segunda-feira, 9 de março de 2020

Lição 11 - O Homem do Pecado

                                                   Lições Bíblicas CPAD - Lição 11 - 1º Trimestre de 2020

Texto Áureo

E, então, será revelado o iníquo, a quem o Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor da sua vinda." (2 Ts 2.8)

Verdade Prática

O Homem do Pecado, a encarnação máxima da maldade, será destruído por Jesus Cristo - o Homem Perfeito.
 
Capítulo 11
O Homem do Pecado

A
 primeira tentativa de globalização absoluta da Terra deu-se, conforme já vimos, no episódio da malfadada Torre de Babel. Na verdade, o que houve ali, na planície de Sinear, não foi apenas um mero ensaio globalista, mas uma tentativa indisfarçável de Satanás em substituir o Reino de Deus pelo império do mal. Aliás, se formos rigorosos quanto à cronologia da História Sagrada, passaremos a ver Babel como o segundo empreendimento do Adversário para impor o seu governo sobre os lhos de Adão e Eva; o primeiro dera-se na época pré-diluviana.

 Em ambos os episódios, Satanás já havia preparado vários indivíduos para representarem-no, eficazmente, caso seus intentos não tivessem sido malogrados pelo Senhor. No primeiro caso, teria ele como prepostos a Caim e a Lameque, pois tanto o avô quanto o neto haviam se colocado ao seu inteiro dispor. Já no segundo caso, havia um personagem que, cercado por uma mística quase divina, vinha pouco a pouco levando a descendência de Noé à apostasia: Ninrode, o poderoso caçador. Neste capítulo, por conseguinte, estudaremos um dos aspectos mais sombrios da doutrina bíblica do homem: a ascensão do Anticristo. Conhecido também como o Homem do Pecado, esse sinistro personagem aparece, na Bíblia Sagrada, como o representante mais autorizado e pleno de Satanás. Não há como ignorá-lo; temos de conhecer-lhe o caráter, a missão e o destino final. Que este estudo nos ajude a precaver-nos contra as investidas do Anticristo. A cada dia, torna-se ele mais astuto, sutil e ousado. Estejamos alertas. Todavia, não percamos o ânimo, pois o que está conosco, e em nós, é infinitamente mais poderoso. Aleluia!

I. O Homem do Pecado

Historicamente, os prepostos de Satanás apresentam-se com os títulos mais circunstanciais e pomposos. Carlos Magno ainda é louvado como o construtor da Europa; Napoleão jamais deixou de ser enaltecido como o romântico e culto guerreiro; Hitler, apesar de todas as suas maldades, é fervorosamente cultuado, nalguns segmentos extremistas, como o eterno führer; já o ditador comunista Joseph Stalin, em que pesem os milhões de soviéticos que friamente assassinou, continua a ser incensado, por consideráveis setores da esquerda, como “o pai do povo”.

Apesar dessas “gloriosas” designações, tais déspotas serão julgados não como líderes políticos, mas como lacaios de Satanás. E, nessa miserável condição, antes mesmo do Juízo Final, hão de ser arremessados no Lago de Fogo, para onde também será lançado o querubim caído, que, durante a sua longa trajetória, veio a angariar emblemáticas alcunhas — antiga serpente, Satanás, Diabo e, nalmente, dragão (Ap 19.20; 20.10).

Neste tópico, enfocaremos a origem, os títulos e a natureza do Homem do Pecado, que, como já vimos, vem sendo precedido por indivíduos malignos e sanguinários, desde o homicida Caim; essa cadeia do mal terá, como ápice, a ascensão do Anticristo — o opositor-mor do Cordeiro de Deus.

1. Origem do Homem do Pecado. Caim e Lameque, pregurando o Anticristo, opuseram-se sistematicamente a Deus (Gn 4.1-10, 23,24). Ambos agiram como o Homem do Pecado, que há de aparecer tão logo a Igreja seja arrebatada (2 Ts 2.6,7). Nesse mesmo grupo, arrolaremos o Faraó do Êxodo, o perverso Hamã e o sanguinário Herodes (Êx 1.8-16; Et 3.1-6; Mt 2.13).


Desde os tempos bíblicos, muitos se zeram anticristos e dispuseram-se a perseguir a Israel e a Igreja de Deus. Destes, viremos a destacar apenas Carlos Magno, Napoleão e Hitler, pois a lista é longa e enojadiça.

Apesar de toda a sua hermenêutica, o Diabo não sabe quando os crentes serão arrebatados. Por isso, mantém alguns homens de prontidão, para usá-los imediatamente após o rapto da Igreja (1 Jo 2.18). Embora seja temerário dizer quem, hoje, seria o Homem do Pecado, podemos identicá-lo por seus frutos (Mt 7.16). Eis porque é imperioso escolhermos muito bem nossos candidatos no momento das eleições, para não elegermos servos e servas de Satanás. Conheçamos, pois, suas agendas éticas, educacionais e econômicas, pois o Diabo que, a essas alturas, já é o Dragão do Apocalipse, vem apoderando-se de todas as instituições humanas, visando o estabelecimento de seu governo visível.

2. Títulos do Homem do Pecado. O título principal deste personagem é “Anticristo” (1 Jo 2.18). O apóstolo, sempre atento aos sinais dos tempos, soube como desmascarar os predecessores do Homem do Pecado; em seus dias, já não eram poucos.

 O Homem do Pecado, no Apocalipse, é descrito como a besta que sobe da terra (Ap 13.1). Se retroagirmos a Daniel, constataremos que o Anticristo é apresentado como o príncipe que há de vir (Dn 9.26). O Senhor Jesus, por sua vez, mostra-o como aquele que, desprezando o Pai e o Filho, aparece mentindo e enganando os incautos (Jo 5.43). No final dos tempos, quando Satanás apresentar os seus dois prepostos à humanidade incrédula, para estabelecer o seu império visível no mundo, estará ele em sua máxima degradação espiritual, teológica e moral. Enganam-se, pois, os universalistas que, inocente e tolamente, ensinam que, na consumação de todas as coisas, Deus levará todos à conversão, inclusive o próprio Diabo. O que esses senhores desconhecem é que, a cada dia que passa, torna-se o Adversário mais virulento e inimigo do bem. Tanto é que, no período apocalíptico, o Inimigo estará tão incontrolável, que precisará ser amarrado por mil anos, até que o tempo de sua ruína definitiva (Ap 12.12; 20.2,10). Se o Diabo vem degradando-se desde que foi expulso dos Céus, o mesmo acontece com os seus seguidores, conforme alerta-nos Paulo: “Mas os homens maus e enganadores irão de mal para pior, enganando e sendo enganados” (2 Tm 3.13, ARA). A profecia do apóstolo cumpre-se rigorosamente em nossos dias. Nesse ritmo de depravação total e absoluta, a deterioração dos incrédulos chegará a tal ponto que, dentre eles, não será difícil para Satanás “ungir” seus dois prepostos como as bestas descritas pelo evangelista.

Cabe aqui, uma pergunta intrigante. Por que ambos os lugares-tenentes de Satanás, no Apocalipse, recebem o apodo de “besta”? Examinemos esses personagens e vejamos como se dará o seu aparecimento.

 Um deles surgirá do mar, e o outro, da terra. O primeiro virá como líder político. Já o segundo, em sua condição de guia religioso inconteste, dará todo suporte místico àquele, visando blindá-lo de qualquer oposição. Assim descritos, representam eles a síntese dos instintos animalescos que moviam os impérios mundiais, que, desde a Babilônia de Nabucodonosor, vêm maltratando Israel e perseguindo a Igreja de Cristo. Do reino babilônico, trazem o orgulho do leão: a soberba que causou a desgraça do querubim ungido; do reino persa, terão a voracidade do urso: espezinharão e despedaçarão seus opositores; e, do império grego, sob Alexandre, o Grande, terão a velocidade do leopardo: suas conquistas serão mais rápidas do que as da Alemanha Nazista no início de suas campanhas. E, sintetizando, todas essas características, resultarão ambos nas bestas descritas por João (Ap 13.1,2). Eles dirigirão o reino visto por Daniel representado pelo animal terribilíssimo e indescritível (Dn 7.7).

Um império mundial, com tais características, só pode ser dirigido por governantes com os instintos das bestas descritas por João.

Todavia, por que esses prepostos de Satanás são vistos como as bestas que sobem do mar e da terra? Antes de tudo, não devemos vê-los como demônios. Mas, conquanto homens, far-se-ão piores do que os mais incontroláveis anjos do mal, devido aos imensos poderes que receberão de Satanás (2 Ts 2.9). Mais vorazes do que as bestas-feras, despojar-se-ão de todos os seus atributos humanos, a m de tornarem-se imagem e semelhança de Satanás.

O termo grego usado para descrevê-los — thērion — signica, entre outras coisas, animal selvagem, brutal e feroz. Assim será o interior de ambos os prepostos de Satanás; certamente, os piores seres humanos a pisar sobre a face da terra. Em sua alma, já iludidos e cegados pelo Diabo, acreditarão que, de fato, terão condições de derrotar o próprio Deus. Aliás, assim também imagina o Maligno, que, já como Dragão, e mais besticado que nunca, mantém a ilusão que o levou a revoltar-se contra o Todo-Poderoso: vencer o Criador e Mantenedor de todas as coisas. Se ele assim não lucubrasse, não teria caído na apostasia, quando ainda era querubim e ungido.

 Quem lê a história da Segunda Guerra Mundial, admira-se de quão bestiais tornaram-se os nazistas. Mesmo sabendo que os russos invadiam Berlin, pelo Leste, e que os americanos, britânicos e franceses chegavam, pelo Oeste, ainda alimentavam a ilusão de que os aliados seriam, nalmente, derrotados antes de chegarem ao bunker onde Adolf Hitler escondia-se. Assim funciona a alma dos que aborrecem a Deus; acreditam que, apesar dos decretos divinos, sempre haverá uma brecha judicial para escaparem do Juízo Final.

3. A natureza do Homem do Pecado. O Homem do Pecado será de tal forma usado por Satanás que chegará a ser confundido com este (2 Ts 2.9). Ele aparecerá como uma espécie de “ungido” do Diabo. E, na força do Maligno, realizará grandes sinais e prodígios, induzindo a humanidade a recepcioná-lo como se fosse o próprio Deus (2 Ts 2.4). Os que não tomarem parte no arrebatamento da Igreja serão obrigados a prestar-lhe honras e adoração (Ap 13.4). Nele, a possessão satânica será plena e incontrolável, superando inclusive a situação do gadareno oprimido por aquela legião de demônios (Lc 8.30). No terceiro capítulo das profecias de Daniel, lemos a história da formidável estátua que Nabucodonosor mandara erguer, a m de eternizar-lhe o nome e o império. Estrugidas as trombetas, todos os que se achavam congregados, no campo de Dura, curvaram-se, atemorizados, perante aquela blasfêmia e abominação, exceto os três jovens santos: Sadraque, Mesaque e Abdnego (Dn 3.12). Observe, querido leitor, que o imponente momento, embora inanimado, forçou a todos os presentes — grandes e pequenos — a dobrarem-se ante o paganismo estatal. Se a situação descrita parece aterrorizante, o que não será o reinado do Anticristo? Nessa ocasião, o Falso Profeta, mais convincente do que os mágicos egípcios e caldeus, fará construir uma imagem da primeira besta que, aparentemente, será ferida de morte. E, diante de todos, levará a estátua a abrir a boca e a falar. O resultado dessa façanha pode ser visto na descrição do evangelista (Ap 13.13-15).

 Em vista das artimanhas do Adversário, estejamos precavidos acerca daqueles que, aqui e ali, realizam façanhas e maravilhas. Ouçamos a advertência do Senhor Jesus: “Porque surgirão falsos cristos e falsos profetas e farão tão grandes sinais e prodígios, que, se possível fora, enganariam até os escolhidos” (Mt 24.24).

 A fé cristã não é movida nem alimentada por milagres e portentos, mas pela confiança que depositamos em Cristo, o Filho de Deus. Isso não significa que rejeitemos tais ocorrências; acreditamos piamente no Deus, que, ab-rogando as leis naturais e ordinárias, opera o sobrenatural e o extraordinário, para realçar a sua glória e império sobre todas as coisas. Aliás, como pentecostais, não podemos rejeitar o inexplicável. Mas, por meio do dom de discernir, saibamos de onde procedem os espíritos, pois já vivemos na fronteira dos eventos apocalípticos (1 Jo 4.1).

 II. A Missão do Homem do Pecado

A missão do Homem do Pecado será quádrupla: opor-se metodicamente a Deus, a Israel, a Cristo e a Igreja.

1. Opor-se a Deus. Inimigo declarado do Todo-Poderoso, Satanás volta-se contra todas as obras divinas. Sua principal missão, hoje, é impedir o Evangelho de Cristo de alcançar os conns do mundo. E, ferozmente, opõe-se aos santos anjos, à Igreja, a Israel e aos redimidos do Cordeiro (Dn 10.13-21; 1 Ts 2.18; Ap 12.10,11,13-17).


Será que alguém, em sã consciência, imagina que, de alguma forma, virá a derrotar o Deus Todo-Poderoso? Antes de tudo, nem todos os seres morais acham-se em sã consciência. Quer no mundo espiritual, quer no universo material, há anjos e homens que acreditam que podem destruir a Palavra de Deus e o Deus da Palavra.

 Joseph Stalin (1878-1953), o insano ditador da ex-União Soviética, era alguém que, encarnando a imagem e a semelhança de Satanás, supunha ser possível derrotar o próprio Deus. Caso contrário, não teria perseguido tão covarde e sistematicamente a Igreja de Cristo. Até hoje não sabemos quantos cristãos ele matou. Já ouvi dizer que o abominável tirano veio a assassinar mais russos do que próprio exército nazista. Seja como for, entre os milhões de suas vítimas, havia não poucos homens, mulheres e até crianças, que morreram por não haver negado a sua fé em nosso Senhor.

Homens como Stalin e Hitler eram ateus genuínos, não porque descressem na existência do Criador dos Céus e da Terra, mas por serem inimigos declarados e pragmáticos do Deus Único e Verdadeiro. O tirano soviético, por exemplo, proviera de um seminário cristão em Tbilisi, na Geórgica; não ignorava a Bíblia Sagrada. Mas, seduzido pelo marxismo, tornou-se logo inimigo da fé cristã; fez-se tão satânico quanto Karl Marx (1818-1883). Quanto a Adolf Hitler (1889-1945), o que falar? Se o déspota nazista não acreditasse em Deus, por que haveria de empreender a extinção dos judeus e dos discípulos de Cristo? Ambos, eivados do espírito do Homem do Pecado, moveram, num primeiro momento, uma guerra sistemática contra o Eterno, e, logo em seguida, puseram-se a destruir os que guardavam a santíssima fé apregoada pelos santos profetas e apóstolos.

Tais ditadores agiram dessa forma, porque se tornaram habitação de Satanás. Não foi o que aconteceu a Judas Iscariotes na noite em que traiu o Senhor Jesus? Após o bocado do pão que, naquele momento, já simbolizava o corpo de Cristo, entrou-lhe o Adversário pelo coração adentro, tornando-o seu templo (Jo 13.27). Quando isso ocorre com um ser humano, opõe-se este de tal forma ao Espírito Santo, que o Divino Consolador já não tem condições de levá-lo ao arrependimento. Temos, então, um caso de blasfêmia pragmática a Terceira Pessoa da Santíssima Trindade. É um pecado que, devido à sua extrema gravidade, em nada difere da transgressão dos lhos de Eli, conforme observa o velho sacerdote de Israel: “Pecando o homem contra o próximo, Deus lhe será o árbitro; pecando, porém, contra o Senhor, quem intercederá por ele?” (1 Sm 2.25, ARA).

Portanto, enganam-se os universalistas aos ensinarem que, na consumação dos séculos, o próprio Satanás virá a arrepender-se de seus atos e rebeliões, vindo a ser reconsagrado, pelo Senhor, à grei divina. Isso jamais acontecerá, pois todas as palavras e atos do Maligno são blasfêmias verbais e práticas contra o Pai, contra o Filho, contra o Espírito Santo e contra os redimidos. Sua intenção é derrotar o Todo-Poderoso; em seu espírito, acha ele que tal coisa é viável. Nisso, não se encontra só. Há milhões de lacaios seus que assim pensam e assim agem, conforme muito bem descreve Salomão o íntimo do tolo: “Porque, como imagina em sua alma, assim ele é; ele te diz: Come e bebe; mas o seu coração não está contigo” (Pv 23.7, ARA). Conquanto ofereça-nos o mundo e toda a sua glória, só uma coisa deseja ele de nós: instrumentalizar-nos para o mal. E, se o seguirmos, seremos lançados, juntamente com ele, no Lago de Fogo (Mt 26.41). Oremos e Vigiemos. A promessa divina não falhará: “E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés. A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja convosco. Amém!” (Rm 16.20).

2. Opor-se a Israel. Por intermédio de seus anticristos, o Diabo vem reunificando todos os seus recursos e esforços para destruir Israel física, moral e espiritualmente (Êx 1.8-22; Ap 2.14). O que dizer do genocídio judaico durante a Segunda Guerra Mundial? Nesse período, mais de seis milhões de hebreus foram brutal e covardemente assassinados.

Na Grande Tribulação, o Homem do Pecado perseguirá implacavelmente os judeus, para aniquilá-los de uma vez por todas (Ap 12.17). Mas, na consumação dos séculos, todo o Israel será redimido. Já imaginou, querido leitor, se Hamã, o perverso, tivesse conseguido o seu intentado — a destruição total dos lhos de Israel espalhados pelo Império Persa? (Et 3.6). A consequência mais trágica para a humanidade seria a impossibilidade da encarnação do Filho de Deus, pois o Senhor Jesus proveio, de fato, de uma família judaica (Jo 4.24). Satanás, devido à sua familiaridade com as Escrituras Sagradas, sabe que Israel é a segunda coluna mais importante das profecias bíblicas (a primeira é o Senhor Jesus Cristo). Por essa razão, quando da 70ª Semana, intentará, agora de maneira definitiva, extinguir Israel (Dn 9.24-27; 12.1; Ap 12.17). Todavia, o Senhor Jesus sairá em defesa dos judeus, levando-os à conversão.

O povo de Israel, apesar de sua incredulidade presente, não será esquecido no futuro, pois o Deus de Abraão sempre há de lembrar-se das alianças passadas. E, na consumação de todas as coisas, cumprir-se-á o que escreveu Paulo em sua carta aos romanos: “E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: Virá de Sião o Libertador e ele apartará de Jacó as impiedades” (Rm 11.26, ARA).

3. Opor-se a Jesus Cristo. No que concerne ao Filho de Deus, a missão do Homem do Pecado é dupla: opor-se a Cristo e colocar-se no lugar de Cristo, como se ele (o Anticristo) fosse o verdadeiro messias e salvador do mundo (Mt 24.5,23,24). Leia com atenção o capítulo 13 de Apocalipse. No início, tentou matar fisicamente o Filho de Deus (Mt 2.13). Depois, procurou enredá-lo na tentação do deserto (Mt 4.1). E, finalmente, reuniu todos os seus recursos “teológicos” para destruir a genuína cristologia — o estudo da vida e da obra de Cristo (1 Jo 4.2,3).

O Homem do Pecado nega tanto a humanidade como a divindade de Nosso Senhor. Quanto a nós, professaremos audaciosamente que Jesus Cristo é Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus. Aleluia!

Como Satanás não logrou destruir o Cristo de Deus vem ele intentando, desde a ressurreição do Senhor, arruinar a genuína cristologia bíblica. Seus ataques a essa doutrina, que é a coluna mestra e a área mais nobre da teologia cristã, levaram os teólogos cristãos a trabalhar incansavelmente até que, em 451, na cidade de Calcedônia, atual Turquia, lavrassem um documento belíssimo tanto em termos teológicos quanto literários. Hoje, a legítima cristologia bíblica voltou a ser atacada com uma virulência maior do que à dos primeiros séculos. Antes de tudo, mencionemos a famigerada teologia da demitologização de Rudolf Bultmann (1884-1976) que, fumarando o seu inseparável cachimbo, pôsse a demolir a história do Novo Testamento como se esta não passasse de uma narrativa fantasiosa e tola. Se nos anarmos por esse teólogo, concluiremos que o Senhor Jesus nem é verdadeiro Deus nem verdadeiro homem, mas alguém duplamente mentiroso. Ora, querido irmão, se Jesus de Nazaré não realizou nenhum dos milagres registrados nos evangelhos, não é o Filho de Deus; e, se não é o Filho de Deus, mas tão somente homem, como poderá Ele salvar-nos de nossos pecados? Jesus Cristo, de fato, ressuscitou corporal e espiritualmente. E, por esse motivo, encontra-se, agora, à destra do Pai. Quanto aos seus milagres, sinais e maravilhas, não ficaram circunscritos ao passado. Ainda, hoje, por meio do Divino Consolador, continua a salvar, a batizar no Espírito Santo, a curar os enfermos e a desnudar o seu braço, a m de operar o impossível no meio de seus santos.

Há uma disciplina que, sorrateira, mas perigosamente, vem nos invadindo os seminários e institutos bíblicos. Refiro-me às ciências das religiões, ou simplesmente, ciência da religião. Inicialmente, quando nem disciplina era, limitava-se a estudar “cientificamente” a história do Cristianismo. Depois, já com uma epistemologia própria, pôs-se a comparar a religião cristã ao Judaísmo e ao Islamismo. E, já concluída a comparação entre as três fés monoteístas, começou a confrontar a nossa crença com as demais manifestações religiosas.

 Tal disciplina, exibindo agora todos os status de uma academia, já não tem o Cristianismo como a religião referencial. Seus ideólogos rebaixaram a religião cristã ao animismo mais abjeto. Quanto ao Senhor Jesus, nivelaram-no aos xamãs uralo-altaicos e aos pajés ameríndios. Os acadêmicos dessa ciência, até mesmo os cristãos sinceros e convictos, são direcionados a igualar a santíssima fé e o Cordeiro de Deus às mais abjetas manifestações religiosas, que em nada diferem do culto a Baal, ou a Moloque, cujos rituais incluíam o oferecimento de crianças. Afim de que ninguém alegue que exagero em minha análise, darei, a seguir, uma definição da ciência da religião, que venho preparando, junto com a minha lha Karen de Andrade Bandeira, para um futuro trabalho:

A ciência da religião é um ramo de estudos que se propõe a listar e a comparar os fatos relativos às diversas religiões (suas origens, práticas, crenças, etc.). Seu principal teórico é o linguista alemão Friedrich Max Müller. Os adeptos de tais estudos alegam ser necessário distanciar-se do objeto estudado para, então, ser possível notar, entre as diferentes religiões, quais elementos são comuns a todas. O produto de tal comparação são as seguintes ideias falsas, amplamente difundidas hoje: 1) não existe uma religião certa ou errada; 2) é preciso haver uma plasticidade que permita, a determinada religião, assumir características de outras; 3) é preciso haver um livre trânsito dos éis, que lhes possibilite migrar, conforme desejarem, entre esta ou aquela crença; ou 4) a idealização de uma religião única e universal. Atualmente, os teóricos da Ciência da Religião esforçam-se para traçar, de forma bastante nítida, a fronteira que separa o objeto de estudo da Ciência da Religião, e o objeto de estudo da Teologia.

Responda-me, agora, querido e atento leitor, você acha que tal ciência é favorável à nossa santíssima fé? Para essa gente, o Senhor Jesus não passa de um mero fundador de religião; igualam-no a Maomé e a Buda. Deixo, aqui, o alerta do apóstolo Paulo aos jovens obreiros que, na ânsia por conhecimento, enviesam-se por esses caminhos sem volta: “Ó Timóteo, guarda o depósito que te foi conado, tendo horror aos clamores vãos e profanos e às oposições da falsamente chamada ciência, a qual professando-a alguns, se desviaram da fé. A graça seja contigo. Amém!” (1 Tm 6.20,21).

 4. Opor-se à Igreja. O Homem do Pecado opõe-se impiedosamente aos discípulos de Jesus Cristo (Jo 15.18,19). Ele sabe como usar o sistema mundano contra a Igreja. Mas, consolemo-nos, pois o que está em nós é mais poderoso do que o Maligno (1 Jo 4.4). Não temamos, pois, o que nos pode matar o corpo, mas nada pode fazer quanto à nossa alma (Mt 10.28). Querido pastor, mantenha a sua Igreja na Palavra de Deus. Ensine-lhe as verdades pentecostais. Ore para que o Senhor Jesus continue a batizar no Espírito Santo, a distribuir os dons espirituais, a curar os enfermos e a operar sinais, e maravilhas. Leve suas crianças, adolescentes e jovens a buscar o poder do alto. Caso contrário, ninguém poderá subsistir nestes dias maus e selvagens. Agindo dessa forma, poderemos chegar à Jerusalém Celeste, onde estaremos para sempre com o Senhor. Amém! Não busque alternativas mundanas para o crescimento de sua Igreja. O ensino da Bíblia Sagrada é mais do que suficiente para levar o seu rebanho, ainda que humilde e pobre, aos confins do mundo. Evangelize e faça missões.

III. A Destruição do Homem do Pecado

Vejamos, agora, a ascensão, o auge e a ruína do Homem do Pecado. Ao contrário do Reino de Jesus Cristo, o império de Satanás não é eterno, mas temporal e efêmero.


 1. A ascensão de seu império. Tão logo a Igreja seja arrebatada, Deus permitirá que Satanás, através de seus dois prepostos — a Besta e o Falso Profeta —, reine absolutamente por três anos e meio (Ap 13.5). O primeiro será um agente político; o segundo, conforme já vimos, um delegado religioso.

2. O auge de seu império. O Homem do Pecado, no auge de seu poder, dominará tanto a economia quanto a religiosidade humana, agrupando todas as coisas sob o seu comando (Ap 13.7,8, 16-18). O seu governo, a princípio, será aceito por todos sem qualquer contestação (Ap 13.4).

3. A ruína de seu império. Passados os três primeiros anos e meio de seu governo, o Anticristo começará a experimentar a ira do Cordeiro de Deus. Sua ruína ocorrerá no auge de sua administração (1 Ts 5.3). E, depois que todas as pragas se abaterem sobre o seu reino, será ele, juntamente com o Falso Profeta, lançado no Lago de Fogo, para onde será jogado também, após o Milênio, o arqui-inimigo de Deus — Satanás (Ap 19.20; 20.10).

Conclusão

O Homem do Pecado será o ser humano mais iníquo, mau e blasfemo de todos os tempos. Em termos de maldade, quer essencial, quer formal, será ele superado apenas por Satanás. Aparelhado pelo Diabo, há de se levantar contra a criação e contra o próprio Criador. No entanto, ele não irá adiante, pois o Senhor Jesus Cristo o destruirá com o sopro de sua boca (2 Ts 2.8). Ninguém pode resistir ao Cordeiro de Deus, porque Ele é o Leão da Tribo de Judá — o Rei dos reis e Senhor dos Senhores. Glória a Jesus! Jesus em breve virá! Ora vem, Senhor Jesus.

                             A Raça Humana - Origem, Queda e Redenção

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2 Tessalonicenses (William Barclay) 17
                                                O INÍQUO

2 Tessalonicenses 2:1-12

Sem dúvida estamos diante de um das passagens mais difíceis de todo o Novo Testamento. E isto é assim porque a terminologia e descrições que Paulo usa, que eram muito familiares para aqueles aos quais se dirigia, nos resultam extremamente estranhas. Os que leram ou escutaram isto pela primeira vez não necessitavam nenhuma explicação, mas a nós, que não possuímos o conhecimento local deles, é obscuro.

O quadro geral é o seguinte. Paulo diz aos tessalonicenses que deponham sua nervosa e histérica expectativa da Segunda Vinda. Nega que alguma vez haja dito que o Dia do Senhor já tinha vindo. Esta era uma interpretação equivocada de suas palavras, da qual não era responsável. E lhes diz que antes que venha o Dia do Senhor ainda devem acontecer muitas coisas. Os acontecimentos que deviam acontecer seriam como estes.

 Em primeiro lugar estalaria uma época de rebelião contra Deus; já se tinha introduzido neste mundo um secreto poder mau que estava operando nos homens e no mundo para provocar esse tempo de rebelião. Em alguma parte se ocultava alguém que era a encarnação do mal assim como Jesus era a encarnação de Deus. Era o homem de pecado, o filho de perdição, o iníquo. A seu tempo o poder que o retinha desapareceria da cena e então apareceria esse demônio encarnado. Quando viesse reuniria em torno de si a seu próprio povo assim como Jesus tinha o seu. Aqueles que tinham recusado aceitar a Cristo o estavam esperando. Então teria lugar uma batalha última e decisiva em que Cristo destruiria totalmente o iníquo; então o povo de Cristo se reuniria com Ele e os iníquos que tinham aceito o Iníquo como seu senhor, seriam destruídos. Seria uma espécie de batalha cósmica em que a encarnação do mal faria seu último assalto e sofreria sua derrota final.

Lembremos que quase todas as crenças orientais admitiam um poder do mal assim como o poder do bem. Pensavam numa espécie de guerra entre Deus e esse poder maligno. Por exemplo, os babilônios relatavam que Tiamat, o dragão, rebelou-se contra Marduk, o criador, e tinha sido destruído na batalha final. Paulo está dentro de uma série de pensamentos que eram propriedade comum da época em que vivia. Os judeus também tinham esta concepção. O poder satânico era chamado de Belial ou mais corretamente Beliar. Quando desejavam descrever ao homem como extremamente mau eles o chamavam filho de Beliar. (Deuteronômio 13:13; 1 Reis 21:10, 13; 2 Samuel 22: 5). Em 2 Coríntios 6:15 Paulo usa este termo como o oposto a Deus. Esta encarnação do mal, este mal humanizado, era a antítese de Deus. Depois de Paulo os cristãos lhe deram o título de Anticristo (1 João 2:18,22; 4:3). É evidente que tal poder não pode durar para sempre no universo; e existia a crença muito difundida de que numa batalha final Deus triunfaria e essa força anti-Deus seria definitivamente destruída. Esta é a imagem com que Paulo trabalha aqui.

 Qual é a força que no momento detém e mantém sob controle o Iníquo? Ninguém pode responder com segurança a esta pergunta. O mais provável é que Paulo pensasse no Império romano. Várias vezes ele mesmo tinha tido que ser libertado da fúria do povo pela justiça do magistrado romano. Roma era o poder restritivo que preservava o mundo de uma anarquia insensata. Mas chegaria um dia em que o poder romano seria eliminado, e depois viria o caos.

Assim, pois, Paulo descreve uma rebelião crescente contra Deus; o ressurgimento de alguém que era a encarnação do diabo da mesma forma como Cristo tinha sido Deus encarnado; uma batalha final; e, logo, a vitória final e definitiva de Deus. Agora, quando esta encarnação do mal viesse ao mundo haveria aqueles que o aceitariam como senhor. Os que tinham rechaçado a Cristo seriam seus sequazes; e eles, junto com seu senhor, encontrarão uma derrota final e um juízo terrível. Apesar de estranhas que nos resultem estas descrições, conservam entretanto, uma verdade permanente.

(1) Há uma força do mal no mundo. Mesmo quando não se possa provar logicamente a existência do diabo, muitos dirão: "Eu sei que existe porque me encontrei com ele." Se negarmos a existência de um poder maligno que está operando entre os homens, não fazemos senão esconder a cabeça na areia como a avestruz. (2) Deus tem o controle. Pode parecer que as coisas se desintegram num caos; mas este caos está dentro de um plano. De alguma estranha maneira até o próprio mal está sob o controle de Deus. (3) O triunfo final de Deus é seguro. No final — na batalha final — nada poderá opor-se a Deus O Iníquo terá seu dia mas chegará o momento em que Deus dirá: "Basta." Então a grande pergunta para nós será; "De que lado você está? Na batalha que se trava no coração do universo você está do lado de Deus ou de Satanás?"

                                                            (William Barclay)


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                                       A TRIBULAÇÃO

Depois de Jesus ter declarado que o Evangelho do Reino, o evangelho do poder e do domínio de Deus, precisa ser pregado a todas as nações antes da consumação desta era (Mt 24.14), Ele passou a falar da "abominação da desolação, de que falou o profeta Daniel" (Mt 24.15). O cumprimento inicial dessa profecia ocorreu em dezembro de 167 a.C, quando Antíoco Epifânio colocou um símbolo cultual pagão no altar dos holocaustos, e dedicou o templo de Jerusalém ao deus grego, Zeus.86 Mas tanto Daniel quanto Jesus viram um cumprimento mais importante. Daniel 12.1 dá um pulo para a frente, para o tempo da Grande Tribulação, e a identifica como "um tempo de angústia, qual nunca houve, desde que houve nação até àquele tempo". Jesus também identificou aquele tempo como a "grande aflição" (Mt 24-21). No mundo presente, muitos crentes já estão sofrendo aflição, mas a Grande Tribulação será marcada pela ira de Deus mais do que qualquer coisa que o mundo já tem conhecido, conforme indica Apocaplipse 6 - 18. Naquele período, também surgirá um ditador mundial, o Anticristo.

O ANTICRISTO

O apóstolo Paulo tinha de lidar com falsos mestres que diziam que o Dia do Senhor já tinha chegado (2 Ts 2.2 -NVI). Os tessalonicenses tornaram-se inquietos e alarmados porque esses mestres, segundo parece, negavam a volta literal do Senhor e "nossa reunião com ele" no arrebatamento (2.1). Obviamente, já não se encorajavam uns aos outros da maneira que Paulo lhes ordenara (1 Ts 4.18; 5.11). Por isso, Paulo explicou que aquele dia não viria "sem que antes venha a apostasia87 e se manifeste o homem do pecado,88 o filho da perdição" (2 Ts 2.3). Isto é: essa apostasia e a revelação do Anticristo seriam as primeiras coisas a acontecerem no Dia do Senhor. Assim não aconteceria enquanto "o mistério da injustiça" estivesse refreado (2 Ts 2.7). Posto que tais coisas ainda não tinham acontecido, o Dia do Senhor ainda não era chegado, e ainda podiam eles encorajar-se uns aos outros com a esperança certa de serem arrebatados para encontrar-se com o Senhor nos ares.

O nome Anticristo provém das epístolas de João, onde João dá a entender que este personagem virá futuramente. Os leitores, porém, precisavam tomar cuidado com os muitos anticristos (que falsamente alegavam ser "ungidos") e também com o espírito do anticristo que já operava (1 Jo 2.18,19,22; 4.2; 2 Jo 7). Por outro lado, o Anticristo final já está condenado à destruição, e seu tempo será comparativamente curto. 89 Como o Anticristo "se opõe e se levanta contra tudo o que se chama Deus ou se adora", podemos entender que "anti" significa "contra". Apesar disso, a palavra grega anti significa mais frequentemente "em lugar de", ou "ao invés de",90 e o Anticristo "se assentará, como Deus, no templo de Deus, querendo parecer Deus" (2 Ts 2.4). Isto é: o Anticristo não chamará a si próprio Anticristo. Ele será o maior e ulterior de todos os cristos falsificados, e provavelmente alegará ser o Cristo verdadeiro, bem como o verdadeiro Deus. (Cf. Mt 24.4,23,24).

Sua vinda será "segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, e prodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem" (2 Ts 2.9,IO).91 Essa descrição encaixa-se com a do ditador mundial que fará a aliança com Israel e depois a violará (Dn 9.27), bem como a da besta, do governante mundial blasfemo, que é fortalecido e habitado por Satanás, e cujo falso profeta realiza falsos milagres (Ap 13.1-17).92 Já no meio da Grande Tribulação, ele exige que cada um receba uma marca na mão direita, ou na testa, marca esta que é "o nome da besta, ou o número do seu nome".

Esse número é identificado como 666, número este que tem dado origem a muitos tipos de especulação, mas "é numero de homem [de um ser humano]", de modo que, dalguma maneira, é identificado com o fato de que o Anticristo alega ser Deus mas é realmente mero homem.93 Por esses meios, ele conseguirá o controle econômico e se tornará ditador do mundo inteiro. Mas não conseguirá impedir a queda do sistema mundial babilônico e o total colapso econômico do mundo (Ap 18.1-24). E depois, no fim da Grande Tribulação, comandará os exércitos de muitas nações arregimentados por Satanás, em Armagedom. E então que Jesus o "desfará pelo assopro da sua boca e o aniquilará pelo esplendor da sua vinda" (2 Ts 2.8). Esse acontecimento é retratado poderosamente em Daniel 2.34,35,44,45 e Apocalipse 19.11-21. Seu destino final será "no ardente lago de fogo e de enxofre" (Ap 19.20).


SATANÁS É SOLTO

 O Apocalipse não oferece nenhum pormenor do Milênio, provavelmente porque as profecias anteriores já sejam suficientes. Depois dos mil anos, Satanás será solto, provavelmente para levar a uma vindicação final da justiça de Deus. Isto é: embora as pessoas tenham experienciado o governo maravilhoso de Cristo, parece que seguirão a Satanás na primeira oportunidade que se lhes ofereça.100 Assim fica demonstrado que, com ou sem conhecimento de como é o reino de Cristo, o inconversos se rebelam. Na sua justiça, Deus nada mais poderá fazer senão separá-los eternamente das suas bênçãos. Satanás, o grande enganador, também engana a si mesmo, a ponto de acreditar que ainda conseguirá derrotar a Deus. Mas sua derradeira tentativa fracassará. Nunca mais haverá rebelião contra Deus e o seu amor.

OS JULGAMENTOS

 Na Bíblia inteira, Deus é visto como justo Juiz. Ele pronunciou juízos, nos tempos antigos, contra Israel e também contra as nações. No fim desta era, Ele continuará sendo o justo Juiz, só que esse juízo será realizado através do Filho, pois "o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo, para que todos honrem o Filho, como honram o Pai" (Jo 5.22,23; cf. 2 Tm 4.8).

O arrebatamento não é nenhuma "fuga". Os crentes estarão para sempre com o Senhor. Mas todos, sem exceção, estarão sujeitos ao juízo quando comparecerem na sua presença (Rm 14.10-12; 1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10). O tribunal, ou trono (gr. bêma, Rm 14.10) de Deus, é também chamado o tribunal de Cristo (2 Co 5.10). Ali cada um receberá "segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem [gr. agathon, "espiritual e moralmente bom ou útil aos olhos de Deus"] ou mal [gr. pbaulos, "sem valor, iníquo; inclusive egoísmo, inveja, e preguiça"] (2 Co 5.10).101 Nada ficará oculto (Rm 2.16). Tudo será julgado: nossas palavras, nossos atos, nossos motivos, nossas atitudes e nosso caráter (Mt 5.22;12.36,37; Mc 4.22; Rm 2.541,16; Ef 6.8; 1 Co 3.13; 4.5; 13.3). De tudo, isso, nossos motivos (especialmente o amor) e nossa fidelidade parecem ser da maior importância (Mt 25.21,23; Lc 12.43; 1 Co 13.3; Cl 3.23,24; Hb 6.10). Poderão fazer a diferença entre nossas ações serem consideradas "ouro, prata, pedras preciosas" ou "madeira, feno, palha" (1 Co 3.12).

Esse julgamento inclui a possibilidade ou de "perda" (1 Co 3.15) ou de "galardão" (Rm 2.10; 1 Co 3.12-14; Fp 3.14; 2 Tm 4-8; 2 Jo 8). Devemos permanecer "nele [Cristo], para que, quando ele se manifestar, tenhamos confiança e não sejamos confundidos por ele na sua vinda" (1 Jo 2.28). Doutra forma, corremos o perigo de serem queimadas todas as nossas obras (1 Co 3.13-15). Somente aqueles que corresponderem com amor e fé à graça, às capacidades e às responsabilidades que Deus lhes tiver dado, ouvirão Jesus dizer: "Bem está, servo bom e fiel. Sobre o pouco foste fiel, sobre muito te colocarei; entra no gozo do teu senhor" (Mt 25.21,23). Embora não sejamos salvos pelas nossas obras, fomos "criados em Cristo Jesus para as boas obras" (Ef 2.10). Assim como nos diz Romanos 1.7, o justo juízo de Deus dará a vida eterna "aos que, com perseverança em fazer bem, procuram glória, e honra, e incorrupção".

Depois de Satanás ter sido lançado no lago de fogo, aparece um enorme trono branco - branco porque irradia a santidade, majestade e glória de Deus (Ap 20.11). Em pé diante dele há os mortos, "grandes e pequenos", ou seja: independentemente da sua condição na terra. (Esse número não, inclui aqueles mencionados em Ap 20.4, pois estes já estão ressuscitados com novos corpos imortais que não poderão morrer nem sequer entrar em decadência). Foram ressuscitados para o julgamento. Posto que a ressurreição é corpórea, terão algum tipo de corpo, e serão julgados segundo as suas obras (pelos registros divinos, que sem dúvida incluem sua rejeição a Cristo e sua obediência a Satanás, bem como seus outros pecados, públicos e particular). O Livro da Vida também estará aberto nessa ocasião, provavelmente como evidência de que seus nomes não constam dele.

 A Bíblia fala doutros julgamentos, mas sem oferecer pormenores da ocasião ou do local. Paulo menciona que os santos (todos os verdadeiros crentes, pois estão dedicados à adoração e serviço do Senhor) julgarão o mundo e os anjos, e contrasta esse fato com esta vida (1 Co 6.2,3). Isso pode acontecer durante o Milênio.


Alguns entendem que Mateus 25.31-46, onde se fala sobre a separação dos justos e injustos "uns dos outros, como o pastor aparta dos bodes as ovelhas" (v. 32), é um julgamento especial das nações no início do Milênio. E um julgamento de obras, que reconhece que o que é feito ou deixa de ser feito para o próximo, é feito ou deixa de ser feito para o próprio Cristo. Seja o que for que fizermos, devemos fazer como para o Senhor. A palavra "nações"102 significa povos, e não estados nacionais. Os atos são feitos por indivíduos que se importam com os irmãos (e irmãs) de Cristo, ou que os negligenciam.103 Os resultados são uma herança para os bem-aventurados, e o fogo eterno para os demais, fogo este preparado para o diabo e seus anjos. Logo, o estado final, e não o Milênio, está em vista nesse quadro. James Oliver Buswell faz uma sugestão interessante. Posto que a cena é "de vasta perspectiva cósmica" é possível que Jesus tenha colocado o seu tribunal e o Grande Trono Branco num só quadro, visando a lição, sem indicar a diferença cronológica entre os dois. 104

                                                 Stanley-Horton-Teologia-Sistematica



                   

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