segunda-feira, 21 de dezembro de 2020

Lição 13 - Livro de Cantares - Poesia Romântica

     
                 Lição 13 - Livro de Cantares - Poesia Romântica    

                                   TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Cantares 1.1-3,15,16; 2.1-5; 5.6,8.

Cântico dos cânticos, que é de Salomão.

Beije-me ele com os beijos da sua boca; porque melhor é o teu amor do que o vinho.

Suave é o aroma dos teus ungüentos; como o ungüento derramado é o teu nome; por isso as virgens te amam.

Eis que és formosa, ó meu amor, eis que és formosa; os teus olhos são como os das pombas.
Eis que és formoso, ó amado meu, e também amável; o nosso leito é verde.

Eu sou a rosa de Sarom, o lírio dos vales.
Qual o lírio entre os espinhos, tal é meu amor entre as filhas.
Qual a macieira entre as árvores do bosque, tal é o meu amado entre os filhos;desejo muito a sua sombra, e debaixo dela me assento;e o seu fruto é doce ao meu paladar.
Levou-me à casa do banquete, e o seu estandarte sobre mim era o amor.
Sustentai-me com passas, confortai-me com maçãs, porque desfaleço de amor.

Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado tinha se retirado, e tinha ido; a minha alma desfaleceu quando ele falou; busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu.
Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o manto os guardas dos muros.
Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado, lhe digais que estou enferma de amor.

TEXTO ÁUREO

Põe‐me como selo sobre o teu coração, como selo sobre o teu braço, porque o amor é forte como a morte. (...) As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá‐lo.

Cantares 8.6a,7a

                                              OBJETIVOS

Conhecer as principais características do Livro de

Cantares; saber que a foco do livro é o amor entre um homem e uma mulher, e os temas secundários da obra giram em torno deste tema; desenvolver uma visão bíblica acerca da sexualidade humana e sua correta função: Deus a projetou para promover intimidade e comunhão conjugal dentro do contexto do casamento.

                                        INTRODUÇÃO

Muito embora o tema de Cantares dê a impressão de não estar em sintonia com os assuntos encontrados nos demais livros da Palavra de Deus, ele exerce função relevante na literatura hebraica de sabedoria. O autor sagrado, de forma assistemática, ensina seus leitores a como realizar escolhas sábias durante a existência terrena no que diz respeito à sexualidade e ao amor.

                                       CONCLUSÃO

Possivelmente, o maior proveito que tenhamos ao estudar Cantares seja a certeza de que o amor é uma dádiva de Deus e deve ser considerado como tal. O que o Senhor criou e declarou bom (Gn 1.31) precisa ser desfrutado no âmbito conjugal. A exposição otimista da sexualidade neste livro traz o equilíbrio necessário ao impedimento da manifestação sexual ilegítima observada nas demais partes das Escrituras.



Deus abençoe

sua vida!

(Revista: Central Gospel - nº 45)

Central Gospel - Livros poéticos: sabedoria, temor de Deus e as grandes questões da vida

COMENTARISTA: JOÁ CAITANO



              CANTARESDE SALOMÃO

  Introdução

 Tanto Cantares de Salomão como o título alternativo O Cântico dos Cânticos vêm do primeiro versículo do livro. O cabeçalho Cântico dos Cânticos é uma tradução literal do hebraico shirhashirim. Essa linguagem coloca a ênfase na qualidade superlativa — portanto o cântico é descrito como o melhor ou o mais excelente cântico (cf. Gn 9.25; Êx 26.33; Ec L2). Na Vulgata (Bíblia latina) o livro é chamado de Cânticos.

   Nas escrituras hebraicas, Cantares é o primeiro de cinco livros curtos chamados "Rolos" (Megilloth). Os óutros quatro são Rute, Lamentações, Eclesiastes e Ester. Cada um desses livros era lido em um dos grandes festivais anuais judeus, sendo que Cantares era usado na época da Páscoa dos judeus.

 A. FORMA LITERÁRIA

   Cantares é um exemplo da poesia hebraica lírica; é por isso que as traduções para as línguas modernas são dispostas de forma poética (cf. Berkeley, RSV, Moffatt). Este antigo poema hebraico não tinha rima ou métrica como em nossa forma ocidental. Existe muito mais um equilíbrio e um ritmo de pensamentos do que de silabas ou sons. As linhas são distribuídas de tal forma que o pensamento é apresentado de maneiras diferentes, pela repetição, ampliação, contraste ou resposta,1 como em 8.6:

  Porque o amor é forte como a morte, e duro como a sepultura o ciúme; as suas brasas são brasas de fogo, labaredas do SENHOR.

 B. INTERPRETAÇÃO

   Intérpretes concordam que Cantares de Salomão é um poema que tem como tema o amor, mas além disso existem diferenças grandes de interpretação. Alegórica. Desde a época do Talmude (ca. 150 a 500 d.C.) era comum entre os judeus classificar este livro como uma música alegórica do amor de Deus por seu povo escolhido. Seguindo esse padrão, os cristãos viram essa idéia no contexto do amor de Cristo pela igreja. J. Hudson Taylor, seguindo o pensamento de Orígenes, encontrou aí uma descrição do relacionamento do crente com o seu Senhor.2

    É natural que a interpretação alegórica tenha encontrado adeptos entre os homens devotos e estudiosos desde antigamente até os dias de hoje. O amor terreno imutável é o nosso relacionamento humano mais precioso e significativo. Sabemos que o nosso relacionamento com Deus deveria ser ao menos tão perfeito e de tão excelente qualidade quanto esse, então empregamos as nossas melhores ilustrações humanas na tentativa de descrever o amor e a resposta humano-divina.

   Mas apesar do que foi dito a favor de uma interpretação alegórica do livro, este ponto de vista contém um defeito decisivo. Adam Clarke, o deão dos comentaristas wesleyanos, está entre aqueles que expõem essa fraqueza.

   Se essa maneira de interpretação [alegórica] fosse aplicada às Escrituras em geral, (e por que não, se é legítimo aqui?) a que estado a religião logo chegaria! Quem poderia ver qualquer coisa certa, determinada e estabelecida no significado dos oráculos divinos, quando fantasia e imaginação devem ser os intérpretes-padrão? Deus não entregou a sua palavra à vontade do homem dessa maneira [...] nada [deveria ser] recebido como a doutrina do Senhor a não ser o que deriva daquelas palavras claras do Altíssimo [...]

   Alegorias, metáforas e figuras de linguagem em geral, nas quais o desígnio está claramente indicado, que é o caso de todas aquelas empregadas pelos autores sacros, deveriam ilustrar e aplicar de forma mais clara a verdade divina; mas extrair à força significados celestiais de um livro santo onde não existe tal indicação, com certeza não é o caminho para se chegar ao conhecimento do Deus verdadeiro, e de Jesus a quem Ele enviou.'

   Ao contrário da opinião de alguns estudiosos, parece questionável que a interpretação alegórica entre os judeus tenha sido um fator importante para a inclusão de Cantares no cânon do Antigo Testamento. O cânon foi finalmente aprovado por volta do fim do primeiro século d.C., e as interpretações alegóricas que são conhecidas há mais tempo aparecem no Talmude (do século II ao século V). Gottwald diz: "É provável que a interpretação alegórica tenha surgido após a canonicidade, e não antes dela".4 É verdade que Orígenes e outros pais da igreja mantiveram a interpretação alegórica de Cantares. Mas Orígenes aplicou este mesmo método a outros livros da Bíblia, e nós já não aceitamos essa interpretação como válida para eles. Então por que seria necessário aceitá-la no caso de Cantares de Salomão?

    Meek escreve: "A interpretação alegórica poderia fazer com que o livro significasse qualquer coisa que a imaginação fértil do intérprete pudesse inventar, e, no final, as suas próprias extravagâncias seriam a sua ruína, de forma que hoje esta escola de interpretação praticamente desapareceu".5

   Literal. Com base nas premissas expressas acima está claro que o método alegórico deve ser rejeitado por ser um caminho inaceitável de interpretar a Bíblia. Por essa razão só aceitamos os métodos que nos permitem extrair o significado das palavras com base no sentido claro delas, como foram escritas. Fundamentado nisso, o Cantares de Salomão está falando do amor humano entre um homem e uma mulher. Foi esse amor que estava faltando quando Deus disse: "Não é bom que o homem esteja só; far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea" (Gn 2.18). Mas mesmo quando Cantares é interpretado de maneira literal, existe uma grande variedade de interpretações.

    Cultual. Com a descoberta das antigas liturgias de culto do Oriente Próximo, emergiu uma teoria que interpretava o Cantares como um ritual pagão que havia sido secularizado ou até se adaptado para o louvor de Javé. Mas Gottwald ressalta que "existiriam problemas terríveis" se aceitássemos esta interpretação.'

    Lírica. Entre os intérpretes contemporâneos tem sido comum explicar o Cantares como uma coleção de poemas de amor que descrevem a beleza física, cantados em casamentos sírios, e talvez em outras épocas, quando o amante ansiava expressar sua afeição por sua amada. Este ponto de vista pode elucidar a origem de algumas passagens em Cantares, mas não consegue explicar as evidências de unidade do livro.'

    Três personagens. Este ponto de vista foi desenvolvido primeiramente por Ibn Ezra, popularizado por J. F. Jacobi (1771), e explicado de maneira detalhada e cuidadosa por Heinrich Ewald (1826).8 Mesmo Meek, que rejeita esse ponto de vista, escreve: "Se o livro deve ser interpretado literalmente, existem dois amantes, um rei e um pastor".8 Em 1891 Driver escreveu: "De acordo com [...] [esse] ponto de vista [...] aceito pela maioria dos críticos e intérpretes modernos, existem três personagens, isto é: Salomão, a serva sulamita e seu amante pastor"." Esta perspectiva foi defendida e desenvolvida mais recentemente por Terryll e Pouget.12

    De acordo com a interpretação dos três personagens, a jovem mulher era a única filha entre vários irmãos que pertenciam a uma mãe viúva morando em Suném (veja mapa 3). Ela se apaixonou por um belo jovem pastor e eles então noivaram. Enquanto isso, em uma visita pela vizinhança, o rei Salomão foi atraído pela beleza e graça da jovem. Ela foi levada à força para a corte de Salomão ou simplesmente sob um impulso do momento (cf. 6.12) que veio dela mesma em acordo com os servos do rei. Aqui o rei tentou cortejá-la, mas foi rejeitado. Por causa da urgência que sentia, Salomão tentou fasciná-la com sua pompa e esplendor. Mas todas as suas promessas de jóias, prestígio e a mais alta posição entre suas esposas não conquistaram o amor da jovem. De modo imperturbável ela declarou o seu amor pelo seu amado do campo. Finalmente, reconhecendo a profundidade e a natureza do seu amor, Salomão permitiu que a moça deixasse sua corte. Acompanhada pelo seu querido pastor, ela deixou a corte e retornou ao seu humilde lar no campo.

   Se essa interpretação for aceita, o tema do livro é a fidelidade ao amor em vez do amor conjugal somente, como se estivesse lidando com apenas dois personagens.

    Ainda que existam problemas nessa interpretação, eles não são insolúveis. Este ponto de vista foi defendido por muitos estudiosos da Bíblia competentes e é aprovado pelo autor como a melhor base para esboçar e explicar o conteúdo do livro. Ao defender essa postura, deve-se admitir que as decisões quanto a quem está falando são totalmente subjetivas. Cada verso no livro é colocado nos lábios de algum orador na forma de discurso direto. Não existe, no entanto, qualquer indicação em nenhum momento que afirme ao leitor quem está falando. O esboço seguido neste comentário reflete uma concordância geral entre intérpretes que aceitam a interpretação dos três personagens. Há, com certeza, diferenças pequenas até mesmo entre aqueles que concordam acerca das divisões gerais. Nesses casos, o autor aceita a responsabilidade de escolha entre as alternativas.

 C. AUTORIA

  Já que as opiniões diferem entre si tão amplamente no que tange à interpretação, é natural que exista pouca concordância entre os estudiosos quanto a autoria do livro.

    O ponto de vista tradicional, baseado em 1.1, é que o livro foi escrito pelo rei Salomão. Mas a linguagem do versículo pode ser entendida como de Salomão, para Salomão, ou sobre Salomão. Muitos estudiosos rejeitam essa posição tradicional tendo por base que o livro possui palavras em aramaico que não existiam em Israel nos tempos de Salomão. Como resposta, alguém pode dizer que, em vista do contato de Israel com o mundo afora, tais termos poderiam ter sido facilmente aprendidos e usados nesse período."

    Se aceitamos a interpretação dos três personagens adotada neste comentário, a autoria de Salomão é questionada com base em fundamentos psicológicos. Argumenta-se que não seria muito comum o rei Salomão contar a história de sua rejeição por essa jovem, pela qual ele teria se apaixonado. Mas não seria sustentável que um homem com a mente e disposição filosófica como as de Salomão poderia ter escrito o Cântico como o temos hoje? Não é provável que ele o teria feito de imediato. Mas não poderia um Salomão mais velho e mais sábio, ao lembrar dessas experiências, ter se sentido motivado a escrever esse relatório? Será que não existe um ponto de referência, principalmente no fim da vida, a partir do qual a pessoa pode apreciar os fortes ímpetos da atração física, reconhecer as alegrias do amor humano e ao mesmo tempo dar um alto valor à lealdade constante que coloca a integridade acima da fascinação pela nobreza e riqueza? Se foi psicologicamente possível ao rei liberar com honra a jovem que ele poderia ter mantido pela força, não parece impossível o mesmo homem ter escrito a história. Sampey escreve: "Aos estudantes e editores posteriores a beleza e a força do livro parecem ter construído a dignidade literária do talentoso rei, cuja fama como escritor de provérbios e cânticos foi transmitida a épocas posteriores"»

    O que devemos concluir? Dois estudiosos recentes e conservadores discordam. Woudstra (embora não aceite a interpretação dos três personagens) escreve: "Não existem bases suficientes para desviar-se desse ponto de vista histórico [a autoria de Salomão]"." Cameron confirma: "Se Ewald for seguido quando afirma que existe um amante pastor [...], a convicção na autoria de Salomão é fracamente sustentável, e é impossível descobrir quem é o autor"."

 D. DATA

   Datar o livro depende do ponto de vista que temos acerca do seu autor. Se Salomão escreveu o Cantares, precisa ser datado no século X a.C. Os eruditos que procuram datá-lo de acordo com a ocorrência de palavras estrangeiras no texto situam o livro entre 700 a.C. e 300 a.C.

 Esboço

  I. NOME E IDENTIFICAÇÃO, 1.1

II. ACORDANDO PARA A REALIDADE, 1.2-4a

III. A PRIMEIRA VISITA DO REI, 1.4B-2.7

A. A Sulamita e as Solteiras, 1.4b-8

B. Salomão e a Sulamita, 1.9-2.7

IV UMA VISITA E UM SONHO, 2.8-3.5

A. A Visita do Amado, 2.8.17

B. O Primeiro Sonho do Amado, 3.1-5

V. O REI NOVAMENTE COMO PRETENDENTE, 3.6-5.1

A. O Cortejo Real, 3.6-11

B. O Segundo Pedido de Casamento do Rei, 4.1-5.1

VI. O CÂNTICO DO AMADO, 5.2-6.3

A. O Segundo Sonho da Sulamita, 5.2-8

B. O Cântico da Sulamita para o seu Amado, 5.9-6.3

VII. A PROPOSTA SUPREMA DO REI, 6.4-8.4

A. O Cortejo Entusiástico, 6.4-10

B. A Rejeição Eficaz, 6.11-12

C. A Súplica das Mulheres, 6.13-7.5

D. A Paixão em Chamas, 7.6-9

E. O Clamor por Amor Verdadeiro, 7.10-8.4

VIII. REUNIÃO E REFLEXÃO, 8.5-14

A. O Tributo da Sulamita ao Amor, 8.5-7

B. Um Lembrete e uma Resposta, 8.8-12

C. Afinal, a Recompensa do Amor, 8.13-14

 

                            FONTE:    

 

 

Cântico dos Cânticos

Deus honra o amor conjugal puro

 TÍTULO

 A versão grega (Septuaginta) e a versão latina (Vulgata) seguem o hebraico (texto massorético) com a tradução literal das duas primeiras palavras em 1:1 — “Cântico dos Cânticos”. Algumas versões na nossa língua traduziram como “Cantares de Salomão”, fornecendo, desse modo, o sentido completo de 1:1. O superlativo, “Cântico dos Cânticos” (cf. “Santo dos Santos”, em Êx 26:33-34 e “Rei dos Reis”, em Ap 19:16), indica que esse cântico é o melhor dentre as 1.005 obras musicais de Salomão (1Rs 4:32). A palavra traduzida por cântico normalmente se refere à música que honra ao Senhor (cf. 1Cr 6:31-32; Sl 33:3; 40:3; 144:9).

   AUTOR E DATA

   Salomão, que governou o reino unido por quarenta anos (971-931 a.C.), é citado pelo nome sete vezes nesse livro (1:1,5; 3:7,9,11; 8:11-12). Diante de suas habilidades de escritor, do seu talento musical (1Rs 4:32), e do significado de autoria, e não de dedicatória de 1:1, essa parte da Escritura pode ter sido escrita em qualquer momento durante o seu reinado. Uma vez que as cidades do norte e do sul são citadas nas descrições e viagens de Salomão, ambos os períodos retratados e a época em que o livro foi escrito apontam para o reino antes de sua divisão, o que ocorreu após o término do seu reinado. Como essa parte das Escrituras contém um cântico escrito por um único autor, é melhor considerá-la como um acréscimo à literatura poética e de sabedoria em vez de uma série de poemas de amor sem um tema ou autor comum.

   CENÁRIO E CONTEXTO

   Dois personagens predominam nesse dramático e verdadeiro cântico de amor. Salomão, cujo reinado é mencionado cinco vezes (1:4,12; 3:9,11; 7:5), aparece como “o amado”. A jovem sulamita (6:13) permanece obscura; é muito provável que ela morasse em Suném, aproximadamente 5 km ao norte de Jezreel, na parte mais baixa da Galileia. Alguns estudiosos sugerem que ela era a filha do faraó (1Rs 3:1), ainda que o livro não apresente nenhuma evidência para essa conclusão. Outros sugerem que se tratava de Abisague, a sunamita que cuidou do rei Davi (1Rs 1:1-4,15). O mais provável é que ela tenha sido uma jovem desconhecida proveniente de Suném, cuja família havia sido empregada por Salomão (8:11). Ela teria sido a primeira esposa de Salomão (Ec 9:9), antes de ele pecar por tomar outras 699 esposas e 300 concubinas (1Rs 11:3).

               GEOGRAFIA DE CÂNTICO DOS CÂNTICOS


    Outros personagens de menor relevância representam diferentes grupos nesse livro. Primeiro, observe os comentários frequentes das “Mulheres de Jerusalém” (1:5; 2:7; 3:5; 5:8,16; 8:4), que poderiam fazer parte da equipe de servos do palácio (cf. 3:10). Segundo, os amigos de Salomão ingressam em 3:6-11; e, terceiro, vêm os irmãos da sulamita (8:8-9). É provável que a afirmação de 5:1b seja a bênção de Deus sobre a união do casal. Pode-se acompanhar a narrativa observando as partes sugeridas conforme indicadas nos títulos das seções ao longo do livro.

   O cenário combina paisagens rurais e urbanas. Algumas cenas acontecem no monte ao norte de Jerusalém, onde a sulamita morava (6:13) e onde Salomão conquistou proeminência como viticultor e pastor (Ec 2:4-7). A seção urbana inclui a festa de casamento e o período posterior na residência de Salomão em Jerusalém (3:6—7:13).

     A primeira primavera aparece em 2:11-13 e a segunda, em 7:12. Se considerarmos uma cronologia sem nenhuma interrupção, o conteúdo de Cântico dos Cânticos aconteceu por um período mínimo de um ano, mas, provavelmente, não mais do que dois anos.

                TERMINOLOGIA EM CÂNTICO DOS CÂNTICOS

 




 PRINCIPAIS PERSONAGENS

 Rei Salomão — o noivo; chamado de “amado” por sua esposa (1:7— 8:12).   

 A Sulamita — a nova noiva do rei Salomão (1:1—8:13).

 As Mulheres de Jerusalém — virgens não identificadas que incentivaram a Sulamita (1:4; 2:14; 3:5,10-11; 5:1,8; 6:1,12; 8:4).

    CASAIS APAIXONADOS


TEMAS HISTÓRICOS E TEOLÓGICOS

   Todos os 117 versículos de Cântico dos Cânticos são reconhecidos pelos judeus como parte de seus escritos sagrados. Juntamente com Rute, Ester, Eclesiastes e Lamentações, ele pertence ao Megilote dos livros do AT ou “cinco rolos”. Os judeus leem esse cântico na Páscoa, chamando-o de “o Santo dos Santos”. Surpreendentemente, Deus não é mencionado de modo explícito, exceto, possivelmente, em 8:6. Não há destaque para nenhum tema teológico. O NT nunca cita Cântico dos Cânticos de modo direto (nem Ester, Obadias ou Naum).

   Em contraste com os dois extremos distorcidos da abstinência ascética e da luxúria pervertida fora do casamento, o antigo cântico de amor de Salomão exalta a pureza do afeto e do romance conjugal. O cântico faz um paralelo e reforça outras partes da Escritura que retratam o plano de Deus para o casamento, incluindo a beleza e a santidade da intimidade sexual entre marido e mulher. O Cântico se coloca ao lado de outras passagens clássicas da Escritura que detalham esse tema (por exemplo, Gn 2:24; Sl 45; Pv 5:15-23; 1Co 7:1-5; 13:1-8; Ef 5:18-33; Cl 3:18-19; e 1Pe 3:1-7); a passagem de Hebreus 13:4 capta a essência dessa canção: “O casamento deve ser honrado por todos; o leito conjugal, conservado puro; pois Deus julgará os imorais e os adúlteros”.

PALAVRAS-CHAVE

Amado: em hebraico, dod — 1:14; 2:8; 4:16; 5:1,6,10; 6:1; 8:14. Na poesia de amor hebraica, dod é a palavra carinhosa usada para a pessoa amada do sexo masculino, normalmente traduzida como “amado” (Is 5:1). O autor do Cântico dos Cânticos emprega essa palavra 32 vezes. O nome Davi é derivado de dod e carrega o mesmo sentido, com significado de “querido”. Quando dod é empregado na narrativa, significa “tio” ou outro parente próximo do sexo masculino (1Sm 14:50).

Mirra: em hebraico, mor — 1:13; 3:6; 4:6,14; 5:1,5,13 —, descreve um sabor amargo. Essa palavra deriva do verbo marar, que significa “ser amargo”. A mirra é feita da goma ou seiva da casca de uma árvore de bálsamo árabe. A resina era prensada e misturada com óleo para produzir perfume (1:13; 5:1), incenso (3:6) e loção (Et 2:12). Noemi tomou o nome Mara como símbolo da amargura que havia experimentado em sua vida (Rt 1:20), e o menino Jesus foi presenteado com mirra pelos magos (veja Mt 2:11). A mirra era também uma especiaria de embalsamento nos tempos do NT e foi usada no corpo de Jesus (Jo 19:39).   

   PRINCIPAIS DOUTRINAS

   O amor de Deus refletido no amor humano — (6:2-3; Gn 29:20; Lv 19:18; 2Cr 36:15; Mt 14:14; Lc 15:20-24; Fp 1:8).

 A graça de Deus concedida por meio do casamento (Rt 1:9; Ez 16:6-8; Mt 1:20; Hb 13:4; 1Pe 3:7).

   O CARÁTER DE DEUS

Deus é fiel — 8:5.

Deus é amoroso — 8:6.

Deus é puro — 3:5; 4:1-16.

  DESAFIOS DE INTERPRETAÇÃO

   O Cântico dos Cânticos tem recebido algumas interpretações artificiais ao longo dos séculos por aqueles que usam o método de interpretação “alegórico”, afirmando que o livro não tem bases históricas verdadeiras, mas que todo o seu conteúdo descreve o amor de Deus por Israel e/ou o amor de Cristo pela igreja. A ideia equivocada que encontramos na hinologia de que Cristo é a rosa de Sarom e o lírio dos vales resulta desse método (2:1). A variação “tipológica” admite a realidade histórica, mas conclui que o livro tem como objetivo final descrever o amor de Cristo, o noivo, pela igreja, a noiva.

 CRISTO EM CÂNTICO DOS CÂNTICOS

   As palavras de Salomão pintam, de forma íntima, o retrato do casamento. Além disso, Cântico dos Cânticos ilustra o relacionamento espiritual entre Deus e Israel, seu povo escolhido, e até o relacionamento que Deus deseja ter com cada indivíduo. Salomão busca expressar o amor do amado por sua noiva. Esse mistério pode apenas ser totalmente revelado no relacionamento íntimo entre Cristo e a Igreja (Ef 5:32).

    Outro modo de abordar o Cântico dos Cânticos é tomá-lo como se apresenta e interpretá-lo no sentido histórico normal, entendendo o frequente uso da imagem poética para descrever a realidade. Ao agir dessa maneira, compreendemos que Salomão narra: (1) seus dias de namoro, (2) os primeiros dias do seu primeiro casamento, seguidos pelo (3) amadurecimento de seu casamento real durante os altos e baixos da vida. O Cântico dos Cânticos detalha as antigas instruções para o casamento contidas em Gênesis 2:24, fornecendo, assim, a música espiritual para uma vida conjugal harmoniosa. O livro é dado por Deus com a finalidade de demonstrar a sua intenção para o romance e o amor do casamento, a mais preciosa das relações humanas e a “graça da vida” (1Pe 3:7).

ENQUANTO ISSO, EM OUTRAS PARTES DO MUNDO...

O culto grego aos deuses alcança pleno desenvolvimento. Os principais deuses incluem Zeus, Hera, Posídon, Apolo, Ares, Deméter, Atena, Hermes e Ártemis.

  ESBOÇO

I. O namoro (1:2—3:5)

A. As lembranças dos amantes (1:2—2:7)

B. As expressões de amor recíproco dos amantes (2:8—3:5)

II. A festa do casamento: união (3:6—5:1)

A. O noivo real (3:6—5:1)

B. O casamento e a primeira noite juntos (4:1—5:1a)

C. A aprovação de Deus (5:1b)

III. A vida conjugal: entrelaçamento (5:2—8:14)

A. O primeiro grande desentendimento (5:2—6:3)

B. A restauração (6:4—8:4)

C. Crescendo na graça (8:5-14)

   RESPOSTAS PARA PERGUNTAS DIFÍCEIS

1.     O Cântico dos Cânticos deve ser interpretado como o amor entre dois indivíduos ou como uma alegoria do amor de Deus por Israel ou de Cristo pela igreja?

 Interpretações alegóricas deste livro tendem a ser artificiais. Negar o contexto humano e histórico do Cântico gera mais incômodo com o tema do que entendimento acerca da natureza da Escritura. A linguagem alegórica e idealista empregada por amantes pode levar alguém a tomar liberdade e alegorizar a experiência toda, porém, os próprios amantes se oporiam a isso. A prática da alegorização desse livro é exterior às estruturas teológicas e filosóficas, não se baseando no conteúdo do próprio livro.

 Uma forma de interpretação semelhante à alegorização toma uma abordagem “tipológica”. Começa reconhecendo a validade histórica do relato, mas também insiste que somente a linguagem idealizada dos amantes pode, em última análise, descrever com exatidão o tipo de amor que Cristo demonstrou em relação à sua igreja.

 Um modo mais satisfatório de abordar o Cântico é tomá-lo como se apresenta e interpretá-lo no sentido histórico normal, entendendo o uso da imagem poética para retratar a realidade. Essa interpretação afirma o relato de Salomão das três fases de seu relacionamento com a Sulamita: seus dias de namoro, os primeiros dias do casamento e o amadurecimento do casamento real ao longo dos dias bons e ruins da vida conjugal.

 APROFUNDAMENTO

 1. De que formas o Cântico dos Cânticos capta a intensidade e a naturalidade do amor romântico?

 2. Como o Cântico dos Cânticos expressa e incentiva o compromisso?

 3. Que fatores tornam as descrições da sexualidade de Cântico dos Cânticos saudáveis e boas em comparação com o que, em geral, encontramos em nossa cultura?

 4. Que percepções sobre a expressão do apreço pela beleza do(a) companheiro(a) podemos encontrar em Cântico dos Cânticos?

5. Como você descreveria o papel de Cântico dos Cânticos dentro do restante da Escritura?

Manual bíblico MacArthur: Uma meticulosa pesquisa da Bíblia, livro a livro, elaborada por um dos maiores teólogos da atualidade

 


               CANTARES DE SALOMÃO

Introdução

Esboço Capítulo 1 Capítulo 3 Capítulo 5 Capítulo 7 Capítulo 2 Capítulo 4 Capítulo 6 Capítulo 8

 INTRODUÇÃO

 Nome, Autoria e Integridade.

 Este livro, pertencente aos cinco megilloth, ou pergaminhos, era anualmente lido pelos judeus no oitavo dia da Páscoa. O título Cântico dos Cânticos (1:1) é a tradução literal do hebraico Shir hash-shirim. A repetição do nome no genitivo plural é a maneira hebraica de destacar o caráter especial do Hino: é o melhor ou o mais excelente dos hinos (cons. Gn. 9:25; Êx. 26:33; Ec. 1:2).

  Embora o primeiro versículo do capítulo primeiro também possa ser traduzido: "O Cântico dos Cânticos que é sobre ou relaciona-se com Salomão", o ponto de vista tradicional tem sido o de considerar o Rei Salomão como o autor do Hino. Considerando que o conteúdo do livro está plenamente em harmonia com os grandes dons da sabedoria que sabemos que Salomão possuía (I Reis 4:32, 33), não temos terreno suficiente para nos desviarmos desta posição histórica.

   A unidade do livro dificilmente poderia ser desafiada. Refrões semelhantes aparecem em 2:7; 3:5; 8:4; as imagens são as mesmas através de todo o livro; e os mesmos personagens aparecem repetidas vezes.

 Interpretação. Quanto ao seu gênero literário, os Cantares de Salomão obviamente constituem um poema de amor. A dificuldade está em como interpretá-lo. Abaixo damos algumas das variadas interpretações que têm sido apresentadas.

 1. Alegórica. Esta é a interpretação comum dos judeus da antiguidade e deles passou para a Igreja Cristã. Os judeus consideravam o Hino como uma expressão do relacionamento amoroso entre Deus e o seu povo escolhido. A Igreja Cristã via nele o reflexo do amor entre Cristo e a Igreja. Essencialmente, este ponto de vista tem sido advogado por Hengstenberg e Keil.

 2. A interpretação dramática. A essência desta interpretação, conforme advogada por Franz Delitzsch, é que o Hino é um drama apresentando Salomão apaixonado pela Sulamita, uma jovem inculta, a qual ele introduz no palácio real em Jerusalém. Uma forma particular desta interpretação, a hipótese do pastor, introduz no Hino um terceiro personagem, um pastor, ao qual a jovem sulamita permanece fiel apesar das atitudes de Salomão.

 3. A interpretação típica. Esta interpretação também defende que no Hino foi descrito o grande amor entre Cristo e a Igreja, sendo o Rei Salomão considerado um tipo de Cristo, e a esposa representando a Igreja. Este ponto de vista difere do alegórico pois tenta justificar a própria linguagem do Hino sem buscar um significado especial em cada frase, como faz a interpretação alegórica.

 4. A interpretação natural ou literal. O princípio básico desta interpretação é que o Hino é um poema que exalta o amor humano. A partir deste ponto, por causa da inclusão deste livro no cânon das Escrituras, os defensores desta interpretação diferem grandemente quanto ao significado máximo desta canção de amor. Este comentário foi edificado sobre a pressuposição de que a interpretação natural está correta. Aceitando esta interpretação, o significado canônico dos Cantares pode ser assim especificada.

  a) O livro está intitulado "o melhor dos cânticos" e sem dúvida o é. É um hino que Adão poderia ter cantado no Paraíso quando o Senhor em sua sábia providência entregou-lhe Eva por esposa. Em linguagem franca mas pura o livro louva o amor mútuo entre marido e esposa, e portanto ensina-nos a não desprezarmos a beleza física e o amor conjugal considerando-os de natureza inferior. Considerando que são dons do Criador às Suas criaturas (cons. Tg. 1:17), são bons e perfeitos no seu lugar e no seu propósito. O livro apresenta uma forte advertência contra o dualismo bíblico que considera o físico e o material inferior ao espiritual, e que exalta o celibato como sendo mais virtuoso do que o estado matrimonial.

   b) Em oposição ao parágrafo a, o Hino nos instrui a não glamorizar a beleza física e a não idolatrar o aspecto biológico do casamento. Apesar da maneira direta pela qual a beleza física e a atratividade são descritas, o relacionamento amoroso descrito nos Cantares é de caráter sublime. Em nenhum lugar a descrição nem mesmo se aproxima do que poderia ser considerado lascivo ou licencioso. Assim o Hino descortina diante de nós o relacionamento amoroso ideal no casamento. (Sobre a separação entre os dois amantes a que se refere, veja o comentário.) O Apóstolo Paulo usa o casamento para ilustrar a natureza do amor entre Cristo e a Sua Igreja (Ef. 5), mas certamente nem todo casamento reflete este laço de amor íntimo. Só um relacionamento conjugal tão puro como o descrito nos Cantares pode servir a tal propósito.

  c) A leitura deste livro, longe de despertar pensamentos sensuais em nossas mentes, deveria nos levar a louvar o Criador que criou o homem à Sua própria imagem, que fez o corpo humano tão lindo, que despertou em Adão o desejo de uma companheira igual a ele e contudo diferente, e que entregou a primeira noiva – o próprio clímax das obras da criação – ao seu noivo reverente. A leitura deste livro também deveria nos tornar cônscios de nossos fracassos pecaminosos em nossa atitude para com os membros do outro sexo em geral, e em particular nossos pecados da carne dentro do casamento. Assim, através deste livro o Espírito Santo levará os pecadores a Cristo que também é o Redentor e Santificador dos sagrados laços conjugais. Vendo e experimentando a pureza e a santidade deste vínculo de amor terreno também seremos levados a compreender melhor aquele relacionamento de amor que é celestial e eterno, isto é, o laço de amor imaculadamente puro e indestrutível que existe entre Cristo e a Sua Igreja.

  ESBOÇO

 (O livro não apresenta divisões definidamente separadas. Damos abaixo uma sugestão de esboço.)

 I. A afeição mútua entre o esposo e a esposa. 1:1 – 2:7.

 II. A esposa fala de seu esposo. Seu primeiro sonho sobre ele. 2:8 – 3:5.

 III. O cortejo nupcial. O segundo sonho da esposa. Sua conversa com as filhas de Jerusalém. 3:6 - 6:3.

 IV. O esposo continua louvando a beleza da esposa. O desejo dela é para ele. 6:4 - 8:4.

 V. Expressões finais de amor mútuo. 8: 5-14.

                            Cantares (Comentário Bíblico Moody)                           

                       

                          FELIZ 2021

                                    

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