TEXTO BÍBLICO BÁSICO
Eclesiastes
1.1-10,15.
Palavras do pregador, filho de Davi, rei em Jerusalém.
Vaidade de vaidades, diz o pregador, vaidade de vaidades! Tudo é vaidade.
Que proveito tem o homem, de todo o seu trabalho, que faz debaixo do sol?
Uma geração vai, e outra geração vem; mas a terra para sempre permanece.
Nasce o sol, e o sol se põe, e apressa-se e volta ao seu lugar de onde nasceu.
O vento vai para o sul, e faz o seu giro para o norte; continuamente vai
girando o vento, e volta fazendo os seus circuitos.
Todos os rios vão para o mar, e contudo o mar não se enche; ao lugar para onde
os rios vão, para ali tornam eles a correr.
Todas as coisas são trabalhosas; o homem não o pode exprimir; os olhos não se
fartam de ver, nem os ouvidos se enchem de ouvir.
O que foi, isso é o que há de ser; e o que se fez, isso se fará; de modo que
nada há de novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Já foi nos séculos
passados, que foram antes de nós.
... Aquilo que é torto não se pode endireitar; aquilo que falta não se pode
calcular.
TEXTO ÁUREO
Tudo
sucede igualmente a todos: o mesmo sucede ao justo e ao ímpio, ao bom e ao
puro, como ao impuro; assim ao que sacrifica como ao que não sacrifica; assim
ao bom como ao pecador; ao que jura como ao que teme o juramento.
Eclesiastes 9.2
OBJETIVOS
Conhecer as principais
características do Livro de Eclesiastes;
Identificar e compreender
as cinco questões principais apresentadas neste volume, que sintetizam o
pensamento do Pregador;
Compreender o significado de aproveitar a vida e lembrar-se do Criador, de acordo com a visão do autor de Eclesiastes.
INTRODUÇÃO
Neste
volume, o autor sagrado não se atém a temas contemplativos ou espirituais —
relativos ao mundo vindouro ou ao Paraíso —, mas pondera sobre o valor e o
significado do trabalho (Ec 4.7-12; 10.15), do conhecimento (Ec 1.18; 12.9) e da
alegria (Ec 2.10; 9.7).
CONCLUSÃO
Que Deus nos livre de nossa ignorância e que Ele nos permita chegar ao fim da vida, convictos de que nem tudo é vaidade. Para tanto, a despeito de nossas limitações e dores, estejamos dispostos a investir, incansável e prudentemente, naquilo que não se pode ver, temendo a Deus e guardando o Seus mandamentos, porque este é o dever de todo homem (Ec 12.13).
Deus
abençoe
sua vida!
ASSEMBLEIA
DE DEUS VITÓRIA EM CRISTO TESOURO (EBD)
– LIVROS POÉTICOS “LIVRO DE ECLESIASTES”
1. QUESTÕES INTRODUTÓRIAS:
A
palavra-chave de Eclesiastes é vaidade, a fútil presunção de tentar ser feliz
longe de Deus. O pregador (segundo a tradição, Salomão – 1.1, 1.2 – o mais
sábio, rico e influente rei da história de Israel) olha para a vida “debaixo do
sol” (1.9) e, a partir da perspectiva humana, declara que tudo é inútil. Poder,
popularidade, prestígio, prazer – nada pode preencher o vazio do ser humano, a
não ser o próprio Deus! Mas, quando vista da perspectiva divina, a vida ganha
sentido e propósito, levando Salomão a exclamar: “coma… beba… alegre-se… faça o
bem… viva alegremente… tema a Deus… cumpra os mandamentos!”
O
ceticismo e o desespero se vão quando a vida é vista como um dom diário de
Deus. O título hebraico Qoheleth é um termo raro, encontrado somente neste
livro (1.1-2, 12; 7.27; 12. 8-10). Ele deriva da palavra qahal, “convocar uma
assembleia”, “reunir”. Assim, ele significa “aquele que se dirige a uma
assembleia”, um pregador. A Septuaginta usa a palavra graga Ekklesiastes como
título deste livro. Derivado da palavra ekklesia, “assembleia”, “congregação”,
“igreja”, o termo significa, simplesmente “pregador”. O termo latino “Eclesiastes”
significa “orador” diante de uma assembleia.
Este
é o livro do homem “debaixo do sol” e seu raciocínio acerca da vida é o melhor
que o homem pode fazer, com o conhecimento de que há um Deus Santo, e que Ele
trará tudo a juízo. As frase-chaves são: “debaixo do sol”, “percebi”, “disse no
meu coração”. A inspiração recorda corretamente os pensamentos, mas as
conclusões e raciocínios são humanos. Que essas conclusões têm razão em
declarar que é vaidade dedicar a vida às coisas terrestres.
Eclesiastes dá a impressão de ser o tipo de
livro que uma pessoa escreveria perto do final da vida, refletindo sobre as
experiências e as lições aprendidas. O pregador não se limitou a convocar uma
assembleia e fazer o discurso. O termo Koheleth também transmite a ideia de
argumentar, não tanto com os ouvintes, mas consigo mesmo. Eclesiastes é um
livro profundo. Ele é um registro da intensa busca pela satisfação da vida aqui
na terra, especialmente em vista de todas as inquietudes e aparentes absurdos
que nos rodeiam. Este livro leva em consideração as maiores respostas que a
sabedoria debaixo do sol pode produzir. Se o pregador é realmente Salomão, o
livro foi escrito de um ponto de vista privilegiado. Dono dos maiores recursos
mentais, materiais e políticos jamais combinados num único homem, ele estava
mais do que qualificado para escrever este livro.
2. O AUTOR DE ECLESIASTES:
Há
fortes evidências indicando que o autor foi Salomão. A tradição talmúdica
atribui o livro a Salomão, mas sugere que os escribas de Ezequias tenham
editado o texto (Pv 25.1). A autoria Salomônica de Eclesiastes é a posição
cristã tradicional, apesar de alguns estudiosos, apoiando a tradição talmúdica,
crerem que a obra tenha sido posteriormente editada durante o tempo de Ezequias
ou, possivelmente, Esdras.
O
nome Salomão está associado à palavra que significa “paz”, com a qual compartilha
as mesmas consoantes. Também tem ligação com o nome da cidade de Davi,
Jerusalém, com a qual também compartilha três consoantes. Essas duas
identificações lembram as caracterísiticas desse rei de Israel e de Judá que
são mais bem conhecidas: um reino pacífico presidido por um monarca
mundialmente famoso por sua sabedoria em manter tal estado de paz; e uma cidade
próspera que atraía a riqueza e o poder de todas as nações.
O
autor chama a si mesmo de “filho de Davi, rei em Jerusalém”, em (1.1, 12).
Salomão era descendente de Davi melhor preparado para a busca descrita no
livro. Ele foi o homem mais sábio que já ensinou em Jerusalém (1.16; 1Rs
4.29-30).
A descrição da busca do Qoheleth por prazer
(2.1-3), os seus grandes feitos (2.4-6) e a sua riqueza sem igual (2.7-10)
correspondem somente ao rei Salomão. Os provérbios presentes neste livro são
similares aos encontrados no Livro de Provérbios (Ec. 7.10). De aocrdo com
12.9, o Qoheleth reuniu e ordenou muitos provérbios, sendo isto, talvez, uma
referência às duas coletâneas Salomônicas de Provérbios. A unidade de autoria
de Eclesiastes é apoiada por sete referências ao Qoheleth.
É
importante lembrar que Salomão reinou sobre uma grande nação, o que requeria um
exército efetivo numeroso e vários órgãos governamentais. Realizou diversos
projetos caros de construção e viveu numa corte repleta de luxo e ostentação
(1Rs 9:10-28 e 10:1ss; 2Cr1:13-17). Alguém precisava administrar todo esse
esplendor nacional e pagar por tudo isso!
Salomão resolveu o problema desconsiderando as
fronteiras originais entre as doze tribos de Israel e dividindo o país em doze
“distritos tributáveis”, cada um deles administrado por um governador (1Rs
4:7-19). Com o tempo, esses sistema tornou-se opressivo e corrupto, e, depois
da morte de Salomão, o povo implorou alívio (2Cr 10). Ao estudar Eclesiastes,
pode-se sentir esse contexto de exploração e de opressão. A maior demonstração
de sabedoria de Salomão foi a construção do Templo do Senhor Deus de Israel.
(1Rs 5 a 7) contém os detalhes das negociações, dos preparativos, do início e
fim da obra. A sua inauguração foi celebrada com a introdução da Arca da
Aliança na parte Santíssima da estrutura (1Rs 8. 1-11). Esse ato foi seguido
pela bênção de Salomão sobre o povo e sua oração dedicatória, onde falou das
promessas que Deus fizera a Davi, seu pai, e intercedeu pelo bem-estar do povo
e da terra (1Rs 8. 12-66).
O rei
escreveu Provérbios do ponto de vista de um mestre sábio (1:1-6) e Cantares do
ponto de vista de um amante real (3:7-11), mas ao escrever Eclesiastes, chamou
a si mesmo de “o Pregador” (1:1,2,12; 7:27; 12.8-10). Eclesiastes dá a
impressão de ser o tipo de livro que uma pessoa escreveria perto do final da
vida, refletindo sobre as experiências e as lições aprendidas.
3. ÉPOCA DE ECLESIASTES:
Alguns
estudiosos argumentam que as formas literárias de Eclesiastes são pósexílicas;
mas elas são, de fato, únicas e não podem ser usadas para a datação do livro. A
frase “todos os que houve antes de mim, em Jerusalém”, em (1.16), tem sido
usada para sugerir uma data posterior ao tempo de Salomão, mas realmente
existiriam muitos reis e sábios em Jerusalém antes do tempo de Salomão. Além
disso, Salomão foi o único filho de Davi que reinou em Jerusalém (1.12).
Eclesiastes
foi escrito, provavelmente, no final da vida de Salomão, por volta de 935 a.C.
Assim, a grande glória que Salomão experimentou no início do seu reinado já
havia começado a diminuir. A separação de Israel em dois reinos aconteceria em
breve. A tradição judaica afirma que Salomão escreveu o Livro de Cantares em
sua mocidade, Provérbios na meia-idade e Eclesiastes na velhice.
Este
livro pode ser a expressão do seu arrependimento pelo tempo perdido na
carnalidade e idolatria (1Rs 11). Não há outras referências a acontecimentos
históricos, excetos os aspectos pessoais da vida do Qoheleth. O local é
Jerusalém (1.1,12,16), centro do governo e da autoridade em Israel. 4. CONTEÚDO:
Eclesiastes retrata, convincentemente, o vazio
e a perplexidade da vida sem um relacionamento com o Senhor. Cada ser humano
tem a eternidade em seu coração (3.11), e somente Cristo pode dar a verdadeira
satisfação, alegria e sabedoria. Os maiores bens do ser humano são encontrados
somente no “único Pastor” (12.11), o qual oferece vida em abundância (Jo
10.9-10). Este livro relata os resultados de uma busca diligente pelo
propósito, sentido e satisfação humana. O Pregador vê de um modo tocante o
vazio e a futilidade do poder, da popularidade, do prestígio e do prazer longe
de Deus. A palavra “vaidade” aparece 35 vezes no livro para expressar as muitas
coisas qua não podem ser compreendidas na vida.
Todas as metas e ambições terrenas, quando
apresentam fim em si mesmas, levam à insatisfação e à frustração. A vida
“debaixo do sol” (expressão usada 27 vezes) parece estar repleta de
inquietações, incertezas, mudanças de sorte e violações de justiça. Mas
Eclesiastes não oferece como resposta o ateísmo ou o ceticismo: há referências
a Deus por toda a parte.
O
termo hebraico “yitron”, que costuma ser traduzido por “proveito” ou
“vantagem”, é usado dez vezes em Eclesiastes (1:3, 2:11, 13). Esse termo não é
usado em nenhuma outra parte do Antigo Testamento e significa, em geral,
“aquilo que resta”. Pode ser traduzido por “excelente, vantagem ou ganho.” Esse
termo é exatamente o oposto de vaidade.
É
registrado neste livro o pensamento dos homens, bem como de toda religião
natural que já foi descoberta e que trata do sentido ou propósito da vida.
Eclesiastes não contribui senão indiretamente para o desenvolvimento do
propósito histórico de Deus no Antigo Testamento, pois não contém história em
si. O livro serve, todavia, para retratar o fato do decreto da permissão do mal
e a tentativa freqüente do homem, como indivíduo, em resolver e explicar tal
problema.
A
teodicéia de Eclesiastes consiste em demonstrar a impossibilidade humana de
resolver o problema e a necessidade de viver na fé em um universo, onde o
Criador determinou que o mal exista até o dia em que Ele vai julgar os justos e
os ímpios (3.17).
No
terceiro capítulo narra-se que há tempo para tudo! Não é preciso ser filósofo
para saber que o “tempo e as estações” são uma parte normal da vida onde quer
que a pessoa se encontre. Não apenas este mundo possui tempos e estações, como
também há uma providência que prevalece em nossa vida. Em (3: 9-14) o Pregador
muda o seu enfoque e deixa de olhar para a vida somente “debaixo do sol.”
Considera-se, então, uma nova perspectiva ao se adquirir a presença de Deus
O capítulo 4 retrata sobre os males e as
tribulações da vida. Pode-se com vantagem constratar o pessimismo de Salomão, o
homem mais sábio e rico do seu tempo, com a satisfação do mais humilde crente
que na sua simplicidade vive cada dia confiando na graça divina, e “em tudo dá
graças”, porque conta haver algum lucro espiritual, mesmo no meio de prejuízos
materiais.
No
capítulo 5 é narrado vários conselhos práticos sobre o procedimento na casa de
oração. Convém “guardar o pé”, andar prudentemente, com respeito e reverência.
Convém “chegar para ouvir”, porque Deus pode falar-nos mediante o sentido de
algum hino, ou pelo ministério que Ele dá para a edificação da sua Igreja. Não
abrir a boca precipitadamente, lembrando que na casa de oração fala-se “diante
de Deus.”
Uma
série de lições práticas sobre sabedoria é dada em (7.1–9,12). Leviandade e
busca de prazer são vistas como superficiais e tolas: é melhor ter uma sóbria
profundiade de pensamento. A sabedoria e o autocontrole dão perspectivas e
forças para lidar com a vida. Além disso, é descrito que o pecado invade todos
os seres humanos, e a sabedoria se perde pelo mal e pela morte.
Confessar a ignorância é o primeiro passo para
o verdadeiro conhecimento. “Se alguém julga saber alguma coisa, com efeito, não
aprendeu ainda como convém saber.” Em vez de rejeitar a sabedoria, o rei
conclui que ela é importante para a pessoa que deseja aproveitar a vida da
melhor maneira possível. Apesar de a sabedoria não poder explicar todos os
mistérios nem resolver todos os problemas, pode nos ajudar a usar de
discernimento em nossas decisões. “Porque para todo o propósito há tempo e
modo” (8:6), e a pessoa sábia conhece. Nesse âmbito, as pessoas bem sucedidas
sabem como aproveitar ao máximo o tempo e o modo (8:5).
A
incerteza da vida e a certeza da sepultura mostram que nem sempre é possível
compreender os propósitos e caminhos de Deus. Portanto, deve-se aproveitar as
oportunidades enquanto existem, pois a sorte pode mudar repentinamente.
Observações sobre a sabedoria e a insensatez são encontradas em (9.13; 11.6).
A sabedoria, o mais poderoso recurso
humano, é constratada com a palavra e o esforço de sentido dos tolos. Em vista
da imprevisibilidade das circunstâncias da vida, a sabedoria é o melhor caminho
a ser seguido, com o objetivo de minimizar a aflição e o infortúnio. A
sabedoria requer disciplina e diligência.
O
capítulo 10 evidencia que a loucura é a causa de muitas desgraças. Antes de
concluir a mensagem, Salomão considerou que seria prudente lembrar seus
ouvintes, mais uma vez, da importância da sabedoria e do perigo da insensatez.
Por que uma pessoa é sábia e a outra não? Tudo depende da disposição do coração
(10.2). Salomão não está se referindo a um órgão físico - o qual não possui
relação com a sabedoria – mas sim, ao cerne da vida humana, ao “controle geral”
dentro de nós que governa as “fontes da vida” (Pv 4:23).
A oração: “lança o teu pão sobre as águas”,
no capítulo 11, pode ser parafraseada como “Envia os teus cereais nos navios.”
O próprio Salomão estava envolvido em vários tipos de transação comercial, de
modo que é natural que usasse tal ilustração (1Rs 10: 15, 22). Levaria meses
para os navios voltarem com suas cargas preciosas, mas quando chegassem, a fé e
a paciência do comerciante seriam recompensadas. O versículo 2 indica que ele
distribuía sua riqueza em vários investimentos, não apenas em um único negócio.
Afinal, a fé verdadeira não é sinônimo de presunção.
O
capítulo 12 pinta um quadro de velhice. A alegoria fala de nosso espírito,
alma, sentidos e provações. Os versículos 3 a 7 oferecem uma das descrições
mais imaginativas da velhice e da morte em toda literatura. Os estudiosos não
apresentam um consenso quanto aos detalhes, mas a maioria deles considera essa
passagem um retrato de uma casa caindo aos pedaços e que, por fim, se
transforma em pó. A vida é uma escola e devemos aprender as devidas lições (12.
9-12). Pela última vez em seu discurso, o Pregador diz: “vaidade de vaidade (…)
tudo é vaidade.” O livro encerra onde começou (1:2), enfatizando a futilidade
da vida sem Deus.
Ao final do livro de Eclesiastes, o pregador
olha para a vida através de “binóculos.” E olhando pela ótica do homem natural,
que somente vê a vida “debaixo do sol”, a conclusão é: “é tudo vaidade.” Todas
as atividades da vida, embora prazerosas por algum instante, tornam-se fúteis e
sem propósito quando se tornam um fim em si mesmas.
O pregador demonstra, cuidadosamente, esta
última visão através de uma grande lista de suas próprias buscas pessoais na
vida. Nenhuma quantidade de atividades ou posses satisfez o desejo do seu
coração. Todas as receitas humanas para a felicidade resultaram no mesmo gosto
amargo. Somente quando o pregador passa ver a vida pela perspectiva “acima do
sol” divina é que ele assume o significado de um dom precioso que “vem da mão
de Deus” (2.24).
Infelizmente, Salomão não viveu de acordo
com os próprios ideais. Deixou de lado os padrões de Deus para o casamento e
permitiu que suas muitas esposas o seduzissem para longe do Senhor (1Rs
11:1-8).
5. CONCLUSÃO:
A razão do livro é apresentada na forma de
uma bela conclusão que não apenas dá pleno sentido a toda a obra, como também
demonstra que a aplicação do seu ensino é fundamental ao servo de Deus. Para
tanto, o parágrafo final do livro exige dos leitores o temor a Deus, manifesto
em obediência e baseado no juízo futuro, tornando possível o verdadeiro
desfrute da vida.
Além
de ser sábio, o Pregador também transmitiu conhecimento ao povo. Assim, um dos
propósitos do Pregador é se apresentar como um “sábio”, não porque isso não
seja possível de perceber por meio das reflexões e conselhos que deu ao longo
do livro, mas por causa da postura defensiva comum assumida por leitores e
ouvintes que recebem uma exortação que tem o objetivo e o potencial de lhes
corrigir os erros e transformar seu procedimento.
Uma das ações defensivas frequentes de quem
é impactado por tal mensagem e não quer lhe atender é desqualificar aquele que
faz a exortação, como se ele não tivesse capacidade de falar de coisas tão profundas,
tudo isso para se isentar de obedecer aos conselhos. Mas o Pregador lembra quem
ele é, além de informar seu esforço em transmitir um pouco da sua sabedoria.
Desse
modo, podemos perceber que o propósito do livro de Eclesiastes não é levar os
leitores ao desespero, mas pastoreá-los e conduzi-los à presença de Deus,
corrigindo seus erros. Como Saulo de Tarso, podemos “recalcitrar contra os
aguilhões”, lutando contra eles até acabarmos machucados, mas somos gratos pela
dor temporal quando nos encontramos na segurança do aprisco de Deus.
Sem
mais rodeios, Salomão vai ao ponto pelo qual escreveu todo o livro: “A
conclusão de tudo que você ouviu é: teme a Deus e guarde seus mandamentos, pois
isso deve ser feito por toda a humanidade”. Depois de tanto versar sobre
assuntos complexos e profundos, a conclusão que o escritor oferece é que o
segredo da vida é adorar e obedecer a Deus. Não se trata de um relacionamento
cujos moldes são escolhidos e determinados pelos homens, mas pelo próprio
Senhor, razão pela qual ele deve ser temido, em reverência e adoração, e também
obedecido, em fidelidade e sujeição.
Referências
Bibliográficas:
- A
Bíblia explicada / S. E. McNair. - Rio de Janeiro: CPAD – 1983.;
- Comentário Bíblico Expositivo:
AT – Volume III, Poéticos / Warren W. Wiersbe – Santo André, SP: Geografica editora, 2006; - Bíblia de Estudos Profecias – Silva Emirson Justino e Maria Luisa Costa Cisterna, Barueri, SP: Sociedade Bíblica do Brasil, 2010; - Guia de Willmington para a Bíblia: Método Cronológico – Rio de Janeiro, RJ: Editora Central Gospel. 2015.
“Deus te abençoe sempre!”
O
Livro de ECLESIASTES
ou
O PREGADOR
Introdução
A.
Nome
No
versículo inicial de Eclesiastes, o autor se identifica como
"pregador" (qoheleth). A palavra vem de uma raiz que significa
"reunir", e, assim, provavelmente indica alguém que reúne uma
assembléia para ouvi-lo falar, portanto, um orador ou pregador. A Septuaginta
usou o termo grego Ecclesiastes, que as traduções em inglês e português transpuseram
como o nome do livro. O termo designa "um membro da eeclesia, a assembléia
dos cidadãos na Grécia". Já no início da era cristã, ecclesiaera o termo
usado para se referir à Igreja.
B. Autoria
Quem
era Qoheleth? A linguagem de 1.1 e a descrição do capítulo 2 parecem indicar o
rei Salomão. A autoria salomônica foi aceita tanto pela tradição judaica como
pela tradição cristã até épocas relativamente recentes. Martinho Lutero parece
ter sido o primeiro a negar isso, e provavelmente a maioria dos estudiosos da
Bíblia concordaria com ele. Purkiser escreveu:
No primeiro versículo, o livro é atribuído
ao "filho de Davi, rei em Jerusalém" [...] Entretanto, em 1.12 diz:
"Eu, o pregador, fui rei sobre Israel em Jerusalém". Claramente,
nunca houve época alguma na vida de Salomão em que ele pudesse se referir ao
seu reino no pretérito. Em 2.4-11 também são descritos os feitos do reinado de
Salomão como algo que já era passado no tempo em que foi escrito. Novamente, em
1.16 o autor diz: "e sobrepujei em sabedoria a todos os que houve antes de
mim, em Jerusalém". O mesmo pensamento se repete em 2.7. No caso de
Salomão, apenas Davi precedeu Salomão como rei em Jerusalém. Mais uma vez
devemos lembrar que os judeus usavam o termo "filho" para qualquer
descendente; assim, Jesus também é descrito como o "filho de Davi".
' Entre os estudiosos mais recentes e
conservadores, Young escreve: "O autor do livro foi alguém que viveu no
período pós-exílico e colocou suas palavras na boca de Salomão, assim
empregando um artifício literário para transmitir sua mensagem"? Hendry
considera a autoria não-salomônica uma questão tão fechada que ele não a
discute em sua introdução.' Aqueles que rejeitam a Salomão como o autor
normalmente datam o livro entre 400 e 200 a.C., alguns ainda mais tarde.
O argumento aparentemente mais forte contra
a autoria salomônica é a presença de palavras aramaicas no texto que não
parecem ter sido usadas no tempo de Salomão. Archer, entretanto, argumenta
contra a validade dessa evidência, declarando que "o livro de Eclesiastes
não se encaixa em nenhum período na história da língua hebraica [...] não
existe no momento nenhum fundamento concreto para datar esse livro com base em
aspectos lingüísticos (embora não seja mais estranho ao hebraico do século X do
que é para o hebraico do século V ou do século II)."4
Se
Salomão não é o autor, precisamos no mínimo dizer que muito do livro reflete
sua vida e suas experiências.
C.
INTERPRETAÇÃO
Como
devemos interpretar a mensagem deste livro? O leitor logo fica impressionado
por pontos de vista evidentemente contraditórios. Uma teoria persistente
defende que o livro é um diálogo com perspectivas contraditórias apresentadas
por personagens diferentes. Se este ponto de vista for aceito, a expressão
freqüentemente repetida "vaidade de vaidades" seria o veredicto do
autor num panorama que se restringe apenas ao mundo presente. Outra abordagem
favorita tem sido associar a perspectiva consistentemente pessimista ao autor
inicial e explicar pontos de vista contraditórios como inserções de autores
posteriores que tentaram corrigir afirmações exageradas com o propósito de
tornar o livro mais coerente com os ensinamentos religiosos em vigor na época.
O
livro de fato apresenta oscilações entre confiança e pessimismo. Mas elas não
precisam nos instigar a abandonar a convicção na unidade e integridade de
Eclesiastes. Tais oscilações não seriam uma conseqüência natural da luta entre
a fé, por um lado, e os interesses pelos assuntos mundanos, por outro, tanto no
coração do próprio Salomão como na vida centrada na terra que o livro retrata?
Barton escreve: "Quando um homem contemporâneo percebe quantos conceitos
diferentes e estados de humor ele pode ter, descobre menos autores em um livro
como Qoheleth".5
Se
este livro representa a luta de uma alma com dúvidas sombrias, também revela o
comportamento de um homem que notou o lado positivo das coisas. Apesar de sua
atitude pessimista, a vida é tão preciosa quanto um "copo de ouro"
(12.6), e a resposta final ao sentido da vida é: "Teme a Deus e guarda os
seus mandamentos" (12.13).
D.
ORGANIZAÇÃO
Eclesiastes não é um livro racional ou
organizado de maneira lógica. É como um diário no qual um homem registrou suas
impressões de tempos em tempos. Muitas vezes ele prefere expressar sentimentos
do momento e reações emocionais a apresentar uma filosofia equilibrada sobre a
vida. Geralmente o estado de espírito é de ceticismo, mas ainda assim Peterson
escreve: "Teria sido uma desgraça e uma grande pena se um livro que foi
escrito para ser a Bíblia de todos os homens não se referisse ou deixasse de
lidar com o espírito de ceticismo que é comum a todos os homens".6 A
estrutura do livro faz dele um livro tão difícil de esboçar que muitos
comentaristas nem tentam identificar um padrão lógico.
No
esboço aqui apresentado, o autor foi influenciado por Archer7 mais do que por
qualquer outro autor. Às vezes o leitor cuidadoso irá perceber que um destaque
aponta para um pensamento significativo daquela seção mais do que para um
resumo de tudo que está ali.
Embora
ocasionalmente os parágrafos estejam relacionados apenas vagamente entre si,
todos eles estão relacionados ao tema do livro — talvez isso só seja verdade
porque esse tema é tão amplo quanto a própria vida!
Esboço
I. A BUSCA PELO
SENTIDO DA VIDA, 1.1-2.26
A.
Introdução, 1.1-11
B.
A Futilidade das Experiências Humanas, 1.12-2.26
II. APRENDENDO A
LIDAR COM A VIDA, 3.1-5.20
A.
Poema de um Mundo Bem Ordenado, 3.1-8
B.
Frustração e Fé, 3.9-15
C.
O Problema do Mal Moral, 3.16-22
D.
As Desilusões da Vida, 4.1-16
E.
Adorando a Deus da Maneira Correta, 5.1-7
F.
Ajustando Problemas Financeiros, 5.8-20
III. NÃO HÁ
SATISFAÇÃO EM BENS TERRENOS, 6.1-8.17
A.
Frustrações da Riqueza e da Família, 6.1-12
B.
Sabedoria Prática em um Mundo Pecaminoso, 7.1-29
C.
Aprendendo a Lidar com um Mundo Imperfeito, 8.1-17
IV. As
INJUSTIÇAS DA VIDA NAS MÃOS DE DEUS, 9.1-10.20
A.
Pensamentos a Respeito da Morte, 9.1-18
B.
Sabedoria e Tolice, 10.1-20
V. COMO MELHOR
INVESTIR NA VIDA, 11.1-8
A.
Seja Generoso, 11.1-3
B.
Seja Diligente no Trabalho, 11.4-6
C.
Seja Alegre, 11.7-8
VI. VENDO A VIDA
POR COMPLETO, 11.9-12.14
A.
A Vida Terrena em Perspectiva, 11.9-12.8
B.
A Vida à Luz da Eternidade, 12.9-14
LIÇÕES DA PALAVRA DE DEUS N.o 45 (LIVROS
POÉTICOS)
LIÇÃO 12 – LIVRO DE ECLESIASTES: POESIA
DIDÁTICA
Texto Bíblico Básico: Ec 1:1-10,15
Texto Áureo: Ec 9:2
1 – INTRODUÇÃO
Não
é preciso sair da Bíblia para encontrar a filosofia meramente humana da vida.
Deus nos deu no Livro de Eclesiaste o registro de tudo o que o pensamento
humano e a religião natural já conseguiram descobrir a respeito do significado
e do
objetivo da vida.
Vaidade
é a palavra-chave. Veja Ec 2:11.
2 – GÊNERO LITERÁRIO
Eclesiastes
é uma amostra israelita de um gênero literário utilizado no Antigo Oriente
(entre o 3000 a.C. e o 2000 a.C.) conhecida como literatura sapiencial, ao qual
podemos incluir enigmas, coleções de provérbios, e ensaios refletivos.
Em
Israel, as técnicas dos escritores sapienciais eram conhecidas e usadas desde
os primórdios. As fábulas de Jotão (Jz 9:7-15), o enigma de Sansão (Jz
14:12-20), os epigramas concernentes a Saul (1 Sm 10:12) e Davi (1 Sm 18:7), o
“provérbio
dos antigos” (1 Sm 24:13), a parábola de Natã (2 Sm 12:1-4) e a mulher de Tecoa
(2 Sm 14:5-33), tudo isto reflete a arte do sábio. Contudo, foi Salomão quem
deu maior ímpeto à sabedoria de Israel (1 Rs 2:6; 3:28; 4:29-34;
5:7,
12; 10:1-13; 11:41; 2 Cr 1:7-12; 9:1-12). De toda a produção literária de
Salomão subsistem apenas os Provérbios
(em
parte), possivelmente Cantares de Salomão e, provavelmente, Salmos 72 e 127.
O
tipo especial de sabedoria constante em Eclesiastes pode ser chamada de
literatura pessimista, que é caracterizada pela reflexão sobre o sentido da
vida após longos anos de experiência. Em toda a Bíblia, este estilo literário
somente é encontrado neste livro. No entanto, podem ser encontradas em outras
literaturas:
a) O
Homem Que Estava Cansado da Vida, obra egípcia, escrita entre 2300 e 2100 a.C.,
em que um homem discutia com sua própria alma sobre se a vida era digna de ser
vivida, ou se o suicídio era o único ato lógico.
b)
Cântico do Harpista, obra egípcia escrita em 2100 a.C., mostra um harpista cego
triste diante de um túmulo, que aconselha a calma e a procura da felicidade nas
pequenas coisas da vida diária.
c)
Conselhos de um Pessimista, obra babilônica escrita entre os séculos XIX e VII
a.C., mostrando que nada que o homem faça dura para sempre.
d)
Diálogo do Pessimismo, obra babilônica de cerca de 1300 a.C., em que um nobre
planeja fazer isto e aquilo e depois desiste, mas seu servo lhe dá razões pró
ou contra. Finalmente, o servo toma a iniciativa e declara que o suicídio é o único
fim razoável.
Eclesiastes
segue esta tradição e concorda com muitas de suas conclusões. Limite-se a este
mundo e seus recursos, apenas, diz o Pregador, e todas as conclusões do
pessimismo se tornam realidade em sua vida. O mundo é inteiramente destituído
de sentido; os bons e os maus morrem igualmente; o curso do mundo é
inescrutável e fútil; o homem sábio aprende mais atendendo a um funeral do que
a uma festa.
Assim,
podemos entender que os argumentos do livro não são os argumentos de Deus e sim
os registros de Deus dos argumentos do homem. Isso explica por que certas
passagens deste livro estão em desacordo com o restante da Bíblia
(por
exemplo: 1:15; 2:24; 3:3,4,8,11,19,20; 8:15).
3 – AUTORIA
O
autor é Salomão, mas não é um consenso entre os estudiosos, uma vez que em 1:1
ele se apresenta como o “Pregador”. Mas podemos ter várias comprovações de sua
autoria: 1:1 1:12, 7.23; 12:9.
Salomão
foi considerado o rei mais sábio de todos os tempos (1 Rs 4:29-33). Ao pedir a
Deus sabedoria (1 Rs 3:9),
Salomão
estava preocupado em como iria administrar o reino de Israel. Note que ele
mesmo reconheceu que o povo de Israel foi eleito por Ele (1 Rs 3:8). Desta
forma, Deus não deu somente sabedoria, mas também riquezas e glória (1 Rs
3:13). Inicialmente, Salomão utilizou a sua sabedoria como uma forma de
demonstrar aos povos quem é o Deus de Israel (1 Rs 5:7; 10:1). Com o passar dos
anos, entretanto, abusou de sua própria sabedoria, do seu poder e das suas
riquezas, transformando-se em um déspota e se afastando dos caminhos do SENHOR.
O resultado foi a divisão do reino de Israel e o início de queda espiritual de
todo o povo, resultando mais tarde no cativeiro.
4 – CITAÇÕES NO NOVO TESTAMENTO
O
Pregador nunca é mencionado no Novo Testamento; mas Romano 8:20, abordando o
assunto da criação até a vaidade, pode ter seu tema como base; e a parábola que
Jesus contou sobre o rico tolo (Lc 12:16-21) está relacionada à sentença final
de Eclesiastes (Ec 12:14)
5 – TEMA
O
pensamento destes doze capítulos dá voltas, sobe e desce. Às vezes, parece
pessimista, às vezes otimista. Embora Deus seja mencionado vinte vezes, vinte e
sete fatos preocupam o autor, trazendo quatro problemas principais: a vida é
injusta (2:12-26); o mundo é impenetrável (8:7); o futuro é incerto
(11:2,6,8-10); a morte é obscura (9:4-6,10).
Contudo,
parece haver uma progressão nos capítulos 1-12 de uma ênfase sobre a vaidade, a
uma ênfase sobre a sabedoria e ser sábio.
O
texto “Vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (1:2; 12:8), é verdadeiro para o
humanismo realista. A vida sem Deus não tem significado real. O secularismo não
pode trazer uma satisfação duradoura. A fé, entretanto, abraça o governo divino.
Resumindo: “Afasta, pois, a ira do teu coração e remove da tua carne o mal,
porque a adolescência e a juventude são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos
dias da tua mocidade...” (11:10-12:1).
6 – CONCLUSÃO
A mensagem do Pregador não é completa, visto ter vivido antes da luz completa do evangelho de Jesus Cristo. Ele viu as coisas “bem de longe”, e deixa-nos com algumas perguntas. Como Deus pode nos aceitar dessa maneira? Qual é a explicação para a horrorosa confusão que é este mundo? Em que base podemos firmar nossa confiança em que haverá um julgamento futuro que endireitará tudo? Será que não falta um elo em tudo isso? O elo perdido é Jesus Cristo, o Filho de Deus. É em Cristo, o Salvador, Quem carregou nossos pecados, que Deus nos diz: “... Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo... Deus estava em Cristo reconciliando consigo mundo...” (2 Co 5:18-19). Deus estabeleceu um determinado dia em que julgará o mundo com justiça, pelo Homem que Ele enviou. Deu provas disto a todos os homens quando O levantou dentre os mortos (At 17:31).
A Paz do Senhor!
Pb. Evandro Paulo de Oliveira
Eclesiastes
A vida sem Deus
TÍTULO
O título “Eclesiastes” tem sua origem nas
traduções grega e latina do livro de Salomão. A Septuaginta usou o termo grego
ekklesiastes para seu título, que significa “pregador”, derivado da palavra
ekklesia, traduzido no NT por “assembleia” ou “congregação”. Tanto a versão
grega como a latina tiraram seus títulos do título em hebraico Qoheleth, que
significa “alguém que chama ou reúne” o povo. O título se refere àquele que se
dirige à assembleia; portanto, o pregador (cf. 1:1-2,12; 7:27; 12:8-10).
Juntamente com Rute, Cântico dos Cânticos, Ester e Lamentações, Eclesiastes faz
parte dos livros que compõem o Megilote do AT, ou “cinco rolos”. Mais tarde, os
rabinos leriam esses livros na sinagoga nas cinco ocasiões especiais durante o
ano, sendo que Eclesiastes era lido no Pentecoste.
AUTOR E DATA
O
perfil autobiográfico do escritor do livro aponta de modo inequívoco para
Salomão. As evidências são muitas, tal como: (1) os títulos indicam Salomão,
“filho de Davi, rei em Jerusalém” (1:1) e “rei de Israel em Jerusalém” (1:12);
(2) a odisseia moral do autor narra a vida de Salomão (1Rs 2—11); (3) o papel
daquele que “ensinou conhecimento ao povo” e escreveu “muitos provérbios”
(12:9) corresponde à sua vida. Tudo isso aponta para Salomão, o filho de Davi,
como o autor.
Uma vez
que Salomão é aceito como autor, a data e a ocasião ficam claras.
Provavelmente, ele escreveu Eclesiastes nos últimos de sua vida (num período
não posterior a 931 a.C.), com a principal intenção de advertir os jovens de
seu reino, sem omitir os demais. Ele os alertou para que evitassem viver
segundo o caminho da sabedoria humana e os exortou a viverem de acordo com a
sabedoria de Deus revelada (12:9-14).
CENÁRIO
E CONTEXTO
A reputação desfrutada por Salomão, de que era
dotado de uma sabedoria extraordinária, se encaixa no perfil de Eclesiastes.
Davi reconheceu a sabedoria de seu filho (1Rs 2:6,9) antes que Deus desse a
Salomão uma porção adicional. Depois de ter recebido “um coração cheio de
discernimento” do Senhor (1Rs 3:7-12), Salomão ganhou fama por conta de sua
grande sabedoria para tomar decisões sensatas (1Rs 3:16-18), uma reputação que
atraía “homens de todas as nações” à sua corte (1Rs 4:34). Além disso, compôs
cânticos e provérbios (1Rs 4:32; cf. 12:9), uma atividade que cabia apenas aos
maiores sábios. A sabedoria de Salomão era, como a riqueza de Jó, “maior do que
a de todos os homens do oriente” (1Rs 4:30; Jó 1:3).
Eclesiastes se aplica a todos os que possam
tomar conhecimento e se beneficiar, não tanto das experiências de Salomão, mas
dos princípios que ele extraiu dessas experiências. O objetivo do livro é
responder a algumas das mais desafiadoras questões da vida, particularmente
aquelas que pareciam contrárias às expectativas de Salomão. Essa característica
tem levado alguns estudiosos a concluir de modo equivocado que Eclesiastes é um
livro de ceticismo. Porém, apesar de seu comportamento e modo de pensar
absurdamente insensatos, Salomão nunca abandonou a fé em Deus (12:13- 14).
PALAVRAS-CHAVE
Inutilidade (ou “vaidade”): em hebraico,
hebel — 1:2; 2:1; 4:4; 6:2,11; 7:15; 8:14; 9:9 —, basicamente, significa
“neblina” ou “respiração”, tal como o vapor da respiração quente de uma pessoa
que rapidamente se dissipa no ar frio. Com essa palavra, o pregador descreveu a
busca por prazeres mundanos, por exemplo, riqueza, honra, fama e outros,
semelhante a correr atrás do vento (2:17). Absurda e inútil. Jeremias usou essa
mesma palavra para denunciar a idolatria como inútil (Jr 18:15) e Jó a usou
para lamentar a brevidade ou falta de sentido da vida humana (Jó 7:16). Mas o
pregador de Eclesiastes usou essa palavra mais do que qualquer outro autor do
AT. Segundo ele, tudo na vida é uma grande inutilidade, a menos que uma pessoa
reconheça que tudo vem das mãos do Senhor (2:24-26).
Trabalho: em hebraico, ’amal — 1:3; 2:10,21;
3:13; 4:8; 5:19; 6:7; 10:15 —, em geral, significa “laborar” ou trabalhar por
ganhos materiais (Sl 127:1; Pv 16:26). Outros significados são “dificuldade” ou
“males” (veja Jó 3:10). O esforço exigido para o trabalho e a realização humana
produz “males” e “dificuldade” no sentido de que as necessidades mais profundas
da alma humana jamais podem ser satisfeitas (6:7). Porém, quando os cristãos
reconhecem que o trabalho é um dom de Deus, ele pode se tornar uma alegria
(5:18-20). Nosso trabalho faz parte do plano de Deus para estabelecer seu reino
eterno. Nesse sentido, podemos estar certos de que nosso comprometimento fiel
com nosso trabalho terá consequências e trará recompensas eternas (veja 1Co
3:8,14; 15:58).
PRINCIPAL PERSONAGEM
Salomão — rei de Israel; Deus satisfez o
desejo de Salomão por sabedoria e ele se tornou a pessoa mais sábia que já
viveu (Ec 1:1— 12:14).
TEMAS
HISTÓRICOS E TEOLÓGICOS
Como
acontece na maioria dos livros de sabedoria, há pouca narrativa histórica em
Eclesiastes além da peregrinação pessoal de Salomão. O sábio real estudou a
vida com grande expectativa, mas repetidamente lamentou suas imperfeições, que
reconheceu serem decorrentes da maldição (Gn 3:14-19). Eclesiastes representa a
dolorosa autobiografia de Salomão que, na maior parte de sua vida, foi pródigo
com as bênçãos recebidas mais para seu próprio prazer do que para a glória de
Deus. Ele escreveu com a intenção de alertar as gerações futuras a não
cometerem o mesmo erro trágico, e fez isso de modo muito semelhante ao que
Paulo escreveu aos coríntios (cf. 1Co 1:18-31; 2:13- 16).
A palavra-chave é “inutilidade” (ou vaidade),
que expressa a tentativa inútil de obter satisfação à parte de Deus. Essa
palavra é empregada 37 vezes para expressar as muitas coisas que são difíceis
de entender a respeito da vida. Todos os objetivos e ambições terrenos, quando
perseguidos como um fim em si mesmos, só produzem o vazio. Paulo provavelmente
estava ecoando a insatisfação de Salomão quando escreveu: “[a natureza criada]
foi submetida à inutilidade” (a “vaidade” de Salomão; Rm 8:19-21). A
experiência de Salomão com os efeitos da maldição (veja Gn 3:17-19) o levou a
ver a vida como “correr atrás do vento”.
Salomão questionou “O que o homem ganha com todo
o seu trabalho?” (1:3), uma pergunta que ele repetiu em 2:22 e 3:9. O sábio rei
empregou considerável porção do livro para tratar desse dilema. A
impossibilidade de compreender o funcionamento da criação e a providência
divina em sua vida pessoal também perturbaram profundamente o rei, do mesmo
modo que perturbaram Jó. Mas a realidade de que todos serão julgados diante de
Deus, apesar de tantas incógnitas, emerge como a grande certeza. À luz desse
julgamento por Deus, a única vida realizada será a daquele que verdadeiramente
o reconheceu e o serviu. Qualquer outro tipo de vida é frustrante e sem
propósito.
O
equilíbrio apropriado entre o destacado tema do “desfrute a vida” com o do
“julgamento divino” prende o leitor ao Deus de Salomão com o perfeito acorde da
fé. Durante certo tempo, Salomão sofreu com o desequilíbrio de tentar desfrutar
da vida sem levar em conta que o medo do julgamento do Senhor o manteria no
caminho da obediência. No fim, ele veio a compreender a importância da
obediência, e os trágicos resultados da experiência pessoal de Salomão,
associados às contribuições de extraordinária sabedoria, tornam Eclesiastes um
livro pelo qual todos os cristãos podem ser advertidos e fortalecer-se na fé
(cf. 2:1-26). Ele mostra que, aquele que compreende que cada dia de vida,
trabalho e provisão básica é um presente de Deus, e aceita tudo o que Deus lhe
dá, este tem a vida plena (cf. Jo 10:10). Todavia, aquele que busca satisfação
longe de Deus viverá de maneira vã, independentemente de tudo o que conseguir
acumular.
ECLESIASTES E AS “VAIDADES”
1. Sabedoria humana 2:14-16
2.
Esforço humano 2:18-23
3.
Realização humana 2:26
4.
Vida humana 3:18-22
5.
Inveja humana 4:4
6.
Sacrifício humano egoísta 4:7-8
7.
Poder humano 4:16
8.
Cobiça humana 5:10
9.
Acumulação humana 6:1-12
10.
Religião humana 8:10-14
PRINCIPAIS DOUTRINAS
Inutilidade
(ou vaidade) da vida — a tentativa inútil de se satisfazer sem Deus
(1:2; 12:8; Gn 3:17-19; Sl 39:5-6; 62:9; 144:4; Rm 8:19-21; Tg 4:14).
O
sentido da vida
(1:3; 2:24; 3:9; 12:13-14; Is 56:12—57:2; Lc 12:19-21; Jo 10:10; 1Co 15:32; 1Tm
6:17).
Equilíbrio na vida — há tempo e
propósito para tudo (3:1—8:17; Êx 15:20; Sl 126:2; Am 5:13; Rm 12:15-16; Hb
9:27).
O temor do Senhor (12:13-14; Dt 6:2;
10:12; Mq 6:8; Mt 12:36; At 17:30-31; Rm 2:16; 1Co 4:5; 2Co 5:10).
O CARÁTER DE DEUS
Deus
é longânimo – 8:11.
Deus
é poderoso — 3:11.
CRISTO
EM ECLESIASTES
Salomão escreveu Eclesiastes como uma
advertência àqueles que tentam encontrar a alegria sem Deus. De fato, viver sem
Deus é impossível, pois ele “pôs no coração do homem o anseio pela eternidade”
(3:11). A felicidade, buscada por Salomão em experiências e na filosofia,
continuou inalcançável sem Deus. Cristo não veio ao mundo para tornar a vida
suportável aos homens, mas sim para que tenhamos vida plenamente (Jo 10:9-10).
Cristo permanece o “único Pastor” que é a fonte de toda sabedoria (12:11).
Portanto, toda busca sem Cristo é inútil.
DESAFIOS DE INTERPRETAÇÃO
A
declaração do autor de que “nada tem sentido” envolve a mensagem principal do
livro (cf. 1:2; 12:8). Ao declarar uma de suas conclusões nas primeiras linhas,
o autor de Eclesiastes desafia os leitores a prestarem atenção. A palavra
traduzida por “inutilidade” (ou vaidade) é usada pelo menos de três maneiras ao
longo do livro. Em cada caso, ela considera a natureza da atividade do homem “debaixo
do sol” como: (1) “efêmera”, que se refere à natureza transitória ou semelhante
à neblina (cf. Tg 4:14) da vida; (2) “fútil” ou “sem sentido”, que enfoca a
condição amaldiçoada do universo e seus efeitos debilitantes sobre a
experiência terrena do homem; ou (3) “incompreensível” ou “enigmática”, que
considera as questões inexplicáveis da vida. Em Eclesiastes, Salomão trata de
todos os três significados. Conquanto em cada caso o contexto determine a qual
significado Salomão está se referindo, o significado mais recorrente para
vaidade é “incompreensível” ou “inexplicável”, com relação aos propósitos de
Deus.
ESBOÇO
O livro narra as investigações e as conclusões
de Salomão a respeito da vida de trabalho do homem, que combina todas as
atividades e seus possíveis resultados, incluindo a satisfação limitada. O
papel da sabedoria em experimentar o sucesso aparece repetidas vezes,
particularmente quando Salomão precisa reconhecer que Deus não revelou todos os
detalhes. Esse fato leva Salomão à conclusão de que as questões básicas da vida
depois da queda no Éden envolvem as bênçãos divinas que devem ser desfrutadas e
o julgamento divino para o qual todos devem estar preparados.
I. Introdução (1:1-11)
A.
Título (1:1)
B.
Poema — uma vida de atividades que parece tediosa (1:2-
11)
II. A
investigação de Salomão (1:12—6:9)
A.
Introdução — o rei e sua investigação (1:12-18)
B.
A investigação da busca pelo prazer (2:1-11)
C.
A investigação da sabedoria e da loucura (2:12-17)
D.
A investigação do trabalho e dos ganhos (2:18—6:9)
1.
O homem tem de deixar seus ganhos para outros (2:18-26)
2.
O homem não consegue encontrar o momento certo de agir (3:1—4:6)
3.
O homem muitas vezes tem de trabalhar sozinho
(4:7-16)
4.
O homem pode facilmente perder tudo o que conquistou (5:1— 6:9)
III. As
conclusões de Salomão (6:10—12:8)
A.
Introdução — o problema de não saber (6:10-12)
B.
O homem nem sempre consegue descobrir qual o melhor caminho para si porque sua
sabedoria é limitada (7:1— 8:17)
1.
Sobre a prosperidade e a adversidade (7:1-14)
2.
Sobre a justiça e a perversidade (7:15-24)
3.
Sobre as mulheres e a insensatez (7:25-29)
4.
Sobre o homem sábio e o rei (8:1-17)
C.
O homem não sabe o que sucederá depois dele (9:1—11:6)
1.
Ele sabe que morrerá (9:1-4)
2.
Não tem nenhum conhecimento na sepultura (9:5- 10)
3.
Não sabe a hora da sua morte (9:11-12)
4. Não sabe o que acontecerá (9:13—10:15)
5. Não sabe o que de mal virá (10:16—11:2)
6. Não sabe o que de bom virá (11:3-6)
D. O homem deve desfrutar da vida, mas sem
pecar, pois o julgamento virá para todos (11:7—12:8)
IV. O conselho
final de Salomão (12:9-14)
ENQUANTO ISSO, EM OUTRAS PARTES DO MUNDO...
A cultura chinesa avança na
forma de sistema de escrita e técnica de pintura oriental, e teorias
matemáticas, tais como a multiplicação e a geometria são desenvolvidas.
RESPOSTAS PARA PERGUNTAS DIFÍCEIS
1. Como a declaração do autor de que “nada tem sentido”
está relacionada à mensagem do livro de Eclesiastes?
A palavra traduzida por “inutilidade” (ou
vaidade) é usada pelo menos de três maneiras ao longo do livro (veja a
discussão na seção “Desafios de interpretação”). Embora o contexto em cada uma
das 37 ocorrências de “inutilidade” ajude a determinar o significado específico
que Salomão tinha em mente, seu uso mais frequente transmitia a ideia de
“incompreensível” ou “incognoscível”. Ele estava expressando os limites humanos
quando defrontado com os mistérios dos propósitos de Deus. A conclusão final de
Salomão de “tema a Deus e obedeça aos seus mandamentos” (12:13-14) declara a
única esperança para uma vida boa e resposta razoável de fé e obediência ao
Deus soberano. Deus coordena de modo preciso todas as coisas debaixo do sol,
cada uma a seu tempo de acordo com seu plano perfeito, mas revela somente o que
sua perfeita sabedoria permite e considera que todos os homens são responsáveis
por suas atitudes, pelas quais terão de prestar contas. Aqueles que se recusam
a levar Deus e sua Palavra a sério serão condenados a uma terrível vida de
futilidade.
2. Quando o escritor de Eclesiastes encoraja seus
leitores a “desfrutar a vida”, ele tem em mente alguma condição ou precaução?
Salomão equilibrou o tema do “desfrute a vida”
com o do “julgamento divino”. Nem os melhores momentos da vida devem tirar de
uma pessoa a consciência de Deus como Provedor a quem todos terão de prestar
contas. Salomão declarou que a possibilidade de desfrutar baseava-se na fé (Ec
2:24-26).
Parte de Eclesiastes relata a experiência do
rei em sua tentativa de desfrutar a vida sem se preocupar com o julgamento de
Deus. Salomão descobriu que tal esforço era inútil e, no fim, ele compreendeu a
importância da obediência. Os trágicos resultados da experiência pessoal de
Salomão, associados às contribuições de extraordinária sabedoria, tornam
Eclesiastes um livro pelo qual todos os cristãos podem ser advertidos e
fortalecer-se na fé (2:1-26). Ele mostra que, aquele que compreende que cada
dia de vida, trabalho e provisão básica é um presente de Deus, e aceita tudo o
que Deus lhe dá, esse tem a vida plena. Mas qualquer pessoa que busca
satisfação longe de Deus viverá de maneira vã, independentemente dos sucessos
pessoais. APROFUNDAMENTO
1. Quantas buscas distintas Salomão
experimentou em Eclesiastes?
2. O que ele buscava?
3. A quais conclusões Salomão chegou a
respeito do sentido da vida?
4. Que entendimentos sobre o tempo e seus usos
nos traz o capítulo 3:1-8?
5. O
que a expressão “anseio pela eternidade” (3:11) significa em Eclesiastes?
6. De que maneiras específicas as descobertas de Salomão desafiam sua vida?
Manual bíblico MacArthur: Uma meticulosa pesquisa da Bíblia, livro a livro, elaborada por um dos maiores teólogos da atualidade
ECLESIASTES
Introdução Capítulo
1 Capítulo 4 Capítulo 7 Capítulo 10 Capítulo 2 Capítulo
5 Capítulo 8 Capítulo 11 Capítulo 3 Capítulo 6 Capítulo
9 Capítulo 12 Introdução
O
nome deste livro significa "o pregador". A sabedoria de Deus é transmitida
aqui por intermédio de Salomão, que é evidentemente o autor.Ao final de sua
vida, convencido de seu pecado e de suas atitudes néscias,ele narra neste livro
o seu arrependimento, a sua experiência para proveito do próximo; e declara que
todo o bem terreno é "vaidade e aflição de espírito". Convence-nos
sobre a vaidade do mundo, que não pode nos fazer felizes, e sobre a vileza do
pecado e sua tendência certa a tornar-nos infelizes. Mostra-nos que nenhum bem
criado pode satisfazer a alma, e a felicidade somente pode ser encontrada em
Deus; e esta doutrina deve guiar o coração até Cristo Jesus, através do
ensinamento do Espírito Santo .
Eclesiastes
1
Versículos 1-3: Salomão mostra que todas as coisas humanas são vaidade; 4-8: O esforço do homem e a falta de satisfação; 9-11: Não há coisa alguma nova; 12-18: A aflição pela procura do conhecimento
Vv.
1-3.
Há
muito para aprendermos, quando comparamos
uma parte da Escritura com outra. Aqui, devemos contemplar Salomão, queregressa
das cisternas rotas e vazias do mundo para a Fonte de água viva;ele
registra sua própria vergonha e comportamento néscio, a amargura de seu
desengano e as lições que aprendeu. Os que têm recebido a advertência de voltar
e viver, devem advertir os demais a não seguir adiante e morrer.Ele não disse
simplesmente que todas as coisas são vãs, mas que são vaidade.
VAIDADE DE VAIDADES! É TUDO VAIDADE.
Este é o
texto do sermão do pregador, o qual nunca é perdido de vista neste livro. Se
este mundo fosse definitivo em seu atual estado, não seria algo digno para que
alguém vivesse por ele; e a riqueza e o prazer deste mundo, ainda que
tivéssemos muito deles, não seriam suficientes para nos fazer felizes. Que
vantagem tem o homem de todo o seu trabalho e esforço? Tudo o que ele alcança
não satisfaz as necessidades da alma,nem atende os seus desejos; não expia os
pecados da alma, nem impede sua perda. Que proveito tem a riqueza do mundo para
a alma na morte, e o juízo na eternidade?
Vv.
4-8.
Todas
as coisas estão em constante mudança, e isto nunca cessa. O homem, depois de
todo o seu trabalho, não estará mais próximo de achar repouso do que acharia o
sol, o vento ou a corrente do rio. Sua alma não encontrará repouso, se não o
receber de Deus. Os sentidos cansam-se rapidamente; porém, ainda anelam pelo
que nãoexperimentaram.
Vv.
9-11.
Os
corações dos homens e as suas corrupções são agora os mesmos que foram em todas
as épocas anteriores; seus
desejos, buscas e queixas também são os mesmos. Isto deve nos afastar de terexpectativas
de felicidade na criatura, e vivificar-nos a que busquemos as bênçãos
eternas.Quantas coisas e pessoas da época de Salomão foram consideradas como
muito grandes; porém, agora já não há qualquer lembrança delas!
Vv.
12-18.
Salomão
provou todas as coisas e nelas encontrou vaidade. Considerou que a sua busca
por conhecimento era esgotamento,não somente para a carne, mas também para a
mente. Quanto mais contemplou as obras feitas debaixo do sol, mais percebeu a
vaidade destas; e a visão freqüentemente afligiu o seu espírito. Não podia alcançar
satisfação para si mesmo e nem para os demais, algo que ele esperava. A busca
por conhecimento e sabedoria trouxe às claras a maldade e a miséria do homem,
de modo que quanto mais sabia, mais razão encontrava para lamentar-se e
condoer-se. Aprendamos a odiar e a temer o pecado, que é a causa de toda esta
vaidade e miséria, a valorizar a Cristo e buscar repouso no conhecimento, no
amor e no serviço do Salvador.
Eclesiastes
2
Versículos 1-11: A vaidade e a aflição da alegria, do prazer sensual,das riquezas e da pompa; 12-17: A sabedoria humana é insuficiente; 18-26. Este mundo deve ser utilizado de acordo com a vontade de Deus
Vv.
1-11.
Salomão
rapidamente concluiu que a alegria e o prazer são vaidade. De que serve a
alegria barulhenta e brilhante, porém transitória, para fazer o homem feliz? Os
múltiplos inventos do coração do homem para obter satisfação no mundo, e sua
mudança de uma coisa para outra, são como a inquietude dele
com febre. Salomão deu-se conta de que era uma atitude néscia
entregar-se ao vinho. Os pobres, quando lêem tal descrição, estão prontos a
sentir-se descontentes. Porém, o remédio contra todos estes sentimentos está na
valorização de tudo por parte do autor, que reconhece o seu
resultado. Tudo era vaidade e aflição de espírito: e as mesmas coisas
trazem para nós o mesmo resultado que trouxeram para Salomão. Se tivermos
comida e roupa, estejamos contentes com isto.Sua sabedoria permaneceu com ele;
um firme entendimento comum grande conhecimento humano. Porém, todo o prazer
terreno, quando separado das melhores bênçãos, deixa a mente tão ansiosa e
insatisfeita como antes. A felicidade não surge da situação em que somos
colocados,e somente através de Jesus Cristo pode-se alcançar a verdadeira felicidade.
Vv.
12-17.
Salomão
conclui que o conhecimento e a prudência
são preferíveis à ignorância e ao comportamento néscio, ainda que asabedoria
e o conhecimento humano não façam o homem feliz. Os homens mais doutos, que
morrem alheios a Cristo Jesus, perecerão da mesma forma que o mais ignorante; e
que bem pode ser recomendado na terra, tanto para o corpo na sepultura ou para
alma no inferno? O espírito dos homens justos que foram aperfeiçoados não pode
desejar isto. Deste modo, se isto fosse tudo, poderíamos ser levados a odiar a
nossa vida, porque tudo é vaidade e aflição de espírito.
Vv.
18-26.
Nossos
corações são levados a abandonar a ambição de grandes coisas, pois o mundo é um
vale de lágrimas, mesmo para os
que possuem muito. Observe quão néscios são os que se fazem escravos domundo,
que não podem permitir ao homem nada melhor que o sustento para o corpo. O
máximo que se pode alcançar neste aspecto é permitir-se um uso sóbrio
e grato conforme a sua classe e condição social. Devemos desfrutar do que é bom
em nosso trabalho; devemos usar as coisas que nos façam diligentes e alegres
nos negócios mundanos. Isto é dádiva de Deus.As riquezas são bênção ou maldição
para o homem, conforme tenha ou não um bom coração, para fazer um bom uso
delas. Os que são aceitos pelo Senhor recebem dele gozo e satisfação em seu conhecimento
e em seu amor. Porém, aos pecadores Ele designa esforço,tristezas, situações
vãs e aflições quando procuram a porção do mundo que, não obstante,
posteriormente será entregue às melhores mãos. Que
o pecador considere seriamente o seu fim. O único caminho ao gozoverdadeiro
e satisfatório, neste mundo presente, é procurar uma porção perdurável no
amor de Cristo e as bênçãos que Ele concede.
Eclesiastes
3
Versículos 1-10: A mudança nos assuntos humanos; 11-15. Os imutáveis conselhos divinos; 16-22: A vaidade do poder humano
Vv.
1-10.
Ter
a expectativa da felicidade constante em um mundo que muda a cada dia deve
terminar em desengano. Conduzirmos o nosso estado nesta vida é o nosso dever e
sabedoria neste mundo. O plano total de Deus para o governo do mundo é
completamente sábio, justo e bom.Então, aproveitemos a oportunidade favorável
para todo bom propósito e toda boa obra. O tempo de morrer aproxima-se
rapidamente.
Assim, pois, o esforço e a tristeza enchem o mundo, sempre temos algo parafazer,
e ninguém é enviado ao mundo para estar ocioso.
Vv. 11-15.
Todas
as coisas são como Deus as fez; não como
nos parece. Temos tanto do mundo em nosso coração e estamos tão presoscom
pensamentos e preocupações das coisas terrenas que não possuímos tempo nem
espírito para ver a mão de Deus nelas. O mundo não tem somente tomado a posse
do coração; mas também tem formado pensamentos contra a beleza das obras
de Deus.Estaremos equivocados ao pensar que nascemos para nós mesmos;nosso
negócio é fazer o bem nesta vida curta e incerta; e como
temos pouco tempo para fazer o bem, devemos remi-lo. A satisfação com a providência
divina é ter fé em que todas as coisas contribuem para o bem dos que amam a
Deus. O Senhor faz de tudo para que os homens o temam. O mundo foi e será como
é. Não acontece mudança em nossas vidas, nem tentação alguma nos sobrevêm que
não seja humana e comum aos homens.
Vv.
16-22.
Sem o temor ao Senhor, o homem não é coisa alguma,senão vaidade; se ele for deixado de lado, os juizes não usarão o seu poder adequadamente. Há outro Juiz que está à porta. Com Deus hátempo para que as aflições sejam tiradas, embora em muitas ocasiões nãoo vejamos. Salomão deseja que os homens se dêem conta de que, ao escolherem este mundo como sua porção, colocam-se no mesmo nível dos animais; os homens não estão livres das aflições presentes e da futura prestação de contas, e retornarão ao pó do qual foi tomado. Pouca razão há de nos ensoberbecermos por causa de nosso corpo ou dos nossos dotes físicos! Porém, como ninguém pode compreender perfeitamente, poucos são os que consideram a diferença entre a almaracional do homem, e o fôlego ou a vida do animal. O espírito do homem ascende para ser julgado e logo é colocado em um estado imutável de felicidade ou miséria. Tão certo quanto a alma do animal desce à terra, perecendo na morte. É certamente lamentável o caso dos que têm comosuas esperanças e maiores desejos, morrer como os animais. Que a nossa pergunta seja: Como pode uma eternidade de existência ser para nós uma eternidade de prazer? Responder isto é o grande desígnio da revelação.Jesus é revelado como o Filho de Deus e esperança dos pecadores.
Eclesiastes
4
Versículos 1-3: As desgraças da opressão; 4-6. Os problemas da inveja; 7 e 8: Quão néscia é a cobiça; 9-12: As vantagens da ajuda mútua; 13-16. As mudanças da realeza
Vv.
1-3.
Salomão
se entristece ao ver que a força prevalece contra o direito. Para onde quer que
nos voltemos, veremos tristes provas da maldade e miséria dos seres humanos,
que procuram criar
problemas para si mesmos e uns para com os outros. Por serem assim duramente tratados,
os homens sentem-se tentados a odiar e a desprezar a vida. Porém, o homem bom,
ainda que em más condições enquanto está neste mundo, não pode ter motivos para
desejar jamais ter nascido, posto que ele glorifica ao Senhor, ainda no fogo
das tribulações, e, ao final será feliz para sempre. Os ímpios têm muita razão
para desejar a continuação da vida com todas as suas aflições, porque, se
morrerem em seus pecados, espera-os um estado muito mais angustiante. Se as
coisas mundanas e humanas fossem nosso supremo bem, não existir seria preferível
à vida, quando consideramos as diversas opressões que há neste mundo.
Vv.
4-6.
Salomão
toma nota da fonte de problemas peculiares
aos benfeitores e inclui todos os que trabalham com diligência e cujosesforços
são coroados com êxito.Vez por outra, costumam ser grandes e prósperos; porém,
isto desperta inveja e oposição. Outros, ao contemplarem as aflições de uma vida
ativa, esperam nesciamente mais satisfação da preguiça e do ócio. Porém, o ócio
é pecado que, em si mesmo, é seu castigo. Por intermédio de uma atividade
honesta, tomemos o
suficiente para que não nos falte o necessário; porém, não trabalhemos com extrema
cobiça porque isto só traria aflição de espírito. O dinheiro ganho com esforço
e os ganhos moderados, conforme a capacidade de cada um,são os melhores.
Vv.
7,8.
Quanto
mais têm os homens, costumam desejar mais, e nisto põem tanto esforço que não
desfrutam do que já possuem. O egoísmo é a causa deste mal. O homem egoísta não
se importa com alguém; não cuida de alguém, senão de si mesmo; porém,
escassamente permite, o repouso necessário para si e as pessoas que emprega. Nunca pensa
que possui o suficiente. Possui o suficiente para os seus compromissos e
para a sua
família; porém, não tem o suficiente segundo o seu critério. Muitos estão tão envolvidos
com este mundo que, por ir após este, privam-se a si mesmos, não
somente do favor de Deus e da vida eterna, mas também dos prazeres
desta vida. Os parentes distantes ou os estranhos,
que herdaram a riqueza de um homem que age deste modo, jamais lhe
agradecerão. A cobiça adquire forças com o tempo e o costume; os homens que
não consideram a morte prudentemente, são mais ambiciosos e avarentos. Quão
freqüentemente vemos homens que professam ser seguidores daquEle que
"ainda que era rico, se fez pobre por nós", e juntam ansiosamente
dinheiro, guardando-o muito bem, e desculpam-se com as escusas comuns da necessidade
de cuidar-se, e do perigo da extravagância!
Vv.
9-12.
O
que trabalha duro para manter os que ama tem mais satisfação na vida do que o
avarento em seu trabalho. Em todas as coisas a união leva ao êxito e à
segurança; porém, acima de tudo este fato é verdadeiro em relação à
união dos cristãos. Dão assistência uns aos outros, quando exortam ou
repreendem amistosamente entre si. Dão calor aos corações uns dos outros
enquanto juntos falam do amor de Cristo, ou unem-se para cantar os seus
louvores. Então, aumentemos as nossas oportunidades de comunhão cristã. Nestas coisas
não há vaidade, ainda que haja algo dela enquanto estivermos debaixo do sol.
Onde houver dois estreitamente unidos em santo amor e comunhão, Cristo virá a
eles por seu Espírito; então, haverá um cordão tríplice.
Vv.
13-16.
As
pessoas nunca estão confortáveis e satisfeitas por longo tempo; são aficionadas
pela mudança. Isto não é novidade. Os príncipes são tratados
com pouca atenção por aqueles a quem pensavam que
obrigariam, através de seus favores; isto é vaidade e aflição de espírito.
Porém, os servos dedicados ao Senhor Jesus, nosso Rei, regozijam-se somente
nEle, e o amarão mais e mais por toda a eternidade.
Eclesiastes
5
Versículos 1-3: O que torna a devoção vã; 4-8: Os votos da opressão; 9-17: A demonstração de quão vãs são as riquezas; 18-20: O correto uso das riquezas
Vv.
1-3.
Cultue
a Deus e dedique tempo, a fim de preparar-se para Ele. Evite que os seus
pensamentos divaguem e estejam ociosos, guarde seus afetos para que não sejam
colocados no que é indevido. Devemos evitar as repetições vãs; aqui não se
condenam as orações copiosas, mas as que não têm sentido. Quão freqüentemente
os nossos pensamentos errantes prestam atenção às ordenanças divinas, apenas de
maneira um pouco melhor do que os sacrifícios dos néscios! As muitas
palavras e as apressadas, usadas na oração, demonstram o quão néscio é o
coração, e quão baixos são os nossos pensamentos a respeito de Deus, e os
pensamentos desconsiderados de nossas próprias almas.
Vv.
4-8.
Quando
uma pessoa faz um voto precipitadamente, permite que a sua boca faça pecar
a sua carne. O caso pressupõe um homem que se dirige ao sacerdote, dá a entender
que seu voto fora precipitado e que cumpri-lo seria algo mau. Tal desprezo em
relação a Deus acarreta o descontentamento divino, que poderia maldizer o que
indevidamente não se cumpriu. Devemos suprimir o medo do homem. Coloque Deus
diante de você; então, se contemplar a opressão do pobre, não achará falta na providência divina, nem pensará o pior da instituição do magistrado, quando
perceber o final do que assim foi pervertido; nem da religião quando observar
que não resguarda os homens de sofrerem o mal; porém, ainda que os opressores
possam estar seguros, Deus reconhecerá tudo.
Vv.
9-17.
A
bondade da providência é distribuída de maneira
mais justa do que possa parecer ao observador descuidado. Faltam ao rei ascoisas
comuns da vida e o pobre as compartilha; estes se deleitam com seus bocados
mais que aquele em seus luxos. Há desejos corporais que
o próprio dinheiro não satisfará, muito menos a abundância mundana satisfará
os desejos espirituais. Quanto mais possuem os homens, maior é a casa que devem
manter, mais serventes a empregar, mais convidados a receber, e assim
mais pessoas dependerão deles. O sono do trabalhador é doce, não somente
porque está cansado, mas porque tem poucas preocupações que interrompam o seu
sono. O sono do cristão diligente e o seu repouso são doces; quando ele entrega
a si mesmo e o seu tempo ao serviço de Deus, pode repousar alegremente no
Senhor, como seu repouso. Porém, os que têm demais freqüentemente não
conseguem assegurar uma boa noite de sono; sua abundância interrompe o seu
repouso. As riquezas ferem e afastam o coração de Deus e do dever. Os homens
ferem-se com suas riquezas, não somente quando gratificam as suas luxurias, mas
também quando oprimem
o próximo, e trata-o duramente. verão que seu trabalho é para o ventoquando,
ao morrer, descobrirem que o proveito de seus trabalhos desapareceu como o
vento, sem saber para onde. Quão mal o mundano cobiçoso suporta as calamidades
da vida humana! Ele não sente
pesar para arrepender-se, mas se ira com a providência de Deus, revolta-secom
tudo que o acerca, e isto duplica a sua aflição.
Vv.
18-20.
A
vida é um dom de Deus. Não devemos ver a nossa ocupação como trabalho de
escravo, e sim nos contentarmos na vocação em que Deus nos coloca. Um espírito
alegre é uma grande bênção,facilita o emprego e abrevia as aflições. Após haver
feito o uso apropriado das riquezas, o homem lembrar-se-á dos dias de sua
vida passada com prazer. A maneira pela qual Salomão se refere a Deus
como o Doador da vida e de seus deleites, demonstra que eles devem ser aceitos e
usados de acordo com a sua vontade e para a sua glória. Que esta
passagem recomende a todos as palavras amáveis do Redentor: "Trabalhai não
pela comida que perece, mas pela comida
que permanece para a vida eterna". Cristo é o Pão da vida, o único alimento da
alma. Todos estamos convidados a participar desta provisão celestial.
Eclesiastes
6
Versículos 1-6. A vaidade das riquezas; também da vida longa e das famílias abastadas; 7-12: O pouco proveito que alguém tem nas coisas exteriores
Vv.
1-6.
O
homem costuma ter tudo o que necessita para o gozo exterior; porém, o Senhor o
deixa disponível à cobiça ou às más disposições, para que não use bem nem
confortavelmente o que possui.De uma ou de outra forma suas posses passam para
os estranhos; isto é vaidade e um mal doloroso.Uma família numerosa era questão
de entranhável desejo, e muita honra para os hebreus; uma vida longa é o desejo
da humanidade em geral. Mesmo possuidor destas bênçãos, o homem pode não ser
capaz de desfrutar suas riquezas, família e vida. Tal homem, em sua
passagem pela vida, parece haver nascido para nenhum fim ou utilidade. O quenasceu
e viveu apenas por alguns momentos tem uma sorte preferível ao que viveu muito,
mas apenas para sofrer.
Vv.
7-12.
Um
pouco de vontade serve para nos sustentar confortavelmente, e muita pretensão
não pode fazer mais que isto. Os desejos da alma não encontram nada
satisfatório na riqueza do mundo. O homem pobre tem consolo assina como o mais
rico, e não está em desvantagem alguma. Não podemos dizer que melhor é a
visão dos olhos do que o descanso da alma em Deus; porque melhor é viver por fé
nas coisas futuras do que pelos sentidos que habitam apenas nas coisas presentes. Nossa sorte está lançada. Temos o que agrada a Deus e que isto
nos agrade. As maiores posses e honras não podem nos colocar acima dos
acontecimentos comuns da vida humana. Após vermos que as coisas que perseguem
os homens na terra aumentam a vaidade, pode-se dizer que o homem é melhor
pelo que possui na terra? A nossa vida na terra deve ser contada em dias. É
passageira e incerta, e tem pouco que possa nos impressionar ou de que devamos depender. Voltemo-nos
para Deus, confiemos em sua misericórdia através de Cristo e submetamo-nos à
sua vontade. Então, logo passaremos por este mundo de aflição, e
encontrar-nos-emos neste lugar feliz, onde há plenitude de gozo e
deleites para sempre.
Eclesiastes
7
Versículos 1-6: O benefício de um bom nome; da morte sobre a vida; da pena sobre a alegria vã; 7-10: No tocante à opressão, à ira e ao descontentamento; 11-22: As vantagens da sabedoria; 23-29: A experiência da maldade do pecado
Vv.
1-6.
A
reputação da piedade e da honestidade é mais desejável do que toda a riqueza e
o prazer deste mundo. É melhor ir a um funeral do que a uma festa. Podemos
comparecer a ambos, conforme haja ocasião. Cristo participou das bodas de
casamento em Caná e chorou na sepultura de seu amigo Lázaro em Betânia.
Contudo, ao considerarmos quão propensos somos a ser vãos e a satisfazer os
desejos da carne,melhor é irmos à casa onde há luto, para aprendermos qual é o
fim do homem neste mundo. A seriedade é melhor que a alegria e o júbilo. É melhor
para nós o que é melhor para a nossa alma, ainda que seja desagradável para os
nossos sentidos. Melhor é mortificar a nossa corrupção pela repreensão do
sábio, do que gratificá-la com a canção dos néscios. O sorriso dos néscios
acaba rapidamente, e o fim de sua alegria é o pesar.
Vv. 7-10.
As
situações de nossas provas e dificuldades costumam ser melhores do que pensamos
inicialmente. É melhor ser paciente de espírito do que orgulhoso e precipitado.
Não te ires rapidamente nem te precipites ao sentir-se afrontado.
Não te ires por muito tempo; ainda que a cólera passe pelo
seio do sábio, passa por ali como um homem em viagem; ela permanece somente no
seio dos néscios. É néscio lamentar a maldade do nosso tempo quando temos mais razões
para chorar pela maldade de nosso coração, e ainda nestes tempos desfrutamos de
muitas misericórdias. É néscio chorar pela bondade de tempos passados, como se
os tempos antigos fossem equivalentes aos dias atuais, e tivessem as mesmas
razões de lamento que temos hoje; isto surge do descontentamento e da
disposição a contender com o próprio Deus.
Vv.
11-22.
A
sabedoria é tão boa quanto uma herança, ou até melhor. Ela protege das
tormentas e do calor insuportável d a tribulação. A riqueza não alonga a vida
natural; porém, a verdadeira sabedoria concede vida espiritual e fortalece os
homens para servirem sujeitos aos seus sofrimentos. Observemos a disposição de
nosso estado como obra das mãos de Deus, e, ao final, tudo resultará ser
para melhor. Em obras de justiça, não te deixes levar por calores ou
paixões, senão pelo zelo por Deus. Não te enganes sobre as tuas habilidades,
não critiques tudo, nem te ocupes com os assuntos de outros homens. Muitos
que não serão tocados pelo temor a Deus e pelo terror ao inferno, evitarão
pecados que seriam capazes de arruinar a sua saúde e patrimônio, e os exporiam
à justiça pública. Porém, os que verdadeiramente temem a Deus, têm somente um
objetivo ao servir; portanto, agem com firmeza. Se dissermos que não pecamos,
enganamos a nós mesmos. Todo o crente verdadeiro está pronto para dizer:
"Deus, tenha misericórdia de mim, pecador". Ao mesmo tempo, não
esqueças de que a justiça pessoal e o andar em novidade de vida são as únicas
provas reais de interesse pela fé na justiça do Redentor.
A sabedoria ensina-nos a não ser rápidos para nos ressentirmos de afrontas. Não desejes saber o que as pessoas dizem;
se falam bem de ti, isto alimentará o teu orgulho; se falam mal, incitará a tua
paixão. Preocupa-te em ser aprovado diante de Deus e de tua própria
consciência; então, não ouças o que os homens dizem de ti; é mais fácil passar
por cima de vinte afrontas do que vingar uma. Quando sofremos dano por parte de
alguém, examinemos se não temos feito mal aos outros.
Vv.
23-29.
Salomão,
em sua indagação sobre a natureza e a razão das coisas, fora miseravelmente
enganado. Porém, aqui ele fala pesaroso. O que visa sempre agradar a Deus
pode ter a expectativa de escapar; o pecador indiferente cairá, provavelmente,
para não se levantar mais. Agora ele descobre o mal do seu grande pecado: amar
as mulheres estranhas (1 Rs 11.1). Não encontrara uma jovem completamente pura
e piedosa. Como poderia descobri-la entre as que colecionara? se alguma delas
estivesse bem disposta, a situação tenderia a torná-las quase que do mesmo
caráter. Aqui ele adverte aos demais contra os pecados pelos quais foi traído.
Diversos varões piedosos podem reconhecer agradecidos que encontraram em sua
esposa uma mulher prudente e virtuosa; porém, os que seguem a vereda de Salomão,
jamais encontrarão uma sequer. Ele atribui todas as correntes da transgressão
presente à fonte. Está claro que o homem é corrompido, rebelde, e que Deus não
o criou assim. É lamentável que o homem, a quem Deus criou perfeito, tenha encontrado
tantos caminhos para tornar-se mal e infeliz. Bendigamos a Deus por Jesus
Cristo e busquemos a sua graça, para que sejamos contados com o seu povo.
Eclesiastes
8
Versículos 1-5: Recomendações da sabedoria; 6-8: Devemos nos preparar para os males súbitos e a morte repentina; 9-13: Tudo irá bem ao justo; porém, ao mau tudo irá mal
Vv.
1-5.
Nenhum
dos ricos poderosos, honráveis ou realizados dos filhos dos homens é tão
excelente, útil ou feliz como o homem sábio.
Quem
pode interpretar melhor a Palavras de Deus, ou ensinar bem assuas verdades e
dispensações? Que loucura deve ser, para criaturas fracas e dependentes,
rebelar-se contra o Todo-poderoso! Quantos formam juízos equivocados, e
acarretam desgraças para si mesmos nesta vida e na vindoura!
Vv.
6-8.
Em
sua sabedoria, Deus resguarda-nos do conhecimento dos fatos, a fim de que
sempre estejamos preparados para as mudanças. Todos devemos morrer. Fugir ou nos
escondermos não pode nos salvar, nem há armas para que resistamos
eficazmente. Noventa mil pessoas morrem por dia, mais de sessenta
por minuto, e uma a cada segundo. Que pensamento tão solene! Se os homens fossem
sábios, se entendessem estas coisas e considerassem o seu final definitivo!
Apenas o crente está preparado para comparecer à solene convocação. A maldade
pela qual os homens costumam escapar da justiça humana não pode salvar da
morte.
Vv.
9-13.
Salomão
observa que muitas vezes um homem tem poder sobre outro para o seu próprio
dano, e a prosperidade os endurece em sua maldade. Os pecadores enganam-se por
isto. A vingança chega lentamente, mas com toda a segurança. Os dias de um
homem bom podem ser proveitosos, se ele vive com um bom propósito; os dias
de um homem mal são todos como sombra, vazios e sem valor. Oremos para ver as
coisas eternas como próximas, reais e de absoluta importância.
Vv.
14-17.
Somente
a fé pode estabilizar o coração neste cenário confuso, onde muitas vezes o
justo sofre, e o mal prospera, Salomão recomenda o gozo e a santa segurança
mental, que surgem da confiança em Deus; o homem não tem coisa melhor debaixo
do sol do que usar com sobriedade e gratidão as coisas desta vida, conforme a
sua classe social, ainda que o bom tenha coisas muito melhores além do sol. Ele
não queria que nos preocupássemos em dar uma explicação sobre o que Deus
faz.Quando deixamos que o Senhor dê a solução a todas as dificuldades ao
seu próprio tempo, enquanto a paz de consciência e o gozo do Espírito Santo
permanecerem em nós através de todas as mudanças exteriores, e mesmo quando a
carne e o coração falharem, podemos alegremente desfrutar do
consolo divino.
Eclesiastes
9
Versículos 1-3: O mesmo acontece aos homens bons e aos maus neste mundo; 4-10: Todo homem deve morrer; sua porção nesta vida; 11e 12: As desilusões comuns; 13-18: Os benefícios da sabedoria
Vv.
1-3.
Não
devemos pensar que a nossa busca na Palavra ou nas coisas de Deus seja inútil,
por não podermos explicar todas as dificuldades. Podemos aprender muitas coisas
boas para nós mesmos e úteis para os demais. Porém, o homem não pode decidir
sempre quem éo objeto do amor especial de Deus, ou quem está submetido à sua
ira;Deus certamente fará uma diferença entre o precioso e o vil no mundo vindouro.
A diferença quanto à felicidade presente surge dos apoios e consolos interiores
que o justo desfruta, e o beneficio que deriva das diversas provas e
misericórdias. Quanto ao que concerne aos filhos dos homens, são deixados à
própria sorte; seus corações cheios de maldade, ea prosperidade alcançada
em pecado, fazem-lhes desafiar a Deus, e atrevem-se a fazer o mal. Ainda que
nesta vida muitas vezes pareça que acontece a mesma coisa ao justo e ao mau, na
eternidade haverá uma imensa diferença entre eles.
Vv.
4-10.
O
patrimônio do homem vivo mais humilde é preferível ao do mais nobre que morre
impenitente, Salomão exorta ao sábio
e piedoso a confiar alegremente em Deus, qualquer que seja a sua condição
na vida. O bocado mais vil, procedente de Deus como resposta à oração, terá um
deleite peculiar. Não estabeleçamos nossos corações nos deleites sensuais, mas
usemos com sabedoria o que Deus nos concede. O gozo aqui descrito é a alegria
do coração, que brota do favor divino. Este é o mundo do trabalho; o vindouro é
o da recompensa. Todos em suas posições podem encontrar alguma coisa que fazer.
E,sobretudo, os pecadores devem cuidar da salvação de sua alma, e os crentes
precisam provar a sua fé, adornar o Evangelho, glorificar a Deus e servir a sua
geração.
Vv.
11-12.
O
êxito dos homens raramente se iguala às suas expectativas. Devemos usar os
meios; porém, não confiar neles: se triunfamos, devemos louvar a Deus; se
fracassamos, devemos nos submeter à sua vontade. Os que postergam a grande
preocupação por suas almas, são apanhados na rede de Satanás, na qual ele
coloca como isca algum objeto mundano, pelo qual recusam ou esquecem do Evangelho
e pecam, até que subitamente, caem na destruição.
Vv.
13-18.
Através
de sua sabedoria, o homem pode fazer com que aconteça coisas que nunca faria
por sua força. Se Deus é por nós, quem será contra nós, ou resistirá diante de
nós? Salomão observa o poder da sabedoria, ainda que possa esforçar-se muito sob
as desvantagens exteriores. Quão persuasivas são as palavras retas! Porém, os
homens sábios e bons devem contentar-se com a satisfação de terem feito algo
bom ou, ao menos, propuseram a fazê-lo, quando não podem realizar o bem que
gostariam, nem terem o louvor que mereceriam. Quantos dons graciosos, naturais
ou da providência, são destruídos e desperdiçados pelos pecadores? O que
destrói a sua alma, desfaz algo muito precioso. Um
pecador pode levar muitos a seguir os seus caminhos destrutivos.
Observe quem são os amigos ou os inimigos de um reino ou família. Uma
pessoa santificada pode fazer o bem a muitos, e um pecador pode destruir muitas
coisas boas.
Eclesiastes
10
Versículos 1-3: Preservar o caráter para a sabedoria; 4-10: O respeito de súditos e reis; 11-15: O falar do néscio; 16-20: Os deveres dos reis e súditos
Vv.
1-3.
Os
que professam a religião devem guardar-se de toda a aparência do mal. O sábio
tem uma grande vantagem sobre o néscio, que sempre perde quando tem algo para
fazer. O pecado é a censura dos pecadores aonde quer que vão, e
mostra o quanto são néscios.
Vv.
4-10.
Salomão
parece advertir aos homens que não procurem raciocinar precipitadamente e nem
ceder ao orgulho e à vingança. Não deixes, por uma paixão, o teu posto do dever;
espera um pouco e verás que ceder apazigua grandes ofensas. Os homens não são
preferidos conforme os seus méritos. Os que freqüentemente se antecipam para oferecer
ajuda, são os que menos conscientes estão das dificuldades ou das
conseqüências. O mesmo comentário se aplica à Igreja, o corpo de Cristo, no
qual todos os membros devem ter o mesmo interesse pelos demais.
Vv.
11-15.
Há,
no Oriente, um costume de se encantar serpentes com música. A língua dos
charlatões é um mal descontrolado, cheio de veneno mortal; e a contradição
somente a faz mais violenta. Através do falar precipitado, sem princípios, ou
caluniador, o homem acarreta a si mesmo a vingança aberta ou secreta, se
consideramos devidamente a nossa própria ignorância em relação aos
acontecimentos futuros, a quantidade de palavras ociosas que multiplicamos
nesciamente seriam diminuídas. Os néscios esforçam-se muito sem propósito. Não
entendem as coisas mais simples, tal como a entrada em uma grande cidade.
Porém, a excelência do caminho que conduz à cidade celestial é uma
auto-estrada, e nem os viajantes mais simples errarão (Is 35.8). Porém, as
atitudes pecaminosas fazem com que os homens percam o único caminho á felicidade.
Vv.
16-20.
A
felicidade de uma terra depende do caráter de seus reis. O povo não pode ser
feliz quando seus príncipes são infantis e amantes do prazer. A preguiça traz
más conseqüências, tanto para os assuntos públicos como para os privados. O
dinheiro por si mesmo nãoalimenta nem veste, ainda que responda às situações
desta vida, posto o que se possui geralmente obtém-se por dinheiro. Porém, a
alma que não é redimida não se mantém com coisas corruptíveis, como ouro e
prata.
Deus vê o que os homens fazem, e ouve o que
eles dizem secretamente; e, quando lhe agrada, traz isto à luz por maneiras
que podem nos parecer estranhas e inesperadas. se existe risco nos pensamentos
e sussurros secretos contra os reis terrenos, qual deve ser o perigo
de cada obra, palavra ou pensamento de rebeldia contra
o Rei dos reis e Senhor dos senhores? Ele vê em secreto. Seu ouvido está
sempre aberto. Pecador não maldigas ao Rei em teu pensamento mais intimo! Tuas
maldições não podem afetá-lo; porém, a maldição dEle, se vier sobre ti, te
afundará no mais profundo do inferno.
Eclesiastes
11
Versículos 1-6: Exortação à generosidade; 7-10: Admoestação a preparar-se para a morte e, aos jovens, para que sejam religiosos
Vv.
1-6.
Salomão
insiste com os ricos a que façam o bem ao próximo, a que dêem
generosamente, ainda que pareça jogar algo fora
ou perder. Não te escuses do bem que ainda tens para fazer, com um bem que
já fizeste. Este ato não é em vão, mas é uma boa obra que fica em depósito.
Temos razão para esperar o mal, porque nascemos em meio a problemas;
sabedoria é fazermos o bem no dia da prosperidade. As riquezas não podem
nos trazer proveito se, através delas, não beneficiarmos alguém.
Todo homem deve trabalhar para ser uma bênção no lugar onde a
providência de Deus o coloca. Onde quer que estejamos, podemos achar uma
boa obra para fazer se tivermos o coração disposto. Se magnificarmos cada
pequena dificuldade, plantaremos objeções e penúrias fantásticas; nunca iremos
adiante, nem terminaremos a nossa obra. Os ventos e as nuvens da tribulação
estão nas mãos de Deus, preparados para nos provar. A obra de Deus
será realizada segundo a sua Palavra, não importa se a vemos ou não. Podemos
confiar firmemente que Deus proverá tudo para nós, sem nossos afãs ansiosos e
inquietos. Não te canses de fazer o bem, porque, a seu tempo, no tempo de Deus, colherás
o fruto (Gl 6.9).
Vv. 7-10.
A
vida é doce para os homens maus, porque eles têm a sua porção nesta existência;
é doce para os bons, porque é o tempo da preparação para uma vida melhor; portanto, a vida é doce para todos. Aqui
há uma advertência para se pensar na morte, mesmo quando a vida estiver mais
doce do que nunca. Salomão faz um discurso que afeta os jovens. Eles desejam a oportunidade
para perseguir cada prazer. Então, que sigam seus desejos, tendo porém, a
certeza de que Deus os chamará a juízo. Muitos dão liberdade a todo o apetite e
buscam todo prazer vicioso! Deus registra cada um de seus pensamentos e
desejos pecaminosos, suas palavras ociosas e más. se eles querem evitar o
remorso e o terror, se querem ter a esperança e o consolo no leito da morte, se
querem escapar da miséria daqui e do além, lembrem-se de que os prazeres
da juventude são vãos. É evidente que Salomão quer condenar os prazeres
pecaminosos. seu objetivo é levar os jovens a deleites mais duradouros e puros.
Esta não é a linguagem de alguém que fala contra os prazeres juvenis por
não poder mais participar deles, mas a linguagem de quem, por milagre da misericórdia
de Deus, retornou à segurança. Ele persuade o jovem a não tomar um rumo do qual
poucos regressam, se o jovem quer viver uma vida de felicidade verdadeira, se
quer assegurar a felicidade para si mesmo no além, deve se lembrar do seu
Criador nos dias de sua mocidade.
Eclesiastes
12
Versículos 1-7: A descrição das enfermidades da velhice; 8-14:Tudo é vaidade: também uma advertência do juízo vindouro
Vv.
1-7.
Devemos
nos lembrar dos pecados cometidos contra o nosso Criador, arrependermo-nos, e
pedirmos perdão. Devemos nos lembrar de nosso dever e cumpri-lo, e buscar no
Senhor a graça e o poder. Isto deve ser feito o mais
cedo possível, enquanto o corpo é forte e o espírito,
ativo. Um homem sente pesar revisando uma vida mal empreendida, marcada pela
permanência no pecado e nas vaidades deste mundo, de maneira que se vê obrigado
a dizer: "Eu não tenho neles contentamento". Logo segue uma descrição
figurada da velhice e suas doenças, a qual tem certas dificuldades; porém, o
significado é claro: mostrar quão incômodos são, geralmente, os dias da
velhice. Como os vv. 2-5 são uma descrição figurativa das enfermidades que
habitualmente acompanham a velhice, o v. 6 aborda as circunstâncias que
acompanham a hora da morte, se o pecado não tivesse entrado no mundo, tais
enfermidades não seriam conhecidas. Então, o idoso deve refletir sobre o mal
do pecado.
Vv.
8-14.
Salomão
repete o seu texto:
VAIDADE DE VAIDADE,É TUDO VAIDADE. Estas são as
palavras de alguém que podia falar por experiência própria sobre a vaidade deste mundo, que nada podefazer
para aliviar os homens da carga do pecado. Ao considerar o valor da almas,
esteja atento ao que Salomão disse e escreveu: palavras de verdade, que sempre
serão aceitáveis. As verdades de Deus são como aguilhões para os torpes e
distantes; e cravos para os que andam desgarrados e desviados; são meios de
estabilizar o coração, a fim de que nunca nos apartemos de nosso dever nem
sejamos tirados dele. O Pastor de Israel é o Doador da sabedoria inspirada.
Todos os mestres, bem como os seus servos, recebem as suas instruções. As
Escrituras aplicam esse título ao Senhor Jesus Cristo, o Filho de
Deus. Os profetas inquiriram e diligentemente indagaram que pessoa e tempo indicava o Espírito de Cristo, que estava neles, quando de antemão anunciaram os sofrimentos do Senhor e as glórias que viriam em seguida. Escrever muitos livros não era adequado para a curta vida humana, e seria cansativo para o escritor e seu leitor; isto valia para ambos muito mais do que é agora. Todas as coisas seriam vaidade e aflição, a menos que conduzissem a esta conclusão: temer a Deus e obedecer aos seus mandamentos é tudo o que o homem precisa fazer. O temor de Deus inclui em si todos os afetos da alma, os que são produzidos pelo Espírito santo. Pode haver terror onde não há amor, e sim ódio. Porém, isto é diferente do gracioso temor de Deus, como os sentimentos de uma criança carinhosa. Freqüentemente, coloca-se o temor de Deus no coração, como o todo da religião verdadeira, o que compreende os seus resultados práticos na vida. Atendamos à única coisa necessária, e vamos a Ele como Salvador misericordioso, que virá, como juiz Todo-poderoso, quando trouxer à luz as coisas das trevas e expuser os conselhos de todos os corações. Por que Deus registra em sua Palavra que TUDO EVAIDADE, senão para impedir que nos enganemos, para a nossa própria ruína? Ele faz com que o nosso dever seja de nosso próprio interesse. Que seja gravado em nossos corações: tema a Deus e guarde os seus mandamentos, porque isto é tudo que o homem precisa.
Eclesiastes (Comentário Bíblico de Matthew Henry)
Ministrações do Pr. Fernando Besler em março de 2016
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