domingo, 18 de outubro de 2020

Lição 04 - Livro dos Salmos - Parte I (Sl 1—41)

 EM CONSTRUÇÃO







Lição 4

Livros dos Salmos (1 – 41):

Os hebreus chamavam-no do livro dos louvores (Sefer tehillim).

Os tradutores gregos deram-lhe o nome de Salmos (Psalmoi).

Autoria: Davi (Com exceção dos livros 1 e 33)

Tema: Oração, Louvor e poemas sagrados.

Data: Os autores sugerem diversas épocas em que os salmos foram escritos na época de Davi (970-1020

a.C).

CENÁRIO RELIGIOSO DA AUTORIA DOS SALMOS:

1 - A Religião é a essência dos salmos. Leland Ryken observou que “praticamente todos os poemas do Saltério contribuem de alguma maneira para o conflito entre o bem e o mal.” (The Literature of the

Bible pág. 125).

No mundo dos salmos, há dois tipos de pessoas, as boas e as más, os justos e os ímpios. O salmista está quase sempre no meio da batalha, alinhando-se com a causa divina e dando louvores a Deus por sua intervenção já ocorrida ou prestes a ocorrer profeticamente.

2- As legendas dos títulos mostram que muitos salmos foram usados pela congregação com objetivos litúrgicos. Estes Salmos acompanhavam muitas vezes o culto sacrificial.

CENÁRIO NACIONAL:

1 – Religião, política ou operações militares estavam grandemente entrelaçadas em Israel. Assim, nos salmos, as batalhas militares de Israel são vistas como cruzadas religiosas. O inimigo é considerado calamidade nacional, e são feitas imprecações para sua destruição como alguém que luta contra Deus.

Os Salmos retratam uma forte lealdade nacionalista equivalente a devoção e os israelitas sabiam que quando dependiam do Senhor alcançavam a vitória.

2- Essa tela de fundo nacional e militar é observada num grande número de salmos, sobretudo na maioria dos atribuídos a Davi que dão detalhes adicionais.

No salmo 3, por exemplo, Davi é perseguido por Absalão. No salmo 18 acaba de fugir de Saul e no salmo 34 escapa dos filisteus.

Os salmistas escreveram sobre infortúnios, vitórias e louvores nas muitas dificuldades do viver diário. A intensidade dos problemas levou-os a Deus e ensinou-lhes a dar louvor pela vitória.

OBJETIVO DOS SALMOS:

A – Foram escritos pelos salmistas como reações sinceras diante de Deus, ao experimentarem as inúmeras alegrias e tristezas e provações da vida.

B – Eram veículos de expressão do povo de Deus por meio de toda uma gama de experiência que os tornava aptos a apresentar os sentimentos e pedidos ao Senhor em termos significativos e intensos.

C - Serviam para expressar os anseios de Israel pela vinda do Messias, revelando, por inspiração divina, muitos detalhes proféticos de sua primeira e segunda vinda.

D – Era o hinário de Israel para muitos rituais e cerimônias, tais como festividades religiosas, culto no templo e reuniões locais e nacionais.

Profecias Messiânicas no Livro dos Salmos (1 a 41):



Pb. Vagner de Carvalho de Assis.

Janeiro 2016.

Fonte(s):

Bíblia de Estudo Pentecostal.

Stanley Ellisen - Conheça Melhor o Antigo Testamento - ED. Vida.

Henrieta C. Mears - Estudo Panorâmico da Bíblia.



O Livro de SALMOS

W. T. Purkiser, M.A.

 Introdução

     O livro de Salmos é o primeiro livro na terceira divisão da Bíblia hebraica. Conhecida como Kethubhimou Escritos, essa terceira divisão era popularmente conhecida pelo nome do primeiro livro, isto é, "Os Salmos". Deste modo, Jesus incluiu todo o Antigo Testamento no que tange às profecias a seu respeito "na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos" (Lc 24.44).

     O título em português vem da tradução grega, Septuaginta, concluída em cerca de 150 a.C. Psalmoi, o termo grego, significa "cânticos" ou "cânticos sagrados" e é derivado da raiz que significa "impulso, toque", em cordas de um instrumento de cordas. O título hebraico é Tehillim, e significa "louvores" ou "cânticos de louvor".

      Os Salmos têm uma importância especial na Bíblia. Lutero descreveu esse livro como "uma Bíblia em miniatura".1 Calvino o descreveu como "uma anatomia de todas as partes da alma", visto que, como explicou, "não existe emoção que não é representada aqui como em um espelho"? Johannes Arnd escreveu: "O que o coração é para o homem, os Salmos são para a Bíblia".' W. O. E. Oesterley descreve os Salmos como "a maior sinfonia de louvor a Deus que já foi escrita na terra".4 Theodore H. Robinson disse:

O Saltério hebraico detém uma posição singular na literatura religiosa da humanidade. Ele tem sido o hinário de duas grandes religiões e tem expressado a vida espiritual mais profunda dessas religiões ao longo dos séculos. Esse Saltério tem ministrado a homens e mulheres de raças, línguas e culturas muito diferentes. Ele tem trazido conforto e inspiração aos aflitos e abatidos de coração em todas as épocas. Suas palavras podem se adaptar às necessidades das pessoas que não têm conhecimento algum acerca de sua forma original e pouca compreensão a respeito das condições sob as quais foi formado. Nenhuma outra parte do Antigo Testamento tem exercido uma influência tão ampla, profunda e permanente na alma humana.'

O lugar que Salmos recebe no Novo Testamento claramente testifica sobre o valor desse importante livro. Dos aproximadamente 263 textos do Antigo Testamento citados no Novo Testamento, um pouco mais de um terço, ou seja, um total de 93 é tirado do livro de Salmos. Alguns deles, mais particularmente os Salmos 2 e 110, são citados diversas vezes. W. E. Barnes escreve: "Somente a existência de uma verdadeira continuidade espiritual entre os Salmos e o Evangelho pode explicar o profundo sentimento de afeição com que os cristãos de todas as épocas têm tratado o Saltério".6

     Um dos valores mais importantes dos Salmos para o estudo do Antigo Testamento é a percepção que se recebe acerca da verdadeira natureza da religião do Antigo Testamento. Infelizmente, temos, com bastante freqüência, associado a religião do Antigo Testamento ao farisaísmo e legalismo descritos nos evangelhos e nos escritos de Paulo. Os Salmos mostram claramente que nos tempos do Antigo Testamento a piedade era uma fé viva, espiritual, alegre e intensamente pessoal. Os Salmos refletem um nível de espiritualidade que muitos da dispensação cristã mais favorecida não conseguem alcançar. Como A. F. Kirkpatrick observou:

Os Salmos representam o aspecto interior e espiritual da religião de Israel. Eles são a expressão múltipla da intensa devoção das almas piedosas a Deus, do sentimento de confiança, esperança e amor que alcançava um clímax em diversos Salmos como o 23; 42; 43; 63 e 84. Eles são a voz da oração de tonalidade múltipla no sentido mais amplo, à medida que a alma se dirige a Deus por meio da confissão, petição, intercessão, meditação, ações de graças, louvor, tanto em público como em particular. Eles oferecem a prova mais completa, se é que isso era necessário, de como é completamente falsa a noção de que a religião de Israel era um sistema formal de ritos e cerimoniais externos.' 

                   A.   Estrutura do Livro

Desde os primórdios da sua história o livro de Salmos no hebraico tem sido subdividido em cinco "livros" ou divisões que são especificados na maioria das traduções modernas. O Livro I inclui os Salmos 1-41. O Livro II, inclui os Salmos 42-72, o Livro III, os Salmos 73-89, o Livro IV, os Salmos 90-106 e o Livro V, os Salmos 107-150. O Midrashjudaico, ou comentário dos Salmos, compara esses cinco livros com os cinco livros de Moisés, o Pentateuco. A divisão está provavelmente relacionada com o ciclo de três anos da leitura da Lei que predominava na Palestina primitiva. O livro de Gênesis era lido nos primeiros quarenta e um sábados. A leitura de Êxodo começava no quadragésimo segundo sábado, Levítico no septuagésimo terceiro sábado, Números no nonagésimo e Deuteronômio no centésimo sétimo sábado — correspondendo com o primeiro salmo de cada livro.8

     Também é provável que o livro de Salmos atual seja, na verdade, uma coleção de coleções. Isto se observa tanto na natureza como no agrupamento de títulos (veja abaixo) e na afirmação em 72.20: "Findam aqui as orações de Davi, filho de Jessé".

      Um exame nos títulos dos salmos no Livro I revela que todos eles são creditados a Davi com exceção de 1; 2; 10 e 33. O Livro I foi provavelmente o primeiro saltério oficial. Este livro usa livremente o nome da aliança para Deus, o termo hebraico Yahweh, traduzido por "Javé" na ASV e "SENHOR" na ARC e ARA e impresso em versalete (ou seja, letra que tem a mesma forma das maiúsculas escrita no tamanho das minúsculas).

     Uma segunda coleção, aparentemente organizada mais tarde, é encontrada no Livro II, Salmos 42-72. Desse número, sete (42; 44-49) são dedicados "aos filhos de Corá", um é identificado como sendo de Asafe (50), oito de Davi, um de Salomão (72) e quatro estão sem títulos (43; 66; 67; 71). Que essa coleção foi originariamente separada do primeiro livro é demonstrado pela repetição do Salmo 14 no Salmo 54 e parte do Salmo 40 no salmo 70, e pelo fato de que o termo Elohim(traduzido por "Deus") é constantemente usado como o nome divino em vez de Yahweh.

     Os salmos de Asafe do Livro III, 73-83, também usam preferivelmente Elohimem lugar de Yahweh, embora os salmos restantes do livro se refiram a Deus como Yahweh. Nenhuma boa razão é dada pelo uso diversificado do nome divino. Mas parece que isso ocorreu de maneira intencional e cuidadosa. É verdade que o judaísmo posterior considerava o nome Yahwehsagrado demais para ser usado, mas essa atitude surgiu muito tempo depois que os salmos foram concluídos.'

     No Livro III, o núcleo básico é formado por um grupo de salmos (73-83) atribuídos a Asafe, que era ministro de louvor de Davi (1 Cr 16.4-7). Com base na menção do avivamento de Ezequias na salmódia de Davi e Asafe (2 Cron 29.30), Delitzsch conjectura que a coleção representada pelo Livro II pode ter sido acrescentada na época de Ezequias." O restante dos salmos neste que é o mais breve dos cinco livros é atribuído por meio dos seus títulos aos filhos de Corá (Sl 84; 85; 87; talvez 88), a Davi (86), a Hemã, o ezraíta (88; cf. 2 Cron 35.15) e a Etã, o ezraíta (89; cf. 1 Cr 2.6). Hemã e Etã são descritos em 1 Reis 4.31 como homens de sabedoria notável. De acordo com 1 Crônicas 2.6 eles poderiam ser netos de Judá, mas 2 Crônicas 35.15 mostra que um dos filhos de Asafe se chamava Hemã. Os salmos nos últimos dois livros em sua maioria não têm descrição, embora um dos títulos atribua o Salmo 90 a Moisés; quinze salmos desse grupo são atribuídos a Davi, um a Salomão (127) e o Salmo 96 e parte do Salmo 105 a Davi conforme 1 Crônicas 16.733. Existem três agrupamentos discerníveis de salmos no Livro IV. Os Salmos 90-99 formam um grupo de dez salmos sabáticos, e o Salmo 100 é o salmo tradicional para o dia da semana. Os Salmos 103- 104 são os dois Salmos de Bênção e Adoração, que têm como base o refrão: "Bendize, ó minha alma, ao Senhor!". Os Salmos 105-106 constituem dois "Salmos de Aleluia"." No Livro V temos dois grupos davídicos, 108-110 e 138-145, além de dois outros salmos também atribuídos a Davi (112; 133). Os Salmos 113-118 são conhecidos como o Hallel egípcio (referindo-se ao Êxodo no Salmo 114). O "Hallel" é um cântico de louvor. HalleluYah("aleluia!") no original hebraico significa "Louvai ao Senhor". O Hallel egípcio é tradicionalmente usado em conexão com a comemoração da Páscoa. Os Salmos 120-134, "Cânticos dos Degraus" ou "Cânticos da Subida", são um grupo de cânticos de peregrinos comemorando o retorno do exílio e usados pelos devotos na sua peregrinação anual a Jerusalém. Estes quinze salmos formam um saltério em miniatura, divididos em cinco grupos de três salmos cada. Os Salmos 146-150 são conhecidos como o Grande Hallel. Cada um desses cinco salmos inicia e termina com a palavra hebraica HalleluYah, que significa: "Louvai ao Senhor".

      Embora haja exceções à regra, Kirkpatrick ressalta que os salmos do Livro I são na maioria pessoais; os salmos dos Livros II e III são basicamente nacionais e os Livros IV e V são, em grande parte, litúrgicos ou designados para serem usados na adoração pública.2

B                      B.    Os Títulos

Freqüentemente tem sido feito algum tipo de alusão aos títulos de muitos salmos. Ao todo, cerca de dois terços dos salmos têm títulos, que geralmente vêm impressos na tradução portuguesa acima do primeiro versículo. Embora os títulos não tenham feito parte do texto original do salmo, são muito antigos. Os tradutores da Septuaginta, ou versão grega da Bíblia Hebraica, encontraram esses títulos anexados aos salmos, mas tão obscuros que eram incapazes. de entender o seu significado geral. A Septuaginta (abreviada, LXX) dos Salmos tornou-se de uso comum em torno de 150 a.C."

     Em geral, existem cinco tipos de títulos. Há aqueles que descrevem a natureza do poema, e.g., salmo, cântico, masquil, mictão, shiggaion, oração, louvor. Outros estão conectados com o cenário musical ou execução dos salmos. Exemplos típicos disso são: "para o cantor-mor", "sobre Neguinote" , "sobre Neilote", "Alamote", "Seminite" ou "Gitite" (provavelmente os nomes de instrumentos musicais), "sobre Mute-Laben", "Aijelete-HásSaar", etc. (representando melodias).

      Um terceiro tipo de títulos é atribuído ao uso litúrgico dos salmos — por exemplo, para uma dedicação (Sl 30), para o sábado (Sl 92) e os Cânticos dos Degraus (Sl 120134). Outros títulos estão associados à autoria ou possivelmente a dedicações. A frase hebraica encontrada nos cabeçalhos de cerca de vinte e três salmos, le-David, e traduzidos por "de Davi", podem igualmente ser traduzidos "para Davi", "pertencente a Davi" ou "segundo o modo ou estilo de Davi"." Títulos desse tipo, além dos setenta e três salmos atribuídos a Davi, podem ser encontrados para o Salmo 90 (Moisés), Salmos 72 e 127 (Salomão). Salmos 50; 73-83 (Asafe), Salmo 88 (Hemã), Salmo 89 (Etã) e dez ou onze salmos atribuídos aos "filhos de Corá".

      Uma última classe de títulos destaca a ocasião da composição do salmo. Eles podem ser encontrados principalmente nos salmos creditados a Davi: e.g., capítulo 3: "quando fugiu diante da face de Absalão, seu filho"; capítulo 7: "que cantou ao Senhor, sobre as palavras de Cuxe, benjamita"; capítulo 18: "que disse as palavras deste cântico ao Senhor, no dia em que o Senhor o livrou de todos os seus inimigos e das mãos de Saul: e ele disse";" capítulo 34: "quando mudou o seu semblante perante Abimeleque, que o expulsou, e ele se foi"; etc.

      Onde os títulos requerem uma explanação, isso é feito neste comentário ao tratar do salmo específico.

                    C.   Classificação dos Salmos

 Existem muitas tentativas de classificação dos salmos, mas nenhuma delas é inteiramente satisfatória. Certo número de salmos contém materiais de mais de um tipo, tornando qualquer tentativa de classificação necessariamente experimental. A classificação abaixo, baseada em um número de fontes padronizadas de informações, pelo menos ilustra a amplitude e variedade a serem encontradas nesse hinário da Bíblia:

 1. Salmos de Sabedoria e de Contraste Moral: Sl 1; 9; 10; 12; 14; 19; 25; 34; 36; 37; 49; 50; 52; 53; 73; 78; 82; 92; 94; 111; 112; 119.

 2. Salmos Reais e Messiânicos: Sl 2; 16; 22; 40; 45; 68; 72; 89; 101; 110; 144.

3. Cânticos de Lamentação, Individual e Nacional: Sl 3-5; 7; 11; 13; 17; 26-28; 31; 39; 41-44; 54-57; 59-64; 70; 71; 74; 77; 79; 80; 86; 88; 90; 140-142.

4. Salmos de Penitência: Sl 6; 32; 38; 51; 102; 130; 143.

5. Salmos de Devoção, Adoração, Louvor e Ações de graça: Sl 8; 18; 23; 29; 30; 33; 4648; 65-67; 75; 76; 81; 85; 87; 91; 93; 103-108; 135; 136; 138; 139; 145-150.

6. Salmos Litúrgicos: Sl 15; 20; 21; 24; 84; 95-100; 113-118; 120-134. 7. Salmos Imprecatórios: Sl 35; 58; 69; 83; 109; 137.

Os títulos dados aos salmos conforme registrado no Sumário oferecem evidências adicionais ao vasto âmbito dos assuntos considerados nesses hinos antigos.

      Merece uma atenção especial os salmos classificados por último. Estes salmos têm sido denominados "imprecatórios" por causa das maldições que eles invocam sobre os ímpios em geral e sobre os inimigos do salmista em particular. Tem-se defendido amplamente que os salmos imprecatórios são anticristãos e impróprios de constarem na Bíblia Sagrada. Precisamos admitir prontamente que eles parecem não alcançar o padrão traçado por Jesus no Sermão do Monte (particularmente Mateus 5.43-44).

     No entanto, existem alguns pontos que deveríamos ter em mente ao lermos estes salmos. Primeiro, eles nunca foram usados durante a adoração na sinagoga e nunca se tornaram parte do ritual judaico. A destruição dos ímpios tem sido entendida tradicionalmente pelos judeus como significando que Deus destruiria, não os pecadores, mas o pecado em si. Existe uma história bastante conhecida de um rabino famoso do segundo século d.C., que estava sendo provocado pelo comportamento fora da lei de alguns dos seus vizinhos. Ele orou para que morressem. Sua esposa reprovou sua atitude: "Como você pode agir dessa forma? O salmista disse: 'Que os pecados acabem na terra'. E, depois, ele acrescenta: 'E os ímpios deixarão de existir'. Isto ensina que tão logo o pecado desapareça, não haverá mais pecadores. Portanto, ore não pela destruição desses homens perversos, mas pelo seu arrependimento". A história se firma no fato de que é possível entender "pecados" onde consta "pecadores" na língua hebraica."

     Em segundo lugar, embora a retaliação pessoal seja contrária ao espírito do Novo Testamento, a Bíblia deixa claro que todos os homens, em última análise, colhem as conseqüências das suas escolhas. Como Franz Delitzsch afirma:

O reino de Deus não vem somente por meio da graça, mas também por meio do julgamento; o suplicante do Antigo bem como do Novo Testamento anela pela vinda do reino de Deus (veja 9.21; 59.14 etc.); e nos Salmos cada imprecação de julgamento sobre aqueles que se colocam contra a vinda desse reino é feita com base na suposição da sua persistente impenitência (veja 7.13ss; 109.17)."

       Em terceiro lugar, é difícil distinguir gramaticalmente entre "Que isto aconteça" e "Isto acontecerá". Ou seja, não podemos ter certeza de que o salmista não tenha tido a intenção de que suas palavras amargas fossem predições do que acabaria acontecendo inevitavelmente com os ímpios."

      Em quarto lugar, as palavras do salmista não refletem necessariamente qualquer rancor pessoal ou de crueldade. Esses homens estavam preocupados com os inimigos de Deus e com seus próprios inimigos, ou melhor, eles os consideravam seus inimigos porque eram inimigos de Deus.Salmos 139.21 expressa essa idéia: "Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que te aborrecem?" O zelo por Deus, e não o desejo de vingança, está por trás de muitos textos imprecatórios.

     Finalmente, os salmos imprecatórios expressam um forte senso da lei moral que governa o universo. Como C. S. Lewis escreveu:

 Se os judeus amaldiçoavam de forma mais amarga do que os pagãos, isto ocorria, eu penso, pelo menos em parte, porque eles levavam o certo e o errado mais a sério. Porque, se observamos as suas repreensões, percebemos que eles geralmente estão irados não simplesmente porque essas coisas tenham sido feitas contra eles, mas porque essas coisas estão manifestamente erradas e são detestáveis a Deus bem como à vítima. A idéia de um "Senhor justo" — que certamente deve detestar essas coisas tanto quanto eles as detestam, e que certamente deve (mas que demora terrível!) "julgar" ou punir, sempre está lá, mesmo que somente como pano de fundo."

      Claro que existe perigo em uma equação casual demais em relação ao nosso interesse pessoal pelo reino de Deus. Percebemos que os próprios salmistas não estavam despercebidos disso ao lermos as palavras que seguem a exclamação em Salmos 139.12-22: "Não aborreço eu, ó Senhor, aqueles que te aborrecem, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Aborreço-os com ódio completo; tenho-os por inimigos". Mas a oração continua: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno" (23-24).

                           D.              A Data dos Salmos

O padrão da crítica bíblica no passado tem sido datar os salmos em época muito posterior ao reinado de Davi. Alguns estudiosos têm defendido a idéia de datas pós-exílio, e mesmo da época dos macabeus, para a maioria dos salmos (e.g., 520-150 a.C.). Outras conclusões foram tiradas a partir de um suposto desenvolvimento evolucionário das formas de pensamento expressas nos salmos.

     O quadro, no entanto, tem mudado radicalmente com um estudo mais cuidadoso dos textos de RasShamra ou de Ugarite. O impacto completo dessas descobertas ainda não foi sentido.20 Ligado a isso está a evidência ainda mais recente dos textos de Qumrã (os Manuscritos do Mar Morto). Mitchell Dahood resume as tendências mais recentes nessa cronologia dos salmos: "Um exame do vocabulário desses salmos revela que virtualmente cada palavra, imagem e paralelismo são agora relatados nos textos cananeus da Idade do Bronze. [...] Se eles são poemas compostos pouco antes da LXX, por que então os tradutores judeus em Alexandria os entendiam tão imperfeitamente? As obras contemporâneas deveriam se sair melhor na tradução deles"." Dahood continua: "Embora não tenhamos evidências diretas que nos permitiriam datar a conclusão da coleção inteira, a grande diferença na linguagem e métrica entre o saltério canônico e o Hodayot de Qumrã torna impossível aceitar uma data do tempo dos macabeus para qualquer um dos salmos, posição essa que ainda é mantida por um número razoável de estudiosos. Uma data helenística também não é aceitável. O fato de os tradutores da LXX estarem perdidos diante de tantas palavras e frases arcaicas evidencia uma lacuna cronológica considerável entre eles e os salmistas originais".22

 

              Sumário

          I.                  LIVRO I: SAL MOS DE DAVI, 1.1-41.13

Salmo 1: Um Estudo em Contraste, 1.1-6

Salmo 2: A Rebelião Pecaminosa contra o Senhor, 2.1-12

Salmo 3: Uma Oração Matutina de Confiança, 3.1-8

Salmo 4: Uma Oração Noturna, 4.1-8

Salmo 5: Oração pelo Sacrifício Matutino, 5.1-12

Salmo 6: Uma Oração por Libertação, 6.1-10

Salmo 7: Um Clamor por Socorro, 7.1-17

Salmo 8: O Paradoxo do Homem diante de Deus, 8.1-9

Salmo 9: Ações de Graça e Confiança, 9.1-20

Salmo 10: Oração pela Derrota dos ímpios, 10.1-18

Salmo 11: A Coragem da Fé, 11.1-7

Salmo 12: O Auxílio de Deus em um Mundo Incrédulo, 12.1-8

Salmo 13: Amedrontado mas não Desamparado, 13.1-6

Salmo 14: O Fruto Amargo da Impiedade, 14.1-7

Salmo 15: A Vida de Santidade, 15.1-5

Salmo 16: A Herança Generosa dos Crentes, 16.1-11

Salmo 17: Uma Oração Urgente por Proteção, 17.1-15

Salmo 18: Uma Canção de Vitória, 18.1-50

Salmo 19: Obras de Deus e Palavra de Deus., 19.1-14

Salmo 20: Oração por Vitória, 20.1-9

Salmo 21: Louvor pela Vitória, 21.1-13

Salmo 22: Sofrimento e Cântico, 22.1-31

Salmo 23: Pastor e Anfitrião, 23.1-6

Salmo 24: Adorando o Rei da Glória, 24.1-10

Salmo 25: Canção de Oração e Louvor, 25.1-22

Salmo 26: Profissão de Fé e Oração, 26.1-12 Salmo 27: Luz do Sol e Sombra, 27.1-14

Salmo 28: Dificuldades e Ações de Graça, 28.1-9

Salmo 29: Um Salmo para Pentecostes, 29.1-11

               Um Salmo para Pentecostes, 29.1-11

               Salmo 30: Ações de Graça pelo

               Toque Curador de Deus, 30.1-12          

               Salmo 31: Provado mas Confiante, 31.1-24

               Salmo 32: A Alegria do Perdão dos Pecados, 32.1-11

               Salmo 33: Louvor pelos Grandes Atos de Deus, 33.1-22

               Salmo 34: Um Salmo de Livramento, 34.1-22

              Salmo 35: Oração em meio ao Perigo Pessoal, 35.1-28

              Salmo 36- Impiedade e Sabedoria, 36.1-12

              Salmo 37: Os Justos e os ímpios, 37.1-40

              Salmo 38: A Oração do Penitente, 38.1-22

              Salmo 39: Mais uma Oração Penitente, 39.1-13

              Salmo 40: A Natureza da Verdadeira Adoração, 40.1-17

              Salmo 41: Benevolência e Traição, 41.1-13


        II.                LIVRO II: SALMOS DO TEMPLO, 42.1-72.20

Salmos 42-43: O Anelo Profundo da Alma, 42.1-43.5

Salmo 44: Fé e Fato, 44.1-26

Salmo 45: O Noivo e a sua Noiva, 45.1-17

Salmo 46: O Refúgio Seguro, 46.1-11 Salmo 47: O Senhor é Rei de tudo, 47.1-9

Salmo 48: A Cidade Santa de Deus, 48.1-14

Salmo 49: Morte, o grande Nivelador, 49.1-20

Salmo 50: Deus, o Juiz de Tudo, 50.1-23

Salmo 51: Oração por Perdão e Purificação, 51.1-19

Salmo 52: O Contraste do Pecador e do Santo, 52.1-9

Salmo 53: O Perigo do Ateísmo Prático, 53.1-6

Salmo 54: Um Grito por Auxílio, 54.1-7

Salmo 55: A Balada da Traição, 55.1-23

Salmo 56: Dificuldade e Confiança, 56.1-13

Salmo 57: Perigo e Oração, 57.1-11

Salmo 58: O Destino dos ímpios, 58.1-11

Salmo 59: Oração por Proteção Noturna, 59.1-17

                Salmo 60: Um Salmo na Derrota, 60.1-12

Salmo 61: Oração de um Exilado, 61.1-8

Salmo 62: Somente Deus é uma Defesa Segura, 62.1-12

Salmo 63: Deus Está em Tudo, 63.1-11

Salmo 64: A Loucura e Destino dos Inimigos, 64.1-10

Salmo 65: Uma Canção de Adoração, 65.1-13

Salmo 66: Um Salmo de Libertação, 66.1-20

Salmo 67: Um Hino de Louvor, 67.1-7

Salmo 68: Deus e suas Hostes de Adoradores, 68.1-35

Salmo 69: Desespero e Desejo, 69.1-36

Salmo 70: Um Grito Urgente por Socorro, 70.1-5

Salmo 71: Mesmo no Tempo da Velhice, 71.1-24

Salmo 72: O Rei Ideal, 72.1-20


 III. LIVRO III: SALMOS DE ASAFE E OUTROS, 73.1-89.52

Salmo 73: O Problema dos Ímpios que Prosperam, 73.1-28

Salmo 74: Lamento pela Desolação da Cidade, 74.1-23

Salmo 75: Uma Liturgia de Louvor, 75.1-10

Salmo 76: Uma Canção de Celebração, 76.1-12

Salmo 77: Canção em vez de Pesar, 77.1-20

Salmo 78: A Mão de Deus na História, 78.1-72

Salmo 79: A Canção Fúnebre de uma Nação, 79.1-13

Salmo 80: Um Clamor por Restauração, 80.1-19

Salmo 81: O Significado do Ritual Religioso, 81.1-16

Salmo 82: A Visão do Julgamento, 82.1-8

Salmo 83: Oração em uma Época de Perigo Nacional, 83.1-18

Salmo 84: Fome pela Casa de Deus, 84.1-12

Salmo 85: Louvor, Oração e Expectativa, 85.1-13

Salmo 86: Orando a Oração da Fé, 86.1-17

Salmo 87: As Glórias de Sião, 87.1-7

Salmo 88: A Noite Escura da Alma, 88.1-18

Salmo 89: A Fidelidade de Deus, 89.1-52


IV. LIVRO IV: SALMOS DIVERSOS, 90.1-106.48

Salmo 90: O Homem Mortal e o Deus Eterno, 90.1-17

Salmo 91: A Segurança de um Coração Confiante, 91.1-16

Salmo 92: A Justiça Soberana de Deus, 92.1-15

Salmo 93: O Deus de Santidade Reina, 93.1-5

Salmo 94: "Somente Deus é nosso Auxilio", 94.1-23

Salmo 95: Louvor e Paciência, 95.1-11

Salmo 96: "Cantai um Cântico novo", 96.1-13

Salmo 97: Deus de Julgamento e Graça, 97.1-12

Salmo 98: O Porquê e o Como da Adoração, 98. 1-9

Salmo 99: O Deus de Santidade, 99.1-9

Salmo 100: O Senhor é o Verdadeiro Deus, 100.1-5

Salmo 101: O Propósito Nobre do Rei, 101.1-8

Salmo 102: A Oração do Aflito, 102.1-28

Salmo 103: O Cântico de um Coração Transbordante, 103.1-22 Salmo 104: A Glória do nosso Grande Deus, 104.1-35

 Salmo 105: As Obras Maravilhosas de Deus, 105.1-45

Salmo 106: Pecado e Salvação, 106.1-48


V. LIVRO V: SALMOS PARA ADORAÇÃO, 107.1-150.6

Salmo 107: Cântico dos Redimidos, 107.1-43

Salmo 108: Uma Mistura de Louvor, 108.1-13

Salmo 109: Um Clamor por Vindicação e Justiça, 109.1-31

Salmo 110: Canção do Senhor Soberano, 110.1-7

Salmo 111: A Fidelidade do Senhor, 111.1-10

Salmo 112: A Confiança dos Devotos, 112.1-10

Salmo 113: "Louvai ao Senhor", 113.1-9

Salmo 114: A Grande Libertáção, 114.1-8

Salmo 115: Nosso Deus Está muito acima dos ídolos, 115.1-18 Salmo 116: Um Cântico de Testemunho Pessoal, 116.1-19

Salmo 117: Doxologia, 117.1-2

Salmo 118: Força, Canção e Salvação, 118.1-29

Salmo 119: Amor Sincero pela Lei, 119.1-176

Salmo 120: O Lamento de um Exilado, 120.1-7

Salmo 121: O Salmo do Viajante, 121.1-8

Salmo 122: "Jerusalém Dourada", 122.1-9

Salmo 123: Lamento debaixo do Açoite de Desprezo, 123.1-4

Salmo 124: Libertação do Desespero, 124.1-8

Salmo 125: A Segurança de um Coração Confiante, 125.1-5

Salmo 126: O Cântico de um Coração Transbordante, 126.1-6

Salmo 127: Uma Habitação Segura, 127.1-5

Salmo 128: A Bênção daqueles que Temem a Deus, 128.1-6

Salmo 129: Preservação e Oração, 129.1-8

Salmo 130: Penitência e Perdão, 130.1-8

Salmo 131: A Confissão de uma Confiança Pura, 131.1-3

Salmo 132: A Oração pela Casa de Deus, 132.1-18

Salmo 133: As Bênçãos da União entre Irmãos, 133.1-3

Salmo 134: Ministrando na Casa do Senhor, 134.1-3

Salmo 135: A Grandeza do nosso Deus, 135.1-21

Salmo 136. A Misericórdia Duradoura de Deus, 136.1-26

Salmo 137: O Lamento de um Exilado, 137.1-9

Salmo 138: Um Salmo de Ações de Graça, 138.1-8

Salmo 139: Um Senhor Maravilhoso, 139.1-24

Salmo 140: Uma Oração por Libertação da Perseguição, 140.1-13 Salmo 141: Libertação do Pecado e dos ímpios, 141.1-10

Salmo 142: Da Angústia ao Triunfo, 142.1-7

Salmo 143: Almejando Viver para o Senhor, 143.1-12

Salmo 144: Bênçãos Nacionais, 144.1-15

Salmo 145: "Grande é o Senhor", 145.1-21

               Salmo 146: Deus é nosso Auxílio, 146.1-10

Salmo 147: Poder Imensurável e Graça Incomparável, 147.1-20 Salmo 148: "Aleluia. Louvado seja Javé!", 148.1-14

Salmo 149: Louvor pela Salvação e Vindicação, 149.1-9

Salmo 150: Doxologia: "Louvai ao Senhor", 150.1-6

FONTE:     



          Salmos

Hinário de uma nação

 TÍTULO

No texto hebraico, a coleção completa dos Salmos se chama “Louvores”. Mais tarde, os rabinos passaram a chamá-la de “O livro dos louvores”. A Septuaginta, tradução grega do AT, chamou-a de “Salmos” (cf. “Livro dos Salmos” no NT: Lc 20:42; At 1:20). O verbo grego do qual o substantivo “salmos” deriva indica, basicamente, “tocar ou tanger em cordas”, o que sugere uma associação com acompanhamento musical. O título em português deriva do termo grego e seu contexto. Os salmos constituíam o antigo “hinário” de Israel inspirado por Deus (2Tm 3:16), que definia o espírito e o conteúdo de adoração adequados.

    Há 116 salmos que contêm inscrições ou “títulos”, e o texto hebraico inclui esses títulos nos próprios versículos. Quando os títulos são observados individualmente e estudados como um fenômeno geral, encontramos importantes indicações de que foram acrescentados aos seus respectivos salmos logo após a sua composição e que esses títulos contêm informações confiáveis (cf. Lc 20:42).

     Esses títulos transmitem vários tipos de informação, como autoria, dedicatória, contexto histórico, indicação litúrgica para o líder do louvor, instruções litúrgicas (por exemplo, qual o tipo de música, se ela necessita de acompanhamento musical e que melodia utilizar), além de outras informações técnicas de significado incerto por serem muito antigas. Uma preposição hebraica bem pequena aparece anexada na maioria dos títulos dos salmos. Ela pode transmitir diferentes relacionamentos, como “de”, “ao”, “para”, “em referência a”, “sobre”. Às vezes, ela aparece mais de uma vez, até mesmo em títulos breves, normalmente comunicando “de” ou “por” pessoa X e “para” a pessoa Y. Todavia, na maioria das vezes, essa pequena preposição indica a autoria de um salmo, seja “de” Davi, o perfeito salmista de Israel, ou “por” Moisés, Salomão, Asafe ou os filhos de Corá.

AUTOR E DATA

Da perspectiva divina, o saltério aponta para Deus como seu autor. Considerando a autoria a partir do lado humano, pode-se identificar uma lista de mais de sete compositores. O rei Davi escreveu pelo menos 73 dos 150 salmos. Aos filhos de Corá são atribuídos dez (Sl 42; 44—49; 84—85; 87); e Asafe contribuiu com doze (Sl 50; 73—83). Entre os outros autores estão Salomão (Sl 72; 127), Moisés (Sl 90), Hemã (Sl 88) e Etã (Sl 89). Os cinquenta salmos restantes permanecem anônimos em sua autoria, ainda que se considere que Esdras seja o autor de alguns. O período de Salmos se estende de Moisés, por volta de 1410 a.C. (Sl 90), ao período pós-exílio do fim do século VI ou começo do século V (Sl 126), que abrange cerca de 900 anos da história judaica.

CENÁRIO E CONTEXTO

Os salmos estão situados em dois cenários: (1) os atos de Deus na criação e na História, e (2) a história de Israel. Historicamente, eles abrangem o período da origem da vida até a alegria pós-exílio dos judeus libertados na Babilônia. Tematicamente, os salmos cobrem uma grande variedade de temas, da adoração celestial até a batalha terrena. A compilação dos salmos constitui o maior livro da Bíblia e o livro do AT mais citado no NT. O salmo 117 é o capítulo que está no meio da Bíblia (dentre 1.189), e o salmo 119 é o maior de toda a Escritura. Ao longo dos tempos, os salmos têm mantido seu principal propósito, isto é, promover a adoração e o louvor apropriados a Deus.

CONTEXTO HISTÓRICO DOS SALMOS DE DAVI



PRINCIPAL PERSONAGEM

Davi — rei de Israel; chamado pelo próprio Deus de “homem segundo o coração de Deus” (Sl 2-41; 51-70; 72:20; 78:70-71; 86; 89; 96; 101; 103; 105; 108-110; 122; 124; 131-133; 138-145).

TEMAS HISTÓRICOS E TEOLÓGICOS

O tema básico do livro de Salmos é desfrutar a vida real num mundo real, onde duas dimensões operam simultaneamente: (1) uma realidade horizontal ou temporal e (2) uma realidade vertical ou transcendental. Sem negar a dor da dimensão terrena, o povo de Deus deve viver em alegria e dependência da Pessoa e das promessas que estão por trás da dimensão eternal/celestial. Todos os ciclos das dificuldades e triunfos humanos oferecem oportunidades para a expressão de queixas, confiança, orações ou louvor dos homens ao Senhor soberano de Israel.

      Diante disso, o livro de Salmos apresenta uma ampla exposição teológica, pautada de maneira prática na realidade do dia a dia. A pecaminosidade do homem está concretamente documentada, não apenas por meio dos padrões comportamentais dos ímpios, mas também pelos tropeços dos crentes. A soberania de Deus é reconhecida em toda parte, mas não em detrimento da responsabilidade humana. A vida muitas vezes parece estar fora de controle, mas, mesmo assim, todos os acontecimentos e as situações são compreendidos à luz da providência divina e considerados corretos de acordo com o cronograma de Deus. Apresentar vislumbres do futuro “dia do Senhor” sustenta o chamado à perseverança até o fim. Esse livro de louvor apresenta uma teologia bastante prática.

      Um fenômeno normalmente mal entendido nos salmos é a associação que muitas vezes se desenvolve entre o “indivíduo” (o salmista) e os “muitos” (o povo teocrático). Praticamente, todos esses casos ocorrem nos salmos do rei Davi. Havia uma inseparável relação entre o governante mediador e seu povo; como era a vida e a devoção a Deus do rei, assim também era a vida e a devoção a Deus do povo. Além do mais, em certos momentos essa união parece atribuir ao salmista uma aparente ligação com Cristo nos salmos messiânicos. Os assim chamados salmos imprecatórios (que proferem palavra de maldição), em que o salmista manifesta-se contra seus inimigos, podem ser mais bem compreendidos a partir dessa perspectiva. Como mediador entre Deus e seu povo, Davi orava para que seus inimigos fossem castigados, já que esses inimigos não ofendiam somente a ele, mas, principalmente, ao povo de Deus. Em última análise, eles desafiavam o Rei dos reis, o Deus de Israel.

PRINCIPAIS DOUTRINAS

A pecaminosidade do homem (1:4; 5:4; 32:1-4; 36:1; 51:2; 66:18; 78:17; 106:43; Gn 6:5; Lv 15:14; Dt 31:18; Jó 4:17-19; Sl 130:3; Jr 17:9; Jo 1:10-11; Rm 5:15-17; 1Jo 1:8). A lei de Deus (1:1-2; 78:1; 119:97; Êx 20:1-21; Dt 5:6-21; Jr 11:4; Rm 7:7-14; Tg 1:25; 1Jo 3:4).

TIPOS DE SALMOS

O CARÁTER DE DEUS

Deus é acessível — 15:1; 16:11; 23:6; 24:3-4; 65:4; 145:18.

Deus nos liberta — 106:43-45.

Deus é eterno — 90:2; 102:25-27; 106:48.

Deus é glorioso — 8:1; 19:1; 57:5; 63:2; 79:9; 90:16; 93:1; 96:3; 102:16; 104:1,31; 111:3; 113:4; 138:5; 145:5,11-12.

Deus é bom — 23:6; 25:8; 31:19; 33:5; 34:8; 52:1; 65:4; 68:10; 86:5; 104:24; 107:8; 119:68; 145:9.

Deus é gracioso — 116:5.

 Deus é grande — 86:10.

Deus é santo — 22:3; 30:4; 47:8; 48:1; 60:6; 89:35; 93:5; 99:3, 5, 9; 145:17.

Deus é imutável — 102:26-27. Deus é justo — 5:8; 7:9,17; 9:4; 11:7; 19:9; 22:31; 25:8; 31:1; 35:24,28; 36:6,10; 40:10; 48:10; 50:6; 51:14; 69:27; 71:2,15-16,19,24; 73:12-17; 85:10; 89:14; 92:15; 96:13; 97:2,6: 98:2,9; 99:3-4; 103:17; 111:3; 116:5; 119:7,40,62,123,137-138,142,144,172; 143:1,11; 145:7,17.

Deus é amoroso — 17:7; 24:12; 25:6; 26:3; 31:21; 36:7,10; 40:10-11; 42:7-8; 48:9; 63:3; 89:33,49; 92:2; 103:4; 107:43; 117:2; 119:76,88,149; 138:2; 143:8.

Deus é longânimo — 78:38; 86:15.

Deus é misericordioso — 6:2,4; 25:6; 31:7; 32:5; 36:5; 51:1; 52:8; 62:12; 86:5,15; 89:28; 103:4,8,11,17; 106:1; 107:1; 115:1; 118:1-4; 119:64; 130:7; 145:9; 147:11.

Deus é o Altíssimo — 83:18.

Deus é onipresente — 139:7.

Deus é o onisciente — 139:1-6.

Deus é poderoso — 8:3; 21:13; 29:5; 37:17; 62:11; 63:1-2; 65:6; 66:7; 68:33,35; 79:11; 89:8,13; 106:8; 136:12.

Deus cumpre suas promessas — 89:3-4,35,36; 105:42.

Deus é providente — 16:8; 31:15; 33:10; 36:6; 37:28; 39:5; 73:16; 75:6-7; 77:19; 91:3-4,11; 104:5-9,27-28; 119:15; 121:4; 127:1-2; 136:25; 139:1-5,10; 140:7; 145:9,17; 147:9.

Deus é soberano — 2:4-5; 3:3; 72:5.

Deus é verdadeiro — 9:14; 11:7; 19:9; 25:10; 31:5; 33:4; 57:3,10; 71:22; 85:10; 86:15; 89:14,49; 96:13; 98:3; 100:5; 119:160; 139:2; 146:6.

Deus é o único Deus — 83:18; 86:10.

Deus é insondável — 145:3.

Deus é sábio — 1:6; 44:21; 73:11: 103:14; 104:24; 136:5; 139:2-4,12; 142:3; 147:5.

Deus se ira — 2:2-5,12; 6:1; 7:11-12; 21:8-9; 30:5; 38:1; 39:10; 58:10-11; 74:1-2; 76:6,8; 78:21-22,49-51,58-59; 79:5; 80:4: 89:30-32; 90:7-9,11; 99:8; 102:9-10.

 DESAFIOS DE INTERPRETAÇÃO

 É proveitoso identificar a recorrência de determinados gêneros literários em Salmos. Entre os mais óbvios, encontramos: (1) salmos de sabedoria, com instruções para uma vida reta; (2) salmos de lamentação, que retratam as aflições da vida (normalmente decorrentes de inimigos externos); (3) salmos de penitência (a maioria lida com o “inimigo” interior, isto é, o pecado); (4) salmos com ênfase no reinado (o rei como modelo espiritual e mediador); e (5) salmos de ações de graças. Uma combinação de estilo e tema ajuda a identificar esses gêneros à medida que eles aparecem.

CRISTO EM SALMOS

 Muitos dos salmos diretamente antecipam a vinda do Messias e Rei por meio da linhagem de Davi (2; 18; 20; 21; 24; 47; 110; 132). Uma vez que Cristo descendia da família real de Davi, os salmos messiânicos muitas vezes se referem a Cristo como Filho de Davi ou usam Davi como um tipo de Cristo. Algumas profecias messiânicas específicas e seus cumprimentos incluem 2:7 (e Mt 3:17; 16:10; Mc 16:6-7); 22:16 (e Jo 20:25,27; 40:7-8; Hb 10:7); 68:18 (e Mc 16:19; 69:21; Mt 27:34); 118:22 (e Mt 21:42).

A grande característica literária é que todos eles são poesia por excelência. Diferentemente do estilo de poesia ao qual estamos acostumados, que está baseada na rima e na métrica, a poesia hebraica é essencialmente caracterizada por paralelismos lógicos, que comparam ou contrastam ideias ou imagens dentro de uma obra literária. Alguns dos tipos mais importantes de paralelismo são: (1) sinonímico (o pensamento da primeira linha é repetido com conceitos similares na segunda [por exemplo, salmo 2:1]); (2) antitético (o pensamento da segunda linha é contrastado com o da primeira [por exemplo, salmo 1:6]); (3) climático (o pensamento da segunda linha e das subsequentes retoma uma palavra, frase ou conceito para aprimorar o desenvolvimento da ideia principal [por exemplo, salmo 29:1-2]); e (4) quiástico ou introvertido (as unidades lógicas são desenvolvidas em um padrão A... B... B’... A’... [por exemplo, salmo 1:2]).

PROFECIAS MESSIÂNICAS NOS SALMOS


PALAVRAS-CHAVE

Pausa (Selá): em hebraico, selah — 3:2; 24:10; 39:11; 47:4; 60:4; 76:3; 88:10; 140:3 —, derivada do verbo salal, “elevar”, “pausar”, essa palavra ocorre em 39 salmos e na “Oração de Habacuque” (Hc 3). Não se conhece o sentido exato de “selá”, isto é, o que exatamente deve ser elevado. Alguns acreditam que seja uma palavra enfática, exortando-nos a elevar o pensamento a Deus. Entretanto, a maioria dos estudiosos acredita que seja simplesmente uma forma de orientação musical, por exemplo, um marcador de interlúdio musical, um sinal de pausa ou de mudança de tom.

Esperança: em hebraico, yachal — 31:24; 42:11; 71:14; 119:49,116; 130:5; 131:3 —, significa “aguardar com expectativa”. Quase metade das ocorrências se encontra em Salmos, sendo especialmente grande no salmo 119. Às vezes, a ideia de esperança é expressa com confiança (Jó 13:15; Is 51:5); outras vezes, a esperança é claramente em vão (Ez 13:6). A Bíblia descreve Noé esperando sete dias para soltar a pomba (Gn 8:12) e homens aguardando o conselho de Jó (Jó 29:21). Mas, de longe, o principal objeto da “espera com expectativa” ou “esperança” é Deus — sua palavra, seu juízo, sua misericórdia (33:18; 119:43; Mq 7:7). Tal esperança não é equivocada, pois aquele em quem esperamos é fiel para cumprir suas promessas.

Salmo: em hebraico, mizmor — 3; 9; 32; 54; 72; 84; 100; 101 —, derivada do verbo zamar, essa palavra significa “fazer música”. Aparece apenas no livro de Salmos, com 57 ocorrências nos títulos. Pode designar um cântico de louvor ou, quem sabe, um cântico acompanhado por um tipo determinado de instrumento musical. Em 34 títulos de salmos, mizmor segue a frase “Para o mestre de música”, talvez indicando que os salmos eram tipicamente cânticos acompanhados por instrumentos. Muitas vezes, o autor do salmo é também identificado, tais como os filhos de Corá (48; 84), Asafe (50; 82) e, principalmente, Davi (23; 29; 51).

Lei: em hebraico, torah — 1:2; 19:7; 37:31; 89:30; 119:1,55,174 —, normalmente traduzido como “lei”, o substantivo torah é derivado do verbo yarah, que significa “ensinar” e deve ser entendido no sentido de “orientação”. Esse termo pode se referir a qualquer conjunto de regras, tais como a instrução dos pais (Pv 1:8) ou o ensino de um salmista (78:1). Em geral, porém, refere-se à lei de Deus. O escritor do salmo 119 expressa grande amor pela lei de Deus, pois ela o conduzia à sabedoria e retidão (119:97-176). No NT, Paulo também louvou a lei de Deus, pois ela apontou seu pecado e o fez enxergar sua necessidade desesperada de um salvador (Rm 7:7).

Verdade: em hebraico, ’emet — 15:2; 25:10; 30:9; 43:3; 71:22; 108:4; 146:6 —, significa verdade que se conforma a um padrão, quer seja uma realidade criada ou os padrões de Deus. A verdade é muitas vezes associada à misericórdia, principalmente a de Deus (57:3; 117:2; Gn 24:49). Essa palavra também é frequentemente usada no contexto da linguagem jurídica. Em contextos seculares, é utilizada para se referir a testemunhas e tribunais (Pv 14:25; Zc 8:16), ao passo que, em contextos religiosos, é usada em referência à lei e aos mandamentos de Deus (119:142,151). A verdade é preciosa, e sua ausência foi lamentada pelos profetas (Is 59:14; Jr 9:5; Os 4:1). Deus deseja verdade no íntimo de seu povo (15:2; 51:6); é, portanto, a base de um estilo de vida que agrada a ele (25:5,10; 26:3).

Numa escala maior, alguns salmos, em seu desenvolvimento do primeiro ao último versículo, empregam um arranjo acróstico ou alfabético. Os salmos 9—10; 25; 34; 37; 111—112; 119; 145 são conhecidos como acrósticos completos ou incompletos. No texto hebraico, a primeira letra da primeira palavra de cada versículo ou seção inicia-se com uma consonante hebraica diferente, que continua na ordem alfabética até que as 22 consoantes sejam utilizadas. Sem dúvida, esse recurso literário ajudava na memorização do conteúdo e servia para indicar que aquele determinado tema havia sido tratado de “A a Z”. O salmo 119 apresenta-se como o mais completo exemplo dessa técnica; desde a primeira letra de cada uma das 22 seções de oito versos movem-se completamente por todo o alfabeto hebraico.

ESBOÇO

 Logo em seu início, os 150 salmos canônicos foram organizados em cinco “livros”. Cada um desses livros termina com uma doxologia (Sl 41:13; 72:18- 20; 89:52; 106:48; 150:6). A tradição judaica apelou para o número 5, alegando que essas divisões refletiam o Pentateuco, isto é, os cinco livros de Moisés. É verdade que há grupos de salmos, como: (1) os reunidos pela associação a uma pessoa ou grupo (por exemplo, “Os filhos de Corá”, Sl 42- 49; Asafe, Sl 73-83), (2) os dedicados a uma função específica (por exemplo, “Cânticos de peregrinação”, Sl 120-134), ou (3) os claramente dedicados ao louvor e à adoração (Sl 146-150). Nunca se encontrou uma resposta que desvendasse o “mistério” do tema da organização desse arranjo de cinco livros. Assim, não há uma estrutura temática identificável para toda a coleção de salmos.

 ENQUANTO ISSO, EM OUTRAS PARTES DO MUNDO... Os chineses compilam seu primeiro dicionário, contendo quarenta mil caracteres. O alfabeto hebraico é desenvolvido além das primeiras formas semíticas.

RESPOSTAS PARA PERGUNTAS DIFÍCEIS

1.     Por que há tantas expressões incômodas em Salmos, às vezes bem no meio de nossos capítulos favoritos, por exemplo, nos salmos 23 e 129? Como os salmos refletem a vida real de modo autêntico, devemos esperar que eles sejam incômodos com relação às mesmas situações em que a vida é incômoda. Segundo o salmo 23, bem conhecido, a vida não tem a ver apenas com verdes pastagens e águas tranquilas, mas também inclui morte e inimigos. Os salmistas estavam convencidos de que conheciam o único Deus verdadeiro, e, quando alguém os tratava ou tratava o povo de Deus de modo inadequado, por vezes clamavam a Ele por um castigo bastante específico sobre seus inimigos. Um fato interessante sobre Salmos é seu registro imodesto desses apelos a Deus, que, falando com sinceridade, ecoam algumas de nossas mais profundas e ocultas reivindicações diante de Deus.

     No caso de Davi, o papel que ele desempenhava como rei e representante do povo de Deus muitas vezes se confunde com sua autoconsciência individual. Por vezes, é difícil dizer se ele está falando por si mesmo ou pelo povo como um todo. Isso explica um pouco da amargura por trás dos salmos cheios de maldições, os quais invocam a justa ira e o castigo de Deus sobre seus inimigos.

2.     O que são os vários tipos de Salmos? Os salmos abrangem o amplo escopo da experiência humana. Alguns falam em termos gerais, ao passo que outros se expressam em termos bastante específicos os eventos mutantes da vida. Há um salmo para quase todo tipo de dia.

Uma maneira de classificar os salmos é agrupá-los em cinco tipos gerais:

Salmos sapienciais: orientações para viver com sabedoria (1; 37; 119).

Salmos de lamentação: meditações sobre as dores da vida (3; 17; 120).

Salmos de penitência: meditações sobre as dores do pecado (51). Salmos de realeza: meditações sobre o governo soberano de Deus (2; 21; 144).

Salmos de ações de graças: louvor e adoração oferecidos a Deus (19; 32; 111).

APROFUNDAMENTO

1. Com quais salmos você tem mais familiaridade e que impacto eles têm em sua vida?

2. Que aspectos de um relacionamento saudável com Deus podem ser encontrados no salmo 23?

3. Como você poderia usar o salmo 51 para explicar o autêntico arrependimento?

4. Leia o primeiro e o último salmo (salmos 1 e 150) e considere por que cada um deles foi escolhido para ocupar sua posição.

 5. Qual é o tema central do salmo 119 e como a extensão dele contribui para o seu impacto?

6. Que salmo ou parte de um salmo você acha mais útil para a oração?

                                                      Manual bíblico MacArthur



Salmos (Comentário Bíblico Moody)

                                           COMENTÁRIO

LIVRO 1 Salmos 1-41

    O primeiro livro na divisão quíntupla do Livro dos Salmos parece ter sido alguma vez uma coleção davídica em separado. O nome Senhor, Yahweh em hebraico, aparece 272 vezes, enquanto o mais generalizado Elohim só se encontra 15 vezes. Os salmos são de conteúdo variado, mas os ensinamentos morais são simples e diretos. Evidente através de toda esta divisão está a fé positiva na justiça de Deus. O Salmo 1 serve como introdução a todo o Saltério, enquanto o Salmo 2 introduz a coleção do Livro I. O fato de alguns manuscritos darem o Salmo 3 como sendo o primeiro torna o caráter introdutório do salmo 1 e 2 mais aparente. Também é possível que os salmos 1 e 2 fossem originalmente um só salmo, começando e terminando com "bem-aventurados". Todos com exceção do 1, 2, 10 e 33 estão ligados a Davi pelo título e anotações.

Salmo 1 – Os Dois Modos de Vida

     O salmo apresenta em contraste agudo os dois extremos - o modo de vida verdadeiramente honesto e o modo basicamente perverso. Ó contraste introduz de maneira didática as duas categorias de homens a serem descritos em todo o Saltério. O salmista continua com a antítese, mostrando os destinos presente e futuro de cada grupo.

1-3. O Caminho do Homem Justo. Bem-aventurado o homem. O Saltério começa com uma forte interjeição: Oh! que felicidade u do homem que segue o plano de Deus. Os verbos, anda, se detém, se assenta, descrevem os passos característicos do perverso que o justo evita: aceitação dos princípios dos ímpios, participação das práticas de pecadores declarados e finalmente a união com aqueles que zombam abertamente. Observe o paralelo triplo entre os três verbos e suas cláusulas modificadoras. A mudança então se faz da recusa negativa para o deleite positivo. Tal homem medita ou constantemente reflete nos ensinamentos divinos. Como resultado, ele se torna cada vez mais como uma "árvore transplantada", com as raízes nas realidades eternas. Vitalidade constante lhe é assegurada e o sucesso final é certo porque ele colocou a sua confiança firmemente em Deus.

4-6. O Caminho do Homem Ímpio. Os ímpios não são assim. Agora surge uma mudança abrupta com as palavras não do assim. O agudo contraste intensifica-se com o uso deste termo freqüente para os ímpios, que representa a antítese exata para o outro termo, os justos. Diferindo da árvore firmemente estabelecida, os ímpios são varridos pelo vento. O quadro é de uma eira no alto de uma colina, onde o vento carrega a palita e deixa o grão. Em construção paralela, os dois grupos (ímpios e pecadores) não têm a promessa de participação na companhia vindicada dos justos. Enquanto Deus conhece ou se preocupa com o caminho dos justos, os ímpios simplesmente vão à deriva até a final destruição.

Salmo 2. A Vitória do Messias de Deus

     Este é basicamente um salmo real, com qualidades altamente dramáticas e grande poder poético. Incluído em sua estrutura está um oráculo do Senhor que têm provocado variadas interpretações. Gunkel acha que está ligado a um festival celebrando a coroação de um rei judeu. Se esse foi o cenário original, o salmo foi inteiramente adaptado às esperanças messiânicas mais extensas. Tal como o Salmo 1 lida com os dois caminhos da vida individual, o Salmo 2 apresenta os dois caminhos para as nações e os povos.

1-3. A Rebeldia das Nações. Por quê? Em estilo profético, o salmista começa com duas perguntas retóricas. O ponto alto das perguntas é demonstrar o absurdo daqueles que se rebelariam contra o decreto do Todo-poderoso. Sua rebeldia contra o povo de Deus e o seu rei é considerada como um ataque contra o próprio Deus. Basicamente, este antagonismo é dirigido contra o governo de Jeová através do seu Ungido.

 4-6. A Resposta de Deus. Ri-se ... lhes há de falar. Um ousado antropomorfismo traça agudo contraste entre os preocupados reizinhos e o Governador supremo que os confundirá (idéia de radicular, "gaguejar"). Sua risada muda rapidamente para ardente ira quando informa esses rebeldes de que já empossou o Seu rei com toda a aprovação divina.

7-9. O Plano para o Ungido. Ele (o Senhor) me disse. O oráculo apresentado pelo ungido de Deus está declarado como decreto divino. A declaração, Tu és meu filho, faz paralelo ao meu Rei da resposta divina. A frase aplicou-se a Jesus no seu batismo (Mc. 1:11). O termo, gerei, é parte de uma fórmula oriental de adoção usada no Código de Hamurabi. Observe que duas promessas foram feitas ao ungido de Deus – domínio e vitória. Embora o, salmista provavelmente pensasse do Filho como governador escolhido (II Sm. 7:14), à luz do N.T. vemos que o Messias é o verdadeiro Filho de Deus.

10-12. A Advertência aos Reis. Sede prudentes; deixai-vos advertir. A escolha está diante dos reis, junto com a advertência a que sejam prudentes e honestos ao tomar a decisão. A escolha da sabedoria vai além da mera aceitação do decreto. Devem servir ao Senhor com admiração e reverência que Lhe é devida. Beijar os pés e as mãos do rei era símbolo de prestação de homenagem. Exatamente como o caminho dos ímpios perecerá no Salmo 1, também acontecerá com o caminho daqueles que se recusam a Lhe prestar homenagem.

Salmo 3. Uma Oração Matinal de Confiança

     As características básicas de um lamento individual estão neste salmo, cuja seqüência se encontra no Salmo 4, onde está evidente um senso de alívio. Por causa da expressão de sublime confiança na proteção divina, este salmo tem sido o favorito de muitas pessoas que enfrentam o perigo. O versículo 5 identifica-o claramente como oração matinal.

 1,2. A Situação Angustiosa do Salmista. Os que se levantam contra mim. Os inimigos do salmista estavam se tornando mais numerosos do que nunca. Fisicamente havia sério perigo. E além disso, seu espírito estava sendo tão oprimido pelas zombarias dos seus adversários que se considerava além do ponto de poder ser ajudado por Deus. Esses comentários desanimadores são parecidos com os que foram dirigidos contra ló (Jó 2:11-13).

3, 4. Seu Ajudador. Porém tu, Senhor. No meio de seus problemas ele se lembra novamente de que Deus é um escudo para protegê-lo, minha glória para restaurar sua dignidade, e o que exaltas a minha cabeça para lhe dar nova coragem. Os verbos no versículo 4 deveriam ser freqüentativos: Sempre que clamo me responde!

 5, 6. Sua Confiança. Deito-me e pego no sono. A certeza de que Deus é o seu ajudador e protetor torna possível este sono. Quando acorda, percebe que foi Deus que o guardou. Com sua confiança aumentada por esta experiência, ele tem certeza de que nenhuma quantidade de inimigos pode amedrontá-lo.

7, 8. Sua Oração. Levanta-te, Senhor! O poder e o livramento de Deus são invocados por esta petição, quando o salmista busca intervenção ativa. Ou ele está se lembrando do que Deus fez em ocasiões anteriores ou está usando um perfeito profético. Este último prevê um fim absolutamente certo e por isso fala dele como se já tivesse se realizado. O átimo versículo adapta o salmo ao culto público, e pode indicar uma falta de egoísmo em toda a oração particular.

Salmo 4. Uma Oração Vespertina de Alívio

      As circunstâncias que rodeiam este salmo são semelhantes às do Salmo 3. Contudo, aqui o lamento se transforma em uma canção de confiança para expressar o alívio do salmista. A serenidade do tom através de todo ele é o resultado de uma experiência da ajuda divina no passado. Exatamente como Deus deu o descanso na experiência anterior (Sl. 3), há certeza de que ele proverá esse mesmo descanso e paz novamente. O versículo 8 liga este cântico com a oração vespertina.

1. Urgente Apelo a Deus. Responde-me . . . tem misericórdia . . , ouve a minha oração. Aqui está um pedido triplo feito a Deus, o qual provou ser justo e capaz de conceder livramento. Experiência do passado leva o salmista a crer que Deus novamente atenderá ás suas mais profundas necessidades.

 2-5. Conselho Sábio para o Próximo. Ó homens. Esses homens difamaram a reputação do salmista; apegaram-se a vás maquinações e prosperaram á custa de falsidades. Eles deviam buscar a quietude para meditar sobre suas necessidades e deixar de pecar. Eles deviam falar com suas próprias consciências e silenciarem. Tal como o salmista clama, "ó Deus da minha justiça" (v. li, ele exige esta mesma motivação justa nos sacrifícios deles. O paralelo lógico é o da confiança nAquele a quem eles oferecem esses sacrifícios.

 6-8. Confiança Serena em Deus. Mais alegria me puseste no coração. Muitos indivíduos viviam inconformados e pessimistas, com falta da alegria que o salmista conhecia. Em contraste com esses pessimistas o autor sabe que o auxílio divino na hora da necessidade causa mais alegria do que colheitas abundantes. Ele termina com o quadro do sono sossegado possível àquele que conhece o cuidado divino por experiência pessoal.

Salmo 5. Uma Oração Matinal, em Preparação para o Culto

      Neste salmo há uma atmosfera de luta entre o justo e o ímpio, tal como se encontra com freqüência no Saltério. A situação é semelhante à dos Salmos 3 e 4 no que se refere aos perigos que estão a toda volta. O salmo talvez fosse usado pelos sacerdotes em sua preparação para o sacrifício matinal ou por pessoas individualmente, quando se preparavam para o culto.

 1-3. Uma Invocação a Deus. Dá ouvidos ... acode ... escuta. A preparação para o culto devia sempre incluir o clamor do indivíduo a Deus. Não apenas suas palavras, mas também sua meditação (lit., cochichos) era parte desta invocação. Na forma paralela, o tempo está especificado, provavelmente relacionando a oração do orador com o sacrifício da manhã.

4-9. Uma Lição Contrastante. Iniqüidade . . . e me prostrarei. Há um contraste duplo nestes versículos: as atitudes dos justos e dos ímpios para com o pecado e a adoração são colocadas em contraste, como também as diferentes reações de Deus para com os dois grupos. O salmista reconhece que Deus não pode tolerar o pecado nem conviver com o homem ímpio. Portanto, Deus não permitirá que os arrogantes (literalmente) permaneçam na Sua presença. Ele considera detestável todos os que praticam a iniqüidade. O fim destinado àqueles que proferem mentira é a destruição completa, e o sanguinário e o fraudulento são uma abominação que Deus detesta. Enquanto esses homens ímpios lidam traiçoeiramente, o salmista prostra-se diante de Deus, orando por orientação divina.

 10-12. Uma Oração por Retribuição. Declara-os culpados. A oração continua com um pedido de justiça sobre aqueles inimigos. Como aqueles que se rebelam contra Deus, eles devem ser considerados culpados, deve-se permitir que caiam e que sejam rejeitados completamente. Em contraste ao destino triplo dos ímpios, aqueles que confiam em Deus participam de alegria infinda. Eles que regozijem-se, folguem de júbilo, e em ti se gloriem.

Salmo 6. Um Grito em Busca de Alívio

     Eis aqui um quadro vivo do homem que se encontra em calamitosa angústia por causa de severa enfermidade. Embora o salmista se refira aos seus inimigos, está em primeiro lugar clamando por alívio para a sua doença. A menção que faz da ira divina prova que ele imagina o seu sofrimento como resultado do pecado. Uma vez que é usado entre os cristãos como um dos sete Salmos Penitenciais, é possível que fizesse parte da liturgia penitencial do culto no templo. 1, 2a. Oração Pedindo Interrupção de Castigo. Não me repreendas .. . nem me castigues ... tem compaixão de mim. Estas expressões mostram o reconhecimento do aspecto disciplinar do sofrimento. O escritor não nega sua culpa, nem proclama sua inocência. Seu castigo deve ser interrompido para que seu corpo emaciado possa ser restaurado. Tudo o que pode fazer é lançar-se sobre a misericórdia de Deus. 2b-5. Oração Pedindo Restauração. Sara-me ... livra a minha alma; salva-me. O sofredor claramente percebe que o livramento deve vir de fora, pois ele mesmo é inteiramente insuficiente. Ele baseia seu pedido sobre a seriedade do seu sofrimento, a misericórdia de Deus e o fato de que Deus perderia sua ação de graças se ele fosse para o Sheol.

 6, 7. Descrição de Sua Condição. Gemer ... lágrimas . . . mágoa. A natureza de sua enfermidade está um tanto oculta pelas expressões orientais características. Contudo, não pode haver dúvida que sua tristeza é real e seu sofrimento intenso. Como ló, ele tem de suportar os insultos dos seus inimigos em aditamento a sua desgraça.

8-10. Orações Atendidas. O Senhor ouviu. Duas vezes o salmista usa esta frase para indicar que uma nova era chegou. Ele prediz que todos os seus inimigos retrocederão porque Deus assumiu o comando.

 Salmo 7. Uma Oração por Justiça

      Como muitos outros salmos, este é em primeiro lugar um lamento individual. Há um elemento de justiça própria no apelo do salmista. Talvez se deva á natureza da luta religiosa que ocasionou amarga perseguição. Contudo, há aspectos gerais que apontam para a possibilidade de que diversos salmos foram combinados neste um. Se o indivíduo for tomado como representante da nação, a unidade do Salmo fica preservada.

1,2. Oração por Livramento. Salva-me ... livra-me. Este apelo baseia-se na confiança pessoal em Deus do autor do salmo. O furioso ataque do inimigo também parece ser pessoal, conforme indica a expressão "me arrebate".

3-5. Protestos de Inocência. Senhor ... se eu fiz. O autor estava certo que não merecia a perseguição que sofria. Ele desejava colocar o protesto em forma de juramento e oferecer-se para aceitar qualquer retribuição merecida por castigo. 6-8. Oração por Julgamento. Levanta-te, Senhor. Uma figura atrevida, como se Deus precisasse ser despertado, foi usada para indicar a necessidade de um julgamento imediato. Aqui há uma combinação de vindicação pessoal e idéia escatológica de julgamento mundial.

 9-13. Confiança no Justo Juiz. Pois sondas a mente e o coração, ó justo Deus. O resultado está assegurado pela própria natureza de Deus. O justo é preservado, enquanto o ímpio sofre a ira divina diariamente. A ação do juízo divino sobre o que não se arrepende fica figurativamente declarada em termos de combate terreno.

14-16. A Natureza do Ímpio. Iniqüidade . . . malícia . . . mentira. Estas palavras caracterizam o adversário, que foi destruído por seus próprios ardis. Ele se esconde sob a mortalha de seus próprios desejos malignos. 17. Voto Final. Cantarei louvores. Esta doxologia característica ilustra a certeza do salmista que a causa da justiça triunfará.

Salmo 8. A Dignidade do Homem e a Glória de Deus

     Este salmo é um hino que atinge alturas majestosas raramente atingidas pelo homem finito. Há um desenvolvimento de idéias sobre a grandeza do trono de Deus nos céus até a mais ínfima besta da terra. O homem é descrito como o centro da criação de Deus. O poema está artisticamente colocado entre um refrão no começo e outro no fim. Este refrão serve de linda introdução e conclusão. As perguntas do Salmo 8 são citadas em Hb. 2:6 e segs. descrevendo a humilhação e a exaltação de Cristo.

1, 2. A Glória de Deus. Quão magnífico ... é o teu nome. A introdução identifica cuidadosamente esse "nome" como sendo Jeová, Senhor (‘Adôn) nosso. A frase, pequeninos e crianças, pode estar representando o homem em sua fraqueza. O louvor sincero desses "pequeninos" está colocado em agudo contraste com as artimanhas dos inimigos de Deus.

 3, 4. O Homem em Contraste. Quando contemplo os teus céus ... que é o homem? A cena noturna suscita este louvor à glória de Deus nos céus. Quando o homem ('enôsh, homem frágil) se compara com todo o espaço acima, como parece insignificante. Ele é verdadeiramente apenas o filho da humanidade (‘adam, homem genérico).

5, 6. O Lugar do Homem. Por um pouco, menor do que Deus. Ficaria melhor traduzido assim: "um pouco menos que divino" ou "um pouco abaixo da divindade". Três coisas designara a posição do homem: seu relacionamento com a divindade, sua dignidade (glória e honra) e o seu domínio.

 7,8. Ilustrações Sobre o Domínio do Homem. Ovelhas e bois . . . animais do campo; as aves do céu e os peixes do mar. Essas formas inferiores da vida ilustram "todas as coisas" do versículo anterior. As criaturas da terra, do ar e do mar estão incluídas nesta referência óbvia à história da criação em Gênesis 1. 9. Doxologia. Quão magnífico ... é o teu nome. O refrão torna a chamar a atenção do homem para a majestade de Deus para que não fique absorvido por pensamentos sobre a sua grandeza pessoal. O homem tem dignidade, mas só Deus é majestoso.

Salmo 9. Louvor pela Destruição do Inimigo

    Evidentemente este salmo foi originalmente ligado ao Salmo 10, conforme se encontra em certos manuscritos hebreus, a LXX, a Vulgata e outra versão latina feita por Jerônimo. Os dois salmos formam um acróstico com as letras do alfabeto hebraico. A presença de selah no final do Sl. 9 e a falta de título no Sl. 10 dá testemunho disse. O primeiro salmo é grandemente nacional, enquanto o segundo é fortemente pessoal.

 1-3. A Razão da Ação de Graças. Louvar-te-ei . . . contarei.. . alegrar-me-ei. . . cantarei. Tudo isto é ação de graças sincera porque os inimigos do salmista foram condenados por Deus. Assentado em seu trono, Deus fez o julgamento de tal modo que não pode haver dúvidas quanto ao resultado. 4-8. Uma Visão do Juízo Final. Ele (o Senhor) mesmo julga o mundo com justiça. Este é um quadro escatológico do juízo final, visualizado como se fosse no presente. Mowinckel crê que este era um salmo usado na Festa dos Tabernáculos em uma celebração simbólica de entronização.

9-12. Uma Exortação ao Louvor. Cantai louvores. Considerando que Deus abençoará aqueles que confiam nEle, o salmista procura aqueles que se lhe querem juntar em sincero louvor. A seqüência natural do louvor ao nome de Deus é a declaração dos seus feitos.

13,14. Um Apelo do Favor Divino. Compadece-te de mim. No meio do apelo nacional uma nota pessoal foi inserida. Este lamento é coisa fora do comum em uma expressão de ação de graças, mas pode ser considerada natural em alguém que expresse uma gratidão tão sincera.

15-20. A Certeza do Julgamento. Faz-se conhecido o Senhor, pelo juízo. A idéia, anteriormente introduzida, de um juízo mundial por vir, prossegue quando o escritor declara que a ruína certamente sobrevirá aos ímpios. O salmista acrescenta um pedido de que as nações sejam obrigadas a perceber que não passava de homens!

Salmo 10. Intercessão para que Haja

     Ação Apesar deste salmo ter afinidade literária e textual com o precedente, o sentimento expresso aqui é totalmente diferente. O inimigo já não é mais o ímpio das nações mas o ímpio dentro de Israel. A calamidade foi causada pelo abuso do poder da parte de homens ímpios no poder. A disposição é más de lamento que de ação de graças.

 1, 2. A Declaração da Intercessão. Por quê? A freqüente pergunta que começa com "por que" sempre descreve uma situação de frustração e desamparo. O salmista demonstra sua própria impaciência e desespero. Afinal, a perseguição dos pobres pelos líderes ímpios e presunçosos chegou a um limite insuportável. Seu pedido é que os ímpios colham o que semearam.

3-11. A Base do Problema. O perverso se gloria. Esta longa lista de agravos começa com a arrogância mencionada nos versículos precedentes. O singular foi usado coletivamente com referência aos muitos de Israel que não têm pensado em Deus. Cada condição é eticamente orientada para o modo de vida de Israel, e toda a passagem faz pensar em alguém que consta dos escritos de Isaías, Miquéias e Jeremias.

 12-18. Clamando por Intervenção. Levanta-te, Senhor . . . ergue a tua mão. Este intenso apelo por ação direta da parte de Deus está seguido por argumentos que intensificam o apelo. A fé do salmista não vacila quando conclui que o Senhor é Rei para sempre.

Salmo 11. A Certeza da Fé

     Um grave perigo defronta-se ao salmista quando os inimigos buscam tirar sua vida. Sua situação desesperada dá lugar a profundos pensamentos e nobre expressão de sua confiança no Senhor. Suas palavras de confiança brotam de um poema de verdadeira qualidade lírica. As circunstâncias são extraordinariamente semelhantes àquelas de diversos episódios da vida de Davi.

 1, 2. Fé versus Oportunismo. (Eu) me refugio . . . foge. O conselho dos amigos bem-intencionados é o de aproveitar-se da oportunidade. "Foge para o monte, onde há abundância de esconderijos" é a idéia que o mundo tem de segurança. Mesmo enfrentando o arco retesado do inimigo, o salmista declara que a sua confiança está no Senhor. Em lugar de escapar pelo caminho mais fácil, ele prefere tomar o caminho da fé.

3-7. O Fundamento da Fé. Destruídos os fundamentos. O salmista sabe que a fuga só serviria para solapar sua fé básica. Afinal, Deus é o seu santo templo, seu trono está firmado nos céus, e os olhos dEle observam o que acontece aqui em baixo. Portanto, o castigo divino sobrevirá aos ímpios como aconteceu com Sodoma, enquanto os justos verão a face de Deus.

Salmo 12. Uma Oração pelos Fiéis

    Este salmo descreve outra hora negra de perseguição, quando a sociedade está se desintegrando. Enquanto lamenta uma situação na qual prevalecem a mentira e a falsidade, o autor também expressa sua confiança máxima em Deus, que continua sendo adorado pela minoria fiel. Gunkel trata este salmo no sentido litúrgico, generalizando-o. Mesmo que esse tenha sido o seu uso final, pode muito bem ter havido uma base individualista original em sua composição.

1-4. A Oração do Fiel. Socorro, Senhor. O escritor fala pelos fiéis homens piedosos que foram insultados por gente vulgar que prefere lisonjas fúteis e se agradam com palavras de duplo sentido. Como Elias, o salmista fala de si mesmo como se fosse o único que ainda não se juntou a esses fanfarrões.

 5. A Resposta de Deus. Diz o Senhor. Este versículo toma a forma de um oráculo do Senhor respondendo a oração sincera dos fiéis. Deus promete sua ajuda, que resultará em segurança completa.

6-8. A Reação do Crente. Palavras ... puras. Em contraste às palavras das pessoas vulgares, as palavras de Deus são puras como a prata refinada. O que Ele prometeu, realizará. Em sinal de adoração proclama-se e assegura-se que Ele é digno de confiança.

Salmo 13. Da Dúvida à Confiança

    Neste pequeno salmo foram expressos os más profundos anseios de uma alma perturbada. Embora um inimigo pessoal esteja por trás do cenário, o salmista está lutando com suas próprias dúvidas quanto à atividade divina em seu beneficio. Urna vez que não se fala de enfermidade, o problema provavelmente é mental, muito provavelmente o medo. Em sua estrutura este salmo é um exemplo excelente de uma lamentação individual em três pequenas estrofes de dois versos cada.

1,2. Seu Problema de Dúvida. Até quando . . . ? A repetição quádrupla desta frase demonstra claramente o intenso sofrimento do escritor. Ele está cansado do seu inimigo, mas muito mais perturbado pela aparente indiferença de Deus. Ele sente-se abandonado por Deus na sua maior necessidade.

3,4. Sua Oração por Assistência. Atenta . . . responde-me ... ilumina-me os olhos. No meio da dúvida e da depressão, ele ora a Deus pedindo que compreenda o seu problema e devolva-lhe o brilho dos seus olhos. Além de temer a morte física, ele sabe como os seus inimigos, que são ímpios, vão se gabar da derreta de um amigo de Deus.

 5, 6. Seu Alívio na Confiança. Confio na tua graça. Embora nenhuma resposta fosse registrada, sua alma perturbada recebeu alivio verdadeiro. Sua confiança se baseia na longanimidade de Deus, no seu regozijo por causa da salvação divina, nos hinos entoados sobre o abundante cuidado de Deus. Ele descobriu a verdadeira paz através da inteira confiança em Deus.

Salmo 14. Juízo por Ter Negado a Deus

     Temos aqui um bom exemplo de como o Saltério se desenvolveu. Exceto quanto a variações textuais menores (esp. v. 6) é idêntico ao Salmo 53. Considerando que o último é de uma coleção posterior e substitui Yahweh por Elohim, o Salmo 14 é considerado como a forma más antiga. Nos dois salmos o salmista considera a condição depravada dos homens com verdadeiro espírito profético.

 1-3. A Depravação dos Tolos. Não há Deus. O uso da palavra insensato (nabal) não indica um ateu teórico, mas um ateu prático, que vive como se não existisse Deus. Para todos os propósitos práticos Deus não faz parte dos seus pensamentos. As palavras corrompem-se, abominações e se corromperam, todas apontam para a depravação de tal indivíduo, que é claramente descrito como o israelita típico desse período.

 4-6. A Corrupção do Sacerdócio. Não entendem. Aqueles que têm falta de conhecimento de Deus são possivelmente os sacerdotes, que comem o ao da propiciação e deviam invocar a Deus. Em vez disso estão se transformando em obreiros da iniqüidade (cons. Os. 1:4.6). Em lugar de orientar o povo de Deus, eles o devoram. A linhagem do justo obviamente se refere a seu povo, enquanto os humildes têm um lugar especial no refúgio divino.

7. A Esperança do Livramento. Oxalá . . . ! Esta oração pode ter sido acrescentada com propósitos litúrgicos. Ou talvez expresse o primeiro vislumbre de esperança do salmista neste período de trevas. Fazer voltar os cativos deve significar simplesmente "restaurar a sorte". Não importa quando este versículo tenha sido composto, ele serve de conclusão adequada.

Salmo 15. O Hóspede de Deus

     Este salmo da Sabedoria é um comentário sobre a obrigação do homem para com Deus e para com o seu próximo conforme estipulada em Dt. 6:5 e Lv. 19:18. Trata das qualificações morais e éticas que admitem o crente à presença de Deus. O antigo costume de desafiar a idoneidade de um crente talvez se reata aqui. Talvez o sacerdote fizesse as perguntas do versículo 1, o crente respondesse com algo parecido ao que está aqui e o sacerdote concluísse o desafio cem a promessa final do versículo 5b. Alguns intérpretes atribuem a pergunta ao crente, sendo a resposta e a promessa a réplica costumeira dos sacerdotes aos crentes que entravam no Templo. A primeira forma parece mais aceitável.

1. A Pergunta Pertinente. Quem, Senhor...? A pessoa que deve comparecer à presença divina tem de enfrentar francamente esta pergunta dupla. A prática de armar tendas no Monte Moriá deve ter sido permitida aos peregrinos em certos períodos da história de Israel. Contudo, as perguntas paralelas enfatizam que os padrões divinos devem ser cumpridos se um homem quiser ser hóspede de Deus.

2-5b. A Resposta Aceitável. O que. A questão da integridade e justiça relaciona-se com as obrigações do homem para com Deus, enquanto a verdade e demais virtudes referem-se aos deveres do homem para com o seu próximo. Combinando os análogos, integridade e justiça, toma-se possível descobrir o decálogo ético nas fases desta seção.

5c. A Promessa Sacerdotal. Quem deste modo procede. Aquele que preenche o padrão divino deve ser aquele que deste modo procede. Tal pessoa não apenas ube o que Deus espera do seu hóspede, :nas também põe tais princípios em prática. A nota da estabilidade dá ao salmo um clímax adequado.

Salmo 16. A Alegria da Lealdade

     Esta canção da fé é uma declaração sincera da alegria que vem da fidelidade e lealdade. O autor viveu em tempos de extensa apostasia e idolatria. Contra esse cenário ele destaca sua felicidade suprema e a situação angustiosa daqueles que escorregaram para a idolatria. Sua grande esperança amplifica sua atual confiança em Deus. O salmo é atribuído por Pedro (Atos 2: 25) e por Paulo (Atos 13:35, 36 ) a Davi, quando se referem ás suas profecias sobre a ressurreição do Messias.

1-4. A Alegria de Servir. Guarda-me, ó Deus. Esta oração não é por livramento de algum inimigo mas por continuidade da felicidade que ele já descobriu. Seu deleite está nos santos, enquanto confia em Deus. Em contraste está o estado de tristezas multiplicadas que é a porção daqueles que buscaram outros deuses.

5-8. A Alegria da Fé. Porção ... herança . . . divisas. Estas figuras todas se referem á divisão da terra em lotes, por meio da qual os levitas não receberam dotação específica. Junto com a figura do cálice da felicidade do escritor, essas figuras completam a herança realmente linda porque Deus é a sua porção melhor. Sua estabilidade se baseia na liderança constante de Deus.

9-11. A Alegria da Esperança. Alegre-se, pois. Com base em sua alegria presente, o salmista usa frase após frase para demonstrar a base de sua alegre esperança. O seu coração, espírito (melhor que glória E.R.C.) e corpo, tudo reage na expectativa desta esperança. O versículo 10a não apresenta uma referência bem definida a uma vida após a morte, porque a primeira frase ficaria melhor traduzida assim: "Pois tu não abandonarás a minha alma no Sheol"; mas o versículo 10b deve-se referir a uma outra pessoa que não o salmista ao dizer: "nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção". O versículo 11 aponta para uma continuação da vida feliz que ele já veio a conhecer na presença do Senhor.

Salmo 17. A Vindicação dos Justos

      O salmista aqui lamenta o injusto tratamento que recebeu nas mãos dos seus inimigos. A causa do seu problema não é conhecida, sabendo-se apenas que ele é inocente das acusações levantadas contra ele. Deus é claramente seu último tribunal de apelação, sua única esperança. Sua confiança absoluta em Deus está demonstrada por todo o salmo, mas especialmente no versículo final. 1-5. Um Apelo por Justiça. Ouve . . . a causa justa. O salmista ora em primeiro lugar para que Deus ouça, atenda e dê ouvidos ao seu lado da história, a qual ele apresenta, declara, com lábios livres de mentiras. Seu clamor é apenas no sentido de receber sentença justa dAquele que sabe da sua inocência. Deus o tem sondado, provado e visitado e continuará percebendo que não tem culpa.

6-12. Um Apelo por Misericórdia. Mostra as maravilhas da tua bondade. O salmista repete o seu clamor, desta vez com referência direta aos seus inimigos. Ele requer que Deus demonstre sua bondade, que o guarde em segurança e que o esconda daqueles que se levantam contra ele. Ele descreve seus inimigos em termos que destacam o contraste entre ele e aqueles.

13-15. Um Apelo por Livramento. Livra . . . a minha alma. O passo seguinte é naturalmente o verdadeiro livramento deste sofredor e a destruição resultante do inimigo ímpio. O salmista pede ação decisiva para desapontar e arrasar o inimigo em declarada vindicação a seu favor. Quando acordar pode-se referir à manhã do dia seguinte a esta experiência ou a uma visão de Deus além do sono da morte.

Salmo 18. A Gratidão do Vencedor

     Tal como o Salmo 14, este salmo pode ser comparado com outra passagem que, neste caso, é II Samuel 22. O salmista repetidamente fala de sua ação de graças e sua confiança em Deus.

1-3. Hino de Louvor Introdutório. Eu te amo ... invoco. Este louvor baseia-se na total percepção do que Deus significa para ele. Estas figuras de linguagem mostram Deus como ajudador-defensor, não como o instigador da agressão.

4-19. Um Quadro do Livramento Divino. Livrou-me. Quando o salmista, no seu desespero, clamou ao Senhor por ajuda, a terra tremeu, o Senhor trovejou e o livramento veio. Em figuras pitorescas como aquelas que descrevem a teofania por ocasião da entrega da Lei no Monte Sinai (Êx. 19:16-18; 20:18, 21; 24:16-18), apresenta-se o poder de Deus.

 20-30. A Base Deste Livramento. Segundo a minha justiça. O livramento aqui está claramente considerado como recompensa da justiça, pureza das mãos, fidelidade e honestidade. Esta avaliação pessoal é mais comparativa que absoluta. Tudo isto é possível através da confiança em Deus.

31-45. Um Quadro de Profunda Gratidão. O Deus que me revestiu de força. O crédito da vitória está explicitamente concedido a Deus. Ele preparou o caminho, ensinou, treinou e conduziu à batalha.

46-50. Um Hino de Louvor Final. Exaltado seja o Deus da minha salvação. Toda honra e todo o louvor são devidos a Deus somente.

Salmo 19. A Glória de Deus no Firmamento e no Coração

    Este salmo está claramente dividido em duas seções distintas, o que sugere que seja composto de dois poemas. A primeira parte (vs. 1-6) usa um nome semítico genérico para Deus (El, enquanto a segunda usa o nome convencional especial (Yahweh). Em assunto, estilo e forma as duas seções se diferenciam. Contudo, a ligação foi feita com perícia; a exaltação que o salmista faz da revelação da natureza funde-se com a sua exaltação da lei de Deus em um único glorioso hino de louvor.

 1-6. O Testemunho dos Céus. Os céus . . . o firmamento . . . o sol. Cada um destes tem a sua parte na revelação do mistério da glória de Deus. Em constante revelação, de dia e de noite, a expansão dos céus revela a excelência da obra criadora de Deus. O sol surge como o membro mais importante do coro celeste, percorrendo o seu determinado caminho de testemunha. Ainda que figuras semelhantes abundem na literatura acadiana descrevendo Shamash, o deus-sol (ANET, págs. 91, 116, 179, 387-389), o salmista claramente considera o sol como um agente de Deus na revelação de Sua glória.

 7-10. O Testemunho da Tora. A lei do Senhor. O salmista usa aqui seis nomes para descrever o todo da revelação interior de Deus. A palavra torá (lei) incorpora algo mais que uma lista de preceitos escritos; inclui todos os ensinamentos divinos. Com o uso de adjetivos e frases participais, o salmista descreve a excelência da revelação de Deus, que ultrapassa até o ouro ou o mel. 11-14. A Aplicação Pessoal. Absolve-me. O ensinamento moral de Deus, que serve de advertência pode levar uma pessoa á recompensa desejada. Meditar sobre os ensinamentos divinos é como olhar num espelho que torna visível o homem interior. Portanto, o salmista termina pedindo a força necessária para vencer todo tipo de pecado e se tornar aceitável.

Salmo 20. Suplicando Vitória

    Tanto na estrutura como no conteúdo este salmo real está muito intimamente ligado com o Salmo 21. O último age como um resultado da ação de graças pela oração respondida. O rei é a figura central, enquanto sua vitória ocupa a atenção dos seus súditos. É bem possível que fosse arranjado para cântico antifonário, com a congregação ou o coro dos levitas cantando os versículos 1-5 e 9. Um sacerdote ou levita poderia enunciar as palavras de conforto dos versículos 6-8. Todo o salmo expressa completa confiança em Deus.

 1-5. Oração pelo Rei. O Senhor te responda. Embora a oração seja dirigida ao rei, também é um ato de intercessão pelo rei. Isto descreve um passo vital na preparação para a batalha, quando o rei oferecia os seus sacrifícios ao Senhor e recebia a certeza da bênção divina.

6-8. Oráculo de Garantia. Agora sei. Após um intervalo, possivelmente o período durante o qual os sacrifícios eram oferecidos, a resposta confiante do salmista brota na forma de um oráculo profético. O uso do tempo perfeito profético fornece a necessária garantia divina ao rei e aos crentes. O exército agora está preparado para avançar em o nome do Senhor.

9. Coro Final. Ó Senhor, dá vitória ... A LXX faz uma declaração mais literal: Ó Senhor, salva o Rei e responde-nos quando clamamos. Poderia ter sido cantado por toda a congregação ou pelo coro dos levitas.

Salmo 21. Ação de Graças pela Vitória

     Este salmo real age como resultado natural do Salmo 20, uma vez que a súplica se transforma em ação de graças por causa da recente vitória. O mesmo arranjo antifonário pode ter sido usado em sua adaptação para o culto no templo. Alguns comentadores têm sugerido que a ocasião era o aniversário (cons. v. 4) ou a coroação de um rei (cons. v. 3).

1-7. Ação de Graças por Oração Respondida. O rei se alegra. O coro da congregação ou do templo dirige uma oração de gratidão a Deus por sua vitória extraordinária. Cada versículo contribui á lista das coisas que Deus fez pelo rei e através dele. Todas essas bênçãos são diretamente relacionadas com a completa confiança do rei em Deus.

8-12. Confiança no Futuro. A tua mão. As palavras agora estão dirigirias diretamente ao rei, mas ainda em atitude de adoração. A ação de graças continua em termos de vitórias antecipadas até que finalmente todos os inimigos sejam destruídos.

13. Doxologia Final. Exalta-te. Novamente o coro junta-se em uma expressão final de gratidão profundamente sentida e louvor unido, retornando ao quadro de força do versículo 1.

Salmo 22. Triunfo no Sofrimento

      Este salmo é o primeiro daqueles que às vezes são chamados de Salmos da Paixão. O uso da exclamação introdutória por Cristo na cruz e a espantosa fraseologia dos versículos 6-8 e 13-18 tornou este salmo especialmente importante para os cristãos. Há dentro dele uma estranha mistura de louvor e lamentos. Não há referências ao pecado como causa do problema, nenhuma declaração de inocência, nenhuma reivindicação de justiça e nenhum sentimento de vingança. Por isso as palavras são peculiarmente apropriadas ao Messias sofredor, embora em seu significado primário se baseassem em alguma experiência do salmista.

1-18. Seu Sofrimento Pessoal. Deus meu, Deus meu, porque . . . ? Este apelo inicial, no hebraico, foi feito em uma pergunta de apenas quatro palavras (Elí Elí lamâ 'azabtaní). Essas palavras foram citadas por Jesus na cruz, em aramaico. Observe que o salmista não perdeu a fé mesmo enquanto descrevia seu intenso sofrimento e perseguição. Ele se sente abandonado por Deus mas sabe que Deus está perto. Depois de citar a confiança de seus antepassados e o livramento que receberam, ele descreve a insolente ação dos seus inimigos.

 19-21. Seu Apelo por Livramento. Não te afastes de mim. Esta idéia ocorre pela terceira vez em um apelo declarado Pela ajuda divina. Apressa-te em socorrer-me; livra a minha alma e salva-me todos indicam a urgência de sua necessidade,

22-26. Sua Pública Ação de Graças. Declararei. Este voto descreve a transição do seu sofrimento para a sua expressão de louvor. Seu desejo é agora reconhecer publicamente na dependência de Deus e proclamar seu próprio livramento pessoal.

27-31. Sua Alegre Antecipação. Os confins da terra. Cheio de esperança, o salmista vê o círculo se alargando para incluir toda a humanidade e as futuros gerações. Suas esperanças pessoais incluem a nação e então o mundo. De acordo com a mais alta esperança de Israel, a humanidade se voltará para Deus em adoração (cons. Is. 40:7; Fp. 2:10) com base sobre o que ele (o Senhor) tem feito.

Salmo 23. Meu Pastor

     Este salmo não tem comparação quando tomado como a canção da fé. É impossível avariar seus efeitos sobre o homem através dos séculos. Dor, tristeza e dúvida têm sido afastadas por meio de sua poderosa afirmação de fé. Paz, satisfação e confiança têm sido as bênçãos recebidas por aqueles que partilham da sublime confiança do salmista. Embora a linguagem seja simples e o significado claro, ninguém foi capaz de exaurir a mensagem do poema ou melhorar sua beleza tranqüila.

 1-4. Deus como o Pastor Pessoal. O Senhor é o meu pastor. Uma longa experiência de confiança em Deus jaz por trás dessas palavras. O rico relacionamento de Israel como um todo com Deus é tomado como realização individual. O quadro de um pastor fiel é a epítome do terno cuidado e contínua vigilância. A ovelha instintivamente confia no pastor quanto às necessidades do dia seguinte. O aspecto mais notável desta metáfora extensiva é a orientação sábia do pastor. Ele conduz ao descanso e à restauração, pelas lutas da vida e através de lugares perigosos. O pastor cuida assim das necessidades da vida e afasta o temor do perigo.

5-6. Deus como o Hospedeiro Benévolo. Preparas uma mesa. O escritor introduz uma metáfora secundária para expressar melhor a sua confiança. A cena muda para mostrar o salmista como hóspede de honra na casa de Deus, desfrutando de calorosa hospitalidade característica no Oriente. Ele está sob a proteção de Deus. Sua cabeça é ungida com azeite perfumado. Cada uma de suas necessidades é completamente satisfeita. Com base nesta verdade, cada momento de sua vida será preenchido com as mais ricas bênçãos de Deus. A maior das bênçãos será uma comunhão íntima com Deus através de contínua adoração.

Salmo 24. Uma Antema Inaugural

       Este é um dos hinos mais majestosos e imponentes de todo o Saltério. Por causa de diversas mudanças abruptas no assunto, muitos têm julgado que este salmo tenha sido composto de seleções de três poemas originalmente independentes (vs. 1, 2; 3-6; 7-10). Embora isto possa ter sido assim, o salmo agora é uma unidade apropriada. A ocasião tem sido associada com a Festa dos Tabernáculos, com um festival anual do Ano Novo, a dedicação do Templo e a transferência da arca para Jerusalém. É muito provável que este salmo, como muitos outros, fosse usado antifonariamente.

1,2. O Coro Processional. Ao Senhor pertence a terra. Esta ênfase dada à soberania de Deus sobre a terra habitável e todas as criaturas é uma advertência digna de atenção contra o limitar-se Deus a uma cidade ou templo. Essas palavras eram provavelmente cantarias em muitas ocasiões por grupos que se aproximavam da cidade de Jerusalém.

3-6. Os Requisitos para a Adoração. Quem subirá ... Quem há de permanecer? Um reconhecimento do Criador. Deus, na qualidade de soberano de toda a terra, não deve ser buscado levianamente. As exigências morais para nos aproximarmos de Deus são cuidadosamente estipuladas por meio de perguntas semelhantes às do Salmo 15. Os mesmos elevados padrões éticos de conduta são exigidos, com ênfase especial sobre o caráter da adoração. As perguntas e respostas eram provavelmente cantadas por sacerdotes ou levitas, enquanto o versículo 6 devia ser usado como coro.

7-10. A Entrada Divina. Levantai, ó portas, as vossas cabeças. A parte superior das portas é considerada baixa demais para o rei divino entrar. Para que entre o Rei da Glória. A convocação dos porteiros simboliza a verdade de que a presença de Deus têm de ser evidente. Então o desafio de identificar este Rei é cantado por outro grupo ou por um individuo sobre o muro da cidade. A poderosa resposta pode bem ter sido a resposta da congregação claramente identificando este Rei como o Senhor. Depois da segunda convocação e desafio, a resposta ecoa clara - O Senhor dos Exércitos (Yahweh Seba'ôt). Ele é o Rei da Glória.

Salmo 25. Uma Oração em Acróstico

     Pedindo Auxílio Este salmo, a súplica de um individuo, emprega as letras do alfabeto hebraico por estrutura. É difícil reconhecer aqui a ordem lógica do pensamento por causa da necessidade de começar cada versículo com a subseqüente letra do alfabeto. Só temos três lugares em nosso presente texto (vs. 2, 5 18) onde o acróstico é interrompido. O estilo é simples, direto, em forma de oração e humilde.

1-7. Uma Oração por Proteção. A ti, Senhor. A base desta petição por proteção é a simples confiança do salmista em Deus. Embora seus inimigos não tenham triunfado sobre ele. são uma constante ameaça. Ele apela para a misericórdia e bondade de Deus, que se revelaram na história.

8-10. Uma Meditação sobre o Caráter de Deus. Bom e reto é o Senhor. Essas e outras características divinas podem ser percebidas de Sua ação na história. Por causa de Sua justiça, bondade e verdade, Ele guiará e ensinará os homens a andarem por esses mesmos caminhos.

11-14. Uma Meditação sobre o Relacionamento do Homem para com Deus. A intimidade do Senhor. Após uma pequena oração pedindo perdão, o salmista medita sobre o segredo do relacionamento adequado do homem para com Deus. Isto ele descobre ser o temor do Senhor – esse relacionamento reverente e confiante tão freqüentemente mencionado nos Provérbios.

 15-22. Uma Oração por Livramento. Volta-te para mim. Usando verbos pitorescos (tirar, voltar-se, aliviar, perdoar, considerar, guardar, preservar), o escritor ora pedindo que Deus o livre. Uma conclusão adequada para o salmo se encontra na visão ampliada do versículo 22, onde pede-se a Deus que redima a nação e também aquele que ora. Se este versículo for tomado como parte integrante do salmo original, ele forma o clímax do pensamento. Se, contudo, for tornado como adição, serve para adaptar o salmo para uso corporativo.

Salmo 26. A Oração do Adorador

    Este lamento torna evidente que havia um conflito entre os grupos religiosos em Israel. Alguns comentadores sugerem que uma epidemia está envolvida nos antecedentes. Mesmo que isso seja verdade, os protestos do salmista quanto à sua integridade apontam para uma sociedade na qual os ímpios têm ascendência. Este salmo, embora mais individual que corporativo, poderia bem ter sido usado por um grupo piedoso em tempo de aflição.

 1-7. Um Protesto de Inocência. Faze-me justiça, Senhor. O salmista está tão certo de sua integridade que busca o juízo divino; pede a Deus que o examine, prove, sonde. Ele proclama ter andado na verdade, ter evitado qualquer contato com judeus renegados e de ter participado regularmente nos cultos. Tudo isto contrasta agudamente com a conduta dos seus inimigos.

8-12. Uma Oração por Vindicação. Não colhas a minha alma com a dos pecadores. Ele não pede que a morte seja afastada, mas que ele não seja colocado junto com os ímpios, os quais ele teve tanto cuidado de evitar em vida. Nesta oração por tratamento especial, ele ora a Deus para que o livre e seja misericordioso porque pretende continuar andando em integridade, permanecer firme e bendizer o Senhor publicamente.

Salmo 27. Um Hino de Fé

     O marcado contraste entre os versículos 1-6 e 7-14 tem levado muitos comentaristas a classificar este salmo como composto. Tanto o conteúdo como o espírito dessas seções são vastamente diferentes. O espírito muda da confiança alegre para o temor ansioso. Contudo, dois elementos ligam essas partes tão diversas - inimigos semelhantes e fé em Deus.

1-3. Fé Incondicional. O Senhor é a minha luz e a minha salvação. Essas palavras exultantes introduzem uma cena de serenidade. Em nenhum outro lugar do V.T. o Senhor é chamado de minha luz. Tendo o salmista descoberto que Deus é a sua luz, salvação e fortaleza, não há lugar para o medo e o terror. Sua serenidade não está condicionada pelas circunstâncias, mas é incondicional.

4-6. O Maior Anseio da Vida. Uma coisa peço ao Senhor. A única coisa desejada não pode ser igualada ao templo, como muitos comentaristas sugerem. Deve se referir a uma base para o desejo triplo. Essa base ou denominador comum é muito provavelmente a presença do Senhor, que o salmista deseja e busca. A percepção desta presença torna-se viável pela habitação na casa de Deus, contemplando a Sua beleza e meditando no seu Templo. Esta mesma presença resulta na segurança em tempo de aflição.

7-14. Um Grito de Temor e Ansiedade. Ouve, Senhor. Essas palavras mudam completamente a disposição do triunfo para o profundo desespero quando introduzem uma nova situação. Embora o salmista tenha sido abandonado e rejeitado, sua confiança não vacila. Das profundezas do desespero, ele se recorda que precisa ter paciência para esperar que Deus opere a Sua vontade.

Salmo 28. Uma Oração Respondida

     Este salmo, como muitos outros lamentos, trata da luta entre aqueles que já pertencem à fé tradicional e aqueles que são afetados por influências externas. O salmista tem profundo temor de vira sofrer o destino que deveria sobrevir aos seus antagonistas perversos. Que ele considera sua oração respondida está óbvio na mudança do versículo 6.

1,2. Apelo a Ser Ouvido. Não sejas surdo ... ouve-me. O salmista apela a Deus a que ouça e responda. Para um hebreu, a falta de resposta costumava indicar que Deus não ouvira sua petição. A natureza urgente do grito do salmista está enfatizada pelo seu temor de que morra se Deus não responder.

3-5. Oração por Intervenção. Não me arrastes . .. retribui-lhes o que merecem. Sua primeira oração é proteção contra seus inimigos ímpios. Contudo, sua ênfase muda rapidamente para um pedido de retribuição para esses inimigos.

6, 7. Ação de Graças por Oração Respondida. Bendito seja o Senhor. A razão desta explosão de louvor deve-se entender que seja a resposta divina ao apelo dos versículos 1 e 2. Esta ação de graças deve ter sido acrescentada mais tarde pelo salmista. Ou pode ser a expressão de uma confiança mais intima de que Deus realmente ouvira e já não permaneceria silente.

8,9. Aplicação à Nação. O Senhor é a força. O fato de Deus ser a força do salmista encontra aplicação para a nação e o rei. Isto pode muito bela significar uma adição posterior destinada a adaptar a expressão de fé individual ao culto conjunto.

Salmo 29. A Glória de Deus na Tempestade

      Em poesia imponente, este hino de louvor aponta para a tempestade como sendo mais uma evidência da glória de Deus. Observações de segurança são constantemente entremeadas corri frases descritivas da onipotência de Deus. Raramente um salmista exibe maior poder poético descritivo do que aquele que escreveu este salmo sobre a natureza. Os íntimos paralelos de terminologia com poemas cananitas de 1400-1300 A.C. descobertos em Ugarit na Síria indicam que este salmo é pelo menos tão antigo quanto Davi, mas o salmista reconhece Yahweh somente como o Deus verdadeiro.

1,2. Chamado à Adoração. Adorai o Senhor. Toda a hoste celestial recebe a exortação de tributar ao Senhor glória e força. Esta adoração deve ser feita com ordem santa. Muitos comentaristas crêem que usando o termo benê 'elim (ó vós poderosos) que poderia ser traduzido como “filhos de Deus”, o autor esteja convocando os anjos. Mas outros crêem que o povo de Israel, como filhos de Deus, é o que se pretende (cons. Dt. 14:1; Sl. 82: 6).

3-9. A Voz Sétupla. A voz do Senhor. Esta frase foi usada sete vezes para expressar o trovão da tempestade. Não é a ira de Deus mas seu poder majestoso que dá andamento à tempestade. Ela começa sobre o Mar Mediterrâneo com poder e majestade. Depois move-se sobre as montanhas para o norte da Palestina e sobre o deserto para o sul. A descrição do efeito sobre as árvores, montanhas, deserto e animais é seguido pelo coro de "glória" que parte da adoração do homem.

10, 11. Conclusão. O Senhor abençoa. Enquanto Deus se assenta em toda a sua glória (v. 9), Ele garante ao Seu povo as duas coisas que mais ele precisa – força e paz. Já não se contendo, o salmista quer que todos saibam da mudança operada em sua vida – do pranto à dança, do pano de saco à alegria, do silêncio ao louvor.

 Salmo 30. Louvor pela Cura Divina

     Este Salmo conta a experiência de alguém que acabou de escapar da morte, tendo sido libertado de uma séria enfermidade. Seu notável restabelecimento produz ação de graças cheia de alegria e leva-o a refletir sobre as lições que aproveitou do seu sofrimento.

1-3. Louvor pelo Restabelecimento. Eu te exaltarei, ò Senhor. A objeção do salmista é, claramente, de exaltar o Senhor porque foi salvo do Sheol e da sepultura. Ele dá todo o crédito a Deus pelo seu livramento. Aqui há contudo, inimigos que surgem em cena e que se regozijam com o sofrimento de um homem justo.

 4, 5. Uma convocação para Recordar. Salmodiai . . . e dai graças. Por causa de sua experiência pessoal. com Deus, o salmista convoca os santos a que se lhe juntem no louvor. São aqueles que têm a mesma mente e que estão ligados ao Senhor pela aliança. insiste-se com eles a que rendam graças ao seu santo nome. A frase em seu favor há vida também pode ser traduzido assim: o seu favor dura a vida inteira. Esta tradução contrasta o momento da ira divina com uma vida inteira repleta dos Seus favores.

 6-10. O Sofrimento em Retrospecto. Jamais serei abalado. Antes de sua enfermidade, ele se vangloriara, em um espírito de autosuficiência. Seu orgulho desmoronou com a pressão da enfermidade. Contudo, a enfermidade teve o efeito de lhe abrir os olhos para a sua dependência de Deus, de modo que ele gritou por misericórdia e cura.

11,12. Louvor Renovado. Senhor, Deus meu, graças te darei para sempre.

Salmo 31. Uma Oração de Submissão

     Aqui, novamente, temos os fortes protestos de um indivíduo contra o tratamento desumano dos seus inimigos. A natureza geral dos seus sofrimentos (esp. vs. 1-8) toma este salmo a expressão de muitos crentes através dos séculos. A aparente mudança de tom no versículo 9 e o fato de que o alívio já veio, levou muitos comentaristas a sugerir autoria múltipla. Contudo, a última seção parece descrever um problema intensificado da parte do mesmo autor.

1-8. Um Apelo Confiante. Em ti . . . me refugio. É em Deus que o salmista tem se refugiado. Com base nisto ele pode apelar pela fé a que haja livramento e segurança. O uso que Jesus fez do versículo 5 na cruz tornou todo este salmo sagrado e memorável.

 9-18. Um Apelo Intensificado. Compadece-te de mim. Enquanto os versículos precedentes descrevem as misericórdias do passado, estes versículos apresentam a extrema necessidade do presente. Esta seção tem diversos paralelos notáveis com as experiências de Jeremias. O salmista tornou-se opróbrio e espanto para os seus amigos. Ele é um homem esquecido e jogado fora como um vaso quebrado. Nesta condição de solidão e desespero, seu único amigo é Deus e sua única esperança é entregar-se à misericórdia de Deus.

19-24. Espírito de Gratidão. Como é grande a tua bondade. A lembrança das misericórdias do passado e a certeza de auxilio contínuo suscitam palavras de louvor e bênção. Esta confiança em Deus estimulao a exortar os outros a amar o Senhor e a serem fortes.

Salmo 32. A Alegria do Perdão

     O salmista, neste segundo dos sete Salmos Penitenciais, fala claramente de sua própria experiência pessoal. Há apenas um sentido secundário no qual a aplicação pode ser corporativa. A verdadeira natureza do pecado é convincentemente percebida enquanto a liberdade feliz do perdão é uma realidade passada e presente. O propósito didático do salmista indica que o poema tem afinidade com os salmos da Sabedoria.

1,2. A Bênção do Perdão. Bem-aventurado. Literalmente, ó quão feliz. O pecador se alegra porque Deus o perdoou completamente. Observe as quatro palavras que falam do pecado: transgressão significa desobediência declarada ou rebeldia; pecado refere-se a errar o alvo; maldade (iniqüidade) implica em deformação ou perversidade; engano sugere enganar-se a si próprio, no contexto. Cada um deles é um aspecto de ofensa moral e é tratado pela misericórdia e perdão divinos.

3,4. O Fardo da Culpa. Enquanto calei. Seu silêncio anterior foi na realidade uma recusa de reconhecer seu pecado diante de Deus. Quer a enfermidade estivesse envolvida ou não, o salmista reconhecia que o castigo divino fez-se sentir. Não houve alívio, nem de dia nem de noite, enquanto ele se recusava a confessar o seu pecado diante do Senhor.

5. O Alívio da Confissão. Confessei-te . . . e tu perdoaste. Isto era sem dúvida mais um processo do que um ato instantâneo. Primeiro ele começou a reconhecer, a não esconder, e finalmente disse: "Eu confessarei". Observe a posição enfática do tu quando o escritor passa a ênfase para o que Deus faz.

6-11. A sabedoria da Experiência. Sendo assim. Por causa da disponibilidade do perdão divino, o salmista exorta os homens a orarem do mesmo modo. Com base em sua própria e profunda experiência, ele se torna um instrutor, um professor, e um guia, usando a linguagem de um sábio. O versículo 8 parece ser uma citação de um dos cânticos de livramento mencionados no versículo 7, de modo que é Deus quem guia e instrui o crente.

Salmo 33. Convocando a Congregação para Adorar

     Este salmo corresponde aos salmos nacionais do Livro V. À primeira vista parece estar fora de lugar aqui no Livro I, mas foi colocado aqui como resposta ao convite do versículo 11 no salmo precedente. A resposta traduz a experiência pessoal em um hino nacional de ação de graças. A presença de vinte e dois versículos sugere um relacionamento com o alfabeto hebreu, embora não haja arranjo de acróstico.

1-3. Chamamento à Adoração. Exultai . . . celebrai . . . louvai . . . entrai . . . tangei. A resposta dos justos toma a forma do culto público. A natureza do acompanhamento a ser usado, quanto ao tipo de instrumentos e intensidade de som, está explícita. A ocasião exige um cântico novo ou uma nova composição.

4-9. Louvor à Palavra de Deus. A palavra do Senhor. O verdadeiro louvor começa com uma lista dos atributos morais de Deus conforme evidenciados na história. Retidão, fidelidade, justiça, direito e bondade, tudo o descreve. O louvor continua enquanto o escritor descreve o poder criativo da palavra de Deus. A palavra é assim considerada como uma expressão do pensamento, vontade e ação do Senhor.

10-12. Louvor ao Conselho do Senhor. O conselho do Senhor dura para sempre. Em contraste com o fútil conselho dos pagãos, Deus escolheu e orientou Seu povo.

13-19. Louvor à Vigilância do Senhor. O Senhor olha. Deus olha, observa e considera tudo o que os homens pensam ou planejam. Ele entende as tramas dos homens perversos e o Seu olho que tudo vê reconhece as necessidades do Seu povo.

20-22. O Coro Final do Louvor. Nossa alma espera. O regozijo de todo o salmo se baseia na espera, na confiança e na esperança dos crentes reunidos.

 

Salmo 34. A Bondade do Senhor

     Este cântico de louvor é um acróstico, semelhante na estrutura do Salmo 25. É realmente extraordinário que ambos os salmos omitam a letra Waw e acrescentem um Pe extra no final. Quanto ao conteúdo ambos são cânticos de ação de graças, semelhantes no pensamento ao livro de Provérbios.

 1-3. Seu Convite ao Louvor. Engrandecei o Senhor comigo. A resolução de louvar a Deus continuamente é a base para levar outros a magnificar e exaltar o Senhor. Este convite é dirigido àqueles que são humildes e capazes de aprender.

 4-6. Seu Testemunho de Livramento. Chamou ... ouviu ... livrou. Partindo de sua experiência de primeira mão, o salmista ilustra a base deste louvor sincero. Seguindo a LXX e diversos manuscritos e versões, o versículo 5 poderia ser traduzido melhor assim: Olhem para mim e sejam iluminados, e seus rostos não ficarão envergonhados.

7-10. Sua Certeza de Bênção. Oh! provai, e vede. A "única maneira que os outros têm de tomar conhecimento das bênçãos é pondo Deus à prova. O salmista diz: "Ponham-no à prova e vejam". As verdadeiras bênçãos só vêm para aqueles que confiam, temem e buscam o Senhor.

11 -22. Sua Lição para Discípulos. Vinde, filhos ... eu vos ensinarei. Seu conhecimento experimental deu-lhe o direito de ensinar aos outros. Aqueles que são chamados de filhos são novamente os humildes e capazes de aprender, discípulos de todas as idades. O estilo é do método que compreende a pergunta e a resposta didática dos homens sábios. O tema é a retribuição conforme interpretada pelo judaísmo ortodoxo.

 

Salmo 35. Um Pedido de Vingança

     O salmista aqui fornece mais evidências de que Deus é o tribunal de apelo para os perseguidos em Israel. Parece que dois incidentes ou duas séries de incidentes são descritos. Os versículos 1-10 referem-se principalmente a atos físicos, enquanto os versículos restantes sugerem a cena de um tribunal. O poema está claramente dividido em três ciclos, cada um terminado por um voto de ação de graças. O salmista aparece como defensor através de todo o salmo, mas constantemente recomenda o castigo para seus inimigos.

 1-10. O Primeiro Apelo para o Julgamento. Contende, Senhor com os que contendem comigo. Na linguagem de guerra, o salmista roga por justiça em seus próprios termos. Ele expressa seu ressentimento, pedindo que seus inimigos sejam completamente derrotados, desacreditados, e apanhados em seus próprios laços. Ele conclui este ciclo com um voto de realmente regozijar-se no Senhor.

11-18. A Base para a Continuação do Apelo. Pagam-me o mal pelo bem. Isto parece pertencer a outra ocasião, embora possa ser uma seqüência do primeiro apelo. Os inimigos aqui são antigos amigos que se voltaram contra o escritor e se regozijam contra sua falta de sorte. Empregaram falsas testemunhas e zombaram dele, enquanto ele apenas fez o bem para merecer o seu mal. Novamente termina o ciclo com um voto de que irá publicamente louvar a Deus, se Ele tão somente o livrar.

19-28. O Segundo Apelo para O Julgamento. Julga-me, Senhor. O Salmista apela para que seus inimigos não possam mais zombar dele nem falar mal dele. Depois apela para que haja um julgamento final do caso para que seus inimigos recebam o tratamento de opróbrio e desonra que file dispensaram. Novamente conclui o ciclo com um voto de ação de graças.

 

 Salmo 36. Uma Lição de Contrastes

     Duas figuras destacadamente definidas, uma de piedade e outra de impiedade são apresentadas aqui. O estilo varia com o contraste nos temas. O salmista uM forma poética e linguagem rude para descrever o mal e forma suave com linguagem bela para descrever a Deus. Embora alguns comentaristas sugiram que dois diferentes poemas foram reunidos neste salmo, não há certeza nem necessidade disso. A linguagem e o pensamento da conclusão nos versículos 10-12 revertem ao padrão da primeira ação.

1-4. A Hediondez do Pecado. Não há temor de Deus. Isto parece ser a substância de um oráculo que descreve em essência o inimigo maligno do salmista. Os manuscritos e as versões diferem, não se podendo ter certeza se o oráculo é dirigido ao coração do salmista ou ao do homem perverso. Há também uma dúvida quanto ao sujeito de lisonjeia no versículo 2. Pode ser o homem perverso, a transgressão, ou Deus. O primeiro parece ser o preferível se o oráculo tem a intenção de alcançar o coração do salmista, enquanto a segunda possibilidade se enquadra melhor se o versículo 1 se refere ao coração do perverso. Os frutos óbvios da negação de Deus estão declarados nos versículos 3,4. 5-9. A Magnificência de Deus. A tua benignidade ... a tua fidelidade ... a tua justiça ... os teus juízos ... a tua benignidade ... na tua luz. Num fluxo belo e melodioso de palavras, esses diversos atributos divinos são comparados com os diferentes fenômenos da natureza e então Com a experiência humana. Além disso, fala-Se de Deus Como "o manancial da vida". Cada aspecto da glória de Deus está espiritualmente orientado a fim de produzir um dos quadros mais espirituais de Deus no Saltério.

10-12. O Triunfo do Amor. Continua a tua benignidade. Depois de uma pequena oração para que haja continuidade do procedimento divino para com o justo, o salmista descortina a derrocada final do perverso.


Salmo 37. Uma Vindicação da Providência

      Este Salmo está relacionado com a literatura da Sabedoria por seu caráter notavelmente didático. O problema principal para o salmista é a inconsistência relacionada com a prosperidade dos ímpios. Embora tentado a duvidar da bondade de Deus, o autor silencia seu próprio pensamento e a de seus ouvintes, apelando para a paciência e confiança. A organização é alfabética, semelhante em muitas maneiras ao acróstico dos Salmos 9 e 10.

1-11. Conselho para os Sábios. Não te indignes por causa dos malfeitores. O versículo de abertura apresenta a máxima básica para uma perspectiva amadurecida: Não se indigne nem tenha inveja daqueles que parecem prosperar apesar de ímpios. Em vez disso, o sábio confia, agrada-se, entrega-se, descansa e espera no Senhor. Eis aí a cura positiva para a indignação e a inveja.

12-20. O Destino dos Ímpios. O seu dia se aproxima. Na passagem anterior armou-se o cenário para esta proclamação de infortúnio com a declaração de que os ímpios só têm mais um pouco de tempo (v. 10). As diversas calamidades estão cuidadosamente catalogadas.

21-31. A Recompensa dos Justos. Possuirão a terra. Os mansos (v. 11), aqueles a quem o Senhor abençoa (v. 22) e os justos (v. 29) são os termos aplicados aos recipientes da recompensa prometida. A ilustração pessoal do versículo 25 é a única vez que o autor se afasta do estilo formal do salmo como um todo.

32-40. Contrastes de Retribuição. Presenciarás isso quando os ímpios forem exterminados. Enquanto os ímpios esperam uma oportunidade de apanharem o justo, no futuro o justo terá a sua oportunidade de observar. O fim do justo é paz, mas o fim do ímpio é a destruição.

Salmo 38. A Lamentação do Sofredor

      Embora este salmo seja uma lamentação pessoal, também está classificado como um dos sete Salmos Penitenciais. O escritor se queixa de uma seria aflição física agravada pela angústia mental e pelo abandono sofrido. Ele aceita o fato dos seus sofrimentos como retribuição merecida pelos seus pecados. Abandonado e desanimado, ele busca a Deus como a última e única esperança. 1-8. O Sofrimento por causa do Pecado. Não há parte sã na minha carne, por causa da tua indignação. O salmista não discute com Deus nem proclama sua inocência. Ele roga por misericórdia, para que o seu fardo seja aliviado. Seu sofrimento é sem dúvida por causa do meu pecado. A seriedade do seu mal está indicado pela descrição que se faz de uma doença da pele comparável à de Jó. 9-14. O Sofrimento por causa da Perseguição. Afastam-se . . . armam ciladas . . . dizem coisas perniciosas. Estas palavras descrevem o tratamento dispensado por aqueles que antes eram seus amigos. Seus amigos e companheiros e os seus parentes, todos guardam distância. Seus inimigos aproveitam-se do seu desespero e condição de fraqueza. Esta fase do seu sofrimento também é semelhante às circunstâncias enfrentadas por Jó, pois os amigos o abandonaram ou deixaram de lhe dar o devido apoio.

15-22. A Esperança da Libertação. Pois em ti, Senhor, espero. O autor não tentou refutar seus inimigos por causa de sua esperança que está em Deus somente. Depois de repetir sua confissão de pecado, ele profere novamente o seu pedido de misericórdia.


Salmo 39. Um Apelo por Forças

     Isto parece ser uma seqüência do salmo anterior. Contudo, o autor não precisa ser necessariamente o mesmo em ambos os casos, uma vez que foi o arranjo dos salmos dentro desta coleção que lhes deu esta continuidade. Embora penitencial no caráter, este poema não está incluído entre os sete Salmos Penitenciais. Existem certas afinidades com a experiência de Jó no que se refere ao sofrimento do salmista como também um paralelo com o livro de Eclesiastes quanto à visão da vida.

1-3. Uma Resolução de Auto-Controle. Porei mordaça à minha boca. Por causa do golpe divino mencionado no versículo 10, o salmista sente-se dolorosamente tentado a se queixar de Deus. Tal como Jó, ele deve reprimir a tentação de acusar Deus totalmente. A presença do ímpio sugere uma fonte externa de tentação e a possibilidade de prejudicar grandemente a causa dos justos através de lamentações públicas.

 4-6. Uma Oração pedindo Entendimento. Dá-me a conhecer, Senhor. O objetivo de sua oração é ter entendimento para compreender a fragilidade e a vaidade da vida. Ele dá vazão aos seus sentimentos e pensamentos relativamente à vaidade das aspirações humanas. Ele espera ser conduzido de volta à uma confiança sossegada em Deus que desfaria esses pensamentos inúteis.

7-13. Um Pedido de Misericórdia. Senhor ... livra-me. Com base em suas esperanças atuais em Deus, ele pode pedir a Deus: Livra-me ... tira de sobre mimo teu flagelo ... ouve . . . desvia. Estes pedidos são completamente diferentes dos pensamentos anteriores. O reconhecimento e a confissão dos seus pecados deram um sentido de humildade que não era possível anteriormente.


Salmo 40. Um Novo Cântico de Louvor

       Eis aqui uma nova e boa ilustração do método usado na compilação de nosso atual saltério. Uma leitura do salmo logo indica a súbita mudança do louvor pela oração atendida para o pedido por imediato livramento, no versículo 12. Que um novo salmo começa aqui, verificase pelo uso dos versículos 13-17 como no Salmo 70. Embora o último possa ter sido extraído deste salmo em sua forma atual, a identidade separada do versículo 12 é óbvia. 1-3. Uma Experiência de Oração Respondida. Esperei . . . ele se inclinou . . . e me ouviu. Após um período de espera, o salmista foi livrado de grandes problemas. Talvez fosse uma enfermidade ou qualquer outra situação onde a morte parecia iminente. Esta experiência proporcionou-lhe um novo cântico que inspirada confiança em Deus.

 4, 5. O Tema do Cântico. São muitas . . . as maravilhas que tens operado. Embora o salmo comece, como o Salmo 1, com uma bemaventurança, o tema da bondade divina predomina no louvor do salmista. Seus maravilhosos feitos e pensamentos são grandes demais para serem descritos e numerosos demais para serem contados.

6-11. A Reação diante do Novo Cântico. Agrada-me fazer a tua vontade. É o novo cântico e a experiência por trás dele que leva o salmista a olhar para além do sistema sacrificial. Os quatro sacrifícios básicos e ofertas do versículo 6 são inaceitáveis para apresentação da verdadeira gratidão e louvor. As profundezas da experiência do escritor encontram-se nesta proclamação declarada da natureza e obra do Senhor. O autor de Hebreus cita estas palavras aplicando-as a Cristo (Hb. 10:5- 7).

12-17. Pedido de Livramento. Dá-te pressa, ó Senhor, em socorrer-me. O versículo 12 parece ser um elo de ligação entre esses dois poemas e uma introdução ao pedido de auxílio. Quase todas as frases nesta seção encontram-se em outros salmos como também no Salmo 70. Este uso de outras fontes faz agudo contraste com a originalidade dos versículos 1-11. Contudo, a grande necessidade do salmista não é menos real. Depois de rogar por atenção imediata, ele pede que seus inimigos sejam ... envergonhados e cobertos de vexame . . . tornem atrás e cubram-se de ignomínia. . . sofram perturbação.

Ele ainda pede que aqueles que buscam a Deus possam se regozijar justamente e magnificar o Senhor. Percebendo sua própria falta de capacidade, ele confia em que Deus se lembre dele e se comprove ser o seu ajudador e libertador.


Salmo 41. Ação de Graças por Cura e Vindicação

      Um indivíduo que acabou de recuperar a saúde, após uma séria enfermidade, expressa aqui sua ação de graças. Não é uma ação de graças simples pois está influenciada pela escola da Sabedoria nos versículos introdutórios e reverte em uma lamentação ao descrever sua situação desesperadora. Contudo, o perigo agora já é passado e a recuperação está assegurada.

1-3. Meditação sobre a Libertação Divina. Bem-aventurado o que acode ao necessitado. Esta beatitude corresponde ao "bem-aventurados os misericordiosos" do Sermão da Montanha. Tal homem é libertado, preservado, abençoado e fortalecido por Deus. O salmista se reconhece como ilustração do caso que apresenta.

4-9. Oração por Restauração. Disse eu . . . sara. Seu apelo inclui um pedido de misericórdia e cura verdadeira. Observe que uma confissão de pecado torna a oração completa. Seus inimigos deleitaram-se grandemente à vista de suas aflições. Até um amigo íntimo virou-se contra ele, e como Judas Iscariotes traiu seu Mestre e Amigo (cons. Jo. 13:18; Atos 1:16).

10-12. Oração por Vingança. Levanta-me, para que eu lhes pague. Esta não é uma oração para que Deus puna aqueles que se aproveitaram dele. Ele pede força para fazê-lo por si mesmo! É só por meio de tal vitória que ele pode sentir a certeza do favor divino.

13. Bênção. Bendito seja o Senhor. Este subscrito indica o final do Livro I do Saltério.

                                                 Salmos

                                                Comentário Bíblico Moody



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