uma pessoa sem Deus? Estamos condicionados ao
politicamente correto, nos esquecendo que estamos vivendo os últimos momentos.
Na
minha própria família já me disseram, "Olha tem hora e lugar certo pra
falar dessas coisas você não pode falar disso todo tempo no lugar onde você
trabalha, pois lá não é lugar para isso".
Incrível como existem muitos evangélicos que
pensam assim também, mas, a Bíblia tem resposta para tudo. Sim! E a primeira
resposta que dou é "Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de
Deus” (Mateus 22:29, palavra do próprio Jesus).
E no
quesito da pregação da anunciação da palavra de Deus, o apóstolo Paulo disse:
"Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas,
repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina (2 Timóteo 4:2).
Veja
que Paulo vai além; instes=insista, redarguas=defenda, repreende=chamar a
atenção para a verdade, exorte=advirta, com toda a paciência e verdade. E o
mais importante: a todo tempo, o tempo todo, a todo o momento em que houver a
oportunidade devemos falar do amor de Deus. E se não houver essa oportunidade,
devemos cria-la, pois a criatividade é uma dádiva maravilhosa que Deus concedeu
aos seres humanos.
Referências Santos, Edson. A missão de Felipe.
Título:
Quem foi o apóstolo Filipe?
Nome do autor: Ryan Nelson
Tema: Personagens da Bíblia
Data de publicação: em 10/06/2019
Data de inclusão no acervo: 10/02/2021
O
Apóstolo Filipe foi um dos 12 principais discípulos de Jesus Cristo. Ele é uma
das quatro pessoas chamadas Filipe na Bíblia e costuma ser confundido com
Filipe, o Evangelista, que desempenha um papel secundário em Atos. (Os outros
dois Philips são filhos do Rei Herodes, o Grande).
O
apóstolo Filipe é mencionado apenas algumas vezes no Novo Testamento - sete
vezes nos evangelhos e uma vez em Atos . (Uma tradição também afirma que ele é
mencionado em outro versículo, embora não pelo nome.) Quatro dessas menções são
apenas listas dos apóstolos. Como o apóstolo Tomé, as únicas menções
significativas de Filipe vêm no Evangelho de João (e ainda não são tão
significativas).
A
tradição da Igreja identifica Filipe como o missionário para a Grécia, Síria e
Frígia, mas mesmo no início, Filipe, o Apóstolo, foi frequentemente confundido
com Filipe, o Evangelista (também conhecido como Filipe, o Diácono), o que
torna difícil distinguir quais detalhes descrevem quais Filipe . Acrescente a
isso os relatos lendários dos Atos de Filipe e da Carta de Pedro a Filipe , e
também será difícil separar o fato da ficção.
Ainda assim, há algumas coisas que podemos
aprender sobre Filipe, o Apóstolo, na Bíblia, e também podemos colher algumas
ideias da igreja primitiva.
Fatos sobre o Apóstolo Filipe
Não
aprendemos muito sobre Filipe nos evangelhos sinóticos ou no Livro de Atos - na
verdade, praticamente tudo o que aprendemos é que ele sempre está relacionado
com Bartolomeu. Mas o Evangelho de João e a igreja primitiva preenchem algumas
lacunas e nos ajudam a entender um pouco mais sobre quem ele era.
Ele era um dos Doze
O Novo Testamento lista todos os doze
apóstolos quatro vezes - Mateus 10: 2- 4 , Marcos 3: 14-19 , Lucas 6: 13-16 e
Atos 1: 13-16 . Embora existam algumas variações na ordem em que os apóstolos
aparecem e até mesmo nos nomes pelos quais eles passaram, Filipe está listado
em todos eles. Ele também é claramente um dos Doze no Evangelho de João, embora
João nunca os liste explicitamente.
Isso significa que Filipe era uma das pessoas
mais próximas de Jesus e que passou cerca de três anos morando com ele,
testemunhando seus milagres e ouvindo seus ensinamentos. Ele viu inúmeras
demonstrações da divindade de Jesus.
Ele veio de Betsaida.
Uma das
primeiras coisas que aprendemos sobre Filipe no Evangelho de João é que, como
Simão Pedro e André, ele vem de Betsaida, uma cidade perto do Mar da Galiléia (
João 1:44 ). Isso pode parecer um detalhe trivial, mas mais tarde, quando Jesus
e os discípulos vieram a Jerusalém, alguns homens gregos de Betsaida queriam
ver Jesus - e eles foram até Filipe ( João 12:21 ). É possível que eles o
conhecessem pessoalmente, ou talvez ele falasse grego melhor do que os outros
discípulos (afinal, ele tinha um nome grego).
Ele não era Filipe o Evangelista
É fácil
ler os Evangelhos e Atos e nem perceber que existem dois Philips diferentes. Na
verdade, é possível que Filipe, o Apóstolo, tenha sido confundido com Filipe, o
Evangelista, já no primeiro ou segundo século . Na História da Igreja, Eusébio
cita Papias de Hierápolis - um contemporâneo dos apóstolos - dizendo que Filipe
estava morando em Hierápolis com suas filhas. Papias também se refere a Filipe
em Atos 21 como um apóstolo, e esse título era geralmente (mas nem sempre)
reservado para os Doze. Eusébio também cita Polícrates de Éfeso, um bispo que
viveu durante o século II, dizendo:
“Pois também na Ásia adormeceram grandes
luzes, as quais se levantarão no último dia, na vinda do Senhor, quando virá
com glória do céu e buscará todos os santos. Entre estes estão Filipe, um dos
doze apóstolos, que dorme em Hierápolis, e suas duas filhas virgens idosas e
outra filha que vivia no Espírito Santo e agora descansa em Éfeso ”.
Mas há
boas razões para acreditar que provavelmente haja duas pessoas diferentes
chamadas Philip. O Filipe que chamamos de “Evangelista” ou “Diácono” é
mencionado pela primeira vez em Atos 6, quando a igreja seleciona sete pessoas
para distribuir alimentos. Lucas escreve: “Portanto, os Doze reuniram todos os
discípulos e disseram: 'Não seria certo negligenciarmos o ministério da palavra
de Deus para servir à mesa. Irmãos e irmãs, escolha sete homens entre vocês que
são conhecidos por serem cheios do Espírito e sabedoria. Passaremos essa
responsabilidade a eles e daremos nossa atenção à oração e ao ministério da
palavra. '”- Atos 6: 2–4
Os doze apóstolos optaram por sair desta
posição, e então um homem chamado Filipe foi escolhido para ser um dos Sete (
Atos 6: 5 ). Então, isso seria muito estranho se esse fosse o Apóstolo Filipe.
Muito mais tarde, em Atos 21: 8–9 , Paulo e
seus companheiros ficam na casa de Filipe em Cesaréia com suas quatro filhas
solteiras que tinham o dom de profecia. Este Filipe é explicitamente
identificado como "o evangelista" e "um dos Sete". Se este
fosse o apóstolo Filipe, seria estranho que Lucas fornecesse dois detalhes
distintos e não o chamasse de apóstolo. E provavelmente, se ele nãoUsando
detalhes distintos, a igreja primitiva teria assumido que ele se referia a
Filipe, o Apóstolo - o Filipe mais conhecido. (Este é um dos principais
argumentos para assumir que todas as referências do Novo Testamento a Marcos
estão falando sobre João Marcos , o autor tradicional do Evangelho de Marcos .)
A
maioria dos estudiosos acredita que Papias estava falando sobre Filipe, o
Evangelista (devido à referência a suas filhas) e usando o termo apóstolo de
forma mais ampla, ou então Papias confundiu os dois. Polycrates parece ter
borrado claramente os dois Philips, e Eusébio nunca percebeu o erro. Como
resultado, a igreja duvidou do relato de Eusébio sobre Filipe por quase um
milênio.
Ele pode ter sido um missionário
A
tradição da Igreja afirma que Filipe pregou o evangelho na Cítia (uma região na
Eurásia central), na Síria e na Frígia (Turquia). No entanto, essa tradição se
origina em grande parte dos Atos de Filipe , um texto duvidoso do século IV que
misturava relatos verdadeiros com lendas, incluindo uma narrativa envolvendo um
dragão. Então, hum. . . talvez?
Philip na Biblia
Além
das listas de apóstolos em Mateus, Marcos, Lucas e Atos, Filipe aparece em
quatro narrativas no Evangelho de João. Eles não nos dizem muito, mas são tudo
o que realmente temos para continuar. Jesus chama Filipe e Natanael (João 1:
43-51)
Depois
que Jesus chama Pedro, André, Tiago e João, ele encontra Filipe:
“No dia
seguinte, Jesus decidiu partir para a Galiléia. Encontrando Philip, disselhe:
"Siga-me".
Filipe,
como André e Pedro, era da cidade de Betsaida. Filipe encontrou Natanael e
disse-lhe: 'Encontramos aquele sobre quem Moisés escreveu na Lei e sobre quem
os profetas também escreveram: Jesus de Nazaré, filho de José.'
'Nazaré! Pode vir alguma coisa boa daí? '
Natanael perguntou.
'Venha e veja', disse Philip. - João 1: 43-46
Assim
como André, a primeira reação de Filipe depois de conhecer Jesus foi contar a
alguém sobre ele. Ele desempenhou um papel ativo em liderar outro apóstolo a
Jesus.
Alguns estudiosos especulam que Filipe também
pode ter sido discípulo de João Batista, uma vez que:
1. Dois dos discípulos de João seguiram Jesus
( João 1: 35-37 ) 2. A Bíblia apenas nos
diz que um era André ( João 1:40 )
3. As contas aparecem lado a lado
4. Os encontros parecem acontecer no mesmo
local
5. Jesus pode ter procurado ativamente por
Filipe
Jesus alimenta 5.000 (João 6: 1-15)
Antes
de Jesus alimentar a multidão de mais de 5.000 pessoas, ele decidiu testar
Filipe: “Quando Jesus olhou para cima e viu uma grande multidão vindo em sua
direção, disse a Filipe: 'Onde compraremos pão para este povo comer?' Ele pediu
isso apenas para testá-lo, pois já tinha em mente o que iria fazer Filipe
respondeu-lhe: 'Seria preciso mais de meio ano de salário para comprar pão
suficiente para cada um comer!' ”- João 6: 5-7
Jesus
já sabia exatamente o que faria, mas perguntou a Filipe o que seria necessário
para alimentar aquelas pessoas - talvez como uma piada, ou possivelmente, para
ilustrar que seria necessário um milagre para alimentar tantas pessoas. (Já que
o Taco Bell não era uma opção.) Nos evangelhos sinópticos, os escritores
simplesmente nos contam que essas trocas ocorreram entre Jesus e “os
discípulos”, e o diálogo vai direto ao ponto um pouco mais. João parece mais
interessado em nos dizer quem disse o quê e em usar a resposta de Filipe para
preparar o milagre de Jesus.
Filipe refere alguns gregos a Jesus (João 12:
20-36)
Quando Jesus chega a Jerusalém, alguns gregos
tementes a Deus querem vêlo, então procuram Filipe:
“Bem, havia
alguns gregos entre os que subiam para adorar no festival. Eles foram até
Filipe, que era de Betsaida, na Galiléia, com um pedido. 'Senhor', disseram,
'gostaríamos de ver Jesus.' Filipe foi contar a André; André e Filipe, por sua
vez, contaram a Jesus. ” - João 12: 20-22
Como
discutimos antes, esses gregos podem ter procurado Filipe porque o conheciam ou
simplesmente porque ele tinha um nome grego e falava grego melhor.
Jesus,
o Caminho para o Pai (João 14: 5-14)
Freqüentemente, os discípulos não têm ideia do
que Jesus está falando, e alguém tem que arriscar o pescoço e fazer uma
pergunta esclarecedora (ou freqüentemente, no caso de Pedro, fazer uma
declaração tola). Depois de Jesus dizer aos discípulos que está preparando um
lugar para eles e que eles sabem para onde está indo, Tomé pergunta: “Como
podemos saber o caminho se não sabemos para onde você está indo?”
É aí
que começamos:
“
Jesus respondeu: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai
exceto por mim. Se você realmente me conhece, você conhecerá meu Pai também. De
agora em diante, você o conhece e o tem visto.
Filipe disse: 'Senhor, mostra-nos o Pai e
isso nos bastará'. Jesus respondeu: 'Você não me conhece, Filipe, mesmo depois
de tanto tempo entre vocês? Quem me viu, viu o pai. Como você pode dizer:
“Mostra-nos o Pai”? Você não acredita que eu estou no Pai e que o Pai está em
mim? ' ”- João 14: 6–10
Jesus acaba de lhes dizer que a mansão de seu
Pai tem muitos quartos e ele vai preparar um lugar para eles e voltar para
buscá-los. Thomas diz: “Não sabemos para onde você está indo. Como podemos
chegar lá."
Os
discípulos acho que eles estão indo para a casa do Pai em breve , e responde a
Jesus: “Se você realmente me conhece, você vai saber também a meu Pai.” Philip
está basicamente tentando demonstrar sua fé dizendo: “Nem me importo com os
detalhes. Apenas ver o Pai será o suficiente para nós. ” Quer a declaração de
Filipe tenha sido tola ou simplesmente ousada, deu a Jesus outra oportunidade
de afirmar diretamente sua divindade e nos ajudar a compreender seu
relacionamento com o pai.
O
custo de seguir Jesus (Lucas 9: 57–62, Mateus 8: 18–22)
Em
Lucas e Mateus, um discípulo não identificado pergunta a Jesus se ele pode
enterrar seu pai antes de segui-lo. Jesus responde (aparentemente asperamente):
“Deixe os mortos sepultar os seus próprios mortos, mas você vai e proclama o
reino de Deus” ( Lucas 9:60 ).
Clemente de Alexandria, que viveu nos séculos
II e III, afirmou que esse discípulo não identificado era Filipe:
“Se
eles citarem as palavras do Senhor a Filipe:“ Deixa os mortos sepultar seus
mortos, mas segue-me. . . '”- Stromata
Como
morreu o apóstolo Filipe?
É
difícil dizer como Filipe morreu, especialmente porque ele foi confundido com
Filipe, o Evangelista, no início, e há relatos conflitantes. Um registro diz
que ele morreu de causas naturais. Outro diz que foi decapitado. Ou apedrejado
até a morte. Ou crucificado de cabeça para baixo.
Muitas
das primeiras tradições parecem apontar para ele sendo martirizado em
Hierápolis. Numa carta ao papa Vitor, Polícrates de Éfeso disse: “Falo de
Filipe, um dos doze apóstolos, que foi sepultado em Hierápolis. . . ” Caio, o
Presbítero (um escritor cristão do terceiro século) escreveu: “E depois disso
houve quatro profetisas, filhas de Filipe, em Hierápolis, na Ásia. Sua tumba
está lá, e aquela também de seu pai. ”
Os Atos
de Filipe fornecem o relato mais antigo e detalhado de seu martírio, mas,
novamente, é difícil dizer o quanto podemos confiar nele. Supostamente, ele
converteu a esposa de um procônsul, o que irritou o procônsul o suficiente para
que ele e Bartolomeu fossem crucificados de cabeça para baixo. Enquanto estava
pendurado ali, Philip pregou, e a multidão foi movida a libertá-los. Ele disse
a eles para libertarem Bartolomeu, mas não para derrubá-lo. Filipe morreu em
algum momento do primeiro século, possivelmente por volta de 80 DC.
Um
apóstolo menos conhecido
Na
verdade, não há muito que possamos dizer sobre Philip sem especular. A Bíblia
não nos diz muito, e até mesmo alguns dos escritores da igreja primitiva mais
confiáveis ficaram confusos sobre quem ele era.
O que
sabemos é o seguinte: como um dos Doze, Filipe certamente teve um papel
importante na igreja primitiva e provavelmente desempenhou um papel importante
na divulgação do evangelho em algum lugar da antiga Eurásia.
Referências
https://overviewbible.com/philip-the-apostle/
Título: A
confusão entre Filipe Apóstolo e Filipe Evangelista
Nome
do autor: Daniel Conegero
Data
de publicação: 15/02/2021
Data
de inclusão no acervo: 10/02/2021
A confusão entre Filipe Apóstolo e Filipe
Evangelista
Na
verdade, muitos cristãos não sabem que existe diferença entre o Filipe Apóstolo
e o Filipe Evangelista, e acabam confundindo os dois, juntando a história
distinta de ambos em uma única história. Esse equívoco não vem de hoje, já há
relatos da época dos pais da Igreja onde se nota essa confusão. Eusébio e
Clemente de Alexandria foram dois dos que parecem ter confundido os Filipes.
Apesar
disso, claramente podemos notar que Lucas, no livro de Atos dos Apóstolos, teve
a preocupação em fazer a correta distinção entre ambos. Um texto interessante
sobre essa questão está no capítulo 8 do livro de Atos. Após a morte de
Estêvão, Lucas narra nesse capítulo que houve uma grande perseguição contra os
cristãos de Jerusalém. No versículo 1, ele descreve que “todos, exceto os
Apóstolos, foram dispersos pelas regiões da Judéia e de Samaria” (At 8:1). No
versículo 4, somo informados que “os que haviam sido dispersos pregavam a
palavra por onde que fossem” (At 8:4). Já no versículo seguinte, encontramos a
informação de que Filipe estava indo para uma cidade de Samaria (At 8:5).
Perceba a evidente distinção que Lucas faz ao afirmar que, “exceto os
Apóstolos”, todos foram dispersos pelas regiões da Judéia e Samaria. Nessa
dispersão, estava o Filipe que aparece no versículo 5, que obviamente não é o
Filipe Apóstolo, já que os Apóstolos permaneceram em Jerusalém.
A
seguir, apresentaremos as biografias do Apóstolo Filipe e do Evangelista
Filipe, o que servirá de auxílio para esclarecer ainda mais essa questão.
O
Apóstolo Filipe
Filipe,
o Apóstolo, foi um dos doze discípulos de Jesus. No dia seguinte ao chamado de
André e Simão, o Apóstolo Filipe foi chamado pelo Mestre. Filipe também foi
usado como “instrumento” na chamada de Natanael para seguir ao Senhor (Jo
1:43-46).
O
Apóstolo Filipe era de Batsaida da Galiléia (Jo 1:44; 12:21), a mesma cidade
natal de André e Simão. Acredita-se que se tratava de uma vila de pescadores
localizada na praia ocidental do lago. Ele é mencionado nos três primeiros
Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos sempre ocupa a quinta posição nas
listas onde registram a relação dos Apóstolos (Mt 10:3; Mc 3:18; Lc 6:14; At
1:13).
Embora
os relatos sobre Filipe sejam escassos no Novo Testamento, ele aparece de forma
mais destacada no Evangelho de João. Em João 6:5, Jesus perguntou a Filipe onde
conseguiriam pão para alimentar a multidão que havia se formado. A resposta
direta dada por Filipe parece mostrar seu jeito prático e realista. Mais tarde,
vemos Filipe sendo abordado por alguns gregos que desejavam ver Jesus. Alguns
comentaristas sugerem que tais gregos se aproximaram de Filipe devido ao seu
nome grego (Philippos). Ainda no Evangelho de João, Filipe pediu a Jesus que
mostrasse o Pai (Jo 14:8).
Depois dessas poucas referências, pouco se
sabe sobre Filipe. O que acaba dificultando ainda mais os registros sobre ele,
é a frequente confusão sobre sua pessoa já citada anteriormente. É provável
que, assim como Filipe, o Evangelista, ele tenha tido filhas, no caso duas, o
que acaba causando ainda mais confusão.
Algumas tradições cristãs sugerem que o Apóstolo
Filipe evangelizou na Palestina e na Grécia, mas desenvolveu grande parte de
seu ministério pregando o Evangelho na Ásia Menor, em Hierápolis, cidade que
atraía muitos visitantes devido suas fontes termais, na região da Frígia, atual
Turquia. Nessa cidade, Filipe teria sofrido um terrível martírio (talvez
crucificado e apedrejado) e sido sepultado.
Essa possibilidade é apontada por alguns
estudiosos como uma possível explicação para o fato do Apóstolo Paulo não ter
escrito nenhuma carta à numerosa igreja de Hierápolis, que era vizinha a outras
duas igrejas (Colossos e Laodicéia) que receberam suas epístolas (Cl 4:16).
Portanto, talvez a presença de um Apóstolo, no caso Filipe, como líder da
igreja de Hierápolis tornou desnecessário que qualquer carta fosse enviada por
Paulo a essa igreja. Há também tradições que defendem que Filipe teria
evangelizado a Gália, região atual da França, porém não se sabe se de fato isso
ocorreu ou se trata de um erro de escrita entre Galácia e Gália, ou até mesmo
se o Filipe citado seja realmente o Apóstolo ou o Evangelista.
Filipe, o Evangelista
Filipe, o Evangelista, foi um dos sete homens
escolhidos como diáconos da igreja de Jerusalém (At 6:1-6). Devido à
perseguição contra a Igreja liderada por Saulo de Tarso após o martírio de
Estêvão, Filipe estava entre os cristãos que se dispersaram, fugindo de
Jerusalém para regiões da Judéia e Samaria. Em Samaria, Filipe se destacou na
evangelização. Durante sua pregação do Evangelho, muitos milagres ocorreram e
demônios foram expulsos (At 8:7). Então, houve grande alegria naquela cidade, e
muitas pessoas foram batizadas (At 8:12). As notícias do trabalho evangelístico
realizado por Filipe chegaram até os Apóstolos em Jerusalém, que acabaram
enviando para lá Pedro e João (At 8:14).
Mais
tarde, Filipe, seguindo a ordem de um anjo do Senhor, partiu em direção ao sul,
para a estrada que desce de Jerusalém a Gaza. Ali, ele encontrou um eunuco
etíope, a quem orientou acerca da fé em Jesus, anunciando o Evangelho de Cristo
explicando uma passagem do livro do Profeta Isaías. Após batizar o eunuco, o
Espírito do Senhor arrebatou repentinamente Filipe, de modo que o eunuco não o
viu mais. Filipe então foi arrebatado pelo Espírito até Azoto, onde anunciou o
Evangelho em todas as cidades, até chegar a Cesaréia (At 8:26-40).
Acredita-se que Filipe, por ser um judeu
helenístico, ou seja, que falava o grego, tenha desempenhado um papel
importante na ligação entre a igreja de Jerusalém e as regiões vizinhas. Muito
provavelmente Filipe fixou residência em Cesaréia, onde mais tarde, hospedou,
inclusive, o Apóstolo Paulo e Lucas (At 8:40; 21:8).
Filipe
era conhecido como “o Evangelista”, possivelmente para distingui-lo do Filipe
Apóstolo. Como já vimos anteriormente, mesmo com Lucas tomando todas as
precauções para que o Apóstolo e o Evangelista não fossem confundidos, a
confusão acabou ocorrendo. Filipe era pai de quatro filhas virgens que
profetizavam (At 21:9). Nos poucos relatos sobre ele, nitidamente podemos
perceber o quanto Filipe trabalhou em prol da pregação do Evangelho,
desempenhando um papel muito ativo na Igreja Primitiva.
Filipe, tal como os outros diáconos, é
descrito na Bíblia como sendo um homem de boa reputação, sábio e repleto do
Espírito Santo (At 6:3). Algumas tradições cristãs sugerem que Filipe tenha
residido também em Trales (região sudoeste da Turquia) e se tronado Bispo da
igreja daquela região.
Referências:
https://estiloadoracao.com/quem-foi-filipe-na-biblia/
FONTE:
Lição 08 - Filipe, um evangelista para os confins da terra
Introdução
Evangelho. Este livro evidencia o poder que o
batismo com o Espírito Santo impulsionou o evangelismo inicialmente em
Jerusalém (At. 1:8).
Logo
no início do livro o autor expõe o ponto principal da pregação de Jesus: O Reino
de Deus. Relata seu ministério, morte, ressurreição e sua ascensão aos céus, a promessa
do derramar do Espírito Santo e o seu cumprimento. Um pouco antes do dia de
Pentecostes, Paulo reunido com 120 discípulos declara da necessidade da substituição
de Judas no apostolado, e é escolhido Matias. Seguiram-se então as primeiras
pregações de Pedro, que culminaram na conversão de quase três mil pessoas (At.
2:37-41) e em seguida atinge a marca quase cinco mil homens que ouvindo creram
no Evangelho (At. 4:4).
Por
conta da declaração aberta da sua fé os apóstolos experimentaram prisões e
açoites, mas sem provas para permanecerem encarcerados eram soltos. Esta afronta
não os impedia, e crescia mais e mais o número dos que criam em Jesus Cristo.
Chegando ao ponto das necessidades cotidianas das viúvas e dos órfãos se tornarem
difíceis dos apóstolos atenderem. Solicitaram então, que os irmãos (a Igreja), escolhessem
sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, para
constituir sobre este importante negócio (At. 6:1-3): os Diáconos, dentre eles Filipe
(o Evangelista) (At. 6:5).
1. A
INSTITUIÇÃO DOS DIÁCONOS
Este
episódio conta a história de um grupo de mulheres viúvas que não se conformam
com o abandono a que são jogadas pelo sistema da época. O texto diz que “os helenistas
reclamam contra os hebreus, porque suas viúvas estavam sendo esquecidas na
distribuição diária”.
Os helenistas são as pessoas de origem
judaica que viviam fora da Palestina e falavam normalmente a língua grega. Os
hebreus são judeus que falam o aramaico.
Os helenistas usam a bíblia grega e os
hebreus usam a bíblia hebraica. Os helenistas têm posições diferentes, não são
tão apegados à Lei e ao Sistema de Pureza: para eles não há dificuldade de
relacionamento com pessoas de outras culturas e de outras raças. Portanto, há
um conflito muito forte entre estes dois grupos que precisa ser superado.
Sete diáconos foram escolhidos em função da
necessidade existente na casa de Deus (At. 6:5).
O vocábulo "DIÁCONO" é de origem
grega, e significa: servidor, auxiliar, obreiro. Sua função original era
auxiliar os ministros nos assuntos práticos e temporais, como manutenção,
assistência social, zeladoria e outros.
Na medida em que a igreja cresce surge à
necessidade de preparar homens que estejam aptos para solucionar questões das
circunstâncias que advém.
SERVIÇO E COMPROMETIMENTO!
Estes
homens foram instituídos e revestidos de autoridade e honra para o serviço que
os qualificava para o exercício de suas funções ministeriais. Tal instituição do
chamado fizera com que estes homens colocassem ao lado do serviço ministerial gerando
cooperação mútua para aportar e desenvolver o crescimento ministerial da igreja.
Seu papel é servir, executando as deliberações do presbitério.
2. A
PERSEGUIÇÃO DA IGREJA
Os
religiosos judeus guiados por seus líderes, carregados de inveja, incitaram o
povo a arremeter-se contra os cristãos, com diversas acusações caluniosas, ao ponto
de prender os que pregavam, curavam e até realizavam maravilhas em nome de
Jesus
(At. 6:8-12).
Estevão o primeiro mártir a ser relatado (o
primeiro após Jesus a perder a sua vida em prol do Evangelho), um dos sete
diáconos, ao ser envolvido em uma grande armação, é caluniado, julgado e
executado (At. 6:54-60). Em seguida ao martírio de Estevão produziu-se a
primeira e grande perseguição contra a Igreja de Jerusalém por parte dos mesmos
judeus.
Todos os discípulos, exceto os doze
apóstolos, dispersaram-se por toda a Judéia e Samaria. Alguns, segundo diz a
Escritura divina, chegaram à Fenícia, Chipre e Antioquia. Não estavam ainda
preparados para ousar compartilhar com os gentios a doutrina da fé, e assim
anunciaram-na somente aos judeus. Fugindo da perseguição e do furor de Saulo
(At. 8:3-4), chega à cidade Samaria o diácono Filipe.
3. O MINISTÉRIO
DE FILIPE
3.1 Filipe em
Samaria
De
conformidade com a tradição registrada por Epifânio (Haer. xx.4), corrente no
quarto século da era cristã, juntamente com Estevão, Filipe teria sido membro
do grupo especial de setenta discípulos missionários, descritos no décimo
capítulo do evangelho de Lucas. Todavia, essa tradição não conta com bases
históricas e no presente não nos resta nenhum meio de averiguarmos a veracidade
ou a falsidade dessa questão.
Após o martírio de Estevão, quando começaram
as perseguições contra os cristãos, Filipe levou o evangelho à Samaria, onde o
seu ministério se mostrou extremamente frutífero (ver Atos 8:5-13). Tão grande
era a graça divina que operava nele, que atraiu com suas palavras o próprio
Simão Mago (At. 8:1) e uma grande multidão. Filipe, em Samaria, assumiu o
ministério de evangelista, e muitos se juntavam para ouvir suas mensagens e
presenciavam curas, libertações e muitos outros milagres. A notícia chegou a
Jerusalém e uma comissão dos Apóstolos (Pedro e João) vai Samaria. Lá, impõem
as mãos sobre os novos cristãos, e então, o Espírito Santo é derramado sobre a
Igreja em Samaria (At. 8:14-15).
3.2. Filipe no
caminho de Gaza
Após
o crescimento do Evangelho em Samaria, Filipe é orientado por Deus para ir para
o caminho de Gaza. Alguma disposição da providência trouxe para fora da Etiópia
um nobre da rainha daquele país. Este nobre, primeiro dos gentios a conhecer os
mistérios da doutrina divina, por ter encontrado Filipe (At. 8:27), foi o
primogênito dos crentes não judeu no mundo e foi batizado por ele (At. 8:35-38).
Depois de regressar à terra pátria, como escreveu o historiador Eusébio, foi o
primeiro a anunciar a boa nova do conhecimento do Deus de todas as coisas e a
função vivificadora de nosso Salvador entre os homens da Etiópia (Confins da
terra).
3.3. Filipe em
Azoto
Filipe
foi “teleportado” de Gaza até Azoto, que os filisteus chamavam de Asdode.
Partindo dali ele dirigiu um ministério itinerante que o levou até Cesaréia
(ver Atos 8:39,40), onde se estabeleceu, conforme se pode depreender de Atos
21:8-9.
Lucas,
menciona as filhas de Felipe, que então viviam junto com seu pai, e que haviamsido
agraciadas com o dom da profecia; diz textualmente o que segue: Viemos a Cesaréia
e entramos na casa de Felipe o evangelista - pois era um dos sete – e permanecemos
em sua casa. Tinha ele quatro filhas virgens, que eram profetisas.
3.4. Filipe em
Cesaréia (na época a maior cidade romana da Palestina.)
Passou a ser então conhecido como evangelista,
título esse que era usado para distingui-lo do apóstolo do mesmo nome.
Dentro da história eclesiástica, Eusébio e
outros escritores antigos confundiram o apóstolo Filipe com o evangelista
Filipe, cuja carreira começou como um dos sete primeiros diáconos da igreja de
Jerusalém. Eusébio (História Eclesiástica iii.31,39, v.24) informa-nos que
Filipe e suas filhas viviam em Hierápolis.
Nos dias de Eusébio, o túmulo de Filipe e de suas filhas profetisas
podia ser visto naquele lugar; e a essa informação Eusébio acrescenta a citação
de Atos 21:8,9. Porém, essa referência visa bem definidamente o diácono
evangelista, e não o apóstolo. Contudo, a maioria dos eruditos acredita que
nesse caso está em foco o apóstolo Filipe, a despeito da confusão criada por
Eusébio, — que talvez tivesse em vista o evangelista, e não o apóstolo.
Histórias e tradições subseqüentes (que surgiram após ter sido escrito o livro de
Atos) são confusas e discrepantes, sendo que também nada de certo se pode deduzir
delas. Os martirologistas gregos faziam de Filipe, em data posterior, bispo de Trales,
na Lídia. Os escritores latinos, contudo, afirmam que ele permaneceu em Cesaréia,
tendo ali terminado os seus dias. A verdade é que em todas as narrações antigas
transparece certa confusão entre o apóstolo Filipe e o evangelista Filipe.
R.B. Rackham, em sua obra Acts ofthe Apostles,
pág. 112 (Londres: Methuen and Co. 1901), salienta corretamente o caráter dessa
história, que se escuda fortemente no A.T., porquanto em lugar de Filipe,
poderíamos imaginar facilmente Elias ou Eliseu em ação. Filipe parece ter
vagueado ao redor, em movimentos espontâneos, sobre a imediata influência do Espírito
de Deus. A sua missão é importante porque representa a primeira invasão
definida de território não judaico, com a mensagem do evangelho. Essa missão
foi realizada por alguém que também era judeu «helenista», isto é, afeito à
cultura e ao idioma gregos; e isso seria, naturalmente, de se esperar, porque,
mais que um judeu puro de Jerusalém, sentiria ele a necessidade urgente de uma
missão dessa categoria.
SUBSIDIOS 2013 : IADJ SEDE -TAQUARA
6
FILIPE
O
apóstolo que fazia as contas
Respondeu-lhe
Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para receber cada um o seu
pedaço.
João
6:7
Nas quatro listas bíblicas dos doze
apóstolos, o quinto nome de cada uma delas é o de Filipe. Como observamos no
capítulo 2, ao que parece, isso significa que Filipe era o líder do segundo
grupo de quatro discípulos. No que se refere ao registro bíblico, o papel de
Filipe é um tanto secundário, comparado àquele dos quatro homens do primeiro
grupo, mas ainda assim ele é mencionado em várias ocasiões, de modo que se
destaca do grupo maior dos doze como um indivíduo com personalidade própria.
Filipe
é um nome grego e significa “aquele que gosta de cavalos”. Ele também devia ter
um nome judeu, uma vez que todos os doze apóstolos eram judeus. Contudo, seu
nome judeu não é apresentado em nenhuma passagem. A civilização grega havia se
espalhado por toda a região do Mediterrâneo depois das conquistas de Alexandre,
o Grande, no século 4 a.C., e muitas pessoas do Oriente Médio haviam adotado a
língua, a cultura e os costumes gregos. Tais pessoas eram conhecidas como
“helenistas” (veja Atos 6:1). Talvez Filipe viesse de uma família de judeus helenistas.
De acordo com os costumes da época, ele também devia ter um nome hebraico, mas
por algum motivo, ao que parece, ele usava somente seu nome grego. Assim, nós o
conhecemos apenas como Filipe.
Não o confunda com Filipe, o diácono, o
homem que vemos em Atos 6, que se tornou um evangelista e levou o eunuco etíope
a Cristo. Filipe, o apóstolo, era outra pessoa.
O
apóstolo Filipe “era de Betsaida, cidade de André e Pedro” (João 1:44). Uma vez
que todos eles eram judeus tementes a Deus, é bem provável que Filipe tenha
crescido frequentando a mesma sinagoga que Pedro e André. Em função do
relacionamento existente entre eles e os filhos de Zebedeu — Tiago e João —, é
possível que Filipe conhecesse os quatro. Há fortes evidências bíblicas de que
Filipe, Natanael e Tomé eram todos pescadores da Galileia, pois em João 21,
depois da ressurreição, quando os apóstolos voltaram para a Galileia e Pedro
disse “Vou pescar”, outros que também estavam lá responderam “Também nós vamos
contigo”. De acordo com João 21:2, faziam parte desse grupo “Simão Pedro, Tomé,
chamado Dídimo, Natanael, que era de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e
mais dois dos seus discípulos”. O mais provável é que os outros “dois dos seus
discípulos” fossem Filipe e André, pois em outras ocasiões são sempre vistos na
companhia dos homens que são mencionados nessa passagem.
Se
esses sete homens eram todos pescadores profissionais, é bem possível que
fossem todos amigos chegados e companheiros de trabalho muito antes de seguirem
a Cristo. Isso mostra quão unido era o grupo dos apóstolos, tendo pelo menos a
metade do grupo — incluindo todos os membros mais íntimos — vindo de uma
pequena região, trabalhando, mais provavelmente, na mesma ocupação e sendo
conhecidos e amigos uns dos outros bem antes de tornarem-se discípulos.
Em
certo sentido, isso é um tanto surpreendente. Seria de se esperar que Jesus
usasse uma abordagem diferente na escolha dos doze. Afinal, ele os estava
designando para a tarefa monumental de serem apóstolos, companheiros dele até
que deixasse a terra, homens com plenos poderes de falar e agir em seu nome. Seria
de se pensar que ele iria percorrer toda a terra em busca dos homens mais
talentosos e qualificados. Mas, em vez disso, ele separou um pequeno grupo de
pescadores, um grupo de homens diferentes, porém com pontos em comum, sem
talentos especiais, com aptidões medianas e que já se conheciam. E então ele
disse: “Eles servem.”
Tudo o
que Jesus, de fato, exigiu deles foi sua disponibilidade. Eles os traria para
perto de si, ensinaria, concederia dons e poder para servirem-no. Tendo em
vista que pregariam a mensagem de Jesus e fariam milagres pelo poder dele,
esses pescadores rudes eram mais adequados para a tarefa em questão do que
talvez teria sido um grupo de gênios brilhantes, tentando usar de seus próprios
talentos. Afinal de contas, de vez em quando até esses homens incultos também
comportavam-se como prima-donas. Assim, talvez um dos motivos pelos quais
Cristo escolheu e chamou esse determinado grupo tenha sido o fato de que, de um
modo geral, eles já se davam bem. De qualquer modo, depois de já haver
escolhido Pedro, André e João, Jesus encontrou e chamou Filipe, que era do
mesmo vilarejo no qual Pedro e André haviam nascido.
O que
sabemos sobre Filipe? Mateus, Marcos e Lucas não apresentam detalhes sobre ele.
Todas as cenas em que Filipe aparece encontram-se no evangelho de João. E,
tomando por base esse evangelho, descobrimos que Filipe era um tipo de pessoa
completamente diferente de Pedro, André, Tiago e João. Dentro da narração de João,
Filipe aparece com frequência junto com Natanael (também conhecido como
Bartolomeu), de modo que podemos supor que os dois eram amigos chegados. No
entanto, Filipe é particularmente distinto até mesmo de seu companheiro mais
próximo. Dentre todos os discípulos, ele é singular.
Ao
juntar as peças do que o apóstolo João relata sobre ele, temos a impressão de
que Filipe era a típica “pessoa de processos”. Era um sujeito ligado em fatos e
números — o tipo de indivíduo que fazia tudo nos conformes, de modo prático e
tradicional. Era o tipo de pessoa que, dentro de uma empresa, costuma ser
considerada “estraga prazeres”, tacanha, por vezes, alguém sem uma visão mais
ampla, com frequência, obcecada em descobrir razões pelas quais as coisas não
podem ser feitas, em vez de buscar uma forma de fazê-las. Tinha uma
predisposição a ser pragmático e cínico — e às vezes derrotista —, e não um
visionário.
SEU CHAMADO
Encontramos Filipe pela primeira vez em João
1, no dia em que Jesus chamou André, João e Pedro. Você deve se lembrar de que
Jesus havia chamado os três primeiros no deserto, onde estavam sentados aos pés
de João Batista. João indicou-lhes o Messias e eles deixaram seu antigo mestre
para seguir a Jesus.
O
apóstolo João escreve: “No dia imediato, resolveu Jesus partir para a Galileia,
e encontrou Filipe, a quem disse: Segue-me” (João 1:43). Ao que parece, Filipe
também estava no deserto com João Batista e, antes de voltar para a Galileia,
Jesus procurou-o e convidou-o para juntar-se aos outros discípulos.
Pedro,
André e João (e, possivelmente, Tiago também) haviam, de certa forma,
encontrado Jesus. Para ser exato, eles haviam sido dirigidos a ele por João
Batista. Assim, essa é a primeira vez que o próprio Jesus de fato procurou e
encontrou um dos apóstolos.
Isso
não significa que, em sua soberania, não buscou e chamou os outros. Na verdade,
sabemos que havia escolhido todos eles antes da fundação do mundo. Em João
15:16, Jesus lhes disse: “Não fostes vós que me escolhestes a mim; pelo
contrário, eu vos escolhi a vós outros e vos designei”. Contudo, na descrição
de como eles encontraram-se com Cristo pela primeira vez, essa linguagem é
usada exclusivamente no chamado de Filipe. Ele foi o primeiro a ser procurado
por Jesus em termos humanos e o primeiro a quem Jesus disse “Segue-me.”
A
propósito, é interessante observar que no final de seu ministério terreno,
Jesus precisou dizer “Segue-me” a Pedro (João 21:19,22). Ao que parece, Pedro
ainda precisava de encorajamento depois de ter falhado na noite em que Jesus
fora traído. Porém, Filipe foi o primeiro a ouvir e obedecer a essas palavras.
Desde o princípio, Jesus buscou Filipe ativamente. Ele encontrou-o e convidou-o
a segui-lo. E descobriu nele um discípulo desejoso e disposto.
Evidentemente, Filipe já possuía um coração
que estava buscando algo mais. É claro que esse anseio é sempre prova de que
Deus, em sua soberania, está chamando a pessoa, pois, como Jesus disse,
“Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o trouxer” (João 6:44) e
também “ninguém poderá vir a mim, se, pelo Pai, não lhe for concedido” (João
6:65).
Essa
busca interior de Filipe fica evidente na maneira que ele respondeu a Jesus.
“Filipe encontrou a Natanael e disse-lhe: Achamos aquele de quem Moisés
escreveu na lei, e a quem se referiram os profetas: Jesus, o Nazareno, filho de
José” (João 1:45). É óbvio que Filipe e Natanael, assim como os quatro
primeiros discípulos, haviam estudado a lei e os profetas e estavam buscando o
Messias. Por esse motivo, todos eles tinham ido ao deserto para ouvir João
Batista. Assim, quando Jesus abordou Filipe e disse “Segue-me”, seus ouvidos,
seus olhos e seu coração já estavam abertos e preparados para segui-lo.
Observe
algo interessante na expressão usada por Filipe ao falar com Natanael:
“Achamos”. No que se referia a Filipe, ele havia achado o Messias e não sido
encontrado por ele. Vemos aqui a conhecida tensão que existe entre a eleição
soberana e a escolha do ser humano. O chamado de Filipe é uma ilustração
perfeita de como as duas existem em perfeita harmonia. O Senhor encontrou
Filipe, mas Filipe sentiu que ele havia encontrado o Senhor. Do ponto de vista
humano, as duas coisas eram verdade. Contudo, de um ponto de vista bíblico,
sabemos que a escolha determinante pertence a Deus. “Não fostes vós que me
escolhestes a mim; pelo contrário, eu vos escolhi a vós outros” (João 15:16).
Ainda
assim, do ponto de vista humano — do ponto de vista de Filipe — sua busca havia
chegado ao fim. Pela graça de Deus, ele havia procurado fielmente em verdade.
Dedicou-se à leitura da Palavra de Deus e creu na promessa do Antigo Testamento
sobre o Messias. Então, ele o achou — ou, na verdade, foi encontrado por ele.
Filipe
não apenas tinha um coração que estava buscando o Senhor, como também possuía o
coração de um evangelista. Sua primeira reação ao deparar-se com Jesus foi
encontrar seu amigo Natanael e falar-lhe do Messias.
A
propósito, estou convencido de que essa amizade propiciou o mais fértil dos
solos para o evangelismo. Quando a realidade de Cristo é introduzida num
relacionamento de amor e confiança que já foi firmado, seu efeito é poderoso.
Parece que, invariavelmente, quando alguém se torna um verdadeiro seguidor de
Cristo, o primeiro impulso dessa pessoa é querer encontrar um amigo e
apresentá-lo ao Senhor. Essa dinâmica é vista na espontaneidade de Filipe, ao
buscar Natanael e falar-lhe do Messias.
A
linguagem usada por Filipe denunciou seu espanto ao descobrir quem era o
Messias. Aquele sobre o qual Moisés escreveu e a quem se referiram os profetas,
não é outro senão “Jesus, o Nazareno, filho de José”, o humilde filho de um
carpinteiro.
Como
veremos no capítulo seguinte, a princípio, Natanael ficou perplexo.
“Perguntou-lhe Natanael: De Nazaré pode sair alguma coisa boa?” (João 1:46).
Betsaida encontrava-se ligeiramente ao norte de Nazaré, mas as duas cidades
ficavam na Galileia, não muito distantes uma da outra. O próprio Natanael era
de Caná (João 21:2), um vilarejo próximo de Nazaré, ao norte. Em todos os
sentidos, Nazaré era um lugar mais importante do que Caná, sendo possível que
houvesse uma certa rivalidade regional que se refletiu na incredulidade de
Natanael.
Mas Filipe
não se abalou: “Vem e vê” (1:46). É admirável a facilidade com que Filipe creu.
Em termos humanos, ninguém havia levado Filipe a Jesus. Ele era como Simeão,
“que esperava a consolação de Israel; e o Espírito Santo estava sobre ele”
(Lucas 2:25). Ele conhecia as promessas do Antigo Testamento. Estava pronto.
Estava esperando. Seu coração estava preparado. Alegremente e sem hesitação,
ele aceitou Jesus como o Messias. Não houve relutância. Não houve
incredulidade. Não lhe importava em que cidade mais ou menos importante o
Messias havia crescido. Ele soube imediatamente que sua busca havia chegado ao
fim.
Isso é
claramente atípico de Filipe e revela o quanto o Senhor já havia preparado seu
coração. Sua tendência natural poderia ter sido de conter-se, duvidar,
questionar e esperar para ver o que aconteceria. Como veremos em breve, ele,
normalmente, não era uma pessoa muito decidida. Contudo, felizmente, nesse
caso, ele já estava sendo atraído para Cristo pelo Pai. E Jesus disse: “Todo
aquele que o Pai me dá, esse virá a mim” (João 6:37, ênfase minha).
COMIDA
PARA OS CINCO MIL
O
próximo lampejo que temos de Filipe encontra-se em João 6, na ocasião em que as
cinco mil pessoas foram alimentadas. Referimo-nos a esse episódio no capítulo
1. Pudemos observá-lo mais de perto no capítulo 3, quando estudamos o caráter
de André. Agora, voltamos para ver novamente os cinco mil sendo alimentados,
dessa vez do ponto de vista de Filipe. E aqui, descobrimos como era o homem
natural de Filipe. Já sabemos que ele estudava o Antigo Testamento. Sabemos que
ele havia interpretado as Escrituras literalmente e crido no Messias. Assim,
quando o Messias abordou-o e disse “Segue-me”, ele aceitou a Jesus
imediatamente e seguiu-o sem hesitar. Esse era o lado espiritual de Filipe. Seu
coração tinha a disposição correta. Era um homem de fé. No entanto, com
frequência era um homem de uma fé frágil.
Nesta passagem sua personalidade começa a
aparecer. João descreve como uma grande multidão foi atrás de Jesus e
encontrou-o na encosta de uma montanha junto com seus discípulos. Como vimos no
capítulo 1, dizer que eram cinco mil pessoas não faz justiça ao tamanho daquela
multidão. João 6:10 diz que havia ali cinco mil homens. É bem provável que
houvesse vários milhares mais de mulheres e crianças. (Não seria impossível
dizer dez ou vinte mil). De qualquer modo, era uma turba imensa e, de acordo
com Mateus 14:15, o fim da tarde se aproximava. As pessoas precisavam comer.
João 6:5 diz: “Então, Jesus, erguendo os olhos e vendo que grande multidão
vinha ter com ele, disse a Filipe: Onde compraremos pães para lhes dar a
comer?” Por que ele escolheu justamente Filipe para fazer-lhe essa pergunta?
João
relata que “dizia isto para o experimentar;
porque ele bem sabia o que estava para fazer”
(versículo 6).
Ao que
parece, Filipe era o administrador apostólico — aquele que fazia as contas. É
bem provável que ele estivesse encarregado de providenciar as refeições e
cuidar dos aspectos logísticos. Sabemos que Judas era encarregado de guardar o
dinheiro (João 13:29), de modo que faz sentido que alguém também fosse
responsável pela coordenação da compra e distribuição de refeições e suprimentos.
Certamente, era uma tarefa adequada para a personalidade de Filipe. Quer
oficialmente ou não, ele parecia ser aquele que se preocupava com a organização
e o protocolo. Era o tipo de pessoa que em toda reunião diz: “Não creio que
seja possível fazermos isso” — o mestre dos impossíveis. E pelo que podemos
ver, no que lhe dizia respeito, quase tudo se encaixava nessa categoria.
Assim,
Jesus o estava testando. Não queria descobrir o que ele estava pensando; isso
Jesus já sabia (veja João 2:25). Não estava pedindo que apresentasse um plano;
João diz que Jesus já sabia o que ele próprio iria fazer. Estava testando
Filipe para que o apóstolo revelasse a si mesmo como ele era. Foi por isso que
Jesus voltou-se para Filipe, a típica personalidade administrativa, e
perguntou: “Qual é sua proposta para que alimentemos toda essa gente?”.
É claro
que Jesus sabia exatamente o que Filipe estava pensando. Creio que Filipe já
havia começado a contar as cabeças. Quando a multidão começou a se aproximar,
ele já estava calculando quantos eram. Já era quase o fim do dia; o povo era
muitíssimo numeroso; ficariam famintos. E naquele tempo, comer não era nada
fácil. Não havia nenhuma franquia de fast-food na encosta daquele monte. Assim,
quando Jesus lhe fez a pergunta, Filipe já havia preparado suas estimativas:
“Respondeu-lhe Filipe: Não lhes bastariam duzentos denários de pão, para
receber cada um o seu pedaço” (João 6:7). Ao que parece, ele já havia refletido
sobre a dificuldade de alimentá-los desde que havia visto a multidão. Em vez de
pensar: “Que ocasião maravilhosa! Jesus vai ensinar a essa multidão. Que
tremenda oportunidade para o Senhor!”, tudo o que o pessimista Filipe pôde ver
foi a impossibilidade da situação.
Filipe
estava presente quando o Senhor transformou água em vinho (João 2:2). Já havia
presenciado uma porção de vezes como Jesus havia curado pessoas, incluindo
vários milagres de criação e regeneração. No entanto, quando viu a imensa
plateia, começou a sentir-se sobrepujado pelo impossível. Voltou a ter um
pensamento materialista. E quando Jesus testou sua fé, ele respondeu com
evidente incredulidade. “Não tem jeito.”
De um
ponto de vista puramente humano, ele estava coberto de razão. Um denário
equivalia ao salário de um dia de um trabalhador comum (veja Mateus 20:2). Em
outras palavras, juntando todos os discípulos — pelo menos doze deles e,
provavelmente, muitos mais —, eles não tinham mais do que o equivalente a oito
meses de salário diário de um trabalhador para suprir suas próprias
necessidades. Não era uma grande soma em dinheiro, tendo em vista tudo o que
precisava ser feito para cuidar da alimentação e hospedagem dos discípulos. Com
uma quantia tão pequena, não podiam nem pagar por um pequeno lanche para tantas
pessoas. Filipe, provavelmente, estava pensando: “Com um denário pode-se
comprar doze bolos de trigo. Cevada é mais barata. Assim, com um denário,
podemos comprar vinte bolos de cevada. Se comprarmos dos bolos pequenos e os
dividirmos ao meio... Não tem jeito mesmo”. Ele já havia calculado que quatro
mil bolos de cevada não iriam nunca ser suficientes para distribuir a todos.
Seus pensamentos foram pessimistas, analíticos e pragmáticos, completamente
materialistas e terrenos.
Um dos
elementos essenciais da liderança é ter senso de visão — e isso vale
especialmente para qualquer pessoa cujo Mestre é Cristo. No entanto, Filipe
estava obcecado com questões materiais e, portanto, abalado pela
impossibilidade do problema em questão. Ele sabia matemática demais para ter um
espírito de aventura. A realidade dos fatos objetivos obscurecia sua fé. Estava
tão obcecado com sua situação neste mundo que não teve consciência das
possibilidades transcendentais do poder de Cristo. Estava tão envolvido com os
cálculos que seu bom senso o obrigava a fazer, que não viu a oportunidade que
aquela situação oferecia. Ele deveria ter dito: “Senhor, se você deseja
alimentá-los, então, alimente-os. Eu vou ficar aqui e ver o que o Senhor vai
fazer. Sei que você pode fazê-lo, Senhor. Você fez vinho em Caná e alimentou
seus filhos com maná no deserto. Faça-o. Vamos pedir para todos formarem filas
e o Senhor faz a comida”. Essa teria sido a resposta certa. Contudo, Felipe
estava convencido de que simplesmente não tinha jeito. O poder sobrenatural
ilimitado de Cristo havia lhe fugido completamente à memória.
Por
outro lado, André aparentemente teve um lampejo do que era possível. Encontrou
um menino com dois peixes em conserva e cinco biscoitos de cevada e levou-o até
Jesus. Até mesmo André viu sua fé ser desafiada pelas proporções colossais
desse problema de logística. Ele disse a Jesus: “Eis aí um rapaz que tem cinco
pães de cevada e dois peixinhos; mas isto que é para tanta gente?” (versículo
9). Ou André tinha um fio de esperança de que Jesus faria alguma coisa (pois,
de qualquer modo, levou o menino até ele), ou foi influenciado pelo pessimismo
de Filipe e com esse gesto, apoiou a ideia de que a situação era inviável.
De
qualquer modo, Filipe perdeu a oportunidade de ver a recompensa da fé; e o
gesto de André (que, provavelmente, indicou um grau ínfimo de fé) foi honrado.
Conforme Jesus ensinou em outra passagem, “se tiverdes fé como um grão de
mostarda, direis a este monte: Passa daqui para acolá, e ele passará. Nada vos
será impossível” (Mateus 17:20). Filipe precisava aprender essa lição. Para
ele, tudo parecia impossível. Precisava colocar de lado suas preocupações
materialistas, pragmáticas, sempre ditadas pelo bom senso e aprender a se
apropriar do potencial sobrenatural da fé.
A VISITA DOS GREGOS
João
12 nos mostra uma outra faceta do caráter de Filipe. Mais uma vez, vemos seu
temperamento excessivamente analítico. Era preocupado demais com métodos e
protocolos. Faltava-lhe ousadia e visão, fazendo dele um homem tímido e
apreensivo. Quando ele teve outra oportunidade de dar um passo de fé, ele a
deixou escapar novamente.
João 12:20-21 diz: “Ora, entre os que subiram
para adorar, durante a festa, havia alguns gregos; estes, pois, se dirigiram a
Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e lhe rogaram: Senhor, queremos ver a
Jesus”. Ou esses homens eram gentios tementes a Deus ou eram prosélitos do
judaísmo que estavam indo a Jerusalém para adorar a Deus na Páscoa. Era a
última Páscoa do sistema do Antigo Testamento, durante a qual o próprio Jesus
seria sacrificado com o verdadeiro Cordeiro de Deus. Ele estava a caminho de
Jerusalém para morrer pelos pecados do mundo.
Esses gregos estavam bastante interessados em
Jesus. Foram falar com Filipe em particular. Talvez por causa do nome grego do apóstolo,
os estrangeiros acharam que ele seria o melhor contato. Ou, talvez, porque
tivessem ficado sabendo que ele era uma espécie de administrador do grupo,
alguém que tomava todas as providências para os discípulos. Vemos mais uma vez
que, independentemente da posição de Filipe ser oficial ou circunstancial, ao
que parece, ele era encarregado das questões operacionais. Assim, esses homens
abordaram-no a fim de que arranjasse para eles uma reunião com Jesus.
Como
típico administrador, é provável que Filipe tivesse mentalmente organizado um
manual de protocolos e procedimentos. (Na verdade, se ele era como muitos
administradores que conheço, é possível que tivesse até mesmo um manual escrito
com as políticas do grupo, manual este que ele fastidiosamente havia criado e
insistia para que fosse seguido ao pé da letra. Para mim, ele parece o tipo de
pessoa que fazia tudo de acordo com o manual). De alguma forma, os tais gregos
sabiam que Filipe era o encarregado desses assuntos, de modo que pediram para
que ele arranjasse uma reunião com Jesus.
Não era
um pedido difícil ou complicado. No entanto, aparentemente, Filipe não soube
muito bem o que fazer com eles. Se verificou o manual, no item “Gentios e
Jesus”, pôde ter observado que, em certa ocasião, quando enviou seus
discípulos, Jesus disse: “Não tomeis rumo aos gentios, nem entreis em cidade de
samaritanos; mas, de preferência, procurai as ovelhas perdidas da casa de
Israel” (Mateus 10:5-6). Em outra ocasião, Jesus disse: “Não fui enviado senão
às ovelhas perdidas da casa de Israel” (Mateus 15:24).
Esse
princípio significa que era proibido apresentar gentios a Jesus? Claro que não.
Jesus estava simplesmente identificando a prioridade normal de seu ministério:
“ao judeu primeiro, e também ao grego” (Romanos 2:10). Tratava-se de um
princípio geral, não de uma lei petrificada. Gregos e outros gentios eram
expressamente incluídos entre aqueles aos quais ele ministrava. O próprio Jesus
havia revelado a uma mulher samaritana que ele era o Messias. Apesar de seu
ministério concentrar-se primeiramente em Israel, ele era, afinal de contas, o
Salvador do mundo e não só de Israel. “Veio para o que era seu, e os seus não o
receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos
filhos de Deus; a saber, aos que creem no seu nome” (João 1:11-12).
No entanto, pessoas como Filipe não apreciam
diretrizes gerais; querem que toda regra seja rígida e inviolável. Não havia
nenhum protocolo no manual para apresentar gregos a Jesus. E Filipe não estava
preparado para fazer algo tão fora do convencional.
Apesar
disso, Filipe era um homem de bom coração. Assim, ele conduziu os gregos até
André. André era capaz de levar qualquer um a Jesus. Portanto, “Filipe foi
dizê-lo a André, e André e Filipe o comunicaram a Jesus” (João 12:22).
Obviamente, Filipe não era um homem decidido. Não havia precedentes para se
apresentar gentios a Jesus, de modo que ele apelou para André antes de fazer
qualquer coisa. Desse modo, ninguém poderia culpar Filipe de não ter agido de
acordo com o manual. Afinal de contas, André estava sempre levando pessoas a
Jesus. Se alguém objetasse, André seria o culpado. Podemos seguramente supor
que Jesus recebeu os gregos com alegria. Ele próprio disse: “Todo aquele que o
Pai me dá, esse virá a mim; e o que vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora”
(João 6:37). João 12 não relata nada sobre o encontro de Jesus com os gregos,
exceto o discurso feito por Jesus nessa ocasião: “Respondeu-lhes Jesus: É
chegada a hora de ser glorificado o Filho do Homem. Em verdade, em verdade vos
digo: se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas, se
morrer, produz muito fruto. Quem ama a sua vida perde-a; mas aquele que odeia a
sua vida neste mundo preservá-la-á para a vida eterna. Se alguém me serve,
siga-me, e onde eu estou, ali estará também o meu servo. E, se alguém me
servir, o Pai o honrará” (versículos 23-26).
Em resumo, ele pregou-lhes o evangelho e
convidou-os a tornarem-se seus discípulos.
Foi
certo levar aqueles gregos a Jesus? Sem dúvida alguma. O próprio Jesus recebe
de braços abertos todos que vão beber da água da vida (Apocalipse 22:17). Teria
sido errado mandar aqueles homens embora. Temos a impressão de que, em seu
coração, Filipe sabia disso, mesmo que sua mente estivesse obcecada com
protocolos e procedimentos.
O CENÁCULO
Temos
uma última oportunidade de saber mais sobre Filipe logo depois disso, quando
ele está no cenáculo com os outros discípulos, por ocasião da última ceia. É
importante observar que essa foi a última noite do ministério de Jesus aqui na
terra, a véspera de sua crucificação. O treinamento formal dos discípulos havia
oficialmente chegado ao fim. No entanto, a fé que eles possuíam ainda era
tragicamente frágil. Foi nessa mesma noite que eles se assentaram ao redor da
mesa e discutiram quem era o maior, em vez de tomarem a toalha e a bacia e
lavarem os pés de Jesus. Muitas das lições mais importantes que ele havia lhes
ensinado pareciam não terem sido assimiladas. Como disse Jesus, eram “néscios e
tardos de coração para crer” (Lucas 24:25).
Isso
aplicava-se particularmente a Filipe. De todos os comentários tolos, impetuosos
e tristemente ignorantes que, de tempos em tempos, os discípulos deixavam
escapar, nenhum deles foi mais decepcionante que o de Filipe no cenáculo.
Naquela
noite, o coração de Jesus estava cheio de pesar. Ele saiba o que estava
reservado para ele no dia seguinte. Sabia que seu tempo com os discípulos
estava acabando e, apesar de ainda parecerem um tanto despreparados do ponto de
vista puramente humano, ele enviaria o Espírito Santo para dar-lhes poder, a
fim de fossem suas testemunhas. Seu trabalho com eles aqui na terra estava
quase concluído. Ele os enviava como ovelhas para o meio de lobos (veja Mateus
10:16). Assim, Jesus estava ansioso para consolá-los e encorajá-los quanto ao
Espírito Santo que viria para dar-lhes poder.
Pediu
que o coração deles não se perturbasse e prometeu que prepararia um lugar para
eles (João 14:1-2). Prometeu também que voltaria para recebêlos para si mesmo,
de modo que pudessem estar no lugar para onde ele estava indo (versículo 3).
Então, acrescentou: “E vós sabeis o caminho para onde vou” (versículo 4).
Obviamente, esse onde era o céu e o caminho para lá era o caminho que ele havia
indicado no evangelho.
Contudo, eles demoraram a entender o que ele
estava dizendo, e Tomé, provavelmente, disse o que todos estavam pensando
quando perguntou: “Senhor, não sabemos para onde vais; como saber o caminho?”
(versículo 5).
Jesus
lhe respondeu, “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai
senão por mim” (versículo 6). A essa altura, certamente, o significado deveria
ter sido claro. Ele estava indo para o Pai, no céu, e o único caminho para
chegarem lá era a fé em Cristo. É claro que esse é um dos textos-chaves da Bíblia
sobre a exclusividade de Cristo. Ele estava ensinando expressamente que ninguém
pode chegar ao céu sem confiar nele e aceitá-lo como único Salvador. Ele é o
caminho — é o único caminho — para o Pai.
Então,
Jesus acrescentou uma declaração explícita sobre sua própria divindade: “Se vós
me tivésseis conhecido, conheceríeis também a meu Pai. Desde agora o conheceis
e o tendes visto” (versículo 7). Ele estava declarando na linguagem mais
inequívoca possível que ele é Deus. Conhecer a Cristo é conhecer seu Pai, pois
as diferentes Pessoas da Trindade, em essência, são uma só. Jesus é Deus. Vê-lo
é o mesmo que ver a Deus. Os discípulos o haviam visto e conhecido, de modo
que, com efeito, também já conheciam o Pai.
Foi nesse momento que Filipe falou: “Senhor,
mostra-nos o Pai, e isso nos basta” (versículo 8).
“Mostra-nos o Pai”? Como é que Filipe podia
dizer uma coisa dessas logo depois do que Jesus havia acabado de falar? É profundamente
triste. Era de se esperar que, ao chegar nesse ponto, depois de tanto tempo
seguindo a Jesus, Filipe já soubesse.
Durante
todo aquele tempo, ele havia ouvido Jesus ensinar. Havia testemunhado
incontáveis milagres. Havia visto pessoas serem curadas das piores enfermidades
e deformidades. Havia presenciado Jesus expulsar demônios. Havia passado tempo
em comunhão íntima com Cristo, dia após dia, vinte e quatro horas por dia, sete
dias por semana, durante vários meses. Se tivesse verdadeiramente conhecido a
Cristo, saberia que ele também era o Pai (versículo 7). Como ele podia chegar
naquela noite e pedir “Mostra-nos o Pai?” (versículo 9). O que Filipe achou que
estava fazendo durante os últimos dois ou três anos? De todas as pessoas, como
pôde Filipe, que havia respondido com uma fé cheia de entusiasmo no início,
fazer um pedido desses bem no final? Onde estava sua fé?
Jesus perguntou-lhe: “Não crês que eu estou
no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim
mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras. Crede-me que estou
no Pai, e o Pai está em mim; crede ao menos por causa das mesmas obras”
(versículos 10-11). O cerne do que Jesus estava dizendo era: “Eu sou para o Pai
aquilo que você é para mim. Sou o apóstolo do Pai. Sou seu shaliah. Tenho uma
procuração dele que me dá plenos poderes. Mais do que isso, sou um com o Pai.
Eu estou no Pai e o Pai está em mim. Compartilhamos da mesma essência divina”.
Atente
para o apelo: “Não crês? Crede-me!”. Filipe já havia aceitado Jesus como o
Messias. Cristo o instava a tirar a conclusão lógica dessa fé: Filipe já havia
estado na presença do próprio Deus vivo e eterno. Ele não precisava de nenhum
milagre ainda maior. Não precisava de nenhuma prova mais dramática. “Mostra-nos
o Pai”? O que ele estava dizendo? O que ele achava que Jesus estava fazendo?
Durante
três anos, Filipe havia contemplado a face do próprio Deus, e isso ainda não
estava claro para ele. Seu modo terreno de pensar, seu materialismo, ceticismo,
sua obsessão por detalhes práticos, sua preocupação com os detalhes
operacionais e sua mentalidade tacanha o haviam impedido de compreender em toda
sua extensão de quem era a presença da qual ele havia desfrutado.
Assim
como os outros discípulos, Filipe era um homem cheio de limitações. Era um
homem com uma fé frágil. Era um homem de entendimento imperfeito. Era cético,
analítico, pessimista, relutante e inseguro. Queria fazer tudo de acordo com as
regras o tempo todo. Fatos e números enchiam seus pensamentos. Com isso, ele
era incapaz de ver a abrangência mais ampla da graça, a Pessoa e o poder
divinos de Cristo. Demorava para entender, demorava para confiar e demorava
para ver além das circunstâncias imediatas. Ainda queria mais provas.
Se
estivéssemos entrevistando Filipe para desempenhar a função para a qual foi
chamado por Jesus, é possível que disséssemos: “Ele não serve. Não há como
transformá-lo numa das doze pessoas mais importantes da história Jesus, porém,
disse: “Ele é exatamente o que estou procurando. Minha força é aperfeiçoada na
fraqueza. Eu o transformarei num pregador. Ele será um dos fundadores da
igreja. Farei dele um governante no reino e darei a ele uma recompensa eterna
no céu. E escreverei o nome dele numa das doze portas da Nova Jerusalém”.
Felizmente, o Senhor usa pessoas como Filipe — muitas pessoas.
A tradição nos diz que Filipe foi um grande
instrumento no crescimento da igreja primitiva e um dos primeiros apóstolos a
sofrer o martírio. De acordo com a maioria dos relatos, ele foi morto por
apedrejamento em Heliópolis, na Frígia (Ásia Menor), oito anos depois do
martírio de Tiago. Antes de sua morte, multidões foram levadas a Cristo por
intermédio de sua pregação.
É
evidente que Filipe superou as tendências humanas que com tanta frequência eram
um impedimento para sua fé e, juntamente com os outros apóstolos, é prova de
que “Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e
escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu
as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para
reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de
Deus” (1Coríntios 1:27-29).
12
homens extraordinariamente comuns
John MacArthur
Lição 4: O trabalho e atributos do
ganhador de almas
Introdução
O evangelista é
um precioso dom de Cristo à sua Igreja. Sem o ministério da proclamação, o
evangelho teria morrido em Jerusalém. Mas, por intermédio de obreiros como
Filipe, a mensagem da cruz, ultrapassando as fronteiras da Judeia, chegou a
Samaria. E, desse recanto gentio tão desprezado, as Boas-Novas não demoraram a
chegar aos confins da Terra. O evangelista assemelha-se ao bandeirante que,
jamais temendo o desconhecido, sai a falar de Cristo aos povoados mais remotos
e estressantes. O seu retorno, porém, é jubiloso. De maneira sacrifical,
apresenta preciosas almas ao Senhor. Seja falando a uma única pessoa, seja
pregando às multidões, o seu amor pelos que perecem é o mesmo. Proclamar o
evangelho é a sua missão.
Neste capítulo,
enfocaremos o evangelista como o agente das Boas- Novas. Veremos que ele é
essencial à expansão do Reino de Deus. Paulo destaca o seu ministério como um
dos mais importantes da Igreja. Ele é o semeador que saiu a semear.
I.
Evangelista, um Dom de Deus
Leighton Ford, ao
descrever a chamada do evangelista, afirmou: “Devemos evangelizar não porque
seja agradável, fácil, ou porque podemos ter sucesso, mas porque Cristo nos
chamou. Ele é o nosso Senhor. Não temos outra escolha senão obedecer”. O
ministério evangelístico não se limita a uma opção pessoal; firma-se numa
intimação do próprio Cristo.
1.
Evangelista, uma feliz definição. A palavra “evangelista”
provém do vocábulo grego euaggelistes , e significa aquele que
traz boas-novas. Trata-se de um termo que, usado na Grécia Clássica, designava
o que portava uma notícia agradável. Em suma, era o mensageiro do bem. A partir
da fundação da Igreja de Cristo, no Pentecostes, a palavra passou a designar
aquele que proclama o evangelho. A palavra “evangelista” é constituída
por dois vocábulos gregos: eu , bom, e ággelos ,
anjo ou mensageiro. Se considerarmos a sua etimologia, concluiremos que o
evangelista, sendo o “anjo” do bem, tem de estar sempre a postos a transmitir a
Palavra de Deus. Eis porque, no Apocalipse, os responsáveis pelas igrejas da
Ásia Menor foram assim nomeados pelo Senhor. Enquanto pastores, eram compelidos
pelo Espírito Santo a fazer o trabalho de um evangelista.
2.
Evolução do ministério evangelista. Se o ministério diaconal
foi constituído formalmente por um concílio, o evangelístico não precisou de
formalidade alguma para sobressair. Os dois primeiros evangelistas da Igreja
Primitiva, a propósito, surgiram dentre os sete diáconos. Logo após ser
consagrado ao diaconato, Estêvão começou a destacar-se como evangelista. Sua
palavra fez-se tão irresistível, que levou o clero judaico a condená-lo à morte
traiçoeiramente (At 8.1,2).
Estêvão morreu,
mas a evangelização reavivou-se com as incursões de Filipe. Ao deixar
Jerusalém, proclamou, entre os gentios de Samaria, um evangelho autenticamente
pentecostal. Sua palavra era acompanhada de milagres, sinais e maravilhas; era
simplesmente irresistível. Lucas bem que poderia ter cognominado o capítulo 8
de seu segundo livro como “Atos de Filipe”.
Mais tarde, quando da
conclusão da terceira viagem missionária de Paulo, encontraremos novamente
Filipe, dessa vez em Cesareia. Lucas, que fazia parte da equipe do apóstolo,
reconhece-lhe o ministério, tratando-o como evangelista. Era a primeira vez na
História da Igreja Cristã que um obreiro recebia semelhante distinção.
3.
Mais que um título, um dom. Em algumas igrejas, o
evangelista é visto mais como investidura eclesiástica do que, propriamente,
como dom ministerial. Vejamos, porém, o que diz Paulo acerca desse tão
importante ofício sagrado:
E ele mesmo deu uns
para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros
para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos à
unidade da fé e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida da
estatura completa de Cristo. (Ef 4.11-13)
Conclui-se que
somente deve ser reconhecido como evangelista o que foi agraciado com
semelhante dom. Doutra forma, teremos um clero inflado de evangelistas que, em
vez de ganhar almas para Cristo, desgastam-se emocional e espiritualmente,
aguardando uma eventual promoção ao pastorado. A hierarquização eclesiástica,
nesse sentido, é mais do que nociva ao crescimento saudável do corpo de Cristo;
é deletéria e mortal. Que sejamos criteriosos na escolha daqueles que sairão
pelo mundo a proclamar a mensagem do evangelho.
II.
O Evangelista no Antigo Testamento
Embora constituído
para apregoar o conhecimento de Deus entre os gentios, Israel recolheu-se em
seu legado sacerdotal e real, descumprindo a sua missão evangelística.
1.
Os patriarcas evangelizam. Abraão foi o primeiro
santo do Antigo Testamento a ser agraciado com o título de profeta (Gn 20.7).
Apesar de não possuir o encargo de Isaías, nem a missão de Ezequiel, o
patriarca, por meio de um testemunho corajoso e monoteísta, mostrou aos
cananeus a realidade do Deus Único e Verdadeiro.
Em suas
peregrinações, quer entre os egípcios, quer entre os filisteus, o pai de Israel
evidenciava a todos que, longe de ser um nômade aventureiro, era o amigo de
Deus. Informalmente, esse mensageiro do Senhor espalhou a esperança messiânica
entre os antigos. Somente a eternidade para revelar quantas almas o crente
Abraão conduziu ao Reino dos céus. O mesmo diremos de Isaque e de Jacó. Quanto
a José, o que acrescentar? Administrando uma das crises mais agudas de todos os
tempos, mostrou a todo o Oriente que o Deus de seus pais sabe como intervir
tanto na História Universal quanto na biogra a de cada uma de suas criaturas
morais.
2.
Os profetas evangelizam. Ainda que Isaías seja
cognominado o evangelista do Antigo Testamento, quem mais se aproximou do
exercício desse ministério foi Jonas. Intimado por Deus a proclamar um
severíssimo juízo contra Nínive, o profeta, apesar de sua relutância inicial,
fez-se evangelista e missionário. Ao chegar à grande cidade, percorreu-a
durante todo um dia, com uma mensagem simples, mas eficaz: “Ainda quarenta
dias, e Nínive será subvertida” (Jn 3.4). O sermão de Jonas não parece
teológico, nem profético. Isolado, é matemático, geográfico e meteorológico.
Evoca um número, uma cidade e uma situação. Mas, no contexto do juízo divino, é
mais do que teológico; é intensamente profético. Em sete palavras, descreve
rigorosamente a justiça divina. Apesar de não mencionar o arrependimento, leva
o Império da Assíria a curvar-se diante do Deus de Israel. Em nenhum momento,
exorta aqueles impenitentes a jejuar. Mas, diante da urgência e da gravidade de
sua proclamação, todos, do rei ao mais humilhado dos súditos, abstêm-se de pão
e de água.
Se Jonas saiu a
evangelizar, Isaías evangelizou sem sair. De sua amada Jerusalém, o profeta
descreveu o Messias com detalhes surpreendentes e impressionantes. Ele falou de
sua concepção virginal, de sua morte vicária e de seu Reino glorioso. Se alguém
pretende fazer o retrato falado de Jesus, basta ler em voz alta o capítulo 53
de Isaías. Ali, em cores fortes, está o Cristo de Deus, entregando-se por mim e
por você.
3.
Os reis evangelizam. Apesar de nem todos os reis de Israel
serem recomendáveis, alguns deles, como Davi, Salomão e Ezequias, muito zeram
pelo anúncio da Palavra de Deus entre os gentios. Nos dias de Salomão, muitos
potentados estrangeiros deixavam suas terras para ouvir o sapientíssimo rei de
Israel. E, ali, na corte hebreia, glorificavam o Poderoso de Jacó. Haja vista a
rainha de Sabá, que, do extremo sul do continente, veio constatar não só a
glória de Salomão, mas a presença divina na terra que manava leite, mel e a
sabedoria divina.
Salomão, porém, não
demorou a desprezar a glória do Senhor. Em vez de comissionar sacerdotes a
apregoar a verdadeira fé entre os gentios, envia sua frota mercante a trazer,
de Társis, pavões e macacos (1 Rs 10.22). Apesar de tantos desencontros com a
sua real vocação, Israel logrou cumprir a parte essencial de sua missão, pois
legou-nos os profetas, as alianças, as Sagradas Escrituras e o Salvador do
mundo.
III. A Missão do Evangelista
O evangelista George Sweazey afirmou com muito acerto: “A evangelização é uma tarefa sempre perigosa, embora não seja tão perigosa como a falta de evangelização”. O que teria levado o irmão Sweazey a chegar a tal conclusão? Provavelmente, referia-se à tarefa do evangelista que, ao contrário do que muita gente supõe, é desafiadora e complexa, mas sempre gloriosa.
1.
Proclamar o evangelho. Para se proclamar o evangelho de
Cristo com eficácia, requer-se, antes de tudo, uma experiência real e marcante
com o Cristo do evangelho. Além disso, deve o evangelista aprofundar-se no
conhecimento de Deus, a fim de apresentar em sua inteireza, tanto ao mundo
quanto à Igreja, todos os desígnios divinos. Foi o que Paulo declarou ao
presbitério de Éfeso: “Portanto, no dia de hoje, vos protesto que estou limpo
do sangue de todos; porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de
Deus” (At 20.26,27).
O evangelista, embora
proclame uma mensagem simples e direta, não há de conformar-se com uma teologia
rasa. Antes, aprofundar-se-á na Palavra da Verdade, para que venha a manuseá-la
com destreza e oportunidade. Ao jovem Timóteo, recomenda Paulo: “Procura
apresentar- te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Sua mensagem, portanto, será
simples, mas jamais simplória, porquanto Deus o chamou a falar a judeus e a
gregos, a sábios e a ignorantes, a servos e a livres.
Quem ouve Billy Graham, observa duas coisas
em seus sermões: simplicidade e profundidade. Munido dessa fórmula, saiu ele a
pregar nos países mais distantes e escondidos, mostrando a todos a eficácia da
mensagem da cruz. Em seus livros, porém, deparamo-nos com um teólogo que nada
fica a dever à academia mais exigente. À semelhança de Paulo, o evangelista
americano nada se propunha saber, a não ser Cristo e este crucificado.
Então, que o evangelista se empenhe por
manusear, destramente, a Palavra da Verdade, pois quem ganha almas sábio é. Não
é nada fácil desconstruir as mentiras de Satanás, no coração do pecador. Mas o
verdadeiro evangelista, com sabedoria e paciência, reconstrói na alma
impenitente a verdade que liberta, salva e leva para o céu. O que o mensageiro
de Deus obtém, nenhum filósofo, pedagogo ou psicólogo logra conseguir. Estes
falam apenas à razão, mas aquele brada ao coração, à alma e até mesmo à mente
menos razoável.
2. Fortalecer a Igreja. O
evangelho não deve ser pregado apenas ao mundo. Às vezes, temos de anunciá-lo
também à Igreja. Era o que Paulo pretendia fazer, ao anunciar a sua visita aos
romanos: “E assim, quanto está em mim, estou pronto para também vos anunciar o
evangelho, a vós que estais em Roma” (Rm 1.15). Depreende-se que os irmãos de
Roma, apesar de sua sinceridade, ainda não haviam compreendido, plenamente, a
origem, o processo e a efetivação da fé salvadora em Jesus Cristo. Por isso,
era urgente que o apóstolo descesse aos alicerces do Plano da Salvação, para
que eles viessem a subir aos andares mais elevados do conhecimento divino.
Assim como o pastor
tem de fazer o trabalho de um evangelista, deve o evangelista, por seu turno,
empenhar-se pastoralmente na edificação doutrinária das ovelhas. Hoje, mais do
que ontem, os evangélicos, até mesmo os de igrejas tradicionais e históricas,
carecem de fundamentos doutrinários. Ora, que firmeza terão os crentes se boa
parte dos pastores acham-se firmados em teologias movediças?
É chegado o momento de evangelizarmos também os que, presumindo- se evangélicos, acham-se tão distantes do evangelho quanto os católicos. Se estes têm ídolos, aqueles possuem deuses. Não raro, nossos deuses são mais deletérios do que os ídolos. Pelo menos, os ídolos católicos têm boca, mas nada falam, ao passo que os deuses evangélicos abrem a bocarra para dizer o que Deus jamais diria. Se os ídolos romanos levam para o inferno, os deuses do evangelho midiático a ninguém conduz para o céu. Que todos saibam que somente o Senhor Jesus salva.
3. Fazer discípulos de Cristo. O
trabalho de um evangelista não se resume em trazer alguém à luz de Cristo, mas
também acompanhar o novo crente, até que este venha a iluminar o mundo com o
seu testemunho. Se, num primeiro momento, o evangelista é o amoroso obstetra,
no seguinte, ele haverá de ser o pediatra atento à evolução do convertido.
O objetivo principal do discipulado é
formar autênticos seguidores de Cristo. A partir daí, teremos cristãos
testemunhais e exemplares. Mas, se não dermos importância à formação espiritual
dos que recebem a Cristo, encheremos a igreja de crentes vazios, de cientes e
rasos na fé. É o que vem ocorrendo em muitos arraiais que, tidos como
evangélicos, das ovelhas querem apenas a gordura e a lã.
A essa altura, uma pergunta ganha
pertinência: “Até quando deve durar o discipulado?” Se levarmos em conta as
reivindicações apostólicas, o discipulado, na vida de um crente, inicia-se com
a sua conversão, e há de perdurar até que seja ele recolhido pelo Senhor.
Quanto ao discipulado do novo convertido, em si, que persista até que ele venha
a parecer-se em tudo com Jesus Cristo. Somente um discipulado genuinamente
bíblico fará a diferença entre o cristão e o não cristão.
4. Defender o conhecimento divino.
Escrevendo aos Filipenses, Paulo abre-lhes o coração, e mostra-lhes ter sido
chamado não somente a proclamar o evangelho, como também a defendê-lo: “Como
tenho por justo sentir isto de vós todos, porque vos retenho em meu coração,
pois todos vós fostes participantes da minha graça, tanto nas minhas prisões
como na minha defesa e confirmação do evangelho” (Fp 1.7). De que forma, porém,
o apóstolo saiu a defender as Boas-Novas no mundo greco- romano?
A apologia de Paulo era diferente da nossa;
era viva, dinâmica e relevante. Ele não se afadigava a provar a existência de
Deus, pois todos, de uma forma ou de outra, sabiam que o Criador existia, pois
a sua presença na criação é inegável. Antes, mostrando a relevância da mensagem
da cruz aos gregos e romanos, o apóstolo deixava-lhes bem patente que Deus não
somente existe, mas intervém na História do universo e na biografia de cada ser
humano.
Paulo também não se
estressava em mostrar o Jesus Histórico, porquanto a existência do Filho de
Deus já se achava, àquela altura, subscrita nas crônicas romanas. Mas,
aproveitando cada oportunidade, o apóstolo realçava o Cristo Kerigmático que,
ao vencer a morte, recebera do Pai todo o poder nos céus e na terra. A História
a ninguém traz à vida, mas a mensagem da cruz de Cristo é suficiente para levar
multidões ao novo nascimento.
Em suas cruzadas pelo Mediterrâneo, o
apóstolo não se afadigou em mostrar a este sábio, ou àquele filósofo, que
as Sagradas Escrituras são, de fato, a Palavra de Deus. Todavia, ao pregar na
unção do Espírito Santo, convencia o incrédulo mais convicto de que havia, por
exemplo, uma agravante diferença entre Moisés e Aristóteles. O primeiro falou
em nome de Deus e por Deus, trazendo esperança a Israel e ao mundo. Quanto ao
segundo, não foi além de uma descoberta óbvia e esperada. Em sua ignorância, o
sábio grego limitou-se a dizer que Deus é o motor imóvel que move o mundo. Mas
o apóstolo demonstra que Deus, além de mover o mundo, move-se entre os seus
filhos, operando o impossível.
O apóstolo não se agastou em convencer a
Grécia de que o pecado é uma ofensa ao Santo de Israel, pois os gregos, mesmo
não conhecendo os Dez Mandamentos, sabiam estar a violar cada uma das
ordenanças divinas. Eles viviam para pecar e pecavam para viver. Por essa
razão, Paulo não se limitou a denunciar-lhes o pecado; em Jesus Cristo,
apontou-lhes o caminho da pureza e da justificação pela fé.
Em sua apologia, Paulo perfazia um caminho
inverso do nosso. Nós defendemos o evangelho de modo raso e periférico. Ele,
porém, advogava-o de forma essencial, mostrando-lhe o poder e a graça
transformadora.
5. Fazer teologia. O
evangelista, à semelhança do apóstolo, também foi constituído a fazer teologia,
pois sem teologia a evangelização é impossível. Em sua primeira carta ao jovem
Timóteo, faz-lhe Paulo um resumo de seu currículo: “Para o que (digo a verdade
em Cristo, não minto) fui constituído pregador, e apóstolo, e doutor dos
gentios, na fé e na verdade” (1 Tm 2.7).
Uma coisa é fazer teologia entre os
teólogos. Outra, é teologizar entre os inimigos de Deus. Mas é justamente nesse
ambiente hostil, e cercado de falsos silogismos e lógicas aparentes, que o
evangelista é intimado a expor o tema prioritário da verdadeira teologia: Jesus
Cristo e este crucificado. Foi o que Paulo fez ao evangelizar os gregos.
No Areópago, os
filósofos epicureus e estoicos consideraram o discurso do apóstolo um raro
despropósito. Àqueles varões intelectualmente orgulhosos, só um louco ousaria
afirmar que um homem teve de morrer, numa cruz, para que os demais viessem a
cruzar os portais da vida eterna. Enfim, àquele seleto grupo, o evangelho era
uma loucura. Mas foi ali, entre os gregos, e, mais tarde, entre os romanos, que
Paulo lavrou a mais sublime teologia do Novo Testamento. O evangelista é o
teólogo ambulante, cuja missão é proclamar o evangelho completo de Cristo. Isso
significa fazer a mais alta, a mais profunda e a mais bela teologia, pois a
mensagem da cruz possui todas essas características.
IV. O Preparo do Evangelista
Paulo foi um dos homens mais cultos de seu
tempo. Ele transitava com desenvoltura por três ambientes culturais: o judaico,
o grego e o romano. Aliás, até mesmo entre os bárbaros foi ele bem-sucedido,
pois a todos se achava devedor. Tendo em vista o seu preparo singular, o
apóstolo veio a realizar um trabalho igualmente singular.
1.
Bíblico-Teológico. Antes mesmo de converter-se, Paulo já era um erudito nas
Sagradas Escrituras, pois fora
instruído aos pés do rabino mais sábio de seu tempo. Em sua defesa perante os
judeus de Jerusalém, o apóstolo fala, em língua hebreia, de sua herança judaica
e de seu aprendizado na Cidade Santa: “Quanto a mim, sou varão judeu, nascido
em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade aos pés de Gamaliel, instruído
conforme a verdade da lei de nossos pais, zeloso para com Deus, como todos vós
hoje sois” (At 22.3).
É claro que, antes de
sua conversão, Paulo estava mais preso à letra do que ao espírito do texto
sagrado. Era mais erudito que teólogo; mais acadêmico que espiritual. O seu
aprendizado, porém, não foi inútil. Quando do seu encontro com o Senhor Jesus,
eis que o véu é retirado de seus olhos, possibilitando-lhe contemplar a glória
divina no Crucificado (2 Co 3.15,16).
2. Hermenêutico e homilético.
Sem Gamaliel, não teria Paulo a mínima condição de expor o evangelho com tanta
maestria e profundidade aos crentes de Roma. E, assim, trazendo o Antigo
Testamento ao Novo, veio a produzir a epístola mais teológica da Igreja Cristã.
Afinal, tinha o alicerce hermenêutico necessário para mostrar, à luz da Lei,
dos Profetas e dos Escritos, o messiado de Jesus Cristo e a sua obra vicária no
Calvário.
O apóstolo não sabia
apenas interpretar as Escrituras; sabia, de igual modo, aplicá-las às mais
diferentes situações da Igreja. Ele demonstrava, na prática, que a Palavra de
Deus era, de fato, a regra áurea e infalível do cristão.
Que o evangelista se prepare com amoroso
esmero, pois a sua missão requer teologia, hermenêutica e homilética. Todas
essas demandas podem ser resumidas nesta recomendação que o apóstolo encaminha
a um jovem pastor, que se refinava no trabalho evangelístico: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar,
que maneja bem a palavra da verdade” (2 Tm 2.15). Eu gostaria que os seminários
e institutos bíblicos tivessem, como divisa, essa querida exortação paulina. Se
levada a sério, haverá de produzir evangelistas de comprovada excelência.
3.
Cultural e linguístico. Paulo, conforme já adiantamos, podia
transitar com desenvoltura por três culturas distintas: a hebraica, a grega e a
latina. Providencialmente, ele nascera e fora criado numa cidade que, embora
romana, era dominada pela cultura helena. Naquela metrópole universitária,
aprendera o grego e, mui provavelmente, o latim. Afinal, estamos falando de um
cidadão romano
ciente de seus
direitos e consciente de seus deveres.
No livro de Atos, vemos o apóstolo
comunicando-se tanto em hebraico quanto na língua grega. Ao pedir autorização
ao centurião para falar aos judeus de Jerusalém, ouviu do oficial romano uma
indagação que lhe questionava o preparo cultural: “Sabes o grego?” (At 21.37).
Em seguida, ante os seus acusadores, pôs-se a falar no idioma sagrado dos
judeus: “E, quando ouviram falar-lhes em língua hebraica, maior silêncio
guardaram” (At 22.2).
Hoje, com a
cosmopolização de nossas cidades, sugere-se que o evangelista, além de
expressar-se com e ciência e correção em português, que também se comunique em,
pelo menos, mais duas línguas: inglês e espanhol. Afinal, de vez em quando,
recebemos eventos e certames internacionais. Eis uma excelente oportunidade para
se falar de Cristo a um campo missionário que, mesmo sem ser convocado, vem até
nós. Nem sempre a seara vem ao ceifeiro. Então, que essas oportunidades não
sejam desperdiçadas.
O preparo cultural do evangelista contempla
dois campos interligados: a informação acerca de outros povos e a habilidade
linguística para se falar a todos, em todo o tempo e lugar, por todos os meios
possíveis.
4. Psicológico e sociológico. O
evangelista não precisa ser psicólogo, nem sociólogo, para anunciar Jesus
Cristo. Todavia, é imprescindível que conheça o ser humano e a sociedade que o
cerca. Doutra forma, será um estranho entre estranhos. O apóstolo Paulo
sentia-se à vontade nos mais estranhos e variados ambientes. Entre os judeus,
judeu. Falando aos gregos, grego. Doutrinando os romanos, romano. Acolhido
pelos bárbaros, bárbaro. Se entre os sábios, sábio. Expondo Cristo aos
ignorantes, ignorante, ainda que, em Cristo, tudo soubesse.
Na proclamação do evangelho, o apóstolo agia
como amoroso psicólogo, aconselhando; e, como gentil e compreensivo sociólogo,
visitando as nações mais distantes e desconhecidas. Que o evangelista conheça e
ame o povo a que almeja alcançar.
V. A Ética do Evangelista
Acabo de ler o
testamento espiritual de Billy Graham. Pelo menos, foi a impressão que me
passou o seu derradeiro livro. Em , o evangelista americano faz um balanço de
sua vida e confessa estar ansioso (e preparado) por encontrar-se com o Pai
Celeste. Apesar de seus 98 anos, demonstra ele uma lucidez e discernimento
singulares, e ainda reúne forças para exercer os ofícios de um amoroso pastor:
aconselha os jovens, orienta os anciãos e não deixa de fazer o que sempre fez
desde que o Senhor o chamou à sua Obra: evangelizar.
Ao repassar aquelas páginas, não pude ignorar
a elevada ética que sempre o caracterizou. Ele conclui um ministério de quase
sete décadas sem qualquer pecha moral. Por isso, a pergunta faz-se inevitável:
Qual o segredo de Billy Graham?
Na verdade, não há segredo algum. O que
existe é um forte comprometimento com a Palavra de Deus e um fundamento ético e
moral bem sólido. Já no início de sua carreira, em 1948, ele e sua equipe,
reunidos na cidade de Modesto, no Estado americano da Flórida, redigiriam um
compromisso de quatro pontos, que haveria de nortear-lhes o ministério
evangelístico. O documento, que caria conhecido como a Declaração de Modesto,
trata dos seguintes assuntos: informações, dinheiro, sexo e relacionamento
eclesiástico.
O protocolo, hoje, serve de modelo aos que
buscam desenvolver um ministério itinerante que glorifique a Deus por sua ética
e compromisso com a Bíblia Sagrada. De acordo com o referido documento, o
primeiro ponto a ser observado por um pregador é a fidelidade aos relatos e
informações.
1. Ética na informação.
Reza o ditado velho e matreiro: “Quem conta um conto, aumenta um ponto”. Na
arena evangelística, até que poderia haver um provérbio semelhante: “Quem ganha
algumas ovelhas, sempre acaba se ufanando de haver conquistado um rebanho”.
Buscando evitar exageros nos relatos de suas campanhas, a Associação
Evangelística Billy Graham é enérgica. A primeira cláusula da Declaração de
Modesto estabelece uma ética rígida sobre as informações a serem transmitidas
aos órgãos eclesiásticos e à imprensa:
Fica decidido que nenhuma comunicação
à mídia e à igreja será exagerada ou presunçosa. A dimensão da assistência e o
número de conversões não serão alterados, a fim de nos promover.
Nos Estados Unidos, quando se quer
exagerar algum fato, usa-se como exórdio este advérbio: “Evangelisticamente
falando”. Em seguida, descarrega-se o exagero. Já no Brasil, utiliza-se outra
expressão para alcunhar o pregador que se dá às hipérboles e às grandezas:
evangelástico. Ora, por que redimensionar os resultados de uma campanha se
basta a conquista de uma única alma para pôr os céus em festa? Consideremos,
ainda, que a missão primordial de um evangelista não é a conversão de
pecadores, mas a proclamação do evangelho. Se esta for efetuada a tempo e a
fora de tempo, as colheitas não faltarão.
Quando um pregador maquia os resultados de
seu trabalho, busca entre outras coisas o incremento do marketing pessoal, a
seletividade da agenda e a valorização dos honorários. Esquece-se ele, porém,
que a verdade aumentada jamais será verdade; será sempre mentira. O sábio
americano Benjamin Franklin (1706-1790) é incisivo quanto à veracidade dos
fatos: “A meia-verdade é frequentemente uma grande mentira”. Por
conseguinte, como pode um pregoeiro da justiça comprometer-se com a falsidade?
Se avaliarmos superficialmente os resultados do semeador da parábola,
constataremos não terem sido muito bons. Apenas um quinto de suas sementes
logrou germinar. Todavia, foi o suficiente para que o Reino de Deus
frutificasse em toda a terra.
Em Atos dos Apóstolos, Lucas busca a
precisão e a de dignidade em todas as informações que transmite a Teófilo (At
1.1-3). No Dia de Pentecostes, por exemplo, lemos que, como resultado do sermão
de Pedro, quase três mil pessoas se converteram (At 2.41). Mas, na casa de
Cornélio, as conversões talvez não chegassem a uma dezena, e nem por isso o
número deixou de ser expressivo ao Reino de Deus.
Não exageremos os
resultados de nosso trabalho. Na exposição dos fatos, nada de retórica; a
verdade basta. Então, por que inventar milagres para glorificar a Deus? Sua
glória é incompatível com a mentira. Sejamos fiéis e verdadeiros nos relatórios
e informações. Se fantasiarmos nossos feitos e façanhas, mais adiante seremos
desmascarados. Quem ganha almas não é somente sábio; é verdadeiro e modesto.
2. Ética financeira. Se, por um lado, temos muitos pregadores que primam pela excelência do ministério, por outro, há não poucos que só demonstram uma única preocupação — o sucesso pessoal e o recebimento de seus honorários. Por isso, a Associação Evangelística Billy Graham foi objetiva e clara no segundo artigo da Declaração de Modesto:
Fica decidido que
questões financeiras serão submetidas a uma comissão de diretores para revisão
e simplificação dos gastos. Toda cruzada local manterá uma política de ‘livros
abertos’ e publicará um registro de onde e como o dinheiro é gasto.
Nessa questão, temos de ser equilibrados e
justos. De uma parte, somos obrigados a criticar os pregadores que fazem da fé
um mero negócio. Mas, de outra, não podemos louvar as igrejas que não
reconhecem o labor de quem lhes expõe a Palavra de Deus. Ao falar sobre o
trabalho dos mestres e doutores da Igreja, recomenda Paulo a Timóteo: “Devem
ser considerados merecedores de dobrados honorários os presbíteros que presidem
bem, com especialidade os que se afadigam na palavra e no ensino” (1 Tm 5.17,
ARA). O texto é claro e não demanda maiores exegeses: o expositor da Palavra de
Deus deve ser honrado não apenas com menções elogiosas, mas com um digno
reconhecimento financeiro.
O pregador, por seu turno, contentando-se
com o combinado, jamais fará apelos emocionais, visando angariar maiores
recursos. As ofertas e dízimos são da igreja local. Se ele for realmente ético,
nem falará em dinheiro durante as suas prédicas. E que não haja negociata entre
o pastor e o evangelista, com vistas à divisão de oferendas especiais
arrecadadas no calor das emoções e sob um clima de promessas irrealizáveis e
ameaças aterrorizantes. Não espoliemos os santos; respeitemos o povo de Deus.
Sejamos éticos e transparentes em todas as transações financeiras.
Evangelista, além de
ético, seja precavido. Não deixe de pagar a previdência e, se possível, faça um
plano de aposentadoria. O tempo passa e a velhice não demora a chegar. Aja com
sabedoria e temor a
Deus.
3.
Ética sexual. Já na década de 1940, não eram poucos os pregadores americanos
que escandalizavam a igreja devido às suas incursões sexuais. Para que isso não
viesse a ocorrer com os seus membros, a Associação Evangelística Billy Graham,
na Declaração de Modesto é particularmente severa:
Fica decidido que os membros da equipe
agirão com toda prudência, a m de se resguardarem de tentações na área sexual.
Por isso, jamais carão sozinhos com uma mulher. E, mutuamente,
responsabilizar-se-ão uns pelos outros. Eles também informarão suas esposas
acerca de suas atividades ao longo das viagens, para que elas sintam-se
participantes das cruzadas.
O ideal seria que os pregadores itinerantes
viajassem acompanhados de suas esposas. Infelizmente, não são muitas as igrejas
que concordam em arcar com mais essa despesa. A maioria acha que só deve
ressarcir os gastos do obreiro consigo mesmo. E se este quiser levar a esposa,
que pague do próprio bolso. Tal postura é contraproducente, pois fragiliza o
obreiro, expondo-o a riscos espirituais e morais. Não disse o próprio Deus que
não é bom que o homem esteja só?
Caso o pregador viaje desacompanhado, deve
tomar uma série de cuidados para não cair em armadilha alguma.
• Evite dar aconselhamentos a pessoas do sexo oposto. Isso é competência (e dever) do pastor local. Sua função é ministrar à congregação, e não dar clínicas pastorais. Se o fizer, que esteja acompanhado de outro obreiro.
• Não receba
nenhuma mulher no saguão do hotel e muito menos no quarto. Diante do pecado,
não há super-homens. A recomendação do apóstolo é taxativa: “Fugi da
prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se
prostitui peca contra o seu próprio corpo” (1 Co 6.18). Lembre-se: homens mais
fortes e mais santos do que nós caíram; portanto, tomemos muito cuidado.
• Não saia para
almoçar com pessoas do sexto oposto. Como homens de Deus, devemos evitar a
aparência do mal.
• Exija ser hospedado
em lugares que não lhe comprometam a reputação. Recuse motéis e hotéis de alta
rotatividade.
Tais cuidados são
necessários, pois é muito fácil ao pregador cair nas astutas ciladas do Diabo.
Por esse motivo, que a igreja zele por sua segurança espiritual e moral. E,
sempre que possível, financie também a vinda da esposa do pregador. Afinal,
quem ministra precisa ser devida e duplamente honrado.
4. Ética no relacionamento eclesiástico. A
Declaração de Modesto também instrui os membros da Associação Evangelística
Billy Graham a agirem com ética no relacionamento com pastores e igrejas:
Fica decidido que os membros de nossa equipe
jamais proferirão palavras negativas a respeito de outros líderes e pregadores,
independentemente de suas denominações e posições teológicas, pois a missão do
evangelismo inclui fortalecer o corpo de Cristo bem como edificá-lo na Palavra
de Deus. Que jamais usemos o púlpito a m de caluniar outros pregadores,
denegrir rebanhos ou agir com indiscrição acerca de faltas alheias. Se estamos
de pé, agradeçamos a Deus por sua in nita misericórdia.
Quanto às igrejas de outras persuasões, por
que denegri-las? Nossa igreja acha-se também num contínuo processo de
aperfeiçoamento. E, até a volta de Cristo, constataremos haver muitas
imperfeições em nosso rebanho. Imperfeições estas, aliás, que revelam o quanto
dependemos do perfeitíssimo Deus.
Por conseguinte, que esta seja a nossa linha
de conduta no púlpito:
• Que jamais venhamos
a aviltar nossos líderes. No púlpito, mesmo que oficiosamente, somos os seus
representantes.
• Não nos imiscuamos
em política, quer eclesiástica, quer partidária. Não fomos chamados para ser
homens do povo, mas homens de Deus.
• Jamais incitemos a
igreja contra o seu pastor, nem busquemos seduzir rebanhos alheios. Nossa
missão é transmitir com fidelidade todo o conselho divino.
• Condenemos
energicamente o pecado, mas sejamos amáveis para com o pecador. O que nos teria
acontecido se o Pai não nos tivesse tratado tão amorosamente?
• Não falemos mal das
outras religiões, mas exponhamos com autoridade as virtudes do evangelho de
Cristo.
Enfim, ajamos corretamente no púlpito. O que
todos esperam de nós é uma conduta digna de um verdadeiro homem de Deus.
Não há honra tão elevada quanto proclamar o evangelho de Cristo. Todavia, grande é nossa responsabilidade. Por isso, roguemos a Deus que jamais venhamos a escandalizar-lhe o nome. Que a nossa conduta seja sempre digna do Rei dos reis. E que o exemplo de Billy Graham cale profundamente em nossa alma. A Declaração de Modesto, posto que simples, é objetiva e prática. Se lhe seguirmos as diretrizes, poderemos concluir o nosso ministério com honra tanto diante de Deus quanto diante dos homens. Que o senhor nos guarde de tropeçar.
Conclusão
Não sei quantas almas já ganhei. Mas uma coisa não deixo de fazer: evangelizar pessoalmente. Às vezes, falo de Cristo numa fila de banco; outras, num táxi; e, ainda outras, num leito hospitalar. Nem sempre tenho condições de explanar todo o Plano da Salvação. Todavia, deixo bem claro, ao meu interlocutor, que Jesus Cristo é a única esperança para esta geração confusa, deprimida e sem horizontes. Com poucas palavras, você pode livrar alguém do lago de fogo. Então, esmere-se no exercício do ministério evangelístico, pois quem ganha almas sábio é.
Livro - O Desafio da Evangelização - Andrade de Claudionor 2016
SÍNTESE DO TÓPICO III
0 evangelista tem como função proclamar o
evangelho. "Evangelista Aquele que é chamado para pregar o Evangelho em
muitos lugares. Palavra derivada do verbo euangelizo. Evangelizar significa
trazer boas-novas a alguém, especificamente anunciar informações a respeito da
salvação cristã (1 Co 15.1- 4). A palavra é encontrada três vezes no Novo
Testamento. Os evangelistas estão relacionados junto com os apóstolos, profetas,
pastores e doutores, como aqueles que são chamados para compartilhar a
construção da igreja. Filipe foi chamado de 'o evangelista' (At 21.8). Embora
fosse um dos sete escolhidos para aliviar os apóstolos da tarefa de distribuir
alimentos (At 6.5), ele foi especialmente notado por sua atividade evangelizadora.
De Jerusalém, ele foi até Samaria e pregou com grande sucesso. Dali, foi
enviado para evangelizar um oficial da corte etíope, que estava viajando para
casa depois de visitar Jerusalém . Então pregou o Evangelho desde Azoto até
Cesareia, onde tinha sua casa (At 8.40). Timóteo, o jovem ministro, foi exortado
a realizar o trabalho de um evangelista como um acompanhamento de sua
supervisão pastoral. Está claro que, embora os apóstolos e outros
compartilhassem o trabalho de evangelização, havia homens que Deus chamava
especialmente para essa tarefa. Nos anos posteriores, os escritores dos quatro
Evangelhos foram chamados de evangelistas porque registraram , de forma
persuasiva, os fundamentos do Evangelho de Cristo" (Dicionário Bíblico Wycliffe. led . Rio de Janeiro:
CPAD, 2009, pp- 725,726).
CONCLUSÃO Filipe destacou-se como o maior evangelista da Igreja Primitiva.
FONTE : CRESCENDO PARAEDIFICAR.ORG
Nenhum comentário:
Postar um comentário