terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

LIÇÃO 8 - O Início da Civilização Humana


                                                Resultado de imagem para LIÇÃO 8 - O Início da Civilização Humana

Texto Áureo

"E conheceu Caim a sua mulher, e ela concebeu e teve a Enoque; e ele edificou uma cidade e chamou o nome da cidade pelo nome de seu filho Enoque." (Gn 4.17)


Verdade Prática

Uma das missões do ser humano é povoar a Terra, dominar os segredos da criação divina e fundar uma sociedade que venha a glorificar o nome de Deus.




Capítulo 8

O Início da Civilização Humana

B
illy Graham (1918-2018), ao narrar o seu encontro com Albert Einstein (1879-1955), destaca o fato de ter ouvido do cientista alemão, de origem judaica, um comentário nada animador: “É mais fácil transformar o urânio do que o coração humano”. O evangelista norte americano, com os seus milhões de almas ganhas para Cristo, certamente respondeu ao celebrado físico que o urânio, de fato, jamais transformará o homem mau num cidadão bom e exemplar. Mas o Evangelho de Cristo, sim. Somente a Mensagem da Cruz é capaz de redimir o indivíduo, salvar a civilização de si mesma e dar um novo rumo à História.

Como seres gregários, não podemos viver a par da sociedade nem fora da civilização ou à margem da História. Isso porque, desde o nascimento até à morte, estamos ligados aos nossos semelhantes; trata-se de um sistema que, embora imperfeito, mantém-nos vivos. Já ouvi muita gente queixar-se das regras e das leis, como se o Estado, por exemplo, fosse irremediavelmente mau, pernicioso e desnecessário. Não posso negar que há Estados, como o comunista e o nazista, que se encaixam nessa descrição. Todavia, os crentes que assim esbravejam contra o Estado e a sociedade, geralmente murmuram também contra a Igreja, qualificando-a de inútil, pois segundo alegam, é possível adorar a Deus apenas em casa. Se a Igreja de Cristo não fosse necessária, querido irmão, Deus não a teria estabelecido já bem antes da fundação do mundo.

Como veremos, mais adiante, a civilização é ímpia, porque o homem sem Deus é essencial e cronicamente ímpio. Isso significa que, se toda a humanidade abandonar a impiedade, poderemos ter uma civilização justa, equânime e piedosa. E, a partir daí, Céus e Terra confundir-se-ão numa só grei. Embora o Reino de Deus ainda não haja sido estabelecido entre nós, podemos constatar seus efeitos redentores, por intermédio do Evangelho, na família, na sociedade e no Estado.

Alguns dizem que a História é o relato do fracasso da civilização humana. Mas, para mim, a História, quer sagrada quer secular, é a narrativa dos grandes atos Deus na vida do indivíduo, em particular, e da civilização, como um todo. Se não fosse Jesus Cristo, a espécie humana seria hoje tão somente pó e cinza.

Neste capítulo, estudaremos a origem da civilização humana. E, para tanto, focaremos o capítulo quatro de Gênesis, pois é justamente aí que encontramos a primeira cidade construída pelo homem. Em seguida, veremos por que a civilização é marcada por tantos conitos, dissoluções e violência. Apesar de tudo, Deus jamais deixou de intervir nos negócios humanos: além de Criador, Ele é o Senhor de todas as coisas.

Concluindo a nossa exposição, mostraremos por que somente o Evangelho de Cristo é capaz de redimir a civilização atual. Mas, antes de falarmos sobre a civilização humana, discorramos, com base nos poucos dados de que dispomos, na Bíblia Sagrada, da civilização celeste, onde se encontra o excelso trono de Deus.

I. A Civilização Celeste Desde a meninice, jamais duvidei da realidade dos Céus e da existência do Inferno. Naquele tempo, minha teologia era simples, mas eficaz: os que aceitam Jesus vão para os Céus, e os que não o aceitam são aprisionados no Inferno. À guisa de explicação, prefiro grafar os vocábulos “Céus” e “Inferno” com iniciais maiúsculas, porque ambos, além de serem lugares reais, são únicos em sua espécie.

 Hoje, já na terceira idade, avancei um pouco nessa teologia básica, mas imprescindível à nossa segurança espiritual. Na verdade, quem aceita Jesus terá os Céus apenas como morada provisória, pois o Pai Eterno tem algo mais sublime reservado aos seus lhos: a Jerusalém Celeste, onde há moradas bastantes para os santos de todas as épocas e lugares. Quanto aos ímpios, o Inferno ser-lhes-á, também, um lugar de estadia transitória, pois, na consumação de todas as coisas, e, já encerrado o Juízo Final, serão arremessados no Lago de Fogo, no qual já estarão o Dragão, o Falso Profeta e a Besta. Tais lugares não devem ser interpretados de forma alegórica, mas de maneira literal; estes jamais deixarão de existir caso optemos por uma hermenêutica pós-moderna e leniente. Portanto, cuidado com o método exegético que você, querido leitor, utiliza. Em caso de dúvida, opte sempre pela interpretação que já temos nas Sagradas Escrituras, e que nos foram claramente expostas pelos santos profetas e apóstolos de Nosso Senhor; na Palavra de Deus, temos segurança absoluta.

Neste tópico, por conseguinte, deter-me-ei a falar sobre a civilização celeste. Como já disse, não temos, na Bíblia Sagrada, muitas informações sobre os Céus. Mas dispomos de narrativas e proposições suficientes, para sabermos que a morada de Deus é um lugar real, e não uma mera e fortuita utopia.

 1. Os Céus não são utopia. Já no primeiro versículo da Bíblia Sagrada, somos cientificados pelo autor sagrado de que todas as coisas foram criadas por Deus. Logo, tudo lhe pertence e acha-se sob o seu inquestionável senhorio. A primeira frase do Livro dos livros revela que tudo o que vemos, e o que ainda não podemos ver, foi criado por Deus: os Céus e a Terra, e todas as coisas que neles contém. Atentemos às palavras do Gênesis: “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Na língua hebraica, o termo “Céus” denota um lugar marcado por uma pluralidade bela e misteriosa. O vocábulo shamayim, que pode ser aplicado também aos céus atmosférico e espacial, é plural não por causa dessa tripla aplicação, mas em virtude da multiplicidade das moradas divinas. Quem nos deixa entrever esse mistério é o irmão Paulo. Num momento de intensa oração, diz ele que foi arrebatado, em espírito, ao Terceiro Céu (2 Co 12.1-6).

Narra o apóstolo ter sido arrebatado, em espírito, ao Terceiro Céu. Isso, porém, não sigfinica que, na morada de Deus, haja somente três Céus. Mesmo que houvesse apenas três, estes já seriam mais do que suficientes para abrigar todas as cortes e hostes do Senhor dos Exércitos. O que vem a ser, todavia, o Terceiro Céu mencionado pelo apóstolo?

A expressão grega usada por Paulo, para descrever esse espaço reservado e sublime do Senhor, é tritou ouranou que, literalmente, sigfifinica terceiro céu. Duas perguntas, aqui, fazem-se pertinentes: “O que vem a ser essa repartição divina? O número ordinal, empregado pelo apóstolo, refere-se à morada de Deus apenas em relação aos dois Céus já mencionados — o atmosférico e o espacial? Ou diz respeito especificamente à morada divina, em si, que, de tão linda e maravilhosa, precisa estar além da dimensão celestial propriamente dita?”. Não me deterei a descrever as mansões celestes, pois jamais estive ali. Quando lá chegar, poderei explicá-la melhor. Mas, àquelas alturas, quando todos ali estivermos, quem mais precisará das explicações que eu nunca tive? O que posso adiantar, por ora, é que a oração do apóstolo foi tão intensa, naquele momento, que não somente o seu clamor, como o seu próprio espírito, chegou ao íntimo da corte divina. E, ali, do próprio Senhor, ouviu palavras que os seres humanos, até mesmo os redimidos, ainda não estão habilitados a ouvir. Denota-se, pois, que as proposições ouvidas eram mais sublimes do que as coisas vistas. Naqueles páramos, acha-se o Filho de Deus que, como o nosso eterno Sumo Sacerdote, é mais sublime do que os Céus (Hb 7.26). Agora que já sabemos que os Céus existem, vejamos como funciona aquilo que, numa analogia forçada com a Terra, podemos chamar de civilização celeste.

2. A civilização celeste é marcada pela adoração. Quando menino, imaginava que, nos Céus, só havia cânticos, louvores e adoração. Vim a descobrir, mais tarde, quando deixei as coisas próprias de menino, que eu não me equivocara. Os Céus são plenos de adoração, louvores e cânticos. Vislumbrando um entreato celestial, assim descreve Isaías as proximidades do trono do Eterno Senhor (Is 6.1-5).

Não imaginemos serem os hinos celestes marcados pela repetição, monotonia e por rimas pobres. Embora eu jamais os tenha ouvido, não tenho dúvida de que são vívidos, diversos e adornados por harmonias jamais encontradas em qualquer poeta deste mundo. São teológicos e descrevem, em narrativas épicas, o drama do Calvário, desde a fundação do mundo até o brado nal da cruz: “Está consumado!” (Jo 19.30).

Em seu arrebatamento às cortes divinas, o evangelista participou de um culto de exaltação ao Senhor, cujos adoradores, contados em milhares e, depois, em milhões, tributavam ao Eterno cânticos e serviços, porque nos Céus, serviços e cânticos fazem parte de uma mesma liturgia (Ap 5.11- 14).

Neste único cântico, temos um compêndio teológico que, superando todos os nossos credos e dogmáticas, sintetizam belamente o conhecimento divino. Vai da eternidade anterior ao Gênesis à eternidade posterior ao Apocalipse, narrando o amor de Deus por nós, seus redimidos. Somente o Espírito Santo para inspirar tais hinos e odes. Se cantar a Harpa Cristã já é algo glorioso, o que não será entoar, nos Céus, os hinos, cânticos e louvores que o Cordeiro nos ensinará?

 Entoar um hino celeste, nas cortes divinas, supera qualquer doutorado avançado em teologia. Eis porque, a cada dia, tornam-se os santos anjos mais sábios e profundos nas coisas de Deus. E, já imbuídos de tamanho saber, põem-se a executar, com admirável perfeição, os trabalhos que lhes cona o Senhor.

3. A civilização celeste é marcada pelo serviço. Os santos anjos não adoram a Deus apenas com as suas vozes, cânticos e instrumentos; adoram-no, também, com os seus trabalhos, serviços e ministérios. E, pelo que inferimos das Sagradas Escrituras, eles executam todas as suas tarefas e missões com uma perfeição que vai muito além de nossos padrões mais elevados e seletivos.

 O Salmista, ao discorrer sobre o trabalho dos anjos, revela que estes, bendizendo a Deus, executam todos os seus afazeres: “Bendizei ao Senhor, todos os seus anjos, valorosos em poder, que executais as suas ordens e lhe obedeceis à palavra” (Sl 103.20). Nenhum deles reclama ou se queixa. Se é para governar um reino, ei-los presentes. Se é para varrer as praças e ruas deste mesmo reino, nenhum deles se ausentará. Por isso, o Senhor Jesus, em sua Oração Dominical, toma os anjos como modelo de serviço e adoração ao Pai Celeste: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6.9).

 Nas Sagradas Escrituras, temos uma lista de admiráveis trabalhos executados pelos santos anjos — vão da guarda do Jardim do Éden à recepção aos salvos nos 12 portões da Jerusalém Celeste (Gn. 3.24; Ap 21.12). Enfim, seus préstimos, quer no Antigo, quer em o Novo Testamento, são marcados pela excelência e pela adoração a Deus. Cabe, exatamente, aqui, uma pergunta: “Que serviços executam eles nos Céus?”. Que os santos anjos têm um ministério, nos Céus, todos o sabemos. Mas o que eles fazem ali? Limitar-nos-emos a dizer o que a Bíblia nos revela tão esplendidamente. Os serafins, dia e noite, louvam com ardor e ardência o nome divino: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos exércitos” (Is 6.1-6). Quanto aos querubins, responsáveis por resguardar a santidade do Altíssimo, sustentam-lhe o trono (2 Sm 6.2; Sl 99.1). Já em Ezequiel, deparamo-nos com os seres viventes, que, ostentando um aspecto glorioso e carregado de luz, aparecem para exaltar o Eterno num tempo dificílimo da História Sagrada (Ez 1.5-14).

Além das atividades litúrgicas, perante o trono de Deus, foram os anjos designados, também, a auxiliar os santos profetas em seus arcanos e turnos (Dn 10.10-21). Concernente aos demais ofícios que eles executam nos Céus, só viremos a conhecê-los depois que lá estivermos na companhia de Nosso Senhor. Mas, quando isso acontecer, estaremos todos, nós e eles, a habitar a Jerusalém Celeste.

4. A civilização celeste é marcada pelos estudos teológicos. É no livro do profeta Daniel que vamos encontrar a mais desenvolvida angelologia do Antigo Testamento. Aqui, dois anjos são apresentados, pela primeira vez, não apenas por seus cargos, mas por seus respectivos nomes.

Gabriel aparece como o exegeta por excelência (Dn 8.16). Mais adiante, nessa mesma sagrada, surge Miguel como o guardião do povo israelita (Dn 10.13,21; 12.1). Canonicamente, somente esses dois seres celestiais têm os seus nomes declinados. Isso não sigfifinica, porém, que os demais anjos estejam destinados ao anonimato.

Os nomes de Miguel e Gabriel evocam louvor e profunda teologia. Todas as vezes que pronunciamos o nome do primeiro, perguntamos: “Quem é como Deus?”. Nessa pergunta, evocamos uma teontologia jamais estudada, porquanto ser racional algum, seja homem seja anjo, poderá no-la responder. Deus é sem igual. Suas perfeições e grandezas são insondáveis. E, quando nos referimos a Gabriel, que magistralmente elucidou ao profeta o arcano das Setenta Semanas, e a Maria de Nazaré, o mistério da concepção virginal e da encarnação do Filho de Deus, lembramos a todos que Deus é Senhor. E, sendo Ele Senhor e Rei, coloquemo-nos como seus amorosos e obedientes súditos.

Em ambos os nomes angélicos, dois insondáveis compêndios teológicos. Já imaginou, querido leitor, ser apresentado aos demais anjos que, de acordo com o Apocalipse, podem ser contados em milhares e, depois, em milhões? Quantos compêndios não teríamos nós a estudar? Em cada nome, um atributo, uma grandeza, uma perfeição e um insondável mistério de Deus. Não nos esqueçamos de que, na Jerusalém Celeste, teremos todos um novo nome que, à semelhança das nomenclaturas angélicas, serão profunda e insondavelmente teológicos.

Que a atividade teológica, entre os santos anjos, é intensa, não resta dúvida. Vejamos o que Pedro escreve: “A eles foi revelado que, não para si mesmos, mas para vós outros, ministravam as coisas que, agora, vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho, coisas essas que anjos anelam perscrutar” (1 Pe 1.12).

Já imaginou, querido irmão, os anjos de Deus, às centenas e aos milhares, a estudar as belezas da salvação que, pela graça de Deus, experimentamos? Eles, mais teológicos do que nós, evocando todos os episódios da História Sagrada, para delinear a gênese e a consumação da Obra de Cristo no Calvário? A que conclusão eles chegam? Deixemos, por ora, a civilização celeste, a m de estudarmos a civilização dos lhos de Adão e Eva. Embora não seja celeste, é supervisionada pelo Deus dos Céus e da Terra.

II. A Origem da Civilização Humana

 Neste tópico, buscaremos definir a civilização humana. Em seguida, realçaremos a família tradicional como a origem e a base desta. Veremos também por que Deus estabeleceu o trabalho.

1. Definindo a civilização. Civilização é a soma das realizações espirituais, morais, sociais, materiais e econômicas, que tornam a vida humana possível num determinado lugar. Foi o que demonstraram Adão e seus descendentes logo após a Queda (Gn 4). Se Adão não tivesse pecado, haveria civilização? Nessa hipótese, o processo civilizacional seria muito mais brilhante e proveitoso, porque o homem cumpriria, plenamente, a vontade de Deus quanto ao desenvolvimento de nosso planeta (Gn 1.26).

2. O casamento como base da civilização. A civilização humana teve início quando Adão recebeu Eva como esposa (Gn 2.18-25). A partir daí, não somente a família, mas a nação, o povo e o Estado tornaram-se possíveis (Gn 5; 10).

Portanto, sem o casamento, cujo real modelo encontramos na Bíblia Sagrada, a civilização humana seria impossível (Ef 5.22-30). Aliás, até a própria Igreja de Cristo, apresentada como a sociedade perfeita, tem no casamento bíblico a sua base espiritual, moral e emocional.

3. A subsistência da civilização. A Bíblia Sagrada apresenta o trabalho não como um m em si mesmo, mas como um meio à subsistência humana (Sl 128.2; 2 Ts 3.10). Quer o homem tivesse pecado, quer não, não poderia escapar ao trabalho, pois o próprio Deus é apresentado por Jesus como um exemplo nessa área (Gn 2.1-3; Jo 5.17). Além disso, o Senhor criou Adão para governar o mundo, uma atividade que requer atenção e esforço concentrado (Gn 1.26-28).

Após a Queda, o trabalho humano tornou-se um enfado, devido à enfermidade do planeta (Gn 3.19; Jo 5.7; Rm 8.19-22).

III. Civilização e Conflito

Observemos, agora, como a inveja, o homicídio, a poligamia e a desordem social marcaram a civilização humana desde o início.

1. Caim e Abel. Os primeiros lhos de Adão dedicaram-se à subsistência básica da civilização humana: a agricultura e a pecuária. Caim fez-se lavrador enquanto Abel, seu irmão, dedicou-se ao pastoreio (Gn 4.2). Sem ambas as atividades, a civilização torna-se inviável (Ec 5.9; 2 Cr 26.10).

 Foi na conuência de ambas as atividades, que Caim, o agricultor, movido por uma inveja maligna, matou Abel, o pecuarista temente a Deus (Gn 4.8).

2. A cidade de Lameque. Enoque (não confundir com o piedoso ancestral de Noé) foi o nome da primeira cidade fundada na terra. Estabelecida por Caim, logo após este haver assassinado Abel, a cidade de Enoque foi marcada pela violência e pela banalidade quanto à vida humana. Tanto é que Lameque, um dos netos de Caim, matou dois homens por motivos fúteis e, em seguida, celebrou o seu duplo homicídio com uma poesia (Gn 4.23,24).

Desde então, a violência vem sendo celebrada em poemas, crônicas, romances e lmes. Mas virá o tempo em que os homens não mais aprenderão a se matar (Is 2.4).

3. A tecnologia. Paralelamente à sua iniquidade, a civilização caimita, instalada na cidade de Enoque, experimentou grande progresso tecnológico, econômico e artístico. Havia, ali, fabricantes de tendas, criadores de gado, metalúrgicos e músicos (Gn 4.20-22).

 Do texto bíblico, inferimos que havia mais progresso entre os descentes de Caim do que entre os de Sete. Por esse motivo, estes, seduzidos pela civilização daqueles, vieram a afastar-se de Deus (Gn 6.1-3). A partir daí, a iniquidade alastrou-se de tal forma na terra, que o Senhor Deus viu-se na contingência de destruir toda aquela civilização.

IV. O Deus que Intervém na Civilização

 Criador e Senhor de todas as coisas, Deus tem direito de intervir tanto na biografia de cada um de nós quanto na vida das nações e na própria civilização. Suas intervenções são irresistíveis. Veremos, finalmente, que o Senhor Jesus é a única esperança à civilização humana.

1. A intervenção na biografia de cada homem. Deus interveio diretamente, por exemplo, nas biografias de Adão, Caim e Enoque (Gn 3.9; 4.6; 5.24). Ele assim o faz, não apenas para disciplinar e punir, como também para recompensar aos seus servos (Hb 11.6).

Indiretamente, o Todo-Poderoso intervém através das autoridades por Ele constituídas (Gn 9.6; Rm 13.1-7).

Deus não se limitou a criar o Universo, nem nos abandonou após nos haver formado. Ele continua a observar atenta, justa e amorosamente todas as coisas (Gn 11.5; Sl 50.21; Pv 15.3). E, sempre que necessário, intervém. Se o Senhor assim não agisse, a civilização humana, como a conhecemos, não mais existiria.

2. A intervenção na história da civilização. No período da História Sagrada, abrangendo o Antigo e o Novo Testamento, Deus interveio diretamente na civilização por ocasião do Dilúvio e da Torre de Babel (Gn 6.7; 11.5). E, desde então, vem o Senhor intervindo, na História, por intermédio de reinos e impérios, a m de impor a sua vontade soberana aos rebeldes e apóstatas (Jr 21.7; Is 45.1,13). Vê-se, pois, que a intervenção divina na civilização é algo constante. De Adão aos nossos dias, o Senhor jamais deixou de intervir. Doutra forma, não haveria sobre a Terra um único homem vivo.

3. Jesus Cristo, a única esperança para a civilização humana. Às vezes, somos levados a pensar que o Senhor Jesus veio a este mundo apenas para salvar indivíduos. Todavia, o amor de Deus não se limita às biografias, porque Ele, amando o mundo de tal maneira, enviou o seu Unigênito para salvar a todos, inclusive a civilização e a História (Jo 3.16). Na Grande Comissão, somos instados a evangelizar até aos conns da Terra, pois o Evangelho de Cristo redime tanto pessoas como povos e civilizações (Mt 28.18-20). Chegará o dia em que toda a Terra encher-seá do conhecimento do Senhor (Is 11.2).

 V. A Civilização da Nova Jerusalém

Neste tópico, apresentar-lhe-emos, querido leitor, uma civilização mais sublime do que a celeste.

Uma civilização, aliás, cujos fundamentos vêm sendo preparados bem antes da criação dos Céus e da Terra. Refiro-me à Jerusalém Celeste, arquitetada e construída por Deus, com o intuito de abrigar o Cordeiro e a sua Noiva. Mas, até que ela seja estabelecida, teremos de peregrinar neste mundo, agindo de forma sábia, cordata e vigilante, para alcançarmos a bem-aventurança máxima: nossa união plena com o Senhor Jesus.

1. O m da História Universal. No período a que chamamos tempo, que compreende a eternidade que precedeu a criação e a eternidade que sucederá a consumação de todas as coisas, temos alguns eventos marcantes quanto às intervenções de Deus em sua criação: o princípio, o tempo dos gentios, a plenitude dos tempos, o nal dos tempos e o início daquilo que podemos chamar de Estado Eterno.

Conforme já dissemos no primeiro capítulo deste livro, o tempo passou a existir quando Deus pôs-se a criar os Céus e a Terra (Gn 1.1). Naquele momento, abria-se um interregno na eternidade, para que o tempo — a sucessão de horas, dias e anos — se tornasse possível. A partir daí, Adão e seus descendentes começaram a fazer e a escrever a História, que, em sua essência, é o registro da intervenção do Todo-Poderoso na biografia de cada homem, em particular, e nas crônicas das nações, de forma coletiva.

Afim de compreendermos, devidamente, a instalação da Jerusalém Celeste, é necessário definirmos o que o Senhor Jesus, em seu Sermão Profético, cognominou de tempo dos gentios. Referindo-se às desditas prestes a se abaterem sobre a Cidade Santa, Ele declarou: “Até que os tempos dos gentios se completem, Jerusalém será pisada por eles” (Lc 21.24, ARA). Atentos ao discurso do Mestre Divino, temos duas perguntas a formular: “Quando teve início o tempo ou tempos dos gentios, e quando este há de completar-se?”. Em termos escatológicos, o tempo dos gentios teve início com a destruição de Jerusalém, pelos babilônios, em 586 a.C. (2 Rs 25.8-22; Ez 30.3). Desde então, o povo de Israel perdeu a sua autonomia, foi disperso pelo mundo e muito sofreu sob nações e impérios gentios. O auge de seu infortúnio deu-se no período da Segunda Guerra Mundial, quando a Alemanha de Hitler assassinou seis milhões de judeus.

 Infere-se claramente, tendo como ponto de partida a criação do Estado de Israel, em 14 de maio de 1948, que o tempo dos gentios já se encaminha ao seu inevitável término. Desde essa data, vêm sucedendo-se alguns eventos que, profeticamente, nos deixam alertas: Jesus Cristo está às portas. Antes de tudo, cabe-nos destacar a retomada de Jerusalém Oriental, pelas Forças de Defesa de Israel, em junho de 1967, durante a Guerra dos Seis Dias. E, mais recentemente, estamos a presenciar alguns ensaios, em Israel e fora de Israel, concernentes à reconstrução do Santo Templo. Ainda que o santuário canônico dos hebreus não seja reerguido antes do Arrebatamento da Igreja, de uma coisa não temos dúvida: o tempo dos gentios está em seus estertores.

A plenitude dos tempos foi a ocasião propícia que Deus, em sua presciente sabedoria, preparou, a m de que o seu Filho viesse a este mundo, conforme escreve Paulo aos irmãos da Galácia (Gl 4.4,5.)

Já escrevendo a Timóteo, o apóstolo mostra como se deu a manifestação do Unigênito do Pai Celeste: “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (1 Tm 3.16, ACF).

Com o nascimento de Nosso Senhor, o mundo aproxima-se ainda mais do Reino dos Céus, ainda que a Terra, como um todo, não o perceba. Ao exercer o seu ministério terreno, como Verdadeiro Homem e Verdadeiro Deus, finca entre nós um padrão de posse indelével e inapagável: “Os reinos do mundo vieram a ser de nosso Senhor e do seu Cristo, e ele reinará para todo o sempre” (Ap 11.15).

A morte e a ressurreição de Jesus Cristo, como o Salvador do mundo, deflagraram aquilo que, biblicamente, veio a ser conhecido como “os últimos dias” (Dn 2.28; At 2.17). Profeticamente, esses dias começaram a ser computados há quase dois mil anos. Apesar de esse período parecer demasiadamente longo, é o tempo de que Deus precisa, afim de cumprir todo o seu programa escatológico e apocalíptico.

Se levarmos em conta que o povo de Israel veio a florescer, como a figueira escatológica, somente em 1948, esses dois mil anos parecem apenas dois dias. Quanto a Jerusalém, continua a ser pisoteada pelos gentios que, até este momento, ainda não reconheceram a soberania israelita sobre a Cidade Santa. Temos ainda a mencionar, como etapa a ser cumprida, o Santo Templo. Para quem acha que o Senhor retarda as suas promessas, deixamos esta advertência do apóstolo Pedro (2 Pe 3.8-13).

2. O início da História da Jerusalém Celeste. A trombeta do arcanjo não proclamará apenas o arrebatamento da Igreja de Cristo, mas igualmente o início da História da Jerusalém Celeste. Naquele instante, o programa de Deus entrará no período apocalíptico, encaminhando-se celeremente à consumação de todas as coisas e à inauguração da morada eterna dos santos.

A instalação da Jerusalém Celeste, entre os Novos Céus e a Nova Terra, será precedida por estes eventos: o arrebatamento da Igreja, a Grande Tribulação, o Milênio e o Juízo Final (1 Ts 4.13-18; Ap 5–19; 20.1-6; 11–15). E, agora, que todas as coisas já estão consumadas, os santos de todas as épocas e lugares serão reunidos por Jesus Cristo, na Jerusalém Celeste.

3. Em Cristo, todos os redimidos somos um. Em minha viagem por Israel, tive o privilégio de reunir-me, diversas vezes, com servos de Deus das mais longínquas procedências. Era comum encontrar, num restaurante de hotel, irmãos da África, das Américas, da Ásia, da Europa e da Oceania. Embora nem sempre a nossa comunicação fosse possível, a nossa comunhão era plena no Filho de Deus. Mesmo estando alguns daqueles países, ali representados pelos peregrinos, em conflito, a paz entre nós era perfeita.

 Naquelas congregações informais, nossas diferenças idiomáticas, culturais e geográficas caíam por terra. No Espírito Santo, todos éramos (e somos) um. Naqueles momentos, cava a imaginar a Jerusalém Celeste, uma civilização superior à dos primeiros Céus, na qual, não somente os vivos, mas também os mortos já ressuscitados, formaremos uma só grei em Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus.

A perfeição da civilização da Jerusalém Celeste é assim descrita pelo Evangelista (Ap 21.1-8).

Conclusão

A única esperança para a civilização humana é o Evangelho de Cristo. Por essa razão, proclamemos a Palavra de Deus a tempo e a fora de tempo, para que não venhamos a ser destruídos. Além do mais, o Senhor Jesus constrange-nos a salgar e a iluminar a nossa geração por intermédio de um testemunho eficaz: somente a Igreja de Cristo tem as propriedades do sal e da luz.

 Que o nome de Cristo seja exaltado. Em breve, estaremos na Jerusalém Celeste, onde ficaremos para sempre com o Senhor Jesus. Ali, experimentaremos a civilização perfeita, na qual Cristo será tudo em todos.

      A Raça Humana
 CLAUDIONOR DE ANDRADE

                                  Resultado de imagem para origem da civilização humana


                         História do Mundo Bíblico Antigo
IBETEL

1.2. A Idade do Homem

“Ao certo, nada se sabe quanto à idade do homem. A única narrativa que temos, para exame, é o capítulo 5 do livro de Gênesis. Por este relato, sabemos que Adão com 130 anos teve o terceiro filho. Partindo desta declaração, contando as idades de cada personagem, segundo verificamos, o dilúvio teve lugar 1.650 anos depois de Adão. Entretanto discute-se muito os dados oferecidos neste capítulo. Por outro lado, crê-se que a declaração de que Adão tinha 130 anos quando nasceu Sete deve referir-se à idade depois de cair no pecado. Pensa-se que teriam decorrido muitos anos, centenas mesmo, antes da queda, e talvez Moisés se louvasse na vida de Adão, como um de nós, e não antes, quando ele era como os anjos em sua inocência.

Qual será a verdade?
A nossa curiosidade e o nosso desejo de saber nos impelem para o desconhecido, e ficamos impacientes porque não podemos resolver os nossos problemas. Os que aceitam como razoável a cronologia de Gênesis louvam-se no fato de os 1.650 anos, de Adão ao dilúvio, eram o suficiente para que a terra se povoasse numa boa extensão e para que o gênero humano atingisse o desenvolvimento creditado no livro de Gênesis. Comparando algumas épocas entre si, chegamos à conclusão de que a idade antediluviana do mundo, nos tempos de Cristo, não oferecia qualquer semelhança com o nosso mundo. Da civilização européia nada existia; dos atuais conhecimentos científicos também nada existia; Entretanto, são apenas 1.950 anos. O mundo se transformou completamente durante estes séculos. Portanto, a mesma idade para o mundo antediluviano não parece de todo fora de propósito.

Os evolucionistas necessitam de muitos milhões de séculos para a espécie humana se desenvolver ou evoluir, até atingir a humanidade que nós conhecemos; mas o evolucionismo é uma especulação sem qualquer base científica, e os seus cálculos devem ficar fora de cogitações. Os que entendem que a humanidade se desenvolvia mais lentamente nos tempos antigos admitem 10.000 anos para a idade do homem, e alguns documentos caldaicos, sem qualquer valor científico, favorecem esta crença. A história do Egito deve estender-se quanto muito, a 5.000 anos a.C., incluindo o período pré-histórico. Os egípcios vieram da Caldéia, devendo, portanto, esta região ser bem mais velha. A primeira onda humana, que teria atingido ali em 4500 a.C. ou 5000, o que faz coincidir com o estabelecimento desta gente no Egito, visto que os primeiros seres humanos que chegaram à Europa eram do mesmo estoque hamítico. Talvez a mesma onda se dividisse, seguindo uma parte para o sul, estabelecendo-se no Egito, e a outra dirigindo-se para o norte, atingindo a Germânia. Se estes cálculos puderam ser positivados, o homem deve agora ter chegado a 6.900 anos depois do dilúvio. Então 1650 anos seriam suficientes para o estabelecimento e desenvolvimento da espécie antes do dilúvio.

A ciência tem feito grandes progressos, mas há ainda muito a investigar. Talvez a nossa raça não seja tão velha como se julga. Mil anos bastam para que o gênero humano produza grandes civilizações. As investigações continuam e ninguém deve desanimar de poder obter maiores conhecimentos através destas investigações. Os últimos dois séculos trouxeram mais conhecimentos da história antiga do que todos os milênios que os precederam. Se um historiador do princípio do século 18 ressuscitasse agora, ficaria envergonhado de tanta ignorância reinante nos seus dias. Os últimos 50 anos deram ao mundo um desenvolvimento maior do que 2.000 anos anteriores. Portanto, 1600 anos seriam suficientes para desenvolver uma população que não iria muito além dos limites que nós hoje conhecemos como Oriente Médio”. (Mesquita, Antônio Neves. Povos e Nações do Mundo Antigo. Pág. 30).

 1.3. Pré-história

Entende-se por pré-história, nos esquemas cronológicos tradicionais, todo o período que abrange a atividade humana desde suas origens até o aparecimento da escrita. Primeiramente, a atividade humana insere-se numa conformação social e tecnológica orientada pela economia predatória, e em seguida pela economia de subsistência agrícola não-urbana (isto é, sem distinção cidade-campo). Chama-se em geral de proto-história a época de transição que se segue, quando as sociedades agrárias começam a reunir os primeiros elementos para a posterior aplicação da escrita. Caracteriza-se pelo começo da substituição da tecnologia da pedra pela do metal, em decorrência de maior necessidade produtiva e do aumento do consumo no interior das vilas. Nessa perspectiva, o advento da escrita constitui o marco convencional do princípio dos tempos históricos.


1.4. História

Disciplina que se ocupa do estudo dos fatos relativos ao homem ao longo do tempo, a história se baseia na análise crítica de testemunhos concretos e verídicos. O vocábulo grego historía, que significa “conhecimento por meio de uma indagação”, deriva de hístor: “sábio” ou “conhecedor”. O termo latino história foi adotado por quase todos os idiomas ocidentais, com exceções como o alemão (Geschichte). São muitas as definições que se fizeram dessa disciplina. Para Johann Gottfried von Herder, é “o estudo do passado”, conceito que os gregos não haviam especificado. Marc Bloch definiu a história como a ciência dos homens no transcurso do tempo. Lucien Febvre destacou o processo de mudança contínua da sociedade humana como a base da história. Para Benedetto Croce, a história pode adotar elementos filosóficos em seu processo de conhecimento.

1.5. Classificação

Devido à amplitude do objeto da história, foi preciso dividir seu campo de estudo em vários segmentos. Considerando-se o meio geográfico a ser estudado, a história é universal quando se refere a todas as sociedades humanas no mundo; é nacional no caso de se limitar à de um único país; é regional ou local para áreas geográficas definidas mas não nacionais. Assim, a história propriamente dita parte dos testemunhos escritos e foi, por sua vez, dividida em períodos que, embora de certo modo arbitrários, refletem grandes blocos bem definidos entre si: idade antiga, medieval, moderna e contemporânea. Pode-se falar também de história recente, no caso do estudo das últimas décadas, e de história geral para os panoramas históricos que abarcam todos os períodos. A história da arte ou da cultura ocupa espaço próprio. Cada uma dessas grandes seções em que se divide a história como disciplina acadêmica pode, por sua vez, ramificar-se em diversos temas específicos, centrados em áreas geográficas ou períodos delimitados.

1.6. Antigas Civilizações

 As mais antigas civilizações da História surgem entre 4.000 a.C. e 2.000 a.C., às margens dos rios Tigre e Eufrates (Mesopotâmia), Jordão (Palestina), Nilo (Egito), Amarelo (China), Indo e Ganges (atuais Paquistão e Índia). A maioria desenvolve-se na região do chamado Crescente Fértil. Têm características comuns, como a escrita, a arquitetura monumental, a agricultura extensiva, a domesticação de animais, a metalurgia, a escultura, a pintura em cerâmica, a divisão da sociedade em classes e a religião organizada. As principais civilizações são a suméria, a acadiana, a babilônica, a assíria, a egípcia, a hebraica, a fenícia, a hitita, a cretense, a persa, a chinesa e a hindu. Apesar de estarem no Ocidente, os cretenses têm características comuns aos outros povos da Antiguidade oriental.

Povos e Nações do Mundo Bíblico Antigo

 Introdução

Não é possível determinar os anos que escoaram entre a criação e o dilúvio. Toda a cronologia bíblica é insuficiente para nos aproximar da verdade. Nem isso importa ao historiador. De qualquer modo, parece que entre a criação e o dilúvio mediaram alguns séculos, vividos à margem do Éden pelos antediluvianos, dos quais Moisés dá uma boa lista. Não se tem idéia de grande povos e muito menos de impérios. Talvez pequenos grupos esparso pelos vales da Armênia e planícies da Mesopotâmia, atingindo o Golfo Pérsico, as planuras da pérsia e os altos do Líbano. Tudo pura conjectura, visto que nada de positivo se pode oferecer ao estudante. O mundo de nosso estudo é o pós-diluviano, visto que a arqueologia não tem podido ajudar a resolver o mistério do mundo primitivo, e a geologia ou paleontologia, não dispõe de dados seguros. Depois do dilúvio, segundo a narrativa bíblica, a família de Noé estabeleceu-se na Armênia, pois que a viagem descrita em Gênesis 11.2 indica o rumo do Ocidente, para a terra Sinear, ou seja, a terra de Sumer, das antigas narrativas. Estabelecidos aqui, fundaram diversas cidades mencionadas em Gênesis, muitas das quais estão atualmente identificadas como Acade, Babel, Ereque, Ur, e outras (Gn 10.10).

2.1. Noé

Escolhido por Deus para perpetuar a humanidade após o dilúvio, Noé aparece na Bíblia como fundador da genealogia semítica e origem das raças do mundo. De acordo com o Gênesis, Noé era filho de Lamec e pertencia à nona geração depois de Adão. Era um patriarca nobre e piedoso e, por isso, quando Deus decidiu eliminar a corrupção dos homens com o dilúvio, escolheu-o para preservar a raça humana. Advertiu-o do que iria ocorrer e ordenou que construísse uma grande arca capaz de flutuar e nela guardasse um par de cada espécie animal. Tudo pronto, Noé, sua mulher, seus três filhos Sem, Cam e Jafé e as esposas destes embarcaram e sobreveio o dilúvio, que durou quarenta dias. Quando parou de chover, Deus estabeleceu com Noé e seus filhos uma aliança, pela qual não haveria mais dilúvio para devastar a terra, e renovou os preceitos firmados por ocasião da criação, com duas variações: os homens poderiam matar e comer animais; e o homem que matasse outro seria castigado por seus semelhantes. Mais tarde, Noé dedicou-se à agricultura e descobriu o vinho. Ao prová-lo, embriagou-se e ficou nu em sua tenda. Cam viu a nudez do pai e zombou dele. Sem e Jafé, porém, tomaram um manto e o cobriram respeitosamente. Ao saber do comportamento de Cam, Noé condenou o filho dele, Canaã, a ser escravo da estirpe de Sem, os semitas, tronco do qual surgiu o povo de Israel.

2.2. Semitas

 O critério lingüístico é o único que permite definir inequivocamente uma família de povos semitas e postular para eles uma unidade pré-histórica. Provêm da cultura desses povos a escrita alfabética e as três grandes religiões monoteístas do mundo -- judaísmo, cristianismo e islamismo. Semitas é o termo utilizado para designar um grupo de povos, entre os quais se destacam os árabes e os hebreus, que falam ou falaram línguas semíticas. A designação provém do livro bíblico do Gênesis, que menciona povos descendentes dos filhos de Sem. O texto bíblico arrola entre os semitas, no entanto, os elamitas e os lídios, cujas línguas têm outra raiz lingüística, e separa desse grupo os cananeus, “filhos de Cam”, povo de língua semítica. Modernamente, as línguas semíticas estão incluídas na família camitosemítica. O território ocupado originalmente pelos povos semitas era uma extensão contínua que compreendia boa parte do Oriente Médio, limitada ao norte pelas cordilheiras Taurus e Antitauro, a leste pelo planalto iraniano, e a oeste e ao sul pela costa árabe do mar Vermelho e do oceano Índico.

2.2.1. Características dos povos semitas

Na família camito-semítica, ou afro-asiática, incluem-se as seguintes línguas: acadiano, ugarítico, fenício, hebraico, aramaico, árabe, etíope, egípcio antigo, copta, líbico, berbere, guanche, somali, gala, afar-saho e haúça. Em conseqüência das migrações, não se pode falar de um grupo étnico semita homogêneo, pois a diversidade de tipos raciais é muito grande. Ainda que todos sejam de raça branca, predominam as variedades armenóide, braquicéfala (crânios redondos), e mediterrânea-oriental, dolicocéfala (crânio alongado), além de inúmeros tipos mistos. Outros traços físicos são estatura mediana, olhos e cabelos escuros e nariz adunco. A miscigenação com outros povos modificou em muitos casos esses traços. Originalmente, os semitas habitaram regiões áridas ou desérticas, de clima extremamente seco, salvo nos cursos de rios como o Eufrates e o Tigre, no litoral mediterrâneo e nos oásis. Em conseqüência, predominou entre eles o nomadismo, associado ao pastoreio e à agricultura irrigada e intensiva. O cristianismo, uma das três grandes religiões de origem semita, tornou-se universal. O judaísmo, pelo contrário, permaneceu restrito aos descendentes do povo de Israel.

2.2.2. Evolução das culturas semitas

 A revolução neolítica, registrada a partir do ano 9000 a.C., período em que o homem conquistou as primeiras vitórias sobre a natureza mediante a domesticação de animais e a agricultura, ocorreu supostamente na antiga Mesopotâmia -- região povoada pelos semitas -- e no Egito. Na mesma área, por volta do ano 5500 a.C., surgiram sociedades organizadas, com estrutura estatal e diversificação das atividades econômicas, no que se conhece como a primeira revolução urbana, à qual se seguiu o surgimento dos grandes impérios da Assíria e da Babilônia.

2.2.3. Povos semitas na antiguidade

 Na parte baixa da Mesopotâmia, entre o rio Tigre, o golfo Pérsico, o deserto da Arábia e as colinas que marcam o limite com a alta Mesopotâmia, os assírios e os caldeus, em luta pelo domínio territorial, criaram grande número de cidades e se distinguiram pela capacidade guerreira e espírito expansionista, desenvolvendo uma das primeiras civilizações da antiguidade. Enquanto no interior se estendiam os grandes impérios, na região de Canaã, estreita faixa do litoral ocupada posteriormente pelos estados da Jordânia e Israel, desenvolveu-se a primeira civilização marítima e comercial, a dos fenícios. Estabelecidos antes da chegada dos filisteus e dos hebreus, que terminaram por expulsá-los, dominaram as margens do Mediterrâneo mais pelo intercâmbio comercial do que pelas armas. Por terem se fixado ao longo da seção média da costa, pouco atraente para os invasores, sobreviveram ao extermínio total. As cidades fenícias (Tiro, Sidon, Biblos etc.) não tinham boa comunicação por terra e várias expedições lançaram-se à conquista do mar, alcançaram o Atlântico e fundaram, em centros como Cartago (África) e Nova Cartago (Cartagena, Espanha), uma nova civilização semítica. Os gregos, em seus lugares de origem, e os romanos, na África e na Espanha, mais tarde dominariam esses povos.

Outros povos semitas foram os amonitas, os moabitas e os edomitas, habitantes da antiga Palestina que sofreram os ataques dos filisteus (“povos do mar” procedentes da Grécia, não-semíticos) e dos hebreus, que finalmente os subjugaram. Nas colinas interiores próximas à costa do Mediterrâneo, os hebreus, em luta com cananeus e moabitas, criaram o judaísmo, primeira religião monoteísta. A grande expansão dos semitas ocorreu logo depois da fundação da religião islâmica pelos árabes, no século VII da era cristã. Os árabes pré-islâmicos foram os semitas de menor vocação religiosa. A assimilação progressiva da religiosidade se efetuou entre eles graças à convivência com os judeus, sobretudo depois da primeira diáspora babilônica, no século VI a.C., embora os cristãos (ortodoxos, jacobitas, monofisistas etc.) também os tenham influenciado. O islamismo se propagou rapidamente por meio da guerra santa prescrita pelo Alcorão e em pouco tempo foi levado da Espanha ao oceano Pacífico.

2.2.4. Povos semitas atuais

 Os dois grandes grupos semitas remanescentes são o árabe e o hebreu. Os judeus, israelitas ou hebreus eram integrantes de tribos semitas nômades que percorriam a área de terras férteis da Mesopotâmia até o Egito, através da Síria e da Palestina. Seu primeiro assentamento na Palestina, depois da longa permanência no Egito, deve ter ocorrido por volta do século XIII a.C.

Os hebreus não formam uma raça homogênea, pois passaram por diferentes transformações étnicas nos muitos países a que foram levados pela dispersão ordenada pelos romanos. Depois da diáspora, no século I da era cristã, os grupos hebreus que ficaram na Ásia conservaram melhor suas características do que os que migraram para a África e a Europa. Os europeus formaram dois grandes subgrupos: sefarditas e asquenazitas. Estes últimos se estabeleceram na Europa central e nos países eslavos e, além da língua do país que os acolheu, mantiveram o iídiche (judeu-alemão). Os sefarditas migraram para a Espanha (Sefarad é o nome da Espanha em língua hebraica) e, ao serem expulsos em 1492, passaram à Itália, Europa central, império turco e Marrocos. Falam também a língua dos países em que residem, mas muito deles conservam ainda o castelhano tal como era falado no século XV.

A habilidade dos judeus para o comércio e as finanças os levou a adquirir grande poder econômico nos países em que se fixaram, o que, somado à fidelidade à religião e à intolerância dos povos nativos, conduziu com freqüência a cruentas perseguições. No entanto, o genocídio mais brutal foi cometido pelo regime nazista na Alemanha, cuja perseguição sistemática levou ao extermínio de mais de seis milhões de judeus.

O século XX assistiu ainda a dois acontecimentos que afetaram os semitas e alcançaram grande repercussão mundial, um de natureza política e outro, econômica. Por um lado, as nações semitas do Oriente Médio, submetidas aos europeus no século XIX, conquistaram a independência no processo de descolonização iniciado após a segunda guerra mundial; por outro, o aumento do preço internacional do petróleo, produto do qual se encontram grandes reservas nos países árabes, forneceu os meios econômicos para que o Oriente Médio começasse a se desenvolver.

A partir da criação do Estado de Israel, em 1948, em território palestino, intensificou-se a cisão entre árabes e judeus, o que levou a guerras e a uma situação de permanente conflito. As colônias judaicas mais importantes encontram-se nos Estados Unidos, na Rússia e nos demais países da Comunidade de Estados Independentes (CEI), no Reino Unido e na França. Os grupos judeus nos países árabes, numerosos antes das guerras entre eles, diminuíram sensivelmente.

Os árabes constituem na atualidade um grupo muito mais numeroso que o dos judeus. Originários da península arábica formaram o grande núcleo semita que, a partir do quarto milênio anterior à era cristã, emigrou para o Oriente Médio. Em seu êxodo, seguiram duas direções principais: contornaram o golfo Pérsico e se estabeleceram na antiga Caldéia e, através da península do Sinai, chegaram ao litoral do Mediterrâneo. Os que permaneceram nos imensos desertos foram convertidos ao islamismo por Maomé e se lançaram à conquista do mundo a partir do século VII da era cristã. Posteriormente, o vasto império que formaram dividiu-se em numerosos estados. Em conseqüência dos ataques dos cristãos europeus, pelo Ocidente, e dos turcos, pelo leste, foram submetidos a diferentes poderes até o século XX, mas conseguiram converter ao islamismo outros povos, como os turcos e os persas.

Os árabes têm a integração política dificultada pela diversidade de regimes políticos e pelas grandes diferenças econômicas, pois a riqueza dos países produtores de petróleo contrasta com a pobreza dos que carecem desse recurso. O território habitado pelos árabes, que não constitui um contínuo geográfico bem definido, compreende regiões da Ásia e da África e se estende do planalto do Irã até o oceano Atlântico, tendo como limite meridional o oceano Índico e as regiões orientais e ocidentais do deserto do Saara. Convivem com eles alguns povos de língua não árabe, como os berberes que, no entanto, costumam ser bilíngües. Alguns poucos grupos de língua árabe encontram-se fora desses limites, no Irã e no Sudão.


2.3. Acádios

O primeiro império da Mesopotâmia foi estabelecido por um povo semita conhecido pelo nome de sua capital, Acad, situada em algum ponto da região entre os rios Tigre e Eufrates, próxima à Babilônia. A língua acádia é o elemento mais conhecido desse povo, que foi assimilado pela população suméria, dominante na região.

2.3.1. História

Por volta do ano 2300 a.C., o chefe semita Sargão I, cujo nome significa “rei justo” ou “rei verdadeiro”, fundou a cidade de Acad e empreendeu bemsucedidas campanhas bélicas, que estenderam seu domínio a toda a região mesopotâmica limitada ao sul pelo golfo Pérsico e ao norte pelo litoral mediterrâneo da Síria.

 Após a morte do fundador da dinastia acádia, nenhum dos herdeiros -- Rimush e Manishtusu -- mostrou-se capaz de controlar o vasto império. O poder militar acádio foi temporariamente restabelecido por Naram-Sin, que combateu os bárbaros das zonas montanhosas do norte (montes Zagros, alto Tigre e alto Eufrates), dominou o país de Mogan e sufocou uma revolta das cidades mesopotâmicas. Seu sucessor, Sharkali-sharri, continuou a luta contra os guti e os amorritas, povos montanheses dos Zagros e do Curdistão.

Entre os anos de 2217 e 2139 a.C., aproximadamente, o poder da cidade e sua dinastia entrou em decadência até a completa desaparição. As cidades mesopotâmicas, dominadas pelos povos invasores, uniram-se novamente sob o domínio da dinastia de Ur.

2.3.2. Organização política e econômica

A dinastia acádia uniu numa organização estatal comum as diversas cidades independentes que existiam na Mesopotâmia. O império sediado em Acad, onde residia o monarca, compunha-se de diversas províncias. As diferentes comunidades conservaram suas principais instituições sob a supervisão dos funcionários reais que constituíam uma poderosa máquina administrativa. A época foi de grande prosperidade econômica, baseada na agricultura, no artesanato e no comércio. As relações comerciais com a Síria, o golfo Pérsico e com o vale do Indo, que forneciam à Mesopotâmia matérias-primas como madeira, couro e pedras, estão descritas em diversos documentos.

2.4. Cananeus

Na região de Canaã, situada no cruzamento de importantes civilizações antigas, mesclaram-se elementos culturais de diversas origens: egípcios, micênicos, cretenses, hurrianos e mesopotâmicos. O nome Canaã aparece em inscrições cuneiformes, egípcias e fenícias. No Antigo Testamento, a região é identificada com a Terra Prometida dos israelitas. A variação entre as diversas fontes históricas não permite estabelecer precisamente os limites da região. Arqueólogos e historiadores costumam chamar de Canaã a área correspondente, nos tempos préhistóricos e pré-bíblicos, à Cisjordânia, com eventual inclusão da Fenícia e, por vezes, da Síria. A palavra viria de um vocábulo semítico referente à “púrpura avermelhada” de uma lã produzida na região.

Os vestígios da ocupação humana em Canaã remontam aos períodos paleolíticos e mesolíticos, mas as primeiras cidades e aldeias fixas datam do neolítico. Na idade do bronze, durante a primeira metade do segundo milênio a.C., povos semitas começaram a aparecer na região; os amorritas, vindos do nordeste, tornaram-se então predominantes, e egípcios, hicsos e hurrianos também ali se estabeleceram. São dessa época os primeiros registros históricos.


Entre os séculos XVI e XIII a.C., o domínio sobre Canaã era principalmente egípcio, ameaçado pelas investidas hititas. Ocorreram então incursões guerreiras de grupos nômades multiétnicos semitas, conhecidos como habirus, que os historiadores geralmente identificam como os primeiros hebreus. O declínio da dominação egípcia e hitita, ao final do século XII a.C., coincidiu com o estabelecimento dos israelitas, que ocuparam inicialmente as colinas e a área meridional, lutando contra clãs e povos locais. No século seguinte, os filisteus, aparentemente vindos de Creta, ocuparam a faixa litorânea meridional e fundaram uma aliança de cinco cidades-estados. No século X a.C., os israelitas, sob a liderança do rei Davi, derrotaram os filisteus e consolidaram sua vitória sobre o povo local, os cananeus, que terminaram por se extinguir. A partir de então, a região de Canaã tornou-se, na prática, a terra de Israel.

As informações a respeito da religião seguida em Canaã antes da presença israelita provêm de achados arqueológicos ugaríticos, no litoral norte da Síria. O deus principal era El; as chuvas e a fertilidade constituíam o domínio de Baal. Outros deuses eram Reshef (da peste e do mundo inferior), Ashera (esposa de El) e Astartéia (deusa da fertilidade).

A língua cananéia pertencia ao grupo semita e era próxima do hebreu arcaico. Foram os cananeus, ao que tudo indica, o primeiro povo a empregar o alfabeto: inscrições do fim da idade do bronze, encontradas na região, são tidas como a origem do alfabeto fenício. Além de tal alfabeto arcaico, empregava-se corretamente a escrita cuneiforme silábica da Mesopotâmia. Outro tipo, muito peculiar, de escrita cuneiforme foi descoberto no norte da Síria.

2.5. Suméria

Com as escavações iniciadas em 1877 nas ruínas de Lagash, na Mesopotâmia, ao sul da Babilônia, Ernest de Sarzec descobriu os vestígios da mais antiga civilização humana, a da Suméria. Os sumérios inventaram a escrita cuneiforme -- mais antiga forma grafada para representar sons da língua, ao invés dos próprios objetos --, os primeiros veículos sobre rodas e os primeiros tornos de cerâmica. O território da Suméria localizava-se no extremo sul da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, na área onde posteriormente se desenvolveu a Babilônia e que modernamente corresponde ao sul do Iraque, entre Bagdá e o golfo Pérsico. Nessa região desenvolveu-se a civilização dos sumérios, povo de origem desconhecida que, já no quarto milênio antes da era cristã, agrupava-se em cidades-estados.

2.5.1. História

Antes da chegada dos sumérios, a baixa Mesopotâmia fora ocupada por um povo não pertencente ao grupo semita, modernamente conhecido como ubaida, termo derivado da cidade e al-Ubaid, onde foram encontrados seus primeiros vestígios. Primeira força civilizatória presente na área, os ubaidas estabeleceram-se no território entre 4500 e 4000 a.C. Drenaram os pântanos para a agricultura, desenvolveram o comércio e estabeleceram indústrias, entre as quais manufaturas de couro, metal, cerâmica, alvenaria e tecelagem. Mais tarde, vários povos semitas infiltraram-se no território dos ubaidas e formaram uma grande civilização pré-suméria.

O povo conhecido como sumério, cuja língua predominou no território, veio provavelmente da Anatólia e chegou à Mesopotâmia por volta de 3300 a.C. No terceiro milênio, haviam criado pelo menos 12 cidades-estados: Ur, Eridu, Lagash, Uma, Adab, Kish, Sipar, Larak, Akshak, Nipur, Larsa e Bad-tibira. Cada uma compreendia uma cidade murada, além das terras e povoados que a circundavam, e tinha divindade própria, cujo templo era a estrutura central da urbe. Com a crescente rivalidade entre as cidades, cada uma instituiu também um rei.

O primeiro rei a unir as diferentes cidades, por volta de 2800 a.C., foi o rei de Kish, Etana. Por muitos séculos, a liderança foi disputada por Lagash, Ur, Eridu e a própria Kish, o que enfraqueceu os sumérios e os tornou extremamente vulneráveis a invasores. Entre 2530 e 2450 a.C., a região foi dominada pelos elamitas procedentes do leste. Teve maiores conseqüências a invasão, pelo norte, dos acadianos, cujo rei Sargão de Acad integrou a Suméria a seu império. Sargão conseguiu ainda submeter os elamitas, antes de lançar-se à conquista das terras ocidentais, até a costa síria do Mediterrâneo. Criou assim um modelo unificado de governo que influenciou todas as civilizações posteriores do Oriente Médio. Sua dinastia governou aproximadamente entre 2350 e 2250 a.C.

Após o declínio da dinastia acadiana, por volta do ano 2150 a.C. o território foi invadido e devastado pelos gútios, povo semibárbaro originário dos montes Zagros, a leste da Mesopotâmia. Graças à reação do rei de Uruk, que expulsou os invasores, as cidades ficaram novamente independentes. O ponto alto dessa era final da civilização suméria foi o reinado da terceira dinastia de Ur, cujo primeiro rei, Ur-Nammu, publicou o mais antigo código legal encontrado na Mesopotâmia. Depois de 1900 a.C., quando os amorritas conquistaram todo o território mesopotâmico, os sumérios perderam sua identidade como povo, mas a cultura suméria foi assimilada pelos sucessores semitas.


                                                  15 História do Mundo Bíblico Antigo

                                              (Org.) Profº. Pr. VICENTE PAULA LEITE





No programa Evidências de hoje vamos procurar conhecer um pouco os mais remotos traços arqueológicos que nos permitem ir o mais próximo possível do início daquilo que hoje chamamos civilização humana. Toda sociedade é composta por uma relação nem sempre equilibrada de produção e consumo regida pela administração governamental de algum tipo de regime democrático, totalitarista, competitivo etc. Essas sociedades em conjunto vão dar forma a um sistema organizado tão vigente, quanto invisível conhecido desde a antiguidade como CIVILIZAÇÃO.

Nenhum comentário:

Postar um comentário