terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

LIÇÃO 8 - O Espírito Santo e o Cristão




TEXTO BÍBLICO BÁSICO


1 Coríntios 6.12-20
12 - Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são licitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma.
13 - Os manjares são para o ventre, e o ventre, para os manjares; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo.
14. Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder.
15 - Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo e fá-los-ei membros de unia meretriz? Não, por certo.
16 - Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne.
17 - Mas o que se ajunta com o Senhor é uni mesmo espírito.
18 - Fugi da prostituição. Todo pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo.
19 - Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? 20 - Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus.

TEXTO ÁUREO

Porque não
recebestes o espírito
de escravidão, para,
outra vez, estardes
em temor,
 mas recebestes o espírito
de adoção de filhos,
pelo qual clamamos:
Aba, Pai.

          Romanos 8.15


OBJETIVOS

 Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
 • dar ênfase ao relacionamento do cristão com o Espírito Santo;
 • verificar a importância da experiência pessoal com o Espírito na vida do cristão e na igreja;
• conhecer as doutrinas bíblicas sobre a comunhão com o Espírito Santo.

ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Caro professor, não há registro de que algum mestre te-nha utilizado os recursos didáticos tão bem quanto Jesus. Ele era perfeito no uso das fontes, criativo na transmissão de Sua mensagem e eficiente no aproveitamento da acústica dos ambientes. Howard G. Hendricks observa que "nada há de estereotipado sobre os padrões de ensino de Jesus. É difícil encontrá-lo fazendo sempre a mesma coisa da mesma maneira. A gente lê os Evangelhos com fascinação para descobrir o que Ele fará em seguida". Jesus retirava subsídios para os Seus ensinamentos de duas fontes principais. A primeira eram as Sagradas Escrituras, das quais fazia constantes citações e referências. A segunda era o mundo ao Seu redor. Observando o mundo natural e os fatos do cotidiano, Ele enriqueceu o Seu ensino com lições inesquecíveis, comparações admiráveis e ilustrações eficazes (Extraído de: CHAVES, G. V. Educação Cristã — Uma Jornada Para Toda Vida. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 40).
Deus o abençoe!

COMENTÁRIO

Palavra introdutória

Nesta lição, vamos nos concentrar na relação real, pessoal, dinâmica, poderosa, transformadora e exclusiva que temos com o Espírito Santo, bem como nos efeitos que somente a fé cristã, com suas doutrinas e seus dogmas, pode oferecer a todo aquele que se dispõe a uma experiência sobrenatural com o próprio Deus.


                    1. O RELACIONAMENTO INTENSO

No plano divino, o Espírito Santo desempenha diversas funções. Porém, após o Pentecostes, Ele tem atuado especialmente na vida do homem. Durante toda a revista, vimos características e formas como o Espírito opera, mas recordemos brevemente algumas propriedades dele: conhece e sabe todas as coisas (1 Co 2.9-11), é a verdade (1 Jo 5.1-12), ensina (1c 12.442), fala (Mc 13.1-13), vivifica (Ez 37.1-28) e fortalece (Mq 3.1-12); enfim, esse é o Espírito que habita em nós, o maravilhoso Consolador. Podemos usufruir de todas as particularidades do Espírito Santo quando nos lançamos em um relacionamento de profunda intimidade com Ele.

1.1. O nosso Intercessor

Como vimos em nosso estudo anteriormente, não há dogma, religião, credo ou filosofia que consiga prover ao homem uma aproximação real e experimental de Deus. Essa é uma obra exclusiva do Espírito Santo (Ef 2.18,19). Ele desempenha um papel fundamental nisso, intercedendo por nós, mesmo quando não sabemos nos expressar ou não sabemos iden-tificar o que realmente necessitamos de Deus (Riu 8.26).

1.2. O convívio cotidiano

 O apóstolo Paulo recebeu a revelação de Deus de que o corpo do cristão é o templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17; 6.19,20). Isso prova que, muito mais do que ser um coopera-dor juntamente com o Pai, o Espírito busca conviver conosco cotidianamente. É assim que um relacionamento verdadeiro se concretiza.

Diferente do período do Antigo Testamento, quando o Espírito Santo se manifestava por intermédio de poucos homens, no período da Igreja, Ele atua de forma integrada em todos nós. Somos o Seu templo, a morada do Espírito de Deus, daí a recomendação de Paulo: Guarda o bom depósito pelo Espírito Santo que habita em nós (2 Tm 1.14).

 O fato de o Espírito habitar em alguém mostra que há um interesse real da parte de Deus em manter uma aproximação conosco. A vinda de Jesus é a maior prova de que Ele se preocupa com a humanidade e, mais do que isso, Ele quer conviver com a Sua criação (Rm 8.9).

Jesus declarou: o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê, nem o conhece; mas vós o conheceis, porque habita convosco e estará em vós (Jo 14.17). Isso confirma a habitação do Espírito Santo no cristão.

1.3. A assistência do Espírito Santo

O Espírito está pronto para prestar assistência ao cristão em momentos de aflição, angústia e perseguições ou quando ele precisar de ajuda para a defesa de sua fé. Essa assistência foi prometida literalmente por Jesus (Mc 13.11) e ela é múltipla, permanente, espontânea, gentil e incansável.

Nas Escrituras, vemos relatos de que o povo judeu esta-va sob o domínio romano. O cenário não era nada favorável aos que não possuíam terras, dinheiro nem cargos políticos. O povo simples era quem mais sofria, tanto pelas rígidas regras religiosas dos judeus como pelos pesados impostos que os romanos cobravam.

A vinda de Jesus abalou essas estruturas, principalmente a religiosidade judaica. Então, proclamar o evangelho da salvação acabou se tornando uma atividade bem perigosa em certos momentos. Por isso, o Espírito Santo apareceu como peça fundamental no plano divino, Ele prestou assistência aos cristãos daquele tempo e, até hoje, continua ajudando cada um de nós.

Enfrentar tribunais, governantes e reis a fim de testemunhar da obra de Cristo e de garantir a expansão do evangelho não era uma tarefa fácil para um povo simples; mas Jesus garantiu que o Espírito Santo ministraria por intermédio de cada um sempre que houvesse a oportunidade (Mc 13.11). Trata-se de um estimulo a todos os cristãos que desejam testemunhar de Cristo e honrar Seu nome ao 14.26; At 4.8). Se estamos andando no Espírito, não teremos dificuldade em proclamar o evangelho quando surgirem as oportunidades, mas, ainda assim, se tivermos problemas, Ele estará presente para nos ajudar a superar os desafios (Jo 15.26, 27).

              2. A COMUNHÃO COM O ESPÍRITO

A bênção apostólica destaca um importante aspecto do ministério do Espírito Santo: a comunhão (2 Co 13.13). Ter comunhão com o Espírito significa ser guiado go 16.13), un-gido (1 Jo 2.20,27), fortalecido (Ef 3.16), ajudado (Rm 8.26); ensinado (Jo 14.26), santificado (Rm 15.16), renovado, regenerado (Tt 3.5) e vivificado por Ele (Rm 8.1).

O Espírito é quem produz e aprofunda a comunhão do crente com Cristo (Ef 3.17). A base dessa comunhão é a expiação do pecado pelo sangue de Jesus, o Cordeiro de Deus (To 1.29). O alvo da comunhão é que Cristo habite em cada vida e exerça a plenitude de Seu senhorio (lo 15.5; G12.20; Ef 2.20-22; Ap 3.20).

A garantia da comunhão é assegurada pela Palavra (1 Co 1.9). Ao desfrutar dessa comunhão, o cristão recebe uma nova visão espiritual do amor de Cristo (Ef 3.18,19). Esse amor deve ser conhecido e compreendido completamente (Rm 5.5).

2.1. Dependência do Espírito

No decurso da sua vida, cada cristão aprende que precisa depender completamente do Espírito Santo. Ele é absolutamente indispensável para o nosso viver. Dependemos dele para a nossa salvação (jo 3.6,7), para a compreensão das Escrituras 00 16.13), para orarmos com eficácia (Rm 8.26), para prosseguirmos na tarefa da evangelização (Ap 22.17), para obtermos o revestimento de poder (At 1.8), para recebermos a manifestação dos dons (1 Co 12.8,9; Rm 12.3-8; Hb 2.3,4) e para sabermos a direção correta (G15.18).

 2.2. Fé

A fé está intimamente ligada ao Espírito Santo. Ele não somente produz dentro do coração do pecador a fé salvadora, mas também leva o cristão a cultivar a fé como elemento do fruto do Espírito (Cl 5.22).

O autor de Hebreus encoraja seus leitores a olharem para Jesus com a mesma intensidade que um atleta fixa a atenção em seu alvo. E, assim como o atleta, eles devem continuar com perseverança e se livrarem de qualquer pecado que possa fazê-los tropeçar na corrida da vida. Jesus mesmo foi exemplo disto: ao fixar Seus olhos na alegria adiante, Ele suportou a cruz, desprezou a vergonha, e sentou-se à direita do trono de Deus (Hb 12.1-3). Ao olharem para Jesus, os leitores poderiam ver que os seus sofrimentos eram pequenos comparados com os do Mestre. Eles ainda não tinham sofrido a ponto de derramar sangue, como Ele fez (TOWNS; GUTIERREZ, Central Gospel 2014, p. 233).

2.3. Fortalecimento

O cristão é fortalecido constante e permanentemente pelo Espírito Santo (Ef 3.16). Esse fortalecimento revigora o homem interior (jr 31.33; Rm 7.22,23; 2 Co 4.16) e é administrado segundo as riquezas da glória de Cristo (Ef 1.7,18; 3.16; Rm 9.23; 11.33).


2.4. Frutificação

A ilustração no Evangelho de Mateus mostra que a verdadeira fé em Cristo transforma a vida e produz frutos para a glória de Deus. Tudo na natureza se reproduz segundo sua espécie, e o mesmo princípio também vale para o reino espiritual. O bom fruto vem de uma boa árvore, enquanto o fruto ruim vem de uma árvore ruim. A árvore que produz frutos podres será cortada e lançada no fogo: Portanto, pelos seus frutos os conhecereis (Mt 7.20). É o Espírito Santo quem nos ensina e ajuda-nos a frutificar (Mt 7.17).

2.5. Guiado pelo Espírito

 O termo guiado pelo Espírito ocorre expressamente em apenas uma das epístolas de Paulo (Rm 8.14,15), mas a verdade é que ela é encontrada implicitamente ao longo de todo o Novo Testamento.

É claramente estabelecido no texto de Paulo que ser filho de Deus é a condição maior para alguém ser guiado pelo Espírito Santo. Mateus, por exemplo, informa--nos que o Mestre foi conduzido ao deserto, guiado pelo Espí-rito, para ser tentado pelo diabo (Mt 4.1).

Outro texto que nos ajuda a entender mais profundamente esta realidade espiritual é Atos 10.38: como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do dia-bo, porque Deus era com ele.

Uma das principais leis do mundo espiritual é a lei da frutificação. A obra da criação foi acompanhada da ordem de frutificação (Gn 1.22,28). Cada cristão deve frutificar de diferentes maneiras (Cl 1.9,10). E o Espírito Santo quem nos ensina e ajuda-nos a frutificar (Mt 7.17).

         3. O ESPÍRITO SANTO E A ADOÇÃO

O Dicionário Houaiss define adoção como processo legal que consiste no ato de se aceitar espontaneamente como filho de determinada pessoa, desde que respeitadas as condições jurídicas para tal. Pela adoção, é estabelecida uma relação legal entre pais e filhos, normalmente precedida de um processo judicial.

Teologicamente, a adoção é selada e confirmada pelo Espírito Santo, concedendo à pessoa que confessa a Cristo como Salvador o status de membro da família de Deus. A doutrina da adoção é aludida em passagens como Gaiatas 4.4-7; Roma-nos 8.14-17; João 1.12; 2 Coríntios 6.18.

O ensino geral das Escrituras a respeito da adoção permite-nos identificar alguns aspectos da relação entre Deus e Seus filhos. Para começar, a adoção é um dom de Deus, do qual participam as três pessoas da Trindade (G1 4.6). É um ato soberano e livre, espontâneo e perfeito (Ef 1.5), que nos proporciona extraordinários privilégios e solenes deveres. Por meio da adoção, nossa vida de escravidão é anulada e recebe-mos uma maravilhosa união com Cristo (G14.7; Hb 2.10-13).

3.1. A nova condição de filhos

A condição de filho de Deus é obtida pela fé (G13.26). Por causa da adoção, cada cristão tem o dever de seguir, servir, obedecer e imitar a Deus, atitudes expressas no mandamento de amar o próximo como Deus amou (Mt 5.4348). Por serem filhos de Deus, desfrutando da adoção, os cristãos devem amar uns aos outros profundamente com um amor caracterizado pela prática da justiça, pela compaixão e até pela disposição de entregar a própria vida em favor do próximo (1 Jo 3.10-18).


Ao levar-nos a Cristo e ao conhecimento da verdade, o Espírito Santo tornou possível a nossa adoção, e Ele sempre trabalhará para que cumpramos nossos objetivos e deveres (Rm 8.15,16). Sendo assim, não podemos per der de vista o fato de que a adoção nos fez participantes da herança divina. Essa confiança nos ajuda a triunfar sobre as adversidades da vida e nos faz contemplar a eternidade com serenidade, esperança e fervor (Rm 8.17).
Com o advento de Cristo, veio a luz (Jo 1.4,5) e o Espírito Santo, pela regeneração, pôde fazer morada no ser humano. O cristão regenerado passou a ser templo e habitação do Espírito Santo (1 Co 6.19).

CONCLUSÃO

Nessa lição, pudemos colocar alicerces mais firmes e duradouros a fim de que tenhamos uma fé vibrante na situação real que a Igreja deve considerar: somos filhos porque o Espírito nos adotou em Cristo, desfrutamos da habitação do Santo Espírito e temos uma relação real, viva e diária com Ele. É preciso que cada aluno reconheça isso e desfrute abundantemente de todos os ricos benefícios dessa relação com Deus.

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO

 1. Cite exemplos do que o ser humano pode experimentar ao ter comunhão com o Espírito Santo.
R.: O crente pode conhecer melhor as Escrituras ao 16.13), receber auxílio na oração (Rm 8.26) e força para a evangelização (Ap 22.17); também pode receber o revesti-mento de poder (At 1.8) e pode manifestar os dons do Espírito (1 Co 12.8,9; Rm 12.3-8; Hb 2.3,4).

                                            Lições da Palavra de Deus - PROFESSOR 61




ABA/ ABA, PAI
Palavra aramaica usada pelo Senhor Jesus e pelo apóstolo Paulo ao dirigirem-se ou referirem-se ao Pai celestial. Jesus, em Sua oração no jardim do Getsêmani, exclamou: Aba, Pai, todas as coisas te são possíveis (Mc 14.36). Paulo fez referência duas vezes a essa expressão, ao discorrer sobre a nossa adoção na família de Deus (Rm 8.15; Gl 4.6). Expressa um relacionamento íntimo entre Deus e Seus filhos, que tem como resultado plena confiança e dependência completa destes para com aquele. Trata-se de uma palavra característica do vocabulário de Cristo.
No mundo natural, as pessoas não se sentem livres para invocar Deus como Pai. É o Espírito Santo quem induz o novo convertido a dirigir-se a Deus assim.

Alguns escritores entendem que Aba Pai é o correspondente ao papai na língua portuguesa e resultado de uma operação divina realizada pelo Espírito Santo, chamada adoção na Bíblia (veja Mc 14.36; Rm 8.15).

Espírito de súplica
ADOÇÃO
O Dicionário Houaiss define adoção como “processo legal que consiste no ato de se aceitar espontaneamente como filho de determinada pessoa, desde que respeitadas as condições jurídicas para tal”. Pela adoção, é estabelecida uma relação legal entre pai e filho, quase sempre precedido de um processo judicial julgado por um juiz. Teologicamente, a adoção é selada e confirmada pelo Espírito Santo, concedendo à pessoa que confessa a Cristo como Salvador o status de membro da família de Deus. A doutrina da adoção é aludida nas seguintes passagens:
Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo.
Gálatas 4.4-7

Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
Romanos 8.14-17
A todos quantos o receberam [Jesus] deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome.
João 1.12
Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso.
2 Coríntios 6.18
O ensino geral das Escrituras a respeito da adoção permite-nos identificar alguns aspectos da relação entre Deus e Seus filhos. Para começar, a adoção é um dom de Deus, do qual participam as três pessoas da Trindade (Gl 4.4). É um ato soberano e livre, espontâneo e perfeito (Ef 1.5), que nos proporciona extraordinários privilégios e solenes deveres. Essa condição pode implicar algum padecimento, mas com certeza redundará em glória (Rm 8.17). Por meio da adoção, nossa vida de escravidão é anulada e nos é facultada uma maravilhosa união com Cristo (Gl 4.7; Hb 2.10-13).
A condição de filho de Deus é obtida pela fé (Gl 3.26). Por causa da adoção, cada cristão tem o dever de seguir, servir, obedecer e imitar a Deus, atitude expressa no mandamento de amar o próximo, isto é, o ser humano, como Deus amou (Mt 5.43-48; Lc 6.35; Ef 5.1; 1 Pe 1.13-17). Por serem filhos de Deus, desfrutando a adoção, os cristãos devem amar uns aos outros profundamente com um amor caracterizado pela prática da justiça, pela compaixão e até pela disposição de entregar a própria vida a favor do irmão (1 Jo 3.10,11,16-18).
Ao levar-nos a Cristo e ao conhecimento da verdade, o Espírito Santo tornou possível a nossa adoção, e Ele sempre trabalhará para que cumpramos os objetivos e os deveres devidos (Rm 8.15,16). Sendo assim, não podemos perder de vista o fato de que a adoção nos fez participantes da herança divina. Essa confiança nos ajuda a triunfar sobre todas as adversidades da vida presente e faz-nos contemplar a eternidade com serenidade, esperança e fervor (Rm 8.17; Gl 4.7; Ap 21.1-7).

Templo do Espírito
ÁGABO
 Esse nome designa um profeta residente na Judeia. Quase nada se sabe a respeito dele. Uma tradição posterior coloca-o entre os 70 discípulos enviados por Jesus (Lc 10.1). Seu nome é mencionado duas vezes no texto bíblico, ambas no livro de Atos (11.28; 21.10).

Na primeira citação, ele é tomado pelo Espírito Santo e prediz uma grande seca no tempo do imperador Cláudio. Tácito, Suetônio e Flávio Josefo mencionam essa seca em seus escritos. Na segunda, Ágabo profetiza um incomum sofrimento que acometeria o apóstolo Paulo no exercício do seu ministério:

Vindo ter conosco, [Ágabo] tomou a cinta de Paulo e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta cinta e o entregarão nas mãos dos gentios.
                                                              Atos 21.11
A exemplo da predição da seca, a mensagem comunicada ao apóstolo Paulo cumpriu-se fiel e literalmente.

ALEGRIA
1.              Alegria e gozo são palavras e experiências estreitamente ligadas ao Espírito Santo. À medida que Ele trabalha no coração do cristão, as tristezas relacionadas à vida anterior de pecado vão desaparecendo e dando lugar a uma alegria de natureza genuinamente espiritual da nova vida em Cristo.

             A alegria produzida pelo Espírito, sem dúvida, faz nítido contraste com aquela gerada pelas ilusões da vida presente.

Os discípulos estavam cheios de alegria e do Espírito Santo.
                                                                                              Atos 13.52

O Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.
                                                                                               Romanos 14.17

Não me lances fora da tua presença e não retires de mim o teu Espírito Santo. Torna a dar-me a alegria da tua salvação e sustém-me com um espírito voluntário.
                                                                                             Salmo 51.11,12

2.              A alegria (ou gozo) é um gomo do fruto do Espírito. Deve fazer parte da vida de cada filho de Deus: Vocês seguiram o nosso exemplo e o exemplo do Senhor Jesus. Embora tenham sofrido muito, vocês receberam a mensagem com aquela alegria que vem do Espírito Santo (1 Ts 1.6 NTLH).
O gozo do Espírito produz resultados magníficos: disposição para o “sacrifício espiritual” (2 Cr 23.18); poder para testificar (Sl 107.22); triunfo sobre o egoísmo (Fp 3.3); força para o trabalho (Ne 8.10).

Essa alegria está relacionada à certeza do perdão dos pecados (At 8.7,8); à comunhão que se estabelece com Deus (Jo 15.4,11); à dedicação total (2 Co 8.2,5); à presença permanente de Cristo dentro de nós (Jo 15.10,11); à esperança da volta de Cristo (1 Pe 1.8,9; 4.13).

Em razão das peculiaridades dessa alegria, ela assume características muito espirituais; é um gozo santo (Lv 23.40), grande (Is 61.10), inefável (1 Pe 1.8) e contínuo (Fp 4.4).


ANDAR NO ESPÍRITO

O propósito de Deus é que cada um de Seus filhos ande no Espírito. Isso significa não apenas conhecer, mas também depender do poder vitorioso do Espírito Santo em todo o tempo. É também uma recomendação bíblica: Andai no Espírito (Gl 5.16, ARA). Depois de termos crido no Evangelho, recebemos o selo do Espírito Santo, o que significa que somos propriedade dele. Por essa razão, devemos andar no Espírito. Do ponto de vista prático, o Espírito Santo deve ser a fonte e a energia de nossa vida, e tudo o que fazemos impelidos por essa energia configura esse andar. Todos os nossos pensamentos, palavras e atos devem ser submetidos ao controle do Espírito, para que Ele influencie cada aspecto de nossa vida. Dessa maneira, evitamos satisfazer os desejos da carne, os quais são anulados pelo poder do Espírito.

BATISMO COM O ESPÍRITO SANTO

Embora a expressão batismo com o Espírito Santo não apareça literalmente na Bíblia, lemos que Jesus vos batizará com o Espírito Santo (Lc 3.16). Ele também disse: Sereis batizados com o Espírito Santo (At 1.5). Outras expressões encontradas no texto sagrado apontam para o mesmo fenômeno espiritual, como estas, encontradas no livro de Atos: Foram cheios do Espírito Santo (At 2.4), recebereis o dom do Espírito Santo (At 2.38) e caiu o Espírito Santo sobre (At 10.44). A ausência da expressão literal em nada altera a realidade dessa experiência. Usa-se também, às vezes, a expressão batismo no Espírito Santo.
 O batismo com o Espírito Santo é uma das mais significativas e maravilhosas experiências projetadas por Deus e destinadas aos membros de Sua Igreja. Significa o revestimento de poder espiritual, prometido desde o Antigo Testamento, também chamado promessa do Pai (At 1.4).
 A primeira experiência de batismo com o Espírito Santo ocorreu no Dia de Pentecostes (At 2). Esse batismo testifica a ressurreição de Jesus (Jo 16.7; At 2.32,33); só pode ser concedido por Ele (Jo 1.33; At 1.5); destina-se a todos os cristãos (Mt 3.11; Jo 7.39; 14.17; At 2.3,4; 10.44). Ele foi prometido pelo Pai (At 1.4); é oferecido aos que têm sede e creem (Jo 7.37-39); concede autoridade especial a quem o recebe (Lc 24.49).
Para recebê-lo, o cristão deve crer de acordo com as Escrituras (Jo 7.37); pedir com fé (Mt 7.7; Lc 11.13; Tg 1.6); orar com perseverança (Lc 18.1; At 1.14); obedecer de coração (Lc 24.49; At 1.4,12,13); aproximar-se com confiança do Pai (Is 55.1; Jo 7.37,38); demonstrar profunda sede por Deus (Sl 143.6; Is 41.17; 44.3; Ap 21.6); beber da água que Cristo dá (Jo 7.37; Ap 22.7).

Em A doutrina espiritual , o pastor Raimundo de Oliveira assinalou que:
A Doutrina do Batismo no Espírito Santo é uma das pedras basilares da Doutrina Pentecostal, por vários séculos; pois está provado que o Batismo no Espírito Santo, além de bibliocêntrico é também prático e experimental . (OLIVEIRA, 2007)
O pastor Estevam Ângelo de Souza, em Nos domínios do Espírito , disse que:
O batismo no Espírito Santo é um ato de Deus pelo qual o Espírito vem sobre o crente e o enche plenamente. É a vinda do Espírito Santo para encher e apoderar-se do filho de Deus como propriedade sua.

Sobre a relação entre o batismo com o Espírito Santo e a regeneração (outra obra do Espírito), na Bíblia de Estudo Pentecostal , observou o pastor Donald Stamps:

O batismo com o Espírito Santo é uma obra distinta e à parte da regeneração, também por Ele efetuada. Assim como a obra santificadora do Espírito é distinta e completiva em relação à obra regeneradora do mesmo Espírito, assim também o batismo no Espírito complementa a obra regeneradora e santificadora do Espírito. No mesmo dia em que Jesus ressuscitou, Ele assoprou sobre seus discípulos e disse: Recebei o Espírito Santo (Jo 20.22), indicando que a regeneração e a nova vida estavam-lhe sendo concedidas [...] Depois, Ele lhes disse que também deviam ser revestidos de poder pelo Espírito Santo (Lc 24.49; cf. At 1.5,8). Portanto, esse batismo é uma experiência subsequente à regeneração .

A Declaração de verdades fundamentais das Assembleias de Deus afirma também que a experiência do batismo com o Espírito Santo é distinta e subsequente à experiência do novo nascimento.
Existem propósitos definidos para o batismo, e o principal deles é fazer da pessoa que o recebe uma poderosa testemunha de Cristo (At 1.8), capacitando-a a dar testemunho do evangelho (At 20.24), a conquistar almas (At 2.41; 4.4), a curar enfermos (At 3.8,9), a sofrer por Cristo (At 7.55), a enfrentar perseguições (At 8.1-5), a ver a Palavra confirmada (Hb 2.4) e a conhecer os mistérios divinos (1 Jo 2.20,27).
Esse batismo foi experimentado pela primeira vez em Jerusalém, por volta do ano 33, no Dia de Pentecostes (At 2.1-4). Também foi vivenciado em Samaria, no ano 34 (At 8.14-17); em Damasco, no ano 35 (At 9.17); em Cesaréia, no ano 41 (At 10.24,44); em Éfeso, no ano 51 (At 19.1-6), e assim por diante.


 BÊNÇÃO APOSTÓLICA
 Inúmeras igrejas, principalmente as pentecostais, costumam encerrar os seus cultos com a impetração da bênção apostólica. Em geral, essa bênção é a repetição literal de 2 Coríntios 13.13 ou uma adaptação do texto: A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém! 

DICIONÁRIO DO E. SANTO
GEZIEL GOMES



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As atividades do Espírito Santo na vida do crente (Parte I)

Na nova vida em Cristo, o Espírito Santo passa a habitar o nosso interior e nos tornamos alvos de maravilhosas operações espirituais.
Uma das primeiras atividades do Espírito na nova vida é confirmar a salvação recebida. Há uma palavra bíblica que confirma essa obra do Espírito: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).


Essa é uma certeza e confiança que só o Espírito Santo pode conceder. Sem essa certeza, nossa salvação seria superficial. A alegria que reina no coração do crente vem do fato da absoluta certeza e convicção de que está salvo. É o Espírito dentro do crente quem fortifica essa confiança na salvação recebida. Quem salva é Jesus e quem dá a certeza da salvação é o Espírito Santo. O apóstolo Paulo escreveu aos Gálatas: “E, porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai!” (Gl 4.6). A salvação, que proporciona essa nova vida, assegura o nosso direito de filiação a Deus. Não nos tornamos filhos de Deus apenas porque a Bíblia diz que somos, mas também porque o Espírito clama dentro de nós dizendo: “Aba, Pai!”.


Em segundo lugar, o Espírito habilita o crente, isto é, prepara-o para a vitória sobre o poder do pecado. Por si mesmo, o crente não encontra meios de vencer o pecado ao seu redor. Ele precisa de poder para vencer o pecado nas suas inumeráveis investidas. Para que ele vença, é preciso “andar no Espírito”, como diz a Palavra de Deus: “Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito” (Rm 8.4).


É o Espírito quem habilita o crente a ser vitorioso, baseado no poder da obra expiatória de Cristo. Quando o Espírito está em nós, nosso espírito é fortalecido e a carne é subjugada nos seus desejos. A Bíblia confirma este fato quando diz: “Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne” (Gl 5.16).


Em terceiro lugar, o Espírito Santo guia o crente através da Palavra de Deus. Notemos o que Jesus falou acerca do Espírito: “Mas quando vier aquele Espírito de verdade, Ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir” (Jo 16.13). A partir do momento que uma pessoa torna-se “nova criatura” em Cristo, o Espírito que nela habita guiará essa pessoa conforme os ditames da Palavra de Deus. A regra de fé e conduta do crente está inserida na Palavra de Deus.
Todas as respostas, todas as diretrizes para a vida cristã estão na Bíblia, e o Espírito Santo as tornará vivas e poderosas. Ser guiado através da Palavra de Deus pelo Espírito é viver segundo o Espírito – “mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1Co 2.12).


Em quarto lugar, o Espírito faz o crente produzir “o fruto do Espírito”. Vejamos o que está escrito a esse respeito: “Mas o fruto do Espírito é caridade, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas coisas não há lei” (Gl 5.22-23).


Notemos que é um fruto contendo nove partes distintas. Não são nove frutos, mas um só fruto completo. Isso indica um “todo” indispensável e inseparável na vida cristã. É trabalho do Espírito habilitar o crente para produzir esse fruto. Ele em nós capacita-nos a ter as qualidades desse fruto maravilhoso. É o Espírito quem nos capacita a ser vitoriosos e producentes. Esse fruto independe de sermos batizados no Espírito Santo. Ele pode ser produzido a partir do momento em que uma pessoa se torna “nova criatura em Cristo”.


As três primeiras partes do fruto relacionam-se com Deus e a comunhão com Ele. As três outras partes do fruto relacionam-se com o próximo: “longanimidade, benignidade e bondade”. As três últimas partes do fruto relacionam-se com a vida cristã do crente: “fé, mansidão e temperança”.


Em quinto lugar, o corpo do crente torna-se templo do Espírito Santo. Diz a Bíblia: “Ou não sabeis que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em nós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (1Co 6.19).


Não devemos querer separar ou isolar as partes material e espiritual, o corpo e o espírito. Deus tem interesse em que corpo, alma e espírito sejam cheios da sua plenitude. Nosso espírito é o lugar da habitação, o centro e o trono do Espírito, mas nosso corpo é o seu templo.


Todo o ser do crente deve ser santificado para o Senhor e dominado por Ele. A Palavra de Deus confirma esse fato: “E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo; e todo vosso espírito, alma e corpo, sejam plenamente conservados irrepreensíveis para a Vinda de nosso Senhor Jesus Cristo” (1Ts 5.23).


A palavra santificar significa separar. Somos separados para uso do Senhor com todo o nosso ser. Se somos templo do Senhor para que Ele se manifeste em nós, devemos cuidar, não só da alma e espírito, mas também do corpo para que o mesmo esteja sempre em condições para a manifestação divina. Os vícios e pecados contra o corpo devem ser repelidos. Todo o pecado contra o corpo afeta a nossa comunhão com o Espírito que habita nele e tem seu trono no nosso espírito.


Em sexto lugar, o Espírito ajuda o crente no ministério da oração. Esse é o trabalho mais árduo para o crente – a oração. Por isso, sem a ajuda do Espírito dentro de nós, não teríamos condições de orar. Toda vez que o crente predispõe-se a orar, tem de lutar contra forças imperiosas de fora e de dentro de nós que querem impedir-nos de orar. É uma luta de âmbito espiritual e também entre a carne (nossa natureza pecaminosa) e o espírito.
Circunstâncias exteriores surgem tão logo nos dispomos a orar, mas temos que persistir e pedir ajuda do Espírito para irmos até o fim. A Palavra de Deus confirma essa ajuda: “E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).


Em sétimo lugar, o Espírito reveste o crente com poder para que esse faça a vontade de Deus, para fazer a Sua obra. Que podemos fazer sem o “poder do Espírito”? Nada! Precisamos do poder de encorajamento, de renúncia, de amor, para fazermos a obra de Deus.


Os discípulos de Jesus, enquanto não foram revestidos do poder, estavam medrosos, assustados, com medo de morrer e acovardados. No Dia de Pentecostes, foram “cheios do Espírito” e suas vidas se tornaram poderosas, corajosas e atuantes. Receberam uma dinâmica espiritual capaz de vencer todos os obstáculos. Fazer o serviço de Deus sem estarmos preparados para fazê-lo é correr risco de não fazermos nada. Jesus disse aos Seus discípulos, antes de subir aos Céus: “Ficai em Jerusalém, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lc 24.49).


Esse poder capacita o crente a fazer bem a obra de Deus. Concede-lhe condições de vencer os obstáculos morais, físicos, materiais e espirituais.

Existem várias maneiras pelas quais o Espírito Santo se manifesta na vida do crente. Neste segundo artigo, trataremos fundamentalmente de duas principais manifestações.

Chamaremos essa primeira manifestação do Espírito Santo de “efusão do Espírito” e a segunda, de “batismo no Espírito Santo”.

Que é efusão? É o derramamento interior, caracterizado pela entrada do Espírito Santo em nossa vida interior. A expressão mais simples para denotar a efusão espiritual é a que conhecemos por “ser cheio do Espírito”. Paulo exortou a Igreja em Éfeso com estas palavras: “Enchei-vos do Espírito” (Ef 5.18).

Ou seja, a efusão do Espírito é quando o Espírito Santo penetra na parte mais recôndita do nosso ser, enche o nosso interior de alegria da salvação, do gozo, da paz e da glória de Deus, que excedem todo o entendimento.

A diferença entre “ser cheio do Espírito Santo” e “ser batizado no Espírito Santo” é facilmente percebida pelo testemunho que a própria Bíblia dá quanto a essas duas experiências.

Um crente pode ser “cheio do Espírito” sem ser “batizado no Espírito Santo”. Estar cheio do Espírito significa estar pleno da nova vida em Cristo. Toda pessoa quando aceita a Cristo recebe a imediata habitação do Espírito Santo no seu interior. E todas as bênçãos da salvação, como a convicção do perdão dos pecados, a cura de doenças, o desejo de servir a Deus e a paz interior, são produzidas pelo Espírito na vida do crente.

Já a disposição e a alegria fervorosa para servir e louvar a Deus, bem como o ímpeto para evangelizar, resultam de uma vida “cheia do Espírito”.

Por sua vez, ser batizado no Espírito é uma experiência distinta que equivale a ser mergulhado na fonte do Espírito. Metaforicamente, ser cheio do Espírito equivale a receber um derramamento por cima e para dentro. É como tomar água da fonte e derramar dentro de uma vasilha até enchê-la, sem imergi-la na dita fonte. Entretanto “ser batizado” significa ser mergulhado dentro da fonte. É imergir a vasilha na fonte.

Que o Espírito nos capacite a viver de acordo com as diretrizes espirituais que a Palavra de Deus tem para os que “vivem segundo o espírito, e não segundo a carne”.

                                        Elienai Cabral Pastor Elienai Cabral – CPAD

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                           Avivamento pelo Espírito

 Na Epístola aos Colossenses — escrita no ano 61, aproximadamente — há menções da igreja de Laodicéia (2.1; 4.13,15,16) e dos crentes laodicenses (4.16). Neste mesmo versículo, há também uma ordem para que a epístola em apreço fosse lida na igreja dos laodicenses, e que a epístola que viesse de Laodicéia fosse lida pelos colossenses.

A Epístola de Laodicéia não foi incluída no cânon sagrado do Novo Testamento. A razão disso não está revelada — talvez fossem mensagens preventivas de Deus contra a mornidão e o formalismo espirituais, que estariam em formação naquela igreja.

Deus previne, avisa e adverte de antemão, e às vezes chamando as pessoas pelo nome, como: “Abraão, Abraão”, “Simão, Simão”, “Moisés, Moisés”, “Saulo, Saulo”. A carta de Jesus à igreja em Laodicéia, por meio de João (Ap 3.14-22), é de aproximadamente 96 d.C. Se tudo foi assim, aquela igreja esfriou aos poucos, até chegar ao estado crítico descrito em Apocalipse.

Necessidade de avivamento. Quando, em que estado de coisas e em que situação a igreja carece de um real avivamento do Espírito Santo? Quando nela prevalecem as seguintes características negativas:
1) Calmaria espiritual, paralização espiritual, indiferença e comodismo (Ez 37.9).
2) Sonolência espiritual (Ef 5.14).
3) Insensibilidade espiritual, mas também insensibilidade moral e social (cf. E f 4.19; Pv 23.35; I Tm 4.2).
4) Secularismo — ou mundanismo. E o crente conformar-se com o mundo; “dar na forma [fôrma] do mundo”, como diz literalmente Romanos 12.2:
“ ... e não vos conformeis com este mundo”. É a contextualização da igreja com o mundo, o que está muito em voga hoje.
5) Postura do crente apenas defensiva quanto ao mal e ao pecado, e não de repúdio, aversão, horror e de combate espiritual contra ele.
6) Quando, na igreja, prevalece entre os crentes a hibernação espiritual (Ap 3.11). E o estado do crente que permanece meio-morto. Tem nome de que está vivo espiritualmente, mas na realidade está morto, sem vida, sem fervor, sem entusiasmo e sem condições de reagir a um tal estado de coisas.

Uma igreja nesse estado pode ter: uma boa estrutura eclesiástica (“ossos”, Ez 37.3); muita organização (“nervos”, v.8); muito movimento e vaivém ( “carne”, v.8); muito boa aparência (“pele”, v.8); mas tal igreja não tem vida espiritual vibrante, transbordante e dinâmica, pela ausência do “Espírito de vida” (Ez 37.8,9; Rm 8.2).

 7) Também quando entre os crentes prevalece o desinteresse pelos cultos e passam a se interessar mais pelas coisas e passatempos seculares, profanos, tentando eles com isso preencher o seu vazio espiritual. Nesse estado, a perda de cultos pelo crente não lhe traz falta. Vem, por fim, o abandono da Casa de Deus (cf. H b 10.25; SI 27.4; 84.2,10; I22.I; Ag 1.4,9).

No livro de Atos, vemos como Deus fez surgir a igreja avivada no Espírito Santo, coisa que os crentes de Israel desconheciam. Cremos e oramos que do mesmo modo Ele avivará poderosamente a sua igreja, nesses últimos dias que precedem a volta de Jesus.

O avivamento espiritual, como no princípio, é uma necessidade em nossos dias. Hoje, muitas igrejas pensam estar experimentando um reavivamento, quando, na verdade, tudo não passa de inovação, misticismo, falsificações e mudanças injustificáveis na liturgia do culto, etc.

Características de um avivamento. Quais são, pois, à luz da Palavra do Senhor, as características de um genuíno avivamento, promovido pelo Espírito de Deus?

 I) Contrição total. Num verdadeiro avivamento, há contrição total pelo Espírito Santo. Contrição é arrependimento, humilhação e confissão de pecados e males de todos os tipos, na presença do Senhor; é quebrantamento espiritual em nosso íntimo, acompanhado de profundo arrependimento de pecados. E tudo isso deve ser demonstrado também em nosso exterior, pela poderosa ação do Espírito Santo.

Esses estados da alma têm a ver com o pecado, no seu duplo aspecto: como delito praticado e como estado imanente no ser humano — isto é, a pecaminosidade da natureza humana. Desta forma do pecado, o crente precisa ser sempre vencedor, pelo “sangue da sua cruz [de Cristo]” (Cl 1.20), como bem nos mostra a passagem de Romanos 6.

 E num tal contexto espiritual que o avivamento se instala, e o Espírito Santo assume a primazia, predominando e prevalecendo. Infelizmente, quem retarda e impede o avivamento da igreja não são os incrédulos; somos nós, os crentes, inclusive obreiros. Basta ler passagens como 2 Crônicas 7.14 para se chegar a tal conclusão.

U m real avivamento inclui, sim, os obreiros da igreja (cf. Zc 3.3). Qual era o problema da igreja de Efeso? Seu pastor deixara o primeiro amor (Ap 2.4). E o da igreja de Sardes? Seu pastor estava morto no seu estado espiritual e não sabia (Ap 3.1). E o problema da igreja de Laodicéia? Seu pastor era morno (Ap 3.16).

Meditemos sobre o termo “perfeito”, concernente ao crente no contexto do avivamento. O referido termo aparece em passagens como Deuteronômio 18.13; Mateus 5.48; 2 Coríntios I3 .I I e Colossenses 1.28. Ele, em suma, diz-nos que o nosso inteiro ser deve ser oferecido a Deus; tudo deve estar à disposição dEle: espírito, e alma, e corpo. Não retenha nada! Ponha tudo no altar.

Em Marcos 12.30, vemos uma pormenorização disso: nossa afeição (“de todo o teu coração, e de toda a tua alma”); nossa cognição (“e de todo o teu entendimento”); e nossa volição (“e de todas as tuas forças”). Sim, um avivamento começa e continua pela reconsagração total do crente a Deus.

Que façamos a oração do profeta Habacuque: “Ouvi, Senhor , a tua palavra, e temi; aviva, ó Senhor , a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos a notifica; na ira lembra-te da misericórdia” (3.2).

 2) Perdão e reconciliação. No avivamento de Israel (I Rs 18), Deus usou como instrumento humano o profeta Elias. No cumprimento de sua missão, o primeiro passo deste profeta foi “reparar o altar do Senhor , que estava quebrado” (vv.30-32). Em seguida, ele colocou no altar doze pedras — que representavam as doze tribos israelitas, completas e unidas — , e não apenas dez, o que representaria incompletude e divisão de Israel, como era o caso do Reino do Norte (dez tribos), ao qual o profeta pertencia.

 E notável o fato de Elias trabalhar com doze pedras no altar, sendo ele do reino das dez tribos! O que pode fazer um povo dividido e desunido? Se, por acaso, realizarem alguma coisa de bom, os males de sua desunião e da sua rebeldia atrofiarão tudo o que se fizer.

Em Ezequiel 37, no grandioso avivamento ali retratado, “cada osso se uniu ao seu osso” (vv.7,I7). Imagine um osso unindo-se a um corpo que não era o seu e, por conseguinte, diferente na idade, na altura, etc. Isso daria numa imensa e confusa babel, em que cada um estaria sem identificação, sem dono, sem direção; e logo a seguir: deformações, anomalias, teratias, como indivíduos e como grupo. Não é isso que está acontecendo por toda parte com os chamados movimentos avivalistas de renovação carismática?

Sim, um avivamento não é só de quebrantamento de espírito, mas também de perdão total, com reconciliação entre os crentes, inclusive obreiros. Pessoalmente, este autor tem visto, em nosso país, obreiros causando, fomentando e acalentando inimizades no ministério. E ainda apresentam “justificativas”, além de, pior ainda, acharem que isso que fazem é uma virtude!

Em Atos 4.32, no primeiro avivamento da igreja, a Bíblia diz: “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam”. Deus pode fazer isso hoje, num reavivamento — a unidade espiritual do seu povo. Portanto, o avivamento genuíno envolve amplo perdão e reconciliação de uns com os outros; isto é, união e, sobretudo, unidade. O que pode fazer um povo descontente, dividido e desunido?

 3) Generosidade e abundância financeira. Em Jerusalém ocorreu um avivamento de ampla e contínua generosidade entre os crentes, de abundância financeira, nas contribuições para a obra de Deus em geral: nos dízimos, nas ofertas, nas doações, na mão-de-obra voluntária, nos auxílios; enfim, na cooperação de todas as formas (Atos 4.32-37).

Mas também deve haver restituição aos outros, de tudo o que for alheio, que, porventura, esteja em nosso poder. N o avivamento espiritual sob o rei Ezequias, vemos em ação a liberalidade financeira, espontânea, do povo, movida pelo Espírito de Deus (2 Cr 31.5-10). No avivamento de Jerusalém ocorreu o mesmo. E que ocorra da mesma forma em nossos dias!

4) Santidade interior e exterior. Segundo o modelo bíblico, o reavivamento resulta em santidade do crente em toda a sua maneira de viver (I Pe 1.15). Se um avivamento não resultar nisso — nessa mudança de vida — tudo não passará de mero entusiasmo, mecanicismo e emoção, como acontece com certos “avivamentos” orquestrados pelos homens. O avivamento sob Esdras e Neemias, nesse sentido, obteve grandiosos resultados (Ne 8; 9.1-38; 10.1-39; 13).

A santificação deve ocorrer em “todo o vosso espírito, e alma, e corpo” (I Ts 5.23). Isso significa que devemos ser santos em nosso viver, e em nossa conduta — isto é, em nosso caráter, internamente — , e em nosso proceder, externamente. Nossa vida natural é uma série diuturna de hábitos, práticas e costumes, que podem ser bons ou maus, ou um misto dos dois. E evidente que um povo santo, porque pertence a Deus, deve ter costumes santos.

Mantenhamo-nos, pois, separados do mundo pecaminoso. Reflitamos sobre a advertência da Palavra de Deus registrada em Eclesiastes 10.8: “Quem fizer uma cova cairá nela, e quem romper um muro, uma cobra o morderá”. “Abrir uma cova”, aqui, é iludir o povo; é fazer o povo errar e deixá-lo nesse estado. “Cova” é armadilha, embuste, laço, simulação. “Romper um muro” é eliminar a separação do pecado; é ficar indefeso às investidas do mal; é renunciar à condição de “povo peculiar” (Ex 19.5; T t 2.14).

 5) Evangelização e missões. O avivamento promovido pelo Espírito Santo move e leva a igreja a evangelizar e a fazer missões entre os povos. Evangelização e missões são dois lados de um só assunto — de um mesmo trabalho para Deus (cf. At 1.8; 5.42; 8.4; 13.1-4). E este trabalho é a atividade principal de uma igreja avivada, um fato patente no livro de Atos dos Apóstolos, mas também na história subseqüente da igreja, sempre que ela é reavivada.

6) Louvor e adoração. Num a igreja realmente avivada, ouvem-se os “cânticos espirituais”, mencionados em Efésios 5.19. O “som” vindo do céu (cf. At 2.2), quando do derramamento inicial do Espírito sobre a igreja, fala disto. O sentido de ‘espirituais”, aqui, vai muito além daquele que lhe é comumente atribuído nos dias de hoje.

Uma igreja com avivamento do Espírito não precisa de artistas, de atores da música secular e de animadores de auditório — como se a Casa do Senhor fosse um palco para comediantes — , nem de shows musicais, nem de torcida, nem de assovios, por parte daqueles que só buscam chamar a atenção para si mesmos. Isso não é avivamento; é aviltamento!

A igreja carece, sim, de “verdadeiros adoradores” que adorem a Deus em espírito e em verdade, conforme Jesus disse em João 4.24. Temos, atualmente, na igreja, não muito do verdadeiro louvor e adoração que agrada ao Senhor, porque tais coisas precisam ser precedidas de sacrifício espiritual ao Senhor (2 Cr 29.27,30; H b 13.15; SI 50.23, “sacrifício de louvor”).

Evitemos brincar de crente, de culto e de igreja. Isso só acontece numa igreja em que não há real avivamento. Em Mateus 6.2 e noutras passagens similares, Jesus verbera duramente contra os fariseus, chamando-os de hipócritas, porque brincavam de crente, simulavam, encenavam, fingiam espiritualidade. Pessoas assim são vazias de avivamento e poder; vazias do Espírito Santo e da Palavra de Deus.

 7) Renovação e batismo com 0 Espírito. N o genuíno avivamento há batismo com o Espírito Santo, com línguas estranhas, e manifestação dos dons espirituais (cf. SI 92.10; E f 5.18). Outrossim, a operação de milagres pelo Espírito Santo, como os “sinais” prometidos por Jesus em Marcos 16.17,18, são uma realidade, num avivamento bíblico norteado pela doutrina (At 2.42,43).

 8) Intercessão e jejum. A oração intercessória e o jejum, de modo constante, são partes integrantes dos avivamentos reais, segundo a história da igreja (At 2.42; 2 Cr 7.14; SI 119 — aqui temos várias vezes o Salmista orando “vivifica-me” ou “aviva- me”). Que busquemos, pela oração mtercessória, o avivamento, como fez o profeta Habacuque (c. 609-605 a.C.), o qual profetizou durante o declínio espiritual que se seguiu ao reinado de Josias (Hc 3.2).

9) Palavra de Deus. A poderosa Palavra do Senhor sempre tem sido o instrumento inicial de Deus em todos os avivamentos (cf. Ne caps. 8-10; Ed caps. 8-10). E não pode ser diferente hoje: “Não é a minha palavra como fogo, diz o S e n h o r , e como o martelo que esmiuça a penha?” (Jr 23.29). O avivamento de que necessitamos deve ser de busca e de ensino da Palavra de Deus.

Precisamos de um poderoso avivamento de ensino da Palavra de Deus, no templo, no lar, nos educandános da igreja, nas publicações, nos hinos cantados, etc. (cf. At 2.42; 5.42). Esse movimento de ensino da Palavra, por sua vez, conduz à salvação dos pecadores (At 13.12; SI 51.13; Lc 20.1). O avivamento pelo ensino da Palavra é necessário para que vidas sejam “moldadas” (M t 28.19) por meio da “disseminação do conhecimento das coisas do Senhor” (M t 28.20). Por exemplo, o avivamento espiritual que precedeu o primeiro advento de Cristo teve como instrumento divino a Palavra de Deus (Lc 3.2).

10) Destruição de ídolos. O verdadeiro avivamento leva o crente a destruir os ídolos do coração. Sem uma vida avivada no Espírito, as coisas naturais desta vida logo se tornam “deuses” dentro de nós, como: riquezas, sucesso, posição ou status, cultura acadêmica, trabalho extremado — de modo a deixar-nos sem tempo para a adorar a Deus — , glutonaria, diversões e passatempos “inocentes”, vaidades do espírito humano, etc.

 São nesses casos ídolos do coração (Ez 14.3,4,7). Um tal ídolo em nossa vida é tudo aquilo que nela toma o lugar do verdadeiro Deus, e que ocupa o nosso coração, todo nosso tempo e toda nossa atenção. Samuel, o admirável homem de Deus, no avivamento dos seus dias, exortou o povo a destruir os seus próprios ídolos (I Sm 7.3-6).

Deus é o Senhor absoluto da nossa vida, ou somos nós que mandamos em nós mesmos? Não há meio-termo, pois Deus não divide o seu senhorio, nem a sua glória com ninguém. Jacó, ao experimentar um avivamento do céu em sua vida, deu um basta nos ídolos de casa (Gn 35.1-4). Em I João 5.21, está escrito: “Filhinhos, guardai-vos dos ídolos”. Ora, tratando-se aqui de cristãos, a referência é a ídolos do coração.

O modelo do avivamento pelo Espírito. Não há dúvidas de que a solução divina para neutralizar, deter e restringir os males que acossam os santos nesse tempo do fim é um verdadeiro avivamento, segundo o modelo da Palavra de Deus: sem inovações descabidas, sem distorções, sem manipulação humana, sem intermediários. O Espírito Santo é soberano. Que o Senhor nos avive segundo a sua Palavra, como bem disse o Salmista (119.25,154).

Em Levítico 10, dois sacerdotes ofereceram “fogo estranho” perante o Senhor e foram mortos no mesmo instante, ali mesmo. '*Fogo estranho” era o fogo profano, não-sagrado, não aprovado por Deus; fogo não obtido do altar dos sacrifícios. Desse tipo de logo existe muito por aí, atualmente. Se a Lei continuasse em vigor hoje, os cemitérios estariam repletos de falsos avivalistas mortos. Atestado de Óbito: “Morte espiritual prematura por falsa identidade ideológica cristã”. Mas esse avivamento segundo o modelo bíblico — promovido pelo Espírito, pois “o Espírito é o que vivifica” (Jo 6.63) — é harmônico e equilibrado (Èx 25.37,38; I Rs 7.49,50). O fogo sagrado das lâmpadas do candelabro era regulado, para que não se apagasse, mas também para que não se excedesse. Para isso, havia acendedores ou espevitadores (lit., “avivadores”), bem como reguladores do fogo (lit., “ajustadores do fogo, da chama”).

 Nunca devemos interpretar a Bíblia à luz das nossas experiências espirituais, mas interpretar as nossas experiências espirituais à luz da Palavra de Deus. Do contrário, cairemos no experiencialismo extremado e antibíblico, como estamos vendo acontecer nos dias de hoje.

Avivamento na casa de Deus e no lar. Somente o verdadeiro avivamento nos leva a amar, zelar e ser assíduos, na Casa de Deus. Leia em sua Bíblia estas passagens: Levítico 19.30; Salmos 27.4; 84.10; 93.5; Eclesiastes 5.1 e João 2.13-17. A Casa do Senhor vem sofrendo hoje, em muitos sentidos; tudo por falta de avivamento dos que a freqüentam. O avivamento deve acontecer igualmente na família, no lar cristão.

 Não podemos ter igrejas avivadas, despertadas, renovadas, santificadas, com lares distanciados de Deus, indiferentes e mesmo refratários ao avivamento espiritual. H á várias passagens que comprovam esse avivamento a partir da família (Gn 35.1-7; Ne 8.2,3; Ed 8.21; 10.1; 2 Cr 20.13; 31.18; Êx 38.8).

 Vemos, em Deuteronômio 20.5, que uma casa “edificada” precisa ser também “consagrada”. O avivamento pentecostal que ocorreu na origem à igreja, no dia de Pentecostes, ocorreu num lar, numa casa de família, e continuou assim (At I.1 3; 5.42; Rm 16.5; I Co 16.19; Cl 4.15; Fm v.2). É oportuno lembrar que o termo “lar”, no seu original latino, indica uma laje fortemente aquecida na cozinha da casa — isto é, o lugar onde permanecia aceso o fogo da casa; daí advém a palavra “lareira”.

O avivamento espiritual (ou reavivamento) é uma intervenção divina na vida da igreja, onde e quando Deus quer, em resposta ao clamor da igreja despertada para um avivamento (2 Cr 7.14). Precisamos, pois, nesses últimos dias, de um real avivamento — bíblico, soberano, poderoso, divino, sobrenatural, irresistível e duradouro — , incomparavelmente maior do que todos os precedentes, conforme a palavra profética de Joel 2.28.

Em Atos 2.17,18, está escrito: “E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos sonharão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e minhas servas, naqueles dias, e profetizarão” (At 2.17,18).

Mas a plenitude da promessa pentecostal, conforme Joel 2.29,31 — enfatizada por Pedro de modo parcial — , aguarda um pleno cumprimento futuro, como já vimos: “derramarei o meu Espírito”. E esse avivamento atingirá a igreja, em geral, e as suas instituições. “Aviva, ó S e n h o r , a tua obra!”

Pneumatologia — a Doutrina do Espírito Santo 215
ANTONIO GILBERTO

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A ADOÇÃO

Deus, no entanto, vai além de nos colocar em situação correta diante dEle. Conduz-nos também a um novo relacionamento, pois nos adota em sua família. A "adoção", um termo jurídico, é o ato da graça soberana mediante o qual Deus concede todos os direitos, privilégios e obrigações da afiliação àqueles que aceitam Jesus Cristo. Embora o termo não apareça no Antigo Testamento, a idéia se acha ali (Pv 17.2). A palavra grega huiothesia, "adoção", aparece cinco vezes no Novo Testamento, somente nos escritos de Paulo e sempre no sentido religioso. Ressalve-se que, ao sermos feitos filhos de Deus, não nos tornamos divinos.

A divindade pertence ao único Deus verdadeiro.92 A doutrina da adoção, no Novo Testamento, leva-nos, desde a eternidade passada e através do presente, até a eternidade futura (se for apropriada semelhante expressão). Paulo diz que Deus "nos elegeu nele [em Cristo] antes da fundação do mundo" e "nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo" (Ef 1.4,5). Diz também, a respeito de nossa experiência presente: "Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez, estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos [huiothesia], pelo qual clamamos [em nosso próprio idioma]: Aba [aramaico: Pai], Pai [gr. ho patêr]" (Rm 8.15). Somos plenamente filhos, embora ainda não sejamos totalmente maduros. Mas, no futuro, ao deixarmos de lado a mortalidade, receberemos "a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo" (Rm 8.23). A adoção é uma realidade presente, mas será plenamente realizada na ressurreição dentre os mortos.

 Deus nos concede privilégios de família mediante a obra salvífica do seu Filho incomparável, daquEle que não se envergonha de nos chamar irmãos (Hb 2.11).

COMO CONSOLADOR

Conforme observado no estudo dos títulos do Espírito Santo, eles nos oferecem chaves para entendermos a sua pessoa e obra. A obra do Espírito Santo como Consolador inclui o seu papel como Espírito da Verdade que habita em nós (Jo 14.16; 15.26), como Ensinador de todas as coisas, como aquEle que nos faz lembrar tudo o que Cristo tem dito (14.26), como aquEle que dará testemunho de Cristo (15.26) e como aquEle que convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo (16.8).31 Não se pode subestimar a importância dessas tarefas. O Espírito Santo, dentro em nós, começa a esclarecer as crenças incompletas e errôneas sobre Deus, sua obra, seus propósitos, sua Palavra, o mundo, crenças estas que trazemos conosco ao iniciarmos nosso relacionamento com Deus. Conforme as palavras de Paulo, é uma obra vitalícia, jamais completada neste lado da eternidade (1 Co 13.12). Claro está que a obra do Espírito Santo é mais que nos consolar em nossas tristezas; Ele também nos leva à vitória sobre o pecado e sobre a tristeza.32 O Espírito Santo habita em nós para completar a transformação que iniciou no momento de nossa salvação. Jesus veio para nos salvar dos nossos pecados, e não dentro deles. Ele veio não somente para nos salvar do inferno no além. Veio também para nos salvar do inferno nesta vida terrestre - o inferno que criamos com os nossos pecados. Jesus trabalha para realizar essa obra por intermédio do Espírito Santo.

COMO ENSINADOR O Espírito Santo pode e irá ajudar todo crente a interpretar e compreender corretamente a Palavra de Deus e a sua obra contínua neste mundo. Ele nos levará a toda a verdade. Esta promessa, no entanto, exige também que cooperemos com o nosso esforço. Devemos ler com cuidado e com oração. Deus jamais teve a intenção de fazer da Bíblia um livro de difícil compreensão para o seu povo. Porém, se não nos dispusermos a cooperar com o Espírito Santo mediante o estudo e a aplicação de regras sadias de interpretação, nosso modo de entender a Bíblia - nossa regra infalível da fé e conduta - ficará carregado de erros.33 O Espírito Santo nos levará a toda a verdade à medida que lermos e estudarmos cuidadosamente a Bíblia, sob sua orientação.

Uma das verdades ensinadas pelo Espírito Santo é que não podemos recitar uma fórmula mágica do tipo: "Amarro Satanás; amarro minha mente; amarro minha carne. Agora, Espírito Santo, creio que os pensamentos e as palavras que se seguem vêm todos de ti!" Não nos é lícito usar encantamentos para submeter Deus à nossa vontade. João admoesta a Igreja: "Provai se os espíritos são de Deus" (1 Jo 4.1). Significa que devemos permitir ao Espírito da Verdade orientar-nos na tarefa de interpretar a Palavra de Deus e a testar, pelas Escrituras, os nossos pensamentos e os de outras pessoas. Há perigos genuínos neste assunto. Certo autor reivindica, na capa do seu livro: "Este livro foi escrito no Espírito".34 Outra reivindicação do seu livro: "Predições cem por cento corretas das coisas do porvir".35 A tarefa do leitor, com a ajuda do Espírito Santo, é seguir o exemplo dos bereanos, que o próprio Espírito recomenda através das palavras de Lucas. Eles persistiam "examinando cada dia nas Escrituras se estas coisas eram assim" (At 17.11). Cada crente deve ler, testar e compreender a Palavra de Deus e os V ensinos a respeito dela. O crente pode fazer assim confiadamente, na certeza de que o Espírito Santo, que habita em cada um de nós, irá levar-nos a toda a verdade.

Ainda há um outro aspecto da obra do Espírito Santo como Ensinador: a preparação de Jesus, o Filho encarnado de Deus, para sua tarefa de Rei, Sacerdote e Cordeiro sacrificial. O Espírito Santo veio sobre Maria e lançou a sua sombra sobre ela, gerando nela Jesus, o Filho de Deus. O Espírito Santo foi ensinando o Menino Jesus de tal maneira que, aos 12 anos de idade, deixou atônitos os mestres no Templo. "E o menino crescia e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele" (Lc 2.40). Depois de seu batismo no Jordão, Jesus que, segundo a descrição, estava cheio do Espírito Santo, lutou contra o adversário durante quarenta dias (Lc 4.1-13). Jesus continuou a andar cheio do Espírito Santo. Por isso, sempre que o diabo buscou oportunidade para tentá-lo ainda mais, os resultados foram os mesmos. Jesus "como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado" (Hb 4.15; ver também 2.10-18). Se estivermos cheios do Espírito Santo na luta contra nossa carne e contra o Adversário, também poderemos vencer nossas tentações com a ajuda do Espírito. Cristo veio para nos salvar dos nossos pecados, e não neles.

O Espírito Santo estava ativo no ministério de Jesus e no dos discípulos. O Espírito Santo estava operante na pregação e nos milagres dos 12 discípulos e depois com os 72 que Jesus enviou a pregar o Reino de Deus. 36

Outro aspecto dessa tarefa é a ajuda do Espírito para lembrar-nos de tudo quanto Jesus tem dito. Podemos lembrar somente das coisas que já sabemos e das quais nos esquecemos pela falta de prática. Essa- ajuda da parte do Espírito Santo exige que os crentes estudem e memorizem a Palavra, com a certeza de que o Espírito lhes lembrará de tudo quanto Jesus tem dito, quando precisarem. 37 Os que se deleitam na Palavra de Deus e nela meditam tornam-se como árvores plantadas à beira de um riacho (SI 1.2,3). Em Lucas 24.6-8, os discípulos são perguntados por que procuram os vivos entre os mortos. Decerto as palavras dos mensageiros foram usadas pelo Espírito para fazê-los lembrar das palavras de Jesus. Em João 2.19, Jesus disse: "Derribai este templo, e em três dias o levantarei". Ninguém entendeu o que Jesus quis dizer, porém, "quando, pois, ressuscitou dos mortos, os seus discípulos lembraram-se de que lhes dissera isso; e creram na Escritura e na palavra que Jesus tinha dito" (2.22). João 12.16 é um exemplo semelhante dessa obra do Espírito Santo.

Além disso, o Espírito Santo também é o Ensinador do descrente. Nessa tarefa, o Espírito (segundo as palavras de Jesus) convence o mundo "do pecado, e da justiça, e do juízo: do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais; e do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo 16.8-11). Esse fato combina com a obra do Espírito Santo de atrair a pessoa à salvação. Em João 14.6, Jesus declara: "Ninguém vem ao Pai senão por mim". Em João 6.44, afirma: "Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer". E o Espírito Santo quem atrai cada ser humano a Deus, embora muitos recusem essa atração. Ele nunca deixa de clamar, sem cessar: "Mas por que morrereis? Arrependei-vos e vivei!"38

 A atividade do Espírito Santo como aquEle que dá testemunho de Cristo começa no Antigo Testamento e continua até hoje. O Espírito Santo inspirava os profetas do Antigo Testamento à medida que escreviam as profecias acerca do Messias vindouro. Isso não significa que o autor humano ou seu auditório - imediato ou indireto - compreendessem sempre o impacto de tudo quanto estava sendo escrito ou lido. Isaías 11.1,2 é um bom exemplo de uma profecia messiânica facilmente reconhecível: Porque brotará um rebento do tronco de Jessé, e das suas raízes um renovo frutificará. E repousará sobre ele o Espírito do Senhor, e o Espírito de sabedoria e de inteligência, e o Espírito de conselho e de fortaleza, e o Espírito de conhecimento e de temor do Senhor.

 Outros textos bíblicos, como Isaías 53 e Salmos 110.1, exigiram mais ajuda do Espírito Santo e, até certo ponto, de alguma luz, recebida após a ressurreição. É evidente que nem os discípulos nem os fariseus reconheciam um Messias sofredor, nem estavam esperando um assim. Lucas nos informa que o Espírito Santo deu testemunho do Cristo que estava para vir, através de João Batista, dos pais deste, de Maria e de Simeão e Ana, em Jerusalém (ver Lc 1-3). Em João 16.13-15, Jesus declara que a obra do Espírito Santo não é falar por conta própria, mas somente aquilo que o Pai e o Filho lhe mandam dizer.

COMO PROMESSA

 É difícil sugerir que um dos títulos ou propósitos do Espírito Santo seja mais importante que outro. Tudo que o Espírito faz é vital para o Reino de Deus. Há, no entanto, um propósito, uma função essencial do Espírito Santo, sem a qual tudo quanto se tem dito a respeito dEle até agora não passa de palavras vazias: o Espírito Santo é o penhor que garante nossa futura herança em Cristo.

 Em quem [Cristo] também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa; o qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão de Deus, para louvor da sua glória (Ef 1.13,14).

Qual a garantia oferecida pela operação do Espírito Santo em nossa vida e na vida da Igreja?

Porque sabemos que, se a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna, nos céus. E, por isso, também gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu; se, todavia, estando vestidos, não formos achados nus. Porque também nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos carregados, não porque queremos ser despidos, mas revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isso mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu também o penhor do Espírito (2 Co 5.1-5; ver também 2 Co 1.22; Ef 4.30).

Mediante o Espírito Santo, podemos conhecer a Deus, mediante a experiência, de conformidade com a palavra hebraica yada' ("conhecer por experiência"). Nossa experiência com o Espírito Santo serve-nos de comprovação da ressurreição de Cristo. Conforme declara Paulo em 1 Coríntios 15, se Cristo não ressuscitou dentre os mortos, jamais haverá uma ressurreição geral, e todas as nossas crenças em Deus e na salvação não passam de mentiras. Conforme já notamos a respeito de Samuel, há uma diferença entre saber a respeito de uma pessoa - ou de Deus - e conhecer alguém - ou a Deus - através de um encontro pessoal e de experimentar a sua presença.

O conhecimento intelectual da Bíblia não é o conhecer a Deus. Muitos teólogos e comentaristas da Bíblia - os quais conheci pessoalmente ou apenas através dos seus escritos - sabem mais a respeito de religião, história da Igreja, conteúdo da Bíblia e teologia do que muitos que se definem como cristãos. Mesmo assim, nunca reconheceram a reivindicação do Espírito Santo nas sua vidas, nem se renderam a Ele. Não têm nenhuma experiência de Deus em suas vidas. Acreditam que, se eles não tiveram nenhuma experiência com Deus, não é possível que outra pessoa a tenham. Negam, portanto, a existência de Deus e criticam os cristãos, dizendo que estes interpretam suas experiências subjetivas como a atividade de Deus na sua vida. Declaram que não há evidência da atividade divina no Universo. Tudo isso, porém, baseia-se na sua exegese distorcida.

Agora, podemos começar a dar o devido valor à importância da obra do Espírito Santo como sinal da inclusão do crente no corpo de Cristo e como sinal diante da Igreja.  O Espírito Santo confirma não somente a ressurreição, mas também, por extensão, a veracidade das Escrituras. Sem o penhor ("primeira prestação") do Espírito Santo para nos ensinar, guiar na verdade e dar testemunho de Cristo, não haveria hoje igreja nenhuma, porque não haveria Evangelho a ser pregado.

                                                      Stanley-Horton-Teologia-Sistematica





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