segunda-feira, 4 de janeiro de 2021

LIÇÃO 2: Mateus, o Apóstolo Improvável

 


TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Mt 9.9-13; 10.1-7

 

TEXTO ÁUREO

E, depois disso, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disse-lhe: Segue-me.

Lucas 5.27

                                       OBJETIVOS

Compreender as circunstâncias do chamado de

Mateus; saber que o apóstolo foi usado por Deus para escrever um dos evangelhos; conhecer o resumo biográfico do evangelista que defendeu a genealogia de Cristo a partir de Abraão.

Deus abençoe

sua vida!

                          (Revista: Central Gospel)


      Quais são os eventos escatológicos mencionados em Mateus 24 e 25?

Ciro Sanches Zibordi

  O autor é pastor, escritor, membro da Casa de Letras Emílio Conde e da Academia Evangélica de Letras do Brasil. Autor do best-seller “Erros que os pregadores devem evitar” e das obras “Mais erros que os pregadores devem evitar”, “Erros que os adoradores devem evitar”, “Evangelhos que Paulo jamais pregaria”, “Adolescentes S/A” e “Perguntas intrigantes que os jovens costumam fazer”, todos títulos da CPAD. É ainda co-autor da obra “Teologia Sistemática Pentecostal”, também da CPAD.

    Em minhas palestras de Escatologia Bíblica, tenho notado que uma das passagens das Escrituras que mais tem gerado questionamentos é Mateus 24 e 25. Isso, em grande parte, porque os eventos escatológicos mencionados nesses dois capítulos não foram apresentados por Jesus em ordem cronológica.

  Muitos perguntam, por exemplo: “Se em Mateus 24.37-39 Jesus trata do Arrebatamento, como dizem os dispensacionalistas, por que esse evento é mencionado depois da Grande Tribulação? Isso não seria uma indicação clara de que a Igreja passará por esse período?” Em primeiro lugar, não se deve ignorar que a Bíblia é análoga: as Escrituras interpretam as Escrituras. Segundo: Jesus apresentou as verdades contidas em Mateus 24 e 25 a seus discípulos, que ali representavam a Igreja e também Israel, haja vista serem, ao mesmo tempo, os primeiros membros da Igreja e israelitas. Terceiro: Ele respondeu a uma pergunta tripartida, e a sua resposta, conquanto igualmente tripartida, não está, necessariamente, em ordem cronológica.

  Mateus 24.1,2 — a invasão de Jerusalém. Ao sair do Templo, o Senhor Jesus foi abordado por seus discípulos, que começaram a lhe mostrar a estrutura daquele edifício. No versículo 2 temos, então, o início do seu sermão profético, com a predição da invasão de Jerusalém pelos romanos no ano 70: “não ficará pedra sobre pedra que não seja derribada”. As profecias do Senhor sobre o futuro terminam em Mateus 25.46.

  Mateus 24.3 — a pergunta tripartida dos discípulos. Ao fazer menção da invasão de Jerusalém e da destruição do Templo, o Senhor ouviu dos discípulos uma pergunta tripartida, abarcando questões alusivas a sinais para “estas coisas”, “tua vinda” e “fim do mundo”. Aqui está uma importante chave para se entender as profecias do Senhor. Ele, como veremos, responde aos discípulos de modo tripartido e faz menção de profecias veterotestamentárias, direta ou indiretamente, reforçando a necessidade de se considerar a analogia bíblica.

  Mateus 24.4-14 — sinais escatológicos gerais e a pregação do Evangelho do Reino até o fim. Diante da pergunta tripartida dos discípulos, o Senhor faz inicialmente uma abordagem panorâmica dos sinais sobre o futuro, desde aqueles dias até o fim do mundo. Ele, por enquanto, não menciona nenhum evento específico, mas chama a atenção dos discípulos — que também eram israelitas — para sinais escatológicos gerais, como surgimento de enganadores (vv. 4,5,11), guerras e rumores de guerras, fomes, pestes, terremotos (vv. 6-8), perseguições aos cristãos (v. 9), escândalos, traições, aumento da iniquidade e esfriamento do amor etc. (vv. 10-12).

  Jesus termina essa primeira seção discorrendo sobre a pregação do Evangelho do Reino até “o fim” (v. 14). Os termos “Evangelho do Reino” e “fim” indicam, à luz de Apocalipse, que o Senhor se referiu ao Evangelho que será pregado durante a Grande Tribulação, especialmente pelas duas testemunhas e os 144 mil judeus selados por Deus (cf. Ap 7-14), e por ocasião do Milênio, quando toda a terra se encherá do conhecimento do Senhor, de modo intuitivo e também por meio da pregação (cf. Hc 2.4; Jr 31.33,34; Is 2.3; 54.13). Tudo isso 3 que Ele disse teve como objetivo incentivar os salvos a serem perseverantes em qualquer época ou circunstância (Mt 24.13).

  Mateus 24.15-28 — predições e advertências para Israel sobre a Grande Tribulação. A partir do versículo 15, com a menção da “abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel” (no Templo), fica claro que o Senhor Jesus passa a tratar especificamente de predições relativas ao que acontecerá em/com Israel — haja vista estar falando também a israelitas — na Grande Tribulação, antes da Manifestação do Senhor. Até o versículo 28 não há dúvida de que Ele está tratando do que acontecerá em/com Israel durante a Grande Tribulação. Jesus faz predições e advertências específicas para Israel, como o alerta de que surgirão falsos cristos (vv. 23-26). E sabemos que os israelitas tementes a Deus também creem na vinda do Messias; mas estão esperando ainda a sua primeira vinda, enquanto nós já esperamos a sua volta ou Segunda Vinda (Jo 14.1-3; Hb 9.28).

  Quem pensa que nessa seção Jesus se refere à invasão de Jerusalém, no ano 70, precisa ler com atenção o versículo 21: “nesse tempo haverá grande tribulação, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais” (ARA). A Segunda Guerra Mundial (1939-1945), por exemplo, foi muitíssimo pior para os israelitas que a invasão de Jerusalém do primeiro século. O Mestre conclui essa seção afirmando que, “assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do Homem” (v. 27), numa alusão clara à sua Manifestação em poder e grande glória, com a sua Igreja, no fim da Grande Tribulação (cf. Zc 14.1-11; Jd vv. 14,15; Ap 19.11-21).

  Mateus 24.29-35 — a Manifestação do Senhor em poder e grande glória. A partir do versículo 29 o Senhor Jesus passa a fazer menção da sua aludida Manifestação, “logo depois da aflição daqueles dias”, quando “o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas”. Observe que todas as tribos da terra se lamentarão (v. 30), pois Ele então se manifestará para julgar os adoradores da Besta — reunidos na 4 “grande Babilônia”, cidade de Jerusalém tomada pelos inimigos de Israel —, pondo fim ao império do Anticristo (cf. Ap 18.9-24). Segundo Apocalipse 19, a Igreja já estará com o Senhor, por ocasião de sua Manifestação em poder e grande glória. Nesse caso, quem são os escolhidos, ajuntados por anjos “desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus” (Mt 24.31)? Não há dúvida, com base na analogia geral da Bíblia e no que o Senhor dissera anteriormente, no sermão profético em apreço, que se trata de uma referência ao remanescente dos israelitas tementes a Deus. Estes serão reunidos para o Julgamento das Nações, mencionado pelos profetas do Antigo Testamento, como em Joel 2.30- 32; 3.1,2: “E mostrarei prodígios no céu e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua, em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do SENHOR. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como o SENHOR tem dito, e nos restantes que o SENHOR chamar. Porquanto eis que, naqueles dias e naquele tempo, em que removerei o cativeiro de Judá e de Jerusalém, congregarei todas as nações, e as farei descer ao vale de Josafá; e ali entrarei em juízo, por causa do meu povo e da minha herança, Israel, a quem eles espalharam entre as nações, repartindo a minha terra”.

  O Senhor Jesus faz menção desse grande acontecimento em Mateus 25.31,32: “quando o Filho do Homem vier em sua glória, [...] se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas diante dele”. O remanescente israelita (cf. Rm 9.27; 11.26) não participará do aludido julgamento na qualidade de réu, pois, “naqueles dias e naquele tempo”, Deus removerá “o cativeiro de Judá e de Jerusalém” (Jl 3.1). Em seguida, será instaurado o Milênio, e “o SENHOR será rei sobre toda a terra; naquele dia, um será o SENHOR, e um será o seu nome” (Zc 14.9).

  Mateus 24.36-51; 25.1-13 — o Arrebatamento da Igreja e outros eventos. Jesus conclui a seção pela qual trata do futuro de Israel e começa outra. A transição está clara em 24.34-36 (leia com atenção). De 24.36 até 25.13 o Mestre 5 fala especificamente à sua Igreja, representada, ali, pelos seus discípulos, e discorre sobre o Arrebatamento, fazendo menção, também, do Tribunal de Cristo (24.45-51), das Bodas do Cordeiro (25.10) e do Inferno (24.51). Quem diz que a parábola das dez virgens alude a Israel precisa observar que ela começa com o conectivo “Então”, que liga o início do capítulo 25 ao que o Senhor já vinha abordando anteriormente: sua iminente vinda e a importância de estarmos prontos para ela (24.36-51).

  Mateus 25.14-30 — o Tribunal de Cristo. Após concluir a parábola das dez virgens dando ênfase à iminência do Arrebatamento da Igreja: “Vigiai, pois, porque não sabeis o Dia nem a hora em que o Filho do Homem há de vir” (v. 13), o Senhor Jesus passa a discorrer sobre o Tribunal de Cristo, que é melhor compreendido à luz das explicações do apóstolo Paulo (Rm 14; 1 Co 3; 2 Co 5 etc.). Mas observe que, ao tratar do julgamento dos salvos para efeito de galardão, o Senhor também faz menção do Inferno (Mt 25.30), deixando claro que muitos que estão entre nós sequer comparecerão ante o Tribunal de Cristo (cf. Mt 7.21-23), visto que este será destinado apenas aos santos arrebatados (1 Ts 4.16,17; Ap 22.12).

  Mateus 25.31-46 — o Julgamento das Nações. O último assunto apresentado pelo Senhor Jesus em seu sermão profético é o Julgamento das Nações, o qual se dará durante toda a Grande Tribulação (Zc 12-14; Jr 50.20), tendo a sua consumação com a Manifestação do Senhor. Quem não considera a analogia geral da Bíblia terá grande dificuldade de entender essa parte da revelação apresentada por Jesus. Ele compara as nações reunidas a bodes e ovelhas, postas à esquerda e à direita do Justo Juiz. Fica claro, à luz de Joel 3, que as nações-bodes e nações-ovelhas são as que, respectivamente, fizeram mal e bem a Israel. Jesus conclui a presente seção — e também o seu sermão profético — dizendo: “E irão estes para o tormento eterno, mas os justos, para a vida eterna” (Mt 25.46). Isoladamente, os termos “tormento eterno” e “vida eterna” poderiam 6 ser grosso modo chamados de Inferno e Céu, mas, como a Bíblia é análoga, não podemos deixar de conferir outras passagens escatológicas e o próprio contexto imediato do versículo em apreço. À luz de Mateus 10.28 e Apocalipse 20.15, o primeiro termo, “fogo eterno”, equivale a “tormento eterno” (gr. kolasin aiõnion), Geena e Lago de Fogo (gr. limnem ton purós).

  Quanto ao segundo termo, “vida eterna”, está claramente associado ao que o Senhor havia dito a respeito do Reino, isto é, o Milênio: “Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o Reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Ou seja, os representantes de países absolvidos no Julgamento das Nações, sobreviventes da batalha do Armagedom, irão para a vida eterna no sentido de que, ao ingressarem como povos naturais no Reino de mil anos previamente preparado por Deus, terão a oportunidade de receber a salvação eterna por meio de Jesus Cristo e permanecer nEle, assim como ocorre hoje, antes do Arrebatamento da Igreja (cf. Jo 3.16; Mt 24.13).

 Maranata!

Referência (para catalogação) Zibordi, Ciro Sanchez.

André Batalhão ADVEC SP, São Paulo

 

ADVEC SP, São Paulo

 Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus | A Ordem Suprema de Cristo Jesus

Telma Bueno

 A autora é Editora Responsável pela Revista Lições Bíblicas Jovens

I. A Aparição de Jesus aos Discípulos na Galileia (Mt 28.16-18) O reencontro é marcado por fortes emoções no local onde os 12 discípulos haviam sido comissionados pela primeira vez, a Galileia dos Gentios.

  a) O reencontro de Jesus com os discípulos (v. 16, 17) Depois da ressurreição e antes de se formar em Jerusalém a comunidade cristã sob a direção dos apóstolos, os principais discípulos vão até a Galileia. Local do primeiro chamado dos 12 discípulos e indicação para o reencontro pelos anjos do sepulcro e por Jesus. Note que Mateus registra 11 discípulos, pois Judas já não estava mais com eles e seu substituto só vai ser providenciado posteriormente, conforme narrativa de Atos.

  A maior parte das aparições de Jesus citada por Paulo são da Galileia. As aparições de Jesus e o testemunho dos discípulos que se encontraram com Ele foram os primeiros elementos que fundamentaram a fé no Cristo ressurreto. Até aquele momento a comunidade dos discípulos se considerava vencida, fracassada naquilo que tinham acreditado e defendido. Pessoas assombradas e perturbadas com a morte de seu Mestre. As mulheres junto ao túmulo, os discípulos na estrada de Emaús, citados por Lucas, cujas últimas esperanças tinham se desfeito. Com a aparição do Cristo ressurreto, os discípulos também ressuscitaram da apatia e medo que tinha tomado conta deles (BORNKAMM, 2005, p. 297-301). A maior parte das aparições de Jesus citada por Paulo são da Galileia. As aparições de Jesus e o testemunho dos discípulos que se encontraram com Ele foram os primeiros elementos que fundamentaram a fé no Cristo ressurreto. Até aquele momento a comunidade dos discípulos se considerava vencida, fracassada naquilo que tinham acreditado e defendido. Pessoas assombradas e perturbadas com a morte de seu Mestre. As mulheres junto ao túmulo, os discípulos na estrada de Emaús, citados por Lucas, cujas últimas esperanças tinham se desfeito. Com a aparição do Cristo ressurreto, os discípulos também ressuscitaram da apatia e medo que tinha tomado conta deles (BORNKAMM, 2005, p. 297-301). Na Galileia, os discípulos puderam relembrar os bons momentos do início do ministério de Jesus. A expectativa messiânica com os feitos e autoridade do ensino de Jesus, que foi aumentando nas últimas semanas da caminhada rumo a Jerusalém. A crucificação e morte de Jesus abalou a fé de seus discípulos e mesmo as primeiras notícias de sua ressurreição foram vistas com dúvidas. No entanto, agora na mesma região que começaram o ministério, eles reencontram com Jesus e seu corpo glorificado. Mateus afirma que alguns ao verem Jesus o adoram, enquanto outros ainda duvidam. Robertson (2016, p. 335) afiança que os que duvidaram não faziam parte dos 11 discípulos:

  A referência não é aos onze, que agora estavam todos convencidos depois de certa dúvida inicial, mas aos outros. Paulo declara que mais de quinhentos discípulos estavam presentes em um ou mais dos encontros com o Senhor. A maioria deles ainda vivia quando ele escreveu (1 Co 15.6). É natural que alguns hesitassem em crer em tão grande fato já na primeira aparição de Jesus para eles. A própria dúvida deles torna mais fácil a nossa crença.

  Mateus destaca essa aparição de Jesus na Galileia, uma vez que não registra outras aparições anotadas pelos demais evangelhos. Era o clímax das aparições, justamente na Galileia onde havia vários convertidos que o adoraram. Eles estavam prontos para receber a nova ordem suprema de Jesus.

 b) Jesus anuncia a abrangência da autoridade recebida do Pai (v. 18)

    Jesus aproveitou o momento de adoração e entusiasmo dos discípulos para fazer uma grande abissal revelação: “[…] agora Ele possuía a completude da autoridade de Deus. Ele falou como alguém que já estava no céu, tendo um panorama mundial e os recursos dos céus às suas ordens” (ROBERTSON, 2016, p. 336). Os discípulos haviam presenciado o grande poder durante a vida terrena de Jesus (Mt 11.27) e, neste momento, Ele anuncia que o seu poder não tem mais limite, isso deve ter despertado ainda mais a fé dinâmica dos seus seguidores. Carter (2002, p. 678) alega que essa revelação rememora Daniel 7.13, 14 para demonstrar a autoridade de Jesus sobre os impérios mundiais: 

  O versículo evoca Daniel 7.13,14, onde Deus dá ‘domínio e glória e reinado/império’ a um ‘como Filho de Homem’. Essa transferência acontece depois de uma luta com poderes imperiais. O domínio (mesma palavra que ‘autoridade’) é perpétuo, como é o reinado prometido a reis na linha de Davi (2 Sm 7,13,14). Jesus, Filho de Davi (1,1 9,27; 15,22; 20,30-31; 21,9.15; 22,45-46), o rei (2,2; 25,34), escarnecido pelos representantes político-militares do império e pela elite religiosa (27,11.27-31.42), participa no governo de Deus sobre todas as coisas, e regressará para julgar a terra (19,28; 24,27-31; 25,31-46).

  Uma demonstração da vitória sobre a oferta do Diabo na narrativa da tentação de Jesus, quando lhe é oferecido todos os reinos do mundo (Mt 4.8). Agora, após cumprir sua missão pela morte de cruz, Ele recebe toda autoridade do próprio Pai como Filho amado em que Deus se compraz pela sua fidelidade (Mt 3.17; 17.5). Robertson afirma:

  O Cristo ressurreto, sem dinheiro, ou exército, ou estado governamental, comissiona este grupo de quinhentos homens e mulheres para conquistar o mundo. Ele os faz crer que a tarefa é possível, caso a empreendam com paixão extrema e poder sério. O Pentecostes ainda está por vir, mas a fé dinâmica reina nesse monte da Galileia. (ROBERTSON, 2016, p. 336).

  Mateus não registra o evento da ascensão, mas nessa frase da autoridade recebida por Jesus está implícita a autoridade de quem está sentado à direita do trono do Pai, símbolo do poder e autoridade no céu e na terra. Storniolo (1991, p. 210) assevera que essa autoridade recebida é “[…] o triunfo do homem que obedece ao projeto de Deus. Este homem pode agora julgar a todos (Mt 25,31- 46)”. Jesus participa do reinado de Deus sobre todas as coisas, e está prestes a delegar autoridade aos seus discípulos para continuarem a participar de sua missão (Mt 10.1).

  II. Jesus Ordena que se Façam Discípulos (Mt 28.19)

 Jesus agora faz um novo comissionamento aos seus discípulos. Diferente do primeiro, que era restrito aos filhos de Israel, agora a abrangência é para todas as nações. Lembra a promessa de Deus feita a Abraão, que nele seriam benditas todas as famílias da terra.

  a) Fazer discípulos em todas as nações (v. 19) Jesus ordena que os discípulos continuem com a sua missão. Jesus já havia demonstrado aos seus discípulos que não fazia acepções de pessoas. Ele pregou, curou e atendeu tanto judeus como os estrangeiros que encontrou no território de Israel, bem como quando esteve em território vizinho. Carter argumenta contra o posicionamento de alguns de que neste momento a missão é exclusiva para os gentios e que a missão para Israel havia se encerrado: […] Alguns argumentaram que esta missão é limitada aos pagãos (ver 25,32), mas vários fatores indicam uma missão a todos, judeus e pagãos.

  (1) Não há nenhuma evidência de que a missão para Israel tenha terminado. Jesus havia limitado a missão para Israel durante sua vida (10,6), mas não declarou seu fim.

  (2) Outros incidentes (2,1-22; 8,5-13; 15,21-19) sugerem uma missão crescente aos pagãos, não que substitua Israel.

  (3) Não há nenhuma indicação em 21,33- 45 e 22,1-14 de qualquer substituição de Israel dos desígnios de Deus. Os desígnios salvíficos de Deus incluem judeu e pagão.

  (4) o termo nações pode significar pagãos em contraste com judeus (10,5.18) ou judeus e pagãos, todo mundo habitado como em 24.9, 14 (declarações de missão) e 25,32. Não há nenhum contraste presente aqui.

  (5) O versículo 18 reconhece Jesus como tendo “toda a autoridade no céu e na terra”. Não há nenhuma oração de exceção. Uma missão para todo o mundo habitado, judeu e pagão, é considerada.

  (6) A frase “céu e terra” evoca a criação de Gênesis 1.1. Os projetos de Deus são universais e prometem bênção a “todas as famílias da terra” (Gn 12,3). Esta bênção é tornada disponível por meio da comunidade de discípulos de Jesus, filho de Abraão (1.1). (CARTER, 2002, p. 679-680).

  Os discípulos deveriam pregar tanto na Judeia, Samaria e até os confins da terra. Para todas as pessoas, pois Jesus deixa bem claro que o evangelho e seu Reino são universais. Nos discursos de Mateus fica evidente a necessidade de edificar a vida espiritual ouvindo os ensinamentos de Cristo, mas não somente ouvindo, pois se não for praticado o ensino aprendido ele se tornaria em vão (7.24-27). Mateus demonstra constantemente a importância do discipulado com prioridade à busca do Reino dos céus (6.25-34), mesmo que se necessário arriscar tudo para seguir a Jesus (4.19; 8.18-22; 10.32-39; 16.24,25).

  b) Batizando em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo Jesus ordena que os novos convertidos sejam inseridos formalmente na nova comunidade por meio do batismo. Uma forma de o novo crente demonstrar sua fé em Jesus publicamente. O batismo não é condicional para salvação, mas o ato formal do batismo torna mais forte o vínculo da pessoa com a nova comunidade. Algumas pessoas podem desprezar o ato do batismo e até se negar a fazê-lo. Todavia, o próprio Jesus deu o exemplo, submetendo-se ao batismo de João (Mt 3.13-17) e valorizando esse ato como algo importante. No caso de Jesus foi o marco do início de seu ministério.

  Jesus não somente ordena o batismo, como também orienta sobre os procedimentos. Ele ordena que os novos crentes sejam batizados em nome da trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Um momento tão importante na história de fé de uma pessoa que precisa ser formalizado com a presença no nome da trindade. Quando se afirma que o batismo é “no nome” traz consigo o significado de compromisso, posse e proteção. Não é preciso buscar em outros livros bíblicos para demonstrar a relação entre a trindade. Mateus menciona vários versículos que fala da relação de Jesus com o Pai ou dos novos discípulos com o Pai (Mt 5.16,45; 6.9; 7.21; 10.32; 11.25-27; 12.50; 13.43; 16.17; 18.10,14; 20.23; 23.9; 25.34; 26.29,38,42), de Jesus como o Filho que realiza a vontade do Pai e se mantém unido com Ele (Mt 2.15; 3.17; 11.25-27; 12.46-50). Até do Espírito Santo, que tem sua atuação mais acentuada no livro de Atos, está presente no Evangelho de Mateus como o Ajudador na vivência da vida, como na realização da missão divina (10.20 3.15; 12.18-21). Portanto, Jesus ordena que o evangelho seja ensinado a todas as pessoas em todas as partes do mundo. As pessoas que resolvem tomar a decisão de ser um discípulo de Jesus devem ser batizadas em nome da trindade que atua para a libertação de toda pessoa que crê no Evangelho de Jesus Cristo.

 *Este subsídio foi adaptado de NEVES, Natalino das. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus. 1 ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, pp. 87-92.

Bueno, Telma. Seu Reino Não Terá Fim: Vida e obra de Jesus segundo o Evangelho de Mateus | A Ordem Suprema de Cristo Jesus.

André Batalhão

                 Mateus, o apóstolo improvável

1 – Mateus, o homem

Origem Cafarnaum, na Galiléia, é a provável localidade de origem desse discípulo.

Nome – Mateus (Mt 9.9,10; Mc 3.18; Lc 6.15; At 1.13) Levi (Mc 2.14, 15; Lc 5.2729).

Profissão – Coletor de impostos (publicano). Funcionário a serviço de Roma que dominava toda a região da Judéia.

Reputação – Os romanos tratavam os publicanos com muita desconfiança comparandoos, muitas vezes, a gatunos e oportunistas. Em Israel eram vistos como traidores da nação, apóstatas, gentios e pecadores.

“E, se não as escutar, dizeo à igreja; e, se também não escutar a igreja, considerao como um gentio e publicano.” Mt 18.17.

“Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseramlhe eles: O primeiro. Disselhes Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não o crestes, mas os publicanos e as meretrizes o creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para o crer.” Mt 21.3132

2 – Mateus, o servo

O chamado “E, depois disso, saiu, e viu um publicano, chamado Levi, assentado na recebedoria, e disselhe: Segueme.” Lc 5.27

Deixar tudo para acompanhar Jesus numa vida de discipulado itinerante provavelmente exigiu mais sacrifício para Mateus do que para alguns dos outros discípulos, pois Mateus era relativamente próspero para os padrões da época.

O trabalho missionário – Embora alguns estudiosos afirmem que Mateus dedicouse ao ministério apenas entre os judeus existem diversos relatos que vinculam a sua atuação a lugares como Pérsia, Macedônia e Etiópia.

3 – Mateus, o evangelho

Público alvo Os propósitos do Evangelho estam ligados com a comunidade formada pela maioria de judeus cristãos para a qual Mateus dirigiu seu evangelho. Mateus combina de forma única um intenso interesse pelas questões pertinentes aos judeus com igual ênfase na hostilidade de Jesus para com os líderes judaicos.

Mateus é o evangelho com duas vezes mais citações do Antigo Testamento do que qualquer outro e com o maior interesse na relação de Jesus com a Lei; mesmo assim, quando vemos o relacionamento de Cristo com a Lei neste evangelho, percebese que é uma relação mais de contraste do que de continuidade (Mt 5.1748).

O plano da narrativa de Mateus

Mateus 1.1 a 4.16 proporciona uma introdução ao ministério de Jesus.

Mateus 4.17 a 16.20 descreve o desenvolvimento desse ministério, por meio de amostras da pregação de Cristo (Mt 5 a 7); dos milagres de cura (8.1 a 9.34); prediz e ilustra a oposição ao seu ministério (Mt 9.35 a 12.50); explica e narra a polarização progressiva da resposta positiva e negativa à sua obra (Mt 13.1 a 16.20).

Mt 16.21 a 28.20, enfatiza primeiro o ensino de Cristo sobre sua morte iminente, bem como suas implicações para o discipulado e a Igreja (16.21 a 18.35). Jesus então concentrase em sua jornada final e fatídica para Jerusalém e prediz o juízo sobre todos os que o rejeitassem

(Mt 19 a 25). Finalmente, o sofrimento e da morte de Cristo. Deus o ressuscita dentre os mortos, dando poder a Ele e aos seus seguidores para a evangelização mundial (Mt 28).

Visão que Mateus tinha de Jesus

O apresenta como impecável em suas credenciais judaicas é um verdadeiro filho de Davi e de Abraão e, portanto, qualificado para ser o Messias (Mt 1.1).

O ministério do Messias aos marginalizados pela sociedade, os quais os judeus ortodoxos rejeitavam. Mateus revela Cristo como essencialmente um Mestre, particularmente por meio de longos blocos de sermões (Mt 5 a 7; 10; 13; 18; 23 a 25).

Para Mateus, Jesus é também o Filho de Deus, de acordo com os textoschave da narrativa (Mt 2.15; 4.3,6; 14.33; 16.16; 26.63; 27.40,43), ou, mais especificamente, o "Emanuel" Deus conosco (Mt 1.23; 28.20).

É a personificação da Sabedoria, o qual dará ao seu povo um jugo mais suave e descanso para as almas cansadas (Mt 11.2530).

Ele é o Senhor mestre e Deus, digno de adoração, capaz de operar milagres que só a divindade pode efetuar (Mt 8.2,6,25; 9.28).

É o Rei dos judeus (27.1), mas não no sentido nacionalista ou militarista. Ele é o Filho do homem (Mt 26.64).

Jesus e a igreja

Mateus se preocupa com a natureza da comunidade cristã o discipulado e a Igreja. Usa a palavra "igreja" três vezes (Mt 16.18; 18.17, duas vezes). A maior parte do ensino de Jesus em Mateus consiste em instruções dadas aos discípulos sobre como se relacionariam com a comunidade depois de sua partida.

Adverte contra os falsos mestres e profetas, principalmente os de natureza antinomiana, que posteriormente se infiltrariam na comunidade cristã (Mt 7.1523).

Conclusão

“Pela graça e pela misericórdia de Deus, Mateus, de possível corrupto, passou a apóstolo do Cordeiro.” Revista p.21.

FONTE: https://drive.google.com/drive

IADJ


                   INTRODUÇÃO GERAL

    Pode dizer-se sem faltar à verdade literal, que esta série de Comentários bíblicos começou quase acidentalmente. Uma série de estudos bíblicos que estava usando a Igreja de Escócia (Presbiteriana) esgotou-se, e se necessitava outra para substituí-la, de maneira imediata. Foi-me pedido que escrevesse um volume sobre Atos e, naquele momento, minha intenção não era comentar o resto do Novo Testamento. Mas os volumes foram sucedendo, até que a tarefa original se converteu na idéia de completar o Comentário de todo o Novo Testamento.

  É-me impossível deixar suceder outra edição destes livros sem expressar minha mais profunda e sincera gratidão à Comissão de Publicações da Igreja da Escócia por me haver outorgado o privilégio de começar esta série até completá-la. E em particular desejo expressar minha enorme dívida de gratidão ao presidente da comissão, o Rev. R. G. Macdonald, O.B.E., M.A., D.D., e ao secretário e administrador desse órgão editor, o Rev. Andrew McCosh, M.A., S.T.M., por seu constante estímulo e suas sempre presentes simpatia e ajuda.

  Quando já se publicaram vários destes volumes, nos ocorreu a idéia de completar a série. O propósito é fazer com que os resultados do estudo erudito das Escrituras possam estar ao alcance do leitor não especializado, em uma forma tal que não se requeiram estudos teológicos para compreendê-los; e também se deseja fazer com que os ensinos dos livros do Novo Testamento sejam pertinentes à vida e o trabalho do homem contemporâneo. O propósito de toda esta série poderia resumir-se nas palavras da famosa oração de Richard Chichester: Procuram fazer com que Jesus Cristo seja conhecido de maneira mais clara por todos os homens e mulheres, que seja amado com mais dedicação e que seja seguido mais de perto. Minha própria oração é que de alguma maneira meu trabalho possa contribuir para que tudo isto seja possível.

                    INTRODUÇÃO A MATEUS

  Os evangelhos sinóticos Os primeiros três evangelhos, Mateus, Marcos e Lucas, são conhecidos geralmente como os evangelhos sinóticos. A palavra sinótico provém de duas palavras gregas que significam ver conjuntamente.

  Sinótico significa literalmente "que se pode ver ao mesmo tempo". A razão deste nome é a seguinte. Estes três evangelhos oferecem o relato dos mesmos acontecimentos da vida de Jesus. Em cada um deles há episódios adicionados, ou outros que se omitem; mas em geral o material é o mesmo, assim como é o seu próprio ordenamento. Portanto é possível colocá-los em três colunas paralelas e lê-los simultaneamente, comparando-os entre se ao fazê-lo. Quando se faz isto, fica bem evidente que estes três evangelhos estão intimamente relacionados. Por exemplo, se compararmos o episódio da alimentação dos cinco mil nos três evangelhos (Mateus 14:12-21, Marcos 6:30-44, Lucas 9:10-17) encontramos a mesma história, narrada quase exatamente com as mesmas palavras. Um exemplo bem evidente desta relação é a história do paralítico (Mateus 9:1-8, Marcos 2:1-12, Lucas 5:17-26). Estes três relatos são tão semelhantes entre si, que até um pequeno "à parte" – "diz então ao paralítico" – aparece nos três, e sempre como uma expressão entre parêntese, exatamente no mesmo lugar. A correspondência entre os três evangelhos sinóticos é tão íntima que nos impõe extrair a conclusão de que, ou os três tomam seus materiais de uma fonte comum, ou dois deles copiam do terceiro.

 O primeiro evangelho

 Quando nos pomos a examinar mais de perto este assunto, começamos a nos dar conta de que abundam as razões para acreditar que Marcos deve ter sido o primeiro evangelho a ser escrito, e que os outros dois sinóticos, Mateus e Lucas, usam Marcos como base. Marcos pode ser dividido em 105 seções. Destas, 93 aparecem em Mateus e 81 em Lucas. Há somente 4 seções de Marcos que não aparecem em Mateus ou Lucas. Marcos tem 661 versículos – Mateus tem 1068 e Lucas 1149. Mateus reproduz em seu texto nada menos que 806 dos versículos de Marcos; Lucas reproduz 320. Lucas reproduz 31 versículos dos 55 de Marcos que Mateus não usa; deste modo somente há 24 versículos de Marcos que não aparecem em Mateus ou Lucas. Não se trata só da reprodução da substância destes versículos, mas sim aparecem copiados palavra por palavra. Mateus usa 51% das palavras de Marcos: Lucas usa 53%.

  Mas há mais ainda. Tanto Mateus como Lucas em geral seguem a ordem dos acontecimentos que encontramos em Marcos. Em alguns episódios Mateus ou Lucas diferem de Marcos quanto à ordem, mas em nenhum caso os dois situam um mesmo acontecimento de maneira diferente de Marcos; sempre, ao menos um deles, segue a Marcos.

  As modificações do texto de Marcos

 Visto que tanto Mateus como Lucas são muito mais longos que Marcos, poderia sugerir-se que Marcos possivelmente seja um resumo dos outros dois. Mas há outro conjunto de fatos que demonstram que Marcos é o primeiro. Tanto Mateus como Lucas manifestam a tendência em melhorar e polir o texto de Marcos, se podemos expressar-nos deste modo. Tomemos alguns exemplos desta tendência. Às vezes Marcos pareceria limitar o poder de Jesus; pelo menos, um crítico com má vontade poderia chegar a essa conclusão. Tomemos três passagens que são o relato de um mesmo episódio:

  Marcos 1:34: E ele curou muitos doentes de toda sorte de enfermidades; também expeliu muitos demônios.

  Mateus 8:16: Com a palavra expeliu os espíritos e curou todos os que estavam doentes.

  Lucas 4:40: E, [Jesus] impondo as mãos sobre cada um deles, os curava. Tomemos outros três exemplos similares:

  Marcos 3:10: Pois curava a muitos.

  Mateus 12:15: A todos ele curou. Lucas 6:19: E curava todos.

  Mateus e Lucas trocam o muitos de Marcos por todos, de tal maneira que não se pode sugerir que o poder de Jesus sofria de limitações. Há uma mudança muito similar no relato de tais acontecimentos da visita de Jesus a Nazaré. Comparemos os textos de Marcos e Mateus.

  Marcos 6:5-6: Não pôde fazer ali nenhum milagre... Admirou-se da incredulidade deles. Mateus 13:58: E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.

  Mateus não quer dizer que Jesus não pôde fazer milagres e muda a forma da expressão de maneira tal que não seja possível imputar limitações ao poder de Jesus. Às vezes Mateus e Lucas deixam de lado pequenos toques do Marcos que poderiam interpretar-se como defeitos de Jesus.

 Mateus e Lucas omitem três afirmações do Marcos:

  Marcos 3:5: Olhando-os ao redor, indignado e condoído com a dureza do seu coração...

  Marcos 3:21: E, quando os parentes de Jesus ouviram isto, saíram para o prender; porque diziam: Está fora de si.

  Marcos 10:14: Jesus, porém, vendo isto, indignou-se.

  Mateus e Lucas vacilam antes de atribuir a Jesus as emoções humanas de ira e tristeza, e se estremecem ao pensar que alguém pôde ter sugerido sequer que Jesus estava louco.

  Às vezes Mateus e Lucas alteram ligeiramente o texto de Marcos para eliminar afirmações que poderiam dar uma má impressão dos apóstolos. Podemos tomar um exemplo desta tendência no episódio em que Tiago e João procuram assegurar-se de que ocuparão as primeiras posições no vindouro Reino de Deus. Comparemos as introduções a esta história em Marcos e em Mateus:

 Marcos 10.35: Então, se aproximaram dele Tiago e João, filhos de Zebedeu, dizendo-lhe: Mateus 20:20: Então, se chegou a ele a mulher de Zebedeu, com seus filhos, e, adorando-o, pediu-lhe um favor.

  Mateus vacila em atribuir uma motivação ambiciosa diretamente aos dois apóstolos, e a atribui à mãe deles.

  Tudo isto estabelece com clareza que Marcos é o primeiro dos evangelhos. Marcos oferece uma narração simples, vívida, direta: mas  Mateus e Lucas já começaram a ser afetados por considerações de ordem doutrinal e teológica, que os fazem muito mais cuidadosos em sua maneira de expressar o que dizem

  Os ensinos de Jesus

  Vimos que Mateus tem 1068 versículos e Lucas 1149 e que entre os dois reproduzem 582 dos versículos do Marcos. Isto significa que em Mateus e Lucas há muito mais material de que contém e pode oferecer Marcos. Quando examinamos estes versículos adicionais nos damos conta de que mais de 200 são quase idênticos. Por exemplo, são virtualmente iguais entre si passagens como Lucas 6:41-42 e Mateus 7:3- 5; Lucas 10:21-22 e Mateus 11:25-27; Lucas 3:7-9 e Mateus 3:7-10. Mas também notamos que há uma diferença. O material que Mateus e Lucas extraíram de Marcos se ocupa quase em sua totalidade de narrar acontecimentos da vida de Jesus; mas os 200 versículos que Mateus e Lucas têm em comum além dos que extraíram de Marcos é que estão compostos totalmente de ensinos de Jesus; estes versículos nos falam nem tanto do que Jesus fez mas sim do que disse.

  Fica claro que estes 200 versículos estão tomados de uma fonte comum que os dois possuíram, na qual estavam contidos os ensinos de Jesus. Este livro não existe na atualidade; mas os eruditos lhe deram o nome de Q, letra que representa a palavra Quelle, que em alemão significa fonte. Em sua época deve ter sido um livro de extraordinária importância, porque foi o primeiro manual com os ensinos de Jesus.

 O lugar de Mateus na tradição evangélica

  Aqui chegamos a Mateus, o apóstolo. Os eruditos concordam em afirmar que o Evangelho segundo São Mateus, tal como o temos na atualidade, não provém diretamente da mão de Mateus. Quem tem sido testemunha ocular da vida de Cristo não precisa usar Marcos como fonte para narrá-la, coisa que ocorre em Mateus. Mas um dos primeiros historiadores da Igreja, um homem chamado Papias, oferece-nos a seguinte informação, de enorme importância: "Mateus colecionou os ditos de Jesus em língua hebraica." Deste modo, podemos acreditar que não foi nada menos que Mateus, o apóstolo, quem colecionou esse primeiro manual com os ensinos de Jesus, obra da qual dependem todos os que querem saber quais foram os ditos do Mestre. E por causa da grande quantidade de materiais desta fonte que aparecem incorporados ao Mateus é que o evangelho recebeu este nome. Devemos estar eternamente agradecidos a Mateus, quando recordamos que graças a ele possuímos o Sermão da Montanha e quase tudo o que sabemos sobre os ensinos de Jesus. Em geral, pode dizer-se que devemos a Marcos quase tudo o que sabemos sobre os fatos da vida de Jesus, mas que graças a Mateus conhecemos a substância dos ensinos de Jesus.

  Mateus, o coletor de impostos

  Sabemos muito pouco sobre a pessoa de Mateus. Em Mateus 9:9 lemos a história de seu chamado. Sabemos que era coletor de impostos e que portanto deve ter sido uma pessoa profundamente odiada, porque os judeus odiavam aos membros de sua própria nação que tinham entrado ao serviço civil de seus conquistadores. Mateus deve ter sido considerado um traidor de sua própria raça e povo. Mas sem dúvida possuía um dom. A maioria dos discípulos eram pescadores. Sua habilidade para expressar-se por escrito deve ter sido muito reduzida. Mas Mateus era sem dúvida um perito neste campo. Quando Jesus o chamou, estando ele sentado no banco de cobrador de impostos, Mateus se levantou e o seguiu deixando tudo, exceto uma coisa, sua tristeza. E usou nobremente sua habilidade literária ao converter-se no primeiro homem que compilou os ensinos de Jesus.

ONDE A NECESSIDADE É MAIOR

 Mateus 9:10-13 Jesus não somente chamou Mateus para ser seu seguidor, mas sim chegou até sentar-se à mesa junto com homens e mulheres que eram como Mateus, publicanos e pecadores notórios. Aqui se expõe uma pergunta muito interessante: Onde teve lugar esta refeição de Jesus com os publicanos e pecadores? Somente Lucas diz, de maneira explícita, que a refeição teve lugar na casa de Mateus, ou Levi (cf. Mateus 9:10-13; Marcos 2:14-17; Lucas 5:27-32). Segundo o relato de Mateus e Marcos a refeição poderia ter sido na casa de Jesus, ou onde se alojava nesse momento. De ser assim, suas palavras são muito mais agudas. Jesus disse: "Não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento."

  A palavra grega utilizada é kaláin, o termo técnico que aparece nos convites cursados para participar de uma festa ou em uma refeição. Na parábola do Grande Banquete (Mat. 22:1-10; Luc. 14:15-24), conforme recordaremos, os hóspedes convidados rechaçaram seu convite, e então se chamou os pobres, os aleijados e os cegos, tirando-os das ruas e caminhos onde mendigavam, e foram assentados à mesa do Rei. Pode ser que Jesus esteja dizendo: "Quando vocês fazem uma festa, convidam os ortodoxos mais estritos, piedosos, que se orgulham de sua virtude; quando eu faço uma festa, ao contrário, convido os que têm maior consciência de seu pecado e mais necessitam de Deus."

   Seja como for, tendo ocorrido esta refeição na casa de Mateus ou na casa onde Jesus se hospedava, para os fariseus e os escribas ortodoxos a situação foi chocante em extremo. Em termos gerais o povo na Palestina se dividia em duas categorias: os ortodoxos, que observavam a Lei em seus mais mínimos detalhes e estipulações; e o povo em geral, que não prestava atenção às minúcias da Lei. Estes eram chamados o povo da terra e os ortodoxos foram proibido viajar junto com eles, comercializar com eles, dar algo ou receber algo deles, recebê-los como convidados ou ser convidados a suas casas. Ao juntar-se com estas pessoas, Jesus estava fazendo algo que nenhum religioso ortodoxo de sua época teria feito.

   A defesa de Jesus foi de uma simplicidade exemplar. Disse apenas que ia onde a necessidade era maior. Não seria bom médico o que só visitasse as casas dos sãos; o lugar de um médico é junto aos doentes. Sua tarefa e sua glória é estar onde é necessário. Diógenes foi um dos grandes mestres da antiguidade grega. Nunca se cansou de comparar a vida decadente de Atenas, cidade em que passou a maior parte de sua vida, com a simplicidade e austeridade de Esparta. Alguém o interpelou um dia e lhe disse: "Se pensar que Esparta é tão maravilhosa e Atenas tão desprezível, por que não deixa Atenas e vai a Esparta?" A resposta do filósofo foi: "Não importa o que eu possa preferir, minha obrigação é ficar no lugar onde os homens mais me necessitam." Eram os pecadores que necessitavam de Jesus, e entre eles viveu Sua vida.

  Quando Jesus disse: "Não vim chamar os justos, e sim pecadores", pronunciou palavras que devem entender-se corretamente. Não significam que haja pessoas tão boas e perfeitas que não necessitam nada do que Ele possa lhes oferecer, Menos ainda significam que Jesus não tenha estado interessado nas pessoas boas. Este dito de Jesus é algo assim como um epigrama, quer dizer, uma locução verbal altamente comprimida. O que Jesus quis dizer foi: "Não vim para convidar a pessoas tão satisfeitas consigo mesmas que estão convencidas de sua bondade e que acreditam não necessitar a ajuda de ninguém; vim para convidar aos que são conscientes de seus pecados e sabem desesperadamente que necessitam um salvador." Quis dizer: "Somente os que sabem até que ponto precisam de Mim são capazes de aceitar o Meu convite."

  Os escribas e os fariseus dos tempos de Jesus interpretavam a religião de uma maneira que ainda continua sendo comum entre muitas pessoas.

  (1) Estavam mais preocupados com a preservação de sua própria santidade que por ajudar a outros em seu pecado. Eram como médicos que se negam a visitar os doentes por temor ao contágio. Apartavam-se asquerosos do pecador; não queriam ter nada a ver com gente de tal categoria. Sua religião era essencialmente egoísta; procuravam mais sua própria salvação que a salvação de outros, e tinham esquecido que essa era a maneira mais segura de .perder-se eles.

  (2) Ocupavam-se mais em criticar que em estimular a outros. Estavam mais dispostos a condenar as faltas de outros que a ajudá-los a superá-las. Quando um médico deve examinar um doente afetado de algum mal asqueroso, capaz de transtornar o estômago de qualquer um, se for um bom profissional não experimentará asco, e sim o desejo de ajudar. Nosso primeiro instinto não deve ser jamais condenar o pecador, mas procurar a melhor maneira de ajudá-lo.

  (3) Praticavam uma forma de bondade cujo resultado era a condenação em vez do perdão ou da simpatia. Eram capazes de deixar a um homem na sarjeta em vez de estirar a mão para ajudá-lo a sair dela. Eram como médicos muito interessados em reconhecer e diagnosticar a enfermidade de seus pacientes, mas sem o menor interesse em curá-la. Ocupavam-se mais em olhar depreciativamente a outros, em vez de fazê-lo com simpatia e amor.

  (4) Praticavam uma religião que consistia mais em uma ortodoxia exterior que na ajuda prática ao próximo. Jesus estimava muito a afirmação de Oséias 6:6 de que Deus prefere a misericórdia antes que o sacrifício. Citou esta passagem mais de uma vez (veja-se Mateus 12:7). O homem "religioso" pode realizar todos os ritos da piedade ortodoxa, mas se nunca estirou a mão para ajudar ao pecador ou ao que tinha necessidade, não é autenticamente religioso.

                        Mateus (William Barclay)

 


    59. Os Homens do Mestre- parte 4: Tomé, Mateus (Mateus 10: 3b)

Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; (10: 3b)

 Como nas outras listas de discípulos, estes dois homens estão no segundo grupo de quatro, embora a ordem de seus nomes varia (Ver Marcos 3:18; Lucas 06:15; Atos 1:13).

   Mateus Porque ele escreveu o primeiro evangelho, Mateus é um dos apóstolos mais conhecidas. Mas o Novo Testamento revela poucos detalhes de sua vida ou ministério.

  Antes de sua conversão e chamado para o discipulado, Mateus recolhidos os impostos para Roma (9 Matt: 9.). Não era uma ocupação que se orgulhar, e alguém poderia pensar que ele teria queria dissociar-se do estigma, tanto quanto possível. No entanto, quando ele escreveu o evangelho cerca de trinta anos depois, ele ainda se refere a si mesmo como o coletor de impostos .

  Como discutido anteriormente com mais detalhes (ver cap. 6) traidores, coletores de impostos foram considerados, os membros mais odiados da sociedade judaica.

  Eles eram muitas vezes mais desprezado do que os governantes de ocupação e soldados, porque eles traíram e financeiramente oprimidos seu próprio povo. Eles eram roubadores legais que extraíram o máximo de dinheiro que podiam tanto cidadão estrangeiro e com a plena autoridade e proteção de Roma.

  Eles eram tão desprezível e vil que o Talmud judaico disse: "É justo para mentir e enganar um cobrador de impostos."

  Os cobradores de impostos não foram autorizados a testemunhar em tribunais judeus, porque eles eram mentirosos notórios e aceito subornos como uma parte normal da vida. Eles foram cortadas do resto da vida judaica e foram proibidos de adorar no Templo ou até mesmo em uma sinagoga.Na parábola de Jesus, o cobrador de impostos que veio ao templo para orar ficou "a alguma distância" (Lucas 18:13), não só porque se sentia indigno, mas porque ele não foi autorizado a entrar.

 Mateus não era orgulhoso do que ele tinha sido, mas ele parece ter acalentado a descrição como um lembrete de sua própria indignidade e de grande graça de Cristo. Ele se via como o mais vil pecador, salvo apenas pela misericórdia incomparável de seu Senhor.

  Mesmo a partir da pouca informação dada sobre ele, é evidente Mateus era um homem de fé. Quando ele se levantou de sua mesa de impostos e começaram a seguir Jesus, ele queimou suas pontes atrás dele. Cobrança de impostos era uma ocupação lucrativa, e muitos oportunistas foram, sem dúvida, ansioso para tomar o lugar de Mateus. E uma vez que ele abandonou sua posição privilegiada, os oficiais romanos não teria concedido a ele novamente. Os discípulos que eram pescadores poderia voltar sempre para a pesca, como muitos deles fez após a crucificação; mas não poderia haver retornando para cobrança de impostos para Mateus Nos olhos dos escribas e fariseus, Mateus deixando seu escritório de imposto para seguir Jesus fez pouco para elevar sua posição. Lançando seu lote com Jesus não aumentou de Mateus popularidade, mas aumentou muito o seu perigo. Há pouca dúvida de que Mateus enfrentou algo do verdadeiro custo do discipulado antes de qualquer um dos outros apóstolos.

  Mateus não foi fiel, mas só humilde. Em seu próprio evangelho (e mesmo nos outros três), ele não tem rosto e absolutamente sem voz durante o seu tempo de formação no âmbito Jesus. Ele não faz perguntas e não faz comentários. Ele aparece diretamente em nenhuma narrativa. Somente a partir de Marcos (2:15) e Lucas (5:29) aprendemos que o banquete Jesus comia com "publicanos e pecadores" estava na casa de Mateus. Em sua própria conta, o fato de que ele foi o responsável por ela é apenas implícita (Mat. 9:10). Ele estava ansioso e cheio de alegria para os seus amigos e antigos associados ao encontro de Jesus, mas ele chama nenhuma atenção a seu próprio papel no banquete.

  Pode ser que a sua humildade nasceu de sua enorme sensação de pecaminosidade. Ele viu a graça de Deus como tão superabundante que se sentia indigno de dizer uma palavra. Ele era o discípulo em silêncio, até que o Espírito Santo levou-o a pegar a caneta e escrever o livro do Novo Testamento e vinte e oito capítulos poderosos sobre a majestade abertura, poder e glória do Rei dos reis.

  O fato de que Mateus também é referido como Levi indica sua herança judaica. Nós não temos nenhuma idéia do que seu treinamento bíblico pode ter sido, mas Mateus cita o Antigo Testamento mais frequentemente do que os outros escritores três evangelho combinado e cotações de todas as três partes do mesmo (a lei, os profetas, e os escritos, ou Hagiographa). Uma vez que é altamente improvável que ele estudava as Escrituras, enquanto ele era um cobrador de impostos, ele ganhou o seu conhecimento bíblico ou em sua juventude ou depois que ele se tornou um apóstolo.

  Mateus tinha um coração amoroso para com o perdido. Assim que ele foi salvo sua primeira preocupação foi contar aos outros de que uma grande notícia e convidá-los a participar dele. Ele estava envergonhado de sua própria vida anterior do pecado; mas ele não tinha vergonha de ser visto comendo com seus antigos companheiros que foram desprezadas pela sociedade e estar sob o julgamento de Deus, porque eles precisavam de Salvador, assim como ele tinha.

  Ele sentiu pecaminosidade pessoal como talvez nenhum de seus companheiros discípulos fizeram, porque ele tinha sido avidamente e desavergonhAdãoente envolvido em extorsão, fraude, corrupção, e, provavelmente, a blasfêmia e qualquer forma de imoralidade. Mas agora, como a mulher apanhada em adultério, porque ele foi perdoado muito, ele muito amou (cf. Lc 7: 42-43, 47). A autenticidade de seu amor pelo Senhor é provada na sua preocupação para a salvação de seus amigos.

  Deus tomou aquele pecador pária e transformou-o em um homem de grande fé, humildade e compaixão. Ele virou-o de um homem que extorquiu a quem deu, de quem destruiu vidas para quem trouxe o caminho da vida eterna.

                 CHAMANDO A SINNER MISERÁVEL

 Depois que ele saiu e reparou um cobrador de impostos chamado Levi, sentado na coletoria, e disse-lhe: "Segue-me". E ele deixou tudo para trás, e levantou-se e começou a segui-Lo.E Levi deu uma grande recepção para ele em sua casa; e havia uma grande multidão de cobradores de impostos e outras pessoas que estavam reclinados à mesa com eles. (5: 27-29)

   Após a cura do paralítico (5: 17-26), Jesus saiu da casa onde estava ensinando. O Senhor foi seguido por uma enorme multidão que perseguiu seus passos em fascínio e admiração, e ele continuou a ensinar-lhes como Ele andou ao longo de uma estrada perto da costa do Mar da Galiléia (Marcos 2:13). Mas Jesus tinha um compromisso divino para manter, e Ele percebeu (lit., "olhou fixamente para") um cobrador de impostos chamado Levi, sentado na coletoria. Levi é mais conhecido como Mateus, o autor do Evangelho que leva seu nome. Desde Cafarnaum era a maior cidade no lago e uma encruzilhada para leste-oeste e do comércio norte-sul, ele provavelmente tinha uma empresa próspera.

    Sua ocupação como um coletor de impostos feita Mateus um dos homens mais odiados e desprezados em Israel. Os cobradores de impostos eram a escória da sociedade judaica; eles foram os mais baixos do baixo na escala social e simbolizava os piores pecadores (cf. 30 v;. 07:34; 18:11;. Matt 18:17; 21:31). Que Jesus iria salvar um cobrador de impostos, e depois fazê-lo um apóstolo, era totalmente inconcebível para os escribas e fariseus.

    A ocupação romana de Israel envolveu mais do que apenas uma presença militar; a nação também foi sujeito a tributação Roman. Os impostos na Galiléia, por exemplo, foram encaminhados por cobradores de impostos para Herodes Antipas, e por ele a Roma. Antipas vendido franquias fiscais para o maior lance, e essas franquias foram um negócio lucrativo. Os coletores de impostos teve uma certa quantidade que eles eram obrigados a recolher, e tudo o que eles coletaram além de que eles foram autorizados a manter (cf. Lc 3: 12-13). Além do imposto de votação (em todos, inclusive escravos), imposto de renda (cerca de 1 por cento), e imposto sobre a terra (um décimo de todos os grãos, e um quinto de todo o vinho e fruta), foram impostos sobre o transporte de mercadorias , letras, produzir, utilizando estradas, atravessando pontes, e quase qualquer outra coisa as mentes gananciosas, gananciosos dos cobradores de impostos poderia pensar.

   Tudo isso muito à esquerda do quarto para o furto, extorsão, exploração e até mesmo agiotagem, como coletores de impostos emprestou dinheiro a juros exorbitantes para aqueles que não foram capazes de pagar os seus impostos. Os cobradores de impostos também empregou capangas para intimidar as pessoas fisicamente em pagar, e bater-se aqueles que se recusaram. Tudo isso era um anátema para o povo judeu, que acreditava que Deus era a única pessoa a quem eles devem pagar impostos. Os cobradores de impostos eram vistos como traidores ao seu povo, foram classificados como imundo, e foram impedidos de sinagogas. Eles também foram proibidos de prestar depoimento em um tribunal judaico, porque eles foram considerados mentirosos. Arrependimento foi considerado especialmente difícil para os coletores de impostos.

   O Talmud listados dois tipos de coletores de impostos, o Gabai , que recolheu os impostos mais gerais, tais como a terra, enquete, e imposto de renda, e as mokhes , que recolheu os impostos mais específicos mencionados acima (Alfred Edersheim, O Vida and Times da Jesus, o Messias [Grand Rapids: Eerdmans, 1974], 1: 515-18). Havia dois tipos de mokhes , os grandes mokhes , e os pequenos mokhes . Os grandes mokhes não se cobrar impostos, mas outros empregados como substitutos. Os pequenos mokhes seria empregado por um grande mokhes para realmente sentar-se em uma cabine de impostos e arrecadar impostos. Porque eles foram os únicos em contato com as pessoas, elas foram as mais desprezado de todos os cobradores de impostos. Uma vez que Jesus encontrouo sentado na coletoria , Mateus teria sido um pouco mokhes -um dos homens mais odiados em Cafarnaum. Que seu estande foi localizado perto da costa (Marcos 2: 13-14) sugere que ele coletou impostos dos pescadores, o que teria o fizeram ainda mais desprezado por eles do que os pequenos médios mokhes .

   Sem se deixar abater pelo status de Mateus como um pária social, Jesus parou em seu estande de impostos e disse-lhe: "Siga-me". O Senhor sabia que o seu coração. Ele viu que Mateus foi infeliz e miserável; que ele estava angustiado e sobrecarregados por seu pecado e da fome e sede de justiça. Mateus sem dúvida, sabia de Jesus, uma vez que o Senhor tinha feito Cafarnaum sua base (Mat. 4:13) e à palavra da sua pregação poderosa e os milagres que realizou havia se espalhado (Lucas 04:37). Embora ele não pode ter entendido neste ponto que Jesus era Deus, Mateus certamente reconheceu-o como um grande profeta e pregador da Palavra de Deus. Como os santos do Antigo Testamento, Mateus sabia que ele era um pecador, e que sua única esperança de perdão estava na misericórdia de Deus (veja a discussão sobre 05:20 no capítulo 27 deste volume). Com o tempo, Mateus, como o resto dos Doze, viria a entender e acreditar plenamente a verdade de que Jesus é Deus. Jesus perdoou baseado em seu coração arrependido e chamou para ser um discípulo, e mais tarde para ser um apóstolo (06:15).

   A resposta imediata de Mateus revelou a autenticidade de seu desejo de justiça e salvação: ele deixou tudo para trás e levantou-se e começou a seguir Jesus. A mudança em sua vida foi milagrosa. As duras pouco, hard-cheirados mokhes tornou-se um homem humilde; na verdade, não há nenhum registro nos Evangelhos de lhe falar. Em seu evangelho, Mateus refere a si mesmo apenas em seu relato de sua vocação (Mateus 9: 9.) E na lista dos doze apóstolos (Mt 10: 3.). Isso próprio relato de Mateus sobre este incidente (Mateus 9: 9.) Omite qualquer referência a deixar tudo para trás indica ainda a sua humildade. Sua vontade de abandonar tudo e seguir Jesus está em contraste gritante com o jovem rico. Quando o Senhor disse-lhe: "Vai, vende tudo o que possui e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu;depois, vem e segue-me "(Marcos 10:21), ele" estava triste, e ele foi embora de luto, pois ele foi um dos que possuía muitos bens "(v. 22).

   A decisão de Mateus era final; ele estava abandonando sua carreira. Os grandes mokhes para quem trabalhou teria alguém manejando seu estande imposto quase ao mesmo tempo. Ele, então, fez uma pausa muito mais drástica com o seu passado do que os seus companheiros apóstolos que eram pescadores. Eles podem sempre ter retornado para a pesca como a vida (e tentou, pelo menos temporariamente [João 21: 1- 3]).

   O aoristo do verbo anistēmi ( se levantou ) juntamente com o pretérito imperfeito do verbo akoloutheō ( começou a seguir ) ilustra a resposta de Mateus. Houve uma decisão decisiva para romper com seu passado, então um padrão contínuo de seguir a Cristo. Ele começou a experimentar novos anseios, novas aspirações, novos afetos, uma nova mentalidade e uma nova vontade; em suma, ele se tornou uma nova criatura (2 Cor. 5:17). O traidor, roubador, assaltante, e pecador pária se tornou o apóstolo e evangelista de Jesus Cristo. Mateus perdeu uma carreira temporais, mas ganhou um destino eterno; ele perdeu bens materiais, mas ganhou "uma herança que não se corrompe e imaculada e não vai desaparecer, reservada nos céus" (1 Pedro 1: 4); ele perdeu companheiros pecadores, mas ganhou a comunhão do Filho de Deus.

   A indicação significativa da realidade da vida transformada de Mateus é que ele deu uma grande recepção para Jesus em sua casa . Que era capaz de acomodar uma grande multidão sugere que a casa de Mateus era um grande, e é mais uma indicação da posição lucrativa ele se afastava. Tendo experimentado a alegria experiência, liberando de ter seus pecados perdoados e seu coração transformado, ele queria expor todos que ele conhecia para o Salvador. Mateus não convidar os orgulhosos, elite, líderes religiosos (que nunca teria aceite um convite de um cobrador de impostos), mas seus companheiros-os excluídos da sociedade com quem trabalhou e viveu diariamente. Havia, é claro, muitos dos companheiros de Mateus cobradores de impostos , juntamente com alguns a quem Lucas tato referido comooutras pessoas (Mateus chamou-os "pecadores" [Matt. 09:10]). Este grupo inclui, sem dúvida, ladrões, bandidos, aplicadores, bêbados, prostitutas de as próprias pessoas a quem o Filho do homem veio buscar e salvar (Lucas 19:10). Eles tinham, provavelmente, todos ouviram falar de Jesus, e, talvez, alguns tinham corações receptivos como Mateus.

   Nota de Lucas de que eles estavam reclinados à mesa indica que esta foi uma longa refeição, com muito tempo para conversa estendeu entre amigos. No que se preze judeu iria comer uma refeição com os gostos de esta multidão. As refeições eram declarações sociais importantes de aceitação em Israel, e Lucas descreve vários em seu registro inspirado do ministério de Jesus (cf. 07:36; 10: 38-40; 11:37; 14: 1; 22:14; 24:30 ). Este não só comemorou o fim da vida velha de Mateus e o início de sua nova, mas era também um esforço evangelístico, com o Salvador como convidado de honra. É uma imagem impressionante de Jesus receber os pecadores perdidos.

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Mateus

 Jesus é o prometido Messias

 

TÍTULO

 Mateus, que significa “presente do Senhor”, era o outro nome de Levi (9:9), o publicano que deixou tudo para seguir a Cristo (Lc 5:27-28). Mateus foi um dos doze apóstolos (10:3; Mc 3:18; Lc 6:15; At 1:13). Em sua própria lista dos Doze, ele chama a si mesmo explicitamente de “o publicano” (10:3). Em nenhum outro lugar da Escritura o nome de Mateus está associado ao termo “publicano”; os outros evangelistas sempre empregam o seu antigo nome, Levi, quando se referem ao seu passado pecaminoso. Isso é prova de humildade por parte de Mateus. Como acontece com os outros três Evangelhos, esse livro é conhecido pelo nome do seu autor.

 AUTOR E DATA

 Nem a canonicidade e nem o fato de esse Evangelho ter sido escrito por Mateus foram desafiados pela igreja primitiva. Eusébio (por volta de 265-339 d.C.) cita Orígenes (185-254 d.C., aproximadamente):

   Entre os quatro Evangelhos, que são os únicos indiscutíveis na Igreja de Deus debaixo do céu, aprendi pela tradição que o primeiro foi escrito por Mateus, que havia sido publicano, mas que posteriormente tornou-se apóstolo de Jesus Cristo, e foi preparado para os convertidos do judaísmo (História eclesiástica, 6:25).

   Está claro que esse Evangelho foi escrito numa data relativamente antiga — antes da destruição do templo em 70 d.C. Alguns estudiosos propuseram datas como 50 d.C. Veja uma discussão mais ampla sobre algumas das questões relacionadas à autoria e à datação desse Evangelho, especialmente “O problema sinótico” na Introdução a Marcos.

 CENÁRIO E CONTEXTO

  O tom judaico do Evangelho de Mateus é notável, e isso já fica evidente logo na genealogia de abertura, que Mateus remonta somente até Abraão. Em contrapartida, objetivando mostrar Cristo como o redentor da humanidade, Lucas prossegue até chegar a Adão. O propósito de Mateus é, de certo modo, mais estreito: demonstrar que Cristo é o Rei e o Messias de Israel. Esse Evangelho faz mais de sessenta citações de passagens proféticas do AT, enfatizando como Cristo é o cumprimento de todas elas.

  A probabilidade de que o público de Mateus fosse predominantemente judaico fica ainda mais evidente a partir de diversos fatos: Mateus normalmente cita os costumes judaicos sem explicá-los, diferentemente dos outros Evangelhos (cf. Mc 7:3; Jo 19:40). Ele se refere constantemente a Cristo como o “Filho de Davi” (1:1; 9:27; 12:23; 15:22; 20:30; 21:9,15; 22:42,45). Mateus inclusive respeita a sensibilidade judaica em relação ao nome de Deus, usando a expressão “reino dos céus”, ao passo que os outros evangelistas falam do “reino de Deus”. Todos os principais temas do livro estão baseados no AT e são abordados à luz das expectativas messiânicas de Israel.

  O uso que Mateus faz do idioma grego pode sugerir que ele estava escrevendo na condição de judeu palestino para judeus helenistas de outros lugares. Ele escreveu como testemunha ocular de muitos dos acontecimentos que descreveu, dando testemunho de primeira mão sobre as palavras e obras de Jesus de Nazaré.

   Seu propósito é claro: demonstrar que Jesus é o tão esperado Messias da nação judaica. A abundância das citações do AT é especialmente planejada para demonstrar o elo entre o Messias da promessa e o Cristo da História. Esse propósito nunca sai do foco de Mateus e ele até mesmo acrescenta vários detalhes incidentais das profecias do AT como prova das declarações messiânicas de Jesus (por exemplo: 2:17-18; 4:13-15; 13:35; 21:4-5; 27:9- 10).

 PRINCIPAIS PERSONAGENS

Jesus — o prometido Messias e Rei dos judeus (1:1—28:20).

Maria — a mãe de Jesus, o Messias (1:1—2:23; 13:55).

José — marido de Maria e descendente de Davi; transferiu a linhagem real para Jesus (1:16—2:23).

João Batista — profeta e precursor que anunciou a vinda de Cristo (3:1-15; 4:12; 9:14; 11:2-19; 14:1-12).

Os doze discípulos — Simão Pedro, André, Tiago, João, Filipe,

Bartolomeu, Tomás, Mateus, Tiago (filho de Alfeu), Tadeu, Simão, Judas Iscariotes; doze homens escolhidos por Jesus para auxiliá-lo em seu ministério na terra (4:18-22; 5:1; 8:18-27: 9:9—28:20).

Líderes religiosos — eram os fariseus e os saduceus; dois grupos religiosos unidos pelo ódio a Jesus (3:7-10; 5:20; 9:11-34; 12:10-45; 15:1-20; 16:1-12; 19:1-9; 21:23—28:15).

Caifás — sumo sacerdote e líder dos saduceus; realizou um julgamento ilegal que levou à morte de Jesus (26:3-4,57-68).

Pilatos — governador romano que ordenou a crucificação de Jesus no lugar de Barrabás (27:1-65).

Maria Madalena — seguidora devota de Jesus; primeira pessoa a vêlo depois da ressurreição (27:56—28:11).

  TEMAS HISTÓRICOS E TEOLÓGICOS

   Uma vez que Mateus está preocupado em proclamar Jesus como Messias, o Rei dos Judeus, um interesse pelas promessas do reino constantes do AT transparece ao longo de todo esse Evangelho. A expressão que marca a assinatura de Mateus — “o reino dos céus” — ocorre 32 vezes nesse livro (e em nenhum outro lugar da Escritura).

   A genealogia de abertura é feita de modo a apresentar as credenciais de Cristo como rei de Israel, e o restante do livro completa esse tema. Mateus demonstra que Cristo é o herdeiro da linhagem real e, também, que Cristo é o cumprimento de dezenas de profecias do AT com relação ao rei que viria. Ele oferece prova atrás de prova para estabelecer a prerrogativa real de Cristo. Todos os outros temas históricos e teológicos do livro giram em torno deste.

                          PALAVRAS-CHAVE

 Jesus: em grego, lēsous — 1:1; 4:23; 8:22; 11:4; 19:1; 24:1; 26:52; 27:37 —, equivalente ao nome hebraico Yeshua (Josué), literalmente, “o Senhor salvará”. Nos dias do AT, o nome Jesus era um nome judeu comum (Lc 3:29; Cl 4:11), no entanto, seu significado expressa a obra redentora de Jesus na terra. O anjo enviado a José afirmou a importância do nome de Jesus: “porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (1:21). Depois de Jesus ter se sacrificado pelos pecados de seu povo e ressuscitado dentre os mortos, os primeiros apóstolos o proclamaram como o único Salvador (At 5:31; 13:23).

 Cristo: em grego, Christos — 1:1,18; 2:4; 11:2; 16:20; 23:8; 26:68; 27:22 —, significa literalmente “o Ungido”. Muitos falam de Jesus Cristo sem perceber que o título Cristo é, na verdade, uma confissão de fé. Messias, o equivalente hebraico para Cristo, foi usado no AT para se referir a profetas (1Rs 19:16), sacerdotes (Lv 4:5,16) e reis (1Sm 24:6,10), no sentido de que todos eles eram ungidos com óleo. Essa unção simbolizava uma dedicação divina ao ministério. Jesus Cristo, como o Ungido, seria o Profeta, Sacerdote e Rei supremo (Is 61:1; Jo 3:34). Com sua confissão dramática, “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (16:16), Pedro declarou sua fé em Jesus como o prometido Messias.

  Bem-aventurado: em grego, makarios — 5:3-5,11; 16:17; 24:46 —, significa literalmente “feliz”. Esse termo aparece na literatura clássica grega, na Septuaginta (a tradução grega do AT) e no NT para descrever o tipo de felicidade que vem apenas de Deus. No NT, makarios é normalmente escrito na forma passiva: Deus é aquele que abençoa alguém ou o torna bem-aventurado.

  Reino dos céus: em grego, hē Basileia tōn ouranōn — 3:2; 4:17; 5:3,10; 10:7; 25:1 —, significa literalmente “reino de Deus”. A fim de demonstrar respeito e honra, os judeus evitavam dizer o nome de Deus em voz alta. Em vez disso, muitas vezes usavam a palavra céus como alternativa para se referir a Deus, uma vez que ela também aponta para o reino de Deus. Jesus proclamou seu reino como residente no coração de seu povo. Esse reino espiritual exigia arrependimento interior, e não apenas submissão exterior; fornecia libertação do pecado, em vez da libertação política que muitos judeus desejavam.

   Mateus registra cinco grandes sermões: o sermão da montanha (capítulos 5 a 7), o comissionamento dos apóstolos (capítulo 10), as parábolas sobre o reino (capítulo 13), um sermão sobre a semelhança do crente com uma criança (capítulo 18) e o sermão sobre a segunda vinda (capítulos 24 e 25). Cada sermão termina com alguma variação da frase “Quando Jesus acabou de dizer essas coisas” (7:28; 11:1; 13:53; 19:1; 26:1). Isso se torna um padrão que sinaliza o início de uma nova seção narrativa. Uma longa seção de abertura (capítulos 1 a 4) e uma breve conclusão (28:16-20) servem de capa para esse Evangelho, que se divide naturalmente em cinco partes, cada uma com um sermão e uma seção narrativa. Alguns veem um paralelo entre essas cinco partes e os cinco livros de Moisés no AT.

   O conflito entre Cristo e o farisaísmo é outro tema comum no Evangelho de Mateus, mas ele se propõe a mostrar o erro dos fariseus em benefício do público judaico, e não por razões pessoais ou de engrandecimento próprio. Mateus omite, por exemplo, a parábola do fariseu e do publicano, muito embora essa parábola o colocasse sob uma luz favorável. Mateus também menciona os saduceus com mais frequência do que qualquer outro Evangelho. Tanto os fariseus como os saduceus são geralmente retratados de maneira negativa e mostrados para servir de advertência. A doutrina deles é um fermento que deve ser evitado (16:11-12). Embora esses grupos fossem doutrinariamente opostos um ao outro, eles estavam unidos no ódio a Cristo. Para Mateus, eles simbolizavam todos aqueles em Israel que rejeitavam a Cristo como Rei.

   A rejeição ao Messias de Israel é outro tema constante de Mateus, pois em nenhum outro Evangelho os ataques contra Jesus são retratados de maneira tão forte como aqui. Desde a fuga do Egito até a cena da cruz, Mateus pinta um retrato mais vivo da rejeição a Cristo do que qualquer outro evangelista; em seu relato sobre a crucificação, por exemplo, nenhum ladrão se arrepende e nenhum amigo ou ente querido é visto aos pés da cruz. Na morte de Cristo, ele é abandonado até mesmo por Deus (27:46). A sombra da rejeição nunca é retirada da história

   Ainda assim, Mateus o retrata como um rei vitorioso que um dia virá “nas nuvens do céu com poder e grande glória” (24:30). 

PRINCIPAL DOUTRINA

  Jesus é o Messias — também chamado de Cristo; profetizado no AT como o tão esperado Salvador que morreria pelos pecados do mundo (2:17-18; 4:13-15; 13:35; 21:4-5; 27:9-10; Gn 49:10; Dt 18:15-18; 2Sm 7:12-14; Is 52:13—53:12; Dn 9:26; Mq 5:2-5; Mc 1:1; Lc 23:2- 3; Jo 4:26; At 18:28).

O CARÁTER DE DEUS

Deus é acessível — 6:6; 27:51.

Deus é bom — 5:45; 19:17.

Deus é santo — 13:41.

Deus é longânimo — 23:37; 24:48-51.

Deus é perfeito — 5:48.

Deus é poderoso — 6:13; 10:28; 19:26; 22:29.

Deus é providente — 6:26,33-34; 10:9,29-30.

Deus é incomparável — 19:17.

Deus é o único Deus — 4:10; 19:17.

Deus é sábio — 6:8,18; 10:29-30; 24:36.

Deus se ira — 10:28; 25:41.

 DESAFIOS DE INTERPRETAÇÃO

  Um desafio é o cronograma de Mateus. Uma comparação entre os Evangelhos revela que Mateus coloca os fatos livremente fora de ordem. Em geral, ele apresenta uma abordagem temática à vida de Cristo baseada nos cinco sermões de Jesus:

 O sermão da Montanha (capítulos 5 a 7).

O comissionamento dos apóstolos (capítulo 10).

As parábolas do reino (capítulo 13).

A semelhança do crente com uma criança (capítulo 18).

O sermão sobre a segunda vinda (capítulos 24 e 25).

   Mateus não faz qualquer tentativa de seguir uma cronologia rígida. Ele lida com temas e conceitos amplos, sem estabelecê-la. Já os Evangelhos de Marcos e Lucas seguem uma ordem cronológica mais precisa. As passagens proféticas apresentam um desafio interpretativo em particular. O sermão no monte das Oliveiras, por exemplo, contém alguns detalhes que evocam imagens da destruição violenta de Jerusalém em 70 d.C. As palavras de Jesus em 24:34 têm levado alguns a concluir que todas as coisas foram cumpridas — ainda que não literalmente — na conquista romana ocorrida naquela era, forçando o intérprete a encontrar nessas passagens sentidos espiritualizados e alegóricos. A abordagem correta é analisar o contexto histórico e a gramática, o que gera uma interpretação consistentemente futurística de profecias cruciais (veja a seção “Respostas para perguntas difíceis” para mais detalhes sobre essa questão).

 CRISTO EM MATEUS

  Mateus escreve principalmente aos judeus, defendendo Jesus como Rei e Messias de Israel. Ao citar em seu Evangelho passagens proféticas do AT mais que sessenta vezes, ele enfatiza como Cristo, sendo o Messias, é o cumprimento de todas elas. Mateus demonstra a realeza de Cristo ao se referir constantemente a ele por “Filho de Davi” (1:1; 9:27; 12:23; 15:22; 20:30; 21:9,15; 22:42,45).

AS PARÁBOLAS DE JESUS

 

ESBOÇO

I. (Prólogo) O Advento do Rei (1:1—4:25)

          A. Seu nascimento (1:1—2:23)

1. Sua linhagem (1:1-17)

2. Sua chegada (1:18-25)

3. A adoração que recebeu (2:1-12)

4. Seus adversários (2:13-23)

         B. Seu ingresso público no ministério (3:1—4:25)

1. Seu precursor (3:1-12)

2. Seu batismo (3:13-17)

3. Sua tentação (4:1-11)

4. Seu ministério inicial (4:12-25)

II. A autoridade do Rei (5:1—9:38)

       A. Primeiro Sermão: o sermão da montanha (5:1—7:29)

1. Retidão e felicidade (5:1-12)

2. Retidão e discipulado (5:13-16)

3. Retidão e a Escritura (5:17-20)

4. Retidão e moralidade (5:21-48)

5. Retidão e prática religiosa (6:1-18)

6. Retidão e coisas materiais (6:19-34)

7. Retidão e relações humanas (7:1-12)

8. Retidão e salvação (7:13-29)

      B. Primeira narrativa: os milagres autenticadores (8:1—9:38)

1. A cura de um leproso (8:1-4)

2. A cura do servo do centurião (8:5-13)

3. A cura da sogra de Pedro (8:14-15)

4. Multidões são curadas (8:16-22)

5. Os ventos e o mar são repreendidos (8:23-27)

6. A cura de dois endemoninhados (8:28-34)

7. Um paralítico é curado e perdoado (9:1-8)

8. Um publicano é chamado (9:9-13)

9. Uma pergunta é respondida (9:14-17)

10. Uma menina é ressuscitada (9:18-26)

11. Dois homens cegos são curados (9:27-31)

12. Um mudo fala (9:32-34)

13. As multidões são vistas com compaixão (9:35-38)

III. O objetivo do Rei (10:1—12:50)

     A. Segundo sermão: o comissionamento dos Doze (10:1-42)

1. Os homens do Mestre (10:1-4)

2. O envio dos discípulos (10:5-23)

3. Sinais do discipulado (10:24-42)

     B. Segunda narrativa: a missão do Rei (11:1—12:50)

1. A identidade de Jesus é declarada pelos discípulos

de João (11:1-19)

2. Ais lançados sobre os impenitentes (11:20-24)

3. Descanso oferecido aos cansados (11:25-30)

4. Senhorio sobre o sábado é declarado (12:1-13)

5. Oposição fomentada pelos líderes judaicos (12:14-

45)

6. Relacionamentos eternos definidos pela linhagem

espiritual (12:46-50)

IV. Os adversários do Rei (13:1—17:27)

      A. Terceiro sermão: as parábolas do reino (13:1-52)

1. Os tipos de solo (13:1-23)

2. O trigo e o joio (13:24-30,34-43)

3. O grão de mostarda (13:31-32)

4. O fermento (13:33)

5. O tesouro escondido (13:44)

6. A pérola de grande valor (13:45-46)

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7. A rede (13:47-50)

8. O dono de uma casa (13:51-52)

       B. Terceira narrativa: o conflito do reino (13:53—17:27)

1. Nazaré rejeita o Rei (13:53-58)

2. Herodes manda matar João Batista (14:1-12)

3. Jesus alimenta os cinco mil (14:13-21)

4. Jesus caminha sobre as águas (14:22-33)

5. Multidões buscam cura (14:34-36)

6. Os escribas e fariseus desafiam Jesus (15:1-20)

7. Uma mulher cananeia demonstra fé (15:21-28)

8. Jesus cura as multidões (15:29-31)

9. Jesus alimenta os quatro mil (15:32-39)

10. Os fariseus e saduceus pedem um sinal (16:1-12)

11. Pedro confessa a Cristo (16:13-20)

12. Jesus prediz a sua morte (16:21-28)

13. Jesus revela a sua glória (17:1-13)

14. Jesus cura um jovem (17:14-21)

15. Jesus profetiza a sua traição (17:22-23)

16. Jesus paga o imposto do templo (17:24-27)

V. A administração do Rei (18:1—23:39)

      A. Quarto sermão: a semelhança do crente com uma criança

(18:1-35)

1. Um chamado a ter fé como uma criança (18:1-6)

2. Uma advertência contra os escândalos (18:7-9)

3. A parábola da ovelha perdida (18:10-14)

4. Um padrão para a disciplina na igreja (18:15-20)

5. Uma lição sobre o perdão (18:21-35)

      B. Quarta narrativa: o ministério em Jerusalém (19:1—23:39)

1. Algumas lições do Rei (19:1—20:28)

a. Sobre o divórcio (19:1-10)

b. Sobre o celibato (19:11-12)

c. Sobre os filhos (19:13-15)

d. Sobre entrega (19:16-22)

e. Sobre quem pode ser salvo (19:23-30)

f. Sobre a igualdade no reino (20:1-16)

g. Sobre a sua morte (20:17-19)

h. Sobre a verdadeira grandeza (20:20-28)

2. Alguns feitos do Rei (20:29—21:27)

a. Ele cura dois cegos (20:29-34)

b. Ele recebe adoração (21:1-11)

c. Ele purifica o templo (21:12-17)

d. Ele amaldiçoa uma figueira (21:18-22)

e. Ele responde a um desafio (21:23-27)

3. Algumas parábolas do Rei (21:28—22:14)

a. Os dois filhos (21:28-32)

b. Os maus lavradores (21:33-46)

c. A festa das bodas (22:1-14)

4. Algumas respostas do Rei (22:15-46)

a. Aos herodianos, sobre o pagamento de

impostos (22:15-22)

b. Aos saduceus, sobre a ressurreição

(22:23-33)

c. Aos escribas, sobre o primeiro e grande

mandamento (22:34-40)

d. Aos fariseus, sobre o maior filho de Davi

(22:41-46)

5. Alguns pronunciamentos do Rei (23:1-39)

a. Ai dos escribas e dos fariseus (23:1-36)

b. Ai de Jerusalém (23:37-39)

VI. A expiação do Rei (24:1—28:15)

           A. Quinto sermão: o sermão do monte das Oliveiras (24:1—

25:46)

1. A destruição do templo (24:1-2)

2. O sinal do fim dos tempos (24:3-31)

3. A parábola da figueira (24:32-35)

4. A lição de Noé (24:36-44)

5. A parábola dos dois servos (24:45-51)

6. A parábola das dez virgens (25:1-13)

7. A parábola dos talentos (25:14-30)

8. O castigo das nações (25:31-46)

           B. Quinta narrativa: a crucificação e a ressurreição (26:1— 28:15)

1. O plano para matar o Rei (26:1-5)

2. A unção de Maria (26:6-13)

3. A traição de Judas (26:14-16)

4. A Páscoa (26:17-30)

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5. A profecia da negação de Pedro (26:31-35)

6. A agonia de Jesus (26:36-46)

7. A prisão de Jesus (26:47-56)

8. O julgamento perante o Sinédrio (26:57-68)

9. A negação de Pedro (26:69-75)

10. O suicídio de Judas (27:1-10)

11. O julgamento perante Pilatos (27:11-26)

12. A zombaria dos soldados (27:27-31)

13. A crucificação (27:32-56)

14. O sepultamento (27:57-66)

15. A ressurreição (28:1-15)

 VII. (Epílogo) A comissão do Rei (28:16-20)

 SOFRIMENTO, CRUCIFICAÇÃO E RESSURREIÇÃO DE CRISTO

 


ENQUANTO ISSO, EM OUTRAS PARTES DO MUNDO...

 A primeira disputa registrada de sumô ocorre no Japão em 23 a.C.

RESPOSTAS PARA PERGUNTAS DIFÍCEIS

 1. Os três primeiros Evangelhos possuem várias semelhanças em sua redação. Quem copiou de quem? É verdade que até uma leitura rápida de Mateus, Marcos e Lucas revela várias semelhanças notáveis. Compare, por exemplo, Mateus 9:2-8, Marcos 2:3-12 e Lucas 5:18-26. Entretanto, existem também diferenças significativas no modo como cada escritor enxerga a vida, o ministério e os ensinamentos de Jesus. Essa questão sobre as semelhanças e diferenças entre os Evangelhos é conhecida como “problema sinótico” (sin significa “juntos”, e ótico, “ver”). Para uma ampla discussão sobre o “Problema Sinótico”, veja Marcos: “Desafios de Interpretação”.

 2. Por que são necessários três Evangelhos semelhantes? Uma análise criteriosa dos Evangelhos, observando-se os pontos de vista dos escritores e os detalhes incluídos por eles, gera duas importantes conclusões: (1) as diferenças entre os Evangelhos destacam a independência e o valor deles como parte de um retrato completo e (2) as semelhanças entre eles afirmam seu assunto e sua mensagem em comum. Os relatos nunca são contraditórios, mas sim complementares. Quando vistos juntos, apresentam uma compreensão mais plena de Cristo.

 3. Como as declarações proféticas de Jesus, muitas das quais se encontram em Mateus 24 e 25, devem ser interpretadas? O sermão de Jesus no monte das Oliveiras (Mt 24—25) contém alguns detalhes que sugerem imagens da destruição de Jerusalém em 70 d.C. As palavras de Jesus em 24:34 já levaram alguns a concluir que todas as coisas foram cumpridas — ainda que não literalmente — na conquista romana ocorrida naquela era. Essa é a visão conhecida como “preterismo”. Mas esse é um sério erro interpretativo, que força o intérprete a encontrar nessas passagens sentidos espiritualizados e alegóricos que não são respaldados pelos métodos exegéticos normais. A abordagem que honra a linguagem e a história por trás dos textos bíblicos é chamada de hermenêutica histórico gramatical, que envolve uma análise da gramática utilizada e do contexto histórico para encontrar o significado intencional da passagem. Isso faz mais sentido e resulta numa interpretação consistentemente futurista das profecias cruciais

 4. Por que a genealogia de Jesus em Mateus é diferente daquela apresentada em Lucas? As genealogias de Jesus registradas em Mateus e Lucas têm duas diferenças significativas. A primeira é que a genealogia de Mateus descreve a ascendência de Jesus por meio de José, ao passo que Lucas rastreia a linhagem de Jesus por meio de Maria. A segunda é que Mateus inicia sua genealogia com Abraão, uma vez que sua preocupação está relacionada à ligação judaica com Cristo e ao plano salvador de Deus, ao passo que Lucas começa sua genealogia com Adão e vê o papel de Cristo na salvação da humanidade.

 5. Mateus inclui algum material que não é encontrado nos outros Evangelhos? Mateus inclui nove eventos exclusivos da vida de Jesus:

 O sonho de José (1:20-24).

A visita dos magos (2:1-12).

A fuga para o Egito (2:13-15).

Herodes mata todos os meninos (2:16-18).

Judas se arrepende (27:3-10; mas veja At 1:18-19).

O sonho da mulher de Pilatos (27:19).

Outras ressurreições (27:52).

O suborno dos soldados (28:11-15).

A Grande Comissão (28:19-20).

APROFUNDAMENTO

1. De que maneiras especiais Mateus escolheu introduzir a biografia de Jesus?

2. Escolha uma ou duas parábolas do reino em Mateus 13. Que ideia central Jesus estava ensinando por meio dessas parábolas?

3. Na seção chamada de “Sermão da Montanha” (Mt 5—7),

sobre quantos assuntos diferentes Jesus falou?

4. Em seu Evangelho, de que forma Mateus revelou Jesus como Rei?

5. Que razões você daria para Mateus citar o AT em seu Evangelho com tanta frequência?

6. De que modo o Evangelho de Mateus informa o seu relacionamento com

Jesus Cristo?

 Manual bíblico MacArthur: Uma meticulosa pesquisa da Bíblia, livro a livro, elaborada por um dos maiores teólogos da atualidade

Pr Hernandes Dias Lopes - Panorama Bíblico 

- Novo Testamento Aula 1

https://youtu.be/PQYkEjJt7UE

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