domingo, 9 de fevereiro de 2020

LIÇÃO 7 - O Relacionamento com o Espírito Santo




O Relacionamento com o Espírito Santo

TEXTO BÍBLICO BÁSICO

Mateus 12.22-32 22
22 - Trouxeram-lhe, então, um endemoninhado cego e mudo; e, de tal modo o curou, que o cego e mudo falava e via.
 23 - E toda a multidão se admirava e dizia: Não é este o Filho de Davi?
24 - Mas os fariseus, ouvindo isso, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios.
 25 - Jesus, porém, conhecendo os seus pensamentos, disse-lhes: Todo reino dividido contra si mesmo é devastado; e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá.
26 - E, se Satanás expulsa a Satanás, está dividido contra si mesmo; como subsistirá, pois, o seu reino?
27 - E, se eu expulso os demônios por Belzebu, por quem os expulsam, então, os vossos filhos? Portanto, eles mesmos serão os vossos juízes.
28 - Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é conseguintemente chegado a vós o Reino de Deus.
29 - Ou como pode alguém entrar em casa do homem valente e furtar os seus bens, se primeiro não manietar o valente, saqueando, então, a sua casa?
 30 - Quem não é comigo é contra mim; e quem comigo não ajunta espalha.
 31 - Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.
 32 - E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe--á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.


TEXTO ÁUREO
Disse, então, Pedro: Ananias,
por que encheu Satanás o teu coração,
para que mentisses ao Espírito Santo
e retivesses parte do preço da herdade?
Guardando-a, não ficava para ti? E, 
vendida, não estava em teu poder?
Por que formaste este desígnio em teu coração?
Não mentiste aos homens, mas a Deus.

                                          Atos 5.3,4

OBJETIVOS

Ao término do estudo bíblico, o aluno deverá ser capaz de:
Identificar alguns pecados que podem ser cometidos contra o Espírito;
 • entender que o Espírito Santo é a virtude divina que opera na Igreja de Jesus e a movimenta segundo o propósito divino;
• conhecer a mudança de status que a obra do Espírito Santo promove no cristão, tornando-o uma pessoa transformada e regenerada, a habitação do Espírito de Deus.

 ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS

Caro professor, para o educador cristão, é impossível falar em didática ou fazer referência ao ensino sem mencionar, ainda que indiretamente, aquele que foi o Mestre incomparável: Jesus, o Rabi da Galileia 00 3.2). Grande parte do ministério de Jesus foi dedicada ao ensino. Ser chamado Rabi era uma grande honra, cobiçada por todos os líderes da religião judaica (Mt 23.7), porém só concedida aos mestres autorizados. E Jesus foi reconhecido como tal até por um grande líder judeu 00 3.1,2). A palavra rabi significa grande ou mestre, o que sugere grandeza e sabedoria da parte daquele que detém esse título. Mais tarde, passou a ser sinônimo de educador.

Pode-se dizer que Jesus foi o educador ideal. Do ponto de vista divino, Ele foi o Mestre vindo da parte de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes, se Deus não estiver com ele 00 3.2 ARA). Do ponto de vista humano, o Seu talento era muito superior ao dos mestres da época. Tanto era que os judeus maravilhavam-se da Sua doutrina, porque os ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas (Mc 1.22, ARA) (Extraído de: CHAVES, G. V. Educação Cristã —Uma Jornada Para Toda Vida. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 33). Deus o abençoe!

COMENTÁRIO

Palavra introdutória

Poucos exemplos sobre relacionamento com o Espírito Santo são tão marcantes quanto os que vemos nos relatos de Atos. São muitos os momentos em que vemos o Espírito do Senhor alcançando vidas e transformando corações: Sua descida no Pentecostes, a capacitação dos apóstolos, a expansão do evangelho de Jesus para lugares além de Jerusalém etc.

A Igreja primitiva não tinha nada do que consideramos essencial para o sucesso hoje: propriedades, dinheiro, influência política, status social, no entanto, ganhou multidões para Cristo e viu a implantação de inúmeras igrejas por todo o mundo romano Isso se deu pelo poder do Espírito Santo, que capacitava seu ministério. Os primeiros cristãos eram pessoas "inflamadas pelo Espírito de Deus".

Esse mesmo poder do Espírito Santo encontra-se à nossa disposição hoje para nos tornar testemunhas mais eficazes de Cristo. Quanto melhor entendermos a forma como o Espírito operou em Pentecostes, mais capazes seremos de nos relacionar com Ele e de experimentar Seu poder. O ministério do Espírito é glorificar a Cristo na vida e no testemunho do cristão (Jo 16.14), e é isso o que importa (WIERSBE, Geográfica, 2007a, p. 526).

1       1 .     O ESPÍRITO SANTO E O CRISTÃO

O Espírito Santo é a virtude derramada por Cristo sobre os Seus seguidores. Ele é o responsável pela realização de prodígios e por mover o coração do crente na direção que o Senhor deseja.

1.1. O Espírito Santo é a única virtude

Desde o primeiro dia de seu estabelecimento, a Igreja está debaixo da administração do Espírito Santo, que cuida diuturnamente dela, abençoando os que se tornaram parte do corpo de Cristo (At 11.26). A Igreja não teria sobrevivido por dois milênios sem a assistência do Espírito.

Filipe foi o primeiro a ativamente levar o evangelho para fora de Jerusalém (At 8.4-40). Por causa da perseguição que seguiu a morte de Estêvão, Filipe foi para a Samaria, onde realizava milagres e expulsava demônios. Muitos se tornaram cristãos, inclusive Simão, um mágico feiticeiro. Anteriormente, Simão era um homem que surpreendia o povo (At 8.9), recebendo muita atenção porque alegava ser alguém importante, aceitando até o título de a "grande virtude de Deus!" (At 8.4-15).

 Em resposta à conversão dos samaritanos, Pedro e João vieram de Jerusalém, impuseram as mãos sobre os novos cristãos, e eles receberam o Espírito Santo. Os judeus e os samaritanos eram amargos rivais, e havia o perigo de formarem igrejas rivais. Quando Simão viu que o Espírito Santo era dado pelos apóstolos, ele ofereceu dinheiro para ter essa capacidade. Pedro falou duramente a Simão, dizendo-lhe da necessidade de arrepender-se de sua impiedade (At 7.18-25).

1.2. O mover do Espírito Santo não pode ser detido

 Atos dos Apóstolos começa com a transferência da responsabilidade e da autoridade para os apóstolos. Jesus os comissionou, subiu ao céu e o Espírito Santo desceu com poder para começar a salvar os judeus perdidos, primeiro, e depois trazer os gentios à salvação. A oposição rapidamente se levantou, tanto de dentro como de fora da Igreja. Contudo, o poderoso mover do Espírito Santo não podia ser detido enquanto a Palavra de Deus se espalhava e o número de discípulos crescia em Jerusalém (TOWNS; GUTIERREZ, Central Gospel, 2014, p. 94,97).

Igreja primitiva é a designação da Igreja em seu primeiro século, alguns historiadores consideram que esse período inclui a metade do segundo século também. Ela foi forte e diretamente influenciada pelo testemunho dos discípulos e pela pregação dos apóstolos, assim se manteve fiel ao Senhor Jesus Cristo e cheia do Espírito Santo.

Os membros da Igreja primitiva criam em Deus, em Jesus, no Espírito Santo, no perdão dos pecados, nos ensinos do Mestre e em Sua volta iminente para reinar sobre todas as nações. Ela foi marcada pela presença atuante do Espírito Santo. Como resultado de Sua vigorosa ação, a Igreja crescia e se multiplicava extraordinariamente. Milagres, sinais e maravilhas aconteciam, e o Reino de Deus era estabelecido no coração do homem.

Hoje, não somos mais uma igreja primitiva, como nos primórdios, mas o Espírito ainda continua responsável por vocacionar homens e mulheres a fim de continuar a obra de Jesus no resgate dos perdidos, no acolhimento dos necessitados e na expansão do corpo de Cristo.



.     PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO

2.1. Resistir obstinadamente ao Espírito Santo

Ao longo dos séculos, Israel se recusara a submeter-se a Deus e a obedecer às verdades por Ele reveladas. Seus ouvidos não escutavam a verdade, seu coração não recebia a verdade e seu pescoço não se curvava à verdade. Em decorrência disso, mataram o próprio Messias e, depois, ainda resistiram insistentemente contra o Espírito Santo.

A nação não quis aceitar a nova verdade que Deus vinha revelando ao longo das eras. Em vez de enxergar a verdade de Deus como uma semente que produz frutos e mais sementes, os lideres 'embalsamavam" a verdade e se recusavam a aceitar qualquer coisa nova. Quando Jesus veio ao mundo, a verdade de Deus estava incrustada de tantas tradições que o povo não conseguiu reconhecê-la quando esta lhe foi apresentada. As tradições mortas dos homens haviam substituído a verdade viva de Deus (Mt 15.1-20).

2.2. Mentir ao Espírito Santo

 O pecado de Manias e Safira foi instigado por Satanás (At 5.3), uma questão extremamente séria. Se Satanás não consegue derrotar a Igreja com ataques externos, infiltra-se em seu meio e trabalha em seu interior (At 20.28-31). Ele sabe como enganar a mente e o coração das pessoas, mesmo de cristãos sinceros, e sabe como manipulá-los a fim de que sigam suas ordens. Costumamos nos esquecer da admoestação de que a armadura espiritual foi escrita para o povo de Deus (Ef 6.10-18), não para incrédulos, pois são os cristãos que correm o perigo de ser usados por Satanás para realizar seus propósitos perversos.

O pecado do casal foi motivado pelo orgulho, algo que Deus considera particularmente abominável (Pv 8.13). Por certo, a igreja louvava ao Senhor pela oferta generosa de Barnabé quando Satanás sussurrou ao casal: "Vocês também podem desfrutar desse tipo de glória! Façam os outros pensarem que são tão espirituais quanto Barnabé!". Ao invés de resistirem às investidas de Satanás, Manias e Safira cederam ao inimigo e planejaram uma estratégia, mas o seu fim foi trágico (WIERSBE, Geo-gráfica, 2007a, p. 546,560).


Os fariseus também costumavam chamar a atenção para suas ofertas e recebiam o louvor de homens, mas essa seria sua única recompensa! Tudo o que possuímos foi dado por Deus; somos mordomos, não proprietários. Devemos usar o que Ele nos dá somente para Sua glória (fo 5.44).

2.3. Blasfemar contra o Espírito Santo
 A blasfêmia contra o Filho do Homem é perdoada, mas não a blasfêmia contra o Espírito Santo? O segredo parece estar no título Filho do Homem, que descreve Jesus ou o Messias em termos humanos; Ele era um homem. Alguém pode analisar quem era Jesus e concluir que Ele não passava de um ser humano. No entanto, se o Espírito Santo convencer alguém de que Jesus é mais do que um simples mortal, mas essa pessoa se recusar a aceitar o ministério do Espírito Santo, certamente não haverá perdão para ela (Mt 12.31,32). O pecado contra o Espírito Santo é chamado de blasfêmia porque indica que uma decisão final e irrevogável foi tomada.

O pecado que não é perdoado é a rejeição obstinada da obra do Espírito Santo em convencer-nos do perdão que Cristo nos oferece. Referindo-se especificamente aos lideres de Israel, Jesus ofereceu a todos eles as provas que estavam esperando — o ministério de João, o testemunho do Pai, as profecias do Antigo Testamento, Seu próprio testemunho e a autenticação do Espírito Santo. Mas, já que eles rejeitaram todas as evidências de que Jesus era o Messias, nada mais lhes seria concedido (FtADMACHER; ALLEN; HOU-SE, Central Gospel, 2010b, p. 42). 

2.4. Entristecer o Espírito Santo
 
Paulo apresenta alguns motivos pelos quais entristecemos o Espírito Santo. Em primeiro lugar, temos a amargura e a ira, elas entristecem o Espírito Santo. Ele habita dentro do cristão, e, quando o coração está cheio de amargura e de ira, o Espírito se entristece. Os que são pais têm uma ideia desse sentimento quando veem os filhos brigando em casa. O Espírito Santo encontra Sua maior alegria em um ambiente de amor, alegria e paz, pois esses são o fruto do Espírito que Ele produz em nossa vida quando lhe obedecemos. O Espírito Santo não pode nos deixar, pois nos selou até o dia em que Cristo voltará para nos levar ao nosso lar.

Em segundo lugar, nosso pecado entristece nosso Mestre, que morreu por nós. Em terceiro lugar, entristece a Deus Pai, que nos perdoou quando aceitamos a Cristo. Paulo identifica, de maneira específica, a causa fundamental da atitude amargurada: nossa incapacidade de perdoar. Um espírito rancoroso dá espaço ao trabalho do diabo e se torna um campo de batalha para os cristãos. Se alguém nos magoa, intencionalmente ou não, e não perdoamos essa pessoa, começamos a desenvolver uma amargura que endurece nosso coração. Devemos ter um coração terno e bondoso, mas, em vez disso, ficamos com o coração empedernido e amargurado (Ef 4.17-32).

Na verdade, não estamos magoando a pessoa que nos fe-riu, mas apenas a nós mesmos. A amargura no coração nos faz tratar os outros da mesma forma que Satanás os trata, quando deveríamos tratá-los como Deus nos tratou. Em Sua graça e bondade, Ele nos perdoou, e devemos perdoar os outros. Não perdoamos para nosso próprio bem (apesar de sermos abençoados nesse processo), nem para o bem dos outros, mas, sim, por amor a Jesus Cristo. Aprender a perdoar e a esquecer é um dos segredos da vida cristã feliz (WIERSBE, Geográfica, 2007b, p. 55).

 CONCLUSÃO

Nessa lição, consideramos a importância do Espírito Santo como fundador da Igreja e como Seu mantenedor. Além disso, vimos que os nossos pecados podem retirar nossa alegria e atrapalhar nosso relacionamento com Ele. Somos selados pelo sangue de Jesus, pela operação do Espírito Santo, e Ele tem o propósito de caminhar sempre conosco, sem nunca nos abandonar. Contudo, devemos tomar certos cuidados e evitar que a mentira, a soberba, a blasfêmia e o coração duro impeçam que a virtude do Espírito se manifeste em nós.

ATIVIDADES PARA FIXAÇÃO

 1. Cite alguns tipos de pecados, relatados na lição, que atentam contra a santidade do Espírito e atingem nosso relacionamento com Ele. R.: Resistir ao Espírito (At 7.51), mentir para o Espírito (At 5.9), entristecer o Espírito (Ef 4.30), apagar o Espírito (1 Ts 5.19), blasfemar contra o Espírito (Mt 12.31,32).

2. Por que o pecado contra o Espírito Santo é chamado de blasfêmia? R.: Porque indica que uma decisão final e irrevogável foi tomada. O pecado que não é perdoado é a rejeição obstinada da obra do Espírito Santo em convencer-nos do perdão que Cristo nos oferece.

                             Lições da Palavra de Deus PROFESSOR 61





 ANANIAS

Logo após a conversão de Saulo de Tarso, no caminho para Damasco, o Senhor providenciou algumas pessoas para serem Seus instrumentos na preparação do grande e profícuo ministério do futuro apóstolo. Uma dessas pessoas chamava-se Ananias, e o texto bíblico relata a maneira extraordinária como esse servo de Deus se deixou guiar pelo Espírito Santo, em seu contato com o recém-convertido Paulo:

Havia em Damasco um certo discípulo chamado Ananias. E disse-lhe o Senhor em visão: Ananias! E ele respondeu: Eis-me aqui, Senhor! E disse-lhe o Senhor: Levanta-te, e vai à rua chamada Direita, e pergunta em casa de Judas por um homem de Tarso chamado Saulo; pois eis que ele está orando [...] . E Ananias foi, e entrou na casa, e, impondo-lhe as mãos, disse: Irmão Saulo, o Senhor Jesus, que te apareceu no caminho por onde vinhas, me enviou, para que tornes a ver e sejas cheio do Espírito Santo. Atos 9.10,11,17

 E um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os judeus que ali moravam. Atos 22.12

O nome Ananias significa Yahweh é gracioso ou protegido de Yahweh. Acredita-se que seja um dos cristãos judeus que fugiram de Jerusalém depois da morte de Estêvão. Uma tradição posterior situa-o entre os 70 discípulos enviados por Jesus (Lc 10.1).

ANANIAS E SAFIRA

Em Atos 5, lê-se a triste história de um casal que perdeu a vida por haver tentado enganar os apóstolos. Ananias e Safira mentiram a Pedro, dizendo que estavam ofertando um dinheiro que correspondia ao valor total de uma propriedade que tinham vendido, mas o apóstolo declarou que eles estavam mentindo ao Espírito Santo: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? (At 5.3)

 Foi um exemplo forte de juízo divino exercido no início da Igreja, que suscitou um grande temor, não apenas no meio da comunidade cristã, mas também na sociedade que a rodeava.

A Igreja é exortada a afastar-se de toda forma de engano e a evitar cometer o pecado da mentira.

Em Estudos sobre o livro de Êxodo , disse C. H. Mackintosh:

 A Igreja era, e é ainda agora, morada de Deus; e é Ele quem deve governar e julgar no meio dela. Os homens podem reviver em união a concupiscência, a impostura e a hipocrisia; mas Deus não pode fazê-lo. Se quisermos que Deus ande conosco, devemos julgar os nossos caminhos, ou então Ele os julgará por nós [veja 1 Co 11.29-32] . (MACKINTOSH, 2001)

 O pecado do casal não foi ofertar a metade do valor, e sim declarar que a oferta consistia no valor total da venda da propriedade. A mentira foi motivada muito provavelmente pelo desejo de receber louvor humano.

APAGAR O ESPÍRITO

A expressão apagar o Espírito é usada pelo apóstolo Paulo em 1 Tessalonicenses 5.19. Em algumas versões, é usado o verbo extinguir. O Espírito Santo, nesse texto, é comparado ao fogo, que pode ser apagado, extinto, abafado, reprimido ou sufocado. Apagar o Espírito é tentar conter a voz e a ação do Espírito Santo dentro de um justo em particular ou de uma comunidade de servos de Deus. É tentar escapar da ação renovadora do Espírito Santo por se preferir a escravidão do mundo, do humanismo ou do materialismo.

O fogo do Espírito é apagado quando a Sua voz deixa de ser ouvida, os Seus ensinamentos deixam de ser postos em prática e o Seu convite deixa de ser aceito. Apagar o Espírito é desviar-se para a direita (o fanatismo) ou para a esquerda (a mornidão espiritual ou a incredulidade), abandonando o centro, ocupado pela pessoa de Cristo.

Para que o fogo do Espírito não seja apagado, convém manter a lenha bem arrumada, visto que sem lenha, o fogo se apagará (Pv 26.20). Toda cinza deve ser retirada. A tarefa de manter o fogo aceso não deve ser negligenciada.

BLASFÊMIA
CONTRA O ESPÍRITO SANTO
Blasfemar é um dos pecados contra o Espírito Santo. O fato de o Espírito Santo poder ser blasfemado é, por si só, uma prova de Sua divindade. Blasfêmia, apostasia, idolatria e rebelião são as mais terríveis formas de desonrar a Deus. Jesus declarou que a blasfêmia contra o Espírito Santo é um pecado imperdoável:
Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro. Mateus 12.31,32
A blasfêmia contra o Espírito caracteriza-se quando alguém atribui as operações de Cristo, produzidas pelo Espírito Santo, ao poder de Satanás (Mt 12.24). É um pecado que se aloja no coração da pessoa quando ela dá lugar primeiramente ao orgulho (Sl 73.9,11), depois ao ódio (Sl 74.18), e finalmente à injustiça (Is 52.5). Trata-se de um ato consciente, deliberado e abusivo contra o Espírito de Deus, que não pode ser cometido durante o período de ignorância espiritual (1 Tm 1.13) nem é fruto de simples fraqueza, senão de uma entrega a Satanás.
Vejamos uma definição desse pecado em Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal :
O pecado imperdoável é [...] a rejeição deliberada e derradeira da obra especial do Espírito Santo (Jo 16.7-11), que testemunha diretamente ao coração a respeito de Jesus como Senhor e Salvador, resultando na recusa total de crer. Por isso a blasfêmia contra o Espírito Santo não é uma indiscrição momentânea, mas uma disposição definitiva da vontade, embora as declarações de Jesus sugiram que possa manifestar-se num ato específico. Isto concorda com a avaliação de João de que os crentes não podem continuar pecando (1 Jo 3.6,9). A preocupação sincera indica que o pecado imperdoável não ocorreu. (HORTON, 1996)

Se alguém blasfemar contra o Pai, o Filho pode interceder. Se alguém blasfemar contra o Filho, o Espírito pode interceder. Mas quem intercederá no caso de blasfêmia contra o Espírito Santo? Quando alguém blasfema contra o Espírito Santo, afasta de si a única pessoa divina (o Espírito Santo) que poderia convencê-lo de tal pecado.
Pecados contra o Espírito Santo Resistir ao Espírito Santo Tentar ao
Espírito Santo


                                     Dicionário do espírito santo de Geziel Gomes 





                     Pecados contra o Espírito Santo

Os pecados contra o Espírito Santo afetam terrivelmente a santidade. Ele é o Espírito Santo; o Espírito que nos santifica. Ele é muito sensível; é tanto que é simbolizado pela pomba. O único pecado imperdoável só pode ser cometido contra Ele; não contra o Deus Pai, nem contra o Deus Filho. Isso deve nos servir de alerta quanto ao pecado!  

Há seis principais pecados contra o Espírito Santo; que consistem em palavras, atitudes e atos. Entre os pecados por palavras, acham-se as afrontas verbais e as blasfêmias. As atitudes e os atos constam da resistência ao Espírito, e da recusa contínua de se cumprir a vontade de Deus.

Resistir ao Espírito Santo. A resistência ao Espírito é o pecado inicial que se comete contra o Consolador (A t 7.51). È dizer “não” continuamente ao convite da salvação; recusar ouvir e ler a Palavra de Deus; recusar os impulsos interiores do Espírito Santo dentro de nós (orar, testemunhar, apartar-se do mal).

Resistir ao Espírito é também rebelar-se contra a autoridade divina (Is 63.10). Não só a direta, que é infreqüente na Bíblia: mas a autoridade divina indireta, isto é, delegada por Deus. Esta é a forma predileta de Deus governar entre os homens, através da família (autoridade social); do governo (autoridade civil); e da igreja (autoridade religiosa).

Esse pecado, cometido por incrédulos e crentes, consiste ainda em adiar a decisão de obedecer ao Senhor. È, em resumo, resistir à voz de Deus, de todas as formas. E, uma vez cometida essa ofensa, as demais parecerão de somenos importância, visto que o coração do ofensor, afetado terrivelmente pela iniqüidade, considerará o pecado algo comum e corriqueiro.

O pecado de resistir ao Espírito pode ser compreendido pelo modo como Estêvão concluiu seu sermão diante dos anciãos de Israel: “Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e ouvido, vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51).

 O pecado daqueles homens não era um ato isolado, mas contínuo: resistir “sempre” ao Espírito Santo.

Quem resiste ao Espírito Santo recusa, de forma consciente, a vontade divina expressa pela terceira Pessoa da Trindade, mediante a Palavra de Deus e por meio de seu trabalho em nossos corações. A palavra “resistir”, empregada por Estêvão, no original, vai além de uma mera resistência. Significa lutar contra; lutar com afoiteza.

O povo de Israel até hoje sofre as conseqüências de sua resistência contínua ao Espírito de Deus (I Ts 2.15,16). Os ouvintes de Estêvão “lutavam” contra o Espírito, empregando naquela peleja todas as suas forças (cf. Zc 7.12; Gn 6.3; Is 30.1; Ne 9.30; Ez 8.3,6). O povo de Deus fez isso por rebeldia contumaz, e o Espírito do Senhor voltou-se contra eles. Que relato terrível e condenatório (Is 63.10)! O leitor tem resistido ao Espírito Santo? Insultar ao Espírito Santo.

 Insultar ou agravar o Espírito Santo é um pecado que consiste em insultar, agravar, ultrajar a terceira Pessoa da Trindade. E rejeitar continuamente a Jesus — isso pode ser uma pessoa, uma família, uma comunidade, uma nação. É um pecado cometido por incrédulos e crentes.

 Acostumados com o culto levítico, e sob perseguição por causa do evangelho de Cristo, os cristãos de origem judaica começaram a deixar a igreja e a retornar ao judaísmo centrado no Templo em Jerusalém. Em Hebreus 10.29, eles são incisivamente exortados a não fazê-lo: “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?”

Aqueles irmãos cometeram três horrendos pecados: o de pisar o Filho de Deus; o de ter por comum o sangue da aliança; e o de agravar o Espírito Santo. Agravar, como aqui é empregado, é afrontar, ultrajar, debochar, zombar, injuriar, insultar com desdém.

 Quem ultraja ao Espírito rejeita a Palavra de Deus com menosprezo e zombaria, continuamente. Além disso, tem o sangue redentor de Jesus como coisa sem valor, sem importância; rejeita com desdém e escárnio as ofertas da graça de Deus. Essa recusa ultrajante se deve ao fato de o crente 'ou descrente) não valorizar (negligenciar) os dons graciosos de Deus: o dom da salvação; o dom do Espírito; os dons espirituais.

Tentar 0 Espírito Santo. E pecar conscientemente até quando o Espírito Santo suportar. È um pecado cometido também por incrédulos e crentes. Implica mentir ao Espírito (ora, Ele é a verdade: I Jo 5.6); enganar os servos de Deus como congregação, como corpo; e ser hipócrita. O hipócrita devia saber que o Espírito Santo sonda e conhece os corações.

Ananias e Safira cometeram esse pecado; mentiram ao Espírito; enganaram os servos de Deus; e quiseram mostrar-se melhores do que os outros, sem o serem, conforme lemos em Atos 5.1-10. ... Ananias, com Safira, sua mulher, vendeu uma propriedade e reteve parte do preço, sabendo-o também sua mulher; e, levando uma parte, a depositou aos pés dos apóstolos. Disse, então, Pedro:

 Ananias, por que encheu Satanás 0 teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a, não ficava para ti?E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus (...) Então, Pedro lhe disse [a Safira]: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar 0 Espírito do Senhor? (...) E logo caiu aos seus pés e expirou. E, entrando os jovens, acharam-na morta e a sepultaram junto de seu marido.

A mentira ao Espírito Santo está categoricamente exemplificada na passagem em que Pedro, pelo Espírito Santo, denuncia a mentira de Ananias e Safira: “Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” (At 5.3). Qual é o sentido da palavra “mentira” aqui? O termo original corresponde a contar uma falsidade como se fosse verdade. Ananias e Safira certamente ensaiaram essa mentira, como pode ser visto no versículo 9.

Quais são as implicações de se mentir ao Espírito Santo? Quem mente ao Espírito Santo, menospreza a sua deidade; Ele é Deus (vv.3,4). Como a terceira pessoa da Santíssima Trindade, Ele é onisciente, onipresente e onipotente. Isso significa que o Espírito Santo tudo sabe e tudo conhece. Logo, mentir e tentar o Espírito do Senhor (v.9), é testar a tolerância de Deus, isto é, pecar até enquanto Deus suportar, (cf. N m 14.22,23; D t 6.16; M t 4.7).

Entristecer 0 Espírito Santo. N a Epístola aos Efésios, exorta-nos Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção. Toda amargura, e ira, e cólera, e gritaria, e blasfêmias, e toda malícia seja tirada de entre vós” (E f 4.30,31).

O que é entristecer o Espírito Santo? O vocábulo original tem a ver com agravo, dor, aflição, angústia.

 Entristecer ao Espírito, um pecado cometido por incrédulos e crentes, consiste em fazer tudo aquilo que não agrada ao Espírito de Deus, como ser ingrato para com Deus; ser negligente na vida espiritual; ser esquecido das bênçãos divinas recebidas e das coisas de Deus em geral; ser rebelde, desobediente de modo contínuo para com Deus (cf. Is 63.10); ser mundano, o que implica infidelidade espiritual (Tg 4.5); e ser carnal (G1 5.16).

 O que pode entristecer o Espírito Santo? Mathew Henry responde: “Toda conversação maligna e corrupta, que estimule os desejos pecaminosos e a luxúria, contrista o Espírito Santo”. O Espírito Santo também é entristecido quando, desprezando a vontade divina, preferimos seguir nossos desejos e ambições; quando o cristão não reverencia a sua presença manifesta e ignora a sua voz; e quando o crente não busca a sua vontade e direção.

E importante considerar aqui os “nãos” divinos constantes de Efésios 4.26-30:

Irai-vos e não pequeis; não se ponha 0 sol sobre a vossa ira. Não deis lugar ao diabo. Aquele que furtava não furte mais; antes; trabalhe fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha 0 que repartir com 0 que tiver necessidade. Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. E não entristeçais 0 Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para 0 Dia da redenção.

 Muitos falsos ensinadores têm afirmado que não existem proibições para os crentes; os tais afirmam que é proibido proibir. Mas, como vemos na referência acima, a Palavra de Deus apresenta muitos “nãos”, como:
1) “Não pequeis”.
2) “Não se ponha o sol sobre a vossa ira”.
3) “Não deis lugar ao diabo”.
4) ” Não furte mais”.  
5) “Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe”.
 6) “Não entristeçais o Espírito Santo”.

O Decálogo também consiste de tremendos “nãos” divinos! Será que sabemos ensinar mais do que Deus, que usa “nãos”?

Apagar 0 Espírito Santo. Escrevendo aos crentes de Tessalônica, Paulo exortou-os: “Não extingais o Espírito” (I Ts 5.19). Como o Espírito Santo é comparado ao fogo, apagar ou extinguir o Espírito é abafar, reprimir, sufocar o calor e a luz provenientes dEle. E, pois, reprimir a voz do Espírito dentro de nós; opor-se à operação dEle em nosso meio; não se renovar espiritualmente; impedir a sua operação pelo mundanismo, materialismo e humanismo (Mc 4.19; Lc 8.14).

 Extinguir o Espírito Santo — um pecado cometido apenas por crentes — é ser fanático religioso; desviar-se para “a direita” (observe que, em Isaías 30.21, o primeiro tipo de desvio para o qual Deus chama atenção é para “a direita”); enfim, é não dar ouvido a Ele, até que a sua voz não seja mais ouvida:

Porém entendeste a tua benignidade sobre eles por muitos anos e protestaste contra eles pelo teu Espírito, pelo ministério dos teus profetas; porém eles não deram ouvidos; pelo que os entregaste na mão dos povos das terras {Ne 9.30).
Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra (Jo 8.43).

O termo traduzido por “extinguir”, referente ao Espírito Santo, tem o sentido colateral de apagar aos poucos uma chama, um fogo que está a arder. Portanto, extinguir o Espírito é agir de modo a impedir, suprimir ou limitar a manifestação do Espírito do Senhor. Quando perdemos o primeiro amor, extinguimos ou apagamos de nossas vidas o Espírito de Cristo (Ap 2.4).

Qual é o perigo de se extinguir o Espírito Santo? A extinção das operações do Espírito Santo na vida da igreja quando não é letal, a adoece e debilita, sem que ninguém o perceba. Mais tarde, resta somente a lembrança do passado quando o fogo do céu ardia. Sempre que for detectada a falta de operações do Espírito Santo em nosso meio, devemos clamar a Deus sem cessar por um avivamento espiritual. A extinção do Espírito Santo leva a igreja à mornidão espiritual (Ap 3.14-22).

O fogo é o grande agente purificador natural, assim como o Espírito Santo é o grande agente purificador divino. Sendo assim, arrume bem a lenha (ponha ordem na vida; coloque a “lenha” em ordem); limpe o local do fogo (tire de sua vida “cinza”, “areia”, “água”, “coisas estranhas”, como as doutrinas falsas); areje o fogo (sem ar fresco, bom, o fogo se apaga); alimente o fogo (com lenha boa [Pv 26.20], combustível bom, o que é caro; o fogo é sempre bom; a lenha às vezes é ruim); e mantenha o equilíbrio do fogo — isso requer “acendedores” e “apagadores” de “ouro puro” (Êx 25.38; 37.23).

Blasfêmia contra 0 Espírito Santo. Este pecado é cometido por incrédulos (M t 12.31,32; M c 8.28-30; Lv 2 4 .1 1-I4). Implica atribuir continuamente os atos divinos a Satanás (cf. M t 12.24). E a blasfêmia contínua, deliberada, consciente e abusiva contra o Espírito Santo. Trata-se de um “eterno pecado” (Mc 3.29 — cf. rodapé ARC).

O pecado em apreço não pode ser cometido por ignorância (I Tm I.I3 ); não é cometido mediante uma fraqueza isolada, impensada; torna-se imperdoável, não porque Deus não queira ou não possa perdoar, mas porque o pecador, através desse pecado, afasta para longe de si a única Pessoa, o Espírito Santo, que podia convencê-la do tal pecado.

Encontrava-se o Senhor Jesus numa sinagoga em Cafarnaum, a sua cidade, quando lhe trouxeram um endemoninhado cego e mudo. Jesus por sua compaixão libertou totalmente o homem possesso. Os fariseus alegaram que Ele operara tal milagre pelo poder do chefe dos demônios. Era o cúmulo do pecado deles contra o Espírito Santo (M t 12.24).

Jesus lhes disse: “Todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens. E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro” (M t 12.31,32; Mc 3.28-30; Lc 12.10).

Os adversários de Jesus blasfemavam contra Ele e o Espírito Santo, declarando consciente, proposital e seguidamente que Jesus operava milagres pelo poder de Satanás, o chefe dos demônios (M t 9.32-34; 12.22-24; Mc 3.22; Lc 11.14,15). Com essa blasfêmia, eles estavam rejeitando de modo deliberado o Espírito Santo que operava em Jesus, o Messias (M t 12.28; Lc 4.14-19; Jo 3.34; At 10.38).

A blasfêmia deliberada e consciente contra o Espírito Santo é imperdoável. O ser humano pode chegar a tal cegueira espiritual a ponto de blasfemar contra o Espírito. Ver M t 23.16, 17, 19, 24, 26.

A blasfêmia contra o Espírito de Deus é a conseqüência de pecado similares que a precedem, como:
1) Rebelar-se e resistir ao Espírito (Is 63.10; At 7.51).
2) Abafar e apagar o fogo interior do Espírito (I Ts 5.19; Gn 6.3; D t 29.18- 21; I Ts 4.4).
 3) O endurecimento total do coração — cauterização da consciência e cegueira total. Chegando o ser humano a este ponto, torna-se réprobo quanto à fé (2 Tm 3.8) e passa a chamar o mal de bem e o bem de mal (Is 5.20).

A blasfêmia contra o Espírito do Senhor é imperdoável porque sendo Ele o que nos convence do pecado, da justiça e do juízo (Jo 1 6 .7 -1 1), e, que intercede por nós (R m 8.26,27), é recusado, rejeitado e blasfemado (cf. I Sm 2.25). Isso porque a obra salvífica do Pai e a do Filho estão completas, mas a do Espírito Santo continua até que todos os salvos cheguem ao céu (Ap 22.11)!

Conclusão.

As igrejas somente poderão lograr bom êxito em qualidade e quantidade quando se mantiverem nos padrões da sã doutrina e revestidas do poder do Alto. De poder de baixo (humano, terreno) não temos falta, mas necessitamos sempre do poder do Alto, que põe a igreja em marcha (Lc 24.49).

È impensável um crente ou uma igreja sem o Espírito Santo. Não devemos cometer nenhum pecado contra Ele, a fim de que o mantenhamos conosco e em nós. Que o Senhor nos ajude a sermos sadios na fé, maduros no entendimento e zelosos na manutenção da chama do autêntico avivamento espiritual.

                                                  Teologia Sistemática Pentecostal
                                                                    ANTONIO GILBERTO



                Resultado de imagem para O Relacionamento com o Espírito Santo

               A Vida Cheia do Espírito - A. W. Tozer
Todo Cristão pode Receber um Derramamento Abundante do Espírito Santo

Enchei-vos do Espírito. Efésios 5.18

Que todo cristão pode e deve ser cheio do Espírito Santo dificilmente parece ser tema de um debate entre cristãos. No entanto, alguns argumentam que o Espírito Santo não é para simples cristãos, mas apenas para ministros e missionários. Outros sustentam que a porção do Espírito recebida na regeneração é idêntica àquela re­cebida pelos discípulos no Pentecostes e qual­quer esperança de uma plenitude adicional após a conversão simplesmente está baseada no erro. Alguns expressarão uma vaga espe­rança de que algum dia poderão ser cheios do Espírito, e ainda outros evitarão o assunto alegando que pouco sabem a respeito e que este tema só pode causar confusão.


Gostaria de afirmar com ousadia que te­nho a fé convicta de que todo cristão pode receber um derramamento abundante do Es­pírito Santo em uma porção muito além da­quela recebida na conversão, e também diria que esta seria muito além daquela desfrutada pela posição e lugar de destaque de alguns cristãos ortodoxos de hoje. É importante que entendamos bem esta verdade, pois enquan­to existirem dúvidas é impossível ter fé. Deus não surpreenderá um coração duvidoso com uma efusão do Espírito Santo, nem visitará alguém que tenha dúvidas doutrinárias sobre a possibilidade de ser cheio do Espírito.

Para cessar as dúvidas e criar uma ex­pectativa segura, recomendo um estudo re­verente da Palavra de Deus. Estou pronto para basear minha conjectura nos ensinos do Novo Testamento. Se um exame cuida­doso e modesto das palavras de Cristo e de Seus apóstolos não levar à convicção de que podemos ser cheios do Espírito Santo neste momento, então não vejo razão para pes­quisas em outra fonte, uma vez que pouco importa o que este ou aquele educador reli­gioso disse a favor ou contra esta proposição. Se a doutrina não é ensinada nas Escrituras, logo não pode ser sustentada por nenhum argumento, e todas as exortações a serem consideradas não têm valor.

Não apresentarei aqui um caso para a afir­mativa. Que aquele que tem dúvidas exa­mine a evidência por si mesmo, e se chegar à conclusão de que não há justificativa no Novo Testamento para crer que pode ser pleno do Espírito, que ele feche este livro e poupe-se do transtorno de continuar a lê-lo. O que digo daqui para frente diz respeito a homens e mulheres que superaram suas dúvidas e estão convictos de que, quando cumprem as condições, podem, de fato, ser cheios do Espírito Santo.

O Homem deve ter Certeza de que Deseja ser Cheio do Espírito

Antes de ser pleno do Espírito, o homem deve ter certeza de que deseja que isto aconteça. E esta questão deve ser levada a sério. Muitos cristãos querem ser cheios do Espírito, mas seu desejo é um tipo de sentimento român­tico e indistinto que dificilmente merece ser chamado de desejo. Eles quase não têm idéia do quanto lhes custaria se dar conta desta verdade.

Imagine que estamos conversando com uma pessoa que tem dúvidas, algum jovem cristão impulsivo, digamos, que nos procurou para aprender sobre a vida cheia do Espírito. Da maneira mais gentil possível, consideran­do a natureza intencional das perguntas, son­daríamos sua alma da seguinte forma: "Você tem certeza de que deseja ser cheio de um Espírito que, embora seja como Jesus em Sua bondade e amor, pedirá que seja Senhor de sua vida? Você está disposto a deixar que sua personalidade seja controlada por outra, mesmo que esta seja o Espírito do próprio Deus? Se assumir o controle de sua vida, o Espírito esperará uma obediência incondi­cional em tudo. Ele não tolerará em você os pecados do ego mesmo que estes sejam permitidos e perdoados pela maioria dos cris­tãos. Quando digo pecados do ego refiro-me a amor-próprio, autocomiseração, egoísmo, autoconfiança, farisaísmo, auto-exaltação, autodefesa. Você descobrirá que o Espírito faz firme oposição às maneiras fáceis do mundo e da massa heterogênea que estão dentro dos limites da religião. Ele terá ciúmes de você para seu próprio bem. Jamais permitirá que você se comporte com ostentação, vangló­ria ou exibicionismo. Colocará o controle de sua vida longe de seu alcance. Fará com que os justos o provem, o disciplinem, o casti­guem por amor à sua alma. Poderá privá-lo de muitos daqueles prazeres incertos que outros cristãos desfrutam, mas que lhe são uma fonte de mal requintado. Por tudo isso, Ele irá envolvê-lo em um amor tão imenso, tão poderoso, tão abrangente, tão maravi­lhoso que suas perdas parecerão ganhos, e suas pequenas dores, alegrias. Contudo, a carne protestará sob o fardo do Espírito e irá censurá-lo como um jugo muito pesado para ser carregado. E você terá permissão para desfrutar do solene privilégio de sofrer para encher-se daquilo que está por trás das aflições de Cristo em sua carne por amor do corpo de Cristo, que é a Igreja. Diante dessas condições, você ainda quer ser cheio do Espírito Santo?" Se isso parecer sério, lembremo-nos de que o caminho da cruz nunca é fácil. O bri­lho e a fascinação que acompanham os mo­vimentos religiosos populares são tão falsos quanto o resplendor nas asas do anjo das trevas quando ele, por um instante, se trans­forma em anjo de luz. A timidez espiritual que teme mostrar a cruz em seu verdadeiro caráter não deve ser justificada sob nenhuma razão. Ela pode resultar apenas em frustração e tragédia no final.

O Desejo de ser Cheio do Espírito deve ser Extremamente Profundo

Antes que sejamos cheios do Espírito, o dese­jo de ser cheio deve ser extremamente profundo. Deve ser, por ora, a coisa mais importante da vida, tão intensa, a ponto de impedir a entrada de qualquer outra coisa. O grau de plenitude em qualquer ser concorda perfei­tamente com a intensidade do verdadeiro desejo. Temos tanto de Deus quanto, na verdade, gostaríamos de ter. Um dos maio­res impedimentos para uma vida cheia do Espírito é a teologia da complacência tão amplamente aceita entre os evangélicos dos nossos dias. De acordo com esta visão, o desejo intenso é uma evidência de incredu­lidade e prova da falta de conhecimento das Escrituras. Uma refutação suficiente desta posição é fornecida pela própria Palavra de Deus e pelo fato de que ela sempre deixa de produzir a verdadeira santidade entre aqueles que a defendem.

Portanto, duvido que uma pessoa que já recebeu aquela inspiração divina com a qual nos preocupamos aqui não tenha primeiro ex­perimentado um momento de profunda ansiedade e agitação interior. O contentamento religioso sempre é o inimigo da vida espiritual. As bio­grafias dos santos ensinam que o caminho para a grandeza espiritual sempre foi por meio de muito sofrimento e dor no íntimo. A fra­se "o caminho da cruz", embora apareça em determinados grupos com o sentido de algo muito belo e até agradável, ainda significa para o verdadeiro cristão o que sempre significou: o caminho da rejeição e da perda. Ninguém jamais gostou de uma cruz, assim como nin­guém jamais gostou de uma forca. O cristão que está à procura de coisas melhores e que, para seu temor, se viu em um estado de total desespero consigo mesmo não precisa se sentir desanimado. O desespe­ro com o ego, quando acompanhado da fé, é um bom aliado, pois destrói um dos inimigos mais poderosos do coração e prepara a alma para a ministração do Consolador. Uma sen­sação de completo vazio, de frustração e de trevas pode (se estivermos atentos e cientes do que está acontecendo) ser o fantasma no vale das sombras que leva àqueles campos frutíferos ao longe. Se não entendermos bem este princípio e resistirmos a esta visitação de Deus, podemos perder por completo todos os benefícios que um Pai celeste e bondoso tem em mente para nós. Se cooperarmos com Deus, Ele levará os auxílios naturais que nos serviram, como a figura da mãe ou de uma enfermeira, por tanto tempo e nos colocará em um lugar onde não poderemos receber outra ajuda senão a do próprio Con­solador. Ele arrancará aquela coisa falsa que os chineses chamam de "face" e nos mostra­rá o quanto arduamente somos realmente pequenos. Quando tiver acabado Sua obra em nós, saberemos o que nosso Senhor quis dizer quando disse: "Bem-aventurados os hu­mildes de espírito" (Mt 5.3).

Não se esqueça, no entanto, de que nestas disciplinas árduas não seremos abandonados pelo nosso Deus. Ele nunca nos deixará nem nos desamparará, nem ficará irado conosco nem nos reprovará. Não quebrará Sua aliança nem mudará as palavras que saíram de Seus lábios. Ele nos guardará como a menina de Seus olhos e zelará por nós como uma mãe a cuidar de seu filho. Seu amor não falhará ainda que esteja nos conduzindo a esta expe­riência tão real e tão terrível de crucificação do nosso ego, de modo que só podemos expressá-la por meio do pranto: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" (Sl 22.1; Mt 27.46).

O Valor da Experiência de Privação

Neste momento, procuremos manter nossa teologia neste sentido no que diz respeito a tudo isso. Não há nesta difícil privação um remoto pensamento de mérito humano.

A "noite escura da alma" não conhece um raio turvo da luz enganosa do farisaísmo. Não merecemos a unção que anelamos por meio do sofrimento, nem esta devastação da alma faz com que sejamos pessoas estimadas por Deus nem nos dá outro favor aos Seus olhos. O valor da experiência de privação está em seu poder de nos desvincular dos interesses passageiros da vida e nos lançar de volta à eternidade. Serve para esvaziar nossos vasos terrenos e preparar-nos para o infundir do Espírito Santo.

O encher-se do Espírito, portanto, exige que abramos mão do nosso ser como um todo, que nos submetamos a uma morte in­terior, que libertemos nosso coração daquele refugo adâmico que se acumulou ao longo dos séculos e abramos todos os compartimen­tos do nosso ser para o Convidado celestial.

O Espírito Santo é uma Pessoa viva e deve ser tratado como tal. Nunca devemos pensar Nele como uma energia cega nem como uma força impessoal. Ele ouve, vê e sente como qualquer outra pessoa. Ele fala e ouve quando falamos. Podemos agradar-Lhe, entristecê-Lo ou calá-Lo como podemos fazê-lo com qualquer outra pessoa. Ele responderá ao nosso tímido esforço por conhecê-Lo e virá ao nos­so encontro no meio do caminho.

Por mais maravilhosa que seja esta expe­riência ou a crise de ser cheio do Espírito, devemos nos lembrar de que isso é apenas um meio para alcançarmos algo maior: que é o andar no Espírito durante uma vida, sen­do habitado, dirigido, ensinado e fortalecido por Sua poderosa Pessoa. E para continuar, portanto, a andar no Espírito é preciso que, cumpramos certas condições. Estas nos são apresentadas nas Sagradas Escrituras e estão descritas ali para que todos vejam.

Uma Vida Cheia do Espírito

O andar cheio do Espírito requer, por exem­plo, que vivamos de acordo com a Palavra de Deus como um peixe que vive no mar. Com isso não quero dizer que devemos simples­mente estudar a Bíblia, nem que façamos um "curso" sobre a doutrina bíblica. Quero dizer que devemos "meditar de dia e de noite" na Santa Palavra, que devemos amá-la, nos deleitar com ela e digeri-la o tempo todo. Quando as atividades da vida exigem nossa atenção, podemos, todavia, com um tipo de reflexão abençoada, manter sempre a Palavra da Verdade na nossa mente.

Portanto, se agradamos o Espírito que habita em nós, todos devemos ter um bom relaciona­mento com Cristo. A obra presente do Espírito é honrar a Cristo, e tudo que Ele faz tem esta tarefa como seu principal propósito. Devemos fazer com que nossos pensamentos sejam um santuário limpo para Sua santa habitação. Ele habita em nossos pensamentos, e pensamentos desonrosos Lhe são tão repulsivos quanto uma veste suja para um rei. Sobretudo, devemos ter a disposição de fé que continuará firme por mais radical que possa ser a instabilidade de nossos estados emocionais.

A vida em que o Espírito habita não é uma edição de luxo do cristianismo que deve ser desfrutada por determinados cris­tãos extraordinários e privilegiados que, por acaso, são melhores e mais sensíveis do que o restante. Ao contrário, é o estado normal para todo homem e mulher remido em todo o mundo. E "o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos; aos quais  Deus quis dar a conhecer qual seja a riqueza da glória deste mistério entre os gentios, isto é, Cristo em vós, a esperança da glória" (Cl 1.26-27). Faber, em um de seus belos e re­verentes hinos, dedicou estas maravilhosas palavras ao Espírito Santo:

Oceano, imenso Oceano que flui, Tu és

Do Amor que não teve princípio;

Estremeço em minha alma

Sinto o mover de Tuas águas.

Tu és um mar sem praia;

Tremendo e infinito Tu és;

Um mar que pode se limitar

Dentro do meu pequeno coração.


Fonte: Livro: Cinco votos para obter poder espiritual





   A igreja sob ataque (At 4.32— 5.42)

A igreja recebe o poder do Espírito Santo e ao mesmo tempo provoca a fúria de Satanás. Ganha o favor de Deus e ao mesmo tempo a oposição do mundo. Três foram as tentativas de paralisar a igreja. A primeira foi a perseguição (At 4), o ataque de fora para dentro. A segunda foi a infiltração (At 5), o ataque de dentro para fora. A terceira foi a distração (At 6), a perda das prioridades. Os apóstolos enfrentaram esses três ataques com oração e intrépido testemunho da Palavra.

O texto em apreço nos oferece um profundo contraste entre a atitude de Barnabé e a conduta de Ananias e Safira. Todos eram membros da igreja. Todos venderam uma propriedade, levaram os valores e depositaram aos pés dos apóstolos. A diferença entre eles era a motivação. Barnabé foi inspirado pelo amor; Ananias e Safira, pelo egoísmo. Barnabé ofertou para a glória de Deus; Ananias e Safira, para sua própria glória. Barnabé foi inspirado pelo Espírito Santo; Ananias e Safira, por Satanás.

 Vamos analisar o texto e extrair algumas preciosas lições.

O testemunho altruísta da igreja (4.32-37)

 A plenitude do Espírito (4.31) manifesta-se através da unidade espiritual e do amor solidário. John Stott diz que a plenitude do Espírito se evidencia tanto nos atos como nas palavras, tanto no serviço como no testemunho, tanto no amor pela família como na proclamação ao mundo.139 O fato de Pedro e João terem sido presos, interrogados e ameaçados não afetou, de maneira alguma, a vida espiritual da igreja, pois ela continuava unida (4.32), com grande poder (4.33) e multiplicando-se (4.32).140

Destacamos aqui três verdades preciosas.

Em primeiro lugar, o amor traduzido em ação (4.32, 34,35). Lucas relata esse fato, como segue: Da multidão dos que creram era um o coração e a alma. Ninguém considerava exclusivamente sua nem uma das coisas que possuía; tudo, porém, lhes era comum [...]. Pois nenhum necessitado havia entre eles, porquanto os que possuíam terras ou casas, vendendo-as, traziam os valores correspondentes e depositavam aos pés dos apóstolos; então, se distribuía a qualquer um à medida que alguém tinha necessidade (4.32,34,35). Crentes cheios do Espírito têm o coração aberto e o bolso também. O amor não consiste naquilo que falamos, mas no que fazemos. A comunhão passa pelo compartilhar. A unidade da igreja transformou-se em solidariedade. Pessoas eram mais importantes do que coisas, pois os crentes adoravam a Deus, amavam as pessoas e usavam as coisas. J

ohn Stott destaca que a venda de propriedades era voluntária e esporádica, à medida que surgia a necessidade de dinheiro.141 Adolf Pohl diz que aqui não se ensaiava um novo modelo social nem se definia um novo “conceito de propriedade”.142 William Barclay é claro nesse ponto: “A sociedade chega a ser verdadeiramente cristã não quando a lei nos obriga a repartir, mas quando o coração nos move a fazê-lo”.143

O reformador João Calvino, já no século XVI, ao analisar o texto em questão, escreve de forma vívida: Seria preciso que tivéssemos corações mais duros do que o aço para não sermos tocados pela leitura desta narrativa. Naqueles dias os crentes davam abundantemente daquilo que era deles; hoje, não nos contentamos em guardar egoisticamente aquilo que é nosso, mas, insensíveis, queremos roubar os outros. Eles vendiam os seus próprios bens naqueles dias; hoje, é o desejo de possuir que reina supremo. Naquele tempo, o amor fez com que a propriedade de cada homem se tornasse a propriedade comum para todos os necessitados; hoje, a desumanidade de muitos é tão grande que de má vontade concedem que o pobre more nesta terra e desfrute a água, o ar e o céu juntamente com eles.*

Em segundo lugar, a pregação revestida de poder {A. 33). Com grande poder, os apóstolos davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus, e em todos eles havia abundante graça. A igreja pediu poder para anunciar a palavra com intrepidez (4.31) e Deus respondeu à oração, pois os apóstolos, com grande poder, dão testemunho da ressurreição (4.33). Não há pregação eficaz sem poder. Martyn Lloyd-Jones diz que pregação é lógica em fogo. O apóstolo Paulo instrui que a pregação deve ser feita no poder e na demonstração do Espírito (ICo 2.4; lTs 1.5).


Em terceiro lugar, o altruísmo exemplificado (4.36,37). José, a quem os apóstolos deram o sobrenome de Barnabé, que quer dizer filho de exortação, levita, natural de Chipre, como tivesse um campo, vendendo-o, trouxe o preço e o depositou aos pés dos apóstolos. Barnabé era um homem bom. Sempre investiu na vida das pessoas. Sempre esteve envolvido em importantes serviços para a igreja (9.27; 11.22-26,29,30; 13.1-3; 14.12,20,27,28; 15.2). Aqui ele abre mão de uma propriedade para assistir os necessitados da igreja. Mais tarde, ele investe na vida de Saulo. Depois, investe na vida de João Marcos. Sua motivação é ajudar as pessoas e demonstrar a elas o amor de Cristo. Sua fé era demonstrada por obras. Ao ver a necessidade de outros irmãos, Barnabé vende um campo e entrega o dinheiro aos apóstolos para suprir essas necessidades. Seu amor não era apenas de palavras, mas demonstrado por meio de obras.


A hipocrisia maligna na igreja (5.1-11)
 A igreja sob ataque

O gesto de desprendimento de Barnabé despertou a admiração dos crentes. No meio daquele entusiasmo, Ananias e Safira, membros da igreja de Jerusalém, cobiçaram a mesma honra. Adolf Pohl alerta para o fato de que a invasão de Satanás no espaço da igreja acontece sempre que qualquer comunhão devota corre perigo. Ao doar, orar e jejuar, muito facilmente desviamos o olhar de Deus e focamos os aplausos das pessoas. Essa é a hipocrisia sutil que ameaça permanentemente nossa vida de fé. Em Mateus 6.1-6,16-18 Jesus mostra esse perigo. Será que essa hipocrisia, desmascarada por Jesus, dos devotos de seu povo, e explicada com a terrível metáfora dos sepulcros caiados (Mt 23.27), também se repetirá em sua própria igreja, infligindo-lhe uma ferida mortal? E a partir dessa questão decisiva que precisamos ler o relato sobre Ananias e Safira, compreendendo assim o juízo aterrador que Deus executou naquela ocasião.144

Até ali tudo tinha sido glorioso na vida da igreja, mas Satanás estava furioso e armava um estratagema. Como não conseguiu destruir a igreja de fora para dentro, por meio da perseguição, agora se infiltra na igreja para atacá-la de dentro para fora, por meio da hipocrisia. Como Satanás não conseguiu destruir o trigo, semeou o joio. O adversário que de fora combatia a igreja nascente, agora, conseguira infiltrar-se no coração de um de seus membros. Alguns estudiosos fazem um paralelo entre o pecado de Ananias e o pecado de Acã, pois em ambas as narrativas uma mentira interrompe o progresso vitorioso do povo de Deus.145

Destacamos aqui alguns pontos importantes.

 Em primeiro lugar, a hipocrisia disfarçada (5.1,2). Entretanto, certo homem, chamado Ananias, com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade, mas, em acordo com sua mulher, reteve parte do preço e, levando o restante, depositou-o aos pés dos apóstolos. Ananias e Safira não eram pessoas desclassificadas. Eram membros da igreja. Foram batizados. Viviam junto com os outros irmãos, cantavam e oravam. Falavam a mesma linguagem da fé. Externamente eram crentes maravilhosos. O exemplo de desprendimento de Barnabé os fascinou. Tiveram o ímpeto de imitá-lo, mas tentaram jeitosamente o meio-termo. A dádiva deles não era produzida pelo amor. O amor deles era falso. Estavam cheios de egoísmo. Buscavam louvores dos homens e reconhecimento por parte das pessoas. Ananias e Safira estavam mancomunados na mentira. Queriam glórias pessoais. Eram hipócritas e falsos filantropos. A hipocrisia é a dissimulação deliberada, a tentativa de fazer com que as pessoas acreditem que somos mais espirituais do que na realidade somos. O nome Ananias significa “Deus é cheio de graça”, mas Ananias descobriu que Deus também é santo. Safira quer dizer “bela”, mas o pecado tornou seu coração repulsivo.146

O verbo reteve é idêntico àquele que se empregou para descrever a ação de Acã em reter parte dos despojos de Jericó, que deveriam ser entregues à casa do Senhor ou destruídos (Js 7.1).147

Em segundo lugar, a hipocrisia desmascarada (5.3,4). Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois, assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos homens, mas a Deus. Satanás havia derramado suas sugestões malignas no coração de Ananias e Safira. O casal, em vez de resistir ao diabo, deu guarida às suas propostas. Caíram na sua armadilha e resolveram hipocritamente mentir ao Espírito Santo e enganar a igreja. Adolf Pohl dá o seu brado de alerta: “Que fato horrível: um coração anteriormente repleto do Espírito Santo de Deus agora está cheio de Satanás! Isso é possível. Não temos direito a qualquer atitude autoconfiante”.148

Ananias cometeu um pecado ainda mais grave do que mentir ao Espírito Santo (5.3). Literalmente este texto diz: “Ananias, como é que Satanás encheu o teu coração para fialsificar o Espírito Santo?”. O pecado dele não foi apenas mentir ao Espírito Santo, mas tentar falsificar o Espírito Santo, buscando representar sua fraudulenta ação como divinamente inspirada. Assim, ele procurou fazer com que o Espírito Santo participasse do seu horrendo crime. Ananias não teria cometido nenhum pecado se não vendesse sua propriedade; ou se vendesse e não desse nada ou só a metade. Seu pecado foi dar parte, dizendo que estava dando tudo. Seu pecado foi mentir ao Espírito e enganar a igreja. Por trás da hipocrisia de Ananias estava a atividade sutil de Satanás. O perverso inimigo que já havia atacado a igreja através da perseguição, agora a ataca sedutoramente por meio da corrupção.

Quando Pedro declarou que Ananias reteve parte do dinheiro, emprega o verbo nosphizomai, que significa “apropriar-se indevidamente”. A mesma palavra foi usada na Septuaginta em relação ao roubo de Acã e, na única outra ocorrência no Novo Testamento (Tt 2.10), esse verbo significa “roubar”. Devemos pressupor, portanto, que, antes da venda, Ananias e Safira assumiram algum tipo de compromisso no sentido de darem à igreja todo o dinheiro. Por causa disso, quando entregaram apenas parte do valor, em vez de tudo, tornaram-se culpados de apropriação indébita.149

John Stott diz que o problema de Ananias e Safira foi falta de integridade. Eles não eram apenas avarentos, mas também ladrões e mentirosos. Queriam o crédito e o prestígio da generosidade sacrificial, sem terem de arcar com as inconveniências. Assim, a motivação do casal, ao dar, não era aliviar os pobres, mas inflar o próprio ego.150

 Em terceiro lugar, a hipocrisia condenada (5.5,6). Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes. Levantando-se os moços, cobriram-lhe o corpo e, levando-o, o sepultaram. O pecado escondido torna-se revelado, e o pecado revelado torna-se julgado. A hipocrisia desmascarada é condenada. O pecado, embora oculto, produz derrota e gera morte. Tivesse Satanás logrado êxito e se infiltrado na igreja com o fermento da hipocrisia de Ananias, o vigor do cristianismo estaria abalado. Deus extirpou a hipocrisia da igreja e tratou de forma radical com Ananias para preservar sua igreja. Como consequência, sobreveio grande temor a todos os ouvintes. E para isso que servem os juízos de Deus.151 Jesus certa feita mostrou o final trágico da hipocrisia quando condenou a figueira cheia de folhas, mas sem frutos. Jesus mostra que o fim da hipocrisia é a morte.

Warren Wiersbe destaca que o Senhor julga o pecado com severidade no início de um novo período na história da salvação. Logo depois que o tabernáculo foi erguido, Deus matou Nadabe e Abiú por tentarem apresentar fogo estranho ao Senhor (Lv 10). Também providenciou a execução de Acã por desobedecer a ordens depois que Israel havia entrado na Terra Prometida (Js 7). Apesar de Deus certamente não ser responsável pelos pecados dessas pessoas, usou esses julgamentos como advertência a seu povo, inclusive a nós (lC o 10.11,12).152


Em quarto lugar, a hipocrisia combinada (5.7-10). Lucas assim relata o episódio: Quase três horas depois, entrou a mulher de Ananias, não sabendo o que ocorrera. Então, Pedro, dirigindo-se a ela, perguntou-lhe: Dize-me, vendestes por tanto aquela terra? Ela respondeu: Sim, por tanto. Tornou- -Ihe Pedro: Por que entrastes em acordo para tentar o Espírito do Senhor? Eis a í à porta os pés dos que sepultaram o teu marido, e eles também te levarão. No mesmo instante, caiu ela aos pés de Pedro e expirou. Entrando os moços, acharam-na morta e, levando-a, sepultaram-na junto do marido (5.7-10)

Ananias e Safira fizeram um pacto de mentira. Entraram em comum acordo não só para mentir ao Espírito Santo (5.3), mas também para tentar o Espírito do Senhor (5.9). O pecado deles foi planejado. Eles deliberaram agir de forma hipócrita. Houve uma aliança para o mal. Por isso, o juízo de Deus se repete em Safira.

 Em quinto lugar, a hipocrisia derrotada (5.11). E sobreveio grande temor a toda a igreja e a todos quantos ouviram a notícia destes acontecimentos. Ananias e Safira foram desmascarados. Eles amaram o dinheiro e o prestígio pessoal e perderam todos os seus bens e a própria vida. Com a hipocrisia desse casal, Satanás intentou destruir a igreja, mas Deus resolveu preservar a igreja e destruir os hipócritas.

É importante destacar que é nesta narrativa que a palavra igreja aparece pela primeira vez em Atos. Jesus prometeu edificar a sua igreja e garantiu que as portas do inferno não prevaleceriam contra ela. Na morte de Ananias e Safira há, sem dúvida, um ato de julgamento de Deus. Ananias e Safira perderam-se para sempre, ou, à semelhança do caso de Corinto, houve apenas a destruição da carne a fim de que o espírito seja salvo no dia do Senhor? Somente Deus o sabe. Entretanto, o apóstolo Paulo nos adverte: O Senhor conhece os que lhe pertencem e acrescenta: Aparte-se da injustiça todo aquele que professa o nome do Senhor (2Tm 2.19).

                            Atos: a ação do Espírito Santo na vida da igreja

                              Hernandes Dias Lopes






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