I. DEFINIÇÃO DE REBELDIA
No Aspecto Bíblico
O Dicionário Ilustrado da Bíblia define rebelião como “conduta ou
discurso incitando à revolta contra autoridade constituída ou outro
representante do governo legítimo” (Ed 4.15; Lc 23.19, sedição). O verbo
rebelar-se tem uma conotação hebraica, segundo Vine, própria e muito
forte, posto que seu sentido é diversificado em outros idiomas, tendo o
sentido de irar-se no aramaico; no árabe, quer dizer disputa e, no siríaco,
briga. Na sua essência, biblicamente falando, a rebeldia (marãh) trata-se de
uma oposição que alguém faz alicerçado no orgulho.
No aspecto bíblico, a rebeldia pode ser praticada contra os líderes, os pais,
Deus e sua Palavra. Veja:
Deus e sua Palavra. Veja:
• Filho rebelde (Dt 21.18).
• Jerusalém rebelando-se contra Deus (Is 3.8).
• Homem de Deus rebelando-se contra Deus (1 Rs 13.26).
• Homem rebelando-se contra a Palavra do Senhor (1 Rs 13.21).
• Rebelião contra a Palavra do Senhor (Sl 107.11).
Os que praticam rebeldia buscam desafiar a Deus e a sua ordem (Lm 1.18),
razão pela qual sofrem as consequências divinas. Esse ato, conforme
supracitado, revela um coração não transformado ou regenerado, o que
pode por vezes evidenciar atitudes de insurreição, sedição.
O profeta Sofonias fala de uma cidade opressora porque era dominada pela
rebeldia (Sf 3.1,2).
pode por vezes evidenciar atitudes de insurreição, sedição.
O profeta Sofonias fala de uma cidade opressora porque era dominada pela
rebeldia (Sf 3.1,2).
Vivemos tempos em que as gerações são dominadas pelo sentimento de
rebeldia. O que prevalece nas universidades são pensamentos niilistas, que
atacam todo tipo de valores morais e cristãos, como também os poderes
estabelecidos, pois tal ensino originou-se em Nietzsche, que pregava a
independência humana e o realizar-se em si mesmo, não aceitando o
conformismo e a submissão. A rebeldia não é o procedimento correto
daquele que serve e teme a Deus. Isso porque, segundo nos revela a Palavra,
todos os que a praticaram tiveram um fim muito triste.
A nova geração de israelitas, que sobreviveram no deserto, foi alertada a não seguir
o modelo de seus pais, que se portaram rebeldemente (Sl 78.8; Jr 5.23);
assim, Paulo diz que o que foi escrito é para nossa advertência (Rm 15.4).
Rejeitemos terminantemente a rebeldia para podermos desfrutar das copiosas
bênçãos de Deus.
daquele que serve e teme a Deus. Isso porque, segundo nos revela a Palavra,
todos os que a praticaram tiveram um fim muito triste.
A nova geração de israelitas, que sobreviveram no deserto, foi alertada a não seguir
o modelo de seus pais, que se portaram rebeldemente (Sl 78.8; Jr 5.23);
assim, Paulo diz que o que foi escrito é para nossa advertência (Rm 15.4).
Rejeitemos terminantemente a rebeldia para podermos desfrutar das copiosas
bênçãos de Deus.
No Aspecto Psicológico
Somos cônscios de que a Psicologia busca analisar o comportamento
humano e sua interação com o ambiente físico e social. Nesse particular,
ela salienta a importância de cada pessoa ajustar-se a determinadas normas escritas
e a certos costumes estabelecidos por uma sociedade. Isso é necessário para que
as coisas funcionem bem.
ela salienta a importância de cada pessoa ajustar-se a determinadas normas escritas
e a certos costumes estabelecidos por uma sociedade. Isso é necessário para que
as coisas funcionem bem.
Analisando introspectivamente o ser humano, muitos psicólogos pontuam
que cada ser vivente tem dentro do seu interior um lado rebelde, ou seja, que quer
mudança. A rebeldia psicológica não é aquela que se propõe criar brigas, intrigas,
desrespeito, quebra da hierarquia. Na verdade, ela é um sentimento interior que
não se conforma com certas normas estabelecidas, mas procura sair da zona de
conforto buscando um ajuste por meio de um caminho certo.
mudança. A rebeldia psicológica não é aquela que se propõe criar brigas, intrigas,
desrespeito, quebra da hierarquia. Na verdade, ela é um sentimento interior que
não se conforma com certas normas estabelecidas, mas procura sair da zona de
conforto buscando um ajuste por meio de um caminho certo.
Destacamos positivamente uma rebeldia justa realizada por Martin Luther
King Jr. (1929–1968), Martinho Lutero (1483–1546), dentre outros. Ambos
rebelaram-se contra aquilo que estava errado. O primeiro pelos direitos dos
negros, de modo pacífico; já o segundo, querendo que a igreja voltasse aos
verdadeiros princípios exarados nas Sagradas Escrituras, e não apenas em
normas ditadas pela igreja.
A rebeldia psicológica não é aquele sentimento de ser contra tudo e contra
todos, de rejeitar o verdadeiro, a harmonia. Ela não é improdutiva. Na
verdade, ela surge quando algumas normas sociais são impostas
arbitrariamente; esse fogo é aceso no momento em que alguém se depara com
a quebra de valores justos, bons, verdadeiros.
Os psicólogos falam em dois tipos de rebeldia: a inteligente e a destrutiva.
A primeira busca questionar certas coisas procurando seu real sentido, seu ajuste,
entender o porquê de certa coisa estar sendo feita.
A segunda surge de revoltas sem motivos, pautadas em interesses próprios.
São revoltas sem causas justas, visando única e exclusivamente contrariar as pessoas.
a quebra de valores justos, bons, verdadeiros.
Os psicólogos falam em dois tipos de rebeldia: a inteligente e a destrutiva.
A primeira busca questionar certas coisas procurando seu real sentido, seu ajuste,
entender o porquê de certa coisa estar sendo feita.
A segunda surge de revoltas sem motivos, pautadas em interesses próprios.
São revoltas sem causas justas, visando única e exclusivamente contrariar as pessoas.
A rebeldia no seu aspecto positivo busca resolver problemas, procura o
bem do próximo, quer uma sociedade justa, um mundo melhor.
Quando uma pessoa age intencionada na defesa dos bons princípios, de uma sociedade
igualitária, de direitos iguais, pode-se dizer que, nesse parâmetro, sua rebeldia é a de não
se conformar com o que não convém, mas, sim, com o que convém; por isso ela
é positiva.
Quando uma pessoa age intencionada na defesa dos bons princípios, de uma sociedade
igualitária, de direitos iguais, pode-se dizer que, nesse parâmetro, sua rebeldia é a de não
se conformar com o que não convém, mas, sim, com o que convém; por isso ela
é positiva.
O Cristão e a Rebelião
O cristão jamais deverá trilhar o caminho da rebeldia que visa destruir a
harmonia, a paz, a comunhão, dividir igrejas, colocar um crente contra o
outro. Pode-se notar que as Escrituras Sagradas destacam o respeito para com
as autoridades seculares (Rm 13.1; Tt 1.3) e que jamais se deve proceder
as autoridades seculares (Rm 13.1; Tt 1.3) e que jamais se deve proceder
como ímpios, que buscam criar revoltas apenas para fins particulares (Pv
17.11). Os apóstolos Pedro e Judas falam daqueles que são dominados pelas
paixões infames da carne e não temem desrespeitar qualquer autoridade (2 Pe 2.10; Jd 1.8).
No sentido de não conformidade com o que é errado, o cristão pode
manifestar-se contrário, pois seu propósito é sempre estar ao lado da verdade,
da justiça, buscando a perfeita unidade, que é o vínculo da paz (Ef 4.3).
Quem é nova criatura em Cristo Jesus (2 Co 5.17) não trilha o caminho da rebeldia;
por vezes, sua ação em relação ao sistema político secular, ou mesmo eclesiástico,
só pode acontecer quando não se está procedendo com justiça. No mais, tal ação deve ser
feita com oração, prudência, equilíbrio, atentando para os aspectos morais e espirituais,
mensurando-se até que ponto sua ação pode ser produtiva ou não.
da justiça, buscando a perfeita unidade, que é o vínculo da paz (Ef 4.3).
Quem é nova criatura em Cristo Jesus (2 Co 5.17) não trilha o caminho da rebeldia;
por vezes, sua ação em relação ao sistema político secular, ou mesmo eclesiástico,
só pode acontecer quando não se está procedendo com justiça. No mais, tal ação deve ser
feita com oração, prudência, equilíbrio, atentando para os aspectos morais e espirituais,
mensurando-se até que ponto sua ação pode ser produtiva ou não.
Os que andam no caminho da rebeldia para mostrar erudição, que estão
fora do sistema, que são diferentes, podem sempre estar em perigo.
A Bíblia alerta-nos quanto ao risco por meio de quem vem o escândalo (Mt 18.7).
No caso de tomar qualquer atitude, o primeiro passo do cristão é orar, ver se sua ação
configura-se segundo os parâmetros bíblicos e qual o propósito dela.
A Bíblia alerta-nos quanto ao risco por meio de quem vem o escândalo (Mt 18.7).
No caso de tomar qualquer atitude, o primeiro passo do cristão é orar, ver se sua ação
configura-se segundo os parâmetros bíblicos e qual o propósito dela.
II. A REBELDIA DE SAUL
Não Cumpria a Ordem Divina
Lendo os versículos 15-21, pode-se perceber facilmente que Saul não era
um líder. Sua escolha veio do povo, não de Deus, que o conhecia muito bem.
Deus só coloca na sua obra líderes de verdade, que estejam prontos a
Deus só coloca na sua obra líderes de verdade, que estejam prontos a
obedecer-lhe. Saul era um escravo do povo. Suas decisões não eram pautadas
com boa base de liderança. Observe que, ao ser repreendido,
ele lança a culpa sobre o povo, assim como fez Adão, Eva, Arão (Gn 3.12; Êx 32.22).
Por não obedecer à ordem de Deus, poupando o melhor dos despojos dos amalequitas
e Agague, o Senhor desaprovou o reinado de Saul, que seria mais e mais decadente
dali em diante. Observe que Saul era um rei cheio de vaidade e autoconfiante.
Ao ser perguntado por Samuel se havia cumprido o que Deus tinha determinado,
ele prontamente diz que sim. Nesse particular, nota-se que ele não tinha verdadeiro
temor e conhecimento do Senhor; daí o grande motivo de seu fracasso.
com boa base de liderança. Observe que, ao ser repreendido,
ele lança a culpa sobre o povo, assim como fez Adão, Eva, Arão (Gn 3.12; Êx 32.22).
Por não obedecer à ordem de Deus, poupando o melhor dos despojos dos amalequitas
e Agague, o Senhor desaprovou o reinado de Saul, que seria mais e mais decadente
dali em diante. Observe que Saul era um rei cheio de vaidade e autoconfiante.
Ao ser perguntado por Samuel se havia cumprido o que Deus tinha determinado,
ele prontamente diz que sim. Nesse particular, nota-se que ele não tinha verdadeiro
temor e conhecimento do Senhor; daí o grande motivo de seu fracasso.
Está claro no texto que, sendo Saul pequeno, Deus exaltou-o, ou seja, deu-lhe o trono.
Todavia, diante de tamanha bondade do Senhor para com Saul,
Todavia, diante de tamanha bondade do Senhor para com Saul,
ele sempre continuava desobedecendo, não ouvindo sua voz.
Quando Samuel repreende Saul, ele apresenta suas argumentações sem base, e
o profeta apenas lhe diz que o obedecer é melhor do que qualquer sacrifício
(Os 6.6; Sl 50.8.14; 51.16; Is 1.11).
Quando Samuel repreende Saul, ele apresenta suas argumentações sem base, e
o profeta apenas lhe diz que o obedecer é melhor do que qualquer sacrifício
(Os 6.6; Sl 50.8.14; 51.16; Is 1.11).
O Arrependimento de Deus em Relação a Saul
Na expressão do versículo 11, tratando do arrependimento de Deus em ter
posto Saul como rei, o que se deve entender é que tal conotação não tem
ligação semelhante com o arrependimento humano (1 Sm 15.29).
Por não ser obediente, Deus levantaria outro homem, que seria novamente
instrumento para cumprir os propósitos divinos.
Por não ser obediente, Deus levantaria outro homem, que seria novamente
instrumento para cumprir os propósitos divinos.
No hebraico, a expressão “arrependo-me” é nacham, que quer dizer “sentir
muito, lamentar”. Quando aplicada a Deus, fala tão somente de mudança de
planos com respeito aos agentes humanos.
Diante de tudo o que havia feito de não obedecer à Palavra,
Saul não percebia o tamanho e a gravidade do mal que ele cometera, o que foi relatado
por Samuel.
planos com respeito aos agentes humanos.
Diante de tudo o que havia feito de não obedecer à Palavra,
Saul não percebia o tamanho e a gravidade do mal que ele cometera, o que foi relatado
por Samuel.
Nesse diálogo, surgem dos lábios de Samuel não apenas verdades que
feriram grandemente o coração de Saul, mas ele deixa claro que, mais do que
qualquer sacrifício, o que Deus deseja de um devoto sincero é obediência.
Saul é rejeitado como líder do povo de Deus porque rejeitou a sua Palavra.
Quem não obedece à Palavra do Senhor já foi rejeitado por Ele há muito
qualquer sacrifício, o que Deus deseja de um devoto sincero é obediência.
Saul é rejeitado como líder do povo de Deus porque rejeitou a sua Palavra.
Quem não obedece à Palavra do Senhor já foi rejeitado por Ele há muito
tempo; Ele já tem outro melhor para a sua obra.
É sempre bom lembrar que a melhor devoção é aquela que vem do coração,
e não das cerimônias externas, cheias de formalismo.
Quem é transformado interiormente pelo poder da Palavra de Deus exterioriza
isso na prática obedecendo.
Saul não obedecia como deveria porque não sabia os valores espirituais
que estavam por trás de tudo quanto Deus exigia.
e não das cerimônias externas, cheias de formalismo.
Quem é transformado interiormente pelo poder da Palavra de Deus exterioriza
isso na prática obedecendo.
Saul não obedecia como deveria porque não sabia os valores espirituais
que estavam por trás de tudo quanto Deus exigia.
O Pecado de Rebelião e Feitiçaria
O pecado da rebelião é descrito como algo sério pelo fato de tratar-se de
um levante contra Deus, sendo, nesse sentido, tão nocivo como a feitiçaria,
que, no hebraico, é qecem, adivinhação. Trata-se de magia com que se usam alguns
tipos de palavras para invocar demônios ou espíritos para prever o futuro e controlar
pessoas (Gl 5.20). Quem praticasse a rebelião era como se estivesse cometendo
o pecado de apostasia, pois buscar a feitiçaria era negar a pessoa do Deus supremo,
sua autoridade, colocando, assim, outros poderes em seu lugar.
tipos de palavras para invocar demônios ou espíritos para prever o futuro e controlar
pessoas (Gl 5.20). Quem praticasse a rebelião era como se estivesse cometendo
o pecado de apostasia, pois buscar a feitiçaria era negar a pessoa do Deus supremo,
sua autoridade, colocando, assim, outros poderes em seu lugar.
Em relação à obstinação, do hebraico patsar, no hifil, que é causativo,
trata-se de demonstrar arrogância, insolência, presunção; assim, ela também
é tão nociva quanto os cultos que se fazem a ídolos, do hebraico ´awen.
Quem pratica a idolatria está cometendo um grande pecado, pois substitui o
Deus verdadeiro por um falso, o que também é um tipo de apostasia.
Na feitiçaria, o que se tem é o reconhecimento de poderes sobrenaturais;
quem a pratica despreza o poder de Deus. Na rebelião, a pessoa nega a autoridade divina.
é tão nociva quanto os cultos que se fazem a ídolos, do hebraico ´awen.
Quem pratica a idolatria está cometendo um grande pecado, pois substitui o
Deus verdadeiro por um falso, o que também é um tipo de apostasia.
Na feitiçaria, o que se tem é o reconhecimento de poderes sobrenaturais;
quem a pratica despreza o poder de Deus. Na rebelião, a pessoa nega a autoridade divina.
III. SAUL: UM LÍDER SEM CRITÉRIOS
Não Sabia Esperar
Logo que Saul é coroado, não demora para que ele seja provado por Deus.
Esse teste divino tinha como objetivo provar sua confiança, ou seja, se ela
estava em Deus ou nos recursos do mundo. Jônatas, filho de Saul, tinha
lançado um ataque sobre os filisteus e agora eles vinham contra Israel (1 Sm 13.4,5).
A ordem de Samuel era que Saul esperasse antes de lançarem-se à batalha, mas,
sete dias depois, não chegando o profeta, Saul ficou sem controle, em estado de pânico,
temendo que seus soldados abandonassem-no.
Assim, ele desrespeita o que Samuel havia falado e logo oferece sacrifício a Deus,
preparando tudo para a batalha.
Não demorou para que Samuel chegasse e denunciasse seu pecado (1 Sm 13.10).
A ordem de Samuel era que Saul esperasse antes de lançarem-se à batalha, mas,
sete dias depois, não chegando o profeta, Saul ficou sem controle, em estado de pânico,
temendo que seus soldados abandonassem-no.
Assim, ele desrespeita o que Samuel havia falado e logo oferece sacrifício a Deus,
preparando tudo para a batalha.
Não demorou para que Samuel chegasse e denunciasse seu pecado (1 Sm 13.10).
A desobediência de Saul ataca seriamente sua vida; na verdade, o trono,
pois o Senhor diz que tiraria dele o governo e que o daria a um homem
melhor, Davi, que seria segundo o seu coração (1 Sm 13.14). Nunca é bom
desobedecer, ser impaciente, mas esperar com paciência (Sl 40.1), pois a
impaciência, o ato de não saber esperar, pode custar caro para nossa vida.
Saul: O Rei Rejeitado
Deus é maravilhoso, bondoso, misericordioso. Ele concede ao rei Saul
mais uma chance para que pudesse demonstrar mudança de vida, de atitude,
evidenciando isso por meio de sua total e plena confiança em Deus.
É isso que o capítulo 15 diz. Como já dito, ele recebeu a ordem de matar
os amalequitas
por completo, que seria um tipo de oferta para Deus, mas, novamente, ele volta a
desobedecer ao comando de Deus, escolhendo aquilo que achava ser melhor
para o Senhor.
evidenciando isso por meio de sua total e plena confiança em Deus.
É isso que o capítulo 15 diz. Como já dito, ele recebeu a ordem de matar
os amalequitas
por completo, que seria um tipo de oferta para Deus, mas, novamente, ele volta a
desobedecer ao comando de Deus, escolhendo aquilo que achava ser melhor
para o Senhor.
Samuel repreende Saul severamente pelo pecado cometido outra vez,
como já era de costume. Saul não se arrepende, mas apresenta seus subterfúgios,
suas evasivas, buscando desculpar-se, justificar-se, afirmando que tinha separado
o melhor para Deus. O profeta diz a ele que o Senhor, mais do que qualquer sacrifício,
quer obediência.
como já era de costume. Saul não se arrepende, mas apresenta seus subterfúgios,
suas evasivas, buscando desculpar-se, justificar-se, afirmando que tinha separado
o melhor para Deus. O profeta diz a ele que o Senhor, mais do que qualquer sacrifício,
quer obediência.
Saul passa a ser um rei rejeitado porque se tornou presunçoso, arrogante,
rebelde, que não ouvia a voz de Deus. Consciente e propositalmente,
ele não atentou para tudo quanto o Senhor falou, preservando a vida humana e dos animais,
enquanto Deus havia dito para destruir tudo.
ele não atentou para tudo quanto o Senhor falou, preservando a vida humana e dos animais,
enquanto Deus havia dito para destruir tudo.
O Governo divino em mãos humana
- Osiel Gomes
Saul Torna - se Rei 1 Samuel 14.45— 15.6(45).
Assim, o povo livrou a Jônatas
- a palavra em hebraico é padah,
“resgatar ou redimir”, provavelmente através de sua substituição pelo
sacrifício de algum animal (Gn 22.13; Êx 13.13; 34.20). O final desta fase da
guerra (que foi concluída posteriormente) está marcado pelo versículo 46.4.
Resumo do Reinado de Saul (14.47-52)Estes versículos resumem os feitos
militares de Saul e descrevem os seus relacionamentos familiares. As suas campanhas o levaram contra Moabe na direção sudeste (veja mapa), contra os amonitas para
o leste, contra os edomitas além de Moabe para o sul e para o leste, contra os reis de Zobá para o norte além de Damasco e contra os filisteus
para o oeste (47). A campanha contra os
amalequitas (48) está descrita com
detalhes no próximo capítulo.A família imediata de Saul consistia de sua esposa
Ainoã; dos seus filhos Jônatas, Isvi, e Malquisua; e das suas filhas Merabe e
Mical. O seu tio Abner era o general do exército (50), o comandante. Os
inimigos persistentes de Saul eram os filisteus, contra quem ele permaneceu em
conflito durante toda a sua vida. Para manter fortalecidos os seus exércir-
tos, ele seguiu a política do alistamento militar conforme Samuel havia
previsto em 8.11.C. A Missão contra Amaleque, 15.1-351.
O Compromisso de Saul com a sua
Incumbência (15.1-9) Samuel foi levar uma mensagem do Senhor a Saul. O povo de
Amaleque já tinha chegado aos limites da iniqüidade. Em Levítico 18 encontra-se
uma lista dos pecados dos moradores da região, que incluía os amalequitas. Esse
povo pecador e guerreiro tinha atacado os israelitas pela primeira vez em
Refidim (Êx 17.8-13; Dt 25.17,18), onde foram derrotados. Mais tarde, eles
entraram em Horma (Nm 14.43,45), onde tiveram êxito. Eles uniram forças com
Eglom, rei de Moabe, em um ataque contra Israel (Jz 3.13) e com os midianitas
nas suas incursões às colheitas e aos rebanhos de Israel (Jz 6.3-5,33; 7.12;
10.12).A ordem era destruir totalmente (3), uma frase que literalmente
significa “banir”. A palavra (charam, cherem) em geral é usada com respeito a
objetos ou pessoas que estão sob o
julgamento de Deus, e que devem ser destruídos ou tornar-se uma
propriedade especial do Senhor. A palavra corresponde à extração radical de um
câncer, realizada por um cirurgião, para evitar que o mal se espalhe pelo
corpo. Para deixar claro o fato de que esta não era uma guerra que tinha
simplesmente o objetivo de saquear e roubar, Israel recebeu a ordem de não
levar os despojos./Todas as criaturas vivas deveriam ser levadas à morte, e,
no caso de Jericó
(Js 6.17-2Í -
“anátema” significa cherem, “colocado
sob anátema”), tudo o que pudesse ser queimado deveria ser destruído
pelo fogo, e a prata, o ouro, o metal e o ferro deveriam ser consagrados a
Deus.Saul reuniu o seu exército em Telaim (4), cuja localização é desconhecida.
Havia 200 mil homens de onze tribos e 10 mil de Judá, outra evidência da
separação entre elas, que no final resultaria em dois reinos. Antes de iniciar
o grande ataque, Saul avisou aos queneus(6) que se separassem dos amalequitas,
entre os quais habitavam. Os primeiros eram um povo relacionado com os
midianitas e os amalequitas. Eram ferreiros por profissão, e tinham favorecido
os israelitas durante os anos que passaram no deserto. Saul realizou um205
1 Samuel 15.6-35
Saul Torna -se
Reiataque esmagador sobre os acampamentos dos amalequitas desde Havilá,
no deserto árabe perto do Sinai, até Sur, a leste do Egito e ligada com as suas
fortificações de fronteira(7). Mas o rei e os israelitas permitiram que vivesse
o rei Agague e trouxeram o melhor do rebanho (9). Vil e desprezível - de acordo com Moffatt, “comum e sem valor”.2.
A Rejeição do Rei (15.10-35) Saul agora enfrentava a sua prova final. Ele fora
avisado em muitas ocasiões, mas tinha fracassado repetidas vezes.
O Senhor disse a Samuel:
Arrependo-me de haver posto a Saul como rei (11) - a palavra hebraica, nacham, “arrepender”,
significa “suspirar, sentir muito, lamentar”, e, quando usada a respeito de
Deus, indica uma mudança de planos com relação aos instrumentos ou agentes
humanos. O termo mais caracteristicamente
utilizado para o
arrependimento humano no
sentido evangélico ou do
Novo Testamento é shuwb, “virar ou retornar”. Embora Samuel, sem dúvida, tivesse visto a chegada da crise,
entristeceu-se muito e toda a noite clamou ao Senhor.Quando Samuel veio a Saul,
este atrevidamente disse: Executei a palavra do Senhor (13). A resposta
clássica de Samuel foi: “Que balido, pois, de ovelhas é este nos meus ouvidos,
e o mugido de vacas que ouço?” (14). Uma vez mais Saul culpou o povo que, disse
ele, perdoou ao melhor das ovelhas e das vacas, para as oferecer ao Senhor, teu
Deus (15). O significado da palavra teu é clara. O Senhor já não era mais o
Deus de Saul.Com pesar, Samuel revelou a Saul o que Deus lhe dissera. Face às
repetidas alegações de obediência do rei, Samuel fez uma das maiores afirmações
com a natureza da verdadeira devoção que se encontra na literatura profética:
“Tem, porventura, o Senhor tanto prazer em holocaustos e sacrifícios como em
que se obedeça à palavra do Senhor? Eis que o obedecer é melhor do que o
sacrificar; e o atender melhor é do que a gordura de carneiros. Porque a
rebelião é como o pecado de feitiçaria, e o porfiar é como iniqüidade e idolatria”
(22,23).
Após desprezar a Palavra do Senhor,
Saul foi rejeitado como o rei do povo de Deus.Saul imediatamente confessou:
Pequei (24); uma confissão que não parece sincera, uma vez que ele ainda
culpava o povo e estava mais preocupado com a sua reputação do que com o seu
caráter (25; cf. também 30). O rasgar acidental da capa de Samuel ilustra dramaticamente
a perda do reino. O julgamento contra Saul era agora definitivo, pois a Força
de Israel (29) não mudaria, novamente, os seus propósitos em relação a Saul. A
palavra hebraica para Força é netsach, literalmente “o objetivo”, como um
objeto brilhante em cuja direção alguém daria “a glória, o esplendor”. Ela só é
usada aqui como um título de Deus.Samuel rendeu-se à insistência de Saul para
que oferecessem sacrifícios juntos. Mas a “adoração” do rei parecia ser somente
aparente, e formada por palavras vazias (30,31). O velho profeta executou
pessoalmente Agague (32,33). Saul havia
demonstrado a sua falta de dignidade para governar. O seu sucessor seria agora
escolhido - apesar disso Samuel teve dó
de Saul (35). O Senhor se arrependeu -
cf. comentário sobre 15.11.Sobre o significado de animosamente (32),
leia-se: “E, animadamente, Agague aproximou-se dele, cujo significado é:
“Certamente a amargura da morte já passou” (Berk.).O obedecer é melhor do que o sacrificar, 22,
isto é visto no decorrer de toda esta narrativa. Aqui temos (1) uma obediência
parcial, 10,11, cf. 3,9; (2) uma fidelidade declarada, 12,13; (3) um fracasso
público, 14-19; (4) uma desculpa insatisfatória, 20,21;(5) uma repreensão
profética, 22,23; (6) um arrependimento fingido, 24-27; (7) a destruição
predita, 28-31.
BEACON-1 E 2 SAMUEL

v.
O confronto final de Samuel com Saul (15.1-35).
Saul foi enviado a vingar uma injustiça antiga, não algo recente. Os
amalequitas
eram invasores nômades que
habitavam o deserto entre a fronteira
meridional de Judá, ao sul de
Berseba, e o Egito, mas que se espalhavam para o sul na península do Sinai.
Foi nessa última região queeles tentaram impedir Israel de chegar ao Sinai
depois de sua milagrosa travessia do mar Vermelho, e, por causa dessa oposição
aopropósito salvador de Deus, os amalequitas foram condenados à destruição (Êx
17.14-16; cf. Nm 24.20; Dt 25.17-19). Cabe a Saul executar a sentença de Deus,
e isso toma o acontecimento bem diferente de todas as outras guerras dele.
Aqui, ele está engajado numa “ guerra santa” , em contraste com uma guerra de
agressão ou de autodefesa. E uma guerra por ordem de Deus, executada como juízo
de Deus e em nome dEle. A vitória é do Senhor, por isso não existe vantagem
material alguma para o exército; todos os despojos de guerra pertencem ao Senhor
e, assim, são santos. Por essa razão, tanto as pessoas quanto os bens são
interditados. Ninguém pode se apossar deles. E fácil compreender o ponto de
vista dos soldados, que seriam tentados a se queixar de que haviam se colocado
em perigo e, contudo, não tiveram benefício algum com a guerra. Contudo, o
princípio era bem compreendido, pois havia funcionado nas batalhas contra
Jericó e Ai, tendo sido a base da conquista de Canaã. Aqui, havia cidades
consagradas a outros deuses.
O Senhor as reivindicava para Seu
povo, “entregou-asna sua mão” , mas a cidade de Jericó, por exemplo, junto com
seus moradores e bens, teve de ser “consagrada como anátema a Javé” (BJ;Js
6.17), isto é, consagrada ao Senhor para destruição. A única exceção foi Raabe,
que, por esconder os espiões israelitas, havia demonstrado estar do lado de
Israel. Aconteceu que a nação pecadora de Israel tomou-se agente de Deus na
derrota de outra nação pecadora. Foi uma etapa necessária no ininterrupto
processo divino de operar a salvação da humanidade, e precisamos enxergar isso
por tal prisma, não nos esquecendo de que a infidelidade de Israel encontrou
destruição semelhante, embora não total, nas mãos de assírios e babilônios. O
incidente constitui um lembrete de que é horrível opor-se ao Deus vivo. 1-3.
Quando Samuel de repente apareceu a Saul, foi para lembrá-lo de que ele era
rei, basicamente não por aclamação popular, mas pela nomeação do Senhor. Por
isso, seu dever era executar as ordens do Senhor e, em especial, o comando
vai... agora e fere a Amaleque, e des-trói totalmente a tudo o que tiver. O
verbo heherim, “destruir completamente” , é empregado sete vezes neste relato,
como que para enfatizar, mediante a repetição, esse ato especial de
consagração ao Senhor dos Exércitos, que dirigiu e deu vitória aos exércitos de
Israel. 4-7. Saul tomou uma providência imediata, reunindo os homens de combate
em Telaim.
Um lugar denominado Telém está na
relação das cidades fronteiriças ao sul de Judá, em Josué 15.24, mas até agora sua
localização não foi identificada. No entanto, a geografia da campanha requer
algum ponto no Neguebe, e Telém pertencia a Judá. A tribo de Judá foi
especialmente mencionada entre as forças que acorreram a Saul: elas
constituíam dez contingentes (mil) de um total de duzentos contingentes, ou
talvez fosse um acréscimo a eles. Cidade de Amaleque é uma expressão
estranhamente vaga, e não se conhece qualquer cidade com esse nome; contudo,
não é impossível que essa tribo de habitantes do deserto tivesse se instalado e
construído um centro para seu rei e sua corte. 127
Os queneus estavam
intimamente ligados a Israel desde a época de Moisés, tendo se instalado no
Neguebe de Judá (Jz 1.16; cf. Êx2.15b-22; 3.1; 4.18-20; 18.1-5; Nm 10.29-32).
Embora fossem independentes, eram aliados de Israel; daí a relutância de Saul
em envolvê-los inadvertidamente quando atacasse Amaleque. Parece que eram especialistas
em trabalho com metal (o nome significa “ artesão em metal”) e que haviam se
instalado no meio de outros povos como artesãos; contudo, considerando as
advertências de Saul, retiraram-sedo meio dos amalequitas e evitaram a derrota
na guerra. A derrota infligida por Saul aos amalequitas foi total desde Havilá
até Sur. Havilá, mencionada em Gênesis 25.18, era uma região da África a
centenas de quilômetros de distância, ao lado da extremidade sul do mar
Vermelho; a menos que houvesse outra Havilá noNeguebe, o nome foi mudado no
processo de transmissão. Uma palavra original possível é “proveniente do vale”
(cf. v. 5; mnhl, termo que pode ter sido assimilado ao nome hebraico em Gn
25.18). Sur ficava na fronteira oriental do Egito. 8-9. Encerrada a batalha,
Saul interpretou à sua própria maneira a instrução de Samuel. Conquanto a
população tenha sido destruída em sua totalidade conforme o decreto de
consagrá-la ao Senhor, Saul e o povo pouparam a Agague, e o melhor das ovelhas;
há uma clara insinuação de que Saul desejava ficar ao lado da opinião pública.
O povo amalequita era dispensável,
mas era uma pena destruir animais tão excelentes! 10-12. Mais tarde (v. 29),
parece que Samuel contradiz a palavra do Senhor: Arrependo-me de haver
constituído rei a Saul. O Senhor não muda de idéia no sentido de que seus
propósitos também mudam,mas Ele já não podia usar Saul. O próprio Saul era
inteiramente responsável por suas atitudes e ações. O Deus soberano detém de
tal forma o controle que não tem a menor dificuldade com as ações dos seres
humanos, ajustando Seus planos quando necessário, e assim mesmo atinge seus
objetivos finais. O que foi exatamente que levou Samuel a se contristar tanto,
a ponto de passar a noite inteira suplicando em oração? Em primeiro lugar, a
teologia de Samuel estavasendo questionada. Apesar de sua opinião contrária,
ele havia cooperado no processo de estabelecimento da monarquia, anunciando
que 128
Saul era aquele que o Senhor
escolhera (1 Sm 10.1, 24; 11.15). Agora,parecia que o Senhor, que “não mente
nem se arrepende” (v. 29), tinha mudado de idéia, e Samuel não conseguiu se
conformar com esse desafio à soberania divina. Em segundo lugar, que seria da
liderança de Israel? O país estava numa situação pior do que nunca. Por
último,mas não menos importante, Samuel estava despedaçado interiormente pela
palavra divina e precisava resolver sua própria confusão perante o Senhor. O
sacrifício pessoal do ministério é percebido na vida de Samuel e nesta
passagem em particular. Esperando que Saul ainda estivesse no Neguebe, Samuel
parte em direção ao sul, e então descobre que tinha ido para o lado errado.
Saul já havia voltado da luta contra os amalequitas e celebrado a
vitória,erigindo um monumento comemorativo no Carmelo (1 Sm 25.2), local a
aproximadamente 16 quilômetros ao sul de Hebrom, e que não deve ser confundido
com o monte Carmelo. Graças às notícias que “ corriam de boca em boca” em
Israel, Samuel foi poupado de uma longa e infrutífera jornada, encontrando
Saul relativamente próximo, em Gilgal,onde o reinado deste fora confirmado (1
Sm 11.14, 15).
13-16. Esse confronto entre Samuel
e Saul devia ser o último,mas Saul, em todo o ardor de sua vitória, saudou
Samuel entusiasticamente, com a falsa certeza de que havia feito o que se esperava
dele. Ao responder à indagação de Samuel sobre o barulho de animais guardados
no curral, Saul ainda não estava preocupado. O povo havia poupado os melhores
animais para os sacrificar ao Senhor teu Deus.A pequena palavra “teu” revela
muito acerca de Saul, que não fala em“ nosso Deus” . Suspeita-se de que, quando
se tomou a decisão de nãomatar o melhor dos rebanhos, havia mais motivações
egoístas agindo do que o desejo de sacrificar, mas Saul soube tirar o máximo
proveito da situação. O resto... destruímos totalmente revela uma visão totalmente
imprópria de tudo o que era pretendido pelo herem, com seu atode dedicar tudo
ao Senhor, incluindo os despojos de combate e do rei inimigo.
17-21. A tentativa de Saul de pôr a
culpa no povo agora recai sobre si mesmo. Por acaso ele não é o rei? Então é o
responsável. O Senhor, a cuja escolha ele devia seu reino, havia lhe dado uma
missão para cumprir. Como poderia fazer algo diferente? Mas Saul continuou a
defender sua interpretação dos acontecimentos.
22-23. Num pronunciamento profético memorável,
Samuel declara de modo definitivo a futilidade de tentar depender do
sacrifício ritual, quando o que se requer é a obediência. Nenhum cerimonial poderá
compensar uma atitude rebelde contra Deus e Seus mandamentos, porque a
resistência obstinada a Deus exalta a vontade própria e coloca-a no lugar de
autoridade, que pertence unicamente a Deus. Eispor que ela é tão ruim quanto a
“adivinhação” (IBB; através de espíritos maus; ARA, feitiçaria) e se equipara
à idolatria, pois outro deus, o eu, usurpou o lugar do Senhor. A afirmação
visto que rejeitaste apalavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que
não sejas rei(no total cinco palavras em hebraico) põe à mostra a justiça da
condenação. Saul desqualificou a si mesmo para reinar em Israel. Ele rejeitou
a submissão ao rei divino.
24-26. Por fim, Saul admite que está errado,
mas não leva totalmente a sério a condenação pronunciada por Samuel. Em face
das circunstâncias, poderá ele com certeza ser perdoado e continuar no cargo?
Em seu reconhecimento, transgredi ( ‘ãbartí) o mandamento, o termo traduzido
por “transgredi” é uma palavra comum que significa literalmente “passei por
cima” (diríamos “fui negligente”); embora ele se expressasse desse modo, a
contradição em suas palavras torna-se óbvia. Saul havia sentido a necessidade
de apoio popular e fora incapaz de resistir à tentação de adular, permitindo
algum ganho material com a vitória. Samuel repete sua declaração da rejeição de
Saul, a qual não pode ser retirada. Saul terá de conviver com os resultados de
suaspróprias decisões.
27-31. A essa altura, Saul estava plenamente
cônscio das implicações de sua rejeição e, quando Samuel se virou para
deixá-lo, ele agarrou e rasgou o manto do profeta, numa tentativa de salvar
algumas migalhas de sua reputação. A veste rasgada de Samuel proporcionou uma
ilustração vívida do reino rasgado e arrancado de Saul, o qual seria entregue
a outro mais digno do que ele. Embora Saul tenha continuado como rei, esse se
tomou o dia decisivo na história de seu reinado, porque, nas palavras de
Balaão, que tentou reverter a bênção do Senhor sobre Israel, “Deus não é homem,
para que minta; nem para cumprir. Como poderia fazer algo diferente? Mas Saul
continuou a defender sua interpretação dos acontecimentos.
22-23. Num pronunciamento profético
memorável, Samuel declara de modo definitivo a futilidade de tentar depender
do sacrifício ritual, quando o que se requer é a obediência. Nenhum cerimonial poderá
compensar uma atitude rebelde contra Deus e Seus mandamentos, porque a
resistência obstinada a Deus exalta a vontade própria e coloca-a no lugar de
autoridade, que pertence unicamente a Deus. Eis por que ela é tão ruim quanto a
“adivinhação” (IBB; através de espíritos maus; ARA, feitiçaria) e se equipara
à idolatria, pois outro deus, o eu, usurpou o lugar do Senhor. A afirmação
visto que rejeitaste apalavra do Senhor, ele também te rejeitou a ti, para que
não sejas rei(no total cinco palavras em hebraico) põe à mostra a justiça da
condenação. Saul desqualificou a si mesmo para reinar em Israel. Ele rejeitou
a submissão ao rei divino.
24-26. Por fim, Saul admite que
está errado, mas não leva totalmente a sério a condenação pronunciada por
Samuel. Em face das circunstâncias, poderá ele com certeza ser perdoado e
continuar no cargo? Em seu reconhecimento, transgredi ( ‘ãbartí) o mandamento,
o termo traduzido por “transgredi” é uma palavra comum que significa literalmente
“passei por cima” (diríamos “fui negligente”); embora ele se expressasse desse
modo, a contradição em suas palavras torna-se óbvia. Saul havia sentido a
necessidade de apoio popular e fora incapaz de resistir à tentação de adular,
permitindo algum ganho material com a vitória. Samuel repete sua declaração da
rejeição de Saul, a qual não pode ser retirada. Saul terá de conviver com os
resultados de suas próprias decisões.
27-31. A essa altura, Saul estava
plenamente cônscio das implicações de sua rejeição e, quando Samuel se virou
para deixá-lo, ele agarrou e rasgou o manto do profeta, numa tentativa de
salvar algumas migalhas de sua reputação. A veste rasgada de Samuel
proporcionou uma ilustração vívida do reino rasgado e arrancado de Saul, o qual
seria entregue a outro mais digno do que ele. Embora Saul tenha continuado
como rei, esse se tomou o dia decisivo na história de seu reinado, porque, nas
palavras de Balaão, que tentou reverter a bênção do Senhor sobre Israel, “Deus
não é homem, para que minta; nem filho do homem, para que se arrependa” (Nm
23.19). Realmente, nãoé. Contudo, o Senhor também não poderia fazer vistas
grossas a uma rejeição persistente e deliberada de Sua vontade, pois isso seria
negar Sua soberania. Honra-me... agora diante dos anciãos do meu povo, e diante
de Israel, implora Saul, que não está disposto a perder o prestígio e deseja a
presença de Samuel, a fim de dar a impressão de que nada aconteceu. Samuel
concorda com o pedido e acompanha Saul enquanto este adora.
32-33. Samuel ainda não completou
suas tarefas proféticas. Embora seja idoso (1 Sm 8.1) e, até onde sabemos,
enquanto viveu jamais tenha matado qualquer pessoa, ele precisa terminar o que
Saul deixou por fazer, e consagra ao Senhor Agague, o rei amalequita,
matando-o.(Despedaçou segue a Vulgata; o verbo hebraico ocorre apenas aqui, e seu
significado é incerto.) Desse modo, Samuel cumpre as ordens quecie mesmo dera
(v. 3), mostra que está disposto e é capaz de realizar oque diz aos outros e,
acima de tudo, que obedece aos mandamentos do Senhor.
34-35. Agora ocorre a separação
definitiva: Gibeá e Ramá ficavam a menos de 16 quilômetros de distância uma da
outra, mas Samuel nunca mais se encontrou com Saul. Samuel teve pena de Saul:
conhecendo Saul desde a juventude ,ele havia se afeiçoado a Saul e sofria
profundamente com o relacionamento rompido. Até o Senhor “ se entristeceu”
(NIV) de ter feito Saul rei sobre Israel. Em geral, concorda-se que a casa de
Saul em Gibeá (Tell el-Ful)foi descoberta nas escavações, embora seja assunto
controverso se ele a construiu ou se a tomou dos filisteus. Era uma grande
estrutura retangular, guardada por uma torre no único canto que restou.1 Em
comparação com o palácio que Davi mandaria construir (2 Sm 5.11), para não
falar do palácio de Salomão (1 Rs 7.1-12), a cidadela de Saul era I. A
reconstrução que W. F. Albright faz da planta baixa da cidadela encontra-se
reproduzida em seu livro The Archaeology o f Palestine (Harmondsworth: Penguin
Books, 1949), p. 121, e em IBD 2, verbete “ Gibeah” , p. 390, 391. Para uma
avaliação recente da escavação no local, veja IBD 1, verbete “ Gibeah” , p.
557, 558. Não é possível definir quem construiu a fortaleza. 131
uma estrutura bem simples,
planejada para defesa, e não para ostentação. Talvez a causa de sua moderação
seja a influência de Samuel,que, como se sabe, opunha-se ao
auto-engrandecimento geralmente associado à monarquia (1 Sm 8.10-18); nenhum
dos dois sucessores imediatos de Saul viveu sob a sombra de um profeta tão
eminente quanto Samuel, e nenhum deles hesitou em ressaltar sua própria
importância por meio de planos de construção sofisticados. Será que Samuel
continuou a ministrar justiça de sua casa em Ramá, enquanto Saul governava como
rei em Gibeá (cf. 1 Sm 7.15-17)?1É fácil perceber que qualquer um na posição de
Saul necessitaria de humildade, graça e sabedoria extraordinárias para
conseguir manter a lealdade do povo e reconhecer a autoridade do líder mais
velho e profeta do Senhor. O texto bíblico parece fazer diferentes avaliações
de Saul como homem e como rei. Em primeiro lugar, ele é proclamado como o ungido
do Senhor (1 Sm 10.1), equipado pelo Espírito de Deus (1 Sm 10.9)e aclamado
pelo povo como a escolha do Senhor (1 Sm 10.24). E lelogo se revela alguém
preparado para ganhar as guerras do povo do Senhor (1 Sm 11.5-11) e é
solenemente estabelecido como rei (1 Sm11.12-15). Nessa ocasião, ele é generoso
com seus inimigos, recusando-se a executar aqueles que lhe fizeram oposição, e
ao mesmo tempo é modesto, até mesmo tímido, quanto a seu próprio direito à honra
(1 Sm 9.21; 10.22). Entretanto, sua aparência é apropriada, pois é alto e tem
bom porte (1 Sm 9.2; 10.23), sendo uma escolha popular.Como, então, explicamos
o que acontece de errado? Saul começa em desvantagem, porque as tradições de
Israel, que haviam se desenvolvido na sociedade igualitária da época de Moisés
ena jornada pelo deserto, haviam se oposto à idéia de um rei humano. O Senhor
era rei. Assim, quando Gideão foi convidado a dar origem a1. Uma das funções
básicas da monarquia em Israel era ministrar justiça, e tanto Davi quanto
Salomão são descritos como pessoas que cumpriram esse papel (2 Sm 8.15; 1 Rs
3.9, 28). Conforme K. Whitelam mostra no capítulo 1 de seu livro The Just K ing
(Sheffield: JSOT Press, 1979), intitulado “ The Ideal” , a responsabilidade
judiciária da monarquia era considerada importantíssima no antigo Oriente
Próximo. Saul pode muito bem ter sentido que, destituído de seu papel de juiz,
ele era menos do que rei de Israel.
uma monarquia hereditária, ele
soube dar a resposta certa (Jz 8.22, 23).Abimeleque, o “espinheiro entre as
árvores”, conseguiu se estabelecer como rei, mas logo experimentou a queda (Jz
9.1-57). Samuel defendeu com firmeza as tradições, e é com clara relutância
que concordou com a inovação (1 Sm 8.6-9). Samuel, contudo, não tinha dúvidas quanto
à escolha de Saul pelo Senhor, e há indícios de que chegou a amá-lo. Samuel,
claro, representava o Senhor Deus soberano, cuja palavra tinha de ser suprema.
Ele era o portador das instruções do Senhor,sendo sua tarefa cuidar que fossem
realizadas com exatidão. Não havia qualquer outra cultura em que o rei tinha de
se curvar desse modo perante o representante humano da divindade, e isso foi
um teste para Saul. Não há dúvida de que ele queria fazer o que era certo; ele
esperou Samuel durante sete dias (1 Sm 13.8), mas não foi paciente portanto
tempo. Teve o cuidado de buscar a orientação do Senhor para se opor à
transgressão dos filisteus (1 Sm 14.2, 3,18), foi meticuloso ao cumprir, mesmo
com desvantagem para si, o juramento que fizera (1Sm 14.24, 38-45), e não
aceitou transgressão alguma da lei ritual, embora as circunstâncias fossem
excepcionais (1 Sm 14.33-35). No entanto, apesar de sua preocupação em guardar
a lei, Saul encontrou Samuel vindo ameaçadoramente sobre ele para condená-lo,
dizendo-lhe em duas oportunidades que seu reino não continuaria e que seria
substituído por um homem segundo o próprio coração do Senhor (1 Sm13.14; cf.
15.28). Há algo de trágico na pessoa de Saul, o rei-herói de Israel. Ele está
descobrindo seus poderes reais dentro da teocracia de Israel e imediatamente
enfrenta as críticas de Samuel. O conflito entre igreja e Estado, tão familiar
em períodos mais recentes da história, já estava em andamento. Conforme
comentou um escritor de nossos dias, “a história do rei Saul, creio eu, é um
dos relatos ‘desconfortáveis’ da Bíblia” .1Ninguém se sente totalmente
convencido de que a história foi devidamente compreendida, pois Davi, que desde
o início parece contar com apoio, cometeu pecados aterradores, dos quais Saul
nunca foi1. Gunn 1980, p. 9. 133
culpado. Por que, então, Saul é
julgado com tanta severidade? Davi,depois de todos os seus erros, encontrou
perdão e manteve Bate-Seba como esposa, ao passo que Saul parecia destinado a
fracassar desde o início de seu reinado. A idéia de um destino sombrio pairando
sobre Saul foi tomada e examinada em detalhes por David Gunn. Ele propõe esta
pergunta:“ Saul fracassa como rei porque, como ser humano, em seu íntimo ele é incompetente
para o cargo, ou porque, em essência, é levado a agir de maneira errada por
forças ou circunstâncias externas?” .1 Na história vista até agora (pois,
embora a rejeição de Saul seja definitiva, seu reinado está longe do fim), o
rei teve de enfrentar um grande número de dilemas: Jônatas havia precipitado a
batalha de Micmás, e Saul, vendo o exército se desintegrar, sentiu-se forçado a
cumprir as exigências rituais para cujo cumprimento Samuel não tinha
aparecido; de novo Jônatas tomou a iniciativa e, devido a seu surpreendente
sucesso, envolveu seu pai e todo o exército numa perseguição generalizada aos filisteus;
Saul impôs um voto a seu exército para deixar claro o compromisso deles com o
Senhor, mas o voto apanhou Jônatas numa armadilha e privou os soldados do
sustento alimentar tão necessário;finalmente, no incidente amalequita, Saul
admitiu sua culpa, dizendo “temi o povo, e dei ouvidos à sua voz” , em oposição
à ordem suprema do Senhor dada por meio de Samuel. Será que tudo isso não é um “destino”
contrário, o “ lado sombrio” do tratamento dispensado por Deus à humanidade?
Sem dúvida, Saul parecia impedido por inibições que não lhe permitiam assumir
a liderança, e, em alguns aspectos, ele era inegavelmente culpado; contudo, é
difícil saber quem teria tido a maturidade eo discernimento espiritual para se
sair bem onde Saul falhou. Parece que esse primeiro rei de Israel, à semelhança
de Ananias e Safira nos primeiros dias da igreja, foi julgado pelos mais altos
ideais possíveis, enão se lhe permitiu qualquer margem de erro. Ao mesmo tempo,
nãose pondera sobre os muitos pecados associados com o reino, os quais Samuel
havia relacionado (1 Sm 8.10-18), mas que Saul evitara.1. Ibid., p. 115. 134
Há um sentido em que Saul poderia ter
se saído melhor, caso tivesse sido menos consciencioso em seu desejo de obter a
orientação do Senhor (aguardar inerte as instruções, em vez de esperar a orientação
enquanto avançava) e menos dependente da certeza de que estava sob a graça,
quer de Deus, quer do homem. “ Sua preocupação honesta, porém angustiada, de
acompanhar os passos do Senhor é um obstáculo prático para sua exploração da
vitória ao máximo” — tal é o comentário de um escritor sobre 1 Samuel 14.36,1e
em várias ocasiões Saul é caracterizado por uma incerteza aflita que o torna
incapaz deagir. Em si mesma essa é uma personalidade falha, desqualificada para
a liderança, pois espera-se que um rei implemente planos de ação. Sa-inuel não
teria visto a indecisão de Saul por esse prisma, mas sim como resultado de uma
obstinação lançada contra ele mesmo e, portanto, contra a palavra do Senhor.
Um profeta posterior adverte contra o andar pela luz da própria tocha, e
aconselha: “ Aquele que anda em trevas, e não tem luz, confie no nome do
Senhor, e firme-se sobre o seu Deus” (Is 50.10-11, IBB). Foi isso que Saul
achou impossível fazer: daí resulta boa parte da aflição do restante de sua
vida, bem como a tragédia de seu reino até o momento. Saul talvez tenha sentido
que poderia ter se saído muito melhor como rei não fosse Samuel;nesse caso,
teria oportunidade de prová-lo a partir de agora. Ele tinha seguidores fiéis e
era um grande guerreiro, mas faltava algo vital em sua vida. Em retrospecto,
então, os “ incidentes-chave” escolhidos para inclusão no relato do reinado de
Saul ressaltam sua rejeição e mostram Jônatas sob uma luz favorável. Ele
liderou Israel em combate e obteve grandes vitórias, as quais o tornaram tão
popular que seu pai não lhe pôde fazer mal algum. Jônatas “recebe diversos
sinais de aprovação divina e enorme aclamação do povo, como é próprio a um rei,
no próprio contexto da rejeição de seu pai” .2 Desse modo, o cenário está1.
Hertzberg, p. 116.2. Jobling, p. 8. Ele passa a frisar que até aqui, na
narrativa, existe identificação de papéis entre Saul e Jônatas, mas também
separação. O sentido da exaltação de Jô natas, segundo ele, “deve, sem dúvida
alguma, ser procurado no papel mediador que Jônatas mais tarde desempenha na
transição do reinado de Saul para o de Davi” . 135
I-e-II-Samuel-
Serie Cultura Biblica - Joyce-G-Baldwin

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