domingo, 27 de setembro de 2020

Introdução aos Livros Poéticos

 


TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Salmo 147.1-11

1 - Louvai ao Senhor, porque é bom cantar louvores ao nosso Deus; isto é agradável; decoroso é o louvor.

2 - O Senhor edifica Jerusalém; congrega os dispersos de Israel;

3 - sara os quebrantados de coração e liga-lhes as feridas;

4- conta o número das estrelas, chamando-as a todas pelos seus nomes.

5 - Grande é o nosso Senhor e de grande poder; o seu entendimento é infinito. 6 - O Senhor eleva os humildes e abate os ímpios até à terra.

7 - Cantai ao Senhor em ação de graças; cantai louvores ao nosso Deus sobre a harpa.

8 - Ele é que cobre o céu de nuvens, que prepara a chuva para a terra e que faz produzir erva sobre os montes;

9 - que dá aos animais o seu sustento e aos filhos dos corvos, quando clamam. 10 –

10 – Não se deleita na força do cavalo, nem se compraz nas pernas do homem.

11- O Senhor se agrada dos que o temem e dos que esperam na sua misericórdia.

TEXTO ÁUREO 

Porque ele fortaleceu os ferrolhos das tuas portas; 

abençoa aos teus filhos dentro de ti.

OBJETIVOS

 Ao termino do estudo bíblico o aluno deverá ser capaz de:

COMPREENDER que os Livros Poéticos são assim denominados porque possuem um estilo baseado na, literatura poética, que faz uso abundante de metáforas e linguagem figurada;

ENTENDER que o Espírito Santo, providencialmente, usou a poesia para tratar de temas universais da raça humana e falar ao coração de cada pessoa individualmente;

 CONSCIENTIZAR-SE de que, por intermédio do estudo desses livros, podemos encontrar a verdadeira sabedoria e o real sentido da vida.

 COMENTARIO

 Palavra introdutória

Os poetas são pessoas de grande criatividade e habilidade no uso da linguagem figurada, cujo objetivo principal é comunicar valores temporais e atemporais imprescindíveis ao ser humano.

Coube à Divina Providência a escolha de homens para revelar às gerações vindouras, por meio desse artifício literário, o caráter de Jeová e Sua perfeita vontade relativa ao povo de Israel, aos salvos e a todo homem indistintamente.

CARACTERÍSTICAS DOS LIVROS POÉTICOS

Os Livros Poéticos, também chamados de Sapienciais, são: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão (ou Cântico dos Cânticos). Eles recebem este título por conta do estilo com o qual foram produzidos originalmente. Nesta coletânea, a poesia é utilizada para ensinar valores permanentes e conduzir o leitor à busca da sabedoria, responsável pela formação do caráter pessoal em sintonia com os propósitos de Deus.

 SÍNTESE DOS LIVROS POÉTICOS

Nos Livros Poéticos encontram-se ponderações que nascem dos conflitos cotidianos de qualquer pessoa realmente interessada em encontrar o caminho da retidão e da justiça.

Embates humanos diários são mostrados nestes volumes como a oportunidade de Deus manifestar-se e agir, revelando-se e falando por intermédio das experiências do Seu povo.

CONCLUSÃO

Os Livros Poéticos expressam os mais diversos sentimentos da alma humana. Eles falam de alegria e dor, de certezas e dúvidas, de solidariedade e tribulação, de necessidade e provisão, de ódio e amor.

Em todo tempo eles apresentam Deus como um Ser amoroso sábio e supremo, eternamente interessado no bem-estar de Seus filhos.

Deus abençoe sua vida!

                                         (Revista: Central Gospel - nº 45)



LIVROS POÉTICOS (INTRODUÇÃO + A POESIA HEBRAICA)

DIVISÃO DO ANTIGO TESTAMENTO - 39 livros

Os livros históricos e o Pentateuco contam a história do povo de Deus;

Os livros proféticos mostram Deus falando com o seu povo;

Os livros poéticos mostram os sentimentos desse povo para com Deus.

LIVROS POÉTICOS

Os livros poéticos, também chamados de sapienciais são: 

Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Nesta coletânea, a poesia é utilizada para ensinar valores permanentes e conduzir o leitor (ou ouvinte) à busca da sabedoria. Por meio da fragilidade humana (suas lutas e temores) e do agir de Deus (seu amor e cuidado), estes livros nos apresentam ensinos preciosos que nos ajudam a vencer nossas próprias lutas. Neles aprendemos:

- Quem Deus é

- O que Deus sente por nós

- O cuidado de Deus conosco

- Nossa natureza

- Nossas necessidades (espirituais e materiais)

- Nosso maior desafio

QUEM DEUS É

Entender quem Deus é e quem nós somos diante Dele, nos mostra a grandiosidade do nosso Deus, nos dá a certeza de que servirmos ao único e verdadeiro Deus. Buscar conhecer Sua natureza divina nos aproxima cada vez mais de Dele.

Senhor, tu tens sido nosso refúgio ao longo das gerações. Antes que os montes nascessem, antes que formasses a terra e o mundo, de eternidade a eternidade, tu és Deus. – Salmo 90.1,2

O QUE DEUS SENTE POR NÓS

 O amor de Deus por nós é a verdade mais fundamental de todas, pois toda a Escritura aponta para Cristo, que personificou esse amor e o demonstrou ao se entregar na cruz por nós. É possível encontrar diversas profecias messiânicas nos livros proféticos, mas a poesia hebraica também se encarregou de implantar nos corações a esperança de que Cristo viria para sofrer e morrer por nós.

Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste? Por que te alongas do meu auxílio e das palavras do meu bramido? Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés. Poderia contar todos os meus ossos; eles vêem e me contemplam. Repartem entre si as minhas vestes, e lançam sortes sobre a minha roupa. – Sl22.1,16-18

O CUIDADO DE DEUS CONOSCO

Sabemos que Deus supre todas as nossas necessidades (Fp 4.19), e quando a bíblia diz “todas” ela quer dizer “todas”, não apenas algumas. Essa verdade fica ainda mais evidente quando constatamos que Deus teve o cuidado de incluir um livro inteiro para tratar da intimidade do casal e assim nos livrar de pesados jugos impostos por tabus e conceitos equivocados sobre a Palavra.

Você é meu jardim particular, minha amiga, minha noiva, nascente fechada, fonte escondida. Desperte, vento norte! Levante-se, vento sul! Soprem em meu jardim e espalhem sua fragrância por toda parte. Entre em seu jardim, meu amor, e saboreie seus melhores frutos. – Ct 4.12,16

 NOSSA NATUREZA

 As agruras, desilusões, medos, angústias, tentam de todas as formas nos afastar de Deus, mostrar que somos falhos e incapazes de andar com Ele. Podemos ver nos salmos homens como nós, limitados como nós, sofredores como nós, mas ainda assim, com um relacionamento profundo com Deus. Esses homens experimentaram:

Dor

Estou à beira de um colapso; enfrento dor constante. Por causa de tua ira, todo o meu corpo adoece; minha saúde está arruinada, por causa de meu pecado. – Sl 38.3,17

Desespero

Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza. – Sl116.3

 Desilusão

 Na verdade que em vão tenho purificado o meu coração; e lavei as minhas mãos na inocência. Pois todo o dia tenho sido afligido, e castigado cada manhã. – Sl 73.13,14

NOSSAS NECESSIDADES (MATERIAL)

Quando pensamos em necessidades materiais, pensamos logo no “TER”. Ter um bom emprego, ter dinheiro, ter o que comer..., porém, o sábio Salomão nos mostra que a maior necessidade não é o“TER”, mas o “SER”, que mais importante do que possuir coisas é ser aquilo que Deus nos projetou pra ser. Pois o Senhor concede sabedoria; (...) Ele reserva bom senso aos honestos e é escudo para os íntegros. Então você entenderá o que é certo, justo e imparcial e saberá o bom caminho a seguir. Pois a sabedoria entrará em seu coração, e o conhecimento o encherá de alegria. As escolhas sábias o guardarão, e o entendimento o protegerá. – Pv 2.6,7,9,10,11

NOSSAS NECESSIDADES (ESPIRITUAL)

 Dostoievski disse que “existe no homem um vazio do tamanho de Deus”, e o homem tenta preencher este vazio com bens, prazeres e qualquer outra coisa, porém, nada é capaz de satisfazer a maior necessidade que ele possui, a necessidade de Deus. Esse é o destino de todo o que se esquece de Deus; assim perece a esperança dos ímpios. Aquilo em que ele confia é frágil, aquilo em que se apoia é uma teia de aranha. Encosta-se em sua teia, mas ela cede; agarra-se a ela, mas ela não aguenta. – Jó 8.13-15

NOSSO MAIOR DESAFIO

No sermão do monte, Jesus nos deixou nosso maior desafio: “buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6.33). O já idoso Salomão, apesar de ter conquistado bens, poder e todo o prazer que desejou, concluiu que tudo isso era vaidade (Ec 2.10,11). Após se desiludir com tudo o que conquistou, Salomão encerra seu livro corroborando a ordenança de Jesus:

De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. – Ec 12.13

Existe uma predisposição em considerarmos chato o estudo e a leitura desses livros, e se nos deixarmos levar por essa ideia equivocada, estaremos abrindo mão de sua riqueza e real importância, estaremos abrindo mão de buscar entender

 - quem Deus é(seu poder, sua glória);

 - o que Deus sente por nós (revelado na promessa do Messias); - o cuidado de Deus conosco (Deus supre todas as nossas necessidades);

- nossa natureza (nossas fraquezas são parte de nossa natureza, mas em Deus somos mais do que vencedores);

- nossas necessidades (espirituais e materiais); - nosso maior desafio (colocar Deus em primeiro lugar em nossas vidas).

 SÍNTESE DOS LIVROS POÉTICOS LIVRO DE JÓ

Autoria: Desconhecido. Data: Por não fazer referência à Lei de Moisés, acredita-se que foi escrito no período dos patriarcas hebreus. Resumo: História de um homem íntegro (1.1) que é provado por Deus,que permite que satanás tome tudo o que Jó possui (1.12), seus bens (1.13-17), seus filhos (1.18,19) e sua saúde (2.7). Apesar de toda essa desgraça, Jó não atribui culpa a Deus (1.22;2.10). Ao longo do livro Jó é provado (1,2), apresenta sua queixa (3), é acusado por seus “amigos”Elifaz (4,5,15,22), Bildade (8,18,25),Zofar (11,20) e Eliú (32.6-37), e é ainda confrontado por Deus (38-41). No capítulo 42 Jó reconhece o poder e a soberania de Deus (42.2), e após orar por seus amigos, tem sua sorte mudada, recebendo de Deus o dobro do que possuía antes (42.9). Foco: A fidelidade à Deus não está condicionada ao recebimento de bênçãos e bens materiais.

Palavra-chave: Fé.

Versículo chave: Ainda que ele me mate, nele esperarei;- Jó13.15

LIVRO DOS SALMOS

 Nome do livro: hebriaco "tehilim" (louvores), grego "psalmos" (cânticos acompanhados por instrumentos musicais).

Autoria: Davi, Salomão, Moisés, Asafe, os filhos de Coré, Hemã eEtã. Alguns salmos são anônimos.

Data: Foram escritos ao longo de aproximadamente 950 anos. O salmo mais antigo é o de número 90, escrito por Moisés aproximadamente 1400 a.C., e um dos mais recentes é o 126, de autoria anônima, escrito após o cativeiro Babilônico, por volta do ano 450 a.C.

Resumo: Composto por uma coleção de orações, poemas e hinos, o livro dos salmos é o grande hinário da bíblia. Seus 150 cânticos expressam tanto estados emocionais aflitivos quanto reconhecem os desígnios de Deus. Cerca de 50% dos salmos são atribuídos a Davi.

Característica: O livro dos salmos é dividido em 5 livros menores e correspondem aos livros do Pentateuco: Livro 1 – Gênesis(1-41); Livro 2 – Êxodo(42-72); Livro 3 – Levítico(73-89); Livro 4 – Números(90-106); Livro 5 – Deuteronômio (107- 150) Palavra- chave: Adoração.

Versículo chave: A minha boca falará o louvor do Senhor, e toda a carne louvará o seu santo nome pelos séculos dos séculos e para sempre. - Salmo 145.21

PROVÉRBIOS

Autoria: Salomão, Agur, Lemuele outros sábios desconhecidos.

Resumo: O livro contêm uma coletânea da sabedoria popular de Israel, trazendo orientações práticas para a vida humana, em seus aspectos físico, emocional, social e espiritual.

Propósito: Apontar o caminho da sabedoria, do ensino e da disciplina e instruir a respeito da justiça, do juízo, da prudência e da equidade.- Pv 1.2-4 Palavra-chave: Sabedoria

Versículo chave: O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução. –Pv1.7.

ECLESIASTES

Nome do livro: hebraico "koheleth" (aquele que reúne a comunidade), pregador. Autoria: Salomão.

 Resumo: São os questionamentos de um Salomão já idoso e, aparentemente, desgostoso diante da realidade da vida, já que após experimentar tudo aquilo que seu coração desejou, descobriu que tudo é“vaidade” e “correr atrás do vento”.

Sua conclusão, porém, nos mostra que ele não estava sendo pessimista, mas realista, já que nada que possamos experimentar nesta vida, pode se comparar a um relacionamento pessoal com Deus.

Propósito: Mostrar que a busca do poder, da popularidade, do prestígio e do prazer, não podem trazer a realização real ao coração, apenas haverá sentido para vida no “temor do Senhor”

Palavra-chave: Vaidade Versículo chave: De tudo o que se tem ouvido, o fim é: Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem. –Ec12.13

CANTARES DE SALOMÃO

Nome do livro: Cânticos de Salomão, Cantares de Salomão ou Cânticos dos cânticos. Autoria: Salomão. Resumo: É um poema de amor e erotismo dentro do contexto do casamento. Por meio de poesias, o marido (rei) e a mulher (a Sulamita) declaram seu amor e ardente desejo um pelo outro.

 Propósito: Mostrar que o sexo dentro do casamento é abençoado por Deus e deve ser vivido plenamente, livre de aprisionamentos religiosos descabidos. Versículo chave: As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo; - Ct8.7

CONCLUSÃO

Os livros poéticos expressam os mais diversos sentimentos da alma humana, eles falam de alegria e dor, de certezas e dúvidas, de solidariedade e tribulação, de necessidade e previsão, de amor e ódio. Em todo tempo, eles apresentam Deus como um Ser amoroso, sábio e supremo, eternamente interessado no bem-estar dos seus filhos. Neles encontramos orientações seguras para o comportamento do homem, prevenido assim, os erros, as falhas e a prática do pecado. Eles são os livros de sabedoria por excelência, que oferecem luz em momentos de escuridão, paz interior quando a insegurança e a angústia batem à porta e vitória nas horas de lutas e tribulações.

FONTE : 


ESTUDOS RESUMIDOS NOS LIVROS POÉTICOS

OS LIVROS POÉTICOS

David Alfred Zuhars, Jr.

Introdução dos Livros Poéticos

O Velho Testamento está dividido entre os Livros Históricos, os Livros Poéticos e os Livros Proféticos.

1. Livros Históricos. – 17. Pentateuco - 5: Gênesis a Deuteronômio. Livros da História de Israel - 12: Josué a Ester. Pentateuco dá a história bíblica da criação do universo até o fim da vida de Moisés. Os doze Livros Históricos dão a história de Israel desde a conquista da terra prometida até os cativeiros de Israel e de Judá.

2. Livros Proféticos - 17. Profetas Maiores - 5: Isaías a Daniel. Profetas Menores - 12: Oséias a Malaquias. Estes livros todos dão a história e a condição espiritual de Israel nas suas várias épocas históricas. Inclusive; antes, durante e depois dos cativeiros das nações de Israel e de Judá.

3. Livros Poéticos – 5. Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Estes cinco livros que ficam no meio dos livros históricos e proféticos são muitos diferentes do que aqueles que vem antes ou depois deles. Os livros poéticos não são históricos. Os outros livros são históricos: contam a história do povo de Israel. Estes livros são experimentais. Os livros históricos falam de uma nação como tal, da nação hebraica. Os livors poéticos não tratam da nação de Israel, mas tratam de assuntos individuais do coração. Os livros poéticos falam de indivíduos como tais, do coração humano. Os livros poéticos não são a única poesia encontrada no Velho Testamento. Estes livros são o grupo poético de livros. Os livros poéticos falam das experiências da vida, da relação do coração com Deus e da intimidade que o salvo tem com Deus.

4. Observe os livros poéticos individuais. Jó nos ensina como vencer no sofrimento e morrer a nós mesmos. Salmos nos ensinam como é a vida nova em Cristo que se manifesta em várias virtudes divinas. Provérbios nos ensinam a sabedoria divina aplicada para nossa vida aqui na terra. Eclesiastes nos ensina que nada aqui em baixo do sol dá a satisfação e felicidade verdadeira. Mas que o sentimento certo da vida é temer a Deus e guardar os seus mandamentos. Este é o dever de todo o homem. Cantares de Salomão nos ensina de maneira simbólica como é o amor e a intimidade da comunhão com Cristo aqui no mundo. Nenhum crente (salvo) chega para esta comunhão com Cristo sem passar pelas outras coisas primeiro. Revise tudo para ver. É um progresso espiritual que devemos observar.

5. Veja a quantia da poesia hebraica. É óbvio que o povo hebraico escreveu muita poesia sobre muitos assuntos variados. Nem toda a poesia que eles escreveram chegou para fazer parte da Bíblia. Exemplos: I Reis 4:29-33, Números 21:14, Josué 10:13. poesia era a maneira popular para escrever em Israel e chegou uma grande quantia.

Poesia Hebraica

Devemos dizer algumas palavras sobre a natureza da poesia hebraica. Porque ela difere muito da poesia encontrada no mundo em vários dos seus aspectos.

Uma grande parte da poesia do mundo apóia-se na rima (no paralelismo sonoro) e no ritmo de tempo. Na rima atingimos o prazer da concordância fonética. No ritmo atingimos o prazer da concordância métrica. Mas na poesia hebraica não é a rima nem o ritmo de sons, mas é o paralelismo de idéias ou verdades. Isso pode ser de três maneiras: completivo, contrastante e construtivo.

1. Exemplos do completivo (progressivo): Salmo 92:12, Salmo 46:1, Salmo 19:7 e Salmo 30:11. O segundo pensamento coincide com o primeiro, mas não é igual, porque desenvolve, enriquece, completa e colore o primeiro pensamento. Observe Salmo 1:1 que faz isso três vezes, isso é chamado ternário. O Salmo 1 é um bom exemplo do completivo ternário (triplo).

2. Exemplos do contrastante (antitético ou contrário). O livro de Provérbios contém muitos deles. Provérbios 3:5, Provérbios 27:6, Salmo 30:5, Provérbios 14:11, Salmo 32:10. Pode ver que o segundo pensamento contrasta com o primeiro pensamento. Algumas vezes também há dois pensamentos (versículos) que contrastam entre si. Salmo 37:10-11. Veja o exemplo de uma sucessão de paralelos contrastantes. Isaías 65:13.

3. Exemplos do sinônimo: Salmo 2:4, Provérbios 1:8. Nestes versículos a segunda linha repete o mesmo pensamento da primeira linha em outras palavras. Este exemplo é quase igual ao exemplo 1, o completivo,

4. Exemplos do construtivo: Provérbios 30:17, Salmo 21:1-2, Salmo20:7-8. O belo desenvolvimento dos versículos é facilmente perceptível. Naturalmente, ainda tratando dos paralelos construtivos, devemos observar que existem variedades deles. Por exemplo, há o paralelismo introvertido. Salmo 135:15-18. Veja em baixo. Vemos aqui que o primeiro versículo corresponde ao último, pois no primeiro lemos os ídolos dos gentios e no último aparece simplesmente um outro nome para os gentios, a saber, todos os que confiam neles (nos ídolos). A seguir, observamos que o segundo versículo corresponde ao penúltimo, pois ambos falam da feitura de ídolos (num caso, a obra; no outro, os feitores).

Os ídolos dos gentios são prata o ouro,

Obra das mãos dos homens.

Têm boca, mas não falam;

Têm olhos, mas não vêem,

Têm ouvidos, mas não ouvem,

Nem há respiro algum nas suas bocas.

Semelhantes a eles se tornem os que os fazem,

E todos os que confiam neles.

5. A compreensão desse paralelismo hebraico não é somente poeticamente interessante, mas muito importante para a interpretação da Bíblia. Os elementos correspondentes em cada paralelo esclarecem uns aos outros. Com freqüência as palavras obscuras são explicadas desse modo, pois a mesma idéia geralmente é encontrado na base de ambos os termos do paralelo. Algumas vezes, um elemento expressa a idéia figuradamente, enquanto o outro a expressa literalmente. Outras vezes, um elemento a expressa positivamente e o outro, negativamente. É possível também que um membro exprima o pensamento de um modo que a nós soa como fraseologia obscura, enquanto o outro o faz em palavras bastante claras, não deixando nenhuma dúvida. Por exemplo, quando lemos “O Senhor está no seu santo templo”. Salmo 135:4. Talvez nos perguntemos: “Que templo é este, o terreno ou o celestial?” Mas quando interpretamos essa declaração em seu paralelo poético vemos que está indicando o templo celestial. “O trono do Senhor está nos céus”.

6. Queremos comentar somente mais uma coisa sobre esta poesia hebraica de idéias paralelas. O caráter peculiar torna-se incrivelmente adequada à tradução para qualquer língua. É importante entender isso porque temos uma tradução da Bíblia de hebraico para português. Nada é mais difícil do que traduzir certos tipos de poesia de uma língua para outra. Quando tentamos transpor rima e ritmo de uma língua para outra, enfrentamos obstáculos quase intransponíveis e impossíveis. Mas a poesia hebraica pode ser traduzida para qualquer língua sem diminuir sua beleza ou força. E Deus soube disso, porque a Bíblia ia ser traduzida para centenas de línguas diferentes. O Deus soberano e onisciente está atrás desta maravilhosa poesia.

                                                 David Alfred Zuhars, Jr.

 


CONCEITO GERAL DOS LIVROS POÉTICOS

Os Salmos, Jó e os Provérbios, nas Bíblias hebraicas, formam um grupo à parte, com a denominação de Livros poéticos. Eclesiastes e Cântico dos Cânticos; e é frequente entre os estudiosos gregos bem como entre os autores modernos, estender a todos o nome de Livros poéticos. Eclesiastes possui forma poética, embora menos rigorosa. Trata-se, portanto, de um elemento comum a todos esses livros.

O que caracteriza toda a poesia hebraica é o chamado paralelismo.

Há poucas ocorrências de rimas na poesia hebraica.

A efetividade da poesia hebraica é grandemente devida à sua liberdade de abstrações. Sempre apela aos sentimentos fundamentais. No intuito de expressar seu desespero, o Salmista designa as sensações que o caracteriza com as expressões "minha garganta está seca", "meus olhos falham", "eu mergulho em profundas dificuldades e não encontro lugar firme".

O LIVRO DE JÓ

O livro de Jó é o mais destacado de todos esses esforços registrados na literatura mundial.

A narrativa trata da vida de um homem cujo nome provê o título do livro. O livro abre com um prólogo em prosa que descreve Jó como um homem rico e reto. Depois de uma série de calamidades, tudo que ele tem, incluindo seus filhos, lhe é tirado. A pergunta levantada no prólogo é se Jó vai conservar sua integridade diante de tamanho sofrimento. Somos informados que ele saiu vitorioso: Jó 2:10 - Porém ele lhe disse: Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal? Em tudo isto não pecou Jó com os seus lábios.

A HISTORICIDADE DO LIVRO

Com frequência, alguns perguntam: Será que Jó é um homem real? Ou, será que o livro de Jó é uma história real? Estas duas perguntas não precisam receber a mesma resposta. Que houve um Jó com a reputação de retidão é fato atestado por uma referência a ele em Ezequiel 14:14 - Ainda que estivessem no meio dela estes três homens, Noé, Daniel e Jó, eles pela sua justiça livrariam apenas as suas almas, diz o Senhor DEUS. É muito provável que a narrativa básica do livro tenha sido fundamentada em uma personagem real com esse nome.

LUGAR NO CÂNON

O livro de Jó faz parte da terceira divisão do cânon hebraico, o Kethubim, os hagiógrafos, ou Escritos. A ordem nessa divisão tem variado nas diferentes tradições. Atualmente Jó é colocado entre Provérbios e Cantares de Salomão (Cânticos de Salomão) no cânon hebraico. A Tradução Brasileira coloca Jó entre Ester e os Salmos, onde Jó é o primeiro dos três grandes livros poéticos.

A CONTRIBUIÇÃO TEOLÓGICA

Todos os livros da Bíblia devem ser estudados como um todo, com suas partes vistas em relação ao propósito geral do autor. Isso merece atenção especial em Jó. Suas partes não devem ser arrancadas do todo, e suas ênfases principais não devem ser cristalizados em princípios rígidos nem calibrados em proposições estreitas.

O RELACIONAMENTO DE DEUS COM O SOFRIMENTO DO CRENTE

O primeiro fato a ser lembrado é este: Deus acompanha o nosso sofrer. Satanás é o deus deste século, mas ele só pode afligir um filho de Deus pela vontade permissiva de Deus. Deus promete na sua Palavra que Ele não permitirá sermos tentados além do que podemos suportar, 1 Co. 10:13 - Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o escape, para que a possais suportar

SALOMÃO

No livro de Provérbios, a sabedoria não é simplesmente intelectual, mas envolve o homem inteiro; e dessa sabedoria Salomão, no zênite de sua fama, e a materialização. Ele amava ao Senhor (1Rs 3:3); ele orou pedindo um coração entendido pala discernir entre o bem e o mal (1Rs 3.9,12); sua sabedoria foi-lhe proporcionada por Deus.

A NATUREZA HUMANA

De todas as criaturas que Deus fez, o ser humano é incomparavelmente superior e também a mais complexa. Por seu orgulho, no entanto, o ser humano comumente se esquece de que Deus é o seu Criador, que ele é um ser criado, e que depende de Deus. Este estudo examina a perspectiva bíblica da natureza humana.

Quando Adão e Eva pecaram, essa imagem de Deus neles, foi seriamente danificada, mas não totalmente destruída.

Deus o criou à sua própria imagem a fim de poder manter comunhão com ele, de modo amoroso e pessoal por toda eternidade, e para que ele o glorificasse como Senhor. Deus desejava de tal maneira que o ser humano o amasse, o glorificasse, e vivesse em santidade e justiça diante dEle, que quando Satanás induziu Adão e Eva à rebelião e desobediência a Deus, o Senhor prometeu que enviaria um Salvador a fim de redimir o mundo Gn 3:15 - E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar.

Finalmente, há referências geográficas no livro de lugares de todas as partes da terra de Israel, o que sugere que o livro foi composto antes da divisão da nação em Reino do Norte e Reino do Sul.

Faculdade Teológica das Assembleias de Deus

AGOSTINHO APOLINÁRIO DO CARMO

                    

                  Lição 9 - Os Livros Poéticos

 - 01/06/2003

INTRODUÇÃO

Há uma coletânea de livros na parte dos Hagiógrafos (Escritos sagrados) do cânon judaico que denominamos em nossa cultura bíblica de Livros Poéticos. São eles: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão. Três deles são chamados de Livros Sapienciais, que significa, livros da sabedoria: Jó, Provérbios, Eclesiastes e alguns salmos. Se bem que a expressão “livros sapienciais” é também aplicada a todo o grupo de livros. Essa literatura por Deus inspirada floresceu nos dias áureos de Salomão, embora sua origem seja muito antiga (1 Rs 4.30,31; Jr 18.18; Et 1.13).

Os livros hagiógrafos, ou seja, os escritos sagrados, são a terceira porção da Bíblia hebraica, os chamados "Ketuvim", que envolvem os livros que hoje denominamos de poéticos (Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão) e alguns históricos (Rute, Ester, os dois livros de Crônicas, Esdras e Neemias)e proféticos (Daniel e Lamentações). Já os "Meguillot" são cinco livros que são lidos, até hoje, nas festividades judaicas: Rute (que é lido no Pentecostes), Ester (que é lido em Purim), Eclesiastes (que é lido na Festa dos Tabernáculos), Cantares de Salomão (que é lido na Páscoa) e Lamentações (que é lido em Tishá Beav, dia de jejum que lembra a destruição do templo de Jerusalém). (Pb.Caramurú).

I.                  O LIVRO DE JÓ

Veja mais comentários sobre o livro em Lições da vida de Jó

1. Sua posição no cânon judaico.

2. Autoria. Jó é considerado o livro mais antigo da Bíblia.

3. Conteúdo.

4. O impacto causado na humanidade.

5. Sua historicidade.

Autor: Desconhecido  Tema: Por Que Sofre o Justo?  Data:  Incerta

Considerações Preliminares

Jó é um dos livros sapienciais e poéticos do AT; “sapiencial”, porque trata profundamente de relevantes assuntos universais da humanidade; “poético”, porque a quase totalidade do livro está elaborada em estilo poético. Sua poesia, todavia, tem por base um personagem histórico e real (ver Ez 14.14,20) e um evento histórico e real (ver Tg 5.11).

Os fatos do livro se desenrolam na “terra de Uz” (1.1), que posteriormente veio a ser o território de Edom, localizado a sudeste do mar Morto, ou norte da Arábia (cf. Lm 4.21). Assim sendo, o contexto histórico de Jó é mais árabe do que judaico.

Há duas datas importantes relacionadas a Jó: (1) a data do próprio Jó e dos eventos descritos no livro; e (2) a data da escrita inspirada do livro. Certos fatos indicam que Jó viveu por volta dos tempos de Abraão (2000 a.C.) ou até antes. Os fatos mais destacados são:

 (1) ele ter vivido mais 140 anos após os eventos do livro (42.16), o que sugere uma duração de vida de quase 200 anos (Abraão viveu 175 anos);

(2) suas riquezas eram calculadas em termos de gado (1.3; 42.12);

(3) sua atividade como sacerdote da família, idêntica à de Abraão, Isaque e Jacó (1.5); (4) a família patriarcal como unidade social básica, semelhante aos dias de Abraão (1.4,5, 13);

(5) as incursões dos sabeus (1.15) e dos caldeus (1.17), que se encaixam na era abraâmica;

(6) o uso freqüente (trinta e uma vezes) do nome patriarcal comum de Deus, Shaddai (“O Onipotente”), e

(7) a ausência de referência a fatos da história israelita ou à lei mosaica também sugere uma era pré-mosaica (i.e., antes de 1500 a.C.).

Há três diferentes pontos de vista sobre a data da escrita deste livro. Talvez tenha sido escrito:

 (1) durante a era patriarcal (c. 2000 a.C.), pouco depois da ocorrência dos eventos citados, e talvez pelo próprio Jó;

(2) durante o reinado de Salomão ou pouco depois (c. 950—900 a.C.), pelo fato de o estilo literário do livro assemelhar-se ao da literatura sapiencial daquele período; ou (3) durante o exílio de Judá (c. 586—538 a.C.), quando, então, o povo de Deus procurava entender teologicamente o significado da sua calamidade (cf. Sl 137). Se não foi o próprio Jó, o escritor deve ter obtido informações detalhadas, escritas ou orais, oriundas daqueles dias, as quais ele utilizou sob o impulso da inspiração divina para escrever o livro na feição em que o temos. Certas partes do livro vieram evidentemente da revelação direta de Deus (e.g. 1.6—2.10).

Propósito

O livro de Jó lida com a pergunta dos séculos: “Se Deus é justo e amoroso, por que permite que um homem realmente justo, tal como Jó (1.1, 8) sofra tanto?” Sobre esse assunto o livro revela as seguintes verdades: (1) Satanás, como adversário de Deus, teve permissão para provar a autenticidade da fé de um homem justo, por meio da aflição, mas a graça de Deus triunfou sobre o sofrimento, porque Jó permaneceu firme e constante na fé, mesmo quando parecia não haver qualquer proveito em permanecer fiel a Deus. (2) Deus lida com situações demais elevadas para a plena compreensão da mente humana (37.5). Nesses casos, não vemos as coisas com a amplitude que Deus vê e precisamos da sua graciosa auto-revelação (38—41). (3) A verdadeira base da fé acha-se, não nas bênçãos de Deus, nem em circunstâncias pessoais, nem em teses formuladas pelo intelecto, mas na revelação do próprio Deus. (4) Deus, às vezes, permite que Satanás prove os justos mediante contratempos, a fim de purificar a sua fé e vida, assim como o ouro é refinado pelo fogo (23.10; cf. 1 Pe 1.6,7). Tal provação resulta numa maior integridade espiritual e humildade do seu povo (42.1-10). (5) Embora os métodos de Deus agir, às vezes, pareçam contraditórios e cruéis (conforme o próprio Jó pensava), ver-se-á, no fim, que Ele é plenamente compassivo e misericordioso (42.7-17; cf. Tg 5.11).

Visão Panorâmica

Há cinco divisões distintas no livro de Jó: (1) o prólogo (1—2), que descreve a calamidade de Jó e a causa subjacente disso; (2) três ciclos de diálogo entre Jó e os seus três amigos, nos quais estes buscam, na mente humana, respostas para o sofrimento de Jó (3—31); (3) quatro monólogos de Eliú, um homem de menos idade que Jó e seus três amigos. Estes monólogos contêm certo vislumbre de compreensão do significado (mas não a causa) do sofrimento de Jó (32—37); (4) o próprio Deus, que fala a Jó da sua ignorância e das suas queixas e ouve a resposta de Jó à sua revelação (38.1—42.6); (5) o epílogo (42.7-17), com a restauração de Jó. O livro de Jó está escrito em forma poética, com exceção do prólogo, do trecho 32.1-6a, e do epílogo. No cap. 1, temos Jó como um homem justo e temente a Deus (1.1, 8) e o mais importante de todos do Oriente (1.3). Repentinamente, uma série de grandes calamidades destruiu seus bens, seus filhos e sua saúde (1.13-22; 2.7-10). Jó ficou totalmente desorientado, sem saber que estava envolvido a fundo num conflito entre Deus e Satanás (1.6-12; 2.1-6).

Os três amigos de Jó — Elifaz, Bildade e Zofar — chegaram para consolar Jó, mas, em vez disso, passaram a debater com ele sobre o porquê dos seus infortúnios. Insistiam que, pelo fato de Deus ser justo, os sofrimentos de Jó evidentemente eram castigos por seus pecados ocultos, e que o seu único recurso era o arrependimento. Jó rejeitou essas respostas preconcebidas, afirmou a sua inocência e confessou sua incapacidade de compreender sua situação (3—31). Eliú apresentou outra perspectiva, a saber, que o sofrimento de Jó tinha a ver com o propósito divino de purificar Jó ainda mais (32—37).Finalmente, todos se calaram, inclusive Jó, enquanto o próprio Deus falou com ele da sua sabedoria e poder como Criador. Jó confessou, arrependido e humilhado, sua ignorância e pequenez (38—41). Quando Jó arrependeu-se de estar argumentando com o Todo-poderoso, (42.5,6) e orou por seus amigos que o tinham magoado profundamente (42.8-10), foi liberto da sua prova de fogo e duplamente restaurado (42.10). Além disso, Jó foi vindicado quando Deus declarou que o patriarca tinha falado a respeito dEle “o que era reto” (42.7). Os dias subseqüentes de Jó foram mais abençoados do que os anteriores à sua aflição (42.12-17).

Características Especiais

Sete características principais assinalam o livro de Jó.

(1) Jó, um habitante do norte da Arábia, foi um não-israelita justo e temente a Deus, que talvez tenha existido antes da família de Israel, e do seu concerto com Deus (1.1).

(2) Este livro é o mais profundo que existe sobre o mistério do sofrimento do justo.

(3) Revela uma dinâmica importante, presente em toda prova severa dos santos: enquanto Satanás procura destruir a fé dos santos, Deus está operando para depurá-la e aprofundá-la. A perseverança de Jó na sua fé permitiu que o propósito de Deus prevalecesse sobre a expectativa de

Satanás (cf. Tg 5.11).

(4) O livro é de valor inestimável pela revelação bíblica que contém sobre assuntos-chaves tais como: Deus, a raça humana, a criação de Satanás, o pecado, o sofrimento, a justiça, o arrependimento e a fé.

(5) Boa parte do livro ocupa-se da avaliação teológica errônea que os amigos de Jó fizeram do sofrimento deste. A repetição freqüente desta avaliação errônea no livro talvez indique tratar-se de um erro comum entre o povo de Deus; erro este que exige correção.

 (6) O papel de Satanás como “adversário” dos justos, o livro de Jó o demonstra mais do que em qualquer outro livro do AT. Entre as dezenove referências nominais a Satanás no AT, quatorze ocorrem em Jó.

 (7) Jó demonstra com toda clareza o princípio bíblico de que os crentes são transformados pela revelação, e não pela informação (42.5,6).

O Livro de Jó e Seu Cumprimento no NT

O Redentor a quem Jó confessa (19.25-27), o Mediador por quem ele anseia (9.32,33) e as respostas às suas perguntas e necessidades mais profundas, todos têm em Jesus Cristo o seu cumprimento. Jesus identificou-se inteiramente com o sofrimento humano (cf. Hb 4.15,16; 5.8), ao ser enviado pelo Pai como Redentor, mediador, sabedoria, cura, luz e vida. A profecia da parte do Espírito sobre a vinda de Cristo, temo-la mais claramente em 19.25-27. Menção explícita de Jó, temos duas vezes no NT: (1) Uma citação (5.13, em 1 Co 3.19) e (2) uma referência à perseverança de Jó na aflição e o resultado misericordioso da maneira de Deus lidar com ele (Tg 5.11). Jó ilustra muito bem a verdade neotestamentária de que quando o crente experimenta perseguição ou algum outro severo sofrimento, deve perseverar firme na fé e continuar a confiar naquele que julga corretamente, assim como fez o próprio Jesus quando aqui sofreu (1 Pe 2.23). Jó 1.6—2.10 é o mais detalhado quadro do nosso adversário, juntamente com 1 Pe 5.8,9.

II. O LIVRO DE PROVÉRBIOS

1.Título e autoria.

2. Conteúdo.

3. No Novo Testamento.

Autor: Salomão e Outros

 Tema: Sabedoria para a Vida Correta

 Data: Cerca de 970-700 a.C.

Considerações Preliminares

O AT hebraico era em regra dividido em três partes: a Lei, os Profetas e os Escritos (cf. Lc 24.44). Na terceira parte estavam os livros poéticos e sapienciais, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes etc. Semelhantemente, o Israel antigo tinha três categorias de ministros: os sacerdotes, os profetas e os sábios. Estes últimos eram especialmente dotados de sabedoria e conselho divinos a respeito de princípios e práticas da vida.

O livro de Provérbios representa a sabedoria inspirada dos sábios. A palavra hebraica mashal, traduzida por “provérbio”, tem os sentidos de “oráculo”, “parábola”, ou

“máxima sábia”. Por isso, há declarações longas no livro de Provérbios (e.g., 1.20-33; 2.1-22; 5.1-14), mas há também as concisas, mas ricas de sentido e sabedoria, para se viver de modo prudente e justo. O conteúdo de Provérbios representa uma forma de ensino comum no Oriente Próximo antigo, mas no caso deste livro, sua sabedoria é diferente porque veio da parte de Deus, com seus padrões justos para o povo do seu concerto. O ensino mediante provérbios era popular naqueles antigos tempos, em virtude da sua grande clareza e facilidade de memorização e transmissão de geração em geração. Assim como Davi é o manancial da tradição salmódica em Israel, Salomão é o manancial da tradição sapiencial em Israel (ver 1.1; 10.1; 25.1). Conforme 1 Rs 4.32, Salomão produziu 3.000 provérbios e 1.005 cânticos. Outros autores mencionados por nome em Provérbios são Agur (30.1-33) e o rei Lemuel (31.1-9), ambos desconhecidos. Autores outros estão subentendidos em 22.17 e em 24.23. A maioria dos provérbios teve origem no século X a.C.,porém a provável data mais antiga para a conclusão deste livro seria o período de reinado de Ezequias (i.e., c. 700 a.C.). A participação dos homens de Ezequias na compilação dos provérbios de Salomão (25.1—29.27) talvez remonte a 715—686 a.C., durante o avivamento espiritual liderado por esse rei temente a Deus. É possível que os provérbios de Agur, de Lemuel e os outros “sábios” também tenham sido compilados nesse período.

Propósito

O propósito do livro está bem esclarecido em 1.2-7: dar sabedoria e entendimento quanto a comportamento sábio, justiça, discernimento e imparcialidade (1.2,3), de modo que (1) os simples sejam prudentes (1.4), (2) os jovens sejam inteligentes e ajuizados (1.4) e (3) os sábios sejam ainda mais sábios (1.5,6). Muito embora Provérbios seja basicamente um manual sapiencial sobre a vida de justiça e prudência, o devido alicerce dessa sabedoria é “o temor do SENHOR”, como está explicitamente declarado em 1.7.

Visão Panorâmica

O tema central de Provérbios é “sabedoria para um viver justo”, sabedoria esta que começa com a submissão humilde do crente a Deus, e daí flui para todas as áreas da sua vida.

A sabedoria em Provérbios

(1) instrui a respeito da família, da juventude, da pureza sexual, da fidelidade conjugal, da honestidade, do trabalho diligente, da generosidade, da fraternidade, da justiça, da retidão e da disciplina;

(2) adverte quanto à insensatez do pecado, das contendas, dos males da língua, da imprudência, da bebedeira, da glutonaria, da concupiscência, da imoralidade, da falsidade, da preguiça e das más companhias; (3) faz um contraste entre a sabedoria e a tolice, entre os justos e os ímpios, entre a soberba e a humildade, entre a preguiça e a diligência, entre a pobreza e a riqueza, entre o amor e a concupiscência, entre o certo e o errado e entre a vida e a morte. Embora Provérbios, como os Salmos, não seja fácil de resumir como outros livros da Bíblia, há seções com estrutura definida (ver o esboço). É o caso principalmente dos caps. 1—9, com sua série de 13 discursos apropriados para os pais em relação aos filhos quando estes atingem a adolescência. Com exceção de três desses discursos (ver 1.30; 8.1; 9.1), os demais iniciam por “meu filho” ou “meus filhos”. Esses treze discursos contêm numerosos preceitos importantes no âmbito da sabedoria para a juventude. A partir do cap. 10, Provérbios contém diretrizes de peso a respeito dos relacionamentos familiares (e.g., 10.1; 12.4; 17.21, 25; 18.22; 19.14, 26; 20.7; 21.9, 19; 22.6, 28; 23.13,14, 22, 24,25; 25.24; 27.15,16; 29.15-17; 30.11; 31.1-31). Provérbios é um livro sobretudo prático, mas contém conceitos profundos de Deus. Deus é a personificação da sabedoria (e.g., 8.22-31) e o Criador (e.g., 3.19,20; 8.22-31; 14.31; 22.2); Ele é descrito como onisciente (e.g., 5.21; 15.3, 11; 21.2), justo (e.g., 11.1; 15.25-27, 29; 19.17; 21.2,3) e soberano

(e.g., 16.9, 33; 19.21; 21.1). Provérbios termina com uma solene homenagem à mulher de caráter nobre (31.10-31).

Características Especiais

Oito características principais assinalam o livro de Provérbios.

 (1) A sabedoria da parte de Deus não está primeiramente vinculada à inteligência ou a grandes conhecimentos, e sim diretamente ao “temor do SENHOR” (1.7). Daí, sábios são aqueles que andam com Deus e observam a sua Palavra. O temor do Senhor é um tema freqüente através do livro de Provérbios (1.7, 29; 2.5; 3.7; 8.13; 9.10; 10.27; 14.26,27; 15.16, 33; 16.6; 19.23; 22.4; 23.17; 24.21).

 (2) Boa parte dos sábios conselhos expostos em Provérbios assemelha-se ao aconselhamento que um piedoso pai ministra a seus filhos.

(3) É o livro mais prático do AT, pois abrange uma ampla área de princípios básicos de relacionamentos e comportamentos corretos na vida cotidiana — princípios estes aplicáveis a todas as gerações e culturas.

 (4) Sua sabedoria prática, seus preceitos santos, e seus princípios básicos para a vida são expressos em declarações breves e convincentes, de fácil memorização e recordação pela juventude como diretrizes para a vida.

(5) A família ocupa um lugar de vital importância em Provérbios, assim como ocupava no concerto entre Deus e Israel (cf. Êx 20.12, 14, 17; Dt 6.1-9). Pecados que violam o propósito de Deus para a família são expostos abertamente com a devida advertência contra eles. (6) Os destaques literários de Provérbios, a saber: o farto emprego de linguagem expressiva e figurativa (e.g., símiles e metáforas), paralelismos e contrastes, preceitos concisos e repetições.

(7) A esposa e mãe sábia, retratada no fim do livro (cap. 31) é incomparável na literatura antiga, quanto à maneira elevada e nobre de abordar o assunto da mulher. (8) As exortações sapienciais de Provérbios são os precursores do AT às muitas exortações práticas das epístolas do NT

O livro de Provérbios ante o NT

A personificação da sabedoria no cap. 8 é semelhante à personificação do logos (“O Verbo”) do Evangelho segundo João (cap. 1.1-18). A sabedoria

 (1) está empenhada na criação (3.19,20; 8.22-31);

(2) está relacionada à origem da vida física e espiritual (3.19; 8.35);

 (3) tem aplicação prática à vida reta e moral (8.8,9) e

(4) está disponível aos que a buscam (2.3-5; 3.13-18; 4.7-9; 8.35,36). A sabedoria de Provérbios tem sua expressão plena em Jesus Cristo, a pessoa “maior do que Salomão” (Lc 11.31), que “para nós foi feito por Deus sabedoria...” (1 Co 1.30) e “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.3).

III. O LIVRO DE ECLESIASTES

1. Título e posição no cânon judaico.

2. Autoria.

3. Conteúdo.

4. O panorama humano “debaixo do sol”.

Autor: Salomão  

Tema:  A Nulidade da Vida à parte de Deus  Data: Cerca de 935 a.C.
Considerações Preliminares
O título deste livro no AT hebraico é koheleth (derivado de kahal, “reunir-se”). Literalmente, significa, “aquele que reúne uma assembléia e lhe dirige a palavra”. Este termo ocorre sete vezes no livro (1.1,2,12; 7.27; 12.8-10) e é geralmente traduzido por “pregador” ou “mestre”. A palavra correspondente no grego da Septuaginta é ekklesiastes, e dela deriva o título “Eclesiastes” em português. A obra inteira, portanto, é uma série de ensinos por um orador público bem conhecido. 
Crê-se, geralmente, que o autor é Salomão, embora seu nome não apareça no livro, como em Provérbios (e.g.,Pv 1.1; 10.1; 25.1) e em Cantares (cf 1.1). Vários trechos, no entanto, sugerem a sua autoria. (1) O autor identifica-se como filho de Davi, que reinou em Jerusalém (1.1,12). (2) Faz alusão a si mesmo como o governante mais sábio do povo de Deus (1.16) e como o escritor de muitos provérbios (12.9). (3) Seu reino tornou-se conhecido por causa das riquezas e grandeza 
(2.4-9). Tudo isso encaixa-se na descrição bíblica do rei Salomão(cf. 1 Rs 2.9; 3.12; 4.29-34; 5.12; 10.1-8). Além disso, sabemos que Salomão, vez por outra, reunia uma assembléia e discursava diante dela (e.g., 1 Rs 8.1). A tradição judaica atribui o livro a Salomão. Por outro lado, o fato de seu nome não aparecer declaradamente em Eclesiastes (apesar de sê-lo nos seus dois outros livros) pode sugerir que outra pessoa auxiliou na compilação do livro. Deve-se considerar que o livro é de Salomão, mas que por certo foi compilado posteriormente na sua forma atual, por outra pessoa, assim como ocorreu com certas partes do livro de Provérbios (cf. Pv 25.1).Liturgicamente, o livro de Eclesiastes é um dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia Hebraica, os Hagiographa (“Escritos Sagrados”), cada um dos quais era lido em público anualmente numa das festas sagradas judaicas. Eclesiastes era assim lido na Festa dos Tabernáculos.

Propósito
Segundo a tradição judaica, Salomão escreveu Cantares quando jovem; Provérbios, quando estava na meia-idade, e Eclesiastes, no final da vida. O efeito conjunto do declínio espiritual de Salomão, da sua idolatria e da sua vida extravagante, deixou-o por fim desiludido, com os prazeres desta vida e o materialismo, como caminho da felicidade. Eclesiastes registra suas reflexões negativistas a respeito da futilidade de buscar felicidade nesta vida, à parte de Deus e da sua Palavra. Ele teve riquezas, poder, honrarias, fama e prazeres sensuais, em grande abundância, mas no fim, o resultado 
de tudo foi o vazio e a desilusão: “vaidade de vaidades! É tudo vaidade” (1.2). Seu propósito principal ao escrever Eclesiastes pode ter sido compartilhar com o próximo, especialmente os jovens, antes de morrer, seus pensamentos e seu testemunho, a fim de que outros não cometessem os mesmos erros que ele cometera. Revela de uma vez por todas, a total futilidade do ser humano considerar bens materiais e conquistas pessoais como os reais valores da vida. Embora os jovens devam desfrutar da sua juventude (11.9,10), o mais importante é que se dediquem ao seu Criador (12.1) e que decidam temer a Deus e guardar os seus mandamentos (12.13,14). Esse é o único caminho que dá sentido à vida.

Visão Panorâmica
É difícil fazer uma análise precisa de Eclesiastes. Sem muito trabalho, nenhum esboço consegue um bom ordenamento de todos os versículos ou parágrafos deste livro. Em certo sentido, Eclesiastes parece uma seleção de trechos do diário pessoal de um filósofo, nos seus últimos anos, com suas desilusões. Começa com uma declaração do tema predominante: a vida no seu todo é vaidade e aflição de espírito (1.1-14). O primeiro grande bloco de matéria do livro é estritamente 
autobiográfico; Salomão aborda os fatos principais da sua vida altamente egocêntrica, envolta em riquezas, prazeres e sucessos materiais (1.12—2.23). A vida “debaixo do sol” (expressão que ocorre vinte e nove vezes no livro) é a vida segundo o conceito do homem incrédulo, caracterizada pela injustiça, incertezas, mudanças inesperadas no setor das riquezas e justiça falha. Salomão consegue divisar o verdadeiro alvo da vida somente quando olha “para além do sol”, para Deus. Viver somente para a busca do prazer terreno é mediocridade e estultícia; a juventude é demasiadamente breve e fugaz para ser esbanjada insensatamente. O livro termina, mandando os jovens lembrarem-se de Deus na sua juventude, para não chegarem à idade avançada com amargos lamentos e triste incumbência de prestar contas a Deus por uma vida desperdiçada

Características Especiais
Cinco características principais destacam Eclesiastes. (1) É um livro nitidamente pessoal, no qual o autor freqüentemente emprega o pronome pessoal “eu”, ao longo dos dez primeiros capítulos. (2) Sob o negativismo subjacente do autor, o livro revela que a vida, à parte de Deus, é incerta e repleta de vaidade (a palavra “vaidade” ocorre no livro trinta e sete vezes). Salomão observa em atitude negativista os vários paradoxos e inquietações da vida (ver, e.g., 2.23 e 2.24; 8.12 e 8.13; 7.3 e 8.15). (3) A essência dos conselhos de Salomão no livro está nos seus dois últimos versículos: “Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque este é o dever de todo homem” (12.13,14). (4) O estilo literário do livro é irregular; seu vocabulário e sintaxe são dos mais difíceis no hebraico do AT e não se encaixam bem em nenhum período específico da literatura hebraica. (5) Contém a alegoria mais pitoresca da Bíblia, alusiva à pessoa quando envelhece (12.2-7)

O Livro de Eclesiastes ante o NT
Possivelmente, apenas um texto de Eclesiastes é citado no NT (7.20 em Rm 3.10, sobre a universalidade do pecado). Todavia, não deixa de haver várias e possíveis alusões: Ec 3.17; 11.9; 12.14, em Mt 16.27; Rm 2.6-8; 2 Co 5.10; 2 Ts 1.6,7; Ec 5.15, em 1 Tm 6.7. A conclusão do autor, quanto à futilidade da busca de riquezas materiais, Jesus a reiterou quando disse: (1) que não devemos acumular tesouros na terra (Mt 6.19-21,24); e (2) que é estultícia alguém ganhar o mundo inteiro e perder a própria alma (Mt 16.26). O tema de Eclesiastes, de que a vida, à parte de Deus, é vaidade e nulidade, prepara o caminho para a mensagem do NT, a da graça: o contentamento, a salvação e a vida eterna, nós os obtemos como dádiva de Deus (cf. Jo 10.10; Rm 6.23). De várias maneiras este livro preparou o caminho para a revelação do NT, no sentido inverso. Suas freqüentes referências à futilidade da vida, e à certeza da morte, preparam o leitor para a resposta de Deus sobre a morte e o juízo, i.e., a vida eterna por Jesus Cristo. Salomão, como o homem mais sábio do AT, não conseguiu respostas satisfatórias para os seus problemas da vida através de prazeres egoístas, riqueza e acúmulo de conhecimentos. Portanto, deve-se buscar a resposta nAquele de quem o NT afirma que “é mais do que Salomão” (Mt 12.42), i.e., em Jesus Cristo, “em quem estão escondidos todos os tesouros da sabedoria e da ciência” (Cl 2.3).

CONCLUSÃO
Podemos destacar os salmos 19, 37, 104, 107, 147 e 148 nessa categoria literária, como sapienciais. A literatura sapiencial de Israel ensina-nos que o nosso alvo na vida deve ser fazermos a vontade de Deus para sermos felizes. A sabedoria dos hebreus não é abstrata como a dos filósofos seculares, mas prática, visando solucionar os problemas diários e pautar a conduta humana, segundo as diretrizes de Deus.

Alegoria
Recurso literário usado para expressar pensamentos abstratos em linguagem figurada. É uma seqüência de metáforas. Como exemplo, Jesus declarando ser o Bom Pastor (Jo 10.11-16)

I. A POESIA HEBRAICA
1. A natureza da poesia. 
2. Paralelismo. 
3. Acróstico. 

A Poesia hebraica caracteriza-se principalmente pela repetição de idéias, o que se denomina de PARALELISMO. Desta forma, uma idéia é abordada e, logo em seguida, é novamente afirmada com palavras diferentes, sendo que os conceitos das duas linhas são equivalentes. Os tipos de PARALELISMO foram classificados por Lowth, em 1753, em três categorias: sinonímico, antitético e sintético. Vejamos os porquês dessa classificação:

Sinonímico – quando a idéia é repetida de forma similar. Exemplos: Salmo 113.7: Ele ergue do pó o desvalido

E do monturo o necessitado.
Salmo 117.1: Louvai ao Senhor todos os gentios,
Louvai-o todos os povos.
Antitético – quando a idéia é afirmada por oposição. Exemplos:
Salmo 1.6: Pois o SENHOR conhece o caminho dos justos,
Mas o caminho dos ímpios perecerá.
Provérbios 10.1: O filho sábio alegra a seu pai,
Mas o filho insensato é a tristeza de sua mãe.

Sintético – ocorre quando a Segunda linha completa ou desenvolve o pensamento da primeira, ao invés de simplesmente repeti-la. Exemplo: Salmo 52.9: Dar-te-ei graças para sempre,

Porque assim o fizeste;
Na presença dos teus fiéis,
Esperarei no teu nome, porque é bom.

Um bom exercício é ler a Bíblia, especialmente os livros dos Salmos, Cantares de Salomão e Provérbios de Salomão, e procurar identificar esses tipos de PARALELISMO.

Outros tipos de PARALELISMO foram identificados e definidos, também com a mesma beleza formal e literária:

Paralelismo emblemático – ocorre quando o primeiro verso (a primeira linha) traz uma figura de linguagem e a linha seguinte apresenta a mesma idéia literalmente, explicando, assim, a figura de linguagem.

Exemplo: Provérbio 25. 4 e 5: Tira da prata a escória,
E sairá vaso para o ourives;
Tira o perverso da presença do rei,
E o seu trono se firmará na justiça.

Paralelismo de passo ou escada – dá-se quando o pensamento segue adiante, sendo que cada verso (ou linha) adiciona um elemento novo à idéia anterior.

Exemplo: Salmo 29. 5 e 6:
A voz do SENHOR quebra os cedros;
Sim, o SENHOR despedaça os cedros do Líbano.
Ele os faz saltar como um bezerro;
O Líbano e o Siriom, como bois selvagens.

II. O SALTÉRIO DE ISRAEL 

Salmos é o livro de hinos e de orações da bíblia. São 150 cânticos e poemas usados em cultos e devocionais da igreja de todas às épocas. Jesus cantou salmos e os citou várias vezes. Os salmos têm sido uma fonte de inspiração e devoção para os cristãos e para a igreja.
1. Título. 
3. Conteúdo. 
4. Os Salmos messiânicos. 

SALMOS

SÍNTESE

Os Salmos, metade dos quais é atribuída por suas inscrições a Davi, o suave cantor de Israel, em geral procedem da idade áurea de Israel, por volta do ano 1000 a.C. Sem a menor dúvida, alguns foram escritos mais tarde, na época do cativeiro (por exemplo, o Salmo 137). Os salmos expressam verdades profundas num estilo poético, com a intenção de penetrar os recônditos do coração. Devem ensinar-nos que o conhecimento intelectual não é suficiente; o coração deve ser alcançado pela graça redentora de Deus. A poesia hebraica não consiste no rítimo, mas principalmente na repetição de pensamentos apresentados em cláusulas paralelas, como, por exemplo: "Não nos tratou segundo os nossos pecados, nem nos retribuiu segundo as nossas iniquidades" (103:10). Se prestarmos atenção a este paralelismo, poderemos, às vezes, interpretar palavras obscuras mediante o paralelo mais claro. Outro recurso que se emprega com freqüência no artifício poético é a dramatização. Davi não escreve para si próprio. Escreve para outros. O salmista escreve para todos nós, e podemos apropriarmos de que aqui também Davi escreve às vezes na primeira pessoa do singular; não obstante isso, proporciona-nos pormenores vividos das experiências do Messias.

Cerca da metade dos salmos pode ser classificada como orações de fé proferidas em épocas de angústia. Salmos tão preciosos como os de número 23, 91, 121 e muitos outros, sustentam-nos nos momentos de necessidades mais urgentes. Seria bom que apredêssemos de cor estes salmos e os repetissemos com freqüência, a fim de fortalecer-nos com a Palavra quando a hora da provação nos apanha de surpresa. Mais ou menos 40 salmos são dedicados ao tema do louvor. A nota de louvor a Deus deve constituir-se em uma parte da respiração mesma do crente, e salmos tais como os de números 100 e 103 devem figurar com proeminência em nossas devoções.

É difícil fazer uma classificação minuciosa dos salmos, visto como são obras profundamente poéticas, e um salmo pode tratar de assuntos diferentes. Sugerimos, contudo, várias categorias: os salmos do homem justo são representados pelos de números 1, 15, 101. 112 e 133. Seis poderiam denominar-se salmos messiânicos: 2, 21, 45, 72, 110 e 132. Os salmos 32 e 51 são chamados, de modo geral, penitenciais, juntamente com partes dos salmos 38, 130 e 143. Os salmos imprecatórios pedem vingança sobre os inimigos de Deus; são eles: 69, 101, 137 e parte dos salmos 35, 55 e 58. Há, pelo menos, quatro salmos históricos: 78, 81, 105 e 106. Dois ressaltam a revelação: 19 e 119.

Os salmos messiânicos que se referem a Cristo, no Novo Testamento, são: 2, 8, 16, 22, 40, 41, 45, 68, 69, 89, 102, 109, 110 e 118. Alguns destes são tipicamente messiânicos, isto é, escritos a respeito de nossas experiências em geral, mas aplicados a Cristo. Outros são diretamente proféticos. Os salmos 2, 45 e 110 predizem o Rei messiânico. No salmo 45:6, o Messias é Deus; no 110, é ele o Sacerdote, Rei e Senhor de Davi; no salmo 2, é o Filho de Deus que deve ser adorado. Outros salmos fazem referência a seus sofrimentos (22), seu sacrifício (40), sua ressurreição (16:10, 11). No salmo 89, ele é quem completa a aliança davídica em cumprimento das esperanças de Israel. .

AUTOR

Segundo os títulos, Davi foi o autor de 73 salmos; Asafe, de 12. Os filhos de Coré, 11; Salomão, 2; Moisés e Etã um cada um. No caso de 50 salmos, não se menciona seu autor. A versão dos Setenta ou Septuaginta acrescenta Ageu e Zacarias como autores de 5 salmos.

O valor das inscrições tem sido posto em dúvida, mas é evidente que figuravam muito antes do ano 200 a.C., visto que a Versão dos Setenta, traduzida em torno dessa época, interpretou erroneamente várias das anotações musicais dos títulos. As composições poéticas que figuram nos livros históricos da época do pré-exílio assinalam o uso semelhante de inscrições (Habacuque 3:1; Isaias 38:9; II Samuel 1:17; 23:1). O salmo 18, atribuido a Davi por sua inscrição, também se diz em II Samuel 22:1 que foi escrito por ele. Esta reputação de Davi como músico é mencionada repetidamente (II Samuel 23:1; I Samuel 16:18; Amós 6:5).

Os livros das Crônicas explicam com clareza que Davi organizou coros no templo e compôs salmos para eles (I Crônicas 16:4, 5; 25:1-5).

As expressões musicais enigmáticas das inscrições acham-se freqüentemente relacionadas pelo livro das Crônicas com este trabalho de Davi (I Crônicas 15:20, 21; 16:4; compare os títulos dos salmos 12, 38, 46; e 105:1; 148:1 e outros). Finalmente, o Senhor Jesus Cristo fundamentou um importante argumento sobre a validez do título do salmo 110 (Marcos 12:36). Não parece existir prova positiva contra o ponto de vista tradicional de que a maior parte dos salmos foi escrita em torno do ano 1000 a.C., como afirmam as inscrições. As novas provas derivadas dos pergaminhos do mar Morto descartam a idéia de que a escritura de alguns salmos se estendeu até ao segundo século antes de Cristo conforme o sustentaram alguns exegetas no passado.

                                               R. Laird Harris

Doutor em Filosofia e Letras


III. ESTRUTURA DOS SALMOS
1. A divisão dos Salmos. 
2. Na Septuaginta. 
3. Os versículos no cânon judaico.
4. Cânticos dos Degraus.

Esboço
I. Livro 1: Salmos 1—41
II. Livro 2: Salmos 42—72 
III. Livro 3: Salmos 73—89 
IV. Livro 4: Salmos 90—106 
V. Livro 5: Salmos 107—150 

Duas observações quanto ao esboço acima são dignas de nota: (1) Desde os tempos antigos, os 150 salmos são organizados em cinco livros, tendo cada um, na sua conclusão, uma enunciação de louvor e invocação dirigida a Deus, a saber:

 Livro 1 — 41.13;

Livro 2 — 72.19;

Livro 3 — 89.52;

 Livro 4 — 106.48;

Livro 5 — 150.1-6.

O salmo 150 não é apenas o último dos salmos; é também uma enunciação de louvor e invocação a Deus; ele é também uma doxologia para todo o saltério. (2) O gráfico a seguir enseja uma visão panorâmica da divisão dos Salmos em cinco livros.

Considerações preliminares

O título hebraico dos Salmos é Tehillim, que significa “louvores”; o título na Septuaginta (tradução do AT para o grego, feita em c. 200 a.C.) é Psalmoi, que significa “cânticos para serem acompanhados por instrumentos de cordas”. O título em português, “Salmos”, deriva da Septuaginta.

A música desempenhava papel de importância no culto do antigo Israel (cf. Sl 149; 150; 1 Cr 15.16-22); os salmos eram os hinos do povo de Israel. Bem diferente de boa parte da poesia e do cântico do mundo ocidental, compostos com rima ou metrificação, a poesia e o cântico do AT tem por base o paralelismo de pensamento, em que a segunda linha (ou linhas sucessivas) da estrofe praticamente faz uma reiteração (paralelismo sinônimo), ou apresenta um contraste (paralelismo antitético), ou, de modo progressivo, completa (paralelismo sintético) a primeira linha. Todas as três formas de paralelismo caracterizam o Saltério. O salmo mais antigo conhecido vem de Moisés, no século XV a.C. (Sl 90); os mais recentes provêm dos séculos VI e V a.C. (e.g., Sl 137).

A maioria dos salmos, no entanto, foi escrita no século X a.C., durante a era áurea da poesia em Israel. Os títulos descritivos que precedem a maioria dos salmos, embora não pertençam ao texto original, logo não inspirados, são muito antigos (anteriores à Septuaginta) e importantes. O conteúdo desses títulos varia, e forma diferentes grupos de salmos, como (1) o nome do autor (e.g., Sl 47, “Salmo... entre os filhos de Corá”); (2) o tipo de salmo (e.g., Sl 32, um “masquil”, que significa uma poesia para meditação ou ensino); (3) termos musicais (e.g., Sl 4, “Para o cantor-mor, sobre Neguinote [instrumentos de cordas]”); (4) notações litúrgicas (e.g., Sl 45, “Cântico de amor”, i.e., um cântico para casamento); e (5) breves notações históricas (e.g., Sl 3, “Salmo de Davi, quando fugiu... de Absalão, seu filho”). (N do E — Em quase todas as Bíblias atuais, dependendo da agência publicadora e da respectiva versão e edição, cada salmo traz, antes de tudo, uma epígrafe (ou título), elaborada por essas agências. É evidente que essas epígrafes (bem como as demais através de Bíblia) não são inspiradas. No tocante à autoria dos salmos, os títulos atribuem setenta e três deles a Davi, doze a Asafe (um levita com dons relacionados à música e à profecia, ver 1 Cr 15.16-19; 2 Cr 29.30), dez aos filhos de Corá (uma família talentosa na música), dois a Salomão, um a Hemã, um a Etã e um a Moisés. Com exceção de Moisés, Davi e Salomão, todos os outros autores mencionados eram sacerdotes ou levitas com vocação musical e com responsabilidades no culto sagrado durante o reinado de Davi. Cinqüenta salmos são anônimos. As referências bíblicas e históricas sugerem que Davi (cf. 1 Cr 15.16-22), Ezequias (cf. 2 Cr 29.25-30; Pv 25.1) e Esdras (cf. Ne 10.39; 11.22; 12.27-36, 45-47) participaram, em suas respectivas épocas, da compilação dos salmos para o uso no culto público em Jerusalém. A compilação final do Saltério deu-se mais provavelmente nos dias de Esdras  e de Neemias (450-400 a.C.) 

Propósito

Os salmos, como orações e louvores inspirados pelo Espírito, foram escritos para, de modo geral, expressarem as mais profundas emoções íntimas da alma em relação a Deus. (1) Muitos foram escritos como orações a Deus, como expressão de (a) confiança, amor, adoração, ação de graças, louvor e anelo por maior comunhão com Deus; (b) desânimo, intensa aflição, medo, ansiedade, humilhação e clamor por livramento, cura ou vindicação. (2) Outros foram escritos como cânticos de louvor, ação de graças e adoração, exaltando a Deus por seus atributos e pelas grandes coisas que Ele tem feito. (3) Certos salmos contêm importantes trechos messiânicos.

Visão Panorâmica

Saltério, uma antologia de 150 Salmos, abarca ampla gama de temas, inclusive revelações a respeito de Deus, da criação, da raça humana, do pecado e do mal, da justiça e da santidade, da adoração e do louvor, da oração e do juízo. Alude a Deus de modo ricamente variado: como fortaleza, rocha, escudo, pastor, guerreiro, criador, rei, juiz, redentor, sustentador, aquele que cura e vingador; Deus expressa amor, ira e compaixão; Ele é onipresente, onisciente e onipotente. O povo de Deus é também descrito de várias maneiras: como a menina dos olhos de Deus, ovelhas, santos, retos e justos que Ele livrou do lamaçal escorregadio do pecado e pôs seus pés na rocha, dando-lhes um cântico novo. Deus dirige os seus passos, satisfaz seus anseios espirituais, perdoa todos os seus pecados, cura todas as suas enfermidades e lhes provê uma habitação eterna. Um bom método para estudar o livro é fazê-lo pelas categorias classificatórias dos salmos (algumas dessas categorias se sobrepõem parcialmente).

(1) Cânticos de Aleluia ou de Louvor: engrandecem o nome, a majestade, a bondade, a grandeza e a salvação de Deus (e.g., Sl 8; 21; 33; 34; 103—106; 111; 113; 115; 117; 135; 145; 150).

 (2) Cânticos de Ação de Graças: reconhecem o socorro e livramento divinos, em muitas ocasiões, em favor do indivíduo ou de Israel como nação (e.g., Sl 18; 30; 34; 41; 66; 100; 106; 116; 126; 136; 138).

(3) Salmos de Oração e Súplica: incluem lamentos e petições diante de Deus, sede de Deus e intercessão em favor do seu povo (e.g., Sl 3; 6; 13; 43; 54; 67; 69—70; 79; 80; 85—86; 88; 90; 102; 141; 143).

(4) Salmos Penitenciais: enfocam o reconhecimento e confissão do pecado (e.g., Sl 32; 38; 51; 130).

(5) Cânticos da História Bíblica: narram como Deus lidou com a nação de Israel (e.g., Sl 78; 105; 106; 108; 114; 126; 137).

 (6) Salmos da Majestade Divina: declaram convictamente que “o Senhor reina” (e.g., Sl 24; 47; 93; 96—99).

(7) Cânticos Litúrgicos: compostos para cultos ou eventos festivos especiais (e.g., Sl 15; 24; 45; 68; 113—118; estes seis últimos eram cantados anualmente na Páscoa).

 (8) Salmos de Confiança e de Devoção: expressam (a) a confiança que o crente tem na integridade de Deus e no conforto da sua presença e (b) a devoção da alma a Deus (e.g., Sl 11; 16; 23; 27; 31—32; 40; 46; 56; 62—63; 91; 119; 130—131; 139).

(9) Cânticos de Romagem: também chamados “Cânticos de Sião” ou “Cânticos dos Degraus”. Eram cantados pelos peregrinos, a caminho de Jerusalém para celebrarem as festas anuais da Páscoa, de Pentecoste e dos Tabernáculos (e.g., Sl 43; 46; 48; 76; 84; 87; 120—134).

(10) Cânticos da Criação: reconhecem a obra de Deus na criação dos céus e da terra (e.g., Sl 8; 19; 33; 65; 104).

(11) Salmos Sapienciais e Didáticos (e.g., Sl 1; 34; 37; 73; 112; 119; 133).

(12) Salmos Régios ou Messiânicos: descrevem certas experiências do rei Davi ou Salomão com significado profético, cujo cumprimento pleno terá lugar à vinda do Messias, Jesus Cristo (e.g., Sl 2; 8; 16; 22; 40; 41; 45; 68; 69; 72; 89; 102; 110; 118).

(13) Salmos Imprecatórios: invocam a maldição ou condenação divina sobre os ímpios (e.g., Sl 7; 35; 55; 58; 59; 69; 109; 137; 139.19—22). Muitos crentes ficam perplexos quanto a estes salmos, porém, deve-se observar que eles foram escritos por zelo pelo nome de Deus, por sua justiça e sua retidão, e por intensa aversão à iniqüidade, e não por simples vingança. Em suma: clamam a Deus para Ele elevar os justos e abater os ímpios. 

Características Especiais

Nove características principais assinalam o livro de Salmos.

(1) É o maior livro da Bíblia, e contém o capítulo mais extenso (119.1-176), o capítulo mais curto (117.1,2) e o versículo central da Bíblia (118.8).

(2) É o hinário e livro devocional dos hebreus, e a sua profundidade e largueza espirituais fazem com que este livro seja o mais lido e estimado do AT, pela maioria dos crentes. (3) “Aleluia” (traduzido por “louvai ao Senhor” em algumas Bíblias), um termo hebraico universalmente conhecido pelos cristãos. Ele ocorre vinte e oito vezes na Bíblia, sendo que vinte e quatro estão no livro de Salmos. O Saltério chega ao seu auge no Sl 150, com uma manifestação de louvor completo, harmonioso e perfeito ao Senhor.

 (4) Nenhum outro livro da Bíblia expressa tão bem a gama inteira das emoções e necessidades humanas em relação a Deus e à vida humana. Suas expressões de louvor e devoção fluem dos picos mais altos, da comunhão com Deus, e seus brados de desespero ecoam dos vales mais profundos do sofrimento.

(5) Cerca de metade dos salmos consiste de orações de fé em tempos de tribulação.

(6) É o livro do AT mais citado no NT.

 (7) Contém muitos dos “capítulos prediletos” da Bíblia, como Sl 1; 23; 24; 34; 37; 84; 91; 103; 119; 121; 139; e 150.

 (8) O Sl 119 é único na Bíblia por: (a) seu tamanho (176 versículos), (b) seu grandioso amor à Palavra de Deus; e (c) sua estrutura literária que compreende vinte e duas estrofes de oito versículos cada, sendo que dentro de cada estrofe, cada versículo inicia com a mesma letra, segundo a ordem das 22 letras do alfabeto hebraico, formando um acróstico alfabético.

(9) A característica literária principal do livro é um estilo poético chamado paralelismo, que utiliza mais o ritmo dos pensamentos do que o ritmo da rima ou da métrica. Esta característica possibilita a tradução da sua mensagem de um idioma para outro sem muita dificuldade.

O Livro de Salmos ante o NT

Há 186 citações dos salmos no NT, o que ultrapassa qualquer outro livro do AT. É fato claro que Jesus e os escritores do NT conheciam muito bem os salmos, e que o Espírito Santo usou muitas passagens do livro nos ensinos de Jesus, bem como em ocasiões em que Ele cumpriu as Escrituras como o Messias predito: por exemplo, o breve Salmo 110 (com sete versículos) é mais citado no NT do que qualquer outro capítulo do AT. Ele contém profecias sobre Jesus como o Messias, como o Filho de Deus e como sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque. Outros salmos messiânicos referentes a Jesus no NT são: 2; 8; 16; 22; 40; 41; 45; 68; 69; 89; 102; 109 e 118. Referem-se a:

(1) Jesus como profeta, sacerdote e rei;

(2) sua primeira e sua segunda vinda;

(3) sua qualidade de Filho de Deus e seu caráter;

(4) seus sofrimentos e morte expiatória; e

(5) sua ressurreição. Resumindo: os salmos contêm algumas das profecias mais minuciosas de todo o AT a respeito de Cristo e, a cada passo, vemo-las fartamente entretecidas na mensagem dos escritores do NT.

IV. O LIVRO DE CANTARES DE SALOMÃO

1. Título e autoria.

2. Conteúdo.

3. Sua inclusão no cânon sagrado.

Esboço

Título (1.1)

I. O Primeiro Poema: O Anelo da Noiva pelo Noivo (1.2—2.7)

A. A Expressão do Anelo da Noiva (1.2-4a)

B. O Apoio das Amigas da Noiva (1.4b)

C. A Pergunta da Noiva (1.5-7)

D. O Conselho das Amigas da Noiva (1.8)

E. A Presença e a Fala do Noivo (1.9-11)

F. O Amor Mútuo entre a Noiva e o Noivo (1.12—2.7)


II. O Segundo Poema: A Busca e o Encontro dos Dois Amados (2.8—3.5)

A. A Noiva Percebe a Vinda do Noivo (2.8,9)

B. Os Pedidos do Noivo (2.10-15)

C. O Amor Irrestrito da Noiva pelo Noivo (2.16,17)

D. A Perda e o Achado do Noivo (3.1-5)


III. O Terceiro Poema: O Cortejo Nupcial (3.6—5.1)

A. A Aproximação do Noivo (3.6-11)

B. O Amor do Noivo pela Noiva (4.1-15)

C. A Reunião dos Noivos (4.16—5.1)

 

IV. O Quarto Poema: A Noiva Teme Perder o Noivo (5.2—6.3)

A. O Sonho da Noiva (5.2-7)

B. A Noiva e Suas Amigas Conversam sobre o Noivo (5.8-16)

C. O Lugar Onde Encontra-se o Noivo (6.1-3)

V. O Quinto Poema: A Formosura da Noiva (6.4—8.4)

A. A Descrição da Noiva pelo Noivo (6.4-9)

B. O Noivo e Seus Amigos Conversam sobre a Noiva (6.10-13)

C. Outras Descrições da Noiva (7.1-8)

D. O Amor da Noiva pelo Noivo (7.9—8.4)


VI. O Sexto Poema: A Suprema Beleza do Amor (8.5-14)

A. A Intensidade do Amor (8.5-7)

B. O Desenvolvimento do Amor (8.8,9)

C. O Contentamento do Amor (8.10-14)

Autor:  Salomão  -  Tema: O Amor Conjugal  -  Data:  Cerca de 960 a.C.

Considerações Preliminares

O título hebraico deste livro pode ser traduzido literalmente por “O Cântico dos Cânticos”, expressão esta que significa “O Maior Cântico” (assim como “Rei dos reis” significa “O Maior Rei”). É portanto, o maior cântico nupcial já escrito.

Salomão foi um escritor prolífico de 1005 cânticos (1 Rs 4.32). Seu nome consta no versículo inicial, que também fornece o título do livro (1.1), e em seis outros trechos do livro (1.5; 3.7,9,11; 8.11,12). O escritor também identifica-se com o noivo; é possível que o livro tenha sido originalmente uma série de poemas trocados entre ele e a noiva. Os oito capítulos do livro fazem referência a pelo menos quinze espécies diferentes de animais e vinte e uma espécies de plantas. Esses dois campos foram investigados e mencionados por Salomão em numerosos outros cânticos (1 Rs 4.33). Finalmente, há referências geográficas no livro de lugares de todas as partes da terra de Israel, o que sugere que o livro foi composto antes da divisão da nação em Reino do Norte e Reino do Sul. Salomão deve ter composto este livro no início do seu reinado, muito antes de sua execrável poligamia.

Liturgicamente, Cantares de Salomão veio a ser um dos cinco rolos da terceira parte da Bíblia hebraica, os Hagiographa (“Escritos Sagrados”). Cada um desses rolos era lido publicamente numa das festas anuais dos judeus. Este era lido na Festa da Páscoa.

Propósito

Este livro foi inspirado pelo Espírito Santo e inserido nas Escrituras para ressaltar a origem divina da alegria e dignidade do amor humano no casamento. O livro de Gênesis revela que a sexualidade humana e casamento existiam antes da queda de Adão e Eva no pecado (Gn 2.18-25). Embora o pecado tenha maculado essa área importante da experiência humana, Deus quer que saibamos que a dita área da vida pode ser pura, sadia e nobre. Cantares de Salomão, portanto, oferece um modelo correto entre dois extremos através da história:

(1) o abandono do amor conjugal para a adoção da perversão sexual (i.e., conjunção carnal de homossexuais ou de lésbicas) e prática heterossexual fora do casamento e

(2) uma abstinência sexual, tida (erroneamente) como o conceito cristão do sexo, que nega o valor positivo do amor físico e normal conjugal.

Visão Panorâmica

Não é fácil analisar o conteúdo de Cantares de Salomão. Ao invés de ele avançar de modo sistemático e lógico, do primeiro ao último capítulo, movimenta-se numa série de círculos interligados, que por sua vez giram em torno do tema central — o amor. Como cântico, tem seis estrofes ou poemas, cada uma das quais trata de determinado aspecto do amor de noivado, ou do amor conjugal entre Salomão e sua noiva (1.2—2.7; 2.8—3.5; 3.6—5.1; 5.2—6.3; 6.4—8.4; 8.5-14). O estado virgem da noiva é descrito pela expressão “jardim fechado” (4.12), e a consumação do casamento como entrar no jardim para colher seus frutos excelentes (4.16; 5.1). A maioria dos diálogos transcorrem entre três tipos de personagens: a noiva (uma donzela sulamita); o noivo, o rei Salomão; e um grupo de amigas da noiva e do noivo chamadas “filhas de Jerusalém”. Quando a noiva e o noivo estão juntos, sentem-se plenamente felizes; quando estão longe, anseiam pela presença um do outro. O apogeu literário de Cantares de Salomão acha-se em 8.6,7.

Características Especiais

Quatro características principais assinalam Cantares de Salomão.

(1) É o único livro na Bíblia que trata exclusivamente do amor especificamente conjugal.

 (2) É uma obra-prima incomparável da literatura, repleta de linguagem imaginativa; discreta, mas realista; tomada principalmente do mundo da natureza. As várias metáforas e a linguagem descritiva retratam a emoção, poder e beleza do amor romântico e conjugal, que era puro e casto entre os judeus, o povo de Deus dos tempos bíblicos.

(3) É um dos poucos livros do AT de que não se faz referência no NT.

 (4) Neste livro, consta apenas uma vez o nome de Deus, em 8.6, mas a inspiração divina permeia o livro, principalmente nos seus símbolos e figuras.

O Livro de Cantares ante o NT

(1) Cantares de Salomão prenuncia um tema do NT revelado ao escritor de Hebreus: “Venerado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula” (Hb 13.4). O cristão pode e deve desfrutar do amor romântico e conjugal.

(2) Muitos intérpretes do passado abordam este livro primordialmente como uma alegoria profética do amor entre Deus e Israel, ou entre Cristo e a igreja, sua noiva. O NT não se refere a Cantares de Salomão sobre este aspecto, nem faz referência a este livro. Por outro lado, vários trechos básicos do NT descrevem o amor de Cristo à igreja sob a figura do relacionamento marital (e.g., 2 Co 11.2; Ef 5.22,23; Ap 19.7-9; 21.1,2,9). Daí, pode-se considerar Cantares de Salomão uma ilustração da qualidade de amor existente entre Cristo e a sua noiva, a igreja. É um amor indiviso, devotado e estritamente pessoal, ao qual nenhum estranho tem acesso.

CONCLUSÃO

A poesia, no Antigo Testamento, abrange as narrativas e os discursos proféticos. No Novo Testamento a poesia é rara. Dificilmente alguém escreve poesia numa segunda língua; é mais corrente escrevê-la na língua pátria. Isso talvez justifique essa escassez, pois o grego, com exceção de Lucas, era a segunda língua dos escritores do Novo Testamento.

                             FONTE : apazdosenhor.org

                

Neste trimestre, o Pr. Joá Caitano, comentarista da lição, fará o resumo das aulas a serem estudadas. Introduzimos o estudo dos cinco livros, chamados poéticos, a saber: Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.

O estudo desses volumes é absolutamente necessário à Igreja, hoje, pois, tendo em vista o fato de a mensagem do amor divino não ser uma ciência exata, em determinadas ocasiões ela foi transmitida, e consequentemente compreendida, por meio de expressões poéticas.

Boa aula!

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