segunda-feira, 9 de novembro de 2020

Livro dos Salmos Parte IV (Sl 90—106)

  


TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Salmo 90.1,2,4,9,10,12,17;

104.24,27,31.

SENHOR, tu tens sido o nosso refúgio, de geração em geração.
Antes que os montes nascessem, ou que tu formasses a terra e o mundo, mesmo de eternidade a eternidade, tu és Deus.

Porque mil anos são aos teus olhos como o dia de ontem que passou, e como a vigília da noite.

Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; passamos os nossos anos como um conto que se conta.

Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o orgulho deles é canseira e enfado, pois cedo se corta e vamos voando.

Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.

E seja sobre nós a formosura do Senhor nosso Deus, e confirma sobre nós a obra das nossas mãos; sim, confirma a obra das nossas mãos.

Salmos 104:24

Ó Senhor, quão variadas são as tuas obras!

Todas as coisas fizeste com sabedoria; cheia está a terra das tuas riquezas.

Todos esperam de ti, que lhes dês o seu sustento em tempo oportuno.

A glória do Senhor durará para sempre; o Senhor se alegrará nas suas obras.

TEXTO ÁUREO

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.

Salmo 91.1,2

OBJETIVOS

CONHECER as principais características do quarto volume do Livro dos Salmos;

ENTENDER que o eterno e amoroso Senhor transcende ao tempo; desta forma, devemos confiar em Sua provisão e em Seu poder na condução da nossa história;

COMPREENDER que Deus espera que cuidemos do planeta que Ele nos confiou, como zelosos mordomos.

INTRODUÇÃO

A quarta seção do Livro dos Salmos (90—106) apresenta, de forma característica, belíssimos textos de louvor que exaltam a grandeza de Deus. Boa parte desta subdivisão é anônima, à exceção de três capítulos, a saber: 90 (escrito por Moisés); 101 e 103 (escritos por Davi).

CONCLUSÃO

A forma como Deus — que é infinito e eterno — relaciona-se com o tempo não pode ser comparada à nossa. Apenas o Senhor sabe se, antes de passarmos pela morte, vê-lo-emos nos ares para buscar a Sua Igreja. Vivamos, pois, em esperança e fé, certos de que o Altíssimo não desampara o Seu povo (Sl 94.14), pois grandes são as Suas obras e profundos são os Seus propósitos (Sl 92.5).

Deus abençoe sua vida!


Texto Bíblico Básico: Sl 90.1,2,4,9,10,12,17; 104.24,27,31

 Texto Áureo: Salmo 91.1,2 “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará. Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e nele confiarei.”

“Ora, estes de Beréia, eram mais nobres que os de Tessalônica, pois receberam a Palavra de Deus com toda a Avidez, examinando as escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim”. Atos 17.11. Objetivos

 Conhecer as principais características do quarto volume do Livro dos Salmos;

 Entender que o eterno e amoroso Senhor transcende ao tempo; desta forma, devemos confiar em Sua provisão e em Seu poder na condução da nossa história;

 Compreender que Deus espera que cuidemos do planeta que Ele nos confiou, como zelosos mordomos.

Prefaciando a Lição

Esta lição aborda o quarto Livro dos Salmos, que contém 17 salmos, o primeiro é atribuído a Moisés e dois a Davi (101 e 103); os 14 restantes pertencem a autores anônimos. A Septuaginta dá 11 a Davi, deixando apenas cinco para autores anônimos, 92, 100, 102, 105 e 106. Os salmos do Livro IV são, na sua maior parte, salmos para o culto público (notam-se os títulos de 92 e 100: “Cântico para o dia de sábado”; “Salmo de ações de graça”). Os Salmos dos Livros IV e V (90-150) são litúrgicos, isto é, preocupados com o louvor regular e público a Deus. No Livro IV, Deus é chamado, de modo predominante, Javé (Yahweh - יהוה .( É notório que, os títulos de muitos Salmos foram acrescentados posteriormente, por judeus eruditos ou versado no AT, para fins didáticos. Então, os salmos são a Revelação da Verdade, não pela teoria, mas pela prática.

 1. Principais características:

O quarto volume do Livro dos Salmos (90 – 106) apresenta, de forma característica, belíssimos textos de louvor que exaltam a grandeza de Deus. Deus eterno; Limitação do homem; Tempo de Deus; Deus criador. São apresentados na quarta coleção de salmos, os vários motivos para louvar a Jeová. No Salmo 90, Moisés contrasta a existência do “Rei da eternidade” com a efêmera vida humana (1 Timóteo 1.17). No Salmo 91.2,o salmista refere-se a Jeová como ‘refúgio e fortaleza’ — sua Fonte de segurança. Alguns salmos seguintes falam das belas qualidades de Deus, de seus pensamentos superiores e obras maravilhosas. Três cânticos iniciam com a expressão “o próprio Jeová se tornou rei”. (Salmo 93.1; 97.1; 99.1) Referindo-se a Jeová como nosso Criador, o salmista nos convida a ‘dar-lhe graças e a bendizer seu nome’. — Salmo 100.4.

             Salmo 90: Salmo de oração e confiança

Divisão do Salmo 90 Sl 90.1,2 – Foco é Deus, o Eterno. Sl 90.3-6 – Foco é o homem, o efêmero. Sl 90.7-12 – Foco é o homem debaixo da ira. Sl 90.13-17 – Foco é o Deus da graça.

              SALMO 90 VERDADE PRÁTICA

v.1 Refúgio de Deus para Israel

v.2 A majestade imemorial de Deus

v.3 O homem finito v.4 A eternidade de Deus e a limitação do homem

v.5 Insegurança e instabilidade

v.6 O ciclo da vida

v.7 A ira de Deus

v.8 A justiça de Deus

v.9 O homem está sob o juízo

v.10 O período de vida dos homens

v.11 O temor de Deus v.12 Alcançar sabedoria v.13 Solicita a compaixão de Deus

v.14 Alegria com a bondade de Deus

 v.15 Alegria com a bondade de Deus

v.16 Herança para os filhos v.17 A Graça do senhor

1.1. O Deus eterno

 · Deus é chamado de Javé ( Yahweh – יהוה .(

 · Ex 3.14; Ez 16.62; Is 42.8; Jo 8.28; Jo 8.58.

· Tetragrama Sagrado YHVH ou YHWH (mais usado) י

הוה 1.2. O homem mortal

Ø Brevidade do sono – Sl 90.5.

Ø Ciclo da vida – Sl 90.6.

Ø A velocidade da vida – Sl 90.9.

1.3. Esperando o tempo certo do Senhor

· Deus não está limitado a nossa cronologia – Sl 90.4.

A PROTEÇÃO DE DEUS NO SALMO 91

Este é um salmo de sabedoria, sendo uma meditação sobre Deus como o protetor dos fiéis.

DIVISÃO DO SALMO 91

2. A SEGURANÇA NO DEUS ETERNO

 ü Proteção Divina – Sl 91.1,2.

ü A providência Divina – Sl 91.3-8.

ü Recompensa Divina – Sl 91. 9-13.

ü Promessa Divina – Sl 91. 14-16.

2.1 O esconderijo do Altíssimo Sl 91.1, 2.

v Meu refúgio e meu baluarte - a segurança daquele que confia completamente em Deus. Esconderijo é tradução de lugar secreto, pois o seu significado faz paralelo com o conceito de sombra.

2.2. Livramento em todo tempo Sl 91.2,4.

· 91:2 - Protegido de seus inimigos. A combinação de imagens mostra que Deus protege tanto de perigos naturais quanto humanos.

· 91.4 - Quanto ao cuidado divino, combina a calorosa proteção da ave-mãe.(Dt 32:11; Mt 23:37) com a força dura e inflexível da armadura. Escudo e broquel representam, respectivamente, a proteção que era grande e estática, e a que era pequena e móvel.

 · 2.2 Livramento em todo tempo Sl 91.5,7.

· 91:5 - Essa verdade se aplica quer enfrentemos inimigos humanos, quer travemos batalhas espirituais contra os poderes das trevas (Ef 6.10 - 18). Sem a proteção de Deus, estaríamos desamparados diante do inimigo e seriamos derrotados de imediato.

 · 91.7 - Serão preservados e não sofrerão nenhum mal ou calamidade. 2.3. Promessa Messiânica Ø Sl 91.11,12 - Mt 4.6 Ø Sl 91.13 - Gn 3.15

3. DEUS REINA SOBRE A TERRA

A estrutura do salmo se modela com estreita relação à de Gênesis 1, tomando as etapas da criação como pontos iniciais para o louvor. Enquanto cada tema é desenvolvido, no entanto, tende a antecipar as cenas posteriores da criação, de tal modo que os dias descritos em Gênesis coincidem e se misturam com os descritos aqui.

3.1. DEÍSMO X PANTEÍSMO

ü Deísmo - Deus é Pessoal e transcendente, mas não imanente, Observador apático –abandonou o mundo a própria sorte.

ü Panteísmo - Deus é parte da Sua criação, ênfase equivocada na imanência de Deus.

3.2. A responsabilidade do cristão

 O cristão não pode entrar em reclusão em seu meio eclesiástico, de modo a focar seus esforços apenas nas questões espirituais. Este deve ter plena consciência de sua permanente interação com o meio onde vive.

Considerações Finais

O quarto volume do Livro dos Salmos são litúrgicos, preocupados com o louvor e adoração a Deus, um Deus eterno que é relatado como sendo de geração a geração, onde sua bondade, proteção e Graça são latentes. Mostra a limitação do homem diante de um Deus Poderoso e eterno. A lição deixada pelo quarto volume do Livro dos Salmos é que devemos confiar em Deus, em sua proteção e amor, e nunca devemos nos afastar de sua presença.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Bíblia Anotada, (ARA) João Ferreira e Almeida, São Paulo, Vida, 1995. Bíblia Eletrônica, The Word, Costas Stergiou, Grécia, 2003-2010, versão: 3.1.4.1058. Bíblia Sagrada, (ARC), João Ferreira e Almeida, São Paulo, SBB, 1995. CHAMPLIN, R. N. O Antigo Testamento Interpretado versículo por versículo, 2ª Ed., Vol.4 (Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares), São Paulo: Hagnos, 2001. _______. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia, Vol.2, São Paulo: Hagnos, 2001. ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento, São Paulo: Vida, 2000. HOUSE, H. Wayne. Teologia Cristã em Quadros, São Paulo, Vida, 2000. PALAVRA DE DEUS, Temas Centrais da Fé Cristã, Comtrist., Joá Caitano , Ano 12, nº.45, Rio de Janeiro, Central Gospel, 1º trimestre de 2016.

 DEUS SEJA LOUVADO

                                        Professor: Dc. Henrique Carvalho

 


                          Livro IV - Salmos 90 - 106.

>Começa com Salmo de Moisés (90).

>Termina com a recapitulação da rebelião (106).

Introdução:

A diversidade dos salmos traz uma riqueza especial, à sua qualidade como exemplos de adoração. Eles tratam de toda espécie de experiência humana. Falam de vitória e alegria, de medo e perseguição.

Refletem as emoções de homens espirituais gozando comunhão com o Criador, e de pecadores sentindo falta dele.

Pedem bênçãos sobre os justos e punição dos ímpios.

A maioria destes salmos (IV) são anônimos; mesmo assim, o Salmo 90 é atribuído a Moisés, e Salmos 101 e 103 a Davi.

1 - Estes Salmos são na sua maior parte, salmos para o culto público (notam-se os títulos de 92 e 100: “Cântico para o dia

de sábado”; “Salmo de ações de graça”), e, além disto, deram à igreja cristã alguns dos cânticos (95, 98, 100) e hinos

(baseados nos SI 90, 92,100, 103, 104).

Livros IV e V (90-150) litúrgicos, preocupados com o louvor regular e público a Deus.

1.2 Salmos 90 - AS SITUAÇÕES DA “OU” NA VIDA

 (o início da divisão exílica).

Um longo período de calamidade nacional força o povo de Deus a refletir acerca do significado da vida à luz da natureza e dos propósitos de Deus e a esperar em oração por coisas melhores.

- Uma declaração de fé (verc. 1 e 2).

Deus é o ponto de referência com base no qual o salmo começa a discutir o seu problema.

Paralelo com Isaias 40: Enquanto, porém, Isaías é o consolador.

O nome Senhor neste versículo (salmo 90.1), é um título, e não um substituto para o nome Javé. Assim, Deus é tratado como nosso Soberano, além de ser nosso Refúgio:

A presente geração sob pressão não está sozinha: ela se apega com alívio à sua herança preciosa de relacionamento próximo com o Deus da aliança (cf. Dt 33.27). “O Deus eterno é o seu refúgio, e para segurá-lo estão os braços eternos. Ele expulsará os inimigos da sua presença, dizendo: ‘Destrua-os!” NVI.

Assim, Deus é tratado como nosso Soberano, além de ser nosso Refúgio.

O crente é ordenado a buscar refugio em Deus quando a adversidade o atinge.

Este refúgio é o oposto em (Nm 35; Dt 19; Js 20—21). Para assegurar os direitos do homicida involuntário que sem querer matava alguem, a lei dispunha de três cidades de refugio em cada lado do rio Jordão, para a qual o homicida fugia e buscava asilo:

2 - Uma meditação acerca da finitude do homem (v. 3-6)

O lado sombrio da mortalidade humana se destaca de forma ainda mais forte contra o pano de fundo da infinitude de Deus.

Os homens passam pelo palco da vida por um momento, como bonecos de barro condenados à desintegração no pó quando terminam de representar seu papel tão pequeno e insignificante (Gn 2.7; 3.19).

- O homem mortal.

Este salmo não é nenhum produto de cinismo fatalista. A mortalidade não é somente um decreto divino, mas um fenômeno

pelo qual o homem é responsável.

A situação histórica é a “Queda”, que revela a morte como nossa sentença, e não como a sorte pretendida para nós.

Os símiles dos versículos 4-6 não enfatizam só a brevidade ou fragilidade da vida, mas também a dependência humana do Eterno.

2.1 - esperando o tempo certo do Senhor.

Qual é o tempo certo do Senhor?

Vistos do trono celestial de Deus, os homens não são somente pequenos como gafanhotos (Is 40.22), mas sua dimensão de tempo é minúscula para ele.

Todo um milênio é somente como o dia de ontem que passou ou uma vigília de quatro horas para um homem que está dormindo.

A avaliação pessimista da vida de forma alguma é a última palavra do salmista, mas um prelúdio realista para o verdadeiro otimismo. Nos  vivemos para o momento, deixando Deus de lado e não levando em conta a severidade de Deus (Rm. 11.22).

“Portanto, considere a bondade e a severidade de Deus: severidade para com aqueles que caíram, mas bondade para com você, desde que permaneça na bondade dele. De outra forma, você também será cortado.” NVI.

3- Salmo 91 - A segurança no Deus eterno (0 ESCUDO DA FÉ).

Este é um salmo para tempos de perigo, para quando estamos expostos ou cercados, ou quando desafiamos a potência do mal.

Este salmo, no entanto é de fato anônimo e sem tempo específico, sendo talvez tanto mais acessível por isto mesmo.

Alguns aspectos da sua linguagem, de “refúgio” e “escudo”, nos fazem lembrar Davi, a quem a LXX o atribui. Outras frases ecoam o Cântico de Moisés em Dt 32, que também aconteceu com o Salmo 90.

3.1 Altíssimo

Uma leitura fácil como uma declaração em si mesma (v. 1).

“Aquele que habita no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso" NVI

Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do onipotente descansará. ARC

Seguida por um voto de confiança (v. 2).

Pode dizer ao Senhor: “Tu és o meu refúgio e a minha fortaleza, o meu Deus, em quem confio”. NVI

"Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e Nele confiarei" ARC.

Esconderijo.

Literalmente no original hebraico, temos a palavra “abrigo". Esta palavra algumas vezes se refere ao templo de Jerusalém

(como em Sl. 27.5; 31.20; 61.4).

a - A referência aqui poderia ser aos adoradores no santuário, que encontravam ali a presença divina, bem como paz e

também proteção.

b - O termo, entretanto, pode ser metafórico, como em Sl. 32.7 e 119.114.

- As imagens de abrigo e sombra retratam vividamente a segurança, a paz e a confiança.

- O abrigo torna-se um esconderijo, um local seguro de todo temor e de todo o perigo.

O lugar onde estava o esconderijo de Deus pode aludir ao Santo dos Santos. Nesse caso, foi-nos assegurado o acesso final a Deus, em quem se encontram a segurança e a paz.

Ver. 2

O testemunho de fé neste versículo está repleto de pronomes (PRONOMES POSSESSIVOS são aqueles que indicam posse em relação às três pessoas do discurso).

"Direi do Senhor: Ele é o meu Deus, o meu refúgio, a minha fortaleza, e Nele confiarei" ARC

4 - O papel do cristão: (O homem na condição de ser o dominador determinado por Deus).

"Criou Deus o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. Deus os abençoou e lhes disse: Sejam férteis e multipliquem-se! Encham e subjuguem a terra! Dominem sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos os animais que se movem pela terra. Disse Deus: Eis que dou a vocês todas as plantas que nascem em toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão frutos com sementes. Elas servirão de alimento para vocês" Genesis 1.27-29 NVI.

Levado por uma força má rejeita o bem desejado por suas mentes e agem com más ações, que realmente não querem fazer (Rm 7-7ss), desta forma vêm o homem modificando seu contexto de vida criado por Deus, onde incentivado por suas ambições destrói ao invés de dominar.

É hora, ou melhor, já passou da hora dos líderes estimularem, incitarem, induzirem e conscientizar a dimensão ética da relação entre cristãos e a preservação da mesma, oferecendo aos eleitos um acervo de condutas normativas, onde a nossa meta não deva ser só no resgate dos perdidos, mas também nos situarmos com o assunto atual na preservação da natureza, onde não só hoje, mas nas repercussões para as futuras gerações.

A exegese do texto de Paulo aos Romanos 8.17-25 observa a ação do todo Poderoso "Deus" nos revelando a movimentação do passado para o futuro, mas, salientando o presente como algo a ser apreciado.

Um texto Bíblico para uma reflexão sobre uma exigência do Senhor nosso Deus.

“Não contaminareis, pois, a terra em que haveis de habitar, no meio da qual eu também habitarei; pois eu, o Senhor, habito no meio dos filhos de Israel”.

 FONTE:        




Salmos 90-106

A quarta divisão principal no Saltério é na realidade uma parte de uma coleção maior incluindo os salmos 90-150. A brecha no Salmo 106 parece ter sido feita por conveniência, uma vez que o mesmo pensamento dominante continua no Salmo 107. Enquanto os salmos no Livro I eram principalmente pessoais e os dos Livros II e II eram generalizadamente nacionais, o restante do Saltério é basicamente litúrgico. A ênfase foi colocada sobre a adoração do povo de Deus quando de sua ação de graças e louvor de maneira conveniente para o culto no templo. Yahweh, o nome dado a Deus na aliança, é o que predomina. Aparece em cada salmo do Livro IV e está ausente apenas em dois salmos no Livro V.

                Salmo 90. Nosso Auxílio no Passado

Embora esta possa ser a meditação de um indivíduo, está claro o seu propósito de proferir o pedido feito por um grupo corporativo. O autor volta os olhos para um longo período da história por vir segundo o seu conceito da ira de Deus. À vista da fragilidade e brevidade da vida humana, ele roga pela restauração do favor de Deus.

1-6. A Vida Humana em Contraste com a Eternidade de Deus. Senhor, tu tens sido o nosso refúgio. O salmista começa citando sua confiança na natureza eterna de Deus (cons. Dt. 33:27). Verdadeiramente todas as gerações o têm confirmado. O Senhor é imortal; o homem é mortal. O Senhor está acima da limitação do tempo; o homem sempre está consciente do tempo. O Senhor é de eternidade à eternidade; o homem, como a relva, tem a vida curta. Os símiles dos versículos 4-6 não enfatizam só a brevidade ou fragilidade da vida, mas também a dependência humana do Eterno. O homem certamente está à disposição de Deus, retornando ao pó quando Ele ordena e sendo varrido como por uma enchente.

 7-12. O Homem Consumido pela Ira de Deus. Pois somos consumidos pela tua ira. Agora o salmista interpreta a razão da transitoriedade da natureza humana e seus sofrimentos. Ele percebe a partir da história e da experiência pessoal que a face divina é como a luz do sol em seu poder de sondar as profundezas do ser humano.

Comparado com a eternidade de Deus, o período de vida de setenta ou oitenta anos parece deploravelmente curto. Além disso, este período de anos está cheio de tristeza e sofrimentos. Fora desta visão pessimista da vida parte o clamor plangente para que se conceda ensinamento e sabedoria para auxilia um homem a discernir o verdadeiro significado da vida.

13-17. O Homem Busca o Favor Divino.

Volta-te, Senhor .. . Sacia-nos. O apelo introduzido no versículo 12 continua através do poema. O escritor deseja que Deus garanta ao seu povo a felicidade na proporção dos sofrimentos que suportaram sob a Sua ira. O salmo terna com um pedido para que a beleza ou formosura (sua graça) seja a base para o Senhor preparar e estabelecer (cf. com Efésios 2:10) todas as tarefas diárias no futuro (veja, a obra de nossas mãos; cons. Dt. 2:7; 14:29; 16:15; 24:19).

               Salmo 91. A Segurança da Fé

Neste poema associado ao Salmo 90 o salmista canta um nobre hino de fé, mas ele tem também um propósito didático. O oráculo profético no final acrescenta uma nota de autoridade à confiança expressa através de todo ele. As profundezas da fé e a confiança sossegada sugerem que esta seja uma meditação individual. Contudo, seu possível uso como cântico antifonário torna-o adaptado ao uso congregacional.

1,2. Proteção Divina. Meu refúgio e meu baluarte. O escritor começa com uma poderosa apresentação do seu tema – a segurança daquele que confia completamente em Deus. Esconderijo é tradução melhor que lugar secreto, pois o seu significado faz paralelo com o conceito de sombra.

3-8. Providência Divina. Pois ele te livrará . . . cobrir-te-á. A idéia de proteção está ampliada para incluir os muitos atos do cuidado providencial além do livramento ativo. Por causa das referências feitas à pestilência e às doenças, muitos comentaristas tratam todo o salmo como se fosse uma polêmica contra o uso de fórmulas mágicas para repetir demônios. Realmente, o Talmude sugere que o salmo seja usado no caso de ataques demoníacos. O terror noturno talvez se refira a Lilite, o demônio da noite, enquanto que a seta ... de dia talvez descreva os ardis dos demônios perversos. A peste . . . nas trevas talvez tenha afinidade com o demônio Nantar, enquanto a mortandade ... ao meio-dia talvez se refira a um demônio que só tinha um olho, também mencionado na tradição rabínica. Mesmo que tais idéias estivessem ausentes dos pensamentos do autor, faziam parte integrante do salmo em seu uso real entre os judeus. O laço do passarinheiro é uma referência às armadilhas feitas pelos adversários (cons. Sl. 124:7). A peste que se propaga é, literalmente, morte de destruição, talvez se referindo a uma morte violenta. O salmista estava cônscio do cuidado divino nas diversas circunstâncias da vida.

9-13. Recompensa Divina. Fizeste do Altíssimo a tua morada. O salmista, voltando ao seu tema principal, prossegue com a idéia à recompensa mencionada no versículo 8. Assegura-se ao homem de fé que Deus enviará anjos guardiões para protegê-los das pragas e do tropeço. Satanás citou estas palavras quando tentou Jesus (Mt. 4:6; Lc. 4:10). De acordo com o Talmude, cada homem tem dois anjos que o assistem durante toda a sua vida.

14-16. Promessa Divina. Porque a mim se apegou com amor. A autoridade que sustenta a idéia da recompensa é fortalecida pelo oráculo divino. A promessa inclui as bênçãos do livramento, exaltação, resposta à oração, vida longa e vitória. Estas bênçãos e mais outras são prometidas àquele que ama e confia em Deus.

                     Salmo 92. Um Hino de Gratidão

Um indivíduo com grande confiança no justo juízo de Deus expressa aqui sua ação de graças. Sua confiança vai além da teoria e da teologia formal, pois deriva-se de experiência pessoal. O uso do salmo como hino na guarda semanal do sábado é comprovado por antigas fontes judias. A citação explícita, no versículo 3, dos instrumentos a serem usados mostra que provavelmente ele se destinava ao culto corporativo.

 1-4. O Prazer do Louvor. Bom é render graças ao Senhor, e cantar louvares. O salmista expressa seu deleite pessoal no serviço do Templo. Após enumerar os instrumentos envolvidos, ele claramente apresenta a base do louvor público. São as maravilhosas obras de Deus que alegram os crentes.

 5-8. A Soberania de Deus. Quão grandes, Senhor, são as tuas obras. A natureza soberana e sublime de Deus conforme expressa em Suas obras e pensamentos está colocada em contraste coma falta de compreensão do inepto e do estulto. Em comparação com a destruição certa desses homens que têm falta de percepção e compreensão, Deus permanece inabalável eternamente.

9-15. A Certeza do Juízo. Os teus inimigos perecerão ... porém tu exaltas o meu poder. Os inimigos do escritor são considerados novamente inimigos de Deus também. O salmista está certo que Deus dará a retribuição devida, pois ele se sente como se fosse um com o Senhor, que ele é inseparável do triunfo vingador da justa causa de Deus. Ele termina com uma linda descrição da porção feliz do justo, que foi transplantado para a casa do Senhor (v. 13). Seguindo o padrão da antiguidade, ele se regozija por causa dessa destruição certa, mas retoma rapidamente à descrição da porção feliz dos justos.

                Salmo 93. O Rei Eterno

A ênfase dada à entronização de Jeová como Rei dá a este salmo grande afinidade com o Salmo 47 e 96-99. Por causa disso, estes seis poemas são geralmente chamados de Salmos Reais ou Salmos da Entronização. Mowinckel e outros fizeram extensas pesquisas numa tentativa de reconstruírem uma verdadeira cerimônia de entronização em conexão coma celebração do Ano Novo. Estes salmos teriam significado maior se pudéssemos comprovar que foram usados em tal cerimônia. Contudo, evidências positivas de tal prática são realmente insignificantes.

 1,2. A Realeza Divina. Reina o Senhor. Estas palavras de introdução ficariam melhor traduzias assim: Jeová é Rei ou tornou-se rei. Ele se revestiu de majestade, cingiu-se de poder e está preparado pua a ação. O salmista apressa-se a declarar que o poderio do Senhor não é coisa nova, mas desde a antiguidade está firme (cons. Jz. 8:23), enquanto Deus mesmo é dedo a eternidade.

3,4. O Poder Divino. Mais poderoso do que o bramido das grandes águas. É o poder de Deus que assegura a permanência e imutabilidade do Seu governo. Tempestades violentas e ondas furiosas não podem abalar Seu trono eterno. A supremacia do Senhor na criação é o que se pretende falar aqui, como também de Sua vitória sobre o poder dos pagãos.

5. O Governo Divino. Fidelíssimos são os teus testemunhos. A realeza divina e o seu poder são evidências de suas leis ou decretos morais. Permanência e imutabilidade caracterizam a santidade que Deus transmite à Sua casa.

                     Salmo 94. Pedido de Vingança

Embora este lamento abranja toda a comunidade, está permeada de um profundo elemento pessoal. Alguns escritores consideram o salmo composto, mas há pouca justificação para negarmos sua unidade básica. Sua posição entre dois salmos alegres destaca-o fortemente. Embora saia possível que os opressores estrangeiros sejam os considerados, o autor está principalmente preocupado com aqueles líderes de Israel que oprimem os justos.

 1-7. O Juiz Solicitado. Resplandece. Exalta-te. O salmista apela para o Senhor como o Deus das vinganças e juiz da terra, como Aquele que tem o poder de punir e o direito de retribuir. A grande questão não é se Deus pode vingar o mal praticado, mas até quando será necessário esperar que Ele faça justiça.

8-11. Os insensatos Repreendidos. Atendei, ó estúpidos ... e vós insensatos. Estes dois epítetos classificam os opressores como cruéis e faltos de senso comum. O discurso direto (v. 8) insiste em que Deus está cônscio de tudo o que acontece no mundo.

 12-15. Os Justos Vingados. Bem-aventurado o homem. Feliz é o homem que é educado por Deus. Ele terá forças nos dias difíceis e certeza da vindicação final.

16-23. O Julgamento Realizado. Quem se levantará a meu favor, contra os perversos? De sua experiência com Deus, o salmista responde sua própria pergunta: Deus realmente executará a vingança que ele busca (cons. v. 1).                              

 

                Salmo 95. Um Chamado para o Culto

Este salmo combina um hino e um oráculo profético para culto em grupo. A última parte tem o propósito claramente didático de lembrar aos crentes os fracassos de seus antepassados para que não incorram nos mesmos erros. A parte do hino tinha sem dúvida o propósito de servir de hino para ser cantado pela congregação reunida durante o cortejo do culto no sábado. Junto aos outros salmos deste grupo (95-100), parece ter sido composto para ser usado nos cultos do Segundo Templo.

1, 2. Anuncia-se o Chamado. Vinde, cantemos. Esta convocação era provavelmente cantada pelo coro dos levitas quando o cortejo para o Templo começava. Os crentes felizes rapidamente se lhes juntavam fazendo muito barulho e louvando exuberantemente no estilo oriental.

3-5. O Senhor Descrito. Deus supremo e grande rei. A base para a convocação dos versículos 1 e 2 está em verdadeiro estilo hínico. A grandeza de Jeová como Rei e Criador e Pastor está lindamente expressa. A ameaça de crenças estrangeiras torna necessário que se declare explicitamente a natureza de Deus em preparação para o culto.

6,7. O Chamado é Repetido. Vinde, adoremos. A procissão agora alcança os portões do templo. Os cânticos alegres cedem lugar aos atos mais solenes do culto, tais como o inclinar-se e ajoelhar-se diante de Deus. A ênfase dada à soberania de Deus sobre a Sua criação cósmica cede lugar a um lembrete feito aos crentes sobre o Seu relacionamento especial com Israel.

8-11. A Advertência Enunciada. Não endureçais o vosso coração. O lembrete do pecado de Israel no deserto serve de advertência àqueles que aguardam o momento de entrar no Templo. O descanso de Deus refere-se historicamente à entrada na Terra Prometida, que foi negada àqueles que duvidaram. Aqui os crentes são exortados a manterem seus corações sensíveis ao Senhor para que Ele também não os rejeite.

                 Salmo 96. A Glória de Deus

Aqui está um hino de louvor que termina com uma nota escatológica. O notável universalismo que o atravessa de ponta a ponta demonstra a visão ampliada dos exilados que retornaram do cativeiro. A LXX identifica a ocasião como o tempo em que "a casa estava sendo construída depois do cativeiro". A freqüente citação de outros salmos (9, 29, 33, 40, 48, 95, 98, 105), o universalismo e o conceito da nulidade dos deuses, tudo tende a confirmar a ocasião indicado pela LXX.

 1-3. A Missão Israelita do Louvor. Cantai . . . anunciai entre as nações a sua glória. Um cântico novo era necessário para a expressão do louvor de Israel pelo livramento do cativeiro. O povo é exortado a cantar a Deus e a bendizê-Lo, tornando conhecida a Sua salvação com novas explosões de louvor cada dia.

4-6. A Gloriosa Natureza de Deus. Grande ... e mui digno de ser louvado. Como no salmo anterior, o povo é exortado a louvar a Deus, porque o grande Deus é digno de grande louvor. Glória e majestade .., força e formosura, embora aqui estejam personificadas, no pensamento ainda se relacionam às características de Deus.

7-9. O Dever do Louvor da Humanidade. Ó família dos povos. De acordo com a missão universal de Israel, todas as nações são chamadas para louvarem a Deus. São convidadas a prestarem o devido louvor, a trazerem suas ofertas, a entrarem nos recintos sagrados e a adorarem a Deus. Observe que devem adorar devidamente ataviadas – na beleza da sua santidade (vestuário sagrado) e com atitudes apropriadas – com temor ou reverência.

 10-13. O Governo Justo de Deus. Reina o Senhor. A tradução literal desta frase é: Jeová é Rei ou tornou-se Rei. Talvez isto se refira à entronização cerimonial que devia fazer parte das celebrações do Ano Novo. Contudo, a ênfase principal é escatológica; Deus é representado como Rei das nações e Juiz da terra.

                 Salmo 97. A Soberania de Deus

Neste hino de louvor proclama-se o princípio teocrático da realeza de Deus. Uma nota escatológica predomina na primeira metade do salmo, que então se aplica ao povo. Todo o hino talvez se destinasse como um comentário sobre o último versículo do salmo precedente, ou talvez fosse colocado na presente porção por causa do intimo relacionamento de idéias. Embora quase cada uma de suas frases já tenha sido usada por outros escritores, a capacidade deste salmista de tecer as frases umas com as outras evidencia-se de ponta à ponta.

 1-6. A Manifestação do Rei. Reina o Senhor. Novamente a idéia é esta: “Jeová tornou-se Rei”. Todos aqueles que se beneficiarão são convocados para se regozijarem na verdade deste domínio escatológico. Mistério e majestade impressionante caracterizam a vinda do Rei. Contudo, a justiça do governo de Deus ultrapassa toda essa impressionante exibição de poder. 7-12. O Efeito sobre a Humanidade. Sejam confundidos .... se regozijem. A manifestação de Deus como Rei torna evidente um agudo contraste. Aqueles que adoram ídolos são envergonhados, enquanto os que adoram o Senhor ficam alegres. Com este contraste na mente, a conclusão que se segue é que Israel tem um dever especial para com Deus. Aqueles que se regozijam com a vinda do Rei devem desde agora amar o Senhor, odiar o mal, regozijar-se e dar graças.

             Salmo 98. O Louvor de Toda a Natureza

O Salmo 98, um hino de louvor, faz eco aos pensamentos de muitos outros salmistas. É uma parte integra da coleção que enfatiza a realeza divina (Sl. 95-99). A referência feita a Deus como rei no versículo 6 e a nota escatológica nos versículos finais são o ponto de ligação deste salmo com os precedentes. Toda a natureza está sendo aqui convocada a se juntar para proclamar os louvores devidos a Deus.

1-3. Louvor ao Libertador. Cantai ao Senhor um cântico novo. Este cântico novo, embora extraído de fontes anteriores, foi ocasionado por algum livramento recente. Deus fez coisas maravilhosas, concedeu a vitória e produziu o livramento. Tudo isto se baseia sobre a declaração de Sua justiça para com as nações e a lembrança de Sua misericórdia e veracidade para com Israel.

4-6. Louvor ao Rei. Celebrai com júbilo ao Senhor . . . que é rei. Considerando que toda a terra viu como Deus libertou Israel, todos os homens são convocados a se juntarem aos israelitas na adoração. Este é um chamado para a participação universal, de acordo com a ampla visão de Isaías 40-66.

7-9. Louvor ao Juiz. Ruja o mar ... porque ele vem julgar a terra. Embora esta estrofe continue com o apelo da estrofe precedente, um novo elemento foi introduzido aqui. Deus, o Rei, vem como o Juiz da terra. Considerando que toda a criação deve ser julgada, todas as coisas criadas devem se juntar ao louvor. O salmo termina com a predição de que o julgamento se caracterizará pela justiça e eqüidade.

                 Salmo 99. A Santidade de Deus

A ênfase neste hino de louvor está sobre a natureza sublime de Deus, expressa por Sua santidade. Embora o hino se baseie no conceito da realeza divina, este salmo apresenta menos o fator escatológico que os quatro precedentes. O refrão nos versículos 3, 5 e 9 expressa fortemente o ensino distintivo da santidade de Deus.

1-3. O Deus Santo é Soberano. Reina o Senhor. Novamente a tradução deveria ser: Jeová é Rei ou tornou-se Rei. Deus é descrito entronizado sobre o propiciatório, entre os querubins, o lugar de Sua manifestação terrena no Templo. Ele também está representado tomando o lugar no Seu trono terrestre em Sião, um conceito que relaciona este salmo explicitamente com uma celebração de entronização. Tal manifestação do Eterno provoca o temor do homem e da natureza, mas resulta em louvor ao Seu nome.

4, 5. O Deus Santo é Justo. Justiça . . . eqüidade ... juízo. Além de Deus ser soberano no Seu governo mundial, Ele também é justo em Seu julgamento dos homens. Ele não empunha o Seu poder arbitrariamente mas de acordo com Sua natureza justa e reta. Novamente, esta justiça está resumida nas palavras do refrão, ele é santo.

 6,9. O Deus Santo é Fiel. (Eles) clamavam ... ele os ouvia. Moisés, Arão e Samuel são citados como grandes intercessores do passado. Esta é a única passagem do V.T. onde Moisés está classificado como sacerdote, embora ele exercesse algumas funções sacerdotais e tivesse acesso ao Tabernáculo. Embora Deus atendesse as orações desses gigantes espirituais de Israel, ele ainda achou necessário punir o Seu povo por causa da persistente prática do mal. O chamado final para exaltação e adoração ocasionado pela fidelidade do Senhor baseia-se em Sua santidade.

               Salmo 100. Os Pontos Essenciais do Culto

 Um chamado duplo para o culto caracteriza este curto mas eloqüente hino de louvor. O salmo foi sem dúvida usado como hino processional e parece que foi escrito com este propósito. Os versículos 3 e 5 fazem uma declaração concha da doutrina do Judaísmo.

1-3. Uma Procissão Cheia de Alegria. Celebrai com júbilo ao Senhor. Este primeiro chamado para o culto pode muito bem ter sido cantado por um coro fora dos recintos do Templo. O fundamento elementar dessa adoração é o conhecimento de Deus; isto é, um reconhecimento de que o Senhor é Deus, Criador e Pastor do Seu povo, Israel. E este conhecimento conduz ao louvor cheio de alegria, expresso em cânticos.

4, 5. Uma Entrada Cheia de Gratidão. Entrai por suas portas com ação de graça. Este segundo chamado para o culto talvez fosse o convite feito por um coro dentro dos recintos do Templo. Os crentes, aproximando-se das portas, eram convidados a continuarem o seu culto entrando por elas e, então, nos átrios. Os fundamentos elementares seguintes são a ação de graças, louvor, oração e conhecimento adicional do caráter de Deus. Os atributos divinos de bondade, amor e fidelidade devem ser reconhecidos pelos crentes em qualquer período de tempo.

                  Salmo 101. Um Código Real de Ética

Isto fica melhor classificado como salmo real uma vez que é uma declaração de princípios pelos quais o governante pretende reinar. Estes princípios, ou resoluções, são expressos na forma de promessas feitas a Deus e portanto dirigirias a Ele. Embora nenhum rei seja mencionado no corpo do salmo, a nobreza de expressão certamente se encaixa à personalidade e caráter de Davi. Como ideal de realeza, poderia ter sido usado por muitos governantes em Israel, fosse qual fosse a ocasião de sua composição.

1-4. Resoluções Pessoais. Cantarei a bondade e a justiça. Os princípios mentores da misericórdia e juízo formam a base para as resoluções. Depois de declarar sua determinação de preferir o caminho da retidão e integridade, o autor enuncia seu anseio por uma comunhão mais íntima com Deus. Ele resolve abster-se da maldade e da apostasia. Além de odiar a obra dos apóstatas, ele também se recusa a tomar conhecimento ou aninhar qualquer pensamento mau (v. 4).

5-8. Intenções Oficiais. Ao que às ocultas calunia ... a esse destruirei. De acordo com os princípios mentores de misericórdia e juízo, o autor apresenta suas intenções, e que tipo de pessoas ele pretende favorecer e a que tipo ele evitará ou destruirá. Só os fiéis e aqueles que andam em integridade conhecerão o seu favor. Os caluniadores e aqueles que fazem o mal ele os destruirá, e negará seu favor aos orgulhosos, aos enganadores e aos mentirosos. Fazendo assim ele purificará a corte real, a cidade real – Jerusalém e toda a terra.

             Salmo 102. Uma Oração Pedindo Auxílio

Embora basicamente seja a lamentação de um indivíduo, este salmo tem também um elemento corporativo. Por causa disso, os comentaristas dividem-se quanto à sua intenção original. Um apelo distintamente pessoal está seguido de uma intercessão pela nação. Então o salmista reverte aos seus próprios problemas novamente, enfrentando-os à luz de sua esperança confiante em benefício da nação.

1-11. O Sofrimento do Salmista. Ouve, Senhor, a minha súplica. O profundo Senso de urgência do salmista torna este clamor especialmente comovedor. Ele precisa de resposta imediata. Ele está sofrendo de uma enfermidade que produziu ansiedade mental e seus inimigos se aproveitaram de sua condição. Todo este sofrimento, ele crê, deve-se à ira de Deus.

12-22. A Restauração da Nação. Tu, porém, Senhor, permaneces para sempre. Em contraste com a natureza transitória do salmista (v. 11), Deus permanece. A restauração de Sião se baseia nesta verdade. A sugestão de alguns que esta seção seja um salmo separado inserido aqui pelo compilador não tem apoio. Está evidente que a solução do problema do autor está intimamente ligada com a solução do problema da nação (cons. vs. 12, 26, 27).

23-28. A Certeza do Salmista. Eles perecerão, mas tu permaneces. Embora o autor volte novamente para seus sofrimentos e fraquezas, ele recebe conforto da esperança que a nação tem no Senhor. Mesmo quando toda a criação já tiver desaparecido, Deus permanecerá. Os versículos 25:27 referem-se a Cristo, o Senhor, em Hb. 1:10-12 (cons. Hb. 13:8). Nesse meio tempo, Sua eternidade garante a libertação e a permanência do povo do salmista.

              Salmo 103. Um Hino de Louvor com Ação de Graças

Este hino de louvor é sem par em toda a literatura mundial. Parece ser a expressão de um indivíduo, embora alguns comentaristas encontrem nele uma voz corporativa. O salmista procura em primeiro lugar avivar o seu próprio espírito para oferecer louvores e ação de graças a Deus, e depois o espírito dos outros. Suas palavras saio desprovidas de tristeza, queixumes ou dor. O modo de expressar-se e a profundidade da penetração são notáveis para alguém que tenha vivido antes da vinda de Cristo.

1-5. Louvor Por Causa de Bênçãos Pessoais. Bendize, ó minha alma, ao Senhor. Em primeiro lugar o salmista faz uma exortação a si mesmo. No termo traduzido por alma (nepesh) como também na expressão paralela – tudo o que há em mim, ele se refere a todo o seu ser. Agora ele induz seu ser interior a se lembrar e contar as muitas bênçãos. Observe a força dos verbos – perdoa, sara, redime, coroa, satisfaz e renova.

 6-10. Louvor Por Causa de Bênçãos Nacionais. O Senhor faz justiça, e julga. Deus não é apenas reto e justo em si mesmo, mas Ele se ocupa ativamente em atos de retidão e justiça em prol das pessoas oprimidas. Exatamente como o Senhor tem coroado o salmista com graça (hesed, v. 4), ele se comprovou, na história de Israel, ser misericordioso e compassivo. Isto se vê melhor em Sua lentidão para irar-se e punir o Seu povo menos severamente do que ele merece.

11-14. Louvor Por Causa do Amor Perdoador. Assim é grande a sua misericórdia. Com ilustração após ilustração, o salmista procura transmitir uma descrição adequada da bondade de Deus. Ele não sabe qual a distância entre a terra e o céu, mas sabe que nem mesmo essa vastidão poderia conter a misericórdia divina. Ele não sabe qual a distância entre o leste e o oeste, mas sabe que o amor de Deus removeu os nossos pecados para mais longe ainda. A mais linda e íntima ilustração é a de Deus como Pai que se compadece do homem em sua fraqueza e fragilidade. 15-18. Louvor Por Causa do Amor Eterno. De eternidade a eternidade. A continuidade da bondade de Deus permanece no mais vivo contraste possível com a transitoriedade humana. A extensão dessa bondade para com o homem está condicionada pela reação do homem diante da aliança e dos mandamentos de Deus numa atitude própria de temor e reverência.

 19-22. Chamado para o Louvor Universal. Bendizei ao Senhor todos os seus anjos . . . exércitos . . . ministros. Depois de declarar o princípio da realeza divina, o salmista convoca todo o universo a louvar em coro. O propósito do louvor é declarar todas as suas obras em todos os lugares, tanto nos céus como na terra. O salmista termina tomando o seu lugar na antema eterna.

             Salmo 104. O Poder Criativo de Deus

Aqui está um hino de louvor parecido sob certos aspectos com o anterior. As frases introdutórias e conclusivas dos dois salmos são quase idênticas, estabelecendo uma atitude de ação de graças e louvor.

Enquanto o hino anterior enfatizava o relacionamento divino histórico, este descreve o relacionamento de Deus com a criação. Oferece paralelo com o pensamento persa, babilônio e egípcio (com. "Hino a Atenas", ANET, pág. 369-371). Ainda mais importantes são os paralelos com Gênesis 1 e Jó 38-41.

 1-4. A Grandeza de Deus na Criação. Como tu és magnificente. Depois de convocar todo o seu ser para o louvor, o salmista descreve o Senhor revestido com a maravilhosa majestade de Sua criação. Na Sua roupa há luz; os céus se estendem como um dossel; Sua habitação está sustentada por colunas; nuvens, vento e anjos são criados para Seu uso. 5-9. Como Deus Formou a Terra. Os fundamentos da terra. Os conceitos de cosmologia do Oriente Próximo estão evidentes aqui como em todo o salmo. A terra está firmemente estabelecida em suas bases ou colunas (v. 5); montanhas e vales foram formados; os mares foram divididos e fixados nos seus limites.

10-18. A Provisão de Deus para Suas Criaturas. Fazes rebentar fontes. Uma das maiores necessidades da antiga Palestina era o fornecimento de água. O salmista louva a Deus pela provisão das fontes e da chuva de modo que todas as formas de vida, animal e vegetal, podem ser mantidas. Ele O louva também pelas bênçãos do alimento, vinho, azeite, árvores, colinas e rochas. 19-23. Deus Ordena a Formação dos Céus. A lua ... o sol. Estes dois corpos celestes foram destacados para a atenção porque são indispensáveis no ordenamento das estações e dos dias. Enquanto os animais selvagens lutam nas trevas, o homem trabalha principalmente nas horas iluminadas pelo dia. 24-30. A Providência Divina. Todas com sabedoria as fizeste. O salmista faz uma pausa maravilhando-se diante da sabedoria divina exibida em toda a maravilhosa criação de Deus. As maravilhas do mar e os mistérios da vida são destacados como ilustrações da providência de Deus.

31-35. Louvando a Glória de Deus. A glória do Senhor seja para sempre. O salmista faz voto de cantar louvores a Deus durante toda a sua vida. Seu desejo de erradicação do mal está de acordo como seu conceito da bondade da criação divina (cons. Gn. 1).

                  Salmo 105. As Maravilhas do Passado

 Novamente o salmista canta um hino de louvor, desta vez enfatizando os maravilhosos atos de Deus dentro do relacionamento da aliança. Os salmos 105 e 106 são obras complementares e em ambos a história é pesquisada. No primeiro, enfatiza-se os atos divinos; no último, os atos da desobediência de Israel foram citados. Ambos os poemas têm afinidade com o salmo 78, no qual os dois temas foram entretecidos.

1-6. O Chamado para a Ação de Graças. Rendei graças . . . invocai . . . cantai . . . narrai . . . gloriai . . . alegre-se . . . buscai . . . lembrai. As instruções detalhadas do salmista revelam o que significa louvar o Senhor. Está claro que o hino foi criado com propósito de uso congregacional.

 7-15. A Aliança com os Patriarcas. Lembra-se perpetuamente da sua aliança. O aspecto especial da aliança que foi destacado é a promessa de que Canaã seria a herança de Israel. O restante do salmo demonstra o resultado deste aspecto da aliança. Observe o uso fora do comum de meus ungidos e meus profetas referindo-se aos patriarcas.

16-25. As Experiências da Peregrinação. Fez vir fome. Também fora do comum é esta referência a Deus como causa direta da fome que levou a família israelita para o Egito. O salmista está primeiramente enfatizando a parte de Deus em tudo o que aconteceu: Fez vir uma fome, enviou um homem (José), experimentou-o, permitiu que assumisse o poder, fez aumentar o seu povo, provocou o ódio dos egípcios contra Israel. De acordo com a idéia generalizada do V.T, o salmista ignora causas secundárias.

26-38. O Livramento do Egito. E lhes enviou Moisés . . . e Arão. O escritor coloca ênfase especial sobre as pragas como sintais do poder de Deus. Ele coloca a nona praga no alto da lista, invertendo a ordem da terceira e quarta, e omite a quinta e a sexta.

39-45. A Realização da Promessa. Porque estava lembrado da sua santa palavra. Depois de recordar-se de como Deus guiou Israel no deserto, o salmista tira sua conclusão : Cada um dos maravilhosos atos de Deus foi realizado porque o Senhor se lembrou de cumprir Sua promessa, pela primeira vez feita a Abraão. O clímax é atingido no cumprimento da promessa através da qual Canaã, as terras das nações, com todos os frutos do trabalho prévio, deveria pertencer a Israel.

                 Salmo 106. A Natureza Paciente de Deus

A contínua rebeldia de Israel está enfatizada nesta seqüência ao Salmo 105. Embora começando como um hino (vs. 1-5), o poema continua como uma lamentação ou confissão nacional. A tristeza do lamento está contrabalançada, até um certo degrau, pelo quadro da misericórdia paciente de Deus ao tratar com o seu povo.

1-6. Louvor e Confissão. Rendei graças ... Pecamos. À moda de um hino o autor solta uma exclamação de louvor, seguida por uma expressão de beatitude, uma oração pessoal e uma confissão de pecado nacional. Observe que a presente geração está incluída entre as gerações do passado. 7-33. Murmuração e Desobediência. Nossos pais ... não atentaram. Aqui, coisa freqüente nos Salmos, o Êxodo e o período da peregrinação através do deserto fornece ilustrações de como os filhos de Israel interpretaram mala Deus. Murmuraram por causa da comida (vs. 13-15); rebelaram-se contra Moisés e Arão (vs. 16-18); apostataram fazendo o bezerro de ouro (vs. 19-23); recusaram-se a aceitar a liderança divina no incidente dos espias (vs. 24-27); juntaram-se ao culto moabita (vs. 28- 31); e envolveram Moisés em suas murmurações em Meribá (vs. 32, 33).

34-36. Apostasia e Infidelidade. Assim se contaminaram com as suas obras. Em contraste com a fidelidade de Deus, comprovada pelas obras maravilhosas que Ele realizou em benefício de Israel, Seu povo comprovou-se repetidas vezes infiel depois de entrar em Canaã. Misturando-se com os habitantes da terra, os israelitas aprenderam novas modalidades de pecado. Além de servirem aos ídolos, participaram da abominação dos sacrifícios humanos. Apesar da compaixão de Deus, o castigo tomou-se necessário repetidas vezes.

47, 48. Oração e Doxologia. Salva-nos ... Bendito seja o Senhor. A longa confissão leva a um pedido de misericórdia e restauração. A doxologia parece ser parte integral do salmo, enquanto serve também de doxologia conclusiva para o Livro IV.

                               Salmos (Comentário Bíblico Moody)

 

Comentários em Salmos 

Salmo Noventa

Quanto a informações gerais que se aplicam a todos os salmos, ver a introdução ao Salmo 4, onde apresento sete  comentários queelucidam a natureza do livro. Quanto às ciasses  dos salmos, ver o gráfico no início do comentário, que age como uma espécie de frontíspício.

     Este salmo é uma oração  pedindo a libertação de Israel da adversidade nacional, uma espécie de lamentação grupai, mas é, ao mesmo tempo, um grande hino. Ele não segue o modelo típico dos salmos de lamentação, com o clamor pedindo ajuda, uma descrição dos adversários, imprecações contra eles, e uma nota final de louvor e agradecimento, por causa das respostas à oração ou porque se acreditava que a  resposta divina estava a caminho. Não obstante, esses elementos estão presentes, mas em uma ordem de apresentação diferente da costumeira. Além disso, o salmo eleva-se acima das lamentações comuns, sendo “uma das mais preciosas gemas do saltério” (William R. Taylor) e também “um cântico impressionante de elevação e poder quase ímpar” (Kitt).

Subtítulo.

   Este salmo tem o seguinte subtítulo: “Oração de Moisés, homem de Deus”. Ver Deu. 33.1; Jos. 14,6; I Crô. 23.14; II Crô.30.16 e Esd. 3.2, onde Moisés também é chamado de “homem de Deus”.

Moisés  aparece somente no subtítulo deste salmo, embora oTargum lhe atribua os dez salmos seguintes, o que não reflete a verdade dos fatos. Os subtítulos não faziam parte das composições originais, e por isso não têm autoridade canônica; são meras conjecturas de editores posteriores quanto a questões como autoria e condições históricas que possam ter inspirado as composições. Se Moisés realmente escreveu o Salmo 90, então este é um dos mais antigos da coletânea, mas é Insensatez basear-se no subtítulo.

     Nos dezessete salmos do Livro IV do saltério (Salmos 90 a 106), apenas três não são anônimos: o Salmo 90 foi atribuído a Moisés, eos Salmos 101 e 103 foram atribuídos a Davi.

     Este salmo dá início ao quarto livro do saltério. Ver as notas sobre a questão dos Cinco Livros,  no parágrafo final dos comentários doSalmo 89.

Oração Congregacional (90.1-17)

O Deus Eterno e o Homem Mortal (90.1-12)

90.1Senhor, tu tens sido o nosso refúgio.

O salmista faria o contraste entre a eternidade de Deus e a temporalidade do homem, mas essa mortalidade do homem é guardada dentro da Imortalidade de Deus, visto que Deus é a habitação do homem por   todas as gerações.

    “Os vss. 1-6 discutem a disparidade entre o Deus Eterno e os seres humanos finitos. Em atitude de humildade, o salmista reconheceu que Deus é a eterna habitação do homem, ou seja, seu abrigo protetor, pois Deus vai de eternidade a eternidade (vss. 1,2). Em Todas as gerações, as pessoas se refugiam Nele” (Allen P. Ross, in loc).

 Assim sendo, temos consciência de que somente Deus é independente, um dos atributos divinos, ao passo que os homens são sempre dependentes, um dos mais notáveis atributos humanos.

    Note o leitor o nome divino aqui usado:Yahweh. Ver no Dicionário o artigo intitulado Deus, Nomes Bíblicos de.

Nosso Deus, nosso socorro em eras passadas,

Nossa esperança para anos por vir,

Nosso abrigo das fúrias da tempestade,

Nosso lar eterno!

 Sob a sombra de Teu trono

Continuamos a habitar seguros;

Suficiente é somente o Teu braço,

E nossa defesa é segura.

Nosso Deus, nosso socorro em eras passadas,Nossa esperança para anos por vir,

Sê Tu nosso guia enquanto durar a vida,

E nosso lar eterno! 

(isaac Watts)

90.2

        Antes que os montes nascessem.

Deus aqui aparece antes da Sua criação. Houve tempo em que somente

Elohim (o Poder) existia.Deus não era meramente um arquiteto que tomou material já existente para formar Sua criação. Ele mesmo criou a matéria e então adispôs em consonância com Seu plano. Ver sobre Heb. 11.3 no

Novo Testamento Interpretado quanto a amplas explicações. Ver oartigo geral do Dicionário intitulado Criação, especíalmente a seção II,

Origens da Criação, para uma discussão das várias teorias sobrea questão.

    Para alguns eruditos, entretanto, os hebreus não ensinavam que Deus criou a partir do nada ou com base em Sua própria energia, mas apenas organizou matéria já existente, o que combina com a idéia dos gregos. O versículo que temos à frente, contudo, certamente ensina que Deus já existia quando Sua criação ainda não existia. Ver no Dicionário o artigo chamado Ex Nihilo.

    Seja como for, o propósito do salmista não era provar nenhum ponto teológico, Antes, era mostrar quão insignificante é o homem,quando contrastado ao incomparável Elohim. Partindo dessa idéia, o autor sacro extrairá certo número de corolários e lições, espirituais e morais. 

     A terra teve uma origem. Falamos sobre as ‘'colinas eternas”, e os montes são usados para falar do “para sempre", no passado e no futuro. Mas quando examinamos a questão com cuidado, encontramos ali somente Deus, eterno; ou quando sondamos o futuro,também descobrimos que Deus continuará a existir eternamente. E, no futuro, se alguma coisa perdurar por toda a eternidade,será isso por Seu ato gracioso, e não por causa de uma natureza inerente. Quanto a outras referências sobre os anos (ou vida) de Deus, como “sem fim”, ver Sal. 9.7; 10.16; 29.10; 102.24,27; 135.13; 146.10; Jó 36.26. Existem paralelos cananeus nos quais El, O cabeça do panteão dos cananeus, é referido como sem começo e sem fim, o que significa que os hebreus não eram os únicos a dominar esse pensamento.

     As montanhas são símbolos de duração perpétua da eternidade ou da força. Ver Gên. 49.26 e Pro. 8.25. A Revised Standard Versiontem, em Sal. 76.4, as montanhas eternas,  por meio de uma emenda. “As montanhas, por sua altura majestática e por sua estabilidade inabalável, dão a impressão de antiguidade e imutabilidade. Ver Gên. 49.9, onde se lê sobre as ‘colinas eternas’. Ver também Deu.33.15 e Hab. 3.6“ (Fausset, in loc.).

 Cf. o EU SOU de Deus, que comento no Dicionário.

90.3 Tu reduzes o homem ao pó.

O homem se pavoneia no palco desta vida, desempenha seu papel fugidio, mas então, subitamente, ouve a voz de Deus a dizer-lhe; “Volta”. E assim ele retorna ao pó, de onde veio. Essa é a destruição do corpo e, de acordo com a antiga teologia dos hebreus, da própria pessoa. Nos Salmos e Profetas, a idéia da existência da alma, bem como da sua sobrevivência diante da morte física, começou a surgir nas Escrituras. “O ponto de vista de que o destino final do homem é o pó nos faz lembrar Gên. 3.19” (William R. Taylor, in loc.).

 Ver também Sal. 103.14; 104.29 e Ecl. 12.7.

Somos leitos do estolo de que são leitos os sonhos,

E nossa vida termina como que no sono.

(Shakespeare)

“Há  inúmeras  referências  nas  Escrituras  sobre  a  natureza  frágil  e  fugidia  da existência  humana.  Pensamentos  sobre  a  mortalidade  humana  percorrem,  como um  triste  refrão,  muitos  dos  salmos.  Esses  pensamentos  tocam  com  paixão  a mente  e  o  coração  dos  profetas,  e  inspiram  passagens  que  nos  fazem  pensar. ‘Que  é o  homem?’,  pergunta alguém,  enquanto contempla o  pôr-do-sol,  no fim do dia. As sombras se  espessam,  a luz e o dia se vão,  e,  por sem elhante modo, o ser humano...  Os  cientistas  prometem  mais  dias de  vida  para  os  seres  humanos.  As estatísticas provam que,  nos países  civilizados,  a morte está sendo cada vez  mais adiada.  Mas,  se  a  ciência  nos  mantém  vivos  por  mais  tempo,  também  nos  empresta  uma  sensação  cada  vez  maior  de  nossa  insignificância.  Veja  como  a astronomia  tem  feito  o  homem  tornar-se  um  anão,  bem  como  ao  seu  mundo!  'O homem,  nascido de  mulher, vive  breve  tempo,  cheio  de  inquietação.  Nasce como a  flor,  e  murcha;  foge  como  a  sombra,  e  não  permanece'  (Jó  14.1,2).  Por  isso perguntamos:  ‘Não  haverá estabilidade?  Não  haverá  coisa  alguma que permaneça?’. O salmista tinha uma resposta engatilhada:  ‘O Senhor é  nossa  habitação em todas as gerações”’  (J.  R.  P.  Sclater,  in loc.).  Assim  é que  um homem  foge para o Ser  Eterno,  e  Nele  lhe é  dada a vida  eterna.  Poderíamos pedir mais do que  isso?

90.4 Pois mil anos,  aos teus  olhos.  

   Mil anos  representam  um  tempo  muito  longo para o  homem,  mas para  Deus  eles são como  nada.  Um  homem vive setenta anos e,  quando  chega  a  essa  idade,  olha  para  sua  vida  passada,  como  se  tudo  não passasse de  um  dia.  Sua vida inteira pode  ser compactada  em  uma única palavra: “Ontem”.  E  assim qualquer vida humana,  por longa  que seja,  é.  na  realidade,  como uma única  vigília da noite.  Na antiga nação de Israel,  as vigílias ocupavam o período entre  o  pôr-do-sol  e  o nascer-do-sol.  Esse  período  estava  dividido  em  três vigílias, pelo  que  cada  qual  durava  cerca  de  quatro  horas.  Ver  sobre  essa  questão  nos trechos  de  Sai.  63.6;  119.148;  Êxo.  14.24  e  Juí.  7.19.  Meu  sogro  viveu  até  os  101 anos  e  esteve  enfermo  por  diversos  desses  anos.  Seus  sofrimentos  nos  fizeram comentar:  “Por  quanto tempo?”.  Será  que  os  sofrimentos dele  nunca terminariam? Mas  quando,  finalmente,  ele  morreu,  depois  de  haver  completado  101  anos,  a família toda podia  lembrar-se  do passado e dizer:  "Isso foi  apenas  ontem!

Todos os teus ontens iluminaram a  estrada  dos insensatos, quando eles  estavam a  caminho  do pó.

(Francis  Bacon)

     Quanto  à  Idéia  de  uma  longa  vida  desejável,  ver  as  notas  expositivas  em Gên.  5.21.  Meus  amigos,  é  grande  ter  uma  missão  dada  por  Deus  e  ter  sido ungido  para  tanto.  Também  é  grande  coisa  ter  tempo  suficiente  para  cumprir nossa  missão  e  não ser cortado  pela  morte prematura.  Oh,  Senhor,  concede-nos tal  graça!

    Ver II  Ped.  3.8,  que  se  baseia  neste versículo.Um  Uso  Tolo  deste  Versículo.  A  ciência  nos  mostra  quão  antiga  é  a  terra, alguns intérpretes  utilizam  este versículo  para  ensinar que a criação  envolveu  mil anos  para  cada  dia  da  atividade  criadora  divina.  Mas  seis  mil  anos  (um  milênio para  cada  um  dos  seis  dias  da  criação)  não  são  uma  gota  do  balde  das  eras geológicas.

90.5,6

Tu  os  arrastas  na  torrente,  são  como  um  sono.  Os  sonhos  são  os  vagabundos  da  noite.  Eles  vêm  e  vão.  Alguns  sonhos  são  repletos  de  significados,  e outros  são lugar comum.  Mas a  luz  da  alvorada fá-los descer à mente  subconsciente.  Provavelmente  Shakespeare  tomou  essa  idéia  por  empréstimo  do  vs. 

3.  A inundação arrasta e  varre  o  que  parecia permanente;  pois tudo  não  passa  de  um momento  de  fragilidade.  Além  disso,  há  a  erva  que  floresce  na  terra  fértil.  Ela parece  saudável;  parece  boa;  parece  uma  característica  permanente  da  paisagem.  Entretanto,  se  lhe falta um  pouco  de  água,  ela morre;  e se o sol  a cresta por muito  tempo,  ela  é  queimada;  quando  chega  a  noite,  a erva  murcha  e  morre  (vs. 6).  E se  os elementos  naturais  da  natureza  não a destroem,  então o  homem, com seus  instrumentos  cortantes,  acabam  por cortá-la  e  derrubá-la.  A  erva  pode  ser destruída  quando  um  homem  colhe  o  trigo,  pelo  que  aquilo  que  é  bom  também pode  ser  um  mal.  O  poeta  sagrado fala  sobre  as  vicissitudes que  podem apagar- nos  a vida e,  por  meio  de  suas  metáforas,  instrui-nos  sobre  a  fragilidade da vida. Ver Sal.  39.4.

    Quanto  à  metáfora  da  erva,  cf.  Sal.  37.2;  102.4,11;  103.15,16;  Jó  14.2;  Isa. 40.6-8.  Era  apenas  natural  que  um  povo  dedicado  ao  trabalho  agrícola  a tivesse usado. Era algo que podia ser observado todos os dias, tal  como a morte pode ser observada todos os dias.  No Novo Testam ento,  ver a metáfora  da erva  em  I  Ped. 1.24.  Há manhã e há tarde, há o florescer e há o declínio da vida,  e todo o homem tem  sua  época  na  qual  floresce  e  murcha.

90.7

Pois  somos  consumidos  pela  tua  ira.  Além  da  brevidade  da  vida,  há pecados  que  precisam   ser  tratados  (vs.  8),  bem  com o  a  breve  vida  humana, que  envolve  muito  castigo  divino.  Há  certas  formas  de  calam idade  nacional que  serviram  de  pano  de  fundo  para  este  salmo,  visto  ser  ele  um  lamento nacional.  A  ira  de  Deus  está  envolvida  na  fragilidade  da  vida  humana,  e temos  de  acreditar  também   no  plano  divino  que  simplesmente  fez  a  vida humana  tão  curta.  O  poeta  não  olha  para  a  futura  vida  eterna,  m as  deixa  o homem  em  sua  natureza  miserável  e  na  minúscula  vida  que  ele  tem  a  viver neste  mundo.  Antes  de  a  morte  chegar,  porém,  o  homem  é  perturbado  pelo Ser  divino,  consumido  pela  Sua  ira.  Ele  sofre  sob  o  látego  divino.  Está  sempre  esperando  com  temor  pelas  coisas.  A primeira  coisa que  pensamos quando  uma  criança  adoece  é:  “Ela  pode  morrer!”  e  esse  pensamento  infunde temor  em  nosso  coração.  Ou  então  pensamos:  “Essa  criança  pode  acabar fraca  e  prejudicada!”  e  isso  é  igualmente  uma  consideração  temível.  “A  dor,  a enfermidade  e a doença  são provas  de  nosso  desvio da retidão original” .  A ira de  Deus  descarrega-se  contra  todos  os  pecadores.  Mesmo  que  tenham os uma vida prolongada,  vamos sendo consumidos  lentamente,  e até  parece  que vivem os  som ente  para  morrer:

      Nossas  vidas que se  desgastam ficam mais breves ainda,E dias  e  meses se  escoam;E cada pulsar do  coração  que sentimos Deixa-nos  um pulsar a  menos  até  o  fim.

(Adam  Clarke,  in  loc.)

    Ver no  Dicionário sobre  Problema  do  Mal.  Por que  os  homens  sofrem,  e  por que sofrem  como sofrem?  O  mal  pode  ser  moral,  isto é,  as terríveis coisas que os homens  praticam  uns contra  os  outros.  E o mal  também  pode ser natural,  incluindo  as coisas  que  a  natureza  faz contra  os  homens,  como  enfermidades,  dilúvios, incêndios, terremotos  e,  o  pior mal  de  todos,  a  morte.

    A  mudança  para  a  primeira  pessoa  do  plural  demonstra  que  o  poeta  não estava  meramente  moralizando  a  brevidade  da  vida  humana,  mas proferindo  um cântico  fúnebre  sobre  a  glória  de  Israel  que  havia  desaparecido.  Em  vez  de mostrar-se  superior  às  vicissitudes  da  vida,  a  raça  em  pacto  com  Deus  tinha compartilhado  dessas  vicissitudes”  (Ellicott,  in  loc.). Talvez  este salmo tenha  sido escrito  após o  cativeiro  babilónico,  quando  a  nação de Judá  morreu,  e  não  meramente quando algum  indivíduo faíeceu.  Kimchi  referiu-se ao salmo presente dirigido  a  Judá,  quando  o  seu  povo  foi  para  o  cativeiro.  Mas  outros  estudiosos pensam  estar em vista  as vagueações  pelo  deserto.  Ver  Núm,  14.33,35

90.8

Diante de ti puseste as nossas iniqüidades.

 As iniqüidades e os pecados secretos estavam todos diante do rosto de Elohim, o qualos olhava com ira. A luz da fisionomia do Senhor ilumina todas as coisas, incluindo os pecados secretos, e há uma retribuição exata para todos os erros cometidos. Assim sendo, Israel caiu na armadilha da fragilidade e da perturbadora mortalidade descrita no vs. 7.Normalmente, a “luz do rosto de Deus" significa favor, mas aqui está em foco o olhar iluminado da ira. Ver sobre o rosto brilhante de Deus em Sal. 84.9, onde ofereço notas expositivas e referências.

 As trevas não são trevas para Ele. Onde quer que Deus esteja, há uma profusão de luz,

pois Deus é luz.

(Adam Clarke, in loc.)

“Certa ferocidade contra o erro e os malfeitores está envolvida no real ardor em prol da bondade. Isso é necessário para que haja sanidade moral; e, se porventura, perdemos esse ardor, precisaremos recuperá-lo. A ira, em conexão com Deus, só será digna deobjeção se for arbitrária, particular e pessoal”

 (W. H. Moberly, In loc.).

    Tendo assim falado, não devemos esquecer que a ira visa a cura,e não meramente a retribuição, conforme anoto em I Ped. 4.6, no

Novo Testamento Interpretado.

90.9

Pois todos os nossos dias se passam na tua ira.

O salmista retorna aqui à brevidade e à futilidade da vida humana. Temos apenas alguns poucos dias de vida, e até esses poucos dias são vividos sob a ira de Deus, que pesa sobre nós a cada dia. Assim sendo,nossos poucos dias multiplicam-se em poucos anos, e eies se escoam como uma história que pode ser contada em poucos minutos. A Vulgata Latina muda a figura simbólica e fala da temporalidade e fragilidade desta vida, como se fora uma teia de aranha.

 Muitas espécies de aranhas renovam suas teias a cada dia, ao passo que outras apenas reparam os lugares quebrados. As aranhas comem

 A antiga teia para prover uma maneira econômica de fabricar a nova teia. Todas as versões da Bíblia falam aqui da aranha, embora nenhum manuscrito hebraico conhecido contenha essa metáfo'ra. A harmonia entre as versões poderia indicar que esse era o texto original, ao passo que o texto massorético padronizado perdeu a menção à aranha. O texto massorético mais antigo pertence ao século IX D. C., pelo que há ocasiões em que as versões preservaram textos mais antigos que da Bíblia hebraica atualmente conhecida. Ver no Dicionário o artigo chamado Massora (Massorah); Texto Massorético, quanto a maiores informações. Os manuscritos hebraicos dos Papiros do Mar Morto concordam em certas porções com as versões (especialmente a Septuaginta), contra os manuscritos tipicamente posteriores de nossa Bíblia hebraica atual. Ver no

Dicionário o verbete intitulado Mar Morto, Manuscritos(Rolos) do

Como um breve pensamento.

Esta é uma tradução mais exata do trecho hebraico. A King James Version diz “como um conto".Nossos anos chegam ao fim e terminam em um breve

 pensamento,o que provavelmente reflete o que acontece por ocasião da morte,quando a pessoa dá o último suspiro. O Targum diz: “A golfada de ar da boca no tempo do inverno". Por alguns segundos a respiração pôde ser

vista,  porquanto as partículas de água se enregelara. O ar, entretanto, como é natural, não pode ser visto. Cf. Tia. 4.14, que fala sobre a “neblina".

90.10

Os dias de nossa vida sobem a setenta anos.

Os setenta anos tradicionais da vida humana são citados aqui. As pessoas, no antigo povo de Israel, nem se aproximavam desse número de anos de vida, em média. Mas isso acontecia a alguns indivíduos mais saudáveis e vigorosos, e esses que faziam parte da elite tornaram-se o padrão do tempo esperado de vida. Davi viveu exatamente até os setenta anos

 (ver il Sam. 5.4), e assim alguns atribuem a ele este salmo. Solon também estimou em setenta anos a duração de vida de umapessoa (Laércio em Vita Solon, pág. 36). Ver também Heródoto, Hist. 1. cap. 6, par. 58; e Plínio

Epístola 1.1. Eliano (Var. Hist. 1.4,cap. 1) falou sobre um povo chamado os Berbiccae, que matavam as pessoas quando elas chegavam aos setenta anos, se é que fossem suficientemente fortes para viver tantos anos, porquanto esse era o tempo divinamente marcado para um homem viver, e ninguém tinha o direito de viver mais do que isso.

       Algumas pessoas particularmente fortes podiam atingir os oitenta anos, mas, se isso sucedesse, teriam de pagar por seu feito sendo fracos e enfermiços, terminando seu curso de vida desejando ter morrido antes. Há algo que pode ser dito em favor de “requeimar”, em lugar de “enferrujar”.

Minha vela está queimando em ambas as extremidades,

Ela não perdurará a noite inteira;

Mas ah! meus inimigos, e ah! meus amigos,Ela está dando uma luz admirável.

(Edna St. Vincent Millay)

John Gill mencionou certo cavalheiro de seus dias que chegou a avançada idade, mas se lamentava ter atingido aquela idade com“muita dor e pouco prazer”.

Nem se apressando, nem vadiando...

(Christina G. Rossetti)

Vamos beber, dançar, rir e repousar,

Vamos rodopiar até a hora da meia-noite,

Pois amanhã morreremos.

(Dorothy Parker, com adaptações)

Uma vida mais longa é a mesma coisa que uma vida mais breve. Chegará o tempo em que a vida deverá ser cortada e alçar vôo, como quando uma ave é solta de sua gaiola. A ave era e tem sido um símbolo tradicional da alma, mas neste versículo não há o menor indício de que a alma voará para Deus por ocasião de sua morte. Por isso, o comentário de Adam Clarke é bom, mas anacrônico noque diz respeito ao tempo em que foi composto este salmo: “O corpo é logo cortado, mas nós nos vamos voando. O espírito imortal  tem asas e levanta vôo para o mundo eterno”.

90.11

Quem conhece o poder da tua ira?

O hebraico original, neste versículo, é bastante obscuro, e outro tanto sucede às traduções que tentam arrancar dele algum significado. Emendas têm sido feitas, mas com resultados incertos. Os comentadores tomam a liberdade de dizer quase qualquer coisa que querem aqui. Uma das idéias é que as aflições desta vida não são dignas de ser comparadas àsmisérias que esperam os pecadores irreconciliados com Deus e têm de enfrentar a Sua ira até o fim da vida. Ou então um homem que compreende corretamente a ira de Deus haverá de temê-Lo, em concordância com essa sua compreensão, para assim evitar alguma punição severa. Em outras palavras, o temor a Deus o ajudará a evitar as manifestações maiores da ira de Deus. Essa tradução fazbom sentido, mas não podemos ter certeza de que era isso que o autor sagrado pretendia dizer. Ou simplesmente, nenhumhomem pode realmente compreender a poderosa ira de Deus. Ellicott nos oferece a seguinte paráfrase:

Quem compreende a tua ira,

E em uma medida que condiga com a reverência,

Quem compreende a tua ira?

Ellicott traduziu a palavra “temor” como se significasse “reverência”. A ira e a cólera de Deus são tomadas como paralelismos poéticos.Temos aqui um triste lamento sobre a ignorância dos caminhos de Deus, bem como a insensibilidade humana para com esses caminhos; e isso termina por ferir o Senhor.

90.12

Ensina-nos a contar os nossos dias.

Encontramos aqui uma das melhores declarações de todo o saltério. Todos os homens, tanto os justos quanto os ímpios, dispõem de um tempo limitado. Mas é o justo que aprende a usar sua breve vida a fim de obter um “coração sábio”. “Visto que a vida é tão breve e por ser vivida sob a ira de Deus contra o pecado, o salmista, representando o povo de Deus, implorou a Deus sabedoria na enumeração de seus dias (cf. Sal. 39.4), ou seja, tomar consciência de quão poucos eles seriam (cf.Sal. 39.5,6). A expressão nossos dias ocorre em Sal. 90.9,10,14, e a palavra isolada, dias, aparece no vs. 15” (Allen P. Ross, in loc.).

     Este versículo tem sido cristianizado para indicar “vier por toda a eternidade”, mas o poeta sagrado não estava falando sobre a vida vindoura. Antes, estava interessado em agir da melhor maneira possível com a breve vida terrena que lhe seria dada. Contudo, o salmista não explicou a utilidade de viver bem por setenta anos, se, depois desse tempo, nada mais existiría. Mas de algum modo,os hebreus pensavam que isso era possível, e assim a lei mosaica tinha como um de seus objetivos a longa vida física, desfrutando as bênçãos da aliança com Deus.

     Ver como a lei dá vida, em Deu. 4.1; 5.33; 6.2 e Eze. 20.1. Somente bem mais tarde, a teologia dos hebreus passou a interpretar isso como a vida da alma, para além do sepulcro.

Coração sábio.

Quanto a amplas explicações sobre este assunto, ver o artigo intitulado Sabedoria, no Dicionário.

   A sabedoria consiste em obter conhecimento e saber usá-lo bem. Com base no Antigo Testamento, o conhecimento deve ser da lei de Deus, e sua boa utilização requer uma mudança de coração, efetuada pelo Espirito. Naturalmente, um modo de usar bem o conhecimento era participar e beneficiar-se do culto no templo de Jerusalém.

   A Satisfação com o Amor Constante de Deus (90.13-17)90.13Volta-te, Senhor! Até quando?

Temos aqui uma breve oração, que poderia ser uma versão sucinta de uma oração mais longa, e é similar às notas concludentes de muitos salmos de lamentação, porém mais longa que na maioria dos salmos. Alguns críticos pensam que essa porção do Salmo 90 era originalmente uma composição separada. Talvez o próprio autor da primeira parte do salmo a tenha acrescentado para dar um fim apropriado ao restante, que, essencialmente, é um salmo de lamentação, bem como um hino de alta categoria, algo parecido com a ordem dos hinos de sabedoria.Neste versículo, Yahweh é retratado como ausente de Seu povo, que sofria reveses. Sem dúvida, o pecado era a causa de Yahweh ter-se afastado do acampamento de Israel. Castigo era a palavra de ordem. E isso sempre ocorria quando Israel se desviava para algum tipo de mal. Havia sempre a antiga síndrome de pecado-juízo-restauração. As dificuldades que o povo de Israel enfrentava são indefinidas, mas parece estar em pauta alguma espécie de tribulação nacional. O plural domina tudo. Alguns estudiosos traduzem a palavra “volta-te” por “abandona”, ou seja, abandona a tua ira (ver Èxo. 32.12). Mas o sentido pode ser conforme se vê em Sal. 6.4:“Volta-te para seu servo, dá-lhe atenção, resolve os seus problemas”.

Até quando?

Estas palavras subentendem a pergunta: “Até quando teu desprezar perdurará e nós sofreremos a tua ira?”. Cf. Sal.74.10.

Tem compaixão dos teus servos.

Ou seja, cessa o Teu castigo e apressa-Te em administrar alguma bênção positiva. Cf. Deu. 32.36.

    O povo esperava uma resposta rápida da parte do Senhor, para que sua desesperada situação fosse prontamente resolvida.“De acordo com G. K. Chesterton, há dois pecados contra a esperança: a  presunção e o desespero.

     A presunção é a atitude de que nada está sendo feito, a menos que nós mesmos o estejamos fazendo. O desespero é a atitude que sente que tudo mais falha quando nós  falhamos. Precisamos assegurar-nos de que Deus está presente, mesmo quando Ele se mantém invisível, e de que Ele opera tudo para o bem daqueles que O amam" (J. R. P. Sclater, in ioc). “A compaixão era a única esperança deles" (Alien P. Ross, in Ioc.), e esse é outro nome para o amor. O amor constante  de Deus é referido continuamente nos salmos. Ver o vs. 14.

90.14

Sacia-nos de manhã com a tua benignidade.

O povo de Israel clamava para ser satisfeito com o amor constante de Yahweh. Issofaria a dor passar e acrescentaria bênçãos divinas. Então os israelitas poderiam regozijar-se após uma longa noite de sofrimentos e, de fato, terminar sua vida em alegria, porquanto os maus dias tinham passado.

Ao anoitecer pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã.

(Salmo 30.5)

Bebi profunda alegria,

E não beberei outro vinho hoje à noite.

(Percy B. Sheliey)

“Que tenhamos a Tua misericórdia em breve. sim. pela manhã. Que ela agora brilhe sobre nós, e parecerá como a manhã de nossos dias, e exultaremos em Ti todos os dias de nossa vida" (Adam Clarke, in ioc.).

“Os vss. 14 e 15 parecem sugerir que a nação estivesse experimentando um período de castigo particularmente severo, por causa do pecado, uma noite de tribulação. Amanhã sugere uma nova era de alegria para o povo de Deus" (Alien P. Ross, in Ioc.). O dia torna-se aqui uma profecia, por Kimchi e Jarchi, a salvação e o triunfo de Israel. E, naturalmente, esse dia é crisnanizado. a fim de significar a nossa era do evangelho.

90.15

Alegra-nos por tantos dias quantos nos tens afligido.

Israel vinha sofrendo por longo tempo. O poeta pediu que por um tempo correspondentemente longo o povo fosse abençoado. A noite perdurara por muito tempo; e, assim sendo, que o dia também perdurasse.

 Este versículo subentende um prolongado período de provação, o que exigia um prolongado período de paz e prosperidade. Talvez estejam em vista os setenta anos do período do cativeiro babilônico, mas isso é mera conjectura. É impossível identificar as circunstâncias históricas que provocaram a composição dos salmos.“Na vida de um crente há uma mistura de aflições e alegrias, que é como um quadro em branco e preto, com uma proporção apropriada de ambas as cores. Assim sendo, a prosperidade e a adversidade têm sua vez apropriada, mas essas mudanças de sorte operam juntamente para o bem daqueles que amam o Senhor... e, além disso, há recompensas no céu! Quanto a esta atual adversidade, nãopode haver comparação com as alegrias do céu, pelo que não podemos falar em devidas proporções. Ver  Rom. 8.18 e II Cor. 4.17”(John Gill,

in ioc.).

90.16

Aos teus servos apareçam as tuas obras.

Veja o leitor as obras admiráveis de Elohim, em Sal. 88.10-12. A providência negativa tinha afligido o povo de Israel. Agora o poeta conclamava Elohim para que providenciasse uma grande e  positiva providência. Ver no Dicionário o artigo chamado Providência de Deus.

Isso redundaria em uma glória especial para Israel. A presença de Deus seria a mediadora dessa glória e sua principal essência. “Estás trabalhando para nós, bem o sabemos. Mas permite que Tua obra apareça!Permite agora que seja demonstrado, em Teu livramento, que os Teus pensamentos para conosco estão plenos de misericórdia e amor”(Adam Clarke,in Ioc.).

 “Tua obra que nos salva e alegra (vs. 15 e cf. Sal. 92.4 e Hab. 3.2)” (Fausset, in Ioc.). A glória e a alegria duradouras desceríam até gerações futuras, aos filhos que por tanto tempo tinham sofrido. Ver o vs. 15, quanto à dor e à alegria proporcionais.Este versículo tem sido cristianizado e aplicado aos filhos de Deus trazidos aos pés de Cristo por meio do evangelho. Seja como for, os filhos da antiga dispensação e os filhos da nova dispensação são filhos de Abraão e participantes de sua aliança. Ver os detalhes sobre esse pacto em Gên. 15.18.

90.17

Seja sobre nós a graça do Senhor nosso Deus. A King James Versíon diz aqui, em vez de graça, “beleza”, e a Revised StandardVersion prefere “favor". O termo hebraico por trás da palavra “graça” tem ambos os sentidos. O que está em foco é seu rico trato comos homens, o que se torna ainda mais específico mediante o uso das palavras “as obras de nossas mãos”. Se o Salmo 90está historicamente baseado na volta de Israel do cativeiro babilônico, então essas obras significam o que foi feito para restaurar a nação de Israel  por intermédio da tribo de Judá; a reconstrução do país, bem como do templo e seu culto e, naturalmente, todo tipo de

Projetos pessoais, familiares, do clã, quando o povo de Israel recuperou o que havia sido destruído. A vida tribal seria reativada; as vidas pessoais receberiam novo significado. Note o leitor a repetição retórica das palavras "as obras de nossas mãos”, para efeito de ênfase, e elas não devem ser apagadas como redundantes. “... confere-nos sucesso

Em tudo quanto fizermos em nossos interesses temporais e espirituais. Cf. Deu. 24.19” (Fausset, in Ioc.).

 A Grande Aplicação.

 Qualquer indivíduo espiritual é capaz de sentir o que este versículo tenta ensinar. Todos nós temos obras E projetos que estão perto de nosso coração. Todos recebemos nossas respectivas missões e também unções especiais para realizá-las. Mas sabemos que todo esforço humano é vão, se Deus não edificar a nossa casa:

    Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que aedificam.

(Salmo 127.1)

A obra protestante Da ética transformou o trabalho honesto em um exaltado princípio moral; e assim realmente deve ser. Nenhum homem tem direito ao ócio.

O ócio é, tão somente, o refúgio das mentes fracas e o feriado dos insensatos. Não há lugar na civilização para o ocioso.

Nenhum de nós tem direito ao lazer.

(Henry Ford)

Não há futuro para o preguiçoso.Um homem sem ambições é como uma mulher sem beleza.

(Joseph Conrad)

Ver no Dicionário o verbete intitulado Trabalho, Dignidade e Ética do quanto a ilustrações e poemas.

Para servir à era presente, minha chamada cumprir;

Oh, que todas as minhas forças sejam engajadas, no cumprimento da vontade de meu Mestre!  Arma-me com zeloso cuidado, para viver sob os Teus olhos,

E prepara Teu servo para dar-te uma estrita prestação de conta!

(Charles Wesley)

                                Comentários em Salmos – Champlin

 


Vencendo o Medo

Texto:  Salmos  91,  121  e  124

 Introdução

   Não sabemos com certeza quem é o autor do Salmo 91; a  antiga tradição judaica declarava que  quando  um  salmo ficava  sem  nome,  este  se  encontrava  na  obra  do  autor do salmo anterior.  Neste caso,  o Salmo 91, juntamente com o Salmo 90, foi escrito por Moisés.  Outros estudiosos declaram  que  foi  Davi  o  autor.

     A mensagem do  salmo  é o cuidado  que Deus  dispensa aos  que pertencem a Ele,  e  a perfeita paz  e  segurança dos que nEle se refugiam. A linguagem é a de um pai amoroso exortando  um  filho,  até  que  o  próprio  Pai  celestial  intervenha no refrão, prometendo sua eterna proteção aos fiéis.0 Salmo 91  é a versão antiga da convicção triunfante:  “Se Deus  é  por  nós,  quem  será contra nós?”  (Rm  8.31).

      1  -  Permanecendo  em  Deus  (SI  91.1-4)

“O  que  habita  no  esconderijo  do  Altíssimo”.  Trata-se daquele  que  sempre firma em  Deus  os  seus  pensamentos, que procura a comunhão constante dEle.  São aqueles fiéis que procuram sempre viver perto do Senhor. Compare isto com o ensinamento de Cristo em João  15.1-10. “E descansa à sombra do Onipotente”. Deus estenderá os seus cuidados  ao  homem  que  se  coloca  sob  a  proteção  dEle.  A  fé amorosa  da  parte  do  homem  será  entendida  por  amorosa fidelidade da parte de Deus. A comunhão com Deus significa segurança. Quanto mais perto de Deus andarmos, mais confiança teremos

    “Diz ao Senhor: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em  quem confio”.  A  pessoa  que  fala  aplica  a  si  mesma  a verdade  geral  descrita  no  primeiro  versículo.  Qualquer pessoa  pode  dizer:  “Deus  é  um  refúgio”,  mas  só  aquele que tem fé pode dizer “Deus é o meu refúgio”. A fé daquele que fala é corajosa e se anuncia publicamente, muitos se deleitam em anunciar as  suas dúvidas,  mas o que é necessário é alguém declarar as suas convicções religiosas. Cada animal do  campo  foge para o  seu refúgio no  momento  do perigo;  o  homem,  criado  bem  mais  sublime  do  que  os animais,  somente  em  Deus  pode  achar  o  seu  refúgio satisfatório.“Pois  ele te livrará do laço  do passarinheiro, e da peste perniciosa”.  Como passarinhos estultos e fracos, deixamos Satanás  nos  atrair  para  as  suas  arapucas.  Paulo  declarou: “Não ignoramos os propósitos dele”. Deus é Espírito, e pode nos  proteger de  espíritos  maus;  Deus,  cujos  caminhos  são misteriosos, pode nos proteger de perigos misteriosos; Deus é  imortal  e  pode  nos  livrar  de  doenças  mortais.  Não  há limites  ao  poder  protetor  da  fé,  entretanto  a  promessa  é dirigida àqueles que habitam no esconderijo do Altíssimo, e  não  àqueles  que  fazem raras  visitas  a Ele.

     “Cobrir-te-á com  as  suas  penas”  -  isto  significa  a proteção  divina  -  “sob  suas  asas  estarás  seguro”  -  é  esta  a situação  humana  de  quem  tem  fé  em  Deus.  Deus  sempre está protegendo,  porém será que  sempre estamos  confiando?  “A  sua  verdade  é  pavés  e  escudo”.  É  esta  a  base  da nossa fé  e  confiança  (Ef 6.16).

     II  -  Protegido  por Deus  (SI  91.5-10)

     “Não  te  assustarás  do  terror  noturno,  nem  da  seta  que voa  de  dia,  nem  da peste  que  se propaga  nas  trevas,  nem da mortandade que assola ao meio-dia”. Isto inclui roubos, assaltos,  guerras,  pragas,  a ensolaração  (SI  121.6)  e  todas as demais  desgraças  súbitas  de dia e  de noite.  “Caiam mil ao teu lado, e dez mil  à tua direita; tu não serás  atingido”. O  fiel  servo  de  Deus,  com  uma  missão  para  cumprir,  e com  fé  profética  em  tempos  de  perigo,  fica  firme  com  a convicção  de  que  nenhuma  circunstância  que  atinge  as pessoas em derredor poderá  ser uma ameaça contra a vida dele, até ser cumprida a obra que Deus confiou a ele (2 Rs 19.35-37).

    Esta  verdade  também  se  aplica  a  assuntos  espirituais. Em tempos  de  apostasia e  frieza espiritual,  quando  há decadência na própria religião,  o  homem,  que  vive perto  de Deus,  renova  as  suas  forças  e  a  sua  alma  fica  livre  de enfermidades  morais.

     “Somente  com  os  teus  olhos  contemplarás,  e  verás  o castigo  dos  ímpios”  (Nm  14.30,32;  Dt  4.4).  Embora,  às vezes, podemos pensar que a justiça divina está se atrasando,  as  evidências  demonstram  que há um Soberano  moral que reina sobre  os homens e que mais cedo  ou mais tarde acerta  as  contas  com  os  ímpios.

     “Pois  disseste:  O Senhor é o  meu refúgio.  Fizeste  do Altíssimo  a tua morada.  Nenhum mal te  sucederá,  praga nenhuma  chegará  à  tua  tenda”.  Certa  vez,  durante  um período de epidemia perigosíssima em Londres,  CharlesH.  Spurgeon  estava  visitando  os  enfermos  e  realizando enterros,  quando,  esgotado  e  desanimado,  sentiu  que  a praga mortal já pegara nele.  Ao passar na frente  de uma loja,  viu  numa  vitrine  estas  palavras  de  Salmo  91.9,10 expostas  como lema.  “O  efeito  sobre  o  meu  coração foi imediato.  A  fé  aceitou  estes  versículos,  aplicando-os  à minha vida.  Senti-me seguro, refrigerado e revestido com imortalidade.  Continuei  minhas  visitas  pastorais  aos enfermos  e  moribundos,  com  paz  de  espírito;  não  senti medo  de  nenhum  dano,  e  não  sofri  mal  algum”,  disse ele.  Certo  médico  alemão  disse  ser  este  salmo  a  melhor proteção  em  tempos  de  praga.

       III  -  Vitoriosos  com Deus  (SI  91.11-13)

    “Porque  aos  seus anjos dará ordens a teu respeito, para que  te  guardem em todos  os  teus  caminhos”.  Este  mundo é um campo de batalha para as forças espirituais do bem e do mal.  Quando  chegarmos  a ver  os  anjos  face  a face,  ficaremos  atônitos  ao  sabermos  quantas  vezes  mãos  invisíveis  nos  prestaram  serviços espirituais  aqui na terra,  além de  nos  proteger  de  muitos  perigos  de  cuja  existência  não tínhamos a mínima idéia. “Eles te sustentarão nas suas mãos, para  não  tropeçares  nalguma  pedra”.  Ainda  que  a  providência de Deus não nos tenha dado um caminho suave para palmilhar, podemos  contar com  a ajuda  celestial  para nos proteger  dos  tropeços  (Pv  3.23,24).

     “Pisarás  o leão e o áspide,  calcarás aos pés  o leãozinho e  a  serpente”.  O  costume  dos  conquistadores  antigos  era colocar o  seu pé na nuca do inimigo vencido.  O leão  simboliza aqui todos os inimigos conhecidos, abertos e violentos;  a serpente  simboliza todos os inimigos  secretos e traiçoeiros,  tais  como caluniadores.  O inimigo mais poderoso e  mais  peçonhento  nas  suas  tramas  será vencido  pelo  homem  de  Deus.  Aqueles  que  habitam  no  esconderijo  do Senhor não estão isentos de qualquer ataque, e os seus pés entram  em  contato  com  os  piores  inimigos.  Em  Cristo, porém,  têm  a  esperança  de pisar  Satanás  debaixo  dos  pés deles.

     IV  - Honrado  por Deus  (SI  91.14-16

     Deus,  falando  através  da  boca  do  escritor  inspirado, pronuncia  o  seu  “amém”  às  promessas  citadas.  “Porque  a mim  se  apegou  com  amor,  eu  o  livrarei;  pô-lo-ei  a  salvo, porque conhece o meu nome”.  Não é porque o fiel merece ser assim preservado, mas porque,  apesar de todas  as  suas falhas,  fixou  em  Deus  o  seu  amor.  É  o  amor  dedicado  a Deus  a marca distintiva de todos  aqueles que o  Senhor liberta de todo o mal.  Somente aqueles que realmente amam a Deus permanecem em profunda comunhão com Ele; tais pessoas  também têm  verdadeira fé nEle.  Deus  tem prazer em  ver estes  dons  de  graça,  amor e  fé  presentes  nos  seus adoradores; Ele dá os dons, e ainda recompensa as pessoas que os evidenciam.  Se  subirmos a um ponto alto por conta própria,  poderemos  sofrer perigo;  mas  se  Deus  nos  colocou  num  lugar  elevado,  estaremos  seguros  numa  situação de  grande  glória.

    “Ele me invocará, e eu lhe responderei”. Deus está mais disposto para dar do que nós para receber; todavia isto não nos isenta do dever e do privilégio de orar. Deus não força os  indiferentes,  os  frios  e os  indispostos  a  aceitarem bênçãos.  “Na  sua  angústia eu  estarei  com ele,  livrá-lo-ei,  e  o glorificarei”.  Deus  fica com pessoas  que  sentem o  quanto precisam  dEle.  Honra  quem honra  a Ele.

      “Saciá-lo-ei com longevidade”.  No Antigo Testamento, a  vida longa  é considerada uma recompensa especial pela retidão  (Êx  20.12; Dt 5.16.  2 Rs  20.6;  SI 21.4;  Pv  3.2,16). Na  Nova  Aliança,  no  entanto,  o  mais  importante  é  estarmos  “com Cristo”  (Fp  1.23).  De modo geral,  a obediência às leis de Deus  tende a nos garantir uma vida longa,  cheia de saúde. O homem de Deus, jovem ou velho, está satisfeito com a vida, e também está satisfeito quando vem a hora para deixar a vida.  Porque ele é do  Senhor,  seja durante a sua vida,  seja depois  da sua morte.  Podemos  ter uma vida longa com a saúde dada por Cristo, mas também podem abrir mão disto e entregar a nossa vida na causa de Cristo. “E  lhe  mostrarei  a  minha  salvação”.  Depois  de  uma  vida longa em espiritualidade na terra, passaremos a contemplar a glória celestial.  “Quando  acordar eu me satisfarei com a tua  semelhança”  (SI  17.15).

     V  -  Ensinamentos  Práticos1. 

      No  esconderijo da presença  de Deus.

      Certo  escritor relata que trabalhava longas horas  cada dia num escritório onde  o  chefe  sempre  o  maltratava  e  os  companheiros  só falavam coisas  indecentes,  e  que  só agüentava  tudo  graça ao  seu  pensamento  no  amor  e  carinho  que  o  aguardavam em casa.  Poderíamos  dizer que,  embora passasse  o  dia no escritório,  estava  no  seu próprio  lar mesmo  durante  o  expediente,  porque  seu  lar  o  acompanhava  espiritualmente enquanto trabalhava.

    Desta forma,  podemos  permanecer em Deus.  Ao  reconhecer a  sua  presença  conosco,  podemos  viver em  comunhão  com  Ele  durante  o  dia  inteiro,  sem  negligenciar  sequer um  só  dos  deveres  que  diariamente  nos  cabem.

      Pode  ser que haja na palavra “esconderijo” uma alusão ao  lugar  santo  do  templo,  em  que  somente  os  sacerdotes podiam  entrar.  Nesse  lugar  santo,  havia  a  mesa  dos  pães asmos,  simbolizando  a comunhão  com Deus;  os  castiçais, simbolizando  a  iluminação  e  a revelação;  o  altar  de  ouro, simbolizando  o  ministério  da  oração  e  do  louvor.  Assim sendo,  as  bênçãos  do  lugar  secreto  são  a  luz,  a  vida  e  a oração. E a oração é o segredo de tudo, porquanto onde há oração  ali  também há  luz  e  vida.

    Estamos habitando no lugar sagrado de íntima comunhão, ou estamos passeando um pouco nos pátios exteriores do templo? Os membros de qualquer congregação podem ser basicamente divididos em duas classes: aqueles cujo lar é o mundo e que fazem ocasionais visitas a Cristo, e aqueles que habitam com Cristo  e estão de visita no mundo

            2.  A  salvação  é segurança  e  sustento.

   “Diz  o  Senhor: Meu  refúgio  e  sustento”.  Certo  homem  perguntou,  zombando: “Que vantagem tem o homem religioso, comparado comigo?  O sol não está brilhando  sobre mim tanto quanto sobre  ele,  neste  belo  dia?”  Veio  a  resposta:  “Sim,  mas  o crente tem dois  sóis que brilham sobre ele ao mesmo tempo  - um para iluminar o seu corpo,  e o  sol da Justiça para iluminar  e  aquecer  a  sua  alma”.

     Esta é a verdadeira situação do crente, ainda que às vezes possa  ser  “contristado  por  várias  provações”  no  presente, por  breve  tempo,  quando  isto  seja  necessário  para  o  seu bem espiritual ou por causa da obra que realiza em prol de Cristo neste mundo (1 Pe 1.6). O crente pode dizer ao ímpio: “Uma  comida  tenho  para  comer,  que  vós  não  conheceis” (Jo  4.32);  pertenço  ao  mundo  eterno  que  você  não  pode ver; tenho fome secreta de felicidade e isto impede que eu seja esmagado  pelos  fardos  deste  mundo  de  canseira”.

     Isto  não  significa  que  busquemos  descanso  e  consolação  em  Deus  a  fim  de  evitar  as  duras  realidades  da  vida. Pelo contrário,  é nEle que procuramos  as  forças para vencer os  problemas  de modo  abençoado  e  espiritual.  A  consolação  divina  não importa  em  sermos  tratados  como  nenés  manhosos.Note o contraste em Isaías 46.1-4. Os pagãos tinham de carregar seus deuses nas costas, todavia o Deus verdadeiro é o sustentáculo do seu povo.  A nossa religião é um fardo ou  um  alívio  dos  fardos?

    3.  Reconhecendo  as  ciladas  do  Diabo.

   “Pois  ele  te  livrará  do  laço  do  passarinheiro”.  Muitas  pessoas  pecam deliberadamente embora  saibam exatamente  o que  a Palavra  de  Deus  diz  acerca  do  assunto.  Outras,  porém,  caem em  ciladas  do  diabo,  cujos  conhecimentos  traiçoeiros  o ensinam  a  adaptar  as  tentações  a  cada  personalidade,  e  o seu  estoque  delas  contém  todos  os  tipos,  desde  os  mais grosseiros  até  os  mais  refinados.

     Às vezes, o inimigo emprega a cilada do exemplo, como o  caçador  faz  uso  da  chamariz,  que  pode  ser  um  pato  de plástico flutuando nas águas a fim de atrair bandos de patos selvagens  que  então  serão  abatidos.  Você  talvez  conheça alguém que professa grande espiritualidade e conhecimento de assuntos religiosos, e que  é muito procurado para as reuniões cristãs.  Quando tal pessoa comete um ato duvidoso,  e  tem  uma  doutrina  estranha,  você  pode  ser  tentado  a dizer:  “Se  fulano  faz ou pensa  assim,  que mal pode haver nisso?” O caminho mais  seguro para você seguir é receber diretamente do Mestre, Jesus Cristo, toda a doutrina e prática.

    Tentações  de todos  os tipos  nos  espreitam em todas  as atividades  da  vida,  e  as  mais  perigosas  são  as  secretas  e invisíveis,  que  atacam  a  mente  e  a  alma;  se,  no  entanto, habitamos no esconderijo do Altíssimo, não seremos dominados por elas. Temos a preciosa promessa:  “Ele te livrará do laço do passarinheiro”.  O sentido disto é duplo: Primeiro, protege-nos de entrar na cilada, e, segundo, ajuda-nos a sair dela.

     Uma vida baseada na oração e na meditação bíblica é o melhor  “programa  de  rearmamento”  para  nos  preparar  a resistir aos  ataques  do  Diabo.

    4.  A  confiança  em 

    Deus  remove  o  aguilhão  das  aflições.  O  salmo  enfatiza  a verdade  que  quem faz  sua habitação espiritual em comunhão com Deus tem imunidade de todos  os  tipos  de  pecado.  Incluem-se  nestas  promessas  as libertações de  males  externos  também,  e não  somente  dos males  que estragam nossa vida espiritual.  Várias questões são estabelecidas, bem como estas:  é fato comprovado que inúmeros  cristãos  têm  sido  milagrosamente  libertados  de perigos  físicos  de  todos  os  tipos;  mas  também  se  pode perceber na experiência que, de modo geral, os cristãos não estão isentos das dificuldades que surgem na vida de todos os  seres  humanos.

      Os  que temem a Deus,  bem como  os que blasfemam o seu santo nome, sofrem acidentes. Durante epidemias, tanto os justos como os ímpios podem adoecer e morrer. Tanto os  santos  como  os pecadores passam por tempos de crises econômicas.  Assim  surge  a  pergunta:  Qual  é  a  vantagem do homem de Deus, comparado com o homem do mundo?

    Sem estabelecer limites às possibilidades da fé milagrosa,  o  Novo  Testamento  não  garante  imunidade  contra  a adversidade.  O  que  nos  oferece  é  a  certeza  de  que:  “Em todas estas cousas, porém,  somos mais do que vencedores, por meio  daquele que nos  amou”  (Rm  8.37).  A  segurança oferecida pelo Salmo 91 é que a maldade presente no mundo nunca poderá  atingir aquele  a pessoa abrigada  sob  as  asas do Altíssimo. Por exemplo: muitos pagãos foram decapitados  na Roma antiga;  e Paulo também foi  decapitado.  Para os  pagãos,  o  castigo  capital  foi  um  mal  terrível,  cortando todos  os  prazeres  da  vida  e  levando  a  alma  ao  estado  de desespero e de trevas eternas. Para o apóstolo, a morte não era nenhum mal - era a porta de entrada para o reino da luz (2  Tm 4.6,18).  Durante  um  naufrágio,  uma  pessoa  confia totalmente em Deus,  e  outra pessoa zomba  de tal  idéia.  É somente a primeira destas pessoas que  se aplica a promessa:  “Nenhum  mal  te  sucederá”.

     A total confiança em Deus remove o aguilhão de todas as calamidades. A proteção divina remove o curare da ponta das flechas; podem machucar, mas não podem envenenar e fazer apodrecer a nossa carne.  As águas dos esgotos deste mundo  podem  chegar  até  nós,  porém  Deus  as  faz  passar pela  filtragem  e  pela  purificação  antes  de  penetrarem  em nossa vida  (2  Co  4.17,18).

   5.  A fé  e a  crença  em ação.

  “Sob  suas  asas  estarás  seguro”.  Você  pode  acreditar  nisso,  intelectualmente,  sem refugiar-se na prática quando o perigo realmente chega. Na história  bíblica  antiga,  alguém  poderia  crer  sem  dúvida alguma que havia uma cidade de refúgio por perto, mas, na hora de ser perseguido pelo vingador, não seria preservado da morte violenta se não  corresse com todas  as  suas  energias para chegar em tempo nessa cidade. Você pode entender o  significado  dalguma verdade  sem  aplicar  à sua própria  vida  a  realidade  que  aquela  verdade  contém.  Tantas pessoas  sabem  que  Deus  é  um  refúgio  sem  se  lançarem totalmente  nos  seus  braços,  confiando  aos  seus  cuidados tudo  quanto  há  na  vida  delas.  Mediante  a  fé,  você  toma posse da salvação comprada por Cristo para você, morrendo em seu lugar (Hb 7.18).  Por que Israel perdeu a bênção de  ser recolhido  sob as  asas  do  Senhor?  (Mt 23.37). Em 2 Timóteo  2.22  há  um  excelente  dispositivo  de  segurança.

   6.  “Não  te  assustarás”. 

   Devemos  distinguir  três  tipos de  medo.

   O primeiro  é o medo  sadio,  o  sinal vermelho  da natureza que nos adverte da presença do perigo. Este medo é  uma  bênção  quando  nos  leva  a  procurar  proteção  em tempo.  Sem ele,  dificilmente poderíamos  sobreviver neste mundo. 

Em  segundo  lugar,  há  o  medo  exagerado  que, embora baseado nalgum perigo real,  nos paraliza com terror e enche de angústia a nossa vida.

 Em terceiro lugar, há o medo mórbido que atormenta, e que geralmente é imaginário  e  sem  base.  Tais  temores  são  tão  antigos  quanto  a raça humana,  mas hoje em dia recebem algumas  etiquetas dadas  pela medicina  e pela psicologia,  tais  como:

   a)  O  histerismo.  É  uma  condição  que  pode  imitar  os sintomas de quase todas as doenças, e que produz o tipo de pessoa chamado hipocondríaco, alguém que sempre imagina estar sofrendo dalguma enfermidade e que passa os seus dias  consultando  os  médicos  que  procuram  em  vão  acalmar  seus  temores  com respeito  aos  sintomas  imaginários. Na vida religiosa, há os hipocondríacos espirituais, que, na sua procura da santificação,  sempre olham dentro de  si  ao invés de olharem para Cristo, o autor da nossa santificação. Tais pessoas ficam sendo vítimas da convicção de sua própria condenação,  imposta por elas  mesmas  e que perpetuamente  as  tormenta.  A  esta  classe  pertencem  quaisquer crentes que imaginam ter cometido o pecado imperdoável.

b) A neurose da ansiedade.  A opressão por algum medo horrível, cujo objeto, razão de ser, ou significado não sabemos  explicar.

c) A fobia.  O medo dalgum objeto inocente que nenhum dano  pode  nos  fazer.

d)  A  obsessão.  A  opressão  por  pensamentos  que  não fazem parte da nossa personalidade, pensamentos que achamos  nojentos  e  dos  quais  desejamos  recuar com horror.

e) A compulsão.  O desejo inistente de fazer alguma coisa louca ou  absurda,  como,  por exemplo,  a tendência ao  suicídio  que  se  revela  em  muitas  personalidades.

f)  O nervosismo.  As  características  gerais  do  nervosismo  são  a  insatisfação,  a  sensação  de ter  sido  abandonado aos seus próprios recursos, a preocupação, o menosprezo a si mesmo,  a falta de interesse nos  acontecimentos e o pessimismo,  que  é  sempre  olhar  as  coisas  pelo  aspecto  sombrio.Para  estes  temores,  e  para  todas  as  demais  formas  de medo,  Deus  graciosamente  ofereceu  o  remédio  espiritual, como  se  percebe  pelo  fato  de  ocorrer  tantas  vezes  nas Escrituras  a  expressão:  “Não  tem ais”,  a  exortação encorajante  da parte  dos  mensageiros  de Deus.Para  banir  os  temores  da  sua  vida,  medite  um  pouco nos  seguintes  assuntos:

Io) Até que ponto seus temores e ansiedades  são úteis? Imagine  todo  o  seu medo  do passado  empilhado para formar uma montanha. A soma total de todas  as  suas preocupações  não  valeu nada.  Agora,  tome na  sua mão  uma pequena semente. Enquanto você olha para ela, lembre-se de que uma quantidade  de fé  não  maior do que  esta  semente bastaria para fazer algo bem mais  construtivo do  que toda aquela montanha de ansiedades acumuladas. Olhe outra vez aquela montanha, e escute as palavras de Jesus: “Se tiverdes fé  como  um  grão  de  mostarda,  direis  a este  monte:  Passa daqui para  acolá,  e  ele  passará”  (Mt  17.20)

     2o)  Enfrente  seus  temores.  Se algum temor fica espreitando você no quintal da sua casa espiritual, você fica tentado  a pegá-lo  rapidamente  e  enfiá-lo  no  porão  -  ou  seja, reprimi-lo.  O temor,  deixado ali,  vai minar os  alicerces da sua  casa  e,  lá  em  baixo,  vai  soltar  gases  venenosos  que estragarão a atmosfera da paz espiritual no lar.  Não!  Você deve convidar o temor para a sala,  examiná-lo sob a plena luz da razão, para então expulsá-lo  abertamente pela porta da  frente.  Quando  você  examina  criticamente  os  seus  temores,  na luz da fé e com santa calma,  você descobre que muitos  deles  vão  se  encolhendo  até  desaparecer.  O  que parecia ser uma onça feroz acaba revelando ser apenas um gatinho; o que parecia uma montanha acaba mostrando ser apenas  um  cupim;  o  que  se  erguia  diante  de  você  como sólida  ameaça  acaba  sendo  uma  sombra  sem  substância alguma.  Revestido  pelo poder do  nome  de Jesus,  enfrente e  expulse  os  demônios  do  medo!

     3o)  O poder  expulsivo  do  amor divino.  Você  acha que precisa  da  ajuda  de  fora  para  expulsar  aquelas  preocupações e ansiedades? Então, escute estas palavras:  “O perfeito amor lança fora o medo”  (1  Jo 4.18).  E o  amor de Deus que  age  como  oficial  da justiça para expulsar o  ladrão  intruso  da  sua  felicidade  -  o  medo.  Quando  surge  qualquer problema,  vai  ver  na  chave  bíblica  a  palavra  “amor”  e pergunte  a si mesmo:  “Qual é a mensagem que o amor de Deus  tem  em relação  a este  medo,  esta preocupação,  esta depressão?”  Por exemplo,  existe na vida algum temor que você não pode  agüentar como crente? Então leia a mensagem do amor de Deus em Romanos 8.35-39. Enquanto você exerce  sua fé nesta mensagem,  e outras  tantas  que  descrevem o  amor de Deus,  o medo se esconderá e vai recuando para longe  da  luz  inapagável  do  amor  de Deus  em Cristo Jesus  nosso  Senhor.

     4°) A hora bendita da oração.  Depois  de  você  expulsar os temores, as preocupações e as depressões, Deus lhe dará uma  sentinela  celestial  para  barrar  o  caminho  a  qualquer intruso  que  queira  entrar  no  seu  coração.  Este  protetor  é chamado a paz de Deus, e é enviado para você em resposta à oração da fé. Como está escrito:  “Não andeis ansiosos de cousa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas diante de Deus  as  vossas  petições,  pela  oração  e  pela  súplica,  com ações de graça. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento,  guardará os  vossos  corações  e  as  vossas  mentes em  Cristo Jesus”  (Fp  4.6,7).

     7.  Anjos da guarda (vv  11,  12). A Bíblia nos ensina que Deus tem,  à sua disposição,  incontáveis  criaturas  espirituais, cheias de vitalidade,  de grande poder, ricas em conhecimento, com vasta variedade. Estas criaturas  são os anjos, os  mensageiros  celestes.  São  chamados  espíritos  porque, diferentemente  dos homens,  não  estão limitados  às condições  físicas  e  naturais.  Aparecem  e  desaparecem  quando querem, e viajam com indescritível velocidade sem o concurso de quaisquer meios naturais. Embora sejam espíritos, possuem o poder de assumirem a forma do corpo humano a fim de fazer com que os sentidos humanos possam captar a presença  deles  (Gn  19.1-3).

     São anjos da guarda que, segundo o salmo nos informa, nos guardam em todos os nossos caminhos. Existem caminhos  que não  são permitidos por Deus:  o  caminho  da presunção, o caminho da soberba, o caminho da desonestidade, o  caminho  do  mundanismo,  o  caminho  da  falsa  doutrina etc. Tais caminhos não estão incluídos na promessa, e não podemos  esperar  que  Deus  nos  proteja  em  locais  onde somos  proibidos  de  freqüentar  (Mt  4.6,7).  Os  cuidados divinos  nos  serão  dados  na  medida  em  que  seguimos  os caminhos  da  fé,  da  obediência,  da  humilde  confiança,  do serviço cristão consagrado, da mais completa integridade e da  santa  separação.

    É um trabalho mui digno de um anjo, vigiar os filhos de Deus  que  vão  tropeçando.  Nós,  como  cristãos,  também devemos  nos  dedicar a  zelar pelo  bem  espiritual  dos  nossos irmãos na fé.  Quando temos  a oportunidade,  devemos ser  fortes  para  apoiá-los.  Repudiar  nosso  irmão  quando tropeça num erro,  é o oposto daquilo que os anjos fazem.

     8.  A  vida vitoriosa.

 “Pisarás o leão e a áspide,  calcarás aos  pés  o  leãozinho  e  a  serpente”.  Estas  palavras  têm  um sentido literal. Davi matou o leão e um urso na defesa das suas  ovelhas.  Daniel foi liberto  do covil  de leões,  e Paulo sacudiu  da  sua mão  uma  serpente venenosa  sem  sofrerem dano algum. Na vida diária da maioria de nós, porém,  são as  feras,  atacantes  da  vida  espiritual,  que  mais  nos  ameaçarão: “as paixões carnais que fazem guerra contra a alma” (1  Pe 2.11); e “o pecado que tenazmente nos assedia”  (Hb 12. 1).

      Quando  você  se  converte  a  Cristo,  seus  pecados  são perdoados e a sua velha natureza é crucificada com Cristo. O rompimento com o pecado é tão completo que é chamado “morrer para o pecado” (ler Rm 6). Mesmo assim, é um fato  da experiência que,  mesmo  depois da conversão,  certos traços  da antiga vida se tornam ofensivamente evidentes.  É nessas horas  que  você,  como  cristão,  precisa  apelar para a promessa:  “Pisarás o leão e  a áspide”;  ou, nas palavras de Paulo,  “...o pecado não terá o domínio  sobre vós”.

    Como pode você,  como cristão, pisar aquelas feras que às vezes ficam de espreita nas cavernas profundas da alma? Mediante  a  oração,  você  convoca  o  socorro  do  Espírito Santo (Rm 7 e  8). E, enquanto o Espírito  Santo tem entrada na sua vida,  o pecado vai fugindo.  Assim como o vigor da  seiva que sobe  às  árvores  na primavera força as folhas velhas  a  se  desligarem,  apesar  de  terem  ficado  coladas durante todos os ventos fortes do inverno, assim também o Espírito  Santo,  que  habita  em  você,  força  para  longe  as imperfeições  e  hábitos  da  antiga  vida.  “Graças,  porém Deus que em Cristo  sempre nos  conduz  em triunfo, e, por meio de  nós, manifesta em  todo  lugar a fragrância do  seu conhecimento”  (2  Co  2.14).

    9.  Deus  corresponde  à  nossa fé.

 “Porque  a  mim  se apegou  com  amor,  eu  o  livrarei;  pô-lo-ei  a  salvo,  porque conhece o meu nome.  Ele me invocará, e eu lhe responderei”.  Deus  envia  sua resposta à pessoa que  se  apega  a Ele em pensamento,  em amor, em obediência.  Esta comunhão com Deus é algo que continua dia após dia, e o dia inteiro. Deus sempre se faz presente para abençoar aqueles que oram a Ele,  entretanto nós temos  a tendência de  ficar frouxos  e frios  em  nossa  vida espiritual,  deixando  de  levar  a Ele  os nossos  clamores.  A  espiritualidade  não  é matéria  de  sorte-  temos de buscar a Ele de tal maneira que as outras coisas tomem  lugar  secundário.  Ficando  sempre  bem  pertos  de Deus, temos a promessa:  “Eu o livrarei”. Embora cercados por todos os tipos de dificuldades, podemos dizer: “Se Deus é  por  nós,  quem  será contra  nós?”

     10.  “Saciá-lo-ei com  longevidade”. 

    Alguns  santos  servos  de  Deus  morrem bem jovens;  alguns  dos piores  pecadores vivem até à velhice avançada.  São fatos da experiência  que  se podem notar.  Mesmo  assim,  podemos  declarar com confiança que uma vida piedosa de fidelidade a Deus tende  a  promover  uma  vida  longa.  E  por  que?  Porque  a verdadeira  religião  faz  com  que  o  zelo  pela  nossa  saúde seja um dever positivo cristão. O cristianismo protesta contra aquelas dissipações que destroem a alma e o corpo;  cancela as nossas preocupações com respeito às coisas materiais; remove  todo  o  peso  da  angústia  quanto  ao  nosso  destino eterno, porquanto o dom da vida eterna que Cristo nos deu é irrevogável, reservado para nós no céu; e,  sobretudo, dá- nos a preciosa promessa em Tiago 5.14,15,  acerca da cura divina.

                                   SALMOS MYER PEARLMAN








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