TEXTO BÍBLICO BASE
Admoesta-os
a que se sujeitem aos principados e potestades, que lhes obedeçam, e estejam
preparados para toda a boa obra;
Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.
Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.
Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,
Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,
Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador;
Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.
É
preciso muito mais que isso para ser cheio da presença do Espírito de Deus. Não
basta falar em línguas estranhas ou frequentar os cultos semanalmente. O Senhor
espera mais de cada um de nós para revestir-nos com Seu poder. Ele deseja que
nos tornemos semelhantes a Cristo em nossa maneira de pensar, sentir, falar e
agir. Esse é um processo contínuo, um exercício diário, que visa à santificação
e ao crescimento espiritual.
Uma das
maneiras mais fáceis de falarmos com Deus é por meio da oração. No entanto,
embora essa seja uma atitude simples, há momentos em que o Espírito Santo
desempenha um papel fundamental nisso, intercedendo por nós até com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26). Então, além de nos convencer do pecado, da justiça e do
juízo, Ele também nos conduz a Deus quando não sabemos expressar a nossa real
necessidade ou quando nossa "nebulosidade espiritual", em determinado
momento, não nos permite identificar do que realmente necessitamos de Deus.
Que a ninguém infamem, nem sejam contenciosos, mas modestos, mostrando toda a mansidão para com todos os homens.
Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros.
Mas quando apareceu a benignidade e amor de Deus, nosso Salvador, para com os homens,
Não pelas obras de justiça que houvéssemos feito, mas segundo a sua misericórdia, nos salvou pela lavagem da regeneração e da renovação do Espírito Santo,
Que abundantemente ele derramou sobre nós por Jesus Cristo nosso Salvador;
Para que, sendo justificados pela sua graça, sejamos feitos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.
TEXTO ÁUREO
No princípio criou Deus o céu e a terra.
E a terra era sem forma e vazia;
E a terra era sem forma e vazia;
e havia trevas sobre a face do abismo;
e o Espírito de Deus se movia
OBJETIVOS
Ao término do estudo bíblico, o
aluno deverá ser capaz de:
• reconhecer quem é o Espírito
Santo nas Escrituras;
• apontar a Sua presença em alguns textos do
Antigo Testamento;
• apontar a Sua presença em
alguns textos do Novo Testamento;
• compreender que o Espírito Santo está na
Trindade e, portanto, também merece o nosso temor e nossa adoração. Ele é Deus.
ORIENTAÇÕES PEDAGÓGICAS
Caro professor, no modelo
evangélico, o educando é orientado a experimentar um encontro pessoal com Deus
por intermédio de Jesus e a ter sua vida transformada e dirigida pelo Espírito
Santo. O educador deve colocar-se como o instrumento nas mãos do Senhor para:
1) ter uma vida progressivamente transformada; 2) tornar-se um instrumento nas
mãos de Deus para trazer mudança ao educando; 3) desenvolver seu potencial e
suas habilidades de modo a oferecer seu serviço em prol do crescimento e
expansão do Reino (Extraído de: CHAVES, G. V. Educação Cristã — Uma Jornada
Para Toda Vida. Rio de Janeiro: Central Gospel, 2012, p. 15).
Boa aula!
COMENTÁRIO
Palavra Introdutória
A formulação de doutrinas
e a consolidação do consenso cristão sobre o Espírito Santo não aconteceram
repentinamente. No decorrer do nosso estudo, observaremos que, desde o Antigo
Testamento até momentos antes do Pentecostes, os ensinos e as revelações acerca
do Consolador também não haviam se dado plenamente.
O discernimento que temos hoje supera em muito
o conhecimento que os judeus do passado e os cristãos do primeiro século tinham
da pessoa do Espírito Santo, porque muitos estudiosos se lançaram no
aprendizado desse assunto e desenvolveram maravilhosas reflexões e doutrinas
sobre o tema.
A
Pneumatologia é a doutrina que investiga, formula e sistematiza todo o
conhecimento a respeito do Espírito Santo, bem como de Suas ações, Suas obras, Seu caráter e de
Sua relação com a Igreja e com os cristãos individualmente. Essa palavra, de
origem grega, reúne dois termos em um só: pneuma (que significa vento, usado
para identificar o Espírito Santo nas Escrituras) e logia (que significa estudo
ou tratado). Então, pneumatología significa estudo (doutrina) do Espírito Santo.
Nesta lição, faremos uma introdução a essa
importante disciplina que interessa a todo cristão, independentemente de sua
orientação teológica, doutrinária ou denominacional.
1. O ESPIRITO SANTO É REAL
O Espírito Santo não é uma invenção nem é uma ilusão. Ele não é
uma força impessoal nem é um "modo de falar de Deus". Não! Ele é Deus
e tem atributos próprios que o distinguem como uma pessoa com uma missão:
Todavia, digo-vos a verdade: que vos convém que eu vá, porque, se eu não for, o
Consolador não virá a vós; mas, se eu for, enviar-vo-lo-ei. E, quando ele vier,
convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo (lo 16.7,8).
1.1.Um
integrante da Trindade A natureza da terceira pessoa da Trindade é identificada
pela palavra Espírito. Em algumas passagens das Escrituras, o Espírito Santo é
chamado simplificadamente de Espírito, que pode significar sopro, ar e vento
(Mc 1.10; Ef 5.18). Ele é um ser divino, participante da Trindade, juntamente
com o Pai e Jesus. Os três são um só Deus, que opera de formas distintas: há um só corpo e
um só Espirito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa
vocação; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, o
qual é sobre todos, e por todos, e em todos (Ef. 4.4-6).
1.2.
O
Espírito que possui características de uma pessoa
O
Espírito Santo possui as características de uma pessoa, com intelecto (Rm
8.16,27), sensibilidade (Ef 4.30) e vontade (1 Co 12.11). Além disso, Ele também realiza ações específicas de uma pessoa: da
inspira as profecias (2 Pe 1.21), revela as verdades divinas (1 Co 2.10), convoca
os obreiros para o serviço (At 13.2), comunica-se com a igreja local (Ap 2.7),
testifica (Jo 15.26), intercede (Rm 8.26), guia (Jo 16.13) e ensina (Jo 14.26).
1:1
O AGENTE QUE PREENCHE, APROXIMA E CONDUZ
Todos os dias somos chamados a despir-nos dos velhos hábitos e a
assumir a posição de novas criaturas, de filhos de Deus, tendo Jesus como
referencial. Contudo, não podemos fazer isso pelo nosso próprio conhecimento ou
poder. Dependemos do agir do Espírito Santo para alcançar este propósito.
Podemos escolher diversas maneiras para viver,
mas a melhor delas é viver de forma abundante pelo poder de Deus. E o segredo
para alcançar esta bênção está na admoestação do apóstolo Paulo, feita em
Efésios 5.18: E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do Espírito.
É
preciso muito mais que isso para ser cheio da presença do Espírito de Deus. Não
basta falar em línguas estranhas ou frequentar os cultos semanalmente. O Senhor
espera mais de cada um de nós para revestir-nos com Seu poder. Ele deseja que
nos tornemos semelhantes a Cristo em nossa maneira de pensar, sentir, falar e
agir. Esse é um processo contínuo, um exercício diário, que visa à santificação
e ao crescimento espiritual.
Assim como a pessoa embriagada com vinho está sob o efeito do
álcool, o cristão cheio do Espírito é controlado pelo Espírito Santo.
Enchei-vos: encher-se indica uma ação que vai além de receber o selo do
Espírito Santo (Ef 1.13). Selar é uma ação feita por Deus no momento de nosso
novo nascimento. O tempo e o modo do verbo grego traduzido como enchei-vos
[imperativo afirmativo] indica que a ação no presente de encher-se pode ser
repetida, acontecendo em vários momentos. É algo que Paulo ordena que os
cristãos de Éfeso façam. Em outras palavras, nem todos os cristãos são cheios
do Espírito, mas todos foram selados com o Espírito quando se entregaram a
Cristo (Ef 4.30) (FtADMACHER, ALLEN; HOUSE, Central Gospel, 2010b, p. 512).
2.1.
O Espírito que nos aproxima de Deus
Apesar de haver
muitos estudos e tratados sobre o Espírito Santo ao longo de muitos séculos,
nenhum dogma, nenhum credo, nenhuma religião nem filosofia alguma podem prover
ao homem uma aproximação real e experimental de Deus. Afinal, a aproximação entre Criador e criatura é uma obra
exclusiva do Espírito Santo: porque, por
ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus
(Ef 2.18,19).
Além de
nos aproximar de Deus, o Espírito Santo atua na unificação do corpo da Igreja,
o qual não está limitado a sexo, idade, cor, estatura, condição financeira,
enfim, não existe fator segregador. Lembremo-nos sempre de que Deus amou o mundo e entregou
Seu filho para salvá-lo sem distinção (Jo 3.16; At 10.34). A igreja cristã,
formada inicialmente por judeus e gentios, é descrita como um corpo. E o ser
humano convertido a Cristo [em quem não há judeu nem grego; não há servo nem
livre; não há macho nem fêmea (GI 3.28)] é descrito como um novo homem. Nos
primórdios do cristianismo, a Igreja era, principalmente, composta de judeus.
Mas, pela ação do Espírito de Deus, os cristãos testemunharam sobre Jesus aos
gentios (At 10), que se converteram e excederam o número de membros judeus
(RADMACHER; ALLEN; HOUSE, Central Gospel, 2010b, p. 506).
2.2.
O Espírito que nos conduz a Deus em oração
Uma das
maneiras mais fáceis de falarmos com Deus é por meio da oração. No entanto,
embora essa seja uma atitude simples, há momentos em que o Espírito Santo
desempenha um papel fundamental nisso, intercedendo por nós até com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26). Então, além de nos convencer do pecado, da justiça e do
juízo, Ele também nos conduz a Deus quando não sabemos expressar a nossa real
necessidade ou quando nossa "nebulosidade espiritual", em determinado
momento, não nos permite identificar do que realmente necessitamos de Deus.
3.
ESPÍRITO SANTO NAS ESCRITURAS
A
palavra Espírito ocorre pela primeira vez na Bíblia em Gênesis (Gn 1.1,2): No princípio,
criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas
sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas. Em Apocalipse 22.17, vemos a última menção a esse termo:
E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E
quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água
da vida. Conhecemos essa maravilhosa pessoa da Trindade conforme Ele
nos foi apresentado, aos poucos, por todo o texto bíblico, de Gênesis a
Apocalipse.
3.1.
No Antigo Testamento
Como
vimos anteriormente, o Espírito Santo estava presente durante toda a etapa da
criação divina. No fim do processo criativo, o Senhor fez o homem do pó da
terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma
vivente (Gn 2.7). Daquele momento até a queda de Adão e Eva, Criador e criatura
conviveram intimamente ligados. O primeiro casal foi criado à imagem e
semelhança de Deus, mas essa conexão não durou muito.
Após a
corrupção geral do gênero humano, houve uma clara ruptura em nosso relacionamento
com Deus. Por causa disso, sobreveio-nos a morte: Então, disse o SENHOR: Não contenderá o
meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus
dias serão cento e vinte anos (Gn 6.3). Não vemos profundos relatos
nem extensos textos sobre o Espírito Santo em Gênesis, mas é certo que Sua
participação, tanto na Criação como no relacionamento entre Deus e o homem, foi
indispensável.
A
capacitação individual foi outro aspecto da obra do Espírito Santo ainda no
Antigo Testamento. Ele proveu aptidão nàqueles que foram chamados por Deus para
o Seu serviço. Há vários exemplos de pessoas que experimentaram os efeitos da
obra e da ação direta do Espírito em suas vidas. Artífices, juízes, profetas,
sacerdotes, reis e outros personagens bíblicos receberam alguma capacitação
especial para realizar missões e cumprir tarefas, por exemplo: um homem da tribo
de Judá, Bezalel, recebeu habilidades para fazer todo tipo de trabalho
artístico na construção do tabernáculo (Ëx 31.3); Jefté recebeu condições de
liderar Israel contra um poderoso inimigo (Jz 11.29-33); Otniel, Gideão e
Sansão foram juízes dotados dessa capacitação especial (Jz 3.10; 6.34; 13.25).
No período dos reis, após o tempo dos juízes,
vemos que Espírito do Senhor se apoderou
de Saul durante a guerra contra os amonitas (1 Sm 11.6),
mas o abandonou em seguida por causa do
seu pecado (1 Sm 16.14). O mesmo Espírito atuou poderosamente na
vida de Davi, sucessor de Saul, e também na vida de Salomão, filho de Davi e
príncipe herdeiro do seu reino. Na vida e no ministério dos profetas também
vemos o Espírito chamar, capacitar e orientar (Ez 2.2).
Não há como servir a Deus nem como andar em Sua presença sem
contar com a pessoa do Espírito Santo. Ele capacita aqueles que são chamados e
os conduz pelos Seus caminhos.
3.2.
No Novo Testamento
É natural que o Novo Testamento apresente mais
citações sobre a ação do Espírito, pois foi nesse período que Cristo o enviou.
Nos relatos desse tempo, também começamos a ver Suas obras com maior clareza.
Alguns escritores chamam o período da Igreja como a Dispensação do Espírito;
outros autores chamam o Livro de Atos dos Apóstolos como Atos do Espírito, por
causa do grande impacto que o Espírito Santo passa a ter na Igreja primitiva
após o Pentecostes (At 2).
Algumas passagens do Novo Testamento relatam a
ação do Espírito Santo de maneira expressa. Por exemplo, os quatro Evangelhos
(Mateus, Marcos, Lucas e João) citam que o Espírito Santo desceu sobre a pessoa
de Jesus, após o Seu batismo, e guiou o Seu ministério:
• E viu
o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele (Mt 3.16);
• Viu os céus abertos e o Espírito, que, como
pomba, descia sobre ele (Mc 1.10);
• E o Espírito Santo desceu sobre ele em forma
corpórea, como uma pomba (Lc 3.22);
• Eu vi
o Espírito descer do céu como uma pomba e repousar sobre ele (Jo 1.32).
O Espírito Santo confiou aos primeiros
apóstolos a tarefa de lançar os alicerces doutrinários da Igreja, preparando-a,
assim, para os séculos que viriam. No exercício de seus ministérios, o Espírito
Santo os revestiu e eles continuaram a obra iniciada por Jesus: Recebereis a
virtude do Espírito Santo, que há de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas
tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra
(At 1.8; Mc 3.14; Lc 6.13; G1 1.1). Os apóstolos tinham consciência de que eram
usados pelo Espírito Santo (At 15.28). À medida que eram dirigidos
pelo Espírito, o Senhor operava milagres por intermédio deles e confirmava a
Palavra que pregavam (At 2.40,41; 3.1-10; 2 Co 12.12).
Recebereis a virtude do Espírito Santo: esse
trecho refere--se ao poder necessário à vida piedosa, como demonstrado na vida
dos homens do Antigo Testamento marcados pelo santo agir (veja os exemplos de
Abraão, em Gn 22; José, em Gn 39; Moisés, em Éx 14; Daniel, em Dn 6). Essa foi
a virtude ou o poder designado para a execução de uma nova tarefa: levar o
evangelho até os confins da terra com a orientação e o auxílio do Espírito
Santo (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, Central Gospel, 2010b, p. 290).
CONCLUSÃO
O
Espírito Santo revela-se em totalidade no Novo Testamento. Todavia, no Antigo
Testamento, Sua presença é notável e Sua ação, fundamental.
Tanto na criação do mundo (Gn 1.26), quanto na
capacitação de homens (Nm 11.16,17) e na revelação do futuro (j1 2.28,29), o
Espírito Santo operou poderosamente a fim de cumprir os desígnios de Deus.
ATIVIDADES PARA FIXAÇÃO
1. O Espírito Santo possui características de
uma pessoa?
R.: Certamente. O Espírito Santo possui intelecto (Rm 8.16,27),
sensibilidade (Ef 4.30) e vontade (1 Co 12.11), por exemplo.
2. Cite as passagens bíblicas em que a palavra
Espírito aparece pela primeira e pela última vez:
R.: A palavra Espírito ocorre
pela primeira vez na Bíblia em Gênesis 1.1,2; e, em Apocalipse 22.17, vemos a
última menção a esse termo.
REVISTA CENTRAL GOSPEL Nº 61
Prefácio
Milhares de livros têm sido escritos a respeito do Espírito Santo, no entanto
é impossível imaginar que já se escreveu tudo a respeito dele, visto ser uma
pessoa divina. Quanto mais penetramos na meditação dos diferentes aspectos
do Espírito, tanto mais nos maravilhamos de ver quanto nos falta ainda conhecer
a Seu respeito.
Os dois últimos milênios têm sido assinalados pela habitação de Sua
presença na Igreja do Senhor Jesus. Em Efésios 4.6, Paulo escreve:
[Há] um só Deus e Pai de todos, o qual é sobre todos, e por todos, e em
todos. Nesse versículo, Paulo sumariza as três dispensações da
Trindade. Sobre todos é a dispensação do Pai, durante o tempo do Antigo
Testamento. Por todos é a dispensação do Filho, no período dos
Evangelhos. Em todos é a dispensação do Espírito Santo, que teve seu
início no dia de Pentecostes e terminará no dia do arrebatamento da Igreja.
O período compreendido entre esses dois dias especiais da História é o
que recebe o nome de dispensação do Espírito Santo. Aguardamos um
avivamento final do Espírito sobre a Igreja, um sopro celeste que precederá a
volta de Jesus Cristo.
Isto posto, tudo que for possível estudar sobre a pessoa e
a obra do Espírito será de grande
proveito para cada filho de Deus. Meu propósito ao escrever esta obra não
foi produzir um compêndio de teologia que apresentasse de modo didático a
pessoa e a obra do Espírito. Meu objetivo é trazer à consideração
diferentes pessoas, palavras e expressões bíblicas ligadas à terceira pessoa da
Trindade.
Vale ressaltar que este dicionário
foi escrito pela perspectiva pentecostal. Sou ministro pentecostal há meio
século, portanto não é de estranhar o caráter desta obra, cujo escopo
corresponde ao que tenho aprendido e ensinado ao longo de cinco décadas.
Esclareço também que não se trata de
uma obra apologética. Não tive em mente escrevê-la para ser uma plataforma
de polêmica teológica. Tudo que desejo é a edificação do povo de Deus.
Creio firmemente que o próprio
Espírito Santo se encarregará de fazer com que os leitores não pentecostais
respeitem essa conotação, assim como são respeitados por nós em suas distintas
convicções.
A ordem alfabética e o índice
permitirão ao leitor um manuseio lógico do livro. São mais de 200
verbetes, algun dos quais permitirão o desdobramento
da matéria para formulação de estudos pessoais.
Agradeço ao dileto pastor Jefferson
Magno Costa a gentileza de sua apresentação e, por antecipação, ao público
ledor o favor de adquirir esta obra e, tanto quanto venha a ser possível, seu
manuseio.
A Deus toda a glória e todo o louvor
para sempre!
Recife,
abril de 2009
ABA/ ABA, PAI
Palavra aramaica usada pelo Senhor
Jesus e pelo apóstolo Paulo ao dirigirem-se ou referirem-se ao Pai
celestial. Jesus, em Sua oração no jardim do Getsêmani, exclamou: Aba,
Pai, todas as coisas te são possíveis (Mc 14.36). Paulo fez
referência duas vezes a essa expressão, ao discorrer sobre a nossa adoção na
família de Deus (Rm 8.15; Gl 4.6). Expressa um relacionamento íntimo entre
Deus e Seus filhos, que tem como resultado plena confiança e dependência
completa destes para com aquele. Trata-se de uma palavra característica do
vocabulário de Cristo.
No mundo natural, as pessoas não se
sentem livres para invocar Deus como Pai. É o Espírito Santo quem induz o
novo convertido a dirigir-se a Deus assim.
Alguns escritores entendem que Aba
Pai é o correspondente ao papai na língua portuguesa e resultado de uma
operação divina realizada pelo Espírito Santo, chamada adoção na Bíblia (veja
Mc 14.36; Rm 8.15).
ACESSO A DEUS
Desde a Queda, Adão ficou privado da
presença e da intimidade com Deus. O símbolo visível dessa ruptura de
relações consubstanciou sua expulsão do Paraíso. A partir de então, seus
descendentes, de igual maneira, sentiram-se afastados do Criador, embora
intimamente desejassem algum tipo de reconciliação.
Os recursos humanos são todos
impotentes para conduzir alguém a Deus, daí a necessidade da encarnação do
Filho de Deus. Durante Seu ministério na terra, Jesus declarou ser o
Caminho, ou seja, o único caminho de volta para o Pai (Jo 14.6).
Tendo de regressar ao céu, após o
cumprimento de Sua missão redentora na terra, Jesus declarou que o Pai enviaria
o Espírito Santo, e este Espírito convenceria o homem de pecado, justiça e
juízo, possibilitando-lhe crer em Jesus e ter livre acesso ao Pai celestial.
Nenhum dogma, religião, credo ou
filosofia pode prover ao homem uma aproximação real e experimental de
Deus. Essa é uma obra exclusiva do Espírito Santo: Por ele, ambos
temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito. Assim que já não sois
estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos Santos e da família de Deus (Ef
2.18,19).
Entenda-se que a facilitação do
acesso a Deus não se restringe à oração, embora, sem dúvida, o Espírito Santo
desempenhe um papel fundamental nisso, intercedendo por nós até com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26), quando não sabemos expressar a nossa real necessidade
ou quando a “nebulosidade espiritual”, em determinado momento, não nos permite
identificar o que realmente necessitamos de Deus. A habitação do Espírito
no cristão também facilita a adoração. Mas o acesso ao Pai, quer pela
oração, quer pela adoração, é consequência da condição de justos que obtemos
pela obra de Cristo e do Espírito, que nos leva a descansar a alma em Deus, em rendição
total a Ele.
Adoração Ajudador
Espírito de súplica
ADOÇÃO
O Dicionário Houaiss define adoção
como “processo legal que consiste no ato de se aceitar espontaneamente como
filho de determinada pessoa, desde que respeitadas as condições jurídicas para
tal”. Pela adoção, é estabelecida uma relação legal entre pai e filho,
quase sempre precedido de um processo judicial julgado por um
juiz. Teologicamente, a adoção é selada e confirmada pelo Espírito Santo,
concedendo à pessoa que confessa a Cristo como Salvador o status de
membro da família de Deus. A doutrina da adoção é aludida nas seguintes
passagens:
Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de
mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de
recebermos a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos
nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já
não és mais servo, mas filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por
Cristo.
Gálatas 4.4-7
Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos
de Deus. Porque não recebestes o espírito de escravidão, para, outra vez,
estardes em temor, mas recebestes o espírito de adoção de filhos, pelo qual
clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que
somos filhos de Deus. E, se nós somos filhos, somos, logo, herdeiros
também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo; se é certo que com ele
padecemos, para que também com ele sejamos glorificados.
Romanos 8.14-17
A todos quantos o receberam [Jesus] deu-lhes o poder de serem
feitos filhos de Deus: aos que creem no seu nome.
João 1.12
Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas,
diz o Senhor Todo-poderoso.
2 Coríntios 6.18
O ensino geral das Escrituras a
respeito da adoção permite-nos identificar alguns aspectos da relação entre
Deus e Seus filhos. Para começar, a adoção é um dom de Deus, do qual
participam as três pessoas da Trindade (Gl 4.4). É um ato soberano e
livre, espontâneo e perfeito (Ef 1.5), que nos proporciona extraordinários
privilégios e solenes deveres. Essa condição pode implicar algum
padecimento, mas com certeza redundará em glória (Rm 8.17). Por meio da
adoção, nossa vida de escravidão é anulada e nos é facultada uma maravilhosa
união com Cristo (Gl 4.7; Hb 2.10-13).
A condição de filho de Deus é obtida
pela fé (Gl 3.26). Por causa da adoção, cada cristão tem o dever de
seguir, servir, obedecer e imitar a Deus, atitude expressa no mandamento de
amar o próximo, isto é, o ser humano, como Deus amou (Mt 5.43-48; Lc 6.35; Ef
5.1; 1 Pe 1.13-17). Por serem filhos de Deus, desfrutando a adoção, os
cristãos devem amar uns aos outros profundamente com um amor caracterizado pela
prática da justiça, pela compaixão e até pela disposição de entregar a própria
vida a favor do irmão (1 Jo 3.10,11,16-18).
Ao levar-nos a Cristo e ao
conhecimento da verdade, o Espírito Santo tornou possível a nossa adoção, e Ele
sempre trabalhará para que cumpramos os objetivos e os deveres devidos (Rm
8.15,16). Sendo assim, não podemos perder de vista o fato de que a adoção
nos fez participantes da herança divina. Essa confiança nos ajuda a
triunfar sobre todas as adversidades da vida presente e faz-nos contemplar
a eternidade com serenidade, esperança
e fervor (Rm 8.17; Gl 4.7; Ap 21.1-7).
ADORAÇÃO
É imperioso reconhecer que o Espírito
Santo inspira o cristão à prática da adoração. Ele faz isso principalmente
ao testificar de Cristo como merecedor de toda glória, honra e louvor.
A adoração não deve ser confundida
com certas práticas, como a meditação transcendental e a ioga, que são técnicas
psicofísicas. Tais práticas, portanto, envolvem a mente, não o
espírito. Elas projetam o homem, não Deus. Não visam à pessoa
dele. São manipuladas pelo diabo.
A adoração é devida somente a
Deus. É o reconhecimento de que a criatura inanimada (natureza), a
criatura humana e a criatura angelical não podem ser adoradas. Os exemplos
bíblicos são claros. Os profetas condenavam com veemência o culto aos
elementos da natureza (Is 44.6-19; Jr 8.1,2; Hc 2.17,18). Cornélio se
prostrou diante de Pedro com a intenção de adorá-lo, mas o apóstolo se recusou
a receber adoração, explicando o motivo: Levanta-te, que eu também sou
homem (At 10.26). O apóstolo João, extasiado com as visões de
Apocalipse, sentiu-se impulsionado a adorar o anjo que o acompanhava, mas a
resposta foi: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus
irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a
Deus (Ap 22.9).
Apenas o Criador pode ser adorado (Êx
34.14; Mt 4.10; Ap 19.10). Trata-se de um culto exclusivo e
universal. A adoração, portanto, é a mais elevada forma de comunicação da
criatura com o Criador (Êx 20.5), e essa sublimidade é descrita de maneira
magnífica no capítulo 4 de Apocalipse.
Adoração é muito mais que cântico e
louvor. No cântico e no louvor, dirigimo-nos a Deus, é verdade, mas a
perfeita adoração significa uma aproximação legítima de Deus em reconhecimento
do que Ele é, possuidor e merecedor de toda glória (Sl 29.2).
Adoramos a Deus como resultado dos
convites, exortações, mandamentos e exemplos que encontramos nas Sagradas
Escrituras (Sl 95.6; 96.9; Is 6 etc.). Por causa da aproximação que
sentimos no momento de adoração, percebemos a nossa absoluta fragilidade, como
expressa na exclamação de Isaías: Ai de mim, que vou
perecendo! Porque eu sou um homem de lábios impuros e habito no meio de um
povo de impuros lábios; e os meus olhos viram o rei, o SENHOR dos Exércitos! (Is 6.5). Nesses momentos,
conservamos uma postura de respeito, reverência e humilhação, plataforma para
uma transformação genuína (2 Co 3.18).
A perfeita adoração deve ser feita em
espírito e em verdade (Jo 4.23,24), porque Deus é Espírito e é o Deus da
verdade. Alma e corpo não conseguem produzir de maneira satisfatória a
verdadeira adoração; o espírito, sim. No entanto, a adoração legítima deve
envolver todo o nosso ser, corpo, alma e espírito (2 Sm 12.20; Jó 1.20).
A verdadeira adoração sobressai aos locais determinados de
culto. Não está restrita ao templo, a um monte ou a uma cidade (Jo 4.20). A
adoração em espírito está de acordo com a natureza do Deus onipresente. Para A.
J. MacLeod, em O novo comentário da Bíblia : O local é secundário; o que importa
é a realidade espiritual. O advento messiânico dá um golpe mortal aos
preconceitos raciais. O culto deve ser pessoal e espiritual, oferecido a Deus
pela inspiração do Espírito. Os requisitos indispensáveis para o verdadeiro
culto são definidos como sendo realidade na vida íntima e sinceridade quanto ao
propósito espiritual. [...] O original grego coloca a palavra Espírito
primeiro, salientando desta maneira a natureza de Deus. Essencialmente, Deus é
Espírito. ( DAVIDSON, 1997) Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, como
Paulo fez questão de lembrar aos cristãos de Corinto (1 Co 3.16). Sua habitação
no cristão desfaz o conceito do local como facilitador da adoração, pois o
centro de adoração agora é o coração humano transformado, não por acaso, pela obra
regeneradora do Espírito Santo. Pelo Espírito, oferecemos a adoração autêntica,
a qual é impossível pela mera religiosidade, como ensinou Paulo aos cristãos de
Filipos:
Para A. J. MacLeod, em O novo comentário da Bíblia :
O local é secundário; o que importa é a realidade espiritual. O
advento messiânico dá um golpe mortal aos preconceitos raciais. O culto deve
ser pessoal e espiritual, oferecido a Deus pela inspiração do Espírito. Os
requisitos indispensáveis para o verdadeiro culto são definidos como sendo
realidade na vida íntima e sinceridade quanto ao propósito espiritual. [...] O
original grego coloca a palavra Espírito primeiro, salientando desta maneira a
natureza de Deus. Essencialmente, Deus é Espírito. ( DAVIDSON, 1997)
Nosso corpo é o templo do Espírito Santo, como Paulo fez questão
de lembrar aos cristãos de Corinto (1 Co 3.16). Sua habitação no cristão desfaz
o conceito do local como facilitador da adoração, pois o centro de adoração
agora é o coração humano transformado, não por acaso, pela obra regeneradora do
Espírito Santo. Pelo Espírito, oferecemos a adoração autêntica, a qual é
impossível pela mera religiosidade, como ensinou Paulo aos cristãos de Filipos:
Nós adoramos a Deus por meio do seu
Espírito e nos alegramos na vida que temos em união com Cristo Jesus em vez de
pormos a nossa confiança em cerimônias religiosas como a circuncisão.
Filipenses 3.3 (NTLH)
Templo do Espírito
ÁGABO
Esse nome designa um
profeta residente na Judeia. Quase nada se sabe a respeito dele. Uma tradição
posterior coloca-o entre os 70 discípulos enviados por Jesus (Lc 10.1). Seu
nome é mencionado duas vezes no texto bíblico, ambas no livro de Atos (11.28;
21.10).
Na primeira citação, ele é tomado pelo Espírito Santo e prediz
uma grande seca no tempo do imperador Cláudio. Tácito, Suetônio e Flávio Josefo
mencionam essa seca em seus escritos. Na segunda, Ágabo profetiza um incomum
sofrimento que acometeria o apóstolo Paulo no exercício do seu ministério:
Vindo ter conosco, [Ágabo] tomou a
cinta de Paulo e, ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o
Espírito Santo: Assim ligarão os judeus, em Jerusalém, o varão de quem é esta
cinta e o entregarão nas mãos dos gentios.
Atos 21.11
A exemplo da predição da seca, a mensagem comunicada ao apóstolo
Paulo cumpriu-se fiel e literalmente.
II. O Espírito no Antigo Testamento
O Espírito Santo é revelado
no Antigo Testamento de três maneiras: primeira, como Espírito criador ou
cósmico, por cujo poder o universo e todos os seres foram criados;
segunda, como o Espírito dinâmico ou doador de poder; terceira, como Espírito
regenerador, pelo qual a natureza humana é transformada.
1. Espírito criador.
O Espírito Santo é a terceira
Pessoa da Trindade por cujo poder o universo foi criado. Ele pairava por
sobre a face das águas e participou da glória da criação. (Gên. 1:2; Jo
26:13; Sal. 33:6; 104:30.) O Dr. Denio escreve: O Espírito Santo, como
Divindade inseparável em toda a criação, manifesta sua presença pelo
que chamamos as leis da natureza. Ele é o princípio da ordem e
da vida, o poder organizador da natureza criada. Todas as forças
da natureza são apenas evidências da presença e operação do Espírito de
Deus. As forças mecânicas, a ação química, a vida orgânica nas plantas e nos
animais, a energia relativa à ação nervosa a inteligência e a conduta moral são
apenas evidências da imanência de Deus, da qual o Espírito Santo é o
agente. O Espírito Santo criou e sustenta o homem. (Gên. 2:7; Jo 33:4.)
Toda pessoa, seja ou não
servo de Deus, é sustentada pelo poder criador do Espírito de Deus. (Dan.
5:23; Atos 17:28.) A existência do homem é como o som da tecla do harmônio que
dura tão-somente enquanto o dedo do artista a comprime. O homem deve a sua
existência e a continuação desta às "duas mãos de Deus", isto é,
o Verbo (João 1:1-3), e o Espírito. Foi a esses que Deus se dirigiu
dizendo: "Façamos o homem."
2. Espírito dinâmico
que produz.
O Espírito Criador criou o
homem a fim de formar uma sociedade governada por Deus; em outras
palavras, o reino de Deus. Depois que entrou o pecado e a sociedade humana foi
organizada à parte de Deus e em oposição à sua pessoa, Deus começou de
novo ao chamar o povo de Israel, organizando-o sob suas leis, e assim
constituindo-o como reino de Jeová . (2 Crôn. 13:8.) Ao estudar
a história de Israel lemos que o Espírito Santo inspirou
certos homens para governar e guiar os membros desse reino e para dirigir
seu progresso na vida de consagração. A operação dinâmica do Espírito criou
duas classes de ministros: primeira, obreiros para Deus — homens de ação,
organizadores, executivos; segunda, locutores para Deus — profetas e
mestres.
(a) Obreiros para Deus. Como
exemplos de obreiros inspirados pelo Espírito, mencionamos Josué (Num.
27:8-21); Otoniel (Juízes 3:9-10; José (Gên.41:38-40); Bezaleel (Êxo.
35:30-31); Moisés (Num. 11:16,17); Gideão (Jui. 6:34), Jefté (Jui 11:29);
Sansão (Jui. 13:24,25); Saul (1 Sam. 10:6). É muito provável que, à luz desses
exemplos, os dirigentes da igreja primitiva insistissem em que aqueles que
serviam às mesas deviam ser cheios do Espírito Santo (Atos 6:3).
(b) Locutores de Deus. O
profeta de Israel, podemos dizer, era um locutor de Deus — um que recebia
mensagens de Deus e as entregava ao povo. Ele estava cônscio do poder
celestial que descia sobre ele de tempos em tempos capacitando-o para
pronunciar mensagens não concebidas por sua própria mente, característica
que o distinguia dos falsos profetas. (Ezeq. 13:2.) A
palavra "profeta" indica inspiração, originada duma palavra
que significa "borbulhar" — um testemunho à eloqüência
torrencial que muitas vezes manava dos lábios dos profetas. (Vide
João 7:38.)
1) As expressões empregadas
para descrever a maneira como lhes chegava a inspiração mostram que essa
inspiração era repentina e de modo sobrenatural. Ao referirem-se à origem
de seu poder, os profetas diziam que Deus "derramou" seu
Espírito, "pôs seu Espírito sobre eles", "deu" seu
Espírito, "encheu-os do seu Espírito", e "pôs seu Espírito"
dentro deles. Descreveram a variedade de influência, declaram que o Espírito
"estava sobre eles", "descansava sobre eles", e os
"tomava". Para indicar a influência exercida sobre eles, diziam
que estavam "cheios do Espírito", "movidos" pelo Espírito,
"tomados" pelo Espírito, e que o Espírito falava por meio deles.
2) Quando um profeta
profetizava, às vezes estava em estado conhecido como "êxtase" —
estado pelo qual a pessoa fica elevada acima da percepção comum e introduzida
num domínio espiritual, no domínio profético. Ezequiel disse: "A mão do Senhor
(o poder do Senhor Deus) caiu sobre mim ... e o Espírito me levantou entre a
terra e o céu, e me trouxe a Jerusalém em visões de Deus" (Ezeq. 8:1-
3). É
muito provável que Isaias estivesse nessa condição quando viu a glória de
Jeová (Isa. 6). João o apóstolo declara que foi "arrebatado em espírito no
dia do Senhor" (Apo.?. Vide Atos 22:17.) As expressões usadas para
descrever a inspiração e o êxtase dos profetas são semelhantes àquelas que
descrevem a experiência do Novo Testamento de "ser cheio" ou
"batizado" com o Espírito. (Vide o livro de Atos.) Parece que nessa
experiência o Espírito tem um impacto tão direto sobre o espírito humano,
que a pessoa fica como que arrebatada a uma experiência na qual pronuncia
uma linguagem extática.
3) Os profetas nem sempre
profetizavam em estado extático; a expressão "veio a Palavra do
Senhor" dá a entender que a revelação veio por uma iluminação
sobrenatural da mente. A mensagem divina pode ser recebida e entregue em
qualquer das duas maneiras.
4) O profeta não exercia o
dom à sua discrição; a profecia não foi produzida "por vontade de
homem" (2 Ped. 1:21). Jeremias disse que não sabia que o povo estava
maquinando contra ele (Jer. 11:19). Os profetas nunca supuseram, nem tampouco
os israelitas jamais creram, que o poder profético fosse privilégio de
algum homem como dom permanente e sem interrupção para ser usado à
sua própria vontade. Entenderam que o Espírito era um agente
pessoal e, portanto, a inspiração era proveniente da soberana vontade
de Deus. Os profetas podiam, porém, pôr-se numa condição
de receptividade ao Espírito (2 Reis 3:15), e em tempos de
crise podiam pedir direção a Deus.
3. Espírito
regenerador.
Consideraremos as seguintes
verdades relativas ao Espírito regenerador. Sua presença é registrada no Antigo
Testamento, porém não é acentuada; seu derramamento é descrito, principalmente
como uma bênção futura, em conexão com a vinda do Messias; e mostra
características distintas.
(a) Operativo mas não
acentuado. O Espírito Santo no Antigo Testamento é descrito como associado
à transformação da natureza humana. Em Isa. 63:10,11 faz-se referência ao
êxodo e à vida no deserto. Quando o profeta diz que Israel contristou o
seu santo Espírito, ou quando se diz que deu seu "bom Espírito"
para os instruir (Nee. 9:20), refere-se ao Espírito como quem inspira
a bondade. (Vide Sal. 143:10.) Davi reconhecia o Espírito como presente
em toda a parte, aquele que esquadrinha os caminhos dos homens, e revela,
à luz de Deus, os esconderijos mais escuros de suas vidas. Depois de cometer seu
grande pecado, Davi orou para que o Espírito Santo de Deus, a Presença
santificadora de Deus, aquele Espírito que influencia o caráter, não lhe fosse
tirado (Sal. 51:11). Esse aspecto, porém, da obra do Espírito não é acentuado
no Antigo Testamento. O nome Espírito Santo ocorre somente três vezes
no Antigo Testamento, mas oitenta e seis no Novo, sugerindo que no Antigo
Testamento a ênfase está sobre operações dinâmicas do Espírito, enquanto no
Novo Testamento a ênfase está sobre o seu poder santificador.
(b) Sua concessão representa
uma bênção futura. O derramamento geral do Espírito como fonte de
santidade é mencionado como acontecimento do futuro, uma das bênçãos
do prometido reino de Deus. Em Israel o Espírito de Deus era dado
a certos lideres escolhidos, e indubitavelmente quando havia verdadeira
piedade, tal se devia à obra do seu Espírito. Mas em geral, a massa do povo
inclinava-se para o paganismo e para a iniqüidade. Embora de tempos em
tempos fossem reavivados pelo ministério de profetas e reis piedosos, era
evidente que a nação era má de coração e que era necessário um
derramamento geral do Espírito para que voltassem a Deus. Tal derramamento
foi predito pelos profetas, que falaram que o Espírito Santo seria derramado
sobre o povo numa medida sem precedentes. Jeová purificaria os corações do
povo, poria seu Espírito dentro deles, e escreveria a sua lei em seu interior.
(Ezeq. 36:25-29; Jer. 31:34.) Nesses dias o Espírito seria derramado com
poder sobre toda a carne (Joel 2:28), isto é, sobre toda a classe e
condição de homens, sem distinção de idade, sexo e posição. A oração de
Moisés de que "todo o povo do Senhor fosse profeta" seria então
cumprida (Num. 11:29). Como resultado, muitos seriam convertidos, porque
"todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo" (Joel
2:32). A característica que distinguia o povo de Deus sob a velha dispensação
era a possessão e revelação da lei de Deus; a característica que distingue seu
povo sob a nova dispensação é a escrita da lei e a morada do Espírito em seus
corações.
(c) Em conexão com a vinda do
Messias, o grande derramamento do Espírito Santo teria por ponto culminante a
Pessoa do Messias-Rei, sobre o qual o Espírito de Jeová repousaria
permanentemente na qualidade de Espírito de sabedoria e entendimento, de
conhecimento e temor santo, conselho e poder. Ele seria o Profeta perfeito que
proclamaria as Boas-Novas de libertação, de cura divina, de consolo e de
gozo. Qual é a conexão entre esses dois grandes eventos proféticos? Será a
vinda do Ungido e a efusão universal do Espírito Santo? João Batista respondeu
quando interrogado: "Eu, em verdade, vos batizo com água, para o
arrependimento; mas aquele que vem apos mim é mais poderoso do que eu;
cujas alparcas não sou digno de levar; ele vos batizará com o Espírito Santo,
e com fogo." Em outras palavras, o Messias é o Doador do Espírito
Santo. Foi isso que o assinalou como o Messias ou o Fundador do Reino de
Deus. A grande bênção da nova época seria o derramamento do Espírito e foi
o mais elevado privilégio do Messias, o de conceder o Espírito. Durante
seu ministério terrestre Cristo falou do Espírito como o melhor dom do Pai
(Luc. 11:13); ele convidou os sedentos espiritualmente a virem
beber, oferecendo-lhes abundante abastecimento da água da vida; em
seus discursos de despedida prometeu enviar o Consolador a seus
discípulos. Notem especialmente a conexão do dom com a obra redentora de
Cristo. A concessão do Espírito está associada com a partida de Cristo
(João 16:7) e sua glorificação (João 7:39), o que implica sua morte (João
12: 23, 24; 13:31, 33; Luc.24:49). Paulo claramente declara essa conexão
em Gál. 3:13,14; 4:4-6 e Efés. 1:3, 7:13, 14.
(d) Exibindo características
especiais. Talvez este seja o lugar de inquirir acerca do significado da
declaração: "porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda
Jesus não ter sido glorificado". João certamente não queria dizer que
nos tempos do Antigo Testamento ninguém haja experimentado manifestações
do Espírito; todo judeu sabia que as poderosas obras dos dirigentes
de Israel e as mensagens dos profetas eram provenientes das operações do
Espírito de Deus. Evidentemente ele se refere a certos aspectos da obra do
Espírito que não eram conhecidos nas dispensações anteriores. Quais são,
então, as características distintas da obra do Espírito na presente
dispensasão?
1) O Espírito ainda não havia
sido dado como o Espírito do Cristo crucificado e glorificado. Essa missão
do Espírito não podia iniciar-se enquanto a missão do Filho não
terminasse; Jesus não podia manifestar-se no Espírito enquanto estivesse em
carne. O dom do Espírito não podia ser reivindicado por ele a favor
dos homens enquanto ele não assumisse sua posição de Advogado
dos homens na presença de Deus. Quando Jesus falou, ainda não havia no mundo
uma força espiritual como a que foi inaugurada no dia de Pentecoste e que
posteriormente cobriu toda a terra como uma grande enchente. Porque Jesus
ainda não havia subido aonde estivera antes da encarnação (João 6:62), e
ainda não estivera com o Pai (João 16:7; 20:17), não podia haver uma
presença espiritual universal antes que fosse retirada a presença na
carne, e o Filho do homem fosse coroado na sua exaltação à destra de Deus.
O Espírito foi guardado nas mãos de Deus aguardando esse derramamento
geral, até que o Cristo vitorioso o reivindicasse a favor da humanidade.
2) Nos tempos do Antigo
Testamento o Espírito não era dado universalmente, mas, de modo geral
limitado a Israel, e concedido segundo a soberana vontade de Deus a certos
indivíduos, como sejam: profetas, sacerdotes, reis e outros obreiros em
seu reino. Mas na presente época ou dispensação o Espírito está
ao dispor de todos, sem distinção de idade, sexo ou raça. Nesta relação
nota-se que o Antigo Testamento raramente se refere ao Espírito de Deus
pela breve designação "o Espírito". Lemos acerca do "Espírito de
Jeová " ou "Espírito de Deus". Mas no Novo Testamento
o título breve o "Espírito" ocorre com muita freqüência,
sugerindo que suas operações já não são manifestações isoladas, mas
acontecimentos comuns.
3) Alguns eruditos crêem que
a concessão do Espírito nos tempos do Antigo Testamento não envolve a
morada ou permanência do Espírito, que é característica do dom nos tempos
do Novo Testamento. Eles explicam que a palavra "dom", implica
possessão e permanência, e que nesse sentido não havia Dom do Espírito
no Antigo Testamento. É certo que João Batista foi cheio do
Espírito Santo desde o ventre de sua mãe e isso implica uma
unção permanente. Talvez esse e outros casos semelhantes poderiam
ser considerados como exceções à regra geral. Por exemplo,
quando Enoque e Elias foram transladados, foram exceções à regra
geral do Antigo Testamento, isto é, a entrada na presença de Deus era
por meio do túmulo e do Seol (o reino dos espíritos desencarnados).
Conhecendo
as Doutrinas da Bíblia
Myer
Pearlman
Quem É o Espírito Santo?
A pneumatologia bíblica é,
indiscutivelmente, uma matéria de suma importância para a Igreja de Cristo na
terra. É a doutrina do Espírito Santo, a terceira Pessoa da Trindade. A única
fonte de informação sobre o Espírito Santo é a Bíblia, por isso, tudo quanto
ensinamos acerca das ações do Espírito tem sua base na Palavra de Deus. A
Bíblia é a nossa autoridade única sobre a personalidade e a divindade do
Espírito. Do primeiro capítulo de Gênesis ao último capítulo de Apocalipse, o
Espírito está presente. O conhecimento dessa doutrina não se restringe ao Antigo
Testamento. No Novo Testamento, o Senhor Jesus Cristo deixou muitos
ensinamentos acerca do Espírito Santo. No trimestre do Centenário pentecostal
no Brasil, especialmente para a Assembleia de Deus, essa doutrina ganha um
sentido especial. Sem desmerecer as demais doutrinas bíblicas, a ênfase ao
assunto objetiva aclarar a doutrina e produzir convicções firmes e abalizadas
na Palavra de Deus. Quando Jesus iniciou seu ministério terreno, começou
identificando o Espírito Santo como uma Pessoa Divina. No seu primeiro sermão
numa sinagoga de Nazaré, ele afirmou: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois
que me ungiu para evangelizar os pobres, enviou-me a curar os quebrantados do
coração” (Lc 4.18). No Antigo Testamento, as manifestações do Espírito Santo
aconteciam de tempo em tempo, de acordo com as necessidades e circunstâncias
especiais. No Novo Testamento, a manifestação do Espírito, a partir do Dia de
Pentecostes, desceu para viver na vida da Igreja de Cristo e guiá-la neste
mundo. Neste primeiro capítulo vamos identificar e conhecer o Espírito Santo, a
terceira Pessoa da Trindade, estudando sua Deidade, Personalidade, suas
operações e manifestações, segundo as Escrituras. A dispensação do Espírito é
para todo o tempo da vida da Igreja na terra até a volta do Senhor Jesus.
I – A DOUTRINA DO ESPÍRITO SANTO
A importância da doutrina
Os opositores do pentecostalismo declaram que
os pentecostais dão ênfase exagerada à doutrina do Espírito Santo em detrimento
das demais doutrinas. Entretanto, a ênfase dada a essa doutrina fortalece a
crença nas demais, porque esta é o motor que dinamiza a Igreja, que a faz andar
e cumprir o seu papel missionário no mundo. Assim como a Igreja não é Igreja
sem Cristo, também, Cristo enviou o Espírito Santo para que o seu nome fosse
glorificado na Igreja ( Jo 14.16,17). Uma igreja cristã autêntica não ostenta
apenas a doutrina do Espírito Santo em detrimento das demais. Pelo contrário,
ela tem no Espírito Santo a chave para a compreensão das demais doutrinas.
Os vários sentidos da palavra
“espírito” na Bíblia
Nas línguas originais da
Bíblia, o hebraico e o grego, encontramos a palavra “espírito” com sentidos
diferentes. Para entender essa palavra referindo-se à terceira Pessoa da
Trindade, precisamos recorrer ao contexto do termo para sabermos a que
“espírito” está se referindo o texto bíblico. No Antigo Testamento, a palavra
hebraica ruach significa “vento, hálito, ar, respiração”. No Novo Testamento, a
língua grega traz o vocábulo pneuma, que tem na sua raiz o sentido de ação, do
movimento do ar. Tanto ruach como pneuma podem referir-se ao espírito humano
bem como ao Espírito divino. Quando se refere ao espírito humano, os dois
termos referem-se à vida ou ao fôlego de vida no homem. O fôlego que o tornou
um ser vivente (Gn 2.7; Mt 27.50; Lc 8.55).
Em relação ao homem, o
espírito diz respeito à parte superior da vida humana, pois é seu espírito que
torna a alma humana distinta da irracional. O espírito representa a natureza
suprema do homem e o torna capaz de ter comunhão pessoal com o seu Criador. Em
relação aos anjos, a palavra espírito identifica a natureza sobrenatural dos
anjos. Eles são espíritos criados por Deus (Mt 8.16; Mc 1.23; Lc 1.11; At 5.19;
1 Co 2.12; Hb 2.7).
A palavra espírito, quando
encontrada em forma minúscula, tem um sentido adjetivo. O seu significado é
qualitativo. Refere-se à qualidade de um ser. Em relação ao Espírito Santo,
encontramos várias vezes a palavra espírito com sentido qualitativo, quando
diz: “Espírito de santificação” (Rm 1.4), “Espírito de sabedoria” (Is 11.2),
“Espírito do Senhor” ou “espírito de Cristo”, “espírito de fé”, “espírito de
coragem”. São considerações que se referem à qualidade ou a ação do Espírito
Santo.
Quando se trata da palavra
“espírito” em relação a Deus, tanto ruach quanto pneuma passam a ter um sentido
especial, porque Deus é Espírito. De forma direta, o autor da Carta aos Hebreus
diz que Ele é o Espírito Eterno (Hb 9.14). Outrossim, a palavra “espírito” não
faz do Espírito Santo um ser impessoal. Ele não é “uma coisa”, nem “um poder
cósmico”. Ele é Deus Pessoal. Não é uma mera energia ou influência
sobrenatural. Ele é Deus, a terceira Pessoa da Trindade.
Como descrevê-lo?
O Espírito Santo é o Espírito
Eterno do Deus Triúno. Não é outro, mas é o mesmo Deus imutável (Ml 3.6). Ao
estudar sobre o Espírito Santo, sabemos que Ele é o mesmo Espírito que operou
no Antigo Testamento e opera no Novo Testamento. O capítulo 14 do Evangelho de
João apresenta uma característica do Espírito Santo como Consolador. Na língua
grega do Novo Testamento, a palavra é traduzida de parácleto. Essa palavra
indica alguém que se coloca ao lado de outrem para ajudar, consolar, advogar. O
Espírito Santo é personagem de relevância singular na vida da Igreja de Cristo.
A ênfase em sua doutrina nessa dispensação não diminui nem relega as demais
doutrinas bíblicas a somenos importância. Pelo contrário, essa ênfase reconhece
a atividade do Espírito Santo para este tempo como cumprimento das Escrituras a
seu respeito conforme promessa e declaração do Senhor Jesus. Portanto, o
Espírito Santo é o Agente ativo da Trindade que representa a Pessoa de Jesus
Cristo na mensagem do evangelho pleno.
O Espírito Santo no Antigo e
Novo Testamentos O Espírito Santo não é uma descoberta no Novo Testamento. Ele
está presente em toda a Bíblia. Na criação, no planejamento e na construção do
universo, o Espírito está presente como o Espírito criador (Gn 1.2; Is 40.12-
14). No contexto da criação de todas as coisas, Ele atuou na formação do homem
( Jó 33.4). O Espírito Santo agiu em favor do povo de Deus por intermédio dos
juízes, reis, sacerdotes e profetas, e até por pessoas totalmente leigas nos
ministérios do Antigo Testamento (2 Sm 23.2; Mq 3.8). Um dos meios mais
eficazes da atuação do Espírito Santo no Antigo Testamento foi por meio dos
profetas pelos quais foi revelado o retrato do Messias (Is 11.1-5; 61.1-4). No
texto de Isaías 11.1-5, o profeta apresenta o Espírito manifestando-se na vida
do Messias prometido com sete qualidades distintas. Não se trata de sete
espíritos, mas de sete qualidades do Espírito na vida do Messias. Figuras
metafóricas de água, rios, nuvens, vento e outras figuras são demonstradas numa
linguagem que revela a presença do Espírito Santo atuando nos tempos antigos.
No Novo Testamento, o
Espírito manifesta-se de forma indireta, mas presente, no nascimento e na vida
terrena de Jesus (Lc 1.35; 4.1). Mesmo que Israel, como nação, não tenha
reconhecido em Jesus o Messias prometido, muitos homens e mulheres o
reconheceram. Zacarias, o sacerdote, via-o como “a consolação de Israel”
prometida (Lc 1.17). Posteriormente, João Batista o identificou como “cordeiro
vindo da parte de Deus para remir os pecados de Israel”. Mais tarde, depois de
ter cumprido o seu ministério terreno, Jesus foi identificado como aquEle que
batizaria “com o Espírito Santo e com fogo” (Mt 3.11; Mc 1.8; Lc 3.16; Jo
1.33). De forma direta, vemos o Espírito Santo atuando nos Atos dos Apóstolos,
a começar no Dia de Pentecostes (At 2.1-4). O batismo com o Espírito Santo com
a evidência do falar em línguas aconteceu naquele dia especial e se repete a
cada dia da existência da Igreja na terra. A experiência do falar em línguas
espirituais e a manifestação especial dos dons espirituais é real em toda a
dispensação da graça, nestes tempos da vida da Igreja de Cristo na terra.
O Espírito Santo na
atualidade Por atualidade contamos todo o tempo da Igreja desde o Dia de
Pentecostes, quando o Espírito foi derramado como chuvas torrenciais sobre
quase 120 pessoas reunidas num cenáculo em Jerusalém (At 2.1-4). Ao longo da
história da Igreja até ao dia de hoje, a chama que acendeu em Jerusalém no Dia
de Pentecostes não apagou. O Espírito continua a inspirar a Igreja no
cumprimento de sua missão principal de pregar o evangelho a toda criatura. Os
modismos que têm entrado no seio da igreja em nome do Espírito Santo são
facilmente identificados pela própria Bíblia, que revela quem é o Espírito e
como Ele opera no mundo. O Espírito Santo não pode ser cerceado nem manipulado
por caprichos de líderes egocêntricos que não fazem a obra do evangelho para a
glória de Deus, mas a fazem para a glória própria. Um exemplo triste exposto na
Bíblia é a igreja de Laodiceia, na Ásia Menor, dos tempos bíblicos. Por seu
mundanismo, tornou-se uma igreja morna e intragável pelo próprio Deus (Ap
3.15).
Outro aspecto da doutrina do
Espírito Santo é conhecer sua asseidade.
II – A ASSEIDADE DO ESPÍRITO
SANTO
Mas o que significa
asseidade? O termo asseidade é pouco usado na linguagem cotidiana das nossas
igrejas. Advindo do latim aseitatis, o termo serve para qualificar o atributo
divino, mas o sentido literal refere-se ao ser, ou “a si mesmo”. Portanto,
trata-se de um termo especial com um sentido singular, pois só é referido a
Deus. No campo da filosofia e da teologia, asseidade define tratar-se de um
atributo inerente de Deus pelo qual Ele existe por si mesmo. O dicionarista
Houaiss define “asseidade” como uma “qualidade fundamental de Deus que o
distingue de todos os demais seres do universo”. Em relação a Deus, denota que
Ele existe por si mesmo e de si mesmo, independentemente de qualquer outra
coisa. Ele é autoexistente. Trata-se de uma qualidade pela qual Ele possui em
si mesmo a causa ou o princípio de sua própria existência, sendo, portanto,
incriado, além de absolutamente autônomo, livre e incondicionado”. Portanto,
asseidade atribui-se exclusiva e unicamente ao Ser Divino, e o Espírito Santo,
terceira pessoa da Trindade, é a manifestação da Divindade. Essa verdade é um
atributo incomunicável da Divindade. Ele não é um entre outros espíritos. Ele é
o Espírito do Deus Trino.
Naturalmente, para falar da
asseidade do Espírito requer-se falar e refletir sobre sua existência.
A existência do Espírito
Santo
A primeira grande verdade
acerca da existência de Deus é que Ele é o Espírito Infinito e perfeito em quem
todas as coisas têm sua fonte, sustento e fim. Em Hebreus 9.14, o autor da
epístola o apresenta como “o Espírito Eterno”. Se Ele existe como Ser Divino,
não é uma parte deste, mas é o próprio Deus Espírito ( Jo 4.24). Ele tem
existência própria, mas isso não significa que esteja separado da Divindade
como se fosse uma fração da mesma. As pessoas da Trindade são distintas em suas
manifestações, mas pertencem à mesma essência indivisível e eterna. Ele não se
originou em nada e em ninguém, porque tem origem em si mesmo. Ele é a expressão
da unicidade de Deus. Nós e os anjos fomos criados e, por isso, dependemos do
Criador, mas o Espírito não tem autodependência. Ele não depende e nem precisa
de qualquer relação, embora queira e possa livremente relacionar-se com suas
criaturas inteligentes, anjos e homens. Assim é com o Pai e com o Filho, pois
Jesus declarou que “o Pai tem vida em si mesmo” ( Jo 5.26). Portanto, o
Espírito de Deus é a essência de seu próprio ser, não simplesmente um atributo
ou função de Deus. Ele é Deus mesmo, não um “deus”, mas é o único Deus triúno.
A preexistência do Espírito é uma qualidade de sua existência eterna. Ele é
chamado “o Espírito Eterno” porque não conhece princípio nem fim de existência.
Atributos de sua asseidade Entre os vários
atributos da Divindade, dois desses atributos conferem ao Espírito Santo, bem
como as demais Pessoas da Trindade, qualidades que só pertencem à Divindade.
São denominados pelos teólogos como atributos incomunicáveis. Esses atributos
são propriedades qualitativas, jamais adquiridas ou acrescentadas, mas
pertinentes a Ele eternamente, porque possui imutabilidade inata. Mas o que é
isso? Ora, imutabilidade inata refere-se a sua capacidade de permanecer o mesmo
o tempo todo, porque é próprio de sua natureza divina. Significa que Ele está
livre de toda e qualquer mudança (Ml 3.6), e que não aumenta nem diminui, nem
cresce nem está sujeito a decadência. Sua imutabi lidade não significa que Ele
não se mova como uma estátua, mas significa que Ele permanece para sempre o
mesmo. Nem o tempo nem o espaço o imobilizam, nem o atingem. É um atributo que
pertence às três Pessoas igualmente (Rm 1.23; Hb 1.11).
Outro aspecto qualitativo da
Divindade é a sua eternidade (Hb 9.14). É uma qualidade pertinente à Divindade.
Mais uma vez o autor da Carta aos Hebreus identifica o Espírito como “Eterno”.
Significa que Ele transcende a todas as limitações temporais. Ele é atemporal.
Existem dois outros termos ligados à eternidade que podem ilustrar e aclarar
ainda mais essa qualidade da Divindade que são: a infinidade e a imensidade.
Em relação à infinidade,
entende-se que sua existência não tem fim. Nada confina o Espírito Santo no
espaço, nem o retém no tempo. E ninguém pode confinar o Espírito num espaço.
Ele não pode ser medido, nem se pode dar extensão ao Espírito Santo. Em relação
à imensidade do Espírito, sabemos que ela deriva da eternidade de Deus. Ora, se
Ele é impacial (não limitado ao espaço), também é atemporal. Ele está acima do
espaço e do tempo, porque não tem qualquer sinal de físico. Ele possui uma
grandeza incomensurável. Sua grandeza não é estática, nem aumenta, nem diminui.
Sua imensidade está em toda a criação. Ele não se divide, nem se fraciona em
partes, mas pode estar em todo lugar por inteiro ao mesmo tempo com todo o seu
Ser (Sl 139.7-12). Os homens são espíritos corporizados e, portanto, limitados
no espaço. Nem aos anjos nem aos homens lhes é atribuída essa qualidade de
“imensidade”. Pelo contrário, tanto anjos como homens ocupam lugares definidos
no espaço, visto que não podem estar em toda parte e encher todo lugar. A
plenitude pertence, de fato, única e exclusivamente à Divindade (Sl 97.1-12).
III – A DEIDADE DO ESPÍRITO
SANTO Falamos da asseidade do Espírito que não é a mesma coisa que deidade. A
palavra deidade define-se como um substantivo feminino que se refere a alguma
coisa que se venera ou adora. Em termos de religião, deidade refere-se a alguma
entidade espiritual que pode ser venerada ou adorada. Em relação à Bíblia
Sagrada, deidade tem um sentido neutro em relação a Deus e significa algo que
representa sua natureza divina.
O Espírito é Deus
Esta declaração é comprovada
na Bíblia e na experiência humana. Ele não um deus entre outros deuses. Ele é
Deus identificado como a terceira pessoa da Trindade. No Antigo Testamento, Ele
revelou-se ao povo de Israel e a Moisés em especial como o único e verdadeiro
Deus vivente (Dt 4.35). Toda a nação israelita concentrou sua fé na declaração
que Moisés fez ao povo: triplicidade de sua natureza divina. Depois do
Pentecoste, numa reunião da igreja emergente, Pedro identificou e revelou a
personalidade do Espírito Santo implícita na deidade do Pai e do Filho Jesus
(At 5.3). A deidade é a mesma nas três Pessoas. Não são deidades separadas, mas
pertencem à mesma essência divina do Único Deus manifesto em três Pessoas.
O Espírito é coigual com o
Pai e o Filho
A doutrina do Deus Trino e Uno é revelada na
Bíblia. Percebe-se que essa revelação acerca da Trindade foi sendo aclarada à
medida que em que as doutrinas cristãs foram sendo construídas através dos
primeiros séculos da Era Cristã. Os apóstolos revelaram em seus escritos a
doutrina da Trindade. Os três, Pai Filho e Espírito Santo existem eternamente
como três Pessoas distintas, mas unidas em essência. As três Pessoas da
Trindade têm vontades separadas e nunca se conflitam (Lc 22.42; 1 Co 12.11).
Não há uma hierarquia divina. A ordem hierárquica é apenas humana para
facilitar a nossa compreensão. Os três, Pai, Filho e Espírito Santo, são uma só
deidade assim como o sol — embora sendo um, é constituído de três elementos que
são luz, calor e fogo. O raio de luz se manifesta pelo actínico, que é
invisível; o lumífero, que é visível; e o calorífico, que produz aquecimento.
O Espírito possui atributos
da deidade
Quantos atributos Deus têm?
Na verdade, a diversidade dos atributos de Deus não o diferencia em suas
manifestações. Não são mais nem menos poderosos. Seus atributos pertencem às
três Pessoas da Trindade, que revelam características do Ser divino.
Entretanto, para dar sentido especial nesta matéria, destacamos três atributos
inerentes a cada uma das Pessoas da Trindade, que são: a onipotência, a
onipresença e a onisciência. São atributos restritos apenas à Divindade. Anjos
e homens não os possuem. W. T. Conner, teólo go, escreveu o seguinte em seu
livro Doctrina Cristiana: “Por onipotência de Deus se entende que todo o poder
que há no Universo, físico ou espiritual, tem sua origem em Deus. Ele, por
conseguinte, pode fazer qualquer coisa que o poder seja capaz”.
O primeiro atributo,
onipotência, revela-se pelo fato de que Ele tem todo o poder, no universo
criado, físico ou espiritual. Do latim omni-potentia, significa “todo” (de
omni) e “poderoso” (de potentia). No hebraico aparece a palavra shaddai, que
significa “autossuficiente” ou “todo-poderoso”. Na língua grega do Novo
Testamento, o termo é pantokrator com o mesmo sentido de “todo-poderoso”.
Teologicamente, Deus é o Todo-Poderoso que pode tudo quanto lhe apraz. Nada o
limita, porque Ele pode fazer tudo. Porém, Ele não faz qualquer coisa que fira
sua natureza santa e perfeita (2 Tm 2.13; Hb 6.18). Não há nada que o limite,
porque Ele, como Ser Absoluto, está livre de qualquer limitação ou
confinamento. Precisamos compreender que quando afirmamos que Deus tem poder
para fazer todas as coisas, não nos referimos às coisas que fogem à ordem que
Ele tem estabelecido para o mundo. Ele não fará qualquer coisa que contrarie
sua natureza perfeita e santa; Deus, por exemplo, não pode mentir (Nm 23.19),
porque contraria sua natureza moral. Quando usamos a expressão “Deus não pode
fazer” não significa que Ele não esteja livre para fazer qualquer coisa, mas
significa que Ele é Santo e Absoluto, e não corre o risco de falhar. Ele está
livre de qualquer limitação ou confinamento. Simplesmente Ele não pode fazer
coisas que contrariem sua natureza divina. O Espírito tem todo o poder, mas Ele
respeita o livre-arbítrio do homem. Não há divisão ou parte da Onipotência
divina no Espírito Santo, porque embora cada uma das pessoas da Trindade seja
distinta, os atributos divinos pertencem aos três por igual. Por isso, o
Espírito não é uma terceira autoridade divina, mas Ele faz o que lhe apraz (1
Co 12.11).
O segundo atributo é
onipresença.
O Salmo 139 revela que a sua
presença se faz sentir em todo lugar. Assim como o Espírito penetra todas as
coisas e perscruta o nosso entendimento, também pode estar em todo o lugar ao
mesmo tempo. Sua presença é plena e perfeita. Ele não se divide em várias
presenças manifestas, mas sua presença pessoal é perfeita e total. Deus é
Espírito e preenche a imensidade, e cada ponto do Universo é preenchido por Ele
(At 17.24-28; Jr 23.23,24). Ele não só possui total conhecimento das coisas que
possam ocorrer em todo lugar, mas sua presença pode encher todos os luga res.
Ele não se divide em presenças, mas sua presença pessoal é total, plena e
perfeita em cada lugar que estiver. Em relação à Trindade, cada Pessoa que a
constitui destaca-se em manifestações distintas, as quais mostram a onipresença
da Divindade. O Pai foi conhecido e manifesto pelo Filho na terra ( Jo 3.3) e o
Espírito Santo é a manifestação do Pai e do Filho na vida interior do crente (
Jo 14.17,19,20,23). A história da Igreja atesta que o Espírito sempre esteve e
está presente na sua missão na terra, sem restrição de espaço ou tempo.
O terceiro atributo divino é
a onisciência. A palavra onisciência deriva de suas palavras latinas: omnis e
scientia. A primeira significa “tudo ou todo” e scientia significa “conhecimento
ou ciência”. Esse atributo está intrínseco na natureza divina das Pessoas da
Trindade. O Espírito Santo, do mesmo modo que o Pai e o Filho, tem total
conhecimento, isto é, Ele possui perfeito conhecimento. Nada escapa ao seu
conhecimento. Sua compreensão é infinita e sua sabedoria é uma qualidade
singular e indescritível em sua natureza divina. Ele sabe tudo acerca de si
mesmo e de tudo quanto criou (Sl 139.2,11,13). Ele sabe tudo acerca dos homens,
por dentro e por fora (1 Rs 8.39; Jr 16.17; Rm 8.27). Ninguém pode esconder
coisa alguma do Espírito Santo. Nenhum só pensamento nosso passa despercebido
do Deus Trino.
IV – A PERSONALIDADE DO ESPÍRITO SANTO
O Espírito Santo tem
personalidade própria. Ele não é uma emanação ou influência da Divindade. Antes,
é uma pessoa divina incorpórea que não pode ser confundida com alguma forma
física ou corpórea. Sua Personalidade tem um caráter moral espiritual que se
manifesta por meio do falar, do sentir e do fazer alguma coisa. Pronomes
pessoais são conferidos ao Espírito Santo No Evangelho de João 16.8,13,14, o
texto contém pronomes pessoais como “ele”, “aquele”, que no grego bíblico
aparece como ekeinos e indicam tratamento pessoal. Em João 14.16, temos a
expressão “outro consolador” e o pronome “outro” indica alguém, não uma coisa.
No grego esse pronome é allos e significa “outro do mesmo tipo”. O Filho de
Deus, Jesus Cristo, revelou-se como Pessoa. Depois de cumprida a sua missão Ele
prometeu enviar “outro consolador” que é o Espírito Santo.
Três atributos pessoais são
revelados e identificados no Espírito Santo: intelecto, vontade e sentimento. O
primeiro faz com que o Espírito Santo fale, pense, raciocine e determine (Rm
8.27; 1 Co 2.10,11,16). O segundo atributo é a vontade, demonstrada na Palavra
de Deus. Ele faz o que quer, como e quando quer, porque Ele tem conhecimento
prévio de tudo e não corre o risco de errar. Os dons espirituais são
distribuídos por Ele conforme a sua vontade (1 Co 12.7,11). O seu conhecimento
inerente e pleno lhe dá condições de agir livremente. O terceiro atributo é o
sentimento. Ele tem emoções. O Espírito possui todos os graus de afeição e
sensibilidade de quem ama, geme, chora, intercerde (Rm 8.26,27; Ef 4.30).
Aprendemos, inicialmente, que
precisamos conhecer o Espírito Santo para entendermos suas manifestações no
mundo, em especial, na Igreja de Cristo. A grande verdade dessa lição é
sabermos que o Espírito não é um mero símbolo espiritual. Ele é Deus Pessoal
que se comunica conosco.
ELIENAI
CABRAL - CPAD
I
- Quem É o ESPÍRITO SANTO
O
ESPÍRITO SANTO é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele aparece pela
primeira vez nas Escrituras em Gênesis 1.2, e daí em diante sua presença é
proeminente em ambos os Testamentos. O vocábulo que dá sentido ao seu nome é o
grego pneuma, vindo da raiz hebraica ruach. Ambos os termos, quando aplicados
para dar significação divina e sem igual, denotam o infinito ESPÍRITO de DEUS.
A
atuação deste supremo Ser é marcante nas Escrituras como o Substituto legal do
Filho de DEUS, desde o Pentecoste até o arrebatamento da Igreja (Jo 16.7), e
continuando depois com ela para sempre (Jo 14.16). Ele veio ao mundo como o
"Agente da Comunicação Divina". Sua origem não se encontra nas
tábuas genealógicas, pois, sendo Ele um dos membros da Divindade, é a origem
de si mesmo e a causa de sua própria substância.
II
- Sua Preexistência
A
natureza e os atributos do ESPÍRITO SANTO caracterizam-no como o
"ESPÍRITO eterno", não conhecendo princípio de dias nem fim de
existência (Hb 9.14). Ele aparece ao lado de DEUS, quando havia unicamente o
DEUS trino e uno. O tempo, que marca extensão, é percebido através da relação
entre "antes" e "depois". Uma vez que o ESPÍRITO SANTO tem
a mesma natureza de DEUS, o tempo não se aplica a Ele já que existe pela
própria necessidade de sua existência. Ele é um Ser vivo, dotado de personalidade,
não sendo meramente uma influência ou emanação de DEUS. Antes, é uma Pessoa
claramente divina, que faz parte da Trindade.
Não
um ser criado, como nós ou as demais criaturas que, por um ato de DEUS,
passamos a existir num certo tempo e lugar.
1.
No Antigo Testamento
O
período do Antigo Testamento foi de preparação e espera a este Ser eterno, cuja
ação plena concretizou-se no Novo. Mas antes, como sabemos, o Eterno ESPÍRITO
de DEUS já operava.
Em
suas várias manifestações e demonstrações de poder, tanto no universo físico
como no espiritual, sua presença é sentida e revelada (Gn 1.2; 6.3; Êx 8.19; Jo
33.4 etc.) Entretanto, eram apenas manifestações objetivas e tópicas, pois até
então o ESPÍRITO SANTO não havia sido "derramado" e sim
"manifestado" (cf. Jl 2.28; Jo 7.39). O ESPÍRITO SANTO se revelava de
três maneiras, visto no contexto geral.
a.
Como ESPÍRITO criador do cosmo. Por cujo poder o Universo e todos os seres
foram criados.
b.
Como ESPÍRITO dinâmico ou doador de poder. Revelado como o Agente de DEUS em
relação aos homens; entretanto, não era outorgado como dádiva permanente. Em
sentido tópico, tal sucedia até mesmo no caso dos profetas, embora seja seguro
pensar que homens mais profundamente espirituais possuíam o dom do ESPÍRITO por
tempo mais dilatado que o comum (cf. Sl 51.11- Ml 2.15).
c.
Como ESPÍRITO regenerador. Pelo qual a natureza humana é transformada "de
glória em glória na mesma imagem, como pelo ESPÍRITO do Senhor" (2 Co
3.18). Encontramos sua presença no Antigo Testamento, em várias manifestações de
poder, num total de 88 vezes: 13 no Pentateuco; sete em Juízes; sete em 1
Samuel; cinco nos Salmos; 14 em Isaías; 12 em Ezequiel; e trinta outras, por
inferência.
Dos
39 livros do Antigo testamento, apenas 16 não fazem referência específica a Ele
- mas em essência.
Algumas
referências marcam sua presença nesse período, descrevendo-o como membro ativo
da Divindade e participante de decisões somente a ela inerentes. Vejamos
algumas:
• Na criação do Universo: "E o ESPÍRITO
de DEUS se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
• Na criação do homem: "E disse DEUS:
Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança..." (Gn
1.26).
• No juízo sobre o pecado: "Então disse o
Senhor DEUS: Eis que o homem é como um de nós..." (Gn 3.22).
• No julgamento sobre o dilúvio: "Então
disse o Senhor: Não contenderá o meu ESPÍRITO para sempre com o homem..."
(Gn 6.3).
• Sobre a construção da torre de Babel:
"Eia, desçamos, e confundamos ali a sua língua..." (Gn 11.7).
O
ESPÍRITO SANTO é também retratado, em relação aos homens, como aquEle que
ilumina (Jo 33.8), dá forças especiais (Jz 14.6,19), concede sabedoria (Êx
31.1-6; Dt 34.8), outorga revelações (Nm 11.25; 2 Sm 23.2), instrui sobre a
vontade de DEUS (Is 11.2), administra graça (Zc 12.10) e, finalmente, enche as
vidas com sua presença (Ef 5.18).
2.
No Novo Testamento
O
ESPÍRITO SANTO entra em cena logo nas primeiras páginas do Novo Testamento. O
anjo Gabriel informa a Zacarias, um velho sacerdote da ordem de Abias, que seu
futuro filho, João Batista, seria cheio do ESPÍRITO SANTO desde o ventre
materno (Lc 1.15). O mesmo mensageiro celestial diz a Maria que o ESPÍRITO
SANTO desceria sobre ela (Lc 1.35). Mais adiante encontramos o justo Simeão, e
"o ESPÍRITO SANTO estava sobre ele" (Lc 2.25). Durante a vida terrena
de nosso Senhor JESUS, a atuação do ESPÍRITO SANTO acompanhava seus passos,
palavras e obras. Ou seja, JESUS era "cheio do ESPÍRITO SANTO" (Lc
4.1). E podia exclamar: "O ESPÍRITO do Senhor é sobre mim" (Lc 4.18).
III
- Sua Existência Pós-pentecostal
Vinte
e cinco livros dos 27 que compõem o Novo Testamento descrevem o ESPÍRITO SANTO
como um Ser real. Apenas dois, Filemom e 3 João, falam dEle apenas em essência.
Há
duas citações sobre a existência do Pai e do Filho que não mencionam sua existência:
"E
a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único DEUS verdadeiro, e a
JESUS CRISTO, a quem envias-te" (Jo 17.3).
"E
mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do
trono de DEUS e do Cordeiro..." (Ap22.1).
No
entanto, a ausência do ESPÍRITO SANTO nestas duas citações não lhe nega a
existência como Pessoa real! Pelo contrário, prova sua humildade e grandeza.
De
acordo com a Lei mosaica, o testemunho de dois homens era verdadeiro para se
firmar qualquer palavra ou sentença.
Dois
grandes personagens, João Batista e JESUS Cristo, afirmaram ter visto o
ESPÍRITO SANTO em forma corpórea.
"E
João testificou, dizendo: Eu vi o ESPÍRITO descer do céu como uma pomba, e
repousar sobre ele. E eu não o conhecia, mas o que me mandou a batizar com
água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer o ESPÍRITO, e sobre ele
repousar, esse é o que batiza com o ESPÍRITO SANTO" (Jo 1.32,33).
"E,
sendo JESUS batizado, saiu logo da água, e viu o ESPÍRITO de DEUS descendo como
pomba e vindo sobre ele" (Mt 3.16).
IV
- Sua Natureza
A
terceira Pessoa da Trindade é ESPÍRITO por natureza! Ou seja, tal qual Ele é,
tanto o seu Ser como o seu caráter, assim são também o Pai e o Filho: iguais em
aspecto, poder e glória. O fato de o ESPÍRITO SANTO ser DEUS fica provado não
somente por sua identificação com o Pai e o Filho, nas fórmulas do batismo e da
bênção apostólica, mas também pelos atributos divinos que possui. Em outros
aspectos, o ESPÍRITO SANTO é co-participante dos atos de DEUS, especialmente
pela sua maneira tríplice de agir, como por exemplo:
1. Na bênção das tribos
"O
Senhor DEUS te abençoe e te guarde: o Senhor [JESUS] faça resplandecer o seu
rosto sobre ti, e tenha misericórdia de ti. O Senhor [ESPÍRITO SANTO] sobre ti
levante o seu rosto, e te dê a paz" (Nm 6.24-26).
2. Na bênção apostólica
"A
graça do Senhor JESUS CRISTO, e o amor de DEUS, e a comunhão do ESPÍRITO SANTO
seja com vós todos" (2 Co 13.13).
3. No perdão
"Ó
Senhor [DEUS], ouve; ó Senhor [JESUS], perdoa: Ó Senhor [ESPÍRITO SANTO],
atende-nos e opera sem tardar" (Dn 9.19).
4. No louvor
"E
clamavam uns para com os outros, dizendo: SANTO [DEUS], SANTO [JESUS], SANTO
[ESPÍRITO SANTO] é o Senhor dos Exércitos: toda a terra está cheia da sua
glória" (Is 6.3).
5. No batismo
"Portanto
ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do
ESPÍRITO SANTO..." (Mt 28.19).
6. Nos dons
"Ora
há diversidade de dons, mas o ESPÍRITO é o mesmo. E há diversidade de
ministérios, mas o Senhor [JESUS] é o mesmo. E há diversidade de operações,
mas é o mesmo DEUS que opera tudo em todos" (1 Co 12.4-6).
7. Na unidade da fé
"Há
um só... ESPÍRITO... um só Senhor [JESUS]... um só DEUS e Pai de todos..."
(Ef 4.4,6).
8. No testemunho
"Porque
três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o ESPÍRITO SANTO; e
estes três são um" (1 Jo 5.7).
Evidentemente,
a presença do ESPÍRITO SANTO é vista por toda a extensão das Escrituras, sempre
agindo de comum acordo com o Pai e o Filho.
De
DEUS se declara: "Desde a antigüidade fundaste a terra: e os céus são obra
das tuas mãos" (Sl 102.25).
De
CRISTO se declara: "Porque nele foram criadas todas as coisas, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades:
tudo foi criado por ele e para ele" (Cl 1.16).
Do
ESPÍRITO SANTO se declara: "Pelo seu ESPÍRITO ornou os céus" (Jo
26.13). Os atos da criação - em separado, ainda que completos - da parte de
cada Pessoa reúnem-se na afirmação do nome de DEUS [Eloim], e daí por diante.
Ele
é, portanto, o ESPÍRITO eterno (Hb 9.14). É onipresente (Sl 139.7-10),
onipotente (Lc 1.37) e onisciente (1 Co 2.10). A Ele se atribuem obras
divinas: tomou parte na criação (Gn 1.2); produz novas criaturas para JESUS (Jo
3.5); ressuscitou a JESUS CRISTO dentre os mortos (Rm 1.4; 8.11).
O
sentido que lhe dá a palavra grega - herdada do original hebraico - é sem
igual. Pneuma, como termo psicológico, representa a sede da percepção, do
sentido, da vontade, do estado da mente, ou pode ser equivalente ao ego da
pessoa humana (Mc 2.8; Lc 1.47; Jo 11.33; 13.21 etc...). Porém, o termo pneuma,
ou vocábulo grego correspondente, aparece 220 vezes no Novo Testamento. Nada
menos de 91 dessas ocorrências, em essência especial, com ou sem qualificativo
quanto ao caráter ou a origem, indicam o ESPÍRITO SANTO.
São
usados pronomes masculinos, como na indicação do Pai e do Filho, dominando,
portanto, toda construção gramatical neste sentido. Isto é importante!
V
- Seu Relacionamento
A
atuação do ESPÍRITO SANTO pode ser vista tanto em relação ao universo físico
como ao espiritual. Sua ação pode ser presenciada em ambos os Testamentos.
Entretanto, com maior impacto, o ESPÍRITO foi prometido para uma dispensação
futura, a tal ponto que, nos tempos do Messias, Ele seria "derramado sobre
toda a carne".
1.
Com o Universo
"E
a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o
ESPÍRITO de DEUS se movia sobre a face das águas" (Gn 1.2).
Observe-se
que a palavra "DEUS" está no plural, e o verbo, no singular (no
hebraico, há três números: singular, dual e plural). Assim, a natureza de DEUS
é revelada na primeiras palavras de Gênesis, como de igual modo o Filho e o
ESPÍRITO SANTO: uma Trindade, porém um só DEUS.
O
Filho aparece na "segunda" palavra da Bíblia - Ele é o princípio (Ap
3.14).
O
Pai aparece na "quarta" palavra.
O
ESPÍRITO SANTO aparece na "trigésima-terceira" palavra, e daí por
diante sua presença contínua e suas manifestações tópicas nas obras de DEUS
são presenciadas em cada acontecimento. Dessa maneira, podemos aceitar que, na
criação do Universo, o Pai a propôs e o Filho agiu pela energia do ESPÍRITO
SANTO. Subentende-se, portanto, que o ESPÍRITO SANTO, como Divindade
inseparável em toda a criação, manifesta sua presença em todos os elementos da
natureza criada. Todas as forças da natureza são apenas evidências da presença
e operação do ESPÍRITO de DEUS. Toda a criação, e todo ser criado, deve sua
existência e continuação às "mãos de DEUS": CRISTO ("Nele foram
criadas todas as coisas", Cl 1.16) e ao ESPÍRITO SANTO ("Ele criou e
ornamentou a todas as coisas"; cf. Jo 26.13; 33.4; Sl 104.30).
2.
Com CRISTO
O
ESPÍRITO SANTO desceu sobre Maria, produzindo a concepção virginal do Filho de
DEUS (Mt 1.20; Lc 1.23), e é visto como aquEle que "ungiu" JESUS de
Nazaré, capacitando-o para sua missão evangelizadora (Lc 4.18,19) e seu
ministério miraculoso. Pedro afirma que DEUS "ungiu a JESUS de Nazaré com
o ESPÍRITO SANTO e com virtude; o qual andou fazendo bem, e curando a todos os oprimidos
do diabo, porque DEUS era com ele" (At 10.38). Ele veio substituir o Filho
na missão de conduzir os homens a DEUS, como sua Testemunha poderosa (Jo
15.26). É a força restauradora por meio da qual CRISTO opera (Rm 8.11).
Finalmente, Ele é o "Amigo Fiel" de CRISTO, glorificando-o por ter
realizado tão sublime redenção em favor de quem não a merecia (Jo 16.14).
3.
Com a Igreja
O
ESPÍRITO SANTO é o único que pode regenerar a alma, mediante seu toque
transformador. Sua presença entre os salvos deve ser contínua e perpétua, pois
assim produz no crente fruto semelhante a natureza moral positiva de DEUS (Gl
5.22,23).
O
objetivo principal do fruto do ESPÍRITO no crente, bem como de todas as suas
operações na alma, é transformá-lo segundo a imagem de CRISTO, nos termos mais
literais possíveis (2 Co 3.18). A promessa de JESUS a seus discípulos foi a
presença constante do ESPÍRITO em suas vidas. Ele disse: "... para que [o
ESPÍRITO SANTO] fique convosco para sempre... porque habita convosco, e estará
em vós" (Jo 14.16,17).
a.
Após a ressurreição de CRISTO. Depois de ressurreto, JESUS entrou numa casa
para participar com seus discípulos da primeira reunião de seu ministério
celestial. As portas daquele santuário improvisado estavam "cerradas...
onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado".
Após
tê-los saudado ("Paz seja convosco!"), o segundo ato do Senhor foi
"soprar" sobre eles, dizendo: "Recebei o ESPÍRITO SANTO"
(Jo 20.19,22).
Todo
salvo, segundo as Escrituras, tem o ESPÍRITO SANTO como selo da ressurreição de
CRISTO. Porque "se alguém não tem o ESPÍRITO de CRISTO, esse tal não é
dele" (Rm 8.9). E esta é a confirmação divina: "Se o ESPÍRITO daquele
que dos mortos ressuscitou a JESUS habita em vós", então, sem nenhuma
dúvida, "somos filhos de DEUS" (Rm 8.11,16).
Ora,
o grande sucesso, tanto da igreja como do crente em particular, tem sido a
presença gloriosa do ESPÍRITO SANTO.
Paulo
revela aos crentes de Corinto: "Não sabeis vós que sois o templo de DEUS,
e que o ESPÍRITO de DEUS habita em vós?" (1 Co 3.16).
b.
A habitação do ESPÍRITO. Depois do processo de regeneração no pecador, o
ESPÍRITO SANTO passa a habitar nele, e aí permanece como Agente divino da
comunicação com o Pai e o Filho. A habitação do ESPÍRITO é uma fase posterior
à obra da conversão, e possibilita o crescimento da nova vida iniciada naquele
que foi chamado das trevas para viver na luz.
"Precisamos
reconhecer sua presença permanente no templo de nossos corpos. Esse
reconhecimento deve tornar-se sagrado e levar-nos, sem interrupção alguma, a
uma vida imaculada, livre de pecado. É o segredo da experiência de seu poder,
que permanentemente atua naquele que é fiel e obediente a CRISTO".
A
comunhão com o ESPÍRITO SANTO leva o crente a aspirar pela sua presença, no
dizer de Paulo: "Não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas
enchei-vos do ESPÍRITO" (Ef 5.18).
c.
A companhia do ESPÍRITO. R. M. Riggs observa que desde o seu advento, no dia de
Pentecoste, em Jerusalém, e através de outras visitações nas congregações de
Samaria (At 8), Cesaréia (At 10), Antioquia da Síria (At 13.2,4), Antioquia da
Pisídia (At 13.14), Éfeso (At 19.1-7), Corinto (1 Co 12.13) e Galácia (Gl 3.2),
o ESPÍRITO SANTO continua habitando pessoalmente nos crentes em JESUS - algo
que CRISTO não poderia fazer quando andava visivelmente na terra em carne
humana, isto é, de habitar o corpo dos outros, mas o ESPÍRITO SANTO o faz
agora.
d.
Dirigindo nossos passos. A partir do Pentecoste, o ESPÍRITO SANTO passou a
dirigir os passos da Igreja. A nova dispensação, inaugurada pela glorificação
de Cristo, é chamada tanto de era do ESPÍRITO SANTO como era da Igreja.
O
ESPÍRITO e a Igreja em tudo agem de comum acordo. A Igreja sem o ESPÍRITO seria
um corpo sem vida; e o ESPÍRITO sem a Igreja, uma força sem meio de ação. Por
esta razão o ESPÍRITO e a Igreja são inseparáveis e sempre dirigidos um para o
outro.
Ambos
são anunciados e prometidos por JESUS durante o seu ministério terreno (Mt
16.18; Jo 7.39). Depois da ressurreição de nosso Senhor, os dois aparecem
juntos no plano da salvação. Finalmente, o ESPÍRITO e a Igreja estão unidos na
mesma espera: o advento de JESUS CRISTO (Ap 22.17).
e.
No livro de Atos dos Apóstolos. O ESPÍRITO SANTO rouba a cena neste livro que é
padrão para a Igreja, tanto no sentido evangelístico como no administrativo e
social. Assim como nos evangelhos a presença do Filho de DEUS revelando e
exaltando o Pai é o fato principal, também a presença do ESPÍRITO SANTO,
exaltando e revelando o Filho de DEUS, preenche o campo inteiro de nossa visão
em Atos - até nossos dias.
Cumprem-se
assim as palavras de JESUS aos discípulos: "Ele [o ESPÍRITO SANTO] habita
convosco, e estará em vós" (Jo 14.17).
4.
Com o Mundo
Nosso
Senhor sintetizou a missão do ESPÍRITO: "E, quando ele vier, convencerá o
mundo do pecado, da justiça, e do juízo" (Jo 16.8).
a.
"Do pecado, porque não crêem em mim" (Jo 16.9). Existem várias
interpretações sobre o poder de convencimento do ESPÍRITO SANTO, sendo que as
opiniões seguem mais ou menos assim: "As palavras de JESUS no versículo 9
apontam principalmente o tremendo pecado da rejeição ao Messias, do qual é
antes de todos acusada a incrédula comunidade judaica" (At 3.18-20;
7.7,45;15.22).
Está
em foco o pecado de rejeição, porquanto a Luz veio ao mundo, mas os homens a
rejeitaram. JESUS "veio para o que era seu [os judeus], e os seus não o
receberam" (Jo 1.11). Com a vinda gloriosa do ESPÍRITO SANTO, todos foram
convencidos deste pecado "contra" CRISTO.
Uma
segunda interpretação diz respeito à poderosa atuação do ESPÍRITO na conversão
do homem. O ESPÍRITO SANTO opera diretamente no coração do homem, e este se
convence de que é um pecador de fato a vagar sem rumo nesta vida. O ESPÍRITO,
então, mostra-lhe a cruz de CRISTO (Ap 22.17).
b.
"Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (Jo
16.10). Temos aqui um avanço em relação a idéia anterior, pois o ESPÍRITO
SANTO agora não somente revela aos homens de que consiste o pecado,
convencendo-os dessa realidade, mas também de que consiste a justiça. Em outras
palavras, o ESPÍRITO de DEUS convence os homens da justiça de CRISTO.
c.
"E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (Jo
16.11). O senso moral correto exige que os homens sejam recompensados ou
punidos. Essa prova moral baseia-se na justiça de DEUS, que exige recebam a
virtude e o vício as sanções que lhes são devidas: recompensa ou punição.
Aqui
no mundo, as sanções da virtude e do vício são evidentemente insuficientes:
muitas vezes o vício triunfa, enquanto a virtude é humilhada. A justiça deseja
que cada um seja tratado segundo as suas obras, e isto não pode ser feito senão
por meio de CRISTO. O ESPÍRITO Santo, portanto, convence o mundo deste juízo
por CRISTO (At 17.30,31). Em síntese, o ESPÍRITO SANTO convence o mundo:
• Do pecado: contra o CRISTO - crucificado.
• Da justiça: de CRISTO - glorificado.
• Do juízo: por CRISTO - diante do Trono
Branco.
Por
três vezes JESUS referiu-se ao ESPÍRITO SANTO como o "ESPÍRITO de
verdade" (Jo 14.17; 15.26; 16.13). Significa que o ESPÍRITO SANTO é o
Agente que conduz os homens a CRISTO, que é a Verdade, convence os homens de
que tudo o que CRISTO falou era verdade, bem como da realidade do Juízo Final,
diante do Trono Branco, efetuado por CRISTO ao lado do Pai.
FONTE : APAZDOSENHOR.ORG






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