terça-feira, 17 de novembro de 2020

Lição 8 - Salmos Parte 5 (Sl 107 - 150)

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Salmo 145.8-10;147.11,12;

148.1-4;149.1,2;150.1,2,6.


TEXTO ÁUREO

O Senhor reinará eternamente; o teu

Deus, ó Sião, é de geração em geração.

Louvai ao Senhor!

Salmo 146.10


OBJETIVOS

CONHECER as principais características do quinto volume do Livro dos Salmos;

COMPREENDER a perfeição, excepcionalidade e infalibilidade das Escrituras;

ENTENDER que os últimos salmos convidam o povo de Deus, os anjos, Jerusalém, os céus e todo ser que tem fôlego a louvar o Criador.

INTRODUÇÃO

A quinta seção do Livro dos Salmos (107—150) apresenta características muito peculiares em relação às práticas litúrgicas. Trata-se, em sua maioria, de cânticos de louvor e adoração, entoados nos cultos judaicos e em momentos de celebração.

                CONCLUSÃO

No decorrer das cinco seções do Livro dos Salmos pudemos perceber que as composições poéticas nele contidas não são apenas flagrantes de almas exultantes e eufóricas. No Saltério deparamo-nos com orações, expressões de louvor, dores pessoais e sofrimento nacional. Cada um desses temas foi inspirado por Deus para nos ensinar o caminho da eternidade, fazendo-nos voltar para Ele.

Deus abençoe

sua vida!

Lição 08 - Livro dos Salmos - Parte V (Sl 107-150)

Central Gospel - Livros poéticos

Fonte do subsídio: 

https://www.youtube.com/channel/UCX7NanXuWgpdvLx8qTndgng?feature=emb_ch_name_ex

https://www.youtube.com/watch?v=twKVo9jzFbs

 


Texto Bíblico Básico:

Sl 145.8_10; 147.11,12; 149.1,2; 150.1,2,6

Texto Áureo: Salmo 146.10

“O Senhor reinará eternamente; o teu Deus, ó Sião, é de geração em geração. Louvai ao Senhor!”

 Objetivos

 Conhecer as principais características do quinto volume do Livro dos Salmos;

Compreender a perfeição, excepcionalmente e infalibilidade das Escrituras;

Entender que os últimos salmos convidam o povo de Deus, os anjos, Jerusalém, os céus e todo ser que tem fôlego a louvar o Criador.

                                   Introdução

   Nesta lição analisaremos, mesmo que de modo suscinto o 5º Livro de Salmos – Sl 107-150. Contudo, o comentarista pela própria estrutura da revista (2800 palavras), abarca os salmos 139, 119, e o hallel 146-150 (en passant).

Curiosidades: esta seção do Livro de Salmos – foca o Deuteronômio, então a ênfase está na LEI de Deus, está lei é cantada, como? Sl 119. Em Deuteronômio temos 3 verbos-chaves:

 LEMBRE-SE (O PASSADO) , OBEDEÇA (PRESENTE),VIGIE (FUTURO DE BÊNÇÃOS). Além disso, a alegria da adoração com - Louvores, para isto, temos os salmos de aleluia – O salmo 107 faz parte dos salmos de peregrinação – quem ia a Jerusalém na ocasião da Páscoa (libertação), do Pentecostes (colheita – a benção de Jeová sobre a terra), e a festa dos Tabernáculos (cabanas – a proteção e provisão no deserto). Esboço do Salmo 107: O LOUVOR A DEUS POR SUA AÇÃO LIBERTÁRIA (Cura, libertação, saúde)

 · O salmo comenta sobre 4 tipos de pessoas que clamaram ao Senhor em suas angústias, dificuldades, e problemas:

1. Errantes no Deserto – sem orientação – vv.4-9.

2. Prisioneiros – vv.10-16.

3. Os que se arrependem da insensatez – vv.17-20.

4. Em perigo de naufrágio (tempestade violenta) – vv.23-30.

NÃO IMPORTA O PROBLEMA – DEUS PODE NOS LIVRAR – TRAZER SOLUÇÃO

Ø Para o errante, faminto e sedento Jesus é o caminho, o pão da vida e a água da vida – Jo 6.35; 4.10- 14; 14. 6.

 Ø Para o prisioneiro Jesus é o libertador – Is 61.1,2.

Ø Para o insensato a sabedoria perfeita, maior que Salomão – Cl

Ø Para o açoitado pelas ondas ele é aquele que acalma a tempestade – Mt 8.24-27.

Ø Clamor do aflito por socorro (na sua angústia clamaram ao Senhor)

 Ø vv. 8, 15, 21,31 e no v.32 pede para EXALTÁ-LO = ações de graças – agradecimento profundo. Ø Deus mudando a natureza do ambiente – vv. 33-40.

Ø Os retos (éticos, justos e sábios) – aumentam as famílias = retos se alegram /ímpios se calam –v.42.

Ø O sábio observa e considera (analisa e aprende) –v.43. Esboço do Salmo 139: O LOUVOR A DEUS POR SUA GRANDEZA

1. 1. Onisciência de Deus – Sl 139.1-6. Deus sabe tudo – Mt 10.30 (a quantidade de cabelos, estão contados). Ele tem todo o conhecimento, ciência e habilidades, competências – não cresce em sabedoria, todo o saber está em grau máximo e perfeito em Deus.

2. Onipresença – Sl 139.7-12. Deus está presente em todos os lugares, não está preso ao tempo e o espaço, Ele mesmo os criou – Deus está contigo em todas as situações, adversas ou não – jamais vai abandoná-lo (a).

 ü Sl 139.1-7 – Deus é onipresente – atributo de estar em todos os lugares ao mesmo tempo – Jr 23.24 (Deus ocupa os céus e a terra)

ü Sl 139.13-15 – a formação do corpo humano em seus estágios embrionário – Jr 1.5; Gl 1.15.

ü Sl 139.13 – “possuir o meu interior” = a consciência está no espírito humano.

3. Onipotência – Sl 139.13-19. Fala-se em onipotência moral – Ele está acima do bem e do mal, mas só pratica o bem, POR QUÊ? O CARÁTER DE DEUS - não confundir o mal com a justiça divina, isto é a retribuição, lei da semeadura e colheita – Gl 6.6. Deus está acima do bem e do mal por ser ONIPOTENTE – mas ao mesmo tempo não pode ERRAR por causa do SEU CARÁTER SANTO. Onipotência física ou criadora = Gn 1.1 = do nada Deus fez tudo – Hb 11.3. ü Sl 139.21-24 – Zelo de Davi, aversão aos ímpios – pede a Deus que ele mesmo não caia no mesmo caminho, ou melhor, ande pelo caminho dos ímpios (“vê se há em mim, algum caminho mal” – “guia-me pelo caminho eterno”) – santidade, justiça e comunhão.

 ü Sl 139. 23,24 = Deus me analisa no meu mais profundo, extirpa o que é mal – Davi pede mudança - Sonda-me, prova-me = muda-me! Criar um novo coração = como na criação fez do nada o mundo físico, recriar um novo coração do nada! (mesmo verbo bará no heb.).

Esboço do Sl 119: O LOUVOR A DEUS POR SUA PALAVRA

 O maior salmo com 22 estrofes com 8 versos cada, totalizando 176 versos, em contraste com o menor que é o 117, com 2 versos. Segunda a tradição judaica quem escreveu este salmo foi Esdras logo após a reconstrução do Templo – Ed 6.13-18 – existe a possibilidade de este salmo ter sido cantado na consagração do templo. Começa afirmando que: Bem-aventurado aquele que anda de acordo com a Palavra de Deus – Mt 4.4 (Dt 8.3).

Observei os teus mandamentos – não me desampares – v.8.

 Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra ti –v.11. Desvenda os meus olhos, para que veja as maravilhas da tua lei –v. 18. Vivifica-me segundo a tua Palavra – v.25.

A minha alma consome-se de tristeza; fortalece-me segundo a tua palavra. –v.28.

 Livra-me do pecado, coração para teus testemunhos e olhos afastados da vaidade –vv.36,37.

Receba a sabedoria pela Tua misericórdia para saber responder ao que me afrontam –v.42.

Serei livre (andar em liberdade) – porque decidi buscar os teus preceitos –v. 45.

Oh! Quanto amo a tua lei! É a minha meditação em todo o dia! – Devocional diário –v.97.

 Sou mais sábio que meu mestre –vv.99-100.

A tua Palavra ilumina o meu caminho –v.105 (cf. Mt 25.1-13 – parábola das 10 virgens).

Temo ao Senhor –v.120.

Tenho paz e não vou tropeçar porque amo a tua lei – v.165.

Como ovelha perdida foi buscada pelo meu pastor porque não me esqueci dos teus mandamentos – v.176. (Jo 10) Jesus é o bem pastor!

Esboço dos Salmos Cânticos dos degraus: O LOUVOR A DEUS PELOS SEUS FEITOS

É uma série de 15 poemas (Sl 120-134) – os Cânticos dos degraus (falar do tamanho dos degraus) – O Cântico das subidas (se sobe a Jerusalém) – centro do mundo espiritual – Cânticos de romagem ou peregrinação.

A ESPERA NO SENHOR DA SALVAÇÃO

v Sl 121 – contexto histórico – 2 Sm 5. = grandeza e proteção de Deus (Sl 125, 1,2).

 v Sl 124 1-5 = A proteção de Deus – Davi comenta sobre o desejo de engolir vivo a Israel.

 v Sl 130.4 = O Deus de provisão para o perdão e misericórdia.

v Sl 146-150 = Salmos de ALELUIA (Aparecessem 28 vezes na Bíblia, 24 no AT e 4 no NT.

v Doxologias = exaltação de louvor - Os quatro últimos salmos começam com aleluia e termina com aleluia (louvai ao Senhor)

v Sl 146. 1-10 = reina com justiça, abre os olhos dos cegos, ampara os necessitados.

v Sl 147.1-20 = Congrega seus filhos (Jerusalém) e envia sua palavra sobre a terra – retorno do cativeiro (tempo de Esdras) – nutrição e defesa de Deus para com Israel (Igreja).

v Sl 148.1-14 = Conclama a natureza, os anjos, os seres inanimados (sol, lua, estrelas) e os animais, as diferentes classes sociais e idades devem louvar ao Senhor. (das alturas as profundezas o louvor tributado a Deus).

v Sl 149.1-9 = louvar com cântico novo – o que é? Benefícios divinos para Sua Igreja.

v Sl 150.1-6 = louvar ao Senhor com instrumentos de música (doxologia para o saltério) = culto no templo ou santuário.

                  Considerações Finais

Aprendemos nos Salmos as mais diversas emoções, sensações, lutas, angústias, arrependimento, contrições: o salmista ou poeta sagrado nos representa em nosso cotidiano, nas demandas da vida, nas injustiças, nas perseguições, nas lágrimas que caem na tristeza. Porém, a ação de Deus em favor do salmista, por quê? Porque sua benignidade não tem fim e nos socorrerá em tempo oportuno – uma aprendizagem de LOUVAR AO SENHOR

FONTE:    



LIVRO V. Salmos 107-150

    O quinto livro da divisão quíntupla inclui diversas coleções menores ou grupos de salmos. Os Salmos dos Degraus (120-134) e os Salmos das Aleluias (111-113, 105-117, 146-150) são evidentemente os núcleos em cujo redor outros salmos foram agrupados. Antes da divisão quíntupla, havia provavelmente um arranjo triplo no qual os Livros IV e V constituíam uma glande coleção. Um propósito litúrgico global está evidente de ponta à ponta, resultando em um profundo senso de culto público, que culmina nas palavras finais do Salmo 150: "Todo ser que respira louve ao Senhor. Aleluia!"

               Salmo 107. A Canção dos Redimidos 

Os Salmos 105, 106 e 107 constituem uma trilogia de louvor e ação de graças, apesar da divido do livro aqui. O caráter diverso dos versículos 33-42 tem sugerido a muitos que esta passagem foi acrescentada más tarde. As diferenças em conteúdo e estilo tornam esta sugestão plausível embora não obrigatória.

      1-3. Chamado à Ação de Graças. Rendei graças ao Senhor. Os recipientes deste chamado são os remidos do Senhor. Isaías 62:12 usa este termo em relação aos cativos que retomam da Babilônia, mas um uso mais amplo do termo seria possível.

 4-32. Os Motivos da Ação de Graças. Andaram errantes ... clamaram ao Senhor . . . Conduziu-os. O salmista usa quatro ilustrações vivas do livramento efetuado por Deus para reforçar seu chamado à ação de graças. Após cada incidente ele repete o chamado na forma de uma interjeição. Este refrão quádruplo mantém o tema central da ação de graças. O cuidado divino pelos viajantes perdidos (vs. 4-9), pelos cativos (vs. 10-16), pelos doentes (vs. 17-22) e pelos navegantes (vs. 23-32) exige que se recorde isso com ação de graças. Em cada exemplo, o autor descreve a condição desamparada dos que se encontram em dificuldades, seu clamor a Deus e o livramento que lhe dá.

33-42. A Providência de Deus. Ele converteu rios em desertos ... e a terra seca em mananciais. Estes versículos descrevem as bênçãos e as maldições visíveis no governo divino da natureza e da humanidade. Servem de conclusão geral extraída de situações mais particularizadas descritas nos versículos 4-32. Contudo, as frustrações dadas são bastante diferentes daquelas das passagens anteriores. Este fato, mais a falta de qualquer nota de ação de graças, o propósito didático, a ênfase colocada sobre a sabedoria no versículo final, e a falta de qualquer refrão, certamente sugere que estes versículos destinavam-se a ocasiões diferentes.

                Salmo 108. Um Oração Pedindo o Auxílio Divino

 Neste salmo estão combinados um hino e um lamento, ambos encontrados em outros salmos. Os versículos 1.5 também aparecem no Sl. 57:7-11, enquanto os versículos 6-13 se encontram no Sl. 60:5-12 com apenas algumas variações menos importantes. Considerando que o nome Jeová foi usado no versículo 3 e não o Adonay do Salmo 57, o presente salmista sem dúvida extraiu o seu material das duas obras anteriores. Talvez a combinação fosse feita para atender às necessidades de uma nova situação histórica. (Cons. os anteriormente mencionados salmos quanto à comentários mais extensos.)

                        Salmo 109. Um Pedido de Vingança

Contrariando o ponto de vista de alguns comentaristas, este salmo é claramente um lamento individual e não a voz da nação. O caráter pessoal de pensamento e expressão é forte demais para significado corporativo. As imprecações dos versículos 9-20 tornam o poema inadaptável para propósitos de culto. A teoria de alguns intérpretes de que estas imprecações são as zombarias dos inimigos do salmista não é convincente. Há uma indignação justificada contra o mal (cons. Mt. 23:13 e segs.); e o salmista tem a certeza de que Sem inimigos são inimigos de Deus.

1-5. Seu Pedido de Ajuda. Não te cales. Em uma declaração severa o escritor faz o seu apelo, e imediatamente começa a enunciar sua queixa. Seus inimigos estiveram extremamente loquazes enquanto Deus esteve silente. Eles o difamaram injustamente com mentirosa língua. Eles retribuíram seu amor e bondade com ódio e maldade.

6-20. Seu Pedido de Retribuição. Seja condenado. O salmista imagina um tribunal no qual um homem ímpio está para ser julgado. O orador apresenta os detalhes da sentença que o acusado merece. À morte do acusado alguém tomará o seu lugar e muitas dificuldades advirão a sua esposa e filhos. Pior que o desejo do orador com referência à morte do seu inimigo é o seu desejo de que a família do seu inimigo seja exterminada e que o nome do chefe seja esquecido dentro de uma geração. No versículo 20, todos os adversários do orador são incluídos nas imprecações precedentes.

 21-31. Sua Oração Pedindo Livramento. Mas tu ... age por mim ... livra-me. O salmista ora pedindo que Deus tenha misericórdia dele em sua condição angustiosa e necessitada, e que o vingue, para que seus inimigos percebam que a mão de Deus o livrou. Depois de outra explosão de imprecações, ele termina com uma promessa confiante de que terá oportunidade de louvar a Deus por ter sua oração atendida.

                  Salmo 110. A Promessa de Vitória e Domínio

 Este é apropriadamente um salmo real com nuances messiânicas através de todo ele. O salmista enuncia um oráculo divino com a autoridade de um profeta. Ele dirige o oráculo ao seu rei e lhe dá certeza de vitória. Homens desde Abraão até Simão do período dos Macabeus têm sido sugeridos como os recipientes históricos da mensagem. Contudo o uso que Jesus fez do versículo 1 autoriza-nos claramente a descobrirmos aqui um significado mais amplo do que o significado básico do salmo na história do V.T. (cons. Mt. 22:41-45).

1-4. O Oráculo do Senhor. Disse o Senhor. O termo usado é uma fórmula profética: "Oráculo do Senhor". Não foi empregado em nenhum outro lugar do Saltério, mas foi freqüentemente -usado pelos profetas. Enquanto alguns comentaristas limitam a extensão do oráculo ao versículo 1, parece melhor estendê-lo até o versículo 4. O rei messiânico recebe ordem de ocupar a posição da mais alta honra e partilhar do governo divino até que seus inimigos sejam completamente dominados (cons. Js. 10:24; I Reis 5:3). A expressão debaixo dos pés é usada por Davi (I Cr. 28:2). O rei governa de Sião e todos os inimigos se lhe submetem. O oráculo é dirigido a meu Senhor (‘Adonî), um título de respeito usado para com um rei ou superior. Este rei deve ser honrado e protegido por bênção divina. Seu governo deve ser universal. Seus súditos devem se lhe submeter voluntariamente. Tudo isto é confirmado pelo uso de um juramento profético declarando o sacerdócio do rei mediante indicação divina. O governante messiânico ocupa um cargo tanto sacerdotal quanto real. Nisto ele está comparado com Melquisedeque, o rei-sacerdote de Salém (Gn. 14:18), cujo ministério tipificou o de Jesus (cons. Hb. 6:20 – 7:24).

5-7. A Vitória do Rei Sacerdote. O Senhor, à tua direita. A cena muda agora para o campo de batalha, onde o Senhor à direita de Jeová destroçará todos os seus inimigos. A linguagem viva e os tempos perfeitos. proféticos têm a intenção de mostrar claramente a totalidade da vitória. O assunto muda no versículo 7, para o rei ungido, cuja cabeça se erguerá em triunfo. A freqüente aplicação neotestamentária deste salmo a Cristo dá-lhe importância especial para o intérprete cristão.

                          Salmo 111. As Maravilhosas

Obras de Deus Aqui está um hino de louvor cuidadosamente preparado como um acróstico. As vinte e duas curtas linhas começam com sucessivas letras do alfabeto hebraico. Embora isto sirva de excelente artifício mnemônico, restringe grandemente a escolha das palavras para cada linha. Este hino está intimamente ligado ao Salmo 112 na forma, linguagem e assunto principal. Os dois salmos introduzem a coleção do Hallel, o qual propriamente dito começa com o Salmo 113.

1. A Anunciação do Louvor. Renderei graças ao Senhor. O salmista declara sua intenção de louvar a Deus de todo o coração como ato de adoração pública. Isto provavelmente significa que a mensagem foi transmitida nos cultos do templo por uma voz de solo.

2-4. A Grandeza das Obras de Deus. Grandes são as obras do Senhor ... glória e majestade. Assim o autor descreve as obras divinas em geral, depois fala da justiça eterna do Senhor, Sua graça e compaixão, atributos esses revelados de maneira mais completa em Seus poderosos atos. Observe que o homem reage às evidências da obra de Deus, buscando outras evidências e recordando as obras já realizadas.

5-9. A Veracidade do Cuidado Divino. As obras de Suas mãos são verdade e justiça. A provisão divina do maná e das codornizeS demonstrou que Ele tem consciência da aliança. Suas obras na conquista de Canaã comprovaram Sua intenção de cumprir a promessa da aliança feita com Abraão. A verdade das obras divinas fez-se conhecida através de Sua fidelidade. 10. O Começo da Sabedoria. O temor do Senhor. O salmo termina com uma máxima familiar aos escritores da Sabedoria. Este tipo de temor entende-se melhor como reverência e respeito que permeiam todos os setores da vida. É o começo da verdadeira religião quando seguido de visão interior e entendimento. É também a consumação, pois nunca se substitui na verdadeira expressão religiosa.

                   Salmo 112. O Retrato do Homem Justo

O pensamento conclusivo do Salmo 111 desenvolve-se aqui de modo mais completo, de acordo com a ênfase da literatura da Sabedoria. Enquanto o 111 declara as obras maravilhosas de Deus, o 112 descreve o homem justo que já aprendeu o que significa o temor de Deus. Em sua construção acróstica como também no seu assunto principal, este salmo didático é companheiro do precedente.

1-3. Sua Bem-aventurança. Bem-aventurado o homem. Em linguagem que faz lembrar o Sl. 1:1, apresenta-se a felicidade do homem temente a Deus. Um homem que teme ao Senhor naturalmente encontra prazer na guarda dos mandamentos divinos. Seus filhos vêm a ser os herdeiros de suas bênçãos espirituais e materiais. Observe que a frase, sua justiça permanece para sempre, aplica-se a Deus no salmo precedente.

 4-6. Seu Caráter. Benigno, misericordioso e justo. Estes termos são também usados no Salmo 111 na descrição que o autor faz de Deus. Esta é uma aplicação da verdade eterna que declara que um homem devoto torna-se cada vez mais igual ao objeto de sua adoração. Sua prosperidade será duradoura e ó seu nome grandemente lembrado por causa do seu caráter piedoso.

                   Salmo 113. A Condescendência Divina

Este hino de louvor é o primeiro salmo de uma coleção conhecida no Talmude como "O Halel do Egito". A designação vem de um repetido uso da exclamação hebraica Aleluia (Louvai ao Senhor) e da referência ao Êxodo em 114:1. Esta coleção (113-118) foi incluída no culto judaico em ocasiões festivas.

1-3. Louvor ao Seu Nome. Louvai o nome do Senhor. O salmista começa com um apelo feito aos servos ou adoradores do Senhor. Com nome o escritor quer se referir não a uma simples invocação, mas ao caráter da natureza revelada de Deus e a manifestação de Sua pessoa. Observe que o louvor deve ser infinito (v. 2) e universal (v. 3).

4-6. Louvor por Sua Incomparabilidade. Quem há semelhante ao Senhor? A natureza incomparável do Senhor está descrita sob o aspecto de Sua transcendência e Sua imanência. Estes dois aspectos não são apresentados em contraste mas quando examinados complementam-se. Embora supremo sobre as nações da terra e os exércitos dos céus, Deus condescende em considerar as necessidades da humanidade.

 7-9. Ilustrações de Sua Condescendência. Ele ergue ... o necessitado. O elemento da condescendência divina, apresentado pelo salmista no versículo 6, merece uma ilustração. O desvalido, o necessitado e a mulher estéril são destacados como os beneficiários da providência divina especial. Esses exemplos são citados como representativos de todos os generosos feitos divinos para com os filhos dos homens.

 7-10. Sua Permanência. O seu coração é firme. Sua total confiança em Deus proporciona um senso de estabilidade que os ímpios não conhecem. A verdade que a sua justiça permanece para sempre destacase em agudo contraste com o destino dos ímpios.

                 Salmo 114. A Maravilha do Êxodo

 O poder da poesia hebraica foi representada da melhor maneira possível por este poema lírico. A expressão severa, a vivacidade dramática, o excelente paralelismo e o imaginativo exagero destacam o salmo como obra prima poética. O arranjo do material, em quatro estrofes de dois versículos cada, acrescenta equilíbrio à expressão elevada do poema. O "Aleluia" final do Salmo 113 sem dúvida estava no começo deste salmo, conforme comprovado pela LXX.

1, 2. O Nascimento de Israel. Quando saiu Israel do Egito. Em linguagem concisa, o salmista apresenta o seu tema como sendo o Êxodo e a subseqüente colonização de Canaã. Deus tirou o Seu povo de uma terra de língua estranha e o levou para o seu lar. A referência paralela a Judá e Israel aponta para um período quando o Templo era o centro do culto e a área do norte era considerada como parte do domínio divino.

3-6. O Efeito sobre a Natureza. O mar viu isso, e fugiu. Com imaginação poética, o salmista descreve o efeito das obras divinas sobre a natureza. O mar, o Jordão, os montes e as colinas foram testemunhas do Seu poder em vencer todos os obstáculos que ameaçavam impedir todo o progresso de Israel. As declarações dos versículos 3, 4 transformaram-se em interrogações – Por quê? nos versículos 5, 6. As respostas estão claramente implícitas na ênfase posterior à impressionabilidade do poder de Deus.

7,8. A Advertência da Natureza. Estremece, ó terra. O reconhecimento dos maravilhosos atos de Deus e o efeito de Sua presença devia fazer toda a criação tremer. A conclusão a ser tirada é que exatamente como Deus produziu água no deserto, proverá pelas necessidades do Seu povo.

                 Salmo 115. Glória ao Seu Nome

Este salmo é basicamente um hino de louvor apropriado para o uso no culto do templo. A presença de uma lamentação (vs. 1, 2) não nulifica as qualidades hínicas, nus fornece base histórica para sua composição original. Que ele era usado no culto das celebrações festivas é sabido de várias fontes. Na verdade, os Salmos 115-118 eram contados no final da refeição da Páscoa, exatamente antes dos crentes retornarem aos seus lares. O hino parece ter sido ordinariamente destinado para uso antifonário.

1-8. Um Contraste de Poder. O nosso Deus . . . os ídolos deles. A idéia principal do salmo vê-se na pergunta dos inimigos gentios de Israel, onde está o Deus deles? Ao pedir ajuda, o salmista não busca a glória de sua nação mas o reconhecimento da parte dos pagãos da glória devida ao nome de Jeová. Os ídolos impotentes e seus débeis adoradores contrastam vivamente com o poder e a glória de Deus.

9-11. Uma Exortação à Confiança. Israel confia no Senhor. Este apelo triplo para que haja confiança era provavelmente enunciado por um sacerdote; e muito provavelmente um coral respondia logo a seguir a cada apelo. A nação, os sacerdotes, e os devotos que temiam a Deus eram os destinatários do apelo, cada grupo em sua vez.

 12-15. Uma Certeza de Bênçãos. De nós se tem lembrado o Senhor. A lembrança das anteriores bênçãos divinas dão a certeza do presente e do futuro. Observe que as bênçãos são garantidas para cada um dos grupos destacados na exortação anterior.

 16-18. Um Coro de Louvor. Nós, porém, bendiremos o Senhor ... para sempre. O Senhor que criou os céus e a terra reservou os céus para o Seu domínio. Ao homem ele concedeu a terra e o direito de louvá-lo aqui e agora. Na opinião da maioria dos escritores, a morte acaba com a possibilidade de adoração posterior. Eis o motivo da urgência da exortação: Louvai ao Senhor.

               Salmo 116. Um Hino de Ação de Graças Pessoal

Este salmo é basicamente um hino de louvor apropriado para o uso no culto do templo. A presença de uma lamentação (vs. 1, 2) não nulifica as qualidades hínicas, nus fornece base histórica para sua composição original. Que ele era usado no culto das celebrações festivas é sabido de várias fontes. Na verdade, os Salmos 115-118 eram contados no final da refeição da Páscoa, exatamente antes dos crentes retornarem aos seus lares. O hino parece ter sido ordinariamente destinado para uso antifonário. 1-8. Um Contraste de Poder. O nosso Deus . . . os ídolos deles. A idéia principal do salmo vê-se na pergunta dos inimigos gentios de Israel, onde está o Deus deles? Ao pedir ajuda, o salmista não busca a glória de sua nação mas o reconhecimento da parte dos pagãos da glória devida ao nome de Jeová. Os ídolos impotentes e seus débeis adoradores contrastam vivamente com o poder e a glória de Deus.

9-11. Uma Exortação à Confiança. Israel confia no Senhor. Este apelo triplo para que haja confiança era provavelmente enunciado por um sacerdote; e muito provavelmente um coral respondia logo a seguir a cada apelo. A nação, os sacerdotes, e os devotos que temiam a Deus eram os destinatários do apelo, cada grupo em sua vez.

12-15. Uma Certeza de Bênçãos. De nós se tem lembrado o Senhor. A lembrança das anteriores bênçãos divinas dão a certeza do presente e do futuro. Observe que as bênçãos são garantidas para cada um dos grupos destacados na exortação anterior.

16-18. Um Coro de Louvor. Nós, porém, bendiremos o Senhor ... para sempre. O Senhor que criou os céus e a terra reservou os céus para o Seu domínio. Ao homem ele concedeu a terra e o direito de louvá-lo aqui e agora. Na opinião da maioria dos escritores, a morte acaba com a possibilidade de adoração posterior. Eis o motivo da urgência da exortação: Louvai ao Senhor.

              Salmo 116. Um Hino de Ação de Graças Pessoal

Contudo, tanto o Texto Hebraico como a LXX o tratam como uma entidade à parte. Os dois versículos contêm um ato de louvor completo. O primeiro versículo, empregando um paralelismo estrito de forma, apresentam um chamado universal para o louvor. O versículo segundo, que tem a forma semelhante, completa o chamado expressando os motivos do louvor. Verdadeiramente universal, o chamado inclui todas as nações e todos os povos. O conceito de Deus é igualmente grandioso, conforme Sua misericórdia e verdade são destacadas.

                    Salmo 118. Ação de Graças por um Livramento

 Como processional e jubilante expressão de ação de graças, este hino de louvor serve de conclusão exata para a coleção do Halel. Explicitamente indicado para uso antifonário, emprega vozes de solo, coros e refrões congregacionais. Os versículos 5-21 são inteiramente individualistas no conteúdo, sugerindo que os versículos 1-4 e 22 e segs. foram acrescentados para adaptar o salmo original ao uso coletivo.

 1-4. A Invocação ao Louvor. Rendei graças ao Senhor. Este chamado para ação de graças e louvor era o sinal para o início da procissão que se dirigia para o Templo. O líder ou sacerdote apresentava o chamado, enquanto um coro ou a congregação respondia com o refrão. Observe que a mesma divisão tripla se encontra também no Sl. 115:9-11 (Israel, casa de Arão e os que temem a Deus), enquanto o refrão vem do Salmo 136. 5-21. O Livramento Divino. Invoquei o Senhor, e o Senhor me ouviu. O tema através desta passagem é de regozijo porque Deus concedeu o livramento e a vitória. Em seu uso real, esta passagem, por causa de sua natureza individual, exigia uma voz de solo. A voz representava a nação personificada de modo geral e os crentes reunidos particularmente. Com os versículos 19-21, a procissão sem dúvida alcançava os portões do templo e pediam entrada.

22-29. A Aplicação do Culto. Isto procede do Senhor. Estes versículos contêm muitas palavras bastante conhecidas por causa de sua aplicação neotestamentária. O versículo 22, descrevendo a principal pedra de esquina, era provavelmente um provérbio daquele tempo referindo-se a Israel, rejeitado pelos grandes edificadores de impérios por ser indigna de se adaptar aos seus planos. Mas a missão divina de Israel foi focalizada e cumprida em seu representante maior, o Messias. Assim Jesus apropriou-se dessas imagens retóricas no seu próprio ministério (cons. Mt. 21:42; Mc. 12:10; Lc. 20:17; Atos 4:11; Ef. 2:20; I Pe. 2:7). A bênção sacerdotal do versículo 26 encontrou expressão seis vezes nos Evangelhos por causa de sua aplicação distinta à missão de Cristo.

                       Salmo 119. A Torá do Senhor

Essencialmente um poema didático, este salmo toma a forma de um testemunho pessoal. Embora o poema contenha alusões à perseguição e mostre certas características de lamentação, seu propósito principal é glorificar a Torá (a lei ou os ensinamentos de Deus). O salmista dirige quase cada versículo a Deus, usando muitas formas de petições. Ao mesmo tempo, ele usa alguns sinônimos para a lei em quase todos os versículos. Os sinônimos são a lei, testemunho, preceitos, juízos, mandamentos, estatutos, decretos, palavra, caminho, vereda. Possivelmente ao empregar dez termos para descrever a Torá Divina, ele seguia a orientação do Sl. 19:7-9, onde seis desses sinônimos foram usados com referência à lei.

     O princípio acróstico foi altamente desenvolvido neste salmo, empregando todas as vinte e duas letras do alfabeto hebraico. Cada estrofe está composta de oito linhas, que começa com a letra característica daquela estrofe. Este arranjo artificial, ainda que artístico, cria uma certa monotonia na grande repetição de palavras e frases.

Contudo, esta monotonia mecânica está superada pela intensidade da devoção do próprio salmista para com os ensinamentos divinos.

 1-8. A Bênção da Obediência. Bem-aventurados os ... que andam na lei do Senhor. O tema do salmo está aqui claramente apresentado. Observe que a maior parte dos dez sinônimos para a lei foram usados na primeira estrofe.

9-16. O Caminho da Purificação. De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? A pergunta e a resposta estão de acordo com a ênfase dos escritores da Sabedoria. A resposta dos problemas da mocidade em qualquer período da história é dar atenção à Palavra de Deus, meditando nela (v. 15), memorizando-a (v. 11) e dando o seu testemunho aos outros (v. 13).

17-24. O Deleite da Experiência. Os teus testemunhos são o meu prazer. Este deleite está baseado na sua própria experiência do passado com Deus em períodos de perseguição. Uma nota de tristeza e anseio permeia esta estrofe, mas a seção termina com alegria.

25-32. A Força do Entendimento. Vivifica-me . . . ensina-me . . . faze-me atinar. O perigo confrontando o salmista fá-lo pedir força e conforto. Ele percebe que a vivificação que ele deseja vem da compreensão dos ensinamentos de Deus.

33-40. A Necessidade de Orientação. Ensina-me . . . e os seguirei. Em frase após frase, o orador roga pela orientação divina a fim de orientar sua vida e afastá-lo da insensatez.

41-48. A Coragem para Dar o Testemunho. Venham também . . . as tuas misericórdias. Este apelo por auxílio não é egoísta; foi inspirado por um desejo de responder aos que me insultam. O orador ainda declara que ele testemunhará aos reis sem se acanhar.

49-56. A Fonte de Conforto. Lembra-te da promessa que fizeste ao teu servo . . . o que me consola. Em tempo de aflição, os ensinamentos divinos foram o seu sustento e o motivo dos seus cânticos, na casa da minha peregrinação.

57-64. A Resolução da Fidelidade. Eu disse que guardaria as tuas palavras. Meditando sobre a vida ele chegou a conclusão de que devia se voltar na direção dos testemunhos divinos. Sua gratidão está evidente nas suas promessas de se levantar à meia-noite para agradecer a Deus.

65-72. A Disciplina da Aflição. Foi-me bom ter eu passado pela aflição. Tendo-se desviado antes da sua aflição, o salmista vê agora um propósito beneficente no seu sofrimento.

73-80. A Justiça da Retribuição. Envergonhados sejam os soberbos. Depois de anunciar novamente o seu desejo de possuir entendimento, ele implora as bênçãos divinas para si e a vergonha para os seus inimigos. Seu último desejo é que possa fortalecer a fé dos outros.

81-88. A Esperança no Meio das Trevas. Desfalece-me a alma . . . porém espero na tua palavra. Numa sucessão de soluços, ele expressa sua esperança e determinação no meio da hora mais negra. Com cada pedido de conforto ele reitera o seu desejo de ser fiel.

89-96. O Triunfo da Fé. Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há muito já teria eu perecido (v. 92). A esperança contida na estrofe precedente toma-se aqui a certeza da vitória. Ele afirma que jamais se esquecerá dos preceitos divinos visto que por eles me tens dado vida.

 97-104. O Arrebatamento da Instrução. Quanto amo a tua lei! Sem os pedidos costumeiros, o salmista descreve como o estudo da divina lei o tomou mais sábio e mais entendido do que os seus inimigos, seus mestres e os mais idosos. Aqui a ênfase está sobre a lei propriamente dita, sobre a fonte do conhecimento e não sobre a inteligência nata.

105-112. A Luz da Vida. Lâmpada . . . é a tua palavra, e luz. Sua peregrinação através da vida foi sob a orientação dos ensinamentos divinos. Ele assim faz o voto de seguir a luz onde quer que a leve e sejam quais forem os perigos envolvidos.

113-120. A Inspiração da Lealdade. Tu és o meu refúgio e meu escudo. O agudo contraste traçado entre os homens sem fé e o salmista enfatiza a lealdade deste último. Esta lealdade lhe dá senso de segurança e a inspiração de enfrentar o futuro.

121-128. O Momento da Intervenção. Já é tempo, Senhor, para intervires. Depois de declarar que diligentemente seguiu o que é reto, o salmista apela por ação da parte de Deus. Tão completamente os seus opressores ignoraram a lei de Deus que só lhes resta o juízo divino.

 129-136. A Maravilha da Iluminação. Admiráveis são os teus testemunhos. A maior de todas as maravilhas é a luz interior que dá entendimento até mesmo ao homem que não tem estudo. O salmista se sente abatido por causa daqueles que não guardam a lei de Deus.

137-144. O Desafio da Justiça. Justo és, Senhor. O conceito da natureza divina justa está enfatizado nos versículos 137, 138, 142 e 144. Sendo o Senhor justo, seus juízos e testemunhos também são eternamente justos.

145-152. A Certeza que a Oração Dá. Ouve-me, Senhor ... clamo a ti. Lembrando-se das muitas vezes em que ele clamou incessantemente por auxílio divino, clama novamente para que Deus lhe conceda poder vivificante. Então reafirma sua fé na proximidade do Senhor e na veracidade dos Seus ensinamentos.

153-160. A Consciência da Necessidade. Atenta para a minha aflição, e livra-me. A severidade da aflição do orador e o conhecimento que tem de sua necessidade pessoal estão claramente expostas na repetição da expressão vivifica-me nos versículos 154, 156 e 159. A natureza permanente dos justos juízos de Deus é a sua esperança e segurança.

161-168. A Paz no Amor. Grande paz têm os que amam a tua lei. Até mesmo na presença de potentes inimigos, o salmista tem uma paz interior que brota, do seu amor pelos caminhos divinos. Observe a ausência de qualquer pedido, como nos versículos 97-104.

169-176. A Determinação da Constância. Profiram louvor os meus lábios. O salmista resume a sua mensagem rogando auxílio espiritual no futuro, enquanto declara a sua intenção de permanecer firme sobre os fundamentos dos ensinamentos divinos.

Salmo 120. A Viagem dos Peregrinos

O Salmo 120 começa com uma nova coleção que se estende até o Salmo 134. Cada peça lírica deste grupo foi nomeada com um termo variadamente traduzido por "Cântico dos Degraus" (E.R.A. e E.R.C.), "Cântico da Ascensão" (ASV) e "Cântico de Romagem". Diversas teorias quanto ao significado do termo relacionam-no com o retorno da Babilônia, os quinze degraus do pátio das mulheres para o pátio dos homens, o paralelismo climático destes poemas e as viagens dos peregrinos. A teoria mais aceitável é que esta coleção surgiu como um hinário dos peregrinos que subiam ao Templo nas grandes festas. O fato de que o Salmo 120, 124, 125, 130 e 131 não estão explicitamente relacionados como uma peregrinação aponta para sua incorporação na coleção a partir de outras fontes. A maior parte destes salmos encaixam-se no padrão de vida da sociedade pós-exílica, embora alguns possam ter tido uma origem pré-exílica. 1, 2. Um Grito por Livramento. Senhor, livra-me. O salmista se encontra na angustiosa situação de alguém que tem de se associar com homens dados à falsidade. Seu pedido de livramento baseia-se sobre a ajuda que Deus lhe concedeu no passado em períodos semelhantes. Muitos acham que há aqui uma referência à oposição difamatória de Sambalá e Tobias contra Neemias quando reconstruía os muros de Jerusalém (Ne. 4; 6). 3,4. Um Pedido de Retribuição. Que te será dado? A língua enganadora e seu dono são destacados para o juízo. A resposta à pergunta retórica baseia-se na natureza da ofensa alegada. Flechas afiadas e brasas vivas serão retribuição adequada.

 5-7. Uma Lamentação pela Paz. Ai de mim . . . Sou pela paz. A lamentação básica do poeta é que ele acha necessário peregrinar entre os inimigos sedentos de sangue e bárbaros. Meseque, na Ásia Menor, e Quedar, no deserto árabe setentrional, ao sul de Damasco, foram usados simbolicamente para representar poderes bárbaros.

Salmo 121. O Ajudador dos Peregrinos

 A certeza intensa daqueles que viajavam em direção de Sião refletese neste cântico peregrino. Aqui eles expressam um profundo senso de confiança em Deus sem murmurar lamentações ou pedidos. O cântico era provavelmente usado como hino antifonário, embora as vozes exatas ou partes usadas não possam ser identificadas com certeza. 1, 2. A Fonte de Ajuda. De onde me virá o socorro? Olhando para as colinas à volta de Sião, um dos peregrinos faz uma pergunta que estabelece o espírito de tudo o que vem a seguir. A pergunta não expressa dúvidas mas introduz a afirmação que contém o tema do salmo, isto é, que o seu ajudador é Jeová, o Criador. 3-8. A Promessa de Proteção. O Senhor é quem te guarda. Todos os versículos com exceção do versículo 6 empregam a palavra hebraica shamar para enfatizar esta idéia de guardiania. Não como a sentinela que às vezes cochila, ou Baal, que precisa ser despertado (cons. I Reis 18:27), o Senhor nunca cochila ou dorme. O salmista emprega um paralelismo climático através de todo o salmo, edificando cada nova frase a partir do pensamento da frase anterior. Observe que a conclusão aplica-se aos peregrinos, pois Deus preserva-os em, cada fase de sua jornada, levando-os em segurança para o lar.

 Salmo 122. A Cidade dos Peregrinos

 Este poema foi criado por causa de uma visita de peregrinos a Jerusalém. Indicando que a viagem terminou, age como seqüência aos dois salmos precedentes. Alguns intérpretes defendem que o orador retornou ao lar e está recordando sua recente peregrinação. Embora isto seja possível, é mais provável que ele ainda esteja em Jerusalém, pronto a retornar para casa. 1,2. A Alegria da Peregrinação. Alegrei-me quando me disseram: Vamos. O salmista se lembra da alegria com a qual ele aceitou o convite

para reunir-se a um grupo de peregrinos. Agora, terminada a viagem, ele pode dizer: Pararam os nossos pés junto às tuas portas, ó Jerusalém.

3-5. Impressões de Jerusalém. Jerusalém . . . como cidade compacta. Embora a cidade fosse sem dúvida totalmente cercada de muros maciços, a ênfase aqui parece estar sobre a função da unificação do povo. O verbo habar, traduzido para "compacta", refere-se principalmente às associações humanas íntimas. O subir das tribos acentua esta união e o conseqüente senso de comunhão. 6-9. Oração por Jerusalém. Orai pela paz de Jerusalém. Antes de partir, o peregrino exorta seus companheiros a orarem pela prosperidade e paz da cidade, porque aqui é a casa do Senhor. Aqui há um excelente jogo de palavras no hebraico, que não está evidente em nenhuma tradução portuguesa.

Salmo 123. O Pedido dos Peregrinos

 Este é um lamento intenso de um indivíduo que fala por seu povo. A mudança do singular para o plural no fim do versículo 1 sugere um arranjo antifonário usado como cântico de peregrinos.

1, 2. Os Olhos da Esperança. A ti . . . elevo os meus olhos. O salmista refere-se aos olhos quatro vezes nestes versículos, a fim de enfatizar o fato de que os peregrinos estão buscando o favor de Deus. Exatamente como o servo e a serva -olham para os seus superiores em busca de um favor, assim o grupo dos peregrinos espera pela misericórdia de Deus.

 3, 4. Um Pedido de Misericórdia. Tem misericórdia de nós, Senhor. A medida de sua necessidade está indicada pela reiteração deste grito por misericórdia. A menção anterior de servos e senhores, junto com o desacato para com os que estão à sua vontade, sugerem ou a muito difundida servidão de Israel durante o Exílio ou a dispersão durante o período pós-exílico.

Salmo 124. O Libertador dos Peregrinos

 Aqui a comunidade livremente expressa a ação de graças. Embora o propósito original fosse sem dúvida louvar a Deus por um determinado ato de livramento, o lugar deste poema na coleção dos peregrinos indica também um uso generalizado. Estando os viajantes constantemente sujeitos ao perigo, as palavras deste salmo poderiam proporcionar-lhes segurança, fortalecendo a sua fé.

1-5. Livramento Operado por Deus. Não fosse o Senhor. A repetição nos versículos 1 e 2 é litúrgica; a congregação (mais tarde os peregrinos) repetia as palavras do líder. Observe que o uso efetivo das cláusulas condicionais como apódose tripla (vs. 3-5) completa a prótase dupla (vs. 1,2). Se não fosse o Senhor, então o fim seria certo e completo.

6-8. Ação de Graças. Bendito o Senhor. O salmista emprega mais adiante figuras de linguagem para descrever a difícil saída e para exaltar a expressão de gratidão. O último versículo se refere ao ato de invocar o nome do Senhor na oração, reconhecendo-o como fonte de ajuda. Salmo 125. A Segurança dos Peregrinos

 Este hino de fé enfatiza a confiança dos fiéis em Israel. Como no salmo precedente, este não se destinava a ser o cântico dos peregrinos, mas foi incluído na coleção. O seu uso vigente nas peregrinações pode ser imaginado das referências feitas às montanhas à volta de Jerusalém, que ficavam à vista após a longa e árdua jornada.

1-3. Uma Declaração de Confiança. Os que confiam . .. como o monte Sião . . . Como ... estão os montes, assim o Senhor. Não só a presença de Deus foi simbolizada pelas colinas ao redor de Jerusalém, mas também aqueles que confiam no Senhor são considerados irremovíveis como a rocha de Sião. Se o governo estrangeiro permanecesse, um afastamento da fé geral ocorreria, até mesmo entre os justos. O perigo da apostasia é grande demais até mesmo para o justo suportar.

4,5. Uma Oração Pedindo um Favor. Faze o bem, Senhor. O salmista ora pedindo o favor divino para os fiéis, os quais ele identifica como bons e netos. Em contraste com esses indivíduos, os infiéis renegados são abandonados ao seu próprio destino. O salmo termina com uma oração simples: Paz sobre Israel!

 Salmo 126. A Restauração dos Peregrinos

 O salmo 126 é a lamentação da comunidade por causa de esperanças frustradas no passado e no presente. Embora haja uma referência óbvia ao retorno do Exílio, as condições não são aquelas descritas na primitiva sociedade pós-exílica. O salmista trata de condições ideais esperadas e da desilusão experimentada por muitos anos.

1-3. O Ideal da Restauração. Ficamos como quem sonha. A esperança de uma gloriosa restauração foi idealizada até o ponto de ser boa demais para ser verdade. A frase, fez retornar os cativos, pode ser traduzida para restaurou a sorte. Contudo, o contexto parece exigir um quadro dentro do Exílio. Havia riscos e cânticos – como no Dia da Vitória – quando o Edito de Ciro tornou-se conhecido. Os exilados juntaram-se em um coro de louvor reiterando as palavras dos observadores das outras nações.

 4-6. O Pedido de Cumprimento. Restaura, Senhor, a nossa sorte. O lindo ideal da restauração previsto pelos profetas e cantado pelos exilados não se realizara totalmente através daqueles que retornaram à terra natal. As condições não eram ainda gloriosas e ideais (cons. Ageu 1:10, 11; 2:19). Portanto, o pedido agora é que se complete o ideal. Assim como o fazendeiro semeia com ansiedade e colhe cantando alegremente, Israel realizará o ideal da restauração. Obreiros cristãos costumara fazer uma aplicação dos versículos 5 e 6 ao ministério do ganhador de almas.

Salmo 127. A Dependência dos Peregrinos

O didaticismo deste salmo é característica dos ensinamentos da literatura da Sabedoria. Aqui a ênfase está colocada sobre a futilidade do esforço humano sem a ajuda de Deus. Embora o propósito didático original saia generalizado, este salmo encontrou especial aplicação como canção popular entre os peregrinos.

1,2. Uma Dependência do Senhor. Se o Senhor não edificar . . . guardar. A total dependência do homem de Deus está ilustrada com a referência às diligências humanas básicas. Construir uma casa e guardar uma cidade não adianta nada (de acordo com os padrões divinos) se Deus não for incluído nos planos e esforços do homem. Até mesmo o homem diligente que trabalha desde a manhã até tarde da noite não pode esperar ter sucesso sem as bênçãos e a sanção de Deus.

3-5. Uma Herança do Senhor. Herança do Senhor são os filhos. O conceito da necessidade da dependência de Deus é transmitido para a constituição da família (cons. Gn. 30:2). Um reconhecimento de que os filhos são um presente de Deus é a base para a constituição de um lar bem sucedido. Alegria e proteção são descritas como os resultados de se ter filhos e educá-los. Especialmente importante são os filhos da mocidade de um homem, que podem protegê-lo e defender sua causa contra seus adversários quando ficar velho, no local do tribunal da justiça junto às portas da cidade.

 Salmo 128. A Vida no Lar dos Peregrinos

 Como o salmo precedente, este é didático no caráter, e assim vitalmente ligado com a literatura da Sabedoria. A doutrina básica da Sabedoria, "o temor do Senhor é o começo da sabedoria", é o ponto de partida para o salmista. Depois ele aplica esta verdade a uma situação ideal dentro do lar. Embora não seja destinado a ser hino de peregrinos, o salmo provavelmente foi introduzido na coleção como canção popular, vindo ao encontro das necessidades de todos os peregrinos.

 1-4. Bênçãos para o Lar. Bem-aventurado aquele que teme ao Senhor. O salmista começa declarando que a felicidade é a porção daquele que aprendeu a temer o Senhor e andar nos Seus caminhos. Tudo lhe vai bem porque ele come do fruto do seu trabalho e não o perde por ocasião da seca nem precisa cedê-lo a senhores que o oprimem. Sua esposa é comparada a uma videira frutífera, enquanto seus filhos são comparados a brotos tenros da oliveira. Este quadro de satisfação, alegria, prosperidade e fertilidade descreve como o temente a Deus encontra a felicidade perfeita.

5, 6. Bênçãos para a Comunidade. Para que vejas a prosperidade de Jerusalém. Uma parte vital das bênçãos desfrutadas por aquele que teme a Deus vem de fora dos limites do seu lar – desde Sião. A natureza corporativa da sociedade de Israel vê-se na adaptação deste salmo no culto público. Tal como no Salmo 125, este termina com uma pequena oração: Paz sobre Israel!

 Salmo 129. O Pedido do Israel Sofredor

Este é um lamento da comunidade, com nuances de confiança e fé. As características de um hino de fé estão presentes, mas ficam obscurecidas pelos queixumes e apelos da lamentação. Recordando problemas passados o salmista renova sua confiança, enquanto seus apelos em relação ao futuro resultam em certeza de alívio.

 1-4. As Aflições Passadas de Israel. Muitas vezes me angustiaram. A longa história dos problemas de Israel foi comprimida pelo salmista em uma única declaração. Desde o tempo do Êxodo (desde a mocidade de Israel), a nação sofreu severas aflições provenientes de numerosos inimigos. Duas metáforas são usadas para ilustrar esta aflição: os sinais do chicote sobre suas costas são comparadas aos sulcos feitos por um arado; e as cordas dos seus opressores às cordas usadas para atrelar bois.

Contudo, o Senhor manifestou Sua justiça rompendo as cordas e livrando o Seu povo.

 5-8. A Esperança Futura de Israel. Sejam envergonhados ... todos. Numa imprecação contra aqueles que odeiam São, o orador expressa o desejo de ver o inimigo envergonhado e mandado de volta para sua casa. Depois ele emprega um longo símile para pedir que os planos malignos do inimigo sejam torcidos. O capim que cresce sobre a sujeira dos telhados secava rapidamente porque o solo era pouco profundo para suas raízes. Não podia ser colhido nem atado em feixes. Não merecia nem sequer a costumeira saudação dos que passavam. Salmo 130. O Redentor dos Peregrinos Aqui um indivíduo profere uma oração penitencial como pedido pessoal de perdão. O pedido final em benefício de outros na casa de Israel não transforma todo o salmo em corporativo, mas antes enfatiza a natureza pessoal do apelo do orador. Contudo, uma vez que os problemas do salmista e o seu desespero foram partilhados pela nação, o salmo se tomou apropriado para os bandos de peregrinos na sociedade pós-exílica.

1, 2. O Clamor do Penitente. Das profundezas clamo a ti. O orador está provavelmente usando aqui um tempo presente, como o restante da oração indica. Ele continua clamando das profundezas quando O Salmo termina, mas expressa claramente sua segurança e esperança.

3,4. A Certeza do Perdão. Contigo, porém, está o perdão. A universalidade do pecado está apresentada de maneira forçada na declaração que diz que ninguém poderia ser justificado se Deus anotasse cada pecado e não os apagasse. A única esperança vem do perdão divino, que por outro lado aviva o sentimento de respeito no pecador perdoado . 5,6. A Expectativa da Esperança. Aguardo o Senhor . ., eu espero m sua palavra. O senso de expectativa está fortemente enfatizado Pela repetição de frases. Todo o ser (sua alma) do orador está ocupado na espera diligente. Ele espera no Senhor como a sentinela sobre os muros aguarda o alívio da sua substituição matinal.

7, 8. A Aplicação Feita a Israel. Espere Israel no Senhor. Os pensamentos do salmista voltam-se para os outros que precisam partilhar de sua confiança entusiasta. À vista da bondade e abundante redenção do Senhor, ele pode afirmar que Deus remirá Israel de todas as suas iniqüidades. Salmo 131. A Serenidade dos Peregrinos Embora seja essencialmente um hino de fé, esta linda composição literária parece uma confissão. O quadro da humilde resignação sob a orientação divina exemplifica um profundo senso de disciplina pessoal. Embora alguns intérpretes considerem este salmo como expressão corporativa, o pedido final em benefício de Israel dá a idéia de uma voz individual que fala consistentemente de uma ponta à outra. É mais do que natural que uma bela expressão de humildade como esta se tornasse uma canção popular dos peregrinos.

1,2. Um Espírito de Humildade. Senhor, não é soberbo o meu coração. Após longa luta, o salmista foi curado dos seus desejos presunçosos e orgulho excessivo. Agora pode declarar-se livre das atitudes anteriores de altivez ou ambição sem freios. Ele acalmou ou apaziguou sua alma ou seu íntimo de modo que agora é como uma criança desmamada do seio da mãe, já não choramingando mais pelo seu leite.

3. Um Desejo para Israel. Espera, ó Israel, no Senhor. Como no salmo anterior, aqui o escritor expressa seu desejo a que outros em Israel possam vira conhecer sua paz interior

                          Salmo 132. A Segurança dos Peregrinos

 Único entre os hinos da coleção dos peregrinos, este salmo parece ter sido incluído por causa de sua natureza de hino processional, que pode muito bem ser apresentado antifonariamente. É basicamente um cântico de Sião, ligado em pensamento com o transporte da arca da afiança para Jerusalém feita por Davi.

1-10. A Oração da Congregação. Lembra-te, Senhor, a favor de Davi. Embora as aflições de Davi fossem mencionadas em primeiro lugar, a ênfase desta oração está sobre a sua intenção de encontrar um lugar adequado para a arca. Uma vez que as narrativas históricas não mencionam nenhum voto relacionado com este acontecimento, o salmista deve estar se baseando em uma tradição independente. Os versículos 6, 7 eram provavelmente cantados por um grupo de peregrinos enquanto reapresentavam a procura da arca, sua descoberta em QuiriateJearim (no campo de Jaar) e sua entrada em Jerusalém. A oração está incluída no versículo 10 com um pedido para que Deus mostre Seu favor a cada rei consecutivo na linhagem de Davi.

 11-18. A Resposta do Senhor. O Senhor jurou . . . escolheu. Estes versículos servem de responso litúrgico citados de dois oráculos separados do Senhor. O primeiro oráculo (vs. 11, 12) é a promessa feita a Davi de que sua linhagem real continuará enquanto seus descendentes forem fiéis (cons. II Sm. 7:12-16). O segundo oráculo (vs. 14-18) foi introduzido com a declaração do versículo 13 de que o Senhor escolheu a Sião. Por causa desta divina escolha, haverá bênçãos espirituais e materiais para São e para a linhagem de Davi, enquanto haverá vergonha para os inimigos de Israel. Considerando que, quando um homem morre sem deixar filhos, sua linhagem é interrompida, diz-se que sua lâmpada foi apagada; portanto Uma lâmpada simbolizava descendência. Assim Deus estabeleceu uma série de descendentes de Davi que culminaram no Messias, a Luz do mundo (cons. I Reis 11:36; 15:4).

      Salmo 133. A Fraternidade Entre os Peregrinos

Neste curto poema didático temos uma linda expressão de solidariedade familiar de acordo com a ênfase dos escritores da Sabedoria. A sugestão de muitos comentaristas de que o salmo espelha os esforços de Neemias para aumentar a população de Jerusalém é interessante. Contudo, o salmo deve ter ligação mais significativa com o espírito de comunhão e harmonia fraternal das grandes festas.

1. A Declaração na Premissa. Como é bom e agradável. O escritor começa com uma declaração proverbial em relação aos benefícios da solidariedade fraternal. A ênfase dada ao padrão da antiga vida hebréia, na qual os filhos casados e os filhos destes continuavam vivendo com os pais. Uma aplicação mais ampla, entretanto, está evidente nas reuniões familiares e tribais por ocasião das festas.

 2,3. O Princípio Ilustrado. Como o óleo precioso ... como o orvalho. O salmista emprega duas comparações para ilustrar o princípio incorporado em sua premissa básica. Tal como o óleo da unção sobre a cabeça do sacerdote simbolizava sua consagração, assim o espírito do amor fraternal permeava a nação e simbolizava sua consagração. Tal como o orvalho sobre a vegetação simbolizava fertilidade e crescimento, o senso da verdadeira fraternidade reavivava e despertava a devoção da nação como um todo.

                 Salmo 134. A Bênção Sobre os Peregrinos

 Eis aqui uma conclusão adequada para a coleção de canções populares usadas pelos peregrinos. Em sua natureza de bênção este salmo corresponde à bênção final de cada livro do Saltério. A posição do hino dentro da coleção e a referência ao culto noturno sugerem que era cantado no final do culto vespertino. A Festa dos Tabernáculos é a ocasião mais indicada.

1,2. O Chamado dos Sacerdotes e levitas. Bendizei ao Senhor, vós todos, servos do Senhor. Reconhece-se de modo geral que o chamado se dirigia aos ministros regulares do Templo. Contudo, a voz do chamado é diversamente atribuída ao sumo sacerdote, ao coro de levitas, ou aos peregrinos reunidos. A última explicação dá mais lugar à inclusão do salmo na coleção, uma vez que os peregrinos participavam ativamente. Os ministrantes do templo são convocados a que levantem suas mãos em atitude de oração e bênção.

3. A Resposta dos Sacerdotes. ... te abençoe o Senhor. A resposta ao chamado é dada através de uma abreviação da bênção sacerdotal encontrada em Nm. 6:22-26. O povo recebe o lembrete de que Deus é Criador e que Suas bênçãos fluem de Sião. Isto poderia ter sido usado como ato final antes dos peregrinos retornarem aos seus lares.

                  Salmo 135. Um Mosaico das Obras de Deus

 Este hino de louvor é um mosaico de citações de outros salmos e diversos livros do V.T. A ênfase principal está sobre aquelas obras de Deus que ilustram o Seu poder na natureza e na história. Que o salmo destinava-se ao culto no tempo num padrão antifonário está evidente em sua estrutura. Contudo, não há unanimidade na divisão em vozes. Sem dúvida, havia partes do solo, coros de levitas e responsos congregacionais.

1-4. O Chamado Inicial para o Louvor. Louvai o nome do Senhor. Frases semelhantes são repetirias como um chamado litúrgico enfático para o louvor. Como no salmo precedente, aqueles que assistis na casa do Senhor são sem dúvida os sacerdotes e os levitas. A bondade do Senhor e a escolha que fez de Israel são apresentadas como razões iniciais para o louvor.

5-14. A Grandeza de Jeová. Eu sei que o Senhor é grande . . . acima de todos os deuses. O eu é enfático, indicando conhecimento pessoal, e possivelmente uma passagem para uma voz de solo no uso vigente dentro do templo. O uso do nome de Jeová é importante neste ponto, porque o Deus da aliança de Israel está em contraste com os deuses dos pagãos. Ele foi descrito como o Deus da Natureza (vs. 5-7), fazendo o que bem entende no céu, na terra, nos mares e em todas as profundezas. Ele ainda foi descrito como o Deus da história (vs. 8-14), liderando o povo escolhido na saída do Egito e na conquista de Canaã.

15-18. A Impotência dos Ídolos. Os ídolos das nações. Esta seção foi citada quase ao pé da letra do Sl. 115:4-8. Contudo, as palavras são especialmente apropriadas para a ocasião, destacando fortemente a onipotência do Senhor e a inutilidade de todos os ídolos.

19-21. O Chamado Final ao Louvor. Bendizer ao Senhor. O chamado para o louvor nos Salmos 115 e 118 expande-se agora pela adição de casa de Levi e um versículo conclusivo. A nação como um todo, os sacerdotes, os levitas e os crentes que temem a Deus deviam todos ter as suas próprias partes antifonais, mas terminavam o salmo em coro.

                 Salmo 136. A Misericórdia Permanente de Deus

 Este hino de ação de graças parece grandemente com o Salmo 135 no conteúdo. Ele é, entretanto, muito mais litúrgico, tendo um refrão antifonário que aparece em cada versículo. O fato do salmo ser mais fácil de ler e compreender sem o refrão sugere que originalmente ele não tinha esta repetição nos versículos 4-25. Contudo o refrão deu-lhe um caráter distinto e um lugar de destaque m culto judeu. Nas obras dos rabinos, era intitulado de "o Grande Halel" (às vezes em conjunto com o Sl. 135). O termo Aleluia no fim do salmo anterior provavelmente devia estar no começo deste salmo, como evidencia a LXX.

 1-3. Chamado para Ação de Graças. Rendei graças ao Senhor. O salmo começa com um convite triplo para agradecer a Deus a Sua bondade e misericórdia. É dirigido pelo líder ou pelo coro à congregação. O refrão era provavelmente cantado através de todo ele por todo o grupo dos crentes. A brevidade do refrão é especialmente evidente nas três palavras hebraicas (porque a sua misericórdia dura para sempre). Os três termos para Deus – Jeová, Deus dos deuses e Senhor dos senhores – são interessantes à luz da ênfase dada, no salmo precedente, à impotência dos ídolos e a onipotência de Deus..

4-9. O Deus da Criação. Maravilhas . . . céus . . , terra . . , luminares. As maravilhas da criação testificam a bondade e misericórdia de Deus, em declarações concisas. Todas vezes em que àquele é usado, é objeto de rendei graças.

10-25. O Deus da História. Àquele que feriu o Egito. Cada acontecimento, desde o Egito até Canaã, testemunho do modo pelo qual Deus manifesta Sua misericórdia dentro do campo de ação da história de Israel.

26. A Doxologia da Ação de Graças. Oh! Tributai louvores ao Deus dos céus. O chamado inicial está sendo repetido aqui mas com um termo diferente para Deus. Este termo seria especialmente adequado se a ênfase fosse primeiramente sobre as maravilhas criativas de Deus somente.

                   Salmo 137. O Cântico dos Exilados

Um profundo espírito de vingança está claramente evidente neste lamento comunitário. Os versículos iniciais evocam uma profunda simpatia pelos cativos, enquanto os versículos finais dão vazão à sua indignação experimentada quando testemunharam a desolação de sua terra. Embora não seja certo onde o salmista se encontrava quando escreveu este hino, ele parece ter sido um dos exilados que retomaram a Jerusalém em 538 A.C. Sua primeira visão de Jerusalém poderia muito bem ter provocado suas imprecações contra Edom e Babilônia.

 1-3. Tristeza do Exílio. Às margens dos rios de Babilônia . . . chorávamos. A voz do salmista soluça de agonia ao descrever a dor do cativeiro. Os exilados sem dúvida tinham lugares especiais ao longo do Eufrates ou seu sistema de canais onde podiam chorar a sua condição. Quando se lhes pedia que cantassem para divertimento dos seus captores, respondiam dependurando suas liras sobre os salgueiros que se alinhavam sobre os barrancos do rio.

 4-6. Amor a Jerusalém. Como, porém, haveríamos de entoar o canto do Senhor? Afinal, como poderiam cantar os hinos sagrados dos cultos do templo para divertimento dessa gente em terras estranhas? Seria conspurcar coisas sagradas e cometer um ato de traição contra São. O salmista preferiria antes perder sua capacidade de tocar a lira e de cantar do que esquecer-se da santidade de Jerusalém.

7-9. Ódio Contra os Inimigos. Filhos de Edom ... Filha de Babilônia. A intensidade das emoções do salmista se vê em seu ódio contra os seus inimigos como também em seu amor por Jerusalém. Ele destaca Edom pela sua conduta em ajudar o inimigo contra Jerusalém (cons. Ez. 25:12-14; 35; Ob. 10-14). Então a Babilônia se transforma em objeto das apaixonadas imprecações do salmista. Embora uma tão cruel matança como a descrita no versículo 9 fosse naturalmente praticada quando se saqueavam as cidades de antigamente (Is. 13:16; Naum 3:10) e fosse praticada contra Israel (lI Reis 8:12; Os. 13:16), não podemos justificar tais palavras.

               Salmo 138. Ação de Graças Dedicada

 Esta obra literária começa como um hino de ação de graças, mas mais tarde se transforma em um cântico de fé. Embora o orador esteja no meio de problemas, ele não começa com um lamento mas com grato reconhecimento das bênçãos divinas. Muitas das idéias e frases desta obra são reminiscências de outras seções das Escrituras, especialmente Is. 40-66. Diversos manuscritos da LXX ligam este salmo com o tempo de Ageu e Zacarias.

1-3. Louvor pela Força Recebida. Render-te-ei graças . . . de todo o meu coração. O salmista experimentara recente reposta às suas orações pedindo auxílio. Por causa de Deus ter concedido o dom da força espiritual, ele o adora de todo o coração. A frase, na presença dos poderosos, tem sido diversamente interpretada, porque a LXX usa anjos e o Targum, juízes. Contudo, a melhor tradução parece ser deuses por causa da referência subseqüente a todos os reis da terra. Considerando que agora eles servem seus diversos deuses, mas que no futuro adorarão o verdadeiro Deus, o salmista desafia o poder desses "deuses" (cons. Sl. 95:3; 96:4, 5; 97:7).

4-6. Adoração dos Reis. Render-te-ão graças . . . todos os reis da terra. O louvor individual é prefigurado no louvor universal final. Há um extraordinário relacionamento aqui com o Edito de Ciro, no qual o rei conquistador louva Jeová (junto com os deuses de outros povos desalojados). Observe que a glória de Deus está especialmente revelada em Sua condescendência para com os humildes.

7,8. Certeza de Livramento. Se ando em meio à tribulação, tu me refazes a vida. O orador expressa profunda confiança de que Deus cumprirá Suas promessas e completará o livramento de Israel. Embora todo o salmo seja proferido por um indivíduo de maneira muito pessoal, ele enuncia a ação de graças e a confiança em prol de sua nação também.

                  Salmo 139. A Preocupação Pessoal de Deus

Aqui um indivíduo que tinha íntimo conhecimento de Deus e uma experiência com Ele oferece sua oração pessoal. Do ponto de vista da teologia do V.T., este é o clímax do pensamento no Saltério sobre o relacionamento pessoal de Deus com o indivíduo. O salmista não se ocupa de filosofia abstrata ou meditação especulativa; ele simplesmente descreve sua humilde caminhada com Deus e partilha de seu conhecimento experimental com o Senhor.

1-6. A Onisciência de Deus. Senhor, tu me sondas e me conheces. O salmista está convencido por experiência que Deus sabe tudo a respeito dele. Ele sabe que o conhecimento perfeito de Deus vai além de seus atos individuais até suas motivações e propósitos. Enquanto ele permanece respeitosamente dentro do seu próprio conhecimento da onisciência divina, ele sabe que a total compreensão está além do entendimento humano.

7-12. A Onipresença de Deus. Para onde me ausentarei do teu espírito? Por meio de duas perguntas retóricas, o salmista mostra que ele não pode jamais colocar-se fora do alcance do cuidado pessoal de Deus. Ele nem pensa em fazê-lo, mas usa este método de apresentar seus pensamentos. As quatro suposições que se seguem expressam os extremos do universo e reforçam sua premissa básica.

13-18. A Presciência de Deus. Os teus olhos me viram a substância ainda informe. Duas idéias estão envolvidas no pensamento do salmista aqui: o modo maravilhoso pelo qual ele foi criado, e amaneira pela qual Deus já sabia tudo o que estava acontecendo no processo. Ele parece enfatizar este último fato ao ver a mão de Deus penetrando em toda a sua vida. Este é na verdade outro vislumbre da onisciência de Deus nos maravilhosos processos da criação e procriação. Novamente o orador permanece respeitosamente diante da natureza incompreensível dos pensamentos divinos.

19-24. O Problema do Mal. Tomara, ó Deus, desse cabo do perverso. Esta surpreendente mudança de tom e perspectiva é considerada por alguns intérpretes como adição posterior. Contudo, a intensidade da aparente convicção Jos versículos anteriores vê-se aqui novamente. Deus, que tem um conhecimento tão minucioso do homem, não pode ignorar pecadores flagrantes. O salmista termina com um pedido pessoal para que Deus o sonde, prove, conheça, veja e guie. Seu alvo é o caminho eterno, o modo devida e paz que contrasta como caminho de ruína e destruição do ímpio.

                 Salmo 140. Um Pedido de Preservação

Um indivíduo que sofreu amarga perseguição da parte dos infiéis dentro de Israel profere esta lamentação. Está intimamente ligada com os Salmos 141-143, refletindo as mesmas condições gerais e empregando semelhante linguagem, forma e padrões de pensamento. E ele pode naturalmente refletir o começo de uma luta entre partidos dentro de Israel, embora os grupos não possam ser identificados por nome. 141. Seu Apelo por Auxílio. Livra-me, Senhor. Através de três estrofes (vs. 1-3; 4, 5 ; 6-8) o salmista faz o seu apelo, pedindo o auxílio divino. Ele roga: Livra-me . . . guarda-me . . . preserva-me . . . não concedas . . . ao ímpio os seus desejos. Ele usa termos muito descritivos para descrever esses inimigos a fim de representar vivamente o seu próprio perigo. As designações no singular devem ser entendidas coletivamente, conforme vemos no uso dos verbos no plural. As quatro armadilhas que os inimigos armaram devem provavelmente ser interpretadas aqui no sentido figurativo.

 9-11. Seu Desejo de Retribuição. Cubra-os a maldade dos seus lábios. A profunda amargura do salmista torna-se mais aparente nestes versículos. Embora ele empregue linguagem figurada ao expressar seus desejos em relação aos seus inimigos, está claro que deseja que todos os seus planos malignos se voltem contra eles. Ele não se satisfará com nada menos que a sua completa destruição.

12,13. Sua Confiança no Senhor. Sei que o Senhor manterá a causado oprimido. O salmista está convencido de que o justo, em contraste com o ímpio, terá motivos de regozijo, porque Deus é o paladino daqueles que, como o salmista, são oprimidos.

                    Salmo 141. Um Grito Pedindo Proteção

 Este salmo é outra lamentação individual de alguém que tem sofrido nas mãos de gente infiel e poderosa dentro de Israel. Sua oração não tem a costumeira forma da lamentação, onde o livramento dos inimigos é o que se busca. É mais espiritual no sentido de que ele busca o auxílio divino para vencer as tentações à sua volta.

 1,2. Seu Pedido por uma Resposta. Senhor, a ti clamo, dá-te pressa ... inclina os teus ouvidos. O salmista começa com um pedido urgente para que Deus ouça e responda sua oração. A referência ao incenso e à oferenda vespertina parecem se referir à oferta de maniates, que era acompanhada de oração e apresentada de manhã e de tarde.

3-5. Sua Oração Pedindo Força. Põe guarda, Senhor, à minha boca. Passando pelas circunstâncias de suas queixas, O salmista ora pedindo força para vencer a tentação. Ele busca o. poder para guardar a sua boca, manter puro o seu coração, evitar a prática do mal, refrear a sua participação dos luxuosos prazeres e para aceitar com prazer a repreensão dos justos.

6-10. Sua Confiança na Retribuição. Os seus juízes serão precipitados. As circunstâncias históricas por trás dos versículos 6, 7 são tidas por certas. Parece que o orador espera ser comprovado certo quando esses juízes forem punidos. O versículo 7 refere-se à matança dos amigos do salmista ou então deveria ser traduzido para os seus essas em lugar de os meus. Seja qual for o significado original por trás desses versículos, o salmista está aguardando que Deus o continue fortalecendo, embora tenha certeza de que o homem ímpio receberá a. justiça retributiva caindo em sua própria armadilha.

                       Salmo 142. Um Pedido de Livramento

Eis aqui a oração de um indivíduo que está enfrentando intensa perseguição. Segue os padrões normais da lamentação pessoal. O salmista enuncia o seu apelo, faz a sua queixa, declara o seu pedido, e termina com uma nota de confiança. Em sua fervorosa oração, ele não pede vingança e não profere imprecações vingativas.

1, 2. O Pedido. Ao Senhor ergo a minha voz e clamo. Os verbos nos versículos 1-5 podem ser traduzidos para o tempo presente, uma vez que o contexto mostra que o salmista não está falando de um apelo no passado. Sua grande necessidade está óbvia por causa dos termos clamo e denuncio, como também por causa da ênfase colocada sobre o erguer da sua voz. 3,4. A Queixa. No caminho em que ando me ocultam armadilha ... ninguém que por mim se interesse. O salmista tem por certo que Deus sabe de sua condição desde o começo. Por causa disso, simplesmente declara o fato do seu problema e descreve o seu senso de solidão.

 5-7. O Pedido. Livra-me . . . Tira a minha alma do cárcere. Apelando novamente por atenção às suas necessidade, o salmista declara que Deus é agora o seu único refúgio. A referência ao cárcere talvez seja a um verdadeiro confinamento ou a um estado desesperador. Fazendo um voto de louvar a Deus pelo seu livramento, ele expressa sua confiança em que outros se lhe juntarão em sua ação de graças.

             Salmo 143. Uma Oração por Orientação e Livramento

 Novamente um indivíduo em situação terrível profere esta oração muito pessoal. Seus perseguidores lhe tiraram tudo, menos a vida. Embora busque o livramento, seu maior desejo é a orientação divina. Uma vez que toma o lugar do pecador arrependido, este salmo está classificado como um dos penitenciais (cons. Sl. 6, 32, 38, Sal. 102, 130). 1-6. O Apelo do Penitente. Atende . . . à minha oração . . . não entres em juízo. Depois de rogar atenção, o salmista dá a entender que reconhece-se culpado diante de Deus. Ele não se declara inocente, mas lança-se sobre a misericórdia divina. Sua queixa, sucintamente declarada, como no salmo precedente, indica perseguição cruel. Ele foi perseguido, esmagado e obrigado a habitar nas trevas como se estivesse morto. Contudo, lembrando-se das grandes obras de Deus no passado, ele tem coragem de apelar que manifeste novamente o seu poder.

7-12. Pedido de Ação. Dá-te pressa, Senhor, em responder-me. Em orações rápidas, o salmista expressa a urgência de sua necessidade de ajuda. Ele busca uma resposta imediata, uma expressão da bondade de Deus, orientação para sua vida, livramento dos seus perseguidores, instrução quando à vontade de Deus e a destruição dos seus inimigos. Como servo penitente, ele sente que a desforra é certa.

              Salmo 144. Triunfo na Guerra e na Paz

Começando como se fosse um hino de louvor, este salmo passa para o lamento depois do versículo 4. Muitos comentaristas têm levantado sérias dúvidas quanto à sua unidade. Os versículos 12-15 parecem já- ter constituído parte de um salmo desconhecido. Na verdade, todo o sobro é uma compilação de citações de outros salmos (cons. Sl. 8, 18, 33, 39, 104). 1-4. Bênçãos do Passado Reconhecidas. Bendito seja o Senhor, rocha minha. O salmista começa com um hino de louvor pela ajuda que Deus lhe tem concedido na qualidade de guerreiro. Ele conhece o Senhor pessoalmente, pois o chama de rocha minha, minha misericórdia, fortaleza minha, meu alto refúgio, meu libertador e meu escudo. O contraste entre a grandeza de Deus e a insignificância do homem impressiona o salmista. Usando as conhecidas palavras do Salmo 8, ele confessa a sua falta de merecimento antes de apresentar o seu pedido de auxílio.

5-8. Ele Busca Livramento Agora. Abaixa, Senhor, os teus céus, e desce. Esta oração para que o poder de Deus se manifeste na forma de uma teofania foi extraída de diversos versículos dos Salmos 18 e 104. O salmista está pedindo que Deus intervenha nas suas lutas com os inimigos, porque eles são culpados de falsidade e violação de tratados.

9-11. Votos de Louvor Futuro. A ti, ó Deus entoarei novo cântico. Citando muitas citações de velhos hinos, o salmista faz Voto de dar graças de maneira nova quando a vitória for alcançada. Depois de fazer este voto e de expressar a sua confiança na vitória, ele repete o pedido dos versículos 7, 8. 12-15. A Paz e a Prosperidade Descritas. Filhos . . . como plantas viçosas . . . filhas como pedras angulares. Conforme acima indicado, isto parece citação de um salmo desconhecido. O quadro é o de um lar ideal numa comunidade cujo Deus é o Senhor. Os filhos são vigorosos como plantas jovens; as filhas são altas e majestosas; os celeiros estão cheios; os rebanhos são férteis; e os bois são torres. Essas são as bênçãos materiais que se esperam numa tal sociedade ideal.

                   Salmo 145. Louvor pela Grandeza de Deus

 Este hino de louvor é uma expressão triunfante da fé de um indivíduo e um chamado aos homens para que glorifiquem a grandeza de Deus. Tem uma nota de apelo universal raramente presente em expressões de fé em Israel. O salmista usa uma estrutura com acróstico, começando cada versículo com uma letra do alfabeto hebraico. Só uma letra está faltando, o nun, que deveria estar entre os versículos 13 e 14. O salmo serve de introdução à coleção final de louvores (Sl. 145-150).

1, 2. A Promessa de Louvor. Exaltar-te-ei ... bendirei ... e louvarei. O propósito do salmista está claramente demonstrado em sua promessa de louvar a Deus todos os dias, sim, para todo o sempre. Seu relacionamento pessoal e sua visão universal se encontrara em sua saudação inicial: Deus meu, e Rei.

3-20. A Grandeza de Deus. Grande é o Senhor e muito digno de ser louvado. O versículo 3 é o tema deste louvor. Embora esta grandeza seja insondável, o salmista consegue ilustrá-la admiravelmente. Sua esperança constante é que outros darão testemunho da grandeza de Deus. Nos versículos a seguir ele enfatiza a grandeza de Deus mencionando Suas pondes obras, Sua glória e esplendor, Sua bondade, Sua compaixão cheia de graça, Sua tema misericórdia, Seu Reino glorioso e eterno, Seu cuidado providencial, Sua justiça, Sua santidade e Sua disponibilidade em relação àqueles que o buscam em verdade e com temor. Esta compreensão da natureza divina é o ponto culminante do Saltério.

21. A Doxologia do Louvor. Toda carne louve o seu santo nome para todo o sempre. Depois de repetir sua promessa de louvor pessoal, o orador começa a fazer o convite a toda a carne. Seu desejo inclui toda a humanidade e vai até o fim do mundo.

                       Salmo 146. Louvor Pela Ajuda Divina

 Este é o primeiro dos cinco hinos de louvor semelhantes, todos começando e terminando com um Aleluia. Esta pequena coleção tem servido de hinário usado diariamente nos cultos da sinagoga. Como a maior parte dos salmos deste Livro Final, a forma atual destes salmos reflete circunstâncias, idéias e linguagem pós-exílicas.

 1,2. O Voto de Louvor. Louvarei ao Senhor durante a minha vida. Em linguagem semelhante à do salmo precedente, o voto de louvor está apresentado em termos absolutos.

 3,4. A Falta de Poder do Homem. Não confieis em príncipes. Por causa de suas próprias experiências, o salmista roga aos homens que não dependam dos favores dos nobres (cons. Pv. 19:6). Ele entende que nenhum auxílio duradouro pode vir de alguém cuja vida e pensamentos desaparecem quando volta ao pó. A circunstância exata à qual o salmista se refere não pode ser identificada. Contudo, tal conclusão pode ser extraída de qualquer ocasião na história de Israel.

5-10. O Poder de Deus. Bem-aventurado aquele . . , cuja esperança está no Senhor. Aquele que tem o Senhor como seu ajudador e sua esperança é verdadeiramente abençoado. Esta esperança se baseia na criação do universo por Deus, Seu cuidado amoroso para com o homem e Seu reino eterno. A ênfase especial dada a Deus como o defensor dos necessitados e oprimidos sugere que o salmista era membro de um desses grupos dentro da sociedade do seu tempo. Observe que deu-se uma ênfase quíntupla ao nome de Jeová nos versículos 7-10.

                     Salmo 147. Louvor pela Providência Divina

O derramamento da gratidão, como neste salmo, sempre tem sido parte vital do culto de Israel. Este é verdadeiramente um hino de louvor do começo ao fim sem uma palavra de queixa ou simples pedido que seja. É difícil descobrir um desenvolvimento lógico porque três salmos foram aqui comprimidos em um só (vs. 1-6, 7-11, 12-20). Estes elementos separados são parcialmente evidentes na LXX, onde os versículos 12-20 são relacionados como parte de um outro salmo.

1-6. Sua Bondade para com Israel. O Senhor edifica ... e congrega. Após um rápido chamado à adoração, o salmista declara como o Senhor tem sido bom para com o seu povo. Os versículos 2, 3 sem dúvida se referem à restauração após o Exibo. Todas as coisas que Deus fez estão ligadas à Sua grandeza, Seu poder e Seu entendimento.

7-11. Sua Providência para com a Natureza. Que cobre de nuvens os céus. A idéia vai além das fronteiras de Israel incluindo todas as criaturas. A provisão da chuva e alimento que o Senhor faz é especialmente importante numa terra onde os céus ficam desprovidos de nuvens desde abril até outubro. O salmista percebe que o favor divino não se baseia na força física quer seja para com o homem ou para com a besta.

12-20. Seu cuidado para com Jerusalém. Pois ele reforçou as trancas das tuas portas. Jerusalém e Sião foram usados como termos paralelos m personificação descritiva, simbolizando o povo de Deus que habita e adora dentro delas. As bênçãos da proteção, paz e prosperidade são apresentadas como realidades presentes. O salmo termina com uma referência ao relacionamento especial de Israel com Deus na qualidade de seu Povo Escolhido.

                      Salmo 148. Louvor por Toda a Criação

 O terceiro hino de louvor nesta coleção final é a convocação de um coro universal de louvor por tudo o que há nos céus e na terra. O versículo final sem dúvida se refere ao retorno do exílio e indica as razões e ocasião que motivaram um louvor assim tão empolgante.

1-6. Convocação dos Céus. Do alto dos céus. Usando a linguagem da cosmologia do antigo Oriente Próximo, o salmista pede o louvor dos seres e dos fenômenos celestiais. Versículos 5 e 6 correspondem a um refrão que provavelmente foi cantado por um coral no estilo antifonal. A criação de Deus quanto aos objetos celestiais e sua sustentação é razão suficiente para o louvor.

7-12. Convocação da Terra. Da terra. O salmista começa com as profundezas da terra e se refere a todas as formas de vida, animadas e inanimadas. Observe que o homem, como a coroa da criação, ficou reservado para o fim. Os versículos 13, 14 agem como um segundo responso, com os motivos básicos para este louvor. A glória de Deus e a redenção do Seu Povo escolhido são considerados razões suficientes.             Salmo 149. Louvor pelo Triunfo Divino

Este hino de louvor faz referência especial à celebração de uma recente vitória. Muitos intérpretes entendem que os versículos finais são escatológicos e não históricos. Contudo, os quatro primeiros versículos estão claramente relacionados a uma realidade presente de livramento divino. Embora o acontecimento não possa ser identificado com precisão, o propósito da composição original é evidentemente agradecer a Deus a vitória por ocasião da volta dos guerreiros.

 1-4. Convocação para o Louvor. Cantai ao Senhor um novo cântico. O cenário é uma grande assembléia de santos ou de crentes no Templo. A importância da ocasião se vê na necessidade de um novo cântico para celebração da nova vitória dos seus exércitos. O versículo 3 com a menção de danças destaca claramente o espírito de regozijo e alegria do versículo 2. A vitória propriamente dita é uma indicação de que o favor e a salvação de Deus foram derramadas sobre o povo oprimido.

5-9. O Hino de Vitória. Exultem ... os santos ... cantem de júbilo. Os piedosos são descritos regozijando-se em triunfo e cantando nas suas camas por causa da segurança que agora desfrutam. O quadro de guerreiros louvando a Deus com espadas de dois gumes nas mãos é símbolo de vitórias obtidas em Seu nome. Figurativamente os santos de Deus devem empunhar a espada do Espírito, que é a palavra de Deus (Ef. 6:17; Hb. 4:12).

                Salmo 150. Louvor em Seu Clímax Universal

Este hino final de louvor tem o gabarito de ocupar posição de honra como a doxologia de todo o Saltério. Cada frase do salmo parece basear-se no pensamento anterior em preparação para o clímax, o qual vem subitamente como uma explosão de louvor grandioso vindo das hostes dos céus e da terra.

1. O Lugar Especificado. No seu santuário . . . no firmamento. O santuário talvez seja uma referência à habitação celestial de Deus ou ao Templo aqui na terra. Enquanto o primeiro significado é paralelo a firmamento, a segunda idéia teria muito mais significado para os crentes reunidos.

2. Os Motivos Superiores. Seus poderosos feitos ... sua muita grandeza. Seus feitos poderosos na criação e na história constituíram o tema de muitos salmos. Sua grandeza tem sido um tema repetido nos hinos de louvor finais (cons. Sl. 145, 147).

3-5. Os Instrumentos Enumerados. Som de ... Parece que o salmista arrumou estes instrumentos a esmo. É como se cada um soasse quando foi mencionado e continuasse tocando até o final da Aleluia (cons. W.O.E. Oesterley, The Psalms, págs. 589 e segs., para uma descrição dos instrumentos envolvidos).

6. O Coro Reunido. Todo ser que respira. Não apenas os sacerdotes e levitas, não apenas a congregação, mas todas as criaturas no tempo e no espaço, que tenham fôlego foram incluídas neste coro dos coros. O Saltério termina, mas a melodia permanece enquanto os crentes continuam cantando, Aleluia! Louvai ao Senhor.

Salmos

(Comentário Bíblico Moody)

 


Aquele que Sonda os Corações

Texto:  Salmo  139

Introdução

O  Salmo  139  é  um  cântico  de  louvor  que  celebra  na presença de Deus e que permeia a tudo,  seu conhecimento perfeito, e seu poder infinito.  O escritor inspirado descreve com  reverência  os  gloriosos  atributos  de  Deus  e  termina com  uma  oração  pedindo  a  destruição  dos  ímpios  e  a purificação do seu próprio coração. Com tal beleza de linguagem e  nobreza  de pensamento,  este  salmo  recebeu  de notado teólogo tradicional judaico o título de “Coroa de todos os  Salmos”.

               I  - A  Onisciência  de  Deus  (SI  139.1-6)

“Senhor,  tu  me  sondas  (examinando  todos  os  meus pensamentos  e sentimentos)  e me conheces  (com total conhecimento  do  meu  estado  espiritual).  Sabes  quando  me assento  e  quando  me  levanto  (tudo  quanto  faço  desde  o amanhecer  até  o  fim  do  dia),  de  longe  penetras  os  meus pensamentos (enquanto ainda estão sendo formados  - muito antes de eu tomar consciência deles).  Esquadrinhas  (lit: peneiras) o meu andar e o meu deitar (lit:  “meu caminho e meu leito” - as minhas horas de atividade e as minhas horas de  descanso),  e conheces  todos  os  meus  caminhos”.  Deus não  tem  necessidade  de  ir  pensando  sobre  as  coisas;  em virtude da sua divina perfeição, sabe tudo instantaneamente.  É  um  consolo  saber  que  Ele  não  nos  julga  mal,  nem acelenta qualquer malentendido a nosso respeito.  “Ainda a palavra me não chegou  à língua,  e tu,  Senhor, já a conheces  toda”.  É impossível  enganar o  Senhor, porque a nossa fala,  que  tantas  pessoas  empregam  para  esconder  os  seus verdadeiros  pensamentos,  fica patente  diante  dEle.

    “Tu  me cercas  por trás  e por diante”,  ou  seja:  Tu  estás sempre  perto  de  mim  e  tens  conhecimento  completo  de todos os meus movimentos. Você não pode escapar de Deus. Não  pode  voltar  para  trás,  pois  Deus  está  atrás  de  você; não  pode  fazer marchas  forçadas  para  a frente,  pois  o  caminho  dEle está lá longe  adiante.  Você está cercado!  E,  a fim  de  que  não  imagine  que  sua presença  esteja  distante, acrescenta-se:  “e  sobre  mim  pões  a  tua  mão”.  Deus  está muito  perto,  e  você  está  nas  mãos  dEle.  Sua  mão  é  para sustentá-lo na prática do bem, e para refreá-lo da prática do mal.

    “Tal  conhecimento  é  maravilhoso  demais  para  mim;  é sobremodo elevado, não o posso atingir”. Ao pensar acerca da onisciência de Deus,  sinto que todo o verdadeiro conhecimento está além do meu alcance. Tais conhecimentos estão além  da  minha  compreensão  e  do  meu  entendimento.

              II  - A  Onipresença  de  Deus  (SI  139.7-12)

“Para  onde  me  ausentarei  do  teu  Espírito?  Para  onde fugirei  da tua  face?”  Compare  Atos  17.28.  Quando  Jonas procurou  fugir de Deus,  achou-se  na presença de Deus  de modo  bem  inesperado,  e  nunca  antes  experimentado  por ele!  (Jr  23.24).  Querendo  ou  não,  você  está  tão  perto  de Deus  como  sua  alma  está  perto  do  seu  corpo.  Que  coisa horrenda  é  a  prática  do  pecado,  já   que  tudo  é deliberadamente  feito  às  vistas  de  Deus!

   “Se  subo  aos  céus,  lá  estás,  se  faço  a  minha  cama  no mais profundo  abismo,  lá está também”.  Subindo  ou  descendo  até  o  lugar  mais  alto  ou  mais  baixo  do  universo, você  achará  ali  a  presença  de  Deus,  que  a  tudo  permeia. Não  há  ateus  no  abismo  do  inferno,  pois,  ao  saberem  que ali caíram por não terem crido em Deus, acabam cientes da sua  existência,  embora  seja tarde  demais.

     “Se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins dos  mares:  ainda lá me  haverá de  guiar a tua mão e  a tua destra me  sustentará”.  A luz tem uma velocidade inconcebível, mas mesmo que você pudesse viajar tão rapidamente assim,  de  modo  nenhum  conseguiria  escapar  da  presença de Deus. Este pensamento pode lhe servir de encorajamento: Aquele  que  salva  até  às  últimas  está  disposto  a  acompanhar você até os confins da terra.  “Eis que estou convosco todos  os  dias  até  à  consumação  do  século”.

     “Se eu  digo:  As  trevas,  com  efeito,  me  encobrirão,  e  a luz  ao  redor  de  mim  se  fará  noite,  até  as  próprias  trevas não te serão escuras:  as trevas e a luz são a mesma coisa”. O homem bom não desejaria ser escondido pelas trevas; o homem  sábio  não  imagina  que  tal  coisa  seja possível.  Do ponto de vista de Deus, todos nós habitamos numa luz que a  tudo  revela  a  todo  instante.

                  III  - A  Onipotência  de  Deus  (SI  139.13-18)

Deus nos conhece porque Ele nos criou. Tal é o pensamento  dos  versículos  seguintes:  “Pois  tu  formaste  o  meu interior”, e, portanto,  conheces os meus pensamentos mais íntimos.  O interior aqui  significa  os  desejos  e os  anseios, literalmente:  “Rins”.  Assim como  o  “coração” na Bíblia é mais  do que  o  órgão  que  bombeia  sangue,  e  se  refere  aos sentimentos  e pensamentos,  assim também é  esta referência  aos  rins.  Esta  maneira  antiga  de  falar recebe  hoje  em dia  corroboração  científica,  mediante  a  qual  a  medicina reconhece  a profunda interrelação  que  existe  entre  a  alma e  o  corpo.

    “Tu  me  teceste  no  seio  de  minha  mãe”.  Antes  de  o salmista conhecer a Deus, Deus conhecia a ele (cf. Jr  1.5). Na parte  mais  íntima  do  seu  ser,  e  na  sua  condição  mais secreta (antes de nascer), ainda estava sendo guiado e protegido  por Deus.  A palavra  bíblica  “tecer”  é  apoiada pela medicina moderna  que  fala em  “tecidos”  do  corpo.  “Graças  te  dou,  visto  que por modo  assombrosamente  maravilhoso me formaste”. Enormes volumes já têm sido escritos com respeito às maravilhas do mecanismo do corpo humano. O estudo do embrião humano faz com que o homem se encha de reverência e adoração perante a sabedoria do Criador  assim  revelada:  “As  tuas  obras  são  admiráveis,  e  a minha  alma  o  sabe  muito  bem”.  Mesmo  que  você  não entenda  os  mistérios  da  natureza,  pelo  menos  pode  reconhecer que são maravilhosos: “Os meus ossos não te foram encobertos,  quando  no  oculto  fui  formado,  e  entretecido como nas profundezas da terra (expressão figurativa que se refere ao útero). Os teus olhos me viram à substância ainda informe,  e no teu livro foram  escritos  todos  os  meus  dias, cada um deles  escrito  e determinado,  quando nem um deles  havia  ainda”.  Nosso  Criador  fez  uma  planta  do  nosso corpo,  anotando  de  antemão  todas  as  suas  peças.  E  de acordo  da  sábia  e  amorosa  providência  divina  que  temos olhos, ouvidos, pés e mãos; tudo foi ordenado pelo decreto de  Deus.  Os  propósitos  de  Deus  dizem  respeito  ao  nosso corpo,  nossa  alma  e  nosso  espírito;  nossa  forma,  nossa personalidade e nossa vida diária. Tudo isto foi determinado acerca de nós antes de existirmos. Deus nos viu quando nada havia para ser visto, e escreveu acerca de nós quando ainda  não  havia  assunto.

     O  salmista,  embevecido  em  adoração  maravilhosa  ao contemplar  a  sabedoria  do  Criador,  exclama,  com  enlevo espiritual:  “Que  preciosos  para  mim,  Senhor,  são  os  teus pensamentos!  E  como  é  grande  a  soma  deles!  Se  os  contasse,  excedem  os  grãos  de  areia:  contaria,  contaria,  sem jamais  chegar  ao  fim”.  Disse  certo  grande  cientista:  “Eu nada mais faço senão pensar os pensamentos de Deus após Ele”.  O universo  com todas  as  suas leis revela a mente de Deus, e todas  as ciências juntas  nada mais fizeram do que arranhar a  superfície de todos  os conhecimentos  encontrados  no primeiro  livro que  Deus escreveu  -  a natureza  (ver Salmo  19).

            IV  - A  Oração  do  Salmista  (SI  139.19-24)

     A  mudança  de  pensamento,  entre  a  contemplação  das obras de Deus acompanhada pela adoração a Ele, e a esperança  que  os  perversos  logo  sejam  destruídos,  parece  um pouco  abrupta,  à  primeira  vista.  Na  verdade,  porém,  um aspecto  segue  logicamente  ao  outro.  Na  medida  em  que nos  apegamos  ao  bem,  também  aborrecemos  o  mal  (SI 97.10).  Amando  tão  intensamente  a Deus,  o  salmista não pode tolerar o convívio daqueles que se rebelam contra Ele. Sua  indignação  não  está  manchada  com  ressentimentos pessoais  -  é  puro  zelo  pela honra  de Deus.  Ultrajes  lançados contra a causa de Deus causam terrível dor ao salmista. A linguagem é característica da Antiga Aliança; com a vinda de  Cristo,  aprendemos  a  odiar  intensamente  o  pecado,  e ainda  amar  o  pecador,  querendo  arrancá-lo  das  garras  de Satanás.

     O  salmista,  na  sua condenação  dos  perversos,  não está imaginando  que ele pessoalmente possui  a justiça própria, a justificação pelas boas obras dele. Sabe perfeitamente bem que  muitos  pecados  secretos  podem  se  esconder  debaixo da capa de  zelo  pelo  Senhor.  E por isso  que  ora:  “Sonda- me, ó Deus, e conhece o meu coração: prova-me e conhece os  meus  pensamentos  (o  “coração”  é  a fábrica e  os  “pensamentos” são os produtos); vê se há em mim algum caminho  mau,  e  guia-me  pelo  caminho  eterno”  -  no  caminho verdadeiro  e  permanente  que  leva  ao  Deus  verdadeiro  e eterno.

                          Y  - Ensinamentos  Práticos

1.  Deus  cuida  do  indivíduo.  O  tamanho  do  nosso  universo  é  demais  para  a  nossa  mente  humana  imaginar.  Os astrónomos falam que a estrela mais perto da terra se acha a uma distância de  talvez  uns  40.000.000.000.000  de  quilômetros daqui, e que o número total de estrelas no universo é comparável ao número total de grãos de areia em todas as  praias  do  mundo  inteiro.  Tais  cifras  são  um  peso  para nossa mente entender, e surge a pergunta: será que um Deus tão  grandioso  assim pode  se preocupar com  o indivíduo  e os  seus  problemas  pessoais?

     O  Salmo  139  dá  a  resposta,  afirmando  que  o  mesmo Deus  criador  do  universo  está  em  todos  os  lugares,  sabe todas  as  coisas,  e  pode  ser  achado  por nós  através  da fé e da oração. O conceito da onipresença e onisciência de Deus deve  aterrorizar  os  corações  dos  malfeitores,  mas  é  fonte de  grande consolação para os que crêem nEle, porque  tais pessoas  sentem  a  forte  convicção  de  que  este  Deus  pode ajudar  e  proteger.

     O fato  da onipresença e da onisciência de Deus  é  uma garantia  da  orientação  que  os  crentes  recebem.  Samuel Chadwick,  após  uma  vida  dedicada  à  oração,  asseverou: “O  mais  humilde  seguidor  de Jesus  pode  saber  a vontade divina  de  modo  direto  e  pessoal.  É  o  privilégio  de  cada pessoa ter a certeza perfeita da vontade  de Deus, uma vez que queira a buscar.  A atenção que Deus dá a cada detalhe da nossa vida é  espantosa.  Nada é por  demais  trivial para a onisciência. Venha diretamente a Deus... Descubra diante dEle  todas  as  suas  dúvidas  e  perguntas,  e  Ele  revelará  a você, de modo bem claro, qual é a vontade dEle para você”. É  um  encorajamento  para  os  fiéis  saberem  que,  seja para onde vão indo os caminhos da sua vida, Deus está presente para orientar  e  abençoar.

2.  O  Deus  inescapável.  “Para  onde  me  ausentarei  do Teu Espírito?”  Dois  chineses,  um cristão  e um pagão,  estavam  conversando.  “O  seu  Deus  está  em  todos  os  lugares?” - perguntou o pagão. “Certamente que sim” - respondeu  o  cristão.  Pensando  que  deixaria  o  cristão  confuso  e envergonhado, o outro perguntou, em seguida: “Então, Ele está no inferno?” A resposta veio de imediato? “Sim, o seu amor está no  céu  e  a  sua  ira  está no  inferno”.

      Deus está presente em todos os lugares.  Ele se faz presente  às  suas  criaturas  das  seguintes  maneiras:  na  glória, para os hostes celestiais que o adoram (Is 6.1-3).  De modo eficaz, na criação natural  (Na  1.3). Na sua providência,  na vida humana (SI 68.7,8). Atenciosamente, para aqueles que o buscam (Mt 18.19,20; At  17.27). Judicialmente, na consciência dos ímpios  (Gn 3.8;  SI 68.1,2).  De forma humana, na pessoa do seu Filho (Cl 2.9). Misticamente, na sua igreja  (Ef  2.12-22).  Oficialmente,  com  seus  obreiros  (Mt 28.19,20).

     Certamente, ninguém poderia sonhar em achar qualquer cantinho  do  universo  em  que  pudesse  escapar  da  lei  do Criador.  Aqueles que amam a Deus desejam nada mais do que a sua presença.  Aqueles que não têm prazer na comunhão  com Deus  não  têm  a mínima esperança  de achar  algum lugar onde podem desafiar a Ele impunemente. Quando alguém peca, o diabo  sussurra:  “Fuja de Deus”, todavia o  Espírito  Santo  sussurra:  “Fuja para  Deus”.

  3.  As  maravilhas  de  Deus  devem  inspirar a  adoração humana.  “As tuas  obras  são  admiráveis,  e a minha alma o sabe  muito bem”.  As  pessoas  que  vivem uma  vida  superficial logo perdem interesse na existência. Não acham graça  em  nenhuma  coisa  ou  pessoa.  O  mundo  nunca  sofrerá falta de coisas maravilhosas - mas às vezes faltam pessoas que  sabem  admirar-se.

    Se sentimos tédio, é sinal que precisamos deixar de lado um  pouco  as  corridas  da  vida,  aquietar  o  nosso  coração diante de Deus, e considerar as suas obras com simplicidade  infantil,  passando  assim  a  sentir  quão perto  está  o  céu e  os  anjos.

    Quando  o  famoso  artista  Jean  François  Millet  era  um pequeno menino,  o  seu pai,  homem muito devoto,  levou-o num passeio, no fim da tarde. Chegaram até o cume de um despenhadeiro, para olhar o sol se pôr no horizonte do mar. O pôr do  sol que  se estendia diante dos  seus  olhos  era tão glorioso,  com tanta beleza junta da terra,  do mar e do céu, que  o  menino  exclamou  com júbilo:  “Pai,  nada é  tão  maravilhoso!”  Mas  o  pai  ficou  em  silêncio,  curvando  a  sua cabeça  como  se  estivesse  orando,  e  disse:  “Meu  filho,  foi Deus  que  faz  isso”.  O  menino  ficou  profundamente  impressionado, e  aprendeu a ser um menino piedoso daquele momento  em diante.  Contava-se  dele  que,  quando  adulto, continuava com o hábito de curvar a sua cabeça em oração na  hora  do  pôr  do  sol.  Mais  tarde,  como  pintor  formado, deu ao mundo um dos quadros mais queridos, “O Angelus”, que  mostra  dois  camponeses  franceses  curvando  suas  cabeças reverentemente enquanto os sinos tocavam para anunciar  o  convite  à oração.

     Por  mais  avançado  em  anos  que  você  esteja,  sempre fará bem  se  conservar o  segredo  de ficar  “como  criança”, sempre  sentindo  a  maravilha  de  contemplar  as  gloriosas obras  do  Senhor.

               4.  Deus,  nosso  ajudador  sempre  presente.

 “Quando acordo,  ainda  estou  contigo”  (SI  139.18  -  Almeida).  Nenhuma hora é melhor para buscar a Deus do que a hora de acordar, quando  a mente está livre de outras preocupações e  as  atividades do  dia ainda não  começaram.  Assim como o  clarim conclama os  soldados  à  alvorada,  assim também devem  ser  as  nossas  devoções  matutinas.  Como  o  clarim que toca o  “recolher”  no fim das  atividades,  assim devem ser nossas  devoções  vespertinas.

     É  uma  grande  vantagem  para  a  vida  de  santificação começar o dia com Deus. Quando o mundo já ocupa você de  manhã  cedo,  não  deixando  tempo  para  a  religião,  é quase impossível você ficar em dia com os  acontecimentos  que  se  seguirão  -  e  o  seu  coração  se  ocupa  com pensamentos  vãos  desde  o  levantar  até  o  pôr  do  sol.  Se você  começar  o  dia  com  Deus,  perceberá  que  Ele  está do  seu  lado  durante  todas  as  atividades  do  dia,  e  todas elas, condimentadas com o amor e o temor de Deus, serão mais  deliciosas  para nós,  tanto  as  doces  como  as  salgadas.

      Embora  o  salmista  se  refira  ao  sono  físico,  você  pode aplicar o  texto  de  forma figurada  também.  Às  vezes  você adormece  espiritualmente,  suas  orações  ficam  sendo  uma formalidade, e você perde sua grande vontade de ler a Bíblia com  reverência  e  fervor.  E,  depois  de  tudo,  passada  esta fase, você ainda pode erguer a sua cabeça e dizer: “Quando acordo, ainda estou contigo”. Deus é muito gracioso, e você sempre o achará no ponto exato em que você foi separando dEle.

     Uma  profunda  tristeza  poderá  deixar  você  insensível espiritualmente,  como  quem  está  dormindo.  Quando,  porém,  você  acorda  daquele  sono  de  angústia,  passará  a  erguer  o  seu  coração  a Deus  e  dirá:  “Quando  acordo,  ainda estou contigo”. Deus está bem presente, aplicando bálsamo espiritual  ao  coração  ferido.Você pode aplicar este texto ao seu despertar na eternidade.

     Você ainda terá de passar pelo sono da morte. Como crente, você adormece aqui,  e,  tendo passado pelas angústias  de  morrer,  você  de  imediato  acorda no  céu:  “Quando acordo,  ainda estou contigo”.  A comunhão  com Deus não sofre  interrupção  alguma  -  o  crente  sempre  está  presente com  seu  Salvador,  ou na  terra  ou  no  céu.

5.  Ódio santo.  “Aborreço-os com ódio consumado: para mim  são  inimigos  de  fato”.  É  possível  e  razoável  fazer distinção entre o pecador e os seus pecados. Devemos amar o pecador e orar por ele; o ódio do crente deve ser concentrado contra todas as formas do pecado. Algumas delas são as  seguintes:(1)  Adultério;  (2) Inveja;  (3) Maledicência;  (4) Blasfêmia;  (5) Jactância; (6) Cobiça; (7) Contendas; (8) Dolo; (9) Despeito;  (10) Desprezo pelos justos;  (11) Enredar malda- des; (12) Desobediência; (13) Bebedeiras; (14) Rivalidades ciumentas;  (15)  Ciúmes;  (16)  Maus  pensamentos;  (17) Acusações  falsas;  (18)  Ferocidade;  (19)  Estultícia;  (20) Fornicação;  (21)  Ódio;  (22)  Inimizade  contra  Deus;  (23) Ter  a  forma da piedade  enquanto  nega o  poder  dela;  (24) Ser cabeçudo;  (25) Heresias; (26) Altivez; (27) Hipocrisia; (28) Idolatria; (29) Ser implacável; (30) Incontinência; (31) Lascívia;  (32) Mentiras;  (33) Egoísmo;  (34)  Dedicar mais amor aos prazeres do que a Deus; (35) Malícia;  (36) Calúnia;  (37)  Assassinato;  (38)  Orgulho;  (39)  Festanças;  (40) Sedições;  (41)  Contendas;  (42)  Furto;  (43)  Traição;  (44) Quebra  de  promessas;  (45)  Incredulidade;  (46)  Impureza moral; (47) Profanidade; (48) Injustiça; (49) Ingratidão; (50) Falta de  misericórdia;  (51)  Altercações;  (52)  Falta  de  entendimento;  (53) Falta de afeição natural;  (54)  Perversidade;  (55)  Bruxaria;  (56)  Ira;  (57)  Difamação  do  próximo. Esta  pequena  lista  é  tirada  dalgumas  poucas  Epístolas  de Paulo.  O  número  57  reflete  “as  57  variedades”  de  certa marca  famosa  de  latarias.  Depois  de  ler  esta  lista,  que poderia ser bem maior,  diga:  “Aborreço-os com ódio  consumado”.

6.  A  mão  de  Deus.  “E  sobre  mim  põe  a  tua  mão”.  A mão  de  Deus  é  uma  mão  que  nos  refreia.  Uma  das  mais difíceis tarefas do  amor paterno é corrigir e refrear. A criança começa  a dar crise de raiva,  e os  fortes  braços  seguram o corpinho até que a crise passa e a criança se aquieta, calma e vencida. Assim também Deus nos segura para nos fazer voltar  ao  bom  senso.Muitas  vezes,  é  através  da  consciência  que  Deus  nos guia para longe dos caminhos que nos fariam mal. Quando perguntaram a Daniel Webster qual era o  seu pensamento mais  nobre,  respondeu:  “Minha  responsabilidade  pessoal diante  de  um  Deus  pessoal!”

    A  mão  de  Deus  também  nos  guia  e  consola.  “E  Jesus tocou na mão dela e a febre deixou-a”. Quando você chega a alguma crise da vida e se sente tentado a ficar febril com temores que  elevam a  sua temperatura,  o  Senhor coloca a sua mão  sobre  você  e  você  recebe refrigério  e  calma.

7.  Deus sonda o coração.  “Sonda-me, ó Deus, e conhece o  meu coração”.  Estas  não  são as palavras de um desafio orgulhoso;  são a confissão de um homem ciente de que Deus descobrirá nele alguma coisa má, no entanto quer que tudo  seja  trazido  à  lume  para  então  ser  extirpado.Como você pode obter coragem para orar assim?

     Precisa ter o ponto  de vista certo quanto  à natureza de Deus,  e assim terá confiança.  Se você pensa que Deus é um investigador  severo  e  um juiz  austero,  é  provável  que  você  se encolha diante dEle como  certas  plantas  sensíveis,  na tentativa de  esconder  dEle  os  seus  pecados.  Mas  se  você reconhece que Deus é um Pai gracioso e amoroso, pode abrir a Ele  o  seu  coração  com  confiança e júbilo,  sabendo  que Ele  o  contempla  com  olhar  de  misericórdia.  Pedro  tendo aprendido  a  não  confiar  demasiadamente  em  si  mesmo, dependia  totalmente  do  conhecimento  e  amor  de  Cristo quando  disse:  “Senhor,  tu  sabes  todas  as  cousas,  tu  sabes que  eu  te  amo”  (Jo  21.17).

     Já que  Deus  conhece de  antemão  o  nosso  coração, por que orar a Ele? Porque a oração do versículo 23, convidando Deus a sondar o coração,  visa ao propósito de nos limpar do pecado, e Deus somente faz isso quando recebe nosso consentimento.  Esta  oração  deve  ser  proferida  tendo  em mente a promessa:  “E o  sangue de Jesus  Cristo,  seu filho, nos  purifica  de todo  o  pecado”.

8.  Deus testa  os pensamentos.  “Prova-me e conhece os meus  pensamentos”.  Deus  sonda  o  coração  ao  esquadrinhar  as  profundezas  da  alma;  testa os  pensamentos  assim como  a  fornalha  acesa  testa  os  metais.  Nosso  íntimo  é examinado pelo conhecimento de Deus,  e os pensamentos que o íntimo produz são provados pela providência divina. A  prosperidade,  a  adversidade,  a  crítica,  a perseguição,  a doença,  e  outras  forças  externas  revelam  qual  é  o  nosso verdadeiro caráter; revelam a verdadeira natureza dos nossos  propósitos,  desejos,  desígnios,  intenções,  afeições  e alegrias.  Quando  os  dedos  das  circunstâncias  tocam  as cordas  da nossa alma,  qual é o  tipo  de  música produzida?“Prova-me  e  conhece-me  os  meus  pensamentos”. 

    Esta oração  exige  coragem   heróica.  Não  se  registra  que Wellington, Napoleão ou outros famosos guerreiros tenham ousado orar assim. Poucos líderes militares têm a coragem de enfrentar os fatos  da situação espiritual do seu coração. Homens  que já conquistaram  grandes  exércitos  nem  sempre  têm podido  conquistar  a  si  mesmos. 

       Esta  oração  quer dizer:  “Custe o que custar, faze aquilo que derreterá a dureza do meu coração.  Coloca-me na fornalha aquecida sete vezes  mais,  a  fim  de  separar  o  meu  ouro  das  escories”.Esta oração não se profere levianamente. Mesmo assim, o homem que assim se coloca nas mãos do divino Refinador é  sábio.  As  chamas  da fornalha  serão quentes,  mas,  como no caso dos três jovens hebreus descritos no livro de Daniel, somente  aquilo  que  é  combustível  será  consumido  pelas chamas.

9. A  nossa própria  vontade  nos faz mal.  “Vê  se há em mim algum caminho  mau”.  O  caminho  mau,  em primeiro lugar,  está  em  nosso  próprio  íntimo;  faz  parte  do  nosso próprio  egoísmo.  O  salmista  assim  ensina  que  a  vida  humana  é  determinada  de  dentro para  fora.Isto  explica  por  que  muitas  pessoas,  criadas  em  bom ambiente, e em circunstâncias favoráveis, têm-se desviado do  bom  caminho.  O  que  fizeram foi  seguir  o  seu  próprio caminho.  No fim, como o filho pródigo, ficam sabendo de que  seu  próprio  caminho  é  caminho  vão,  caminho  de  dores,  caminho  de  destruição.  Sabendo  disto, o  salmista ora, pedindo  que  seja  libertado  do  seu  próprio-eu.  Reconhece que  há  no  seu  íntimo  alguma  partícula  venenosa,  alguma fibra  doentia,  alguma  substância  falsa  que,  latente  nele, aguarda apenas  o  estímulo das  circunstâncias,  oportunidades  e  convívios  indesejáveis.

      Felizes aqueles que podem cantar com toda a sinceridade este hino:  “Tua vontade,  faze ó Senhor,  eu  sou o barro, Tu  o  feitor”.

                                                    SALMOS MYER PEARLMAN


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