Texto Áureo
“E vindo um dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o
SENHOR veio também Satanás entre eles”
(Jó 1.6)
Verdade
Prática
Segundo as Escrituras, Satanás é um ser real portador de personalidade e só o venceremos com as armas espirituais.
LEITURA
BÍBLICA EM CLASSE
Jó
1.6-12; 2.4,5
6 – E num dia em que os filhos de Deus vieram apresentar-se perante o
Senhor, veio também Satanás entre eles.
7 – Então o Senhor disse a Satanás: Donde vens? E Satanás respondeu ao
Senhor, e disse: De rodear a terra, e passear por ela.
8 – E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque
ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus, e
que se desvia do mal.
9 – Então respondeu Satanás ao Senhor, e disse: Porventura teme Jó a Deus
debalde?
10 – Porventura tu não cercaste de sebe, a ele, e a sua casa, e a tudo
quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste e o seu gado se tem aumentado na
terra.
11 – Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não
blasfema contra ti na tua face.
12 – E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua
mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do
Senhor.
Jó 2:4,5
4 – Então Satanás respondeu ao Senhor, e disse: Pele por pele, e tudo
quanto o homem tem dará pela sua vida.
5 – Porém estende a tua mão, e toca-lhe nos ossos, e na carne, e verás se não blasfema contra ti na tua face!
INTERAGINDO
COM O PROFESSOR
Uma das coisas mais perigosas é uma ideia que revela determinado extremo. Acerca de Satanás há pelo menos duas. A primeira tende a negar sua existência. A segunda, supervaloriza a ação maligna como se Satanás fosse uma entidade onipotente. O Livro de Jó revela a realidade do Diabo. E o livro mais claro em relação ao assunto do Antigo Testamento. Entretanto, de maneira equilibrada, podemos aprender que o Diabo tem determinada ação no mundo, mas ele não é maior que Deus, nem muito menos exerce ação autônoma. O livro mostra com clareza que o Diabo está submetido a Deus. Essa compreensão é alentadora, pois não podemos ignorar a sua ação, mas também não devemos supervalorizá-la porque maior é Deus que que nos salvou.
PONTO CENTRAL:
O Diabo é um ser espiritual, mas não é auto existente
INTRODUÇÃO
Uma das constatações que o leitor logo chega ao ler o Livro de Jó e que o Diabo existe. Ele é um ser real. Todo o mal descrito poeticamente no livro é visto a partir da realidade de Satanás. Todo sofrimento experimentado pelo homem de Uz, mesmo sem a consciência histórica disso, foi motivado por uma ação maligna. Ali, o Diabo assume o caráter pessoal de uma criatura. Nesse aspecto, o livro mostra como o Diabo pode interferir na vida humana. Portanto, nesta lição abordaremos algumas questões relativas à existência e à realidade de Satanás a partir do contexto de Jó.
Capítulo 03 - Jó e a Realidade de Satanás
E vindo um d ia em que os filhos de Deus vieram apresentar -se perante o Senhor, veio também Satanás entre eles. Então, o Senhor disse a Satanás: De onde vens? E Satanás respondeu ao Senhor e disse: De rodear a terra e passear por ela. E disse o Senhor a Satanás: Observaste tu a meu servo Jó? Porque ninguém há na terra semelhante a ele, homem sincero, e reto, e temente a Deus, e desviando-se do mal. Então, respondeu Satanás ao Senhor e disse: Porventura, teme Jó a Deus debalde? Porventura, não o cercaste tu de bens a ele, e a sua casa, e a tudo quanto tem? A obra d e suas mãos abençoaste, e o seu gado está aumentando na terra. Mas estende a tua mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás s e não blasfema de ti na tua face! E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor (Jó 1.6-12)
O PROBLEMA DO
MAL
Cada
povo e cada
cultura possuem os
seus próprios mitos.
Os léxicos definem mito
como sendo uma
forma de pensamento
oposto ao pensamento lógico-científico.²⁴ O
mito, portanto, seria
uma tentativa de
explicação não racional
que os homens
acharam para lidar
com o misterioso ou sobrenatural.
Assim, é possível falar -se em mitologia grega , persa, babilônica,
egípcia , etc. Dentro
d esse contexto, os
historiadores, antropólogos, etc., associam
o surgimento da
crença em demônios, espíritos maus e até mesmo no Diabo
aos primeiros estágios da civilização. Acredita-se, por
exemplo, que a
magia e a
feitiçaria já eram
amplamente praticadas na Mesopotâmia por volta de 3.500 a.C.²⁵ Por essa
perspectiva, os demônios, maus
espíritos e o
Diabo não seriam
seres pessoais, nem mesmo
reais, mas representações míticas
que o homem
primitivo teria dado às forças cósmicas
para as quais
não teria explicação.
O Diabo da mitologia não é real e, portanto, não
assume caráter de pessoalidade.
Por outro lado, o racionalismo filosófico nega que o Diabo existe como sendo uma realidade de natureza sobrenatural ou espiritual. Por acreditar que realidades espirituais, como, por exemplo, Satanás e os seus demônios, estariam fora do crivo da razão, essa forma de entender as coisas vai buscar fora da revelação bíblica a explicação para aquilo que seria o mal. Nesse aspecto, o mal não existiria como uma realidade absoluta, de natureza espiritual, mas seria uma imperfeição ou limitação daquilo que é e existe.²⁶ Dizendo isso de outra forma, a verdade seria vista como um bem, enquanto a mentira, a sua negação, seria vista como um mal; da mesma forma, a fidelidade seria vista como um bem, enquanto a infidelidade, o seu oposto, seria um mal. O mal, portanto, como realidade espiritual, não existiria. A concepção que se tem do Diabo e da existência do mal a partir da cultura bíblica difere muito do mítico -filosófico e, também, do racionalismo. De acordo com a Bíblia, o Diabo existe e é real. Todavia, no estudo sobre a existência de Satanás na cultura judaico -cristã, é preciso levar em conta o caráter progressivo da revelação bíblica. Fica bastante evidente qu e a compreensão que o Antigo Testamento possui sobre o Diabo e os demônios é menos completa do que aquela que é dada pelo Novo Testamento. Isso explica, por exemplo, por q ue muitas vezes o mal não é descrito de forma personificada e por que o caráter de Satanás não é tão explicitado no Antigo Testamento. Todavia, isso não deve ser visto como uma negação da existência de seres malignos de natureza pessoal, mas que a Revelação completa, o Novo Testamento, ainda nã o havia chegado. Mesmo não tratando sobre a existência do mal, d e Satanás e os seus demônios de uma forma completa, o Antigo Testamento, todavia, não nega a existência d e Satanás e a personificação do mal (1 Cr 21.1). Esse é um detalhe esquecido por muitos teólogos quando leem o Antigo Testamento e, em pa rticular, o livro de Jó (Jó 1.6-12; 2.1-7).²⁷ Não há dúvida de que o Diabo descrito por Jó como quem rodeava a terra e pas seava por ela (Jó 1.7) é o mesmo D iabo descrito pelo a póstolo Ped ro, qu e “anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pe 5.8). O Diabo descrito no livro de Jó é, portanto, um ser maligno, real e pessoal.
JÓ E O
ENIGMA DO MAL
“[...]
veio também Satanás entre eles” (1.6). Satanás aparece no livro de Jó como
uma realidade cósmica e a quem o mal que
sobrevém ao patriarca está associado.
Satanás é a
tradução do termo
hebraico sãtãn, com o
sentido d e adversário
e oponente.²⁸ Alguns
teólogos argumentam que esse
Satã citado no
livro de Jó
não seria o
mesmo encontrado na literatura
veterotestamentária
posterior (1 Cr 2
1.1) e nem tampouco o Satã a quem se
refere o Novo Testamento (Mt 4.10). Dessa forma, R. A. F. Mackenzie (2007, p.
929) destaca que esse Satã “ainda não se trata do ‘diabo’ da posterior teologia
judaica e cristã”. Por sua vez,
Terrien (1994 , p.
65) explica que
“o emprego do
artigo definido mostra que
o termo hassatan
não era considerado
nome próprio e q ue não deveria ser traduzido por Satã”. Ainda de acordo
com Terrien, foi
somente em um
período posterior que
ess e termo tornou-se nome próprio
e foi traduzido por Satã, hodiábolos.²⁹ Além das questões
léxicas, que, segundo
defendem esses autores, impediriam vincular
o Satã da
narrativa d e Jó
com o Satã
descrito em outras partes
do Antigo Testamento
e também do
Novo Testamento, estaria também
a questão de natureza
teológica. D essa forma,
segundo eles, o
redator de Jó
não teria usado
esse termo no seu
aspecto teológico, mas
funcional. Assim sendo,
Schokel e D iaz (2002,
p. 126) argumentam
que não se
deve confundir o
Satã de Jó com “nossa imagem ou concepção do demônio,
anjo caído que odeia a Deus e sua obra”.
Negar
que Satanás possui personalidade simplesmente por questões de natureza
puramente léxica não
tem convencido a
muitos outros intérpretes. Verifica-se,
por exemplo, que o uso do artigo ou o seu não uso, assim como
outras regras de natureza gramatical,
admite exceções.³⁰ Por exemplo,
o termo “Deus”,
usado em referência
ao Deus de
Israel, vem muitas vezes
precedido de artigo no texto hebraico do Antigo Testamento. Afirmar que
o Deus de
Israel não é
um ser pessoal
simplesmente porque vem precedido
de artigo é
algo inconcebível. Seria
temerário, portanto, para o
intérprete generalizar o
uso dessa regra
concernente ao uso do
artigo. Daniel Estes
(2 013, p. 474)
põe em evidência
esse fato em
relação ao uso do artigo definido:
No
Antigo Testamento, o
artigo definido também
é às vezes
usado dessa maneira, como por exemplo, quando “o Deus” se refere a Deus
ou “o
baal” quando se
refere à divindade
cananeia Baal. Em
vista disso, parece haver
evidências significativas para
ver o adversário em Jó como um antagonista de Javé
e seu servo Jó.
O uso
do artigo, portanto,
não deve ser
visto como uma
limitação linguística à personalidade do
Diabo, mas apenas
como uma forma
de descrever a função
ou papel de
Satanás como um
adversário, sem, contudo, negar
a sua pessoalidade. Vine, Unger
& White Jr
(2009, p. 2 82) destacam que,
usado d essa forma,
o termo tem
o propósito de
“enfatizar o papel de
Satanás como ‘adversário’
que afligiu o
patriarca com muitos males
e sofrimentos”. Era
dessa forma que
a patrística cristã
entendia (Oden, 2010). De
uma forma geral,
os Pais da
Igreja, mesmo fazendo
uso alegórico dessa narrativa,
onde Jó simboliza
o justo lutando
contra as tentações do
demônio, não faziam
distinção alguma entre
esse Satanás descrito em Jó
daquele que aparece no Novo Testamento.³¹
Por
outro lado, as
evidências internas do
texto d o livro
de Jó mostram alguns atributos
de Satanás que
o expõem como
um ser dotado de
personalidade. Além do fato de
ser espiritual, capaz
de agir sobrenaturalmente (Jó
1.7), Satanás, por exemplo,
também demonstra ser possuidor de
inteligência e conhecimento (1.7; 9). Ele demonstra conhecer Jó e a sua
forma de comportar-se
(1.7) bem como s
e mostra
capaz de argumentar com
Deus (1.9). Essas
mesmas características são demonstradas por Satanás quando tentou a
Cristo. E le sabia, por exemplo, quem era Jesus e foi capaz de argumentar com
Ele (Mt 4 .1-11). O Diabo do livro de Jó e o do Novo Testamento são, portanto,
a mesma pessoa.
“[...] e que se desvia do mal” (1.8, ARA). A
expressão “que se desvia do mal” aparece
no testemunho que Deus dá sobre Jó. Fica
bastante claro que o livro de Jó não tem o propósito de explicar a
origem d e Satanás nem tampouco como
o mal veio
a existir no
Universo.³² O livro de Jó parte do pressuposto de
que o Diabo
existe e de
que o mal é uma
realidade. No caso de
Jó, fica subentendido
que o mal
é anterior a
ele, visto que Jó
procurava evitá-lo (1 .8).
Jó vive, portanto,
em um mundo
moral onde a existência de Satanás e do mal são uma
realidade. Não há como negar que o mal
é uma realidade e
que está espalhado pelo Universo. Ignorá-lo não é
uma tarefa fácil.
Como explicar, por
exemplo, o fato
de uma criança indefesa e inocente sofrer com câncer?
Como explicar os grandes desastres naturais com
milhões de vidas ceifadas? E
o que dizer das
guerras que já mataram
milhões d e pessoas?
Essas são perguntas
que não podem
ser
explicadas
de forma satisfatória
se a questão
do mal não
for levada em conta.³³ O livro de Jó mostra que, mesmo antes de o patriarca ser provado, o mal já
existia no mundo (1 .8).³⁴
Todavia, com respeito ao sofrimento de Jó, o mal aparece associado a Satanás, mesmo qu e o patriarca
não tivesse consciência disso
(1.11-12).
Satanás
aparece no texto de Jó como um ser que tem limites. Ele não faz o
que quer ou
pode fazer (1.12;
2.6). Isso significa
dizer que, ao contrário
de Deus, que
é eterno e Todo
-poderoso, Satanás é
um ser espiritual criado.
Todavia, dizer que
o Diabo é
um ser criado
está muito longe de dizer que ele
foi criado por Deus dessa forma ou que tenha criado o mal.
Se Deus criou
anjos bons, então
de onde veio
o Diabo? O
Senhor criou seres perfeitos e bons, todavia dotados de livre- arbítrio.
Assim como os humanos, Satanás, que antes fora um anjo bom, também foi dotado
com capacidade de escolha.
O livre-arbítrio não
é bom ou mal em
si, mas , dependendo da forma
como é usado, pode ser transformado num bem ou num mal.
Luis Henriques Jr
(2019, pp. 44,45)
observa que “o
presente da liberdade que
foi concedido veio
com todas as
consequências da existência. O
surgimento do bem
espiritual tem como
consequência a possibilidade da
existência do mal
espiritual”. Com o
livre-arbítrio, os homens podem
escolher Deus, mas
com ele também
podem rejeitá-lo. Deus não
queria que seres
sem liberdade de escolha servissem-no.
E a razão é
simples: onde não
há liberdade de
escolha, o a mor
é forçado, e a
responsabilidade moral não
existe (Geisler, 2002).
O Diabo tornou-se Diabo porque escolheu ser assim.
Tanto no
caso do homem
como no de
Satanás, a existência
do mal tem origem
na capacidade de
escolha, isto é,
no livre -arbítrio.³⁵ Dessa forma,
Poewell (2009, p. 340) diz
que “o mal
entrou no mundo
pela livre escolha de criaturas moralmente responsáveis”. Qualquer outra tentativa de
explicar a origem do pecado ou do mal no
Universo que exclua a livre escolha
do homem e
dos anjos transforma
Deus em um
monstro moral. Deus seria
o autor do
pecado e, consequentemente, de
todo sofrimento humano.³⁶ O
livre-arbítrio transformou um
anjo bom em Satanás e o
homem santo em
pecador. Ulrich Luke
(2012, p. 313)
destaca que “a origem do mal s e encontra, portanto, na
liberdade das criaturas a princípio boas”. Da mesma forma, Geisler (2002, p. 534) destaca
que:
Deus é
bom, e criou
criaturas boas com
qualidade boa chamada livre-arbítrio. Infelizmente, elas
usaram esse poder
bom para fazer
o mal ao universo
ao rebelar-se contra
o Criador. Então o
mal surgiu d o bem,
não direta, mas
indiretamente, pelo mal
uso do poder
bom chama do liberdade. A
liberdade em si
não é má.
É bom ser
livre. Mas com a
liberdade vem a
possibilidade do mal. Então
Deus é responsável
por tornar o mal
possível, mas as criaturas
livres são responsáveis por torná -lo real.³⁷ Segundo Alvin Platinga
(2012, p. 47):
Um mundo
com criaturas que sejam significativamente livres (e que livremente executem
mais ações boas do que más) é mais
valioso, se não houver complicações
de outros fatores, do que um
mundo s em quaisquer criaturas livres. Ora, Deus pode criar criaturas livres,
mas não pode causar
ou determinar que
façam apenas o q
ue é
correto. Afinal, se o fizer, então elas não são a final
significativamente livres; não
fazem livremente o
que é correto.
Para criar criaturas
com capacidade para o bem moral, portanto, Deus tem de criar criaturas
com capacidade para
o mal moral
e, não pode
dar a essas
criaturas a liberdade de
executar o mal
e, ao m esmo
tempo, impedi-las de executá-lo. E
aconteceu, infelizmente, que
algumas das criaturas livres que Deus criou erraram no
exercício de sua liberdade; essa é a fonte
do mal moral.
O fato de
algumas criaturas errarem,
contudo, não depõe contra a onipotência de Deus nem contra a sua
bondade; pois ele só
poderia ter impedido
a ocorrência do mal moral removendo a possibilidade do bem
moral.³⁸ Geisler (2002, p. 534)
corrobora esse fato: “Deus não é o responsável pelo exercício
do livre-arbítrio para
fazer o mal.
Deus não realiza
a ação livre por nós”. Ele, portanto,
ao fazer criaturas livres, capazes de escolher, fê-las porque
não deseja que
ninguém o sirva
ou o ame
forçadamente. O amor forçado
não é amor,
mas estupro. Ainda
de acordo com
Geisler (2002, p. 539):
É claro que Deus poderia forçar a todos a fazer o bem, mas então não seriam livres. Liberdade forçada não é liberdade. Já que Deus é amor, ele não pode impor-se contra a vontade de ninguém. Amor forçado não é amor, é estupro. E Deus não é um estuprador divino. O amor deve agir persuasivamente, mas não coercitivamente.
OS
BASTIDORES DA TENTAÇÃO
Na tentação
de Jó, a questão
da responsabilidade moral
deve ser levada em
conta. O Senhor
isenta Jó de
culpa quando d estaca
que não havia uma causa que
justificasse os males que o afligiram (Jó 2.3). Todavia, isso não
significa dizer que Jó não
teve nenhuma participação
moral no processo. A
forma como Jó
comportou-se, recusando-se a blasfemar de Deus,
mesmo quando aparentemente
havia uma causa
para isso e
não o fez, é uma reposta moral.
Deus permitiu Jó ser provado pelo Diabo, mas a resposta foi
dada por Jó.
Só há responsabilidade moral
quando há liberdade de
escolha. Jó escolheu
não blasfemar. De
acordo com Richard Taylor (1984, p. 600), geralmente a
Bíblia apresenta o homem como um ser que,
em seu estado
normal, é responsável
diante de Deus,
e, portanto, deve prestar
contas pela forma
como v ive e
recebe o castigo
ou recompensa correspondente (Mt 12.36-37; Lc 16.2ss; 2 Co 5.10; 1 Pe
4.5).
Em outras palavras, os homens serão responsabilizados
moralmente pelas repostas que dão diante das escolhas que fazem. Como
um ser soberano
e santo que
é, as ações
de Deus necessariamente são livres
e corretas. Os
homens podem ser
tentados ou induzidos à
tentação e, com isso, caírem em
erro, mas Deus
não. Ele não pode
tenta r nem cair
em tentação. Nesse
aspecto, a palavra
hebraica “incitar” (hb. sut), usada em Jó 2 .3, precisa ser compreendida
dentro desse contexto. Uma compreensão
equivocada dessa palavra
passa a ideia
de que Deus tornara -se
a causa do
mal d e Jó
ao ceder às
provocações de Satanás. Todavia,
isso iria de
encontro a Tiago
1.13, que diz
que D eus a ninguém tenta nem pode ser tentado pelo
mal. Daniel Estes (2018, p. 641) destaca o seguinte:
O verbo hebraico sut que Javé usa aqui para
“incitar” tem a nuance de levar alguém a
agir de u ma maneira
que é diferente do
que essa pessoa teria
escolhido fazer sem
a provoca ção. Em
2 Reis 18:32
e Jeremias 43:3, os humanos são
o sujeito do verbo, mas em 1 Sa muel 26:19 e 2 Samuel
24:1 Javé é apresentado como
incitando as pessoas a fazerem o
que está errado.
O paralelo em
1 Crônicas 21:1 é
instrutivo, porqu e indica
que, embora Javé
permita ações más dentro
de seu plano
soberano geral, ele
não é diretamente responsável por causar a
ocorrência do mal. Não é o prazer de
Javé que Jó seja afligido, mas Javé permitiu que o adversário seguisse
sua estratégia contra Jó
na tentativa de
demonstrar que Jó
não tem o caráter excelente que Javé acha que tem.
Essa exposição
de Daniel Estes
ratifica aquilo que
vem sendo exposto neste
livro: Deus permite o mal,
mas não o
causa. Há uma causa
secundária, o Diabo,
que é quem
traz a calamidade
sobre Jó. Thomas
de Aquino (2018, p. 9514) destaca que esse texto não deve ser entendido
como se Deus houvesse
sido provocado por
alguém a querer
o que Ele
não queria antes, pois
isso o transformaria
em um mero
mortal, e a Escritura afirma que Ele não é homem para que
minta ou filho do homem para que se
arrependa (Nm 23.19).
Dessa forma, J ohn
Wesley (1765, p. 13)
acreditava que o propósito desse texto era revela r toda a malícia diabólica em querer
destruir o homem
e como Deus permite
isso com fins
sábios e santos. Em
outras palavras, Deus
não pode ser
tentado pelo mal
nem tampouco pode ser considera do a sua causa.
Da perspectiva humana, o mais importante no processo da tentação é a resposta que é dada a ela. Isso envolve uma dentre duas possibilidades: ceder ou não ceder à tentação. O Diabo tenta, mas são os homens que escolhem pecar. Ninguém, portanto, pode dizer: “Foi o Diabo que me obrigou a fazer isso”. Esse fato pode ser visto na vida de Jó. Mesmo s em ter consciência de que estava sendo tentado por u m agente mal, Jó escolheu não pecar quando se viu diante d a escolha de blasfemar o u não blasfemar. Isso mostra que não se pode culpar a Deus e nem mesmo ao Diabo pelas escolhas equivocadas que fazemos. A função de Satanás é tentar, mas ele não detém o poder de decidir por qu em é tentado. A resposta à tentação envolve, portanto, uma tomada d e decisão por parte de quem é tentado.³⁹ As Escrituras mostram que D eus não quer que ninguém sucumba à tentação; por isso, Ele manda que cada um ore e vigie (Mt 26.41; 1 Co 10.13).
A Fragilidade Humana e a Soberania Divina:
Lições do Sofrimento e da Restauração de Jó
A Teologia da Acusação
Introdução
Afirmou João Calvino que Satanás é um teólogo perspicaz. E foi com toda a sua argúcia teológica e filosófica, que o Maligno apresentou-se diante de Deus para acusar a Jó. O que me espanta não é o fato de Satanás caluniar o patriarca de forma tão desabrida; o que me causa estranheza é a sua audácia em discutir teologia com o próprio Deus. Que a discussão fosse com Lutero ou com Spurgeon! Mas debater teologia com a fonte da teologia? E a sua audácia não pára aí. Encarreira ele argumentos tão contrários a Deus, que se tem a impressão de que o Senhor nada entende de teologia.
Foi este o adversário que se
levantou contra Jó. Apresentando-se diante do Todo-Poderoso como um misto de
teólogo, filósofo e promotor, pôs-se a incitar Deus contra o homem mais íntegro
daquela época. Aliás, Satanás não é apenas perspicaz; é também, como
descreveu-o Thomas Cosmades, um ser que não trabalha ao acaso, mas ataca
sistematicamente.
Quem nos defenderá do acusador? Assim como Deus fez a apologia de Jó, está sempre pronto a levantar-se em nosso socorro. Se o Senhor é por nós, quem será contra nós?
I.
0 Tribunal Celeste
“Num dia em que os filhos de Deus vieram
apresentar- se perante o
Senhor, veio também
Satanás entre eles”
(Jó1.7). Até este momento, era o céu um imenso e iluminado templo, onde
o Senhor, alta
e sublimemente entronizado, recebia louvores e ações de graças de todas as suas hostes,
falanges e teorias. Os querubins resguardavam-lhe a santidade; os serafins
prorrompiam-se nos mais ardentes louvores ao seu nome. E, à frente de todas as
legiões, achava-se Miguel, o Grande Príncipe.
No Livro
de Jó, são os anjos identificados como filhos de Deus; à semelhança dos homens,
foram eles também criados pelo Senhor (SI 33.6). Todavia, não haveremos de
confundi- los com aqueles filhos de Deus que, deixando-se arrastar pelas filhas
dos homens, vieram a apostatar-se (Gn 6.2). Provinham estes da linhagem de
Sete, ao passo que aqueles eram, de fato, anjos (Jó 1.6; 2.1; 38.7).
Junto a
todos esses louvores, misturavam-se também os cânticos dos peregrinos do Senhor
que, desde as mais remotas regiões da
terra, o
incensavam na beleza de sua
santidade. Certamente, a voz de Jó era ouvida naqueles páramos. Infelizmente,
junto a estas tão santas vozes, misturar-se-ia também o trinado acusatório do
Diabo.
I. Satanás, o grande acusador de nossos irmãos. Até este momento,
o céu era um grande
e imensurável templo. Basta, porém, introduzir-se o Diabo
no céu para que este se fizesse um lugar de acusação. Enganam-se os que julgam
estar o maligno entronizado no inferno; acha-se ele imperando na terra e, não
raro, pode ser encontrado nas regiões celestes. E, aqui, aparece como o grande
promotor da raça humana. Na terra advoga o pecado; no céu, denuncia o pecador.
O
Apocalipse descortina este ofício de Satanás:
“Agora chegada está a salvação, e a força, e o reino do nosso Deus, e o
poder do seu Cristo; porque já o acusador de nossos irmãos é derribado, o qual
diante do nosso Deus os acusava de dia e de noite” (Ap 12.10). O comentarista
da Bíblia de Estudo Pentecostal, Donald Stamps, analisa a referida
passagem: “Satanás acusa os crentes
diante de Deus. Sua acusação é
que os crentes servem a Deus por interesse pessoal”.
Por que
Satanás é chamado
de “o acusador de
nossos irmãos”? A expressão grega katégoros ton adelphon hemon denota, entre outras coisas, o
seu ofício predileto: acusar, caluniando. Não imaginemos, porém, sejam as suas
acusações libelos simples e descabidos. O vocábulo katégor evoca um
profissional, cuja missão é denunciar judicialmente um réu, ou alguém tido como
tal. Por isto, quando o Diabo apresenta uma peça acu- satória contra um servo
de Deus, chega a impressionar pela riqueza
de seu conteúdo. E ele certamente haveria de prevalecer contra nós não fora a
competente defesa que o Senhor Jesus faz de seus servos junto ao Pai.
Charles C. Ryrie, renomado teólogo americano, mostra
quão eficaz é o Diabo em sua função de promotor: “Destaca nossos pecados e
esgrime-os contra nós. Ele acusa-nos diante de
Deus, pensando, com isto, levar-nos a perder a salvação. Mas Cristo, nosso
advogado, assume o nosso caso, e lembra ao Pai, constantemente, já ter efetuado
um alto preço por nossas iniqüidades e pecados, quando morreu na cruz”.
Portanto,
quer o Diabo esteja dizendo a verdade, quer falando mentiras, suas arengas
acusatórias nada podem contra as bondades e. misericórdias do Todo-Poderoso. Em
seu grande e in- sondável amor, providenciou-nos Deus eficiente redenção através
de nosso Senhor Jesus Cristo. Salientando a intervenção sempre pronta de Cristo
em favor de nós, pecadores, escreve Paulo:
“E, quando vós estáveis mortos nos pecados e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo” (Cl 2.13-17).
2. Tem o Diabo livre trânsito nos céus?
Por que
permitiu o Senhor se infiltrasse nos céus, entre os santos anjos, um ser, cuja
missão é matar, roubar e destruir? Se o seu destino é o lago de fogo, por que
se intromete ele no mais alto e sublime lugar? Agora, porém, num momento como
aquele, em que as teorias celestes
prestavam um culto ao Senhor, incensando- lhe o trono com as orações e súplicas
dos santos, surge o Diabo como se também fora anjo de luz. Não poderia o Senhor
haver ordenado ao arcanjo Miguel
amarrasse o tentador e o lançasse no mais escuro, dos abismos?
O autor
sagrado, neste caso mui particular, é
inspirado tão-somente a registrar os fatos; narra e não explica; mostra e não
interpreta. Fosse tudo ficção, e estaríamos satisfeitos. Todavia, não estamos
diante de uma lenda; defrontamo-nos com um dado
comprovadamente histórico. Afinal,
é franqueado ao Diabo o livre trânsito aos céus? O fato, em tela, não
nos indica, necessariamente, tenha o Maligno acesso franqueado às moradas de
Deus; sugere-nos apenas que, sendo ele um ser intrometido e insolente, tudo faz
por imiscuir-se nas regiões celestes, a fim de levar a perturbação a um lugar
que é reconhecido como o santuário dos santuários.
Fato
semelhante a esse, encontramos em 2 Crônicas 18: “Vi o SENHOR assentado no seu
trono, e a todo o exército celestial em pé, à sua mão direita e à sua esquerda.
E disse o SENHOR: Quem persuadirá a Acabe, rei de Israel, a que suba e caia em
Ramote-Gileade? Disse mais: Um diz desta maneira, e outro diz de outra. Então,
saiu um espírito, e se apresentou diante do SENHOR, e disse: Eu o persuadirei.
E o SENHOR lhe disse: Com quê? E ele disse: Eu sairei e serei um espírito de
mentira na boca de todos os seus profetas. E disse o Senhor: Tu o persuadirás e
também prevalecerás; sai e faze- o assim. Agora, pois, eis que o SENHOR pôs um
espírito de mentira na boca destes teus profetas e o SENHOR falou o mal a teu
respeito” (18.18-22).
Não quer isto assinalar tenha o Senhor necessidade dos demônio na execução de seus planos; utiliza-se, porém, deles, para que cada um de seus intentos, em favor dos santos, seja plenamente alcançado. No texto retrocitado, deixou Ele que um demônio usasse os lábios dos falsos profetas para enganar um rei idólatra e infiel. Já no caso do patriarca Jó, temos o instituto da permissão divina. Objetivando Deus o aperfeiçoamento de seu servo, autorizou o Diabo a lançar contra Jó todas as calamidades e tribulações. Mas foi exatamente através dessas tribulações e calamidades que o patriarca venceu as sanhas do adversário.
II.
Deus Faz a Defesa de Jó
Não foi
somente João Calvino que achava ser o Diabo um bom e perspicaz teólogo.
A. W. Tozer era da mesma opinião: “O Diabo é melhor teólogo do que qualquer um
de nós, mas continua sendo Diabo”. Logo, não tem ele qualquer dificuldade
em escrever monografias, teses
e tratados acerca de Deus. Se for
preciso, redige ele os mais arrebatadores e convincentes libelos contra os que
porfiam em ser fiéis ao Todo- Poderoso. Foi com uma dessas monografias, que ele
apresentou-se diante do Senhor para acusar a Jó.
I. Um viajante e observador.
Vendo o
Senhor o Diabo entre os anjos, perguntou-lhe:
“Donde vens?” (Jó 1.7). Respondeu
o Maligno: “De rodear a terra e passear
por ela” (Jó1.7). Voltear o planeta, naquele tempo, deveria ser algo monótono e
tedioso; com exceção da Africa e da
Asia, os demais continentes ainda não
haviam sido povoados. A Europa, inculta. O Extremo Oriente, desabitado. As
Américas, algo por se descobrir. E as ilhas? Teriam os filhos de Noé chegado às
ilhas mediterrâneas? Ou às atlânticas?
Mesmo
assim, deleitava-se o Diabo em volutear pela terra, e por esta fazer evoluções
e giros. Encontrasse uma comunidade humana, posto que diminuta e até
desprezível, lá estava ele semeando apostasias, orgulhos, sedições e guerras.
Achasse uma simples habitação, ali tinha de lançar os germes das descrenças e
das rebeldias que se desdobrariam, mais tarde, em assoberbados impérios. Ele
jamais almejou resultados imediatos; sabe que estes desaparecem da mesma forma
que surgem.
Mais
tarde, no Monte da Tentação, mostraria ele ao Senhor Jesus o resultado de toda
a sua sementeira. Agora, porém, o que tinha ele
a observar? O Egito? Ainda não existia como reino. Babilônia? Não era
ainda nem um país; limitava- se a alguns potentados sem qualquer significância.
A Pérsia? Os arianos sequer eram um povo. Os gregos? Pobres filhos de Javã!
Teriam um longo caminho a percorrer até a sua formação. Enfim, nenhum império
era ainda império, mas já queria o Diabo reinar sobre todas as aldeias humanas.
2. A grande pergunta teológica.
Sabendo
Deus que lá estava o Diabo para discutir teologia, por que não começar com uma pergunta? Pergunta esta,
aliás, que desencadearia a mais importante
discussão teológica de
todos os tempos: “Observaste o meu servo Jó? Porque
ninguém há na terra semelhante a ele, homem íntegro e reto, temente a Deus e
que se desvia do mal” (Jó 1.8).
“Observaste a
meu servo Jó?” Começa
a teologia pela observação? Davi
e Paulo dizem que sim (SI 19.1; Rm 1.20- 22). Foi pela observação que muitos
filósofos vieram a crer na existência do Deus único e verdadeiro. Vejamos,
pois, a força deste verbo na língua hebraica: shemer não significa apenas observar; denota uma cuidadosa vigilância. Portanto,
vinha o Diabo não somente
observando, mas vigiando sistemática e persistentemente a Jó.
Eis por que lhe
pergunta o Senhor: “Observaste a meu servo Jó?” Nesta
pergunta, estava o Todo- Poderoso provando ao Maligno ser possível um
relacionamento perfeito entre o homem e o seu Criador. Coisa que o Diabo jamais
admitiu.
Não
respondera o Diabo ao Senhor que viera de percorrer a terra e de passear por
ela? Então por que se concentra o Todo Poderoso em Jó? Poderia Ele haver
perguntado ao adversário se este observara os impérios que, nos vales do Nilo e
do Eufrates, dentro em breve terçariam armas pelo controle do mundo. Mas estava
lá Satanás preocupado com estes impérios? O que o incomodava
obsessivamente era o Reino
de Deus que, apesar
de tudo, multiplicava-se na vida do patriarca. Os impérios não seriam
seus? Em sua perspicácia teológica sabia o demônio que a chave para a história
do mundo é o Reino de Deus.
A verdade é que o Tentador não rodeara a terra, e sim o terreno onde Jó morava; não passeara pela terra, e, sim pelo território onde se achavam os seus bens. Rodeando a casa de Jó, levara-lhe os filhos ao descaminho e à apostasia. Passeando pela casa do patriarca, tornara-lhe louca a esposa, a fim de que esta não viesse a ter um encontro experimental com o Senhor. Ainda rodeando a casa de Jó e por esta passeando, impedira-lhe que os amigos lhe devotassem verdadeira afeição. Logo, não se achava o adversário interessado nos impérios humanos. Sabia ele que Jó, num momento tão crítico da História Sagrada como aquele, era tão importante como o fora Noé em sua época, e tão imprescindível quanto Daniel o seria em seu tempo. Através de suas virtudes, eqüivalia Jó a toda uma congregação de santos e redimidos.
III.
A Teologia de Satanás
De acordo
com Hilaire Belloc, toda questão, em última análise, é teológica. Não posso discordar
de Belloc; é a presença de Deus tão forte e de tal forma irresistível, que toda
discussão deságua, necessariamente, no grande oceano da teologia. Ora, se na
terra isto é real, quando mais no céu. Responde o tentador ao Todo-Poderoso:
“Porventura, Jó debalde teme a Deus? Acaso, não o cercaste com sebe, a ele, a
sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos abençoaste, e os seus bens se
multiplicaram na terra. Estende, porém, a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e
verás se não blasfema contra ti na tua face”(Jó
1.9-II).
Eis os
pontos centrais da teologia de Satanás:
I. A
impossibilidade do verdadeiro
temor a Deus.
Mesurando a humanidade
por si, supõe o adversário
que o homem jamais poderá demonstrar um amor verdadeiro e desinteressado
por Deus. Enquanto Deus o abençoar, bendirá a Deus. Se Ele, porém, lhe retirar
as bênçãos, certamente o amaldiçoará. Eis o que declara o sentencioso teólogo:
“Porventura, Jó debalde teme a Deus?” (Jó
1.9).
Ora,
mesmo que o homem amasse a Deus de forma interesseira, e mesmo que lhe viesse a
demonstrar um temor materialmente
condicionado, seria ele
muito melhor do
que o Diabo. Porque este, tendo
tudo nos céus, foi infiel ao Senhor; e milhões de homem, na terra, conquanto
rodeados de tantas e indescritíveis limitações, perseveram em agradá-lo. Mas
ali estava um ser humano que, fosse ou não abençoado, haveria de bendizer para
sempre o Abençoador.
O profeta
Ezequiel discorre, de maneira detalhada, acerca
dos privilégios que
o Senhor entregara
a Satanás. Dos querubins, era o mais importante; além de
querubim, ungido. Tinha ao seu cargo, as hostes celestes; honravam-no todas as
falanges. Abaixo da Santíssima Trindade, não havia ninguém tão importante
quanto ele que, de tão luminoso, confundiam- no as teorias com a própria luz. Todavia, mesmo possuindo
tudo o
que lhe era permitido ter
como criatura, deixou-se embair por suas perfeições já
imperfeitas.
Ora, se o
adversário não soube ser
grato e fiel a Deus, tendo tudo, por que
injuria a Jó que, embora não fosse anjo e agora nada possuindo, angelicamente
agia como se tudo possuísse? Além do mais, estava o Criador satisfeito com a
mais perfeita de suas criaturas morais que,
naquele momento, se encontrava
sobre a Terra. Então, por que a criatura incomoda- se tanto com a criatura? Mas
outro não é o papel da imperfeição senão criticar a perfeição.
2.
O relacionamento mercantilista entre Deus e o homem.
O Diabo
não podia aceitar a possibilidade de um relacionamento entre o homem e o seu
Criador, cuja base fosse a sacrificialidade e o desinteresse. Por isso, desafia
o Todo-Poderoso: “Acaso, não o cercaste
com sebe, a ele, a sua casa e a tudo quanto tem? A obra de suas mãos
abençoaste, e os seus bens se
multiplicaram na terra” (Jó LIO). Jó
não era leal a Deus porque de Deus tudo
recebia; mesmo se nada houvera recebido, permanecer-lhe-ia amorosamente grato.
Que teologia é essa que desdenha a possibilidade de o homem vir a
amar desinteressadamente a Deus? Desconhecia o
Maligno os exemplos de
Abel, de Enoque,
de Noé e de
Sem? Então, não cometia apenas um erro teológico; achava-se também num equívoco
histórico. Se ele, querubim, não soube amar o Senhor, isto não significava
estar o homem impossibilitado de devotar um amor seráfico ao Todo-Poderoso.
3.
A degenerescência absoluta do homem.
A
semelhança de alguns teólogos protestantes, Satanás também apostava na degenerescência
absoluta do ser humano. Aliás, foi ele o primeiro a fazê-lo. De acordo com a
sua proposição, o homem estava tão corrompido e de tal forma degenerado que,
não recebesse alguma benesse do Senhor, contra o Senhor blasfemaria.
Mais uma vez estava errado o Maligno. Se
alguns blasfemam o nome de Deus, não devem estes servir de parâmetro no
julgamento dos demais. Desde a aurora da civilização, sempre houve pessoas que tributaram a Deus um amor puro
e altruístico. O maior conforto não lhes é ter a bênção; é possuir o
Abençoador. Em suas Confissões, afirmou Agostinho: “Eu odiaria minha
própria alma se descobrisse que ela não
ama a Deus”. Que anjo, por mais perfeito e elevado, foi capaz de tal
declaração?
Satanás talvez considerasse Jó grande demais para atravessar o fundo da agulha que o Senhor Jesus haveria de referir- se nos evangelhos. Só que por este orifício passou não somente o patriarca; também passaram todos os seus rebanhos e cáfilas. Se o homem de Uz portara-se com tamanha dignidade até aquele momento, por que viria, na provação, a amaldiçoar a Deus?
IV
A Proposta Teológica de Satanás
Satanás é
um teologo que não se deixa convencer. Diante dele nenhuma evidência tem valor;
nenhuma lógica tem lógica; pois delicia-se em trabalhar sofismas e casuísmos.
Alguns de seus filhos, que hoje ocupam cátedras e púlpitos, parecem haver lido,
com redobrado zelo e atenção, suas monografias. E como estas se mostram
convincentes! E como são consumidas por aqueles
que, embora tendo a Bíblia,
desprezam-na para firmar-se em tolas especulações!
Até agora,
contentara-se o Diabo
em questionar o Senhor. Todavia, esgotados já os seus
argumentos, parte da teoria à prática. Incita o Senhor a que fira a Jó,
tirando-lhe quanto possuía. E o Todo-Poderoso, que outros planos tinha para o
seu servo, aparentemente aceita o desafio do tentador.
I. A proposta teológica do Diabo.
Propõe o
Tentador a Deus: “Estende, porém,
a mão, e toca-lhe em tudo quanto tem, e verás se não blasfema contra ti
na tua face” (Jó I.II). Esta seria a
prova definitiva; não haveria argumento mais forte, nem postulado mais definitivo.
A discussão sairia do terreno da teoria
para alinhar-se no
campo da prática,
onde as proposições nem sempre
ficam de pé. A proposta era mais do que
radical; irrecorrível. Naquele
momento, era o Todo- Poderoso desafiado a provar cada
palavra que empenhara em favor de seu servo.
“Toca-lhe
em tudo quanto tem”. O termo hebraico usado pelo autor sagrado é intensamente
forte: negah significa também machucar,
ferir, lesar, golpear. Vê-se, por
conseguinte, quão implacável era o tratamento que propunha o Diabo fosse
aplicado a Jó!
Como
ficava o patriarca em toda essa história? Naquele momento, sequer suspeitava
que, nas regiões celestes, era travada uma discussão teológica,
cujo objeto não era propriamente Deus, mas o homem. Polêmica
teológica ou antropológica? Teologicamente antropológica!
Fosse o
Senhor estender a mão contra Jó, como haveria este de
subsistir? Não destruíra
Ele todo o
mundo antediluviano? Não acabara
com a soberba
daqueles edificadores que, infantilmente, edificavam a Torre de Babel?
Aliás, não abatera o ungido querubim no exato momento em que este se achava no
auge da apostasia? De que forma haveria Jó de resistir ao Senhor?
2.
A conclusão equivocada de Satanás.
Estava o Diabo tão presumido quanto ao seu
silogismo; achava-se tão cônscio quanto à exatidão de suas conclusões;
encontrava-se tão certo acerca da perfeição de suas premissas que, ousadamente,
afirmou ao Senhor: “E verás se não
blasfema contra ti na tua face”.
Como
chegara o enganador a tal conclusão? De que forma alcançara ele semelhante
síntese? Vejamos suas premissas:
• Jó era fiel a Deus, porque de Deus recebia ele
todas as benesses.. Se Deus dele retirar todas as benesses,
• Logo: Jó não titubeará em blasfemar-lhe o santo
nome.Aplicado a outra pessoa, este silogismo talvez fosse verdadeiro. Mas a Jó?
O mais íntegro dos homens? Todas essas premissas mostrar-se-ão falsas. Outro
silogismo semelhante a este apresentará o Diabo ao Senhor quando, depois de
haver destruído todos os
bens de Jó, propuser-lhe
a ruína física: “Pele por pele,
e tudo quanto
o homem tem dará pela sua vida. Estende, porém, a mão, toca-lhe nos
ossos e na carne e verás se não blasfema çontra ti na tua face” (Jó 2.4,5).
Infelizmente,
muitos são os que se deixam levar por essa dialética. Aparentemente perfeita,
não resiste ao mais leve exame. Na premissa inicial, falha; na premissa
final, engano; na conclusão: ilusória.
A Palavra de Deus, ainda que se
mostre ilógica, é irresistivelmente mais lógica do que a mais lógica das premissas do Diabo.
V
Satanás Sai a Praticar a sua Teologia
Tão
atrevido mostrou-se o Diabo que tentou induzir o Senhor a estender, Ele mesmo,
a mão contra Jó. Se Deus
o fizesse, estaria contrariando seus atributos morais: santidade e
justiça. Além do mais, não poderia o Senhor ser tentado pelo mal, pois a
ninguém tenta (Tg I.I3). Se Ele nos
prova, visa unicamente o nosso bem; não é o seu intento agir como um ser arbitrário
que, sendo irresistivelmente poderoso, trata as suas criaturas como meros marionetes.
Deus nos trata, visando-nos o aperfeiçoamento espiritual. E, se nos prova,
amorosamente o faz.
Por
conseguinte, se o Diabo estava
insatisfeito com Jó, que se levantasse contra este. E mesmo que o patriarca
fosse reduzido a cinzas, reerguer-se-ia do pó,
e infligir-lhe-ia memorável derrota. Por isto, o Todo-Poderoso lança
este desafio àquele ser que, meio promotor e meio teólogo, presumia-se já
vitorioso: “Eis que tudo
quanto ele tem está em teu poder;
somente contra ele não estendas a mão” (Jó I.I2).
Poderia Satanás tocar em todos os bens de Jó. Contra este, porém, não haveria de estender a mão. Consolemo-nos, pois, com esta promessa: não seremos tentados além de nossas forças; e mesmo que estas venham a se esgotar, o poder de Deus aperfeiçoar-se-á em nossas fraquezas (2 Co 12.9).
Conclusão
Já devidamente autorizado, sai o Diabo da presença do Senhor, a fim de tentar a Jó,
A partir daquele instante, o melhor dos homens daquela época enfrentaria sete
calamidades distintas. Em tudo seria provado; seria irresistivelmente testado
em tudo. Provação semelhante jamais seria imposta sobre qualquer ser humano.
Aliás, somente Cristo viria a sofrer mais do que Jó.
Mas, em todas as coisas, seria Jó um vencedor. Está você no crisol? Tempestades já se mostram no horizonte de sua vida? Não se desespere. Deus está no controle de tudo. Ainda que Satanás pense estar levando alguma vantagem sobre a nossa vida, achamo-nos escondidos em Cristo Jesus, nosso Senhor.
COMENTÁRIO DE JÓ CLAUDIONOR DE ANDRADE
COMENTÁRIO
I.
Desolação: A Provação da Sabedoria de Jó. 1:1 -
2:10.
Jó
1
A. Descrição da Sabedoria de Jó. 1:1-5. O temor do
Senhor, que é o começo da sabedoria, foi o sinete da qualidade de Jó. A fonte
de sua vida e caráter foi a religião da aliança da fé no Cristo da promessa,
"o qual se nos tomou da parte de Deus sabedoria" (I Co. 1: 30; cons.
Is. 11:2).
1. Uz, a terra natal de Jó, fica em algum lugar a leste de Canaã, perto das
fronteiras do deserto que separa os braços leste e oeste do Crescente Fértil.
Era uma região de cidades, fazendas e rebanhos migrantes. Íntegro e reto, não se
refere à perfeição sem pecado, (cons. Jó reconhecendo seus pecados; por
exemplo, 7:20; 13:26; 14:16 e segs.) mas à integridade sincera, especificamente
a lealdade para com a aliança 6 (cons. Gn, 17:1, 2). Havia uma harmonia honesta
entre a sua profissão de fé e a sua vida, exatamente o oposto da hipocrisia da
qual ele foi acusado por Satanás e mais tarde por seus amigos. Temente a Deus.
No V.T. "o temor do Senhor" é o nome da religião verdadeira. A
piedade de Jó era fruto de submissão genuína ao Senhor, diante de quem ele
andava em reverência, rejeitando resolutamente o que Ele tivesse proibido.
2, 3. A verdadeira
sabedoria se expressa na vigorosa execução do mandato criativo divino de encher
e dominar a terra (Gn. 1:28). Por causa da anormalidade da história, que
resultou da Queda, o fracasso persegue os esforços até mesmo dos piedosos. Mas
os empreendimentos de ló na família, no campo e nos rebanhos foram coroados com
as bênçãos do Criador (cons. a descrição que Jó faz deste período no cap. 29).
4, 5. Atento ao seu
Deus nos dias bons como nos maus, Jó fielmente cumpria suas funções de
sacerdote dentro da família. Não um simples formalista, Jó percebia a raiz do
pecado no coração humano (cons. cap. 31); não mero moralista, ele reconhecia,
como a especial revelação redentiva tornara claro, que não há remissão de
pecados sem derramamento de sangue sacrificial. Holocaustos, embora fossem
símbolo da expiação messiânica do pecado, eram também um ritual de consagração.
Por meio deles Jó dedicava os frutos do progresso no setor da cultura (cons.
1:2, 3) ao seu Criador. Assim a cultura humana alcançava seu devido fim na
adoração a Deus.
B.
A Sabedoria de Jó é Negada e Manifesta. 1: 6 - 2:10.
Aquele que é sábio para a salvação está cônscio da dimensão demoníaca da
história, a fúria secular de Satanás contra "a semente" da mulher
(cons. Gn. 3:15), isto é, Cristo e o Seu povo. O Adversário protestou dizendo
que a piedosa sabedoria de Jó não era genuína, que a sua piedade era apenas
temporária e resultante de sua prosperidade. Mas provado, Jó esmagou Satanás
sob os pés demonstrando que estava pronto a servir a Deus "debalde".
Uma vez que a verdadeira sabedoria, o temor a Deus, é um dom redentor
divinamente concedido, a acusação de Satanás contra Jó foi realmente uma
desafiadora negação da sabedoria de Deus, um desafio à eficácia soberana do
decreto redentor de Deus de "pôr inimizade" entre os eleitos e a
serpente (Gn. 3:15).
O propósito primário do sofrimento de Jó,
desconhecido para ele, foi que permanecesse diante dos homens e anjos como um
troféu do poder salvador de Deus, uma exibição dessa sabedoria divina que é o
protótipo, fonte e fundamento da verdadeira sabedoria humana.
1 1)
A Inimizade de Satanás.1:6-12.
6,
7. Para que o leitor possa descobrir o propósito
primário dos sofrimentos de Jó e assim se colocar em posição de julgar
corretamente onde jaz a verdadeira sabedoria na seqüência, afasta-se o
invisível véu angélico, pintado aqui como uma corte real com o Soberano
assentado em Seu trono no meio dos Seus servos. Os filhos de Deus. Esta frase,
nos antigos mitos politeístas indicava seres divinos. Na Bíblia se refere ou
aos homens (Gn. 6:2 por exemplo) ou, como aqui, a criaturas celestes. Satanás,
literalmente, o Adversário, está entre aqueles que são obrigados a prestar
contas diante do trono celestial. Isto, como também o fato de Satanás não poder
tentar Jó sem permissão, torna conhecida sua absoluta subordinação, ao lado de
todas as outras criaturas visíveis e invisíveis, ao Deus que Jó temia.
8-10. Deus Se glorifica quando aponta para Jó como criação da Sua graça
redentora. Ninguém há na terra semelhante a ele (v. 8b). Este endosso divino
vai além até da descrição do versículo 1. Mas embora o acusador hostil não
encontre nada na vida visível de Jó para condená-lo (compare com a situação em
Zc. 3), ele insinua que a aparente devoção do patriarca é de calculado
interesse pessoal. Ele diz, realmente: "Jó é um enganador como eu, seu
verdadeiro pai, o diabo". Satanás tentou arrancar Jó da mão de Deus, e
assim pôs em dúvida o direito que o Senhor tinha sobre Jó por tê-lo feito Seu
filho através da graça redentora. O diabo dá a entender que, deixando de
reconhecer a fraudulência da piedade de Jó, Deus é ingênuo. Pois que, tendo
recebido um mundo todo Jó (Comentário Bíblico Moody) 8 seu com uma cerca à
volta, não manteria as devidas aparências de lealdade ao doador? O assalto
satânico contra a integridade de Jó é, em última análise, um assalto à
integridade divina: Deus subornara o profano Jó para que agisse com piedade. A
oportunidade que foi dada a Jó em sua provação foi, portanto, não tanto para
justificar-se mas para justificar a Deus.
11, 12. Na tentação, no Éden, Satanás desacreditou a Deus diante do homem; aqui ele desacreditou o homem diante de Deus. Mas, em ambos os casos, ele usou a mesma técnica sutil. Começou com uma pergunta insinuante, depois prosseguiu contradizendo atrevida e declaradamente a palavra divina. Remova a prosperidade de Jó, disse, e a piedade que repousa sobre ela vai desmoronar. Deus aceitou o desafio. Realmente, dirigindo a atenção de Satanás para Jó, em sua insondável sabedoria, Ele provocou o desafio. Que a cena celestial,e as transações da corte celeste não foram reveladas a Jó está de acordo com o fato de que este livro não tem intenção primordial de responder à pergunta: Por que sofrem os justos? Antes, o livro representa a absoluta consagração do ser ao fiel Criador-Salvador do homem como sendo a verdadeira sabedoria. Um homem deve continuar temendo a Deus mesmo quando seu mundo se desmorona e a vida o coloca em dificuldades, como no caso de Jó, assombrado e perplexo sobre um monte de refugo.
Jó
2
2 2)
A Persistência de Satanás. 2:1-6.
1-3. Convocado novamente diante do trono da corte celestial para prestar
contas, Satanás não apresenta relatório voluntário de sua tentação a Jó. Deus,
contudo, para glorificar o Seu nome, declara abertamente a integridade
comprovada e verdadeira do Seu servo. Sem causa (v. 3c). Esta é a mesma palavra
hebraica que Satanás usou ("debalde") em sua pergunta (1:9). Deus faz
eco ao termo para se opor à insinuação de Satanás. Agora era óbvio que Jó
servia a Deus sem interesse e, portanto, Satanás o acusava sem causa.
4-6. Pele por pele (v. 4b). Uma paródia cínica do reverente louvor com o qual Jó reagiu à sua desolação (1:21). Satanás insinua que mesmo a doxologia de Jó, brotada na angústia da aflição, era a reação calculada de um hábil regateador. Embora desapontado por Deus não lhe ter permitido ficar com nada, Jó escondeu sua amargura pelas perdas, sem profana solicitude por seu bem-estar físico: tudo quanto o homem tem dará por sua vida (v. 4b). Satanás dá a entender que Jó, através de sua doxologia apenas fingiu amor a Deus como gratificação exorbitante mas necessária para garantir sua saúde. Toca-lhe nos ossos e na carne (v. 5b). Se Deus consentir que Satanás toque não simplesmente nas posses de Jó, mas também em sua pessoa, de modo que não reste nenhuma vantagem para "o acordo religioso", Jó devolverá maldição por maldição. Assim novamente Satanás continua a partir da depreciação da piedade passada de Jó até uma predição de que ele se comprovará profano. Assim novamente Deus permite que o mistério da aflição venha tragar o seu servo.
Jó
(Comentário Bíblico Moody)
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