segunda-feira, 16 de março de 2020

Lição 12 - A Espiritualidade Cristã e o Espírito Santo



TEXTO BÍBLICO BÁSICO
João 4.19-30

Disse a mulher: "Senhor, vejo que é profeta.

Nossos antepassados adoraram neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve adorar".
Jesus declarou: "Creia em mim, mulher: está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém.
Vocês, samaritanos, adoram o que não conhecem; nós adoramos o que conhecemos, pois a salvação vem dos judeus.
No entanto, está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade".
Disse a mulher: "Eu sei que o Messias ( chamado Cristo ) está para vir. Quando ele vier, explicará tudo para nós".
Então Jesus declarou: "Eu sou o Messias! Eu, que estou falando com você".
Naquele momento os seus discípulos voltaram e ficaram surpresos ao encontrá-lo conversando com uma mulher. Mas ninguém perguntou: "Que queres saber? " ou: "Por que estás conversando com ela? "
Então, deixando o seu cântaro, a mulher voltou à cidade e disse ao povo:
"Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito. Será que ele não é o Cristo? "
Então saíram da cidade e foram para onde ele estava.



TEXTO ÁUREO

Porque a inclinação
da carne é morte;
mas a inclinação do
Espírito é vida e paz.
 Romanos 8.6

SUBSÍDIOS PARA O ESTUDO DIÁRIO
2ª feira - Joel 2.18-32
A declaração do profeta acerca dos jovens
3ª feira - João 13.1-17
Jesus ensinou aos discípulos
4ª feira - 1 Coríntios 2.6-15
Os benefícios de ser cheio do Espírito
5ª feira - Mateus 12.15-21
A profecia se cumpriu
6ª feira - Atos 26.12-23
A experiência espiritual de Saulo
Sábado - Hebreus 9.1-15
Cristo, o sumo sacerdote

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá:
• destacar a necessidade de permitirmos e insistirmos em nossa espiritualidade como evidência de uma vida transformada;
• conhecer quais são as características da espiritualidade cristã;
• aplicar o conhecimento da aula de hoje à vida prática, a fim de que a nossa espiritualidade possa dar testemunho de que fomos salvos e transformados pela presença do Espírito.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Caro professor, Vygotsky, notável educador e psicólogo russo da primeira metade do século 20, disse que "a relação educador-educando não deve ser uma relação de imposição, mas sim uma relação de cooperação, de respeito e de crescimento. O aluno deve ser considerado como um sujeito interativo e ativo no seu processo de construção de conhecimento, assumindo o educador um papel fundamental nesse processo, como um indivíduo mais experiente. Por essa razão, cabe ao professor considerar também o que o aluno já sabe, sua bagagem cultural c intelectual, para a construção da aprendizagem” (Extraído de: CHAVES, G. V. Educação Cristã — Uma Jornada Para Toda Vida, 2012, p. 95).

COMENTÁRIO

Palavra introdutória

Nessa revista, falamos de áreas, características, ações e funções, prerrogativas e atributos do Espírito Santo. Deve ficar claro e evidente para nós que o relacionamento entre o cristão e o Espírito só pode ocorrer a partir daquilo que chamamos espiritualidade, isto é, no terreno apropriado onde transita o Espírito.

A espiritualidade, como a base da relação com o sobrenatural, só pode ocorrer porque nós, independentemente de fé, origem ou condição econômica, também somos seres espirituais. Estabelece-se, portanto, o meio pelo qual a nossa relação se dá com Deus Pai, com o Filho e com o Espírito Santo.

1                1 .     A NATUREZA ESPIRITUAL

Vimos que a primeira referência ao Espírito Santo ocorre já na abertura do Livro do Gênesis, no poema da criação, onde diz que o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas (Gn 1.2). 
Esse movimento contínuo denota uma participação ativa do Espírito na obra que trouxe o universo à existência.

A segunda menção sobre Ele encontra-se quando a humanidade já está decaída e inserida em uma grave decisão do Criador: Não contenderá o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos (Gn 6.3).

1.1.  O Criador extrapola nossa espiritualidade

Para alguns estudiosos, a filosofia demonstra que o Criador excede infinitamente qualquer grau de espiritualidade que possamos possuir e que é razoável enxergar a ação de Deus como inteligente, boa e providencial. É verdade que a filosofia não demonstra o nível de amor revelado em Cristo. No entanto, deixa o caminho aberto para essa possibilidade. Ela também desencoraja a idolatria — e a ideia de que Deus é do tamanho humano, limitado a uma distância mensurável, a partir da qual nos enxerga.

Deus não pode ser maior do que nós com base em nenhuma medida finita. Ele não está em competição com nenhuma de Suas criaturas. Tudo aquilo que desfrutamos é dádiva divina. Nada nos pertence (KREEFT; TACELLI, Central Gospel, 2016, p. 146).

1.2.  A humanidade existe para a comunhão com o Espírito

O terceiro elemento no ser feito à imagem de Deus é a espiritualidade. A humanidade existe para a comunhão com Deus, que é Espírito (Jo 4.24a). Essa comunhão é planejada para ser eterna, como Deus é eterno. Aqui poderíamos declarar que, embora os seres humanos tenham um corpo físico como as plantas - e uma alma como os animais, só os humanos têm um espírito. E é só pelo fato de termos um espírito que podemos ter consciência de Deus e estar em comunhão com Ele.

Há um debate contínuo entre aqueles que acreditam em uma construção de três partes de nosso ser e aqueles que acreditam que o homem pode ser considerado só em duas partes. O debate não deve preocupar-nos excessivamente. Todas as partes do debate reconhecem que os seres humanos consistem pelo menos da parte física, que morre e precisa da ressurreição, e de uma parte imaterial, que vive além da morte, a parte que chamamos de a pessoa em si. A única questão é se a parte imaterial pode ser ainda mais distinguida por conter o que o homem tem em comum com os animais (corpo e alma) e o espírito, que o relaciona a Deus (BOICE, Central Gospel, 2011, p. 132).

                  2 .     ESPIRITUALIDADE E ADORAÇÃO

É imperioso reconhecer que o Espírito Santo inspira o cristão à prática da adoração. 


Ele faz isso principalmente ao testificar de Cristo como merecedor de toda glória, honra e louvor.

A adoração é uma prática apropriada a pessoas espirituais, o que nos leva ao entendimento de que somente seres com espírito possuem a capacidade de relacionar-se com Deus, confirmando, assim, que a espiritualidade é o campo onde se estabelece a saúde espiritual do crente. Ao contrário, a ausência da prática espiritual cotidiana aponta para a fraqueza ou para a enfermidade espiritual.

2.1.  A adoração correta

A adoração não deve ser confundida com certas práticas, como a meditação transcendental e a ioga, que são técnicas psicofísicas. Tais práticas, portanto, envolvem a mente, não o espírito. Elas projetam o homem, não Deus. Não visam à pessoa dele.

A adoração é devida somente a Deus. É o reconhecimento de que a criatura inanimada (natureza), a criatura humana e a criatura angelical não podem ser adoradas. Os exemplos bíblicos são claros. Os profetas condenavam com veemência o culto aos elementos da natureza (Is 44.6-19; Jr 8.1,2; Hc 2.17,18).

Cornélio se prostrou diante de Pedro com a intenção de adorá-lo, mas o apóstolo se recusou a receber adoração, explicando o motivo: Levanta-te, que eu também sou homem (At 10.26). O apóstolo João, extasiado com as visões do Apocalipse, sentiu-se impulsionado a adorar o anjo que o acompanhava, mas a resposta foi: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus (Ap 22.9).

2.2.  A perfeita adoração

Apenas o Criador pode ser adorado (Êx 34.14; Mt 4.10; Ap 19.10). Trata-se de um culto exclusivo e universal. A adoração, portanto, é a mais elevada forma de comunicação da criatura com o Criador (Êx 20.5), e essa sublimidade é descrita de maneira magnífica no capítulo 4 de Apocalipse.

Adoração é muito mais que cântico e louvor. No cântico e no louvor, dirigimo-nos a Deus, é verdade, mas a perfeita adoração implica uma aproximação legítima de Deus em reconhecimento do que Ele ó, possuidor e merecedor do toda glória (SI 29.2).

Adoramos a Deus como resultado dos convites, exortações, mandamentos e exemplos que encontramos nas Sagradas Escrituras (SI 95.6; 96.9; Is 6). Por causa da aproximação que sentimos no momento da adoração, percebemos a nossa absoluta fragilidade, como expressa a exclamação de Isaías: Ai de mim, que vou perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um povo de impuros lábios; e os meus olhes viram o rei, o SENHOR dos Exércitos (Is 6.5)! Nesses momentos, conservamos uma postura de respeito, reverência e humilhação, plataforma para uma transformação genuína (2 Co 3.18).

A perfeita adoração deve ser feita em espírito e em verdade (Jo 4.23,24), porque Deus é Espírito e é o Deus da verdade.


             2.3.         A adoração cotidiana

A verdadeira adoração sobressai aos locais determinados de culto.

Não está restrita ao templo, a um monte ou a uma cidade (Jo 4.20). A adoração em espírito está de acordo com a natureza do Deus onipresente.

Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, como Paulo fez questão de lembrar aos cristãos de Corinto (1 Co 3.16). Sua habitação no cristão desfaz o conceito do local como facilitador da adoração, pois o centro de adoração agora é o coração humano transformado, não por acaso, pela obra regeneradora do Espírito Santo. Pelo Espírito, oferecemos a adoração autêntica, a qual é impossível pela mera religiosidade, como ensinou Paulo aos cristãos de Filipos (Fp 3.3).

O cristão cheio do Espírito Santo é aquele que cuida da sua vida espiritual. Ele emprega todos os meios à sua disposição (a oração, o louvor, a meditação sobre a Palavra, a consagração e a obediência à vontade divina) para ter uma vida santa e de intimidade com Deus.

Os momentos dedicados à adoração são sementes lançadas no coração de Deus, as quais sempre produzem resultados positivos. Fazer da adoração e do louvor uma parte da vida diária leva-nos para mais perto de Deus, produzindo intimidade e garantindo bênçãos sem medida. Logo, a comunhão diária com Deus resulta na plenitude do Espírito: Aproximem-se de Deus, e ele se aproximará de vocês (Tg 4.8).

3. ESPIRITUALIDADE E SANTIFICAÇÃO

A palavra santidade vem do hebraico kadosh e seu significado é separação. O verbo que exprime a ação de santidade é santificar, do qual provém a palavra santificação, que designa a condição necessária para que o homem veja a Deus: Segai a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb 12.14).

É essa separação que permite ao cristão voltar-se para o Espírito de Deus, e não para as inclinações da carne, onde não poderá frutificar a sua espiritualidade. Essa condição é absolutamente necessária para haver um relacionamento profundo e próximo entre Criador e criatura.

A Bíblia menciona exaustivamente a operação santificadora do Espírito Santo. Como exemplo, podemos citar a Sua ação na vida de Jesus (1 Pe 1.19), na eleição do cristão (1 Pe 1.2), na manifestação profética (2 Pe 1.21) e na vida privada do cristão (Hb 12.14).

3.1.  Meios de santificação

O Espírito usa diversos instrumentos para efetuar a santificação, tais como a Palavra de Deus (Jo 17.17), a pessoa de Cristo (1 Co 1.30), o sangue redentor de Cristo (Hb 13.12) e a si mesmo (1 Pe 1.2).

Em Seu labor santificador na vida humana, o Espírito é capaz de atingir todas as áreas: espírito, alma e corpo (1 Ts 5.23; Rm 12.1,2); o olhar (Mt 6.22; 18.9); o andar (G1 5.16); o ler (SI 1.1,2; Ap 1.3); o vestir (1 Tm 2.9); o comer e beber (Rm 14.17); o adorar (Jo 4.23); o pensar (Cl 3.1-3); o ofertar (Rm 15.16); enfim, todo o viver (Fp 1.21; Gl 2.20).

3.2.  Implicações da santificação

A santificação implica separação para Deus (Jr 1.5; Hb 7.26); é um processo de aperfeiçoamento espiritual (At 26.18) e o cumprimento da vontade de Deus para nós (1 Ts 4.3). Quando somos santificados, damos lugar à natureza divina (Hb 12.10; 2 Pe 1.4), obtemos pleno acesso a Deus (Hb 12.14) e por Ele somos capacitados a servir agradavelmente (Rm 6.22; Hb 9.14). A genuína santificação afeta nosso entendimento (Jr 31.34; Jo 6.45), nossa vontade (Ez 36.25-27; Fp 2.13), nossas paixões (Gl 5.24) e nossa consciência (Tt 1.15).

Os teólogos costumam definir a santidade de Deus como o corolário de Seus atributos. Ela pertence igualmente às três pessoas da divindade, as quais participam da mesma natureza comum e indivisível.

Jesus chamou Deus de Pai santo (Jo 17.11). O Filho é chamado de Santo de Israel mais de 30 vezes, somente no Livro de Isaías. O Espírito é especificamente chamado de Espírito Santo ao longo da Bíblia. Ele é quem ministra santidade nos homens, permitindo-lhes, assim, reencontrarem o caminho de sua normalidade espiritual.

CONCLUSÃO

A teologia da espiritualidade cristã procurou equipar os santos para viverem uma vida pública, comum a todos, sem abrir mão da espiritualidade e do genuíno testemunho cristão. Desde então, temos procurado viver santa, sóbria e piamente no mundo, sem nos encantarmos com o mundo, porque a vida no Espírito Santo é incomparavelmente superior e deve nos atrair constante e incessantemente.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. Por que precisamos buscar a santidade se quisermos ser cheios do Espírito?
R.: O Espírito Santo não compactua com o pecado. Se quisermos ser Sua morada, devemos abrir mão da nossa natureza carnal e buscar a santidade (Hb 12.14).

                              Lições Palavra de Deus nº 61 - Editora Central Gospel 
                                    Comentarista: Pr. Geziel Gomes

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CAPÍTULO DOZE
O Espírito Santo e a Santificação

Timothy P. Jenney

Este capítulo focaliza o Espírito Santo e a santificação, embora toda a Trindade esteja envolvida. O plano é de Deus Pai. Seu desejo é nada menos que a santificação do mundo inteiro e de todos os seus habitantes. Jesus Cristo morreu para possibilitar esse plano, mas sua obra na cruz já foi concluída (Jo 19.30; cf. Hb 10.1044). Hoje, o agente ativo na santificação é o Espírito de Deus. Seu papel principal nesse processo é indicado pelo título mais comum, o Espírito Santo, e pelos símbolos de purificação que o representam nas Escrituras: água e fogo. 1

 O título "Espírito Santo" aparece 94 vezes no Novo Testamento (inclusive a única ocorrência de "Espírito de santificação", em Rm 1.4). Títulos alternados do Espírito aparecem bem menos frequentemente. 2 Embora alguns talvez argumentem que "Espírito Santo" seja simples abreviatura de o "Espírito do Santo", o título não pode ser diluído tão levianamente. Deus Pai tem muitos e incomparáveis atributos, e qualquer um deles - a eternidade, a onipotência, a onisciência - poderia ter servido para identificar o Espírito, não apenas a santidade. Os escritores do Novo Testamento empregam tão frequentemente a expressão "Espírito Santo" por reconhecerem a relevância do Espírito para a santificação do mundo.

 Os símbolos que os escritores sagrados usavam para representar o Espírito Santo também são esclarecedores. Os rituais de purificação do Antigo Testamento (a respeito dos quais entraremos em pormenores depois) empregam o sangue, a água e o fogo. O sangue indica o ministério de Jesus; a água e (até certo ponto) o fogo indicam o ministério do Espírito Santo. O Espírito de Deus é frequentemente simbolizado pela água (Is 44.3,4; Ez 36.25-27; Jl 2.23; Jo 7.38,39; cf. 19.34) ou em termos usualmente reservados para fluidos: "derramar" (Zc 12.10; At 2.17,18; 10.45), "cheio" (Lc 1.15; At 2.4; Ef 5.18), "ungido" (Is 61.1,2; cf. Lc 4.18) e até mesmo "batizar" e "batismo" (Jo 1.33; At 1.5; 1 Co 12.13). Mais frequentemente, o Espírito é simbolizado pelo fogo (At 2.3; Ap 4.5) ou encontra-se em estreita relação este elemento (Mt 3.11; Lc 3.16). Eram símbolos poderosos aos ouvidos judaicos acostumados com os batismos e outros ritos de purificação do Judaísmo, no século I.

Nossa maneira equivocada de entender a santificação e a obra do Espírito Santo talvez se deva em parte ao nosso desconhecimento daqueles ritos.

Geralmente, quando se menciona a obra do Espírito Santo no tocante à santificação, faz-se referência a um processo - ou experiência - que torna a pessoa mais santa. Alguns identificam esse processo com a salvação; outros, como uma experiência subsequente; outros ainda, como um processo que inclui as duas experiências anteriores e algo mais. Mas a obra santificadora do Espírito é ainda mais ampla. Faz parte do plano integral de Deus para a humanidade, da "história da salvação".3 Nesta definição, está incluída a sua obra em relação aos convertidos e aos não-convertidos.

Mesmo assim, pessoas há preocupadíssimas era saber como se aplica a elas a santificação, individualmente. E muita justa essa preocupação. Afinal de contas, o plano de Deus para o mundo é levado a efeito através de uma pessoa por vez. As perguntas práticas a respeito da santificação podem ser postuladas com muita simplicidade: O que é a santificação? Acontece de uma só vez, ou é um processo? Como se relaciona com a salvação? O que significa ser santo (ou "santificado") ? Quem é responsável por nos tornar santos, e o que pode ser feito quando ficamos aquém da verdadeira santidade?

O crente poderá atingir um estágio de "perfeição cristã", tornando-se incapaz especar? Antes de respondermos a essas perguntas, será útil definir os nossos termos, explicar os limites do nosso estudo e passar em revista a doutrina da santificação no decurso da história da Igreja.

DEFINIÇÃO DE SANTIFICAÇÃO

Com base nos parágrafos anteriores, torna-se óbvio que a santificação é apresentada aqui no seu sentido mais amplo. A santificação é o processo mediante o qual Deus está purificando o mundo e os seus habitantes. Seu alvo derradeiro é que tudo, tanto as coisas animadas quanto as inanimadas, seja purificado de qualquer mancha de pecado ou de impureza. Com essa finalidade, Ele tem proporcionado os meios de salvação mediante Jesus Cristo. E, no fim dos tempos, Ele pretende consignar ao fogo tudo quanto não pode ou não quer ser purificado (Ap 20.11 - 21.1; ver também 2 Pe 3.10-13), e assim tirar da Terra tudo o que é pecaminoso.

A tarefa do Espírito Santo na presente etapa da história da salvação é quádrupla: (1) levar o mundo à convicção, (2) purificar o crente mediante o sangue de Cristo, no novo nascimento, (3) tornar real na vida do crente o pronunciamento jurídico da justificação já feita por Deus e (4) revestir o crente de poder, a fim de que este possa ajudar no processo de santificação de outras pessoas por meio (a) da proclamação do Evangelho ao descrente e (b) da edificação do crente.


É comum os teólogos empregarem o termo "santificação" somente com referência à terceira dessas quatro tarefas do Espírito Santo. Neste sentido mais estreito, A. H. Strong define a santificação como "aquela operação contínua do Espírito Santo, mediante a qual a santa disposição outorgada na regeneração é mantida e fortalecida".4 Charles Hodge concorda com o Catecismo de Westminster, que define a santificação como "a obra da livre graça de Deus, pela qual somos renovados em todo o nosso ser, segundo a imagem de Deus, e habilitados a morrer cada vez mais para o pecado e a viver para a justiça".5 Nada temos que objetar a tais explicações, mas consideramos a definição de Millard Erickson a mais clara, segundo o nosso modo de entender essa parte do processo. Ele diz: "E uma continuação do que foi começado na regeneração, quando então uma novidade de vida foi conferida ao crente e instilada dentro dele. Em especial, a santificação é a operação do Espírito Santo que aplica à vida do crente a obra feita por Jesus Cristo". 6



A SANTIFICAÇÃO NO NOVO TESTAMENTO

TERMINOLOGIA

Os dois termos gregos cruciais para o estudo da santificação no Novo Testamento são hagiazõ (e seus cognatos) e katharizõ (e seus cognatos). Hagiazõ equivale aproximadamente à palavra hebraica qadash e quase sempre serve como tradução desta, na Septuaginta. Significa "santificar, separar, purificar, dedicar ou consagrar", bem como "tratar como santo".

A palavra grega katharizõ quase sempre traduz a palavra hebraica taher, na Septuaginta. Significa "tornar limpo ou purificar" e é usada nos sentidos cerimonial e moral. Embora a Torá empregue os dois termos hebraicos com certa exatidão, a diferença entre eles torna-se menos nítida quando empregados no sentido figurado, especialmente nos profetas e nos Salmos. O Novo Testamento usualmente mantém a distinção entre os termos gregos ao falar dos rituais da antiga aliança ou dos fariseus, mas também emprega ambos os termos quando fala da obra de Cristo na nova aliança. Posto que nos interessamos pela purificação espiritual na nova aliança, podemos asseverar que o Novo Testamento emprega hagiazõ e katharizõ de modo intercambiável. A palavra mais comum é hagios (derivada de hagiazõ). No singular, é traduzida por "santo" e frequentemente usada como adjetivo para descrever Deus, seu Espírito, Jerusalém etc. No plural, é frequentemente usada como substantivo, para descrever o povo de Deus. Neste caso, é geralmente traduzida como "os santos". Esta expressão é muito comum no Novo Testamento (aparece sessenta vezes) e serve com evidência sólida de que os cristãos primitivos entendiam sua própria qualidade distintiva. Deus os tornara santos.


DUAS TEOLOGIAS DA SANTIFICAÇÃO

O termo "santos" nos é tão familiar que provavelmente o consideramos como ponto pacífico. Para os cristãos dos tempos do Novo Testamento, não era assim. Eles tinham plena consciência das leis extensivas que tratavam dos alimentos puros, das substâncias impuras e dos rituais de purificação da lei mosaica. Muitas das seitas do Judaísmo tinham regulamentos pormenorizados no tocante à impureza. De modo geral, a regra era que a santidade fosse mantida ao evitar-se a contaminação e pelo isolamento dos contaminados. Se alguém ficasse com alguma impureza, a solução era removê-la por algum tipo de batismo (Hb 6.2; 9.10). Esta é uma noção bastante passiva da santidade: evitar a impureza.


Além disso, a teologia dos fariseus apresentava uma inconsistência interessante. Muitos deles entendiam que o Reino de Deus era espiritual, lá no íntimo, ao invés de ser um reino exterior (material) e político. Mesmo assim, sustentavam que a entrada para esse reino interior dava-se através de rituais exteriores, que removiam o pecado e a impureza e produziam a santidade. Mesmo assim, a santidade de Deus é ativa. Uma vez que Ele deseja comunhão com as pessoas, sua santidade ativa consiste em tornar puros os impuros e santos os ímpios. A morte de Cristo tornou possível esse tipo de santidade. Seus seguidores obtiveram acesso ao Reino (espiritual) de Deus mediante um processo espiritual, e não por um processo exterior.

Mesmo estando cercados de pessoas e coisas impuras, ainda podiam ser santos. Por consequência, "santos" fica sendo sua designação característica.

O CUMPRIMENTO DA PROFECIA

Em última análise, a santificação do mundo ocorre no nível individual. Cada pessoa precisa resolver se aceitará ou não o domínio e o Reino de Deus em sua vida. As que optarem por não abrir mão de seus pecados terão de ser purificadas pelo fogo. Esse processo não pede a sua cooperação, mas é doloroso, destrutivo e de longa duração. Esse é o castigo eterno que a Bíblia chama de "inferno", "o lago de fogo" e a "segunda morte" (Is 66.24; Mt 23.33; 25.30,41,46; Ap 20.14,15). Embora essa purificação nunca seja atingida, o fogo eterno garante que a criação divina jamais tornará a ser perturbada pela sua impureza. Resumindo, Deus determinou que santificará o mundo. E o fará pela água ou pelo fogo (Mt 3.11-12).

Os cristãos desejam ser santificados pelo Espírito, processo que requer a cooperação contínua do indivíduo (1 Jo 3.3; Ap 22.11), de modo bem semelhante às cerimônias de purificação com água descritas no Antigo Testamento. Esse processo de santificação remove o pecado, mas salva a pessoa, e apresenta as quatro etapas que seguem.

Convencendo o mundo. A primeira etapa da santificação e a obra mais importante do Espírito Santo é levar as pessoas a um relacionamento pactuai com Deus. O Espírito tem três tarefas a realizar entre os inconversos: a convicção do pecado, o testemunho a respeito de Cristo e a confirmação da Palavra de Deus. São suas maiores tarefas, porque realizadas entre o maior grupo das pessoas - virtualmente todos os descrentes da Terra.

A salvação somente começa quando o indivíduo estiver convencido do pecado pessoal. Entendemos que essa "convicção" significa que a pessoa reconhece ter feito o mal e constar como culpada diante de Deus. E é o Espírito Santo quem produz tal convicção, que é a primeira etapa na santificação do indivíduo e a única que não requer o seu consentimento. Jesus referiu-se a este ministério do Espírito quando disse: "E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.8-11).

Note que Jesus disse que o Espírito convencerá "o mundo". Em outras palavras, o Espírito Santo tem um ministério de convicção entre os inconversos. Ele convence os mundanos de três coisas: (1) que seus pecados, especialmente o pecado da descrença no Filho de Deus, os fez culpados diante de Deus, (2) que a justiça é possível e desejável e (3) que os que não quiserem escutar a voz do Espírito serão julgados por Deus. A tentativa do Espírito em produzir a convicção pode ser resistida (At 7.51), conforme muitas vezes acontece. Há inclusive uma rejeição direta, que é a dos réprobos (1 Tm 4.2). Esta a razão de ser a blasfêmia contra o Espírito (Mt 12.31,32; Mc 3.29) potencialmente tão grave: se o Espírito Santo retirar a sua presença, não haverá mais possibilidade de arrependimento nem de perdão, porque não há convicção nem senso de culpa. 28

O Espírito também testifica a respeito de Cristo. Falando acerca do mundo, Jesus afirmou:

Se eu, entre eles, não fizesse tais obras, quais nenhum outro tem feito, não teriam pecado; mas, agora, viram-nas e me aborreceram a mim e a meu Pai. Mas é para que se cumpra a palavra que está escrita na sua lei: Aborreceram-me sem causa. Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito da verdade, que procede do Pai, testificará de mim. E vós também testificareis, pois estivestes comigo desde o princípio (Jo 15.24-27).

Poucas pessoas se sentem dispostas a falar contra Jesus, quer sejam crentes, quer não. Por quê? Cremos que é por causa do Espírito Santo: Ele testifica a respeito de Cristo, convencendo a homens e mulheres a respeito da verdade.

Os cristãos podem testemunhar aos inconversos, compartilhando a verdade do Evangelho (Jo 15.27; cf. 3.3,4,16-21). Deus até mesmo promete que o Espírito nos guiará naquilo que dissermos (Mt 10.19; At 2 e 7 etc). Mas, para darmos a resposta da fé, precisamos da atuação do Espírito Santo (Jo 15.26; cf. 3.5-8).

Além da convicção íntima e do testemunho a respeito de Cristo, o Espírito também confirma a Palavra de Deus. Ele o faz por meio sinais e maravilhas sobrenaturais, que acompanham a sua proclamação. Paulo escreve à igreja em Corinto sua própria experiência nessa questão: "E eu, irmãos, quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós, senão a Jesus Cristo e este crucificado. E eu estive convosco em fraqueza, e em temor, e em grande tremor. A minha palavra e a minha pregação não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração do Espírito e de poder, para que a vossa fé não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de Deus" (1 Co 2.1-5; cf. 12.7-11).

 Posteriormente, Paulo fala com mais clareza a respeito de como o Espírito ressalta a sua apresentação do Evangelho: "Porque não ousaria dizer coisa alguma, que Cristo por mim não tenha feito, para obediência dos gentios, por palavra e por obras; pelo poder dos sinais e prodígios, na virtude do Espírito de Deus; de maneira que, desde Jerusalém e arredores até ao Ilírico, tenho pregado o evangelho de Jesus Cristo" (Rm 15.18,19)

O "poder" ao qual Paulo se refere consiste no mesmo tipo de sinais e maravilhas que acompanhavam o ministério de Jesus (At 2.22). Da mesma maneira, o Espírito continua a operar poderosamente através do crente hoje, para confirmar a pregação da Palavra (At 4.8-12; 5.12; Rm 12.4-8; 1 Co 12.27,28).

 Resumindo, a totalidade da experiência do pecador com o Espírito de Deus é negativa! O inconverso experimenta convicção pelo pecado, ressaltada pelo fato de que a justiça agora é possível em Cristo e aumentada ainda mais por causa da certeza do juízo vindouro. Quando o Espírito testifica de Cristo, revela aquEle que viveu uma vida de retidão. Quando a Palavra de Deus é pregada, o Espírito a confirma com poderosos sinais e maravilhas. Não admira que o pecador odeie ouvir a pregação da Palavra de Deus, pois lhe traz sentimento de culpa, insuficiência, ansiedade e convicção. Por quê? Porque a obra do Espírito Santo entre os inconversos visa um único alvo: levá-lo ao arrependimento!

Purificando o crente. A obra do Espírito não cessa quando a pessoa reconhece sua culpa diante de Deus, mas vai crescendo a cada etapa subsequente. A segunda etapa na santificação pelo Espírito Santo no indivíduo é a conversão. Esta é uma experiência instantânea. Inclui a santificação pelo Espírito, ou, em linguagem biblicamente mais correta, o processo da santificação pelo Espírito inclui a conversão.

Podemos facilmente demonstrar esse fato pelas Escrituras. Considere as palavras de Paulo: "Mas devemos sempre dar graças a Deus, por vós, irmãos amados do Senhor, por vos ter Deus elegido desde o princípio para a salvação, em santificação do Espírito e fé da verdade" (2 Ts 2.13). Note que a palavra "salvação" é qualificada por duas frases preposicionais, que descrevem como foram salvos os crentes da Tessalônica. A segunda frase: "fé na verdade" descreve o papel do crente na salvação: ter fé no evangelho de Jesus Cristo (v. 14). A primeira frase: "em santificação do Espírito", é mais importante para o presente estudo. Descreve o papel do Espírito na salvação: santificar o crente. A ênfase neste versículo não é que Deus escolheu algumas pessoas e outras não - a predestinação clássica29 -, mas que Deus escolheu os meios pelos quais todos seriam salvos: a fé do indivíduo na promessas de Deus mais o poder purificador do Espírito de Deus (ver também At 10.15; 11.9; Rm 15.16; 1 Pe 1.1,2).

Outro exemplo importante aparece 1 Coríntios. Paulo repreende a imoralidade dos crentes de Corinto (5.1-8). Depois de alistar vários tipos de pecadores (6.9,10), diz: "E o que alguns têm sido, mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus e pelo Espírito do nosso Deus" (6.11). Paulo declara essa obra como realizada pelo Espírito (cf. 2 Ts 2.13). A forma gramatical dos verbos gregos aqui traduzidos por "lavados", "santificados" e "justificados" (aoristo passivo) não dá a ideia de nenhum tipo de processo. Todos se referem à mesma experiência instantânea e completa: a conversão.

Não há a mínima possibilidade de se interpretar o texto grego desses versículos no sentido de ser a obra santificadora do Espírito algo distinto da salvação. Não é uma segunda obra específica da graça, conforme querem alguns. Os dois textos bíblicos descrevem a santificação pelo Espírito como o meio pelo qual as pessoas são salvas. O segundo texto (6.11) representa a salvação de modo linear, que ocorre ao mesmo tempo que a lavagem e a justificação. A única maneira de reconciliar esses trechos com outros que falam da santificação como um processo (ver abaixo) é reconhecer a santificação não meramente como algo que ocorre após a conversão, mas como idêntica ao crescimento no Senhor. A santificação inclui toda a obra de Deus na tentativa de salvar a humanidade do juízo vindouro. No momento da conversão, nascemos de novo, desta vez o nascimento no Espírito (Jo 3.5-8). Ao mesmo tempo, o Espírito nos batiza no corpo de Jesus Cristo, que é a Igreja (1 Co 12.13; Ef 2.22).30 Instantaneamente, somos lavados, santificados e justificados, e tudo isto mediante o poder do Espírito (1 Co 6.11; 2 Ts 2.13; 1 Pe 1.1,2). Nesse momento, o Espírito de Deus começa a testificar ao nosso espírito que agora somos filhos de Deus (Rm 8.15,16). O Espírito de vida nos liberta da lei do pecado e da morte (8.2; cf. Jo 6.63). Agora somos novas criaturas em Deus (2 Co 5.17).

A diferença fundamental entre um cristão e um não-cristão não está no estilo de vida, na atitude ou mesmo no sistema de crenças. E que o crente deixa que Deus o santifique, enquanto o inconverso não o permitiu. Essa diferença é uma das razões por que o Novo Testamento frequentemente se refere aos crentes como "santos" (Mt 27.52; At 9.13; Rm 1.7; 1 Co 1.2; Ef 1.1; Ap 5.8 etc), ainda que passe a descrever seus pecados ou falhas (conforme faz Paulo em 1 Co). Sendo assim, o cristão não é necessariamente perfeito, mas alguém que se arrependeu do seu pecado e submeteu-se ao poder purificador do Espírito de Deus.

Realizando a justiça no crente. O Espírito de Deus não abandona o crente após a conversão (Jo 14.16). Assim como na passagem da convicção para a conversão, seu papel torna-se maior depois desta. A submissão aumentada no crente leva a efeito maior cooperação e intimidade com o Espírito, o que resulta na possibilidade de Ele fazer uma obra ainda maior depois da conversão. Há três maneiras adicionais de o Espírito operar dentro do crente: (a) Ele continuamente santifica o crente do pecado; (b) Ele liberta o crente cada vez mais do pecado, na prática; e (c) Ele usa os crentes para ajudar na obra da santificação.

Nenhum crente pode chegar a dizer que está totalmente livre do pecado (1 Jo 1.8,9). Somos culpados dos pecados de omissão pelo fato de nenhum de nós adorar suficientemente, amar suficientemente ou servir suficientemente a Deus, isto sem mencionar os pecados que cometamos de tempos em tempos. E por esta razão que o sangue de Jesus nos purifica continuamente de todo o pecado (Jo 1.7 [o tempo presente do verbo grego demonstra ação repetida ou contínua]).

O papel de Jesus na santificação já foi concluído (Hb 10.12,13; cf. Jo 19.30). Essa aplicação contínua do sacrifício de Jesus à nossa vida, conforme 1 João, é obra do Espírito Santo. Foi neste sentido que Jesus falou do Espírito como "rios de água viva" (Jo 7.38,39): suficiente para purificar toda a nossa pecaminosidade. E assim, a cada momento o Espírito purifica o crente, que deste modo sempre permanece santo diante de Deus.

 Como resultado, os crentes desfrutam de muitos benefícios. Estão livres da condenação e da culpa (Rm 8.1,2). Têm acesso contínuo ao Pai (Ef 2.18). Podem, agora, adorar em Espírito e em verdade (Jo 4.23,24). Finalmente, têm um penhor (o Espírito) da sua herança futura no Senhor (Ef 1.14, cf. 5.5).

Além da purificação que o Espírito oferece a cada momento, Ele também trabalha para nos ajudar a evitar o pecado. Por isso, podemos falar de "um processo vitalício mediante o qual a santidade se realiza em nossa vida". 31

Paulo, em Romanos 8, emprega muitas analogias para falar dessa obra do Espírito. Ter a "mente do Espírito" significa "viver segundo o Espírito" (Rm 8.5) ou ser "controlado pelo Espírito" (vv. 6-9). Usa uma expressão farisaica ao falar em andar no Espírito (gr. Peripatousin - "andar", "viver" [NVI]). O conjunto de leis que ensinava aos fariseus como aplicar a lei mosaica à vida cotidiana era chamado a halakah, palavra derivada do verbo hebraico halakh, que significa "ir" ou "andar".

A lição é esta: os fariseus tinham um conjunto de leis não escritas (a Torá oral, a "instrução" ou "tradição dos antigos"), as quais determinavam a sua conduta em todas as situações. Assim, sabiam como evitar o tornar-se impuro. O crente tem o Espírito Santo, que faz exatamente a mesma coisa. Ele orienta sobre como agir a fim de evitar o pecado em todas as situações (Rm 8.6-9). Pela mesma razão, o Espírito abre as Escrituras aos crentes (1 Co 2.9-16) e frequentemente lhes faz lembrar daquilo que Jesus tem dito na Palavra (Jo 14.26). Desta forma, o Espírito ajuda a tornar a justiça do crente mais concreta, em vez de apenas jurídica. E um processo contínuo, que durará enquanto o crente viver na Terra (1 Ts 5.23).

Finalmente, o Espírito usa os crentes para ajudar na obra da santificação. Isto vai muito além da exigência de que cooperemos continuamente no processo de nossa própria santificação (2 Co 6.16 - 7.1; Ap 22.11): coisas tais como resistir a tentação do pecado. Importa em ajudar na santificação do próximo.

Nesses tempos em que o divórcio prolifera, é de certo consolo saber que maridos e mulheres crentes, dispondo-se a continuar com o cônjuge incrédulo, podem exercer um ministério poderoso, ajudando o Espírito Santo a trazer a santificação àquele cônjuge e aos filhos que habitarem no lar (1 Co 7.14).

Na próxima seção, falaremos mais a respeito da ajuda à santificação do mundo, embora boa parte dela seja igualmente aplicável aqui. Por enquanto, desejamos focalizar a maneira de o crente ajudar o Espírito na santificação de outros crentes. O Espírito dá ao crente "comunhão" com os demais santos (Fp 2.1). Dentro dessa comunhão, Deus nos desafia a confrontar uns aos outros no tocante ao pecado (Mt 18), a encorajar uns aos outros (Hb 10.24), a amar uns aos outros (Rm 13.8), a cuidar uns dos outros (1 Co 12.25). Todas essas ações ajudam o Espírito na sua obra de conformar-nos à imagem de Cristo e nos santificar na realidade.

Deus ordenou aos israelitas: "Santificai-vos". O Novo Testamento retomou o tema, ampliando-o de um modo que o torna especialmente relevante ao mundo sensual de hoje: "Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação: que vos abstenhais da prostituição, que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação em honra, não na paixão de concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus... o Senhor é vingador de todas estas coisas... Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas, sim, a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo" (1 Ts 4.3-8).

Revestindo de poder o crente. O batismo no Espírito Santo descortina um novo papel para o crente na santificação do mundo. Os crentes, uma vez batizados no Espírito Santo, têm melhor capacidade para ajudar o Espírito a santificar os outros. Jesus mandou que seus discípulos aguardassem o batismo no Espírito a fim de terem poder para testemunhar (At 1.4,5,8). E o batismo veio com um sinal que significava estar a nova aliança à disposição de todas as pessoas, em todos os lugares. O sinal era o falar "em outras línguas" (2.4). Hoje, poucas pessoas reconhecem que "outras línguas" era originalmente falar em línguas que não fossem o hebraico nem o aramaico. Virtualmente, pela primeira vez, Deus falou em outras línguas e chamou os não-judeus a terem um relacionamento com Ele segundo a aliança.

 Era um sinal poderoso de que a santificação universal, a respeito da qual haviam falado os profetas, agora estava disponível a todos. Pedro, reconhecendo que a multidão era composta de diferentes tipos de pessoas, homens e mulheres, jovens e velhos, cita Joel 2.28-32 para apoiar a experiência. Dentro em breve, Deus ainda lhe revelaria que até mesmo a conversão dos gentios seria aí incluída (At 10 e 11). A missão aos gentios captaria a imaginação da Igreja Primitiva. O Evangelho de Jesus Cristo, dentro de bem poucos anos, seria propagado por todo o mundo então conhecido.

Hoje, o crente batizado no Espírito é vocacionado para a mesma tarefa. Revestidos pelo poder do Espírito, podemos esperar que Deus confirme a sua Palavra com sinais e maravilhas (Rm 15.18,19). O Espírito continua falando aos crentes, conclamando-os a enviar pessoas específicas para ministérios especiais (At 11.12; 13.2) e às vezes até mesmo a lugares especiais (16.6-10).

 Os dons espirituais, que estão à disposição daqueles batizados no Espírito Santo, também poderão ajudar na edificação dos santos, outro aspecto da obra contínua da santificação realizada por Ele. Pode-se incluir aí uma palavra de sabedoria ou de conhecimento, uma exortação, uma profecia ou línguas e interpretação (1 Co 12.7-10),

Mesmo assim, todos esses fenômenos servem "para o que for útil" (v. 7) e "para edificação" [da igreja] (14.26). 32

O Espírito também edifica de outra maneira os santos para o ministério eficaz: através do seu ministério de intercessão. Paulo diz assim: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos" (Rm 8.26,27).

Note que esse tipo de intercessão é "pelos santos" (v. 27) e especificamente quando "não sabemos o que havemos de pedir como convém" (v. 26). Alguns acreditam que isto tem a ver com a intercessão em línguas, embora dificilmente possamos identificar com certeza a expressão "gemidos inexprimíveis" (v. 26) como "outras línguas" (que são faladas), apesar de que a oração em línguas pode também incluir a intercessão.

Gostaríamos de encorajar os crentes a ficar à disposição do Espírito, para que este os use no ministério da intercessão.33 Talvez a intercessão em línguas tenha ficado por detrás das declarações a respeito do relacionamento entre o batismo no Espírito e a purificação, feitas pelos antigos pentecostais. Com base nas Escrituras, não podemos concordar com os que pretendem identificar o batismo no Espírito como uma segunda obra instantânea da graça, chamada "santificação". Nem podemos concordar com aqueles que tencionam fazer do batismo no Espírito condição prévia para a salvação ou um meio de atingir determinado "status" no Reino de Deus. Ainda que o Espírito Santo possa agir de maneiras diversas, profundas e pessoais, poderá operar melhor naqueles que se entregarem a Ele. Estamos convictos de que se inclui aqui até mesmo a obra de santificar o crente em Cristo.

O Espírito Santo completará essa obra em nós na segunda vinda de Cristo, mas, até lá, temos a responsabilidade de nos purificar a nós mesmos (com a ajuda do Espírito Santo) (1 Jo 3.2,3).

Definições e teologias da santificação que se relacionam com o crente somente após a salvação são inadequadas. Não representam integralmente o conceito bíblico de santificação, de modo que sentem dificuldade em interpretar de modo razoável as várias maneiras como a Bíblia a menciona.

O plano divino da santificação abrange o mundo inteiro - tudo - animado e inanimado. Aquilo que o Espírito Santo não realizou através da antiga aliança, está realizando poderosamente na nova. E aquilo que não quer ou não pode ser purificado será destruído pelo fogo. Temos o grande privilégio de sermos não somente objetos do processo de santificação, mas seus auxiliares, para a maior glória de Deus.

                                                Stanley Horton-Teologia Sistematica

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                                   TEOLOGIA SISTEMÁTICA                                            
A. B. LANGSTON

5. CONDIÇÕES PARA ENCHER-SE DO ESPIRITO SANTO

Façamos, agora, algumas considerações acerca do dever de o crente ficar cheio do Espírito Santo. A Bíblia, em  vez  de  exortar  o  crente  a  procurar  o  batismo  do Espírito  Santo,  declara  que  aquele  que    crê  tem  o Espírito Santo habitando nele. «Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual tendes de Deus, e que não sois de vós mesmos?» (1 Coríntios 6:19). «O Espírito de verdade, que  o  mundo  não  pode  receber,  porque  não  o    nem  o  conhece;  mas  vós  o  conheceis,  porque  habita convosco, e estará em vós» (João 14:17).

A exortação da Bíblia é que o crente ande à luz desta grande verdade de que o Espírito Santo habita nele. Jesus explicou mui claramente a relação do Espírito Santo para com o crente quando disse, como achamos escrito no Evangelho de João 14:16: «E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. » O Espírito Santo habita com o crente desde o dia da sua regeneração para todo o sempre. Mas a Bíblia exorta o crente a deixar-se encher pelo Espírito Santo: «E não vos embriagueis com vinho, em que há dissolução, mas enchei-vos do Espírito Santo» (Efésios 5:18).

Quais  são  as  condições  essenciais  para  que  se  obedeça  a  esta  exortação?    duas  classes  de  condições: negativa e positiva.

5.1.  Consideremos,  pois,  em  primeiro  lugar  as  condições  negativas  para  o  crente  encher-se  do  Espírito Santo.

 5.1.1.  A  primeira  condição  negativa,  achamo-la  na  carta  do  apóstolo  Paulo  dirigida  aos  efésios:  «E  não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda a amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias e toda a malícia sejam tiradas de entre vós» (Efésios 4:30, 31).

E de notar que se não encontra uma única passagem na Bíblia que fale da ira do Espírito Santo. Podemos entristecê-lo,  porém,  com  as  falhas  da  nossa  vida, que  são:  amargura,  ira,  cólera,  gritaria,  etc.  O  Espírito Santo  é  uma  pessoa  que    quer  nosso  bem,  que  nos  ama,  e  por  isso  se  entristece  com  o  nosso  proceder irregular.  Temos,  pois,  o  grande  dever  de  purificar  a  nossa  vida  de  todas  as  impurezas  e  de  eliminar  dela tudo quanto pode causar tristeza ao Espírito Santo. Convém notar que o Espírito Santo não pode encher a nossa  vida  se  ela    está  cheia  das  coisas  deste  mundo.  O  nosso  primeiro  dever,  então,  é  procurar,  pela graça  de  Deus,  desocupar  o  espaço  da  nossa  vida  para  que  haja  mais  lugar  para  o  Espírito  Santo.  «Digo,porém:  Andai  em  Espírito,  e  não  cumprireis  a  concupiscência  da  carne.  Porque  a  carne  cobiça  contra  o Espírito,  e  o  Espírito  contra  a  carne;  e  estes  opõem-se  um  ao  outro,  para  que  não  façais  o  que  quereis. Porém, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei. Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação, imundícia, dissolução, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como dantes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de  Deus.  Mas  o  fruto  do  Espírito  é  caridade,  gozo, paz,  longanimidade,  benignidade,  bondade,  fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei. Porém os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito» (Gálatas 5:16-25).

Devemos lembrar aqui que aquilo que entristece o Espírito Santo são os pecados realizados. E natural que as tentações venham, porém, quando resistimos às tentações, o Espírito Santo se alegra. Só quando caímos nas tentações e damos lugar ao diabo, é que o Espírito Santo se entristece, porque, quando obedecemos às ordens  do  diabo,  desobedecemos  às  suas.  «Porque  a  carne  cobiça  contra  o  Espírito,  e  o  Espírito  contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis» (Gálatas 5:17).


Pode-se  comparar  o  espírito  do  homem  a  um  grande  país.  Antes  da  nossa  conversão,  este  país  era governado  pelo  diabo.  «Em  que  dantes  andastes  segundo  o  curso  deste  mundo,  segundo  o  príncipe  das potestades  do  ar,  do  espírito  que  agora  opera  nos  filhos  da  desobediência»  (Efésios  2:2).  O  diabo  era o governador  e  o  próprio  homem  o  vice.governador.  Antes  da  nossa  conversão,  o  Espírito  Santo  procura destronar o diabo e entronar Cristo em nossa vida. Mas, naturalmente, o diabo não se dá por vencido com muita facilidade. Trava-se uma luta tremenda em nossa vida. De um lado estão o diabo e a carne, e de outro lado estão o nosso espírito e o grande Espírito de Deus; o diabo procura reaver o trono, e o Espírito Santo procura  estabelecer  cada  vez  mais  firmemente  Cristo  em  nossa  vida.  E  quantas  vezes  procedemos  como Pedro  na  noite  em  que  Cristo  foi  traído!  Quantas  vezes  passamos  para  o  lado  do  nosso  inimigo!  Quantas vezes  nos  tornamos  traidores  do  nosso  aliado,  que  é  o  Espírito  Santo!  Todas  as  vezes  que  pecamos, obedecemos às ordens do diabo e entristecemos o Espírito de Deus. Devemos, pois, ser sempre fiéis e andar de conformidade com a vontade daquele que nos regenerou e que habita em nós.

5.1.2.  A  segunda  condição  negativa  para  o  crente  ficar  cheio  do  Espírito  acha-se  expressa,  com  muita clareza,  em  1  Tessalonicenses  5:19:  «Não  extingais o  Espírito.  »  A  figura  que  aqui  temos  é  de  apagar  o fogo.  E  de  muito  interesse  ler  esta  passagem  em  conexão  com  Lucas  3:16.  «Respondeu  João  a  todos, dizendo: «Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas vem um, mais poderoso do que eu, a quem eu não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.»

Como já temos tido ocasião de observar, há, na vida do crente, muitas coisas deste mundo que, sobre serem inúteis,  são  prejudiciais  ao  Espírito  Santo.  Por  isso,  ele  quer  acender  em  nós  um  fogo  sagrado  a  fim  de purificar  a  nossa  vida  das  coisas  inúteis  deste  mundo.  O  crente,  durante  a  sua  vida,  vai  ajuntando  muitas dessas inutilidades, que em si mesmas não têm grande significação; porém um montão delas é bastante para desviá-lo  e  embaraçá-lo  na  vida  cristã.  E  o  desejo do  Espírito  Santo  é  atear  fogo  a  estas  coisas.  Mas,infelizmente, muitas vezes o crente não deixa o fogo realizar a sua obra. Trata logo de apagá-lo, tornando nulo o seu trabalho. E mister que deixemos o Espírito Santo realizar a sua obra em nós. Precisamos dar-lhe livre  curso  em  toda  a  nossa  vida,  porque    ele  pode  purificá-la  quando  pecamos  contra  ele.  O  Espírito Santo não regenera o indivíduo contra a sua vontade; e também ele não pode santificar-nos contra a nossa vontade.  Precisamos  cooperar  intimamente  com  ele,  dando-lhe  a  liberdade  de  fazer  o  que  entender  ser melhor em nossa vida. Devemos ter o cuidado de não entristecê-lo e de não apagar o fogo sagrado que ele quer  acender  em  nós.  O  resultado  de  apagar  o  Espírito  Santo  é,  mais  ou  menos,  o  mesmo  que  o  de entristecê-lo. Quando o crente não coopera com ele, ficam, por este fato, limitadas as suas atividades na sua vida. Em conexão, queremos acentuar de novo o princípio de voluntariedade na vida cristã.

Já discutimos o princípio de voluntariedade em outra parte do nosso estudo, porém vale a pena falar nele de novo,  O  crescimento  na  vida  cristã  depende  da  vontade  do  crente.  Pela  cultura,  pelo  pensamento  e  pela meditação, o crente pode fazer crescer a sua estatura espiritual, O crescimento do corpo, como sabemos, é independente da vontade porque se baseia em certas leis físicas; mas o mesmo não acontece relativamente ao  crescimento  espiritual,  O  espírito  cresce  somente  quando  se  faz  força  para  crescer.  E  por  isso  que nos devemos  entregar  ao  Espírito  Santo,  para  que  ele  nos  ajude  a  purificar  a  nossa  vida  e  alcançar  maior crescimento espiritual.

Não se conclua daí que precisamos ser perfeitos antes de ficarmos cheios do Espírito Santo. Não é assim. O trabalho do Espírito Santo é aperfeiçoar-nos. A questão para nós é entregarmo-nos inteiramente a& Espírito Santo,  para  que  ele  faça  o  seu  trabalho  em  nós.  Escrevendo  aos  romanos,  o  apóstolo  Paulo  expõe  mui claramente as condições do crente em geral: «Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum: porque o querer está em mim, mas não consigo efetuar o bem» (Romanos 7:18).

Cumpre  que  nos  entreguemos  inteiramente  ao  Espírito  Santo,  para  que  possamos  dizer  como  esse  grande apóstolo:  «Porque  a  lei  do  espírito  de  vida  em  Cristo  Jesus  me  livrou  da  lei  do  pecado  e  da  morte» (Romanos 8:2).

5.2.  Depois  de  havermos  considerado  as  condições  negativas  para  se  ficar  cheio  do  Espírito  Santo, passemos agora ao estudo das condições positivas. Estas condições positivas deparam-se-nos, pelo menos, em número de três.

5.2.1.  Apresentar  o  nosso  corpo  a  Deus  como  instrumento  vivo  para  a  realização  da  sua  vontade.  Esta,  a primeira  condição  que  foi  mencionada  pelo  apóstolo Paulo,  escrevendo  aos  romanos:  «Nem  tampouco apresenteis  os  vossos  membros  ao  pecado  por  instrumentos  de  iniqüidade;  mas  apresentai-vos  a  Deus... como instrumento de justiça» (Romanos 6:13). Segundo lemos no Velho Testamento, a pessoa que fazia a oferta nunca  imaginava  poder reavê-la,  porque  o sumo  sacerdote  a  oferecia  diante  do  altar.  «E  porá  a sua mão  sobre  a  cabeça  da  expiação  do  pecado,  e  degolará  a  expiação  do  pecado  no  lugar  do  holocausto» (Levítico 4:29). Assim deve ser também conosco. Devemos oferecer-nos de uma vez para sempre para que ele realize em nós a sua vontade,

Cumpre-nos  considerar  bem  essa  expressão  do  apóstolo  Paulo,  quando  diz  que  nos  devemos  apresentar  a Deus  como  «vivos  dentre  os  mortos».  E  preciso  que  o  nosso  procedimento  esteja  de  acordo  com  este princípio.

Ainda sob outro ponto de vista, apresenta o apóstolo Paulo este princípio no capítulo 7, v. 4 da sua Carta aos  Romanos:  «Assim  que,  meus  irmãos,  também  vós  estais  mortos  para  a  lei  pelo  corpo  de  Cristo,  para que sejais doutro, daquele que ressuscitou de entre os mortos, a fim de que demos fruto para Deus (Rom. 7:4). Nestas palavras, o Apóstolo está dizendo que o crente está morto para o mundo, e que, como tal, deve proceder. Em relação a Cristo, o crente está vivo e deve andar como vivo dentre os mortos; mas em relação ao  mundo  está  morto  e  deve  proceder  como  morto,  O  defunto  não  tem  mais  interesse  nas  coisas  deste mundo. Para ele está tudo acabado. Assim deve ser o crente; vivo para Cristo, porém morto para o mundo. Se  estamos  mortos  para  o  mundo,  devemos  proceder  como  mortos.  Mas,  infelizmente,    muitos  crentes em Cristo que procedem como vivos para o mundo.

Certo  homem  achou  uma  tartaruga  e  tentou  matá-la,  cortando-lhe  a  cabeça;  não  obstante,  ela  continuou  a mexer-se e a andar. E o homem ficou muito admirado e começou a pensar, procurando achar o motivo por que  a  tartaruga  andava;  e,  finalmente,  chegou  a  esta  conclusão,  dizendo:  «Ela  na  verdade    morreu,  mas ainda não sabe que está morta.» Assim é também, muitas vezes, como se dá com alguns crentes.

Convém que notemos que esta oferta que o homem faz do seu ser a Deus é dupla: é tanto do corpo como da alma,  e  tanto  da  alma  como  do  corpo.  O  crente  que  quiser  ficar  cheio  do  Espírito  Santo  não  se  pode apresentar  a  Deus  parceladamente.  Este ato  deve  ser  tão  definido  na  vida  do  crente  como  aquele  de entregar-se  a  Jesus.  O descrente  precisa  entregar-se  a  Jesus  para  a  salvação  da  sua  alma,  e  este  ato  é definitivo.  Também,  da  mesma  maneira,  o  crente  precisa  entregar-se  ao  Espírito  Santo  para  o  serviço  de Deus. Jesus, em verdade, salva a alma da pessoa da perdição, mas é o Espírito Santo quem salva a sua vida da esterilidade.

5.2.2. Confiança na promessa de Deus em relação ao Espírito Santo é a segunda condição positiva para o crente  ficar  cheio  do  Espírito  Santo.  No  Evangelho de  João  encontramos  as  seguintes  palavras:  «E,  no último  dia  da  festa,  Jesus  pôs-se  em  pé,  e  clamou, dizendo:..x5e  alguém  tem  sede,  venha  a  mim,  e  beba.Quem  crê  em  mim,  como  diz  a  Escritura,  rios  d’água  viva  manarão  do  seu  ventre.  E  isto  disse  ele  do Espírito que haviam de receber os que nele cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, porque ainda Jesus não tinha sido glorificado» (João 7:37-39).

Agora,  como  sabemos,  Jesus    voltou  ao  Pai,  e    foi  glorificado,  e,  por  isso,  estamos  em  condições  de receber  o  cumprimento  desta  promessa.  De  João  Batista  são  as  seguintes  palavras,  que  se  encontram  no Evangelho Segundo Lucas: «Respondeu João a todos, dizendo: Eu, na verdade, batizo-vos com água, mas vem  um,  mais  poderoso  do  que  eu,  a  quem  eu  não  sou digno  de  desatar  a  correia  das  alparcas;  esse  vos batizará com o Espírito Santo e com fogo» (Lucas 3:16).

Cumpre-nos, portanto, crer de todo o coração que Deus está pronto a nos dar tudo quanto é necessário para o  nosso  bem-estar  e  para  o  nosso  aperfeiçoamento  espiritual.  O  Espírito  Santo    está  conosco  e  quer habitar  em  nós.  A  Bíblia  ensina  claramente  esta  verdade,  e  é  do  nosso  dever  procurar,  com  todo  o  zelo,viver de acordo com este ensinamento. A única esperança que o crente pode ter de uma vida útil e frutífera está  no  Espírito  Santo.  Em  nossa  vida  cristã  estamos tão dependentes  do  Espírito  Santo  para  uma  vida  de atividade  e  abundante  de  frutos  quanto  o  descrente depende  de  Cristo  para  a  sua  salvação.  Como  já dissemos em outra parte, Jesus nos salva, mas é o Espírito que nos salva a vida, O Novo Testamento ensina com toda a clareza que o Espírito Santo é que regenera e também santifica o crente. Muito importa, pois, que aceitemos os ensinos da Bíblia sobre este assunto.

Se bem que sejamos herdeiros de Deus e co-herdeiros de Jesus Cristo, andamos, muitos de nós, quase tão pobres  como  o  filho  pródigo,  justamente  porque  nos falta  essa  relação  íntima  com  o  Espírito  Santo. Devemos crer no Espírito como cremos em Jesus Cristo e como cremos em Deus. E esta crença não deve ser puramente intelectual, mas deve ser tal que nos leve a nos entregarmos inteiramente a ele.

5.2.3. Oração é a terceira condição para ficarmos cheios do Espírito Santo. Muito importa saber que o fim dessa oração não é pedir a Deus que dê o Espírito Santo, porque ele já está conosco e habita em nós. O que devemos  rogar  a  Deus  é  que  se  removam  as  dificuldades  da  nossa  vida,  predispondo-nos  para  que deixemos o Espírito penetrar livremente no coração para purificá-lo. Como os raios do sol batem às portas e às janelas de uma casa, assim o Espírito Santo procura penetrar no nosso coração. Devemos, pois, pedir a Deus  a  graça  de  que  necessitamos  para  abrirmos  as  janelas  do  nosso  ser,  dando,  assim,  entrada  livre  ao Espírito Santo para purificar a nossa vida.

Em lugares escusos, onde não penetram os raios solares, são gerados e crescem insetos nojentos e nocivos. Assim é também a nossa vida espiritual quando nela não penetra a luz do Espírito Santo. Daqui se vê em quanto  Importa  rogar  a  Deus  a  graça  necessária  para que  franqueemos  a  nossa  vida  inteira  à tão  benéfica luz do Espírito Santo, que expulsará da nossa alma todas as imundícias.

Convém notar também que o encher-se do Espírito Santo é tanto um ato como um processo. Isto significa que  o  crente  deve  ter  uma  atitude  definitiva  em  relação  a  ele.  Assim  como  o  crente  deve  converter-se diariamente,  também  diariamente  deve  entregar-se  ao  Espírito  Santo.  E,  quanto  mais  repetimos  este  ato,mais  firme  se  torna  a  direção  do  Espírito  Santo  em nossa  vida.  E  de  interesse  notar  também  que,  quanto mais repetimos esse ato de nos entregarmos ao Espírito Santo, ele se vai tornando cada vez mais fácil de ser praticado.  A  dificuldade  de  muitos  crentes  é  que  não  o  repetem  amiúde.  Nos  momentos  de  muita espiritualidade  entregam-se  ao  Espírito  Santo,  porém  mais  tarde  deixam  de  renovar  o  ato,  e  o  resultado  é que se afastam mais e mais daquele que os deve guiar. Pratiquemos, pois, cada dia, cada hora, se possível, o oferecimento do nosso coração à direção do Espírito Santo.

Em  conclusão  deste  estudo,  faremos  algumas  considerações  sobre  a  necessidade  que  o  crente  tem  de encher-se do Espírito Santo. Esta necessidade se faz sentir a todos os que procuram fazer alguma coisa para o  Mestre.  Não  é  somente  para  os  pregadores,  para  os  obreiros,  senão  para  cada  crente  em  Jesus  Cristo. Assim  como  Jesus  morreu  por  nós,  o  Espírito  Santo  quer  viver  por  nós.  Em  II  Timóteo  3:5,  lemos  estas palavras:  «Tendo  aparência  de  piedade,  mas  negando a  eficácia  dela.  Destes  afasta-te.»  Os  crentes  estão sujeitos  a  chegar  a  tão  triste  condição,  isto  é,  de  terem  uma  vida  aparentemente  piedosa,  cristã,  mas sem poder. Por isso, o crente antes de procurar fazer alguma coisa para Jesus, deve primeiro abrir o seu coração ao  Espírito  Santo.  «E  destas  coisas  sois  testemunhas.  E  eis  que  sobre  vós  envio  a  promessa  de  meu  Pai;ficai, porém, vós na cidade de Jerusalém, até que do alto estejais revestidos de poder» (Lucas 24:48, 49). Esta  mesma  idéia  da  necessidade  de  o crente  ficar  cheio  do  Espírito  Santo encontramos  expressa  no livro de  Atos,  cap.  1,  v.  8:  «Mas  recebereis  a  virtude  do  Espírito  Santo,  que    de  vir  sobre  vós;  e  ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samária, e até os confins da terra.»

Conforme os ensinos da Bíblia, o crente deve ser inspirado pelo Espírito Santo em todo o seu trabalho, em todas as suas atividades diárias, e não só no trabalho da igreja. «Depois disse Moisés aos filhos de Isral: Eis que o Senhor tem chamado por nome a Bezaleel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o Espírito de  Deus  o  encheu  de  sabedoria,  entendimento  e  ciência  em  todo  artifício,  e  para  inventar  invenções,  para trabalhar em ouro, e em prata, e em cobre, e em artifício de pedras para engastar, e em artifício de madeira para  obrar  em  toda  obra  esmerada.  Também  lhe  tem  disposto  o  coração  para  ensinar  a  outros:  a  ele  e  a Aoliabe, o filho de Aisamaque, da tribo de Dã. Encheu-os de sabedoria do coração, para fazer toda obra de mestre,  e  a  mais  engenhosa,  e  do  bordador,  em  azul,  e  em  púrpura,  em  carmesim,  em  linho  fino,  e  do tecelão: fazendo toda a obra e inventando invenções» (Lodo 35:30-35).

Em sua Carta aos Coríntios, o apóstolo Paulo diz que tudo quanto o crente faz deve ser feito para a glória de Deus. «De sorte que, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus» (1 Coríntios 10:31).

 Uma  vez  cheio,  o  crente,  do  Espírito  Santo,  a  sua  vida  se  consagra  mais  a  Deus  e  se  santifica  cada  dia. Tudo quanto ele faz, desde o menor serviço até o mais honroso, desde o varrer uma casa até o pregar um sermão, ele faz para a honra e glória de Deus. Para o crente se faz sentir tão fortemente esta necessidade de encher-se  do  Espírito  Santo  que,  podemos  dizer  sem receio  de  cair  em  erro,  sem  este  requisito  ele  não poderá cumprir o seu dever com a igreja e para com Deus. O crente desligado do Espírito Santo é como a lâmpada elétrica desligada do fio: «Não há luz nem poder na sua vida.»

6. NECESSIDADE DE O CRENTE ENCHER-SE DO ESPIRITO SANTO

Todas as considerações que fizemos até aqui sobre a necessidade que o crente tem de encher-se do Espírito Santo  referem-se  mais  às  suas  atividades  na  igreja;  desejamos  agora  fazer  salientar  esta  necessidade  do ponto  de  vista  da  vida  particular.  Queremos,  neste estudo,  investigar  se  o  encher-se  do  Espírito  Santo  é necessário  a  uma  vida  reta  e  pura.  A  necessidade  aqui,  segundo  o  nosso  modo  de  pensar,  é  até  mais imperiosa, porque é impossível ao crente uma vida cristã sem estar ele cheio do Espírito Santo. A quem ler os  primeiros  capítulos  da  primeira  carta  do  apóstolo  Paulo  aos  coríntios,  se  tornará  mui  claro  até  que condição  pode  o  crente  descer.  E,  se  tomar  na  devida  consideração  os  seguintes  fatos  que  vamos mencionar, há de se tornar mais patente esta grande necessidade.

6.1. O Espírito Santo é quem nos garante a vitória: «Porque a lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei  do  pecado e  da  morte»  (Romanos  8:2). «Digo,  porém:  andai  em  Espírito,  e  não  cumprireis a concupiscência  da  carne.  Porque  a  carne  cobiça  contra  o  Espírito,  e  o  Espírito  contra  a  carne;  e  estes opõem-se um ao outro: para que não façais o que quereis. Porém, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei» (Gálatas 5:16-18).

6.2. E o Espírito Santo que torna real ao crente a sua posição em Cristo Jesus. «E porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Aba, Pai» (Gálatas 4:6).

6.3. E o Espírito Santo que produz frutos cristãos em nossa vida: «Mas o fruto do Espírito é caridade, gozo, paz,  longanimidade,  benignidade,  bondade,  fé,  mansidão,  temperança.  Contra  estas  coisas  não    lei» (Gálatas 5:22, 23).

6.4.  E  o  Espírito  quem  nos  fortalece  o  homem  interior:  «Para  que,  segundo as riquezas  da  sua  glória,  vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior» (Efésios 3:16).

6.5.  E  o  Espírito  Santo  quem  nos  ajuda  em  nossas  fraquezas:  «E  da  mesma  maneira  também  o  Espírito ajuda  as  nossas  fraquezas;  porque  não  sabemos  o  que  havemos  de  pedir  como  convém,  mas  o  mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis» (Romanos 8:26).

6.6. O Espírito Santo é o nosso grande Consolador e Ensinador: «E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre: o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque  não  o    nem  o  conhece;  mas  vós  o  conheceis,  porque  habita  convosco,  e  estará  em  vós»  (João 14:16, 17).

Diante  dos  fatos  expostos  nestas  passagens  e  diante  da  relação  íntima  que  precisamos  manter  com  o Espírito Santo, reafirmamos que esta experiência de encher-se do Espírito é uma grande necessidade para cada crente.

A conclusão lógica de todo este estudo é: se as nossas vidas não são frutíferas, vitoriosas e alegres, a culpa é nossa. Se há falta de poder em nossa vida, é que não estamos devidamente relacionados com a fonte de poder, que é o Espírito Santo. Se as nossas pregações são sem efeito, é que são feitas por nós mesmos e em nosso próprio nome. A necessidade mais imperiosa do cristianismo em geral, hoje, e a nossa, em particular, é a da plenitude do Espírito Santo. Jesus fundou o seu reino, mas é o Espírito Santo quem o edifica. Ele é o sábio  Arquiteto,  o  Mestre  da  grande  obra;  nós,  os  servos  seus.  E,  se  há,  atualmente,  muita  confusão  na grande obra de trazer o mundo a Cristo, é porque os servos estão querendo dirigir, O cristianismo em geral e os batistas em particular, muito especialmente aqui no Brasil, precisamos ler de novo o livro dos Atos dos Apóstolos, para aprendermos como os primeiros cristãos trabalharam, falaram, foram impedidos, sofreram castigos, prisões, etc., mas tudo debaixo da direção do Espírito Santo de Deus.

 Não    falta  de  poder  para  convencer  o  mundo  do  pecado,  da  justiça  e  do  juízo.  Toda  a  dificuldade  se encontra  em  nós,  encarregados  de  transmitir  esse  poder,  encarregados  de  dar  testemunho  dessa  vida  em Deus.  E  dever  do  crente,  portanto,  examinar  cuidadosamente  a  sua  vida,  arrepender-se  da  sua  falta  de poder,  da  falta  de  fruto,  e  entregar-se  de  corpo  e alma  ao  Espírito  de  Deus,  para  que  tenha  vida  em abundância, para que produza muito fruto, e o reino de Deus se estabeleça na terra como está estabelecido nos céus.

Conclusão:  Uma  advertência.  Não  devemos  estar  sempre  a  esperar  um  estado  de  êxtase  ou  outra manifestação  visível,  como  ocorreu  no  dia  de  Pentecostes;  porque  o  Espírito  Santo  nem  sempre  se manifesta  por  este  meio.  O  principal  para  nós,  é  entregarmo-nos  voluntária  e  inteligentemente  à  sua direção.  E,  quando  assim  acontece,  é  claro  que  as  nossas  vidas  serão  muito  mais  frutíferas  e  mais poderosas. Uma das maiores evidências da presença do Espírito Santo em nossa vida são os mesmos frutos do Espírito. Devemos ter para com o Espírito Santo a mesma atitude de João Batista em relação a Jesus: «A ele convém crescer, porém, a mim diminuir.» Que assim seja com cada um de nós e com cada um dos que lêem  e  estudam  este  livro.  «Mas  o  fruto  do  Espírito  é  caridade,  gozo,  paz,  longanimidade,  benignidade,bondade,  fé,  mansidão,  temperança»  (Gálatas  5:22). Meu  irmão,  acham-se  estes  frutos  em  sua  vida?  Se não, ela não está cheia do Espírito Santo. Procuremos obter esta experiência maravilhosa da graça divina.

                                                     A. B. LANGSTON
 
                      

             
                       Sete Características do Homem Espiritual

A leitura de Gálatas 6:1 nos mostra o que somos, se somos convertidos. Contudo, o conceito de espiritualidade varia entre os diferentes grupos cristãos. Em alguns círculos, a pessoa de boa prosa e que fala continuamente de religião é considerada muito espiritual; outros aceitam a exuberância ruidosa como sinal de espiritualidade; e, nalgumas denominações o homem que ora primeiro, mais comprido e mais alto, obtém a reputação de ser o homem mais espiritual da assembléia.
Ora, um testemunho vigoroso, orações freqüentes e altos louvores podem ser inteiramente coerentes com a espiritualidade, mas é importante compreender que estas coisas não a constituem em si mesmas, nem provam que ela está presente.
Observemos algumas características que devem estar presentes no homem espiritual:

1. Primeiro é o desejo de ser santo, antes que ser feliz.
2. O homem pode ser considerado espiritual quando quer ver a honra de Deus promovida através da sua vida, mesmo que isto signifique que ele próprio deva sofrer desonra ou perda temporária.
3. O homem espiritual; deseja levar a sua cruz. Muitos cristãos aceitam a adversidade ou a tribulação como um suspiro e dizem que é a sua cruz, esquecidos de que essas coisas sobrevêm igualmente ao santo e ao pecador. A cruz é aquela adversidade extraordinária que nos sobrevêm como resultado da nossa obediência a Cristo. Esta cruz não nos é imposta; nos a tomamos voluntariamente com pleno conhecimento das conseqüências.
4. Ainda, o cristão é espiritual quando vê todas as coisas do ponto de vista de Deus. A capacidade de pesar todas as coisas na balança divina, e de atribuir-lhe o mesmo valor atribuído por Deus, é sinal de vida cheia do Espírito.
5. Outro desejo que caracteriza o homem espiritual é morrer com retidão antes que viver no erro.
6. O desejo de ver outros progredirem às suas custas é outra característica do homem espiritual. Quer ver outros cristãos acima dele, e fica feliz quando eles são promovidos e ele é deixado de lado.
7. O homem espiritual habitualmente faz julgamentos segundo a eternidade, e não julgamentos temporais.

                                                          – A. W. Tozer





Conheça as características da espiritualidade cristã e a importância de insistir numa vida transformada pelo Espírito Santo de Deus.


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