quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Lição 4 - Corpo Humano, Lugar em que se Abriga a Vida






TEXTO ÁUREO
"Já estou crucificado com Cristo; e vivo,
não mais eu,mas Cristo vive em mim;
e a vida que agora vivo na carne,
 vivo-a pela fé do Filho de Deus,
o qual me amou, e se entregou
a si mesmo por mim.", Gl 2.20



COMENTÁRIO

Palavra introdutória


O corpo humano é excelso e extraordinário. A prova disso está no fato de o Senhor Jesus ter vindo a este mundo na forma humana; Ele possuía um corpo como o nosso. O Salvador nos honrou participando da nossa humanidade. Como bem escreveu o autor da carta aos hebreus, os dias de Jesus entre os homens foram os dias de sua carne (Hb 5.7).

1. A DIMENSÃO FÍSICA (BIOLÓGICA) DO CORPO HUMANO

1.1. A inteligência e a complexidade do cérebro humano
O cérebro humano processa uma quantidade incrível de informações. Ele identifica cores, sons e formas; detecta condições de temperatura e pressão; registra emoções e pensamentos; processa mais de um milhão de mensagens por segundo; e tem uma infinita capacidade de memorização.

1.2. A composição do corpo humano
O corpo humano é composto por um conjunto de sistemas que trabalham de maneira coordenada para realizar diversas funções. São eles: digestório, cardiovascular (ou circulatório), endócrino, imunológico, linfático, muscular, reprodutor, esquelético, respiratório, excretor, nervoso, tegumentar, urinário e sensorial. Sim, fomos criados de modo terrível e maravilhoso (Sl 139.14).

2. O CORPO FÍSICO DO SALVADOR

Jesus foi gerado por obra e graça do Espírito Santo no útero de Maria (Mt 1.20; Lc 1.35). Ele esteve sujeito às limitações físicas impostas aos homens.

2.1. União hipostática

União hipostática é um termo teológico utilizado para definir a doutrina de que Jesus é uma só pessoa, mas com duas naturezas: a divina e a humana.
O teólogo Louis Berkhof comenta acerca das duas naturezas de Jesus: "A segunda pessoa da Trindade, o Cristo preencarnado, tomou a natureza humana, ficando a divindade e a humanidade unidas em uma só pessoa. Essas duas naturezas de Cristo tornaram-no o Deus-homem. Completamente Deus e completamente homem. Duas naturezas distintas em uma só pessoa para sempre" (Is 9.6; Rm 1.3,4).

2.2. Jesus em Seu ministério terreno

O Salvador no transcurso de Seu ministério terreno, empreendeu e sofreu ações no corpo (humano) que recebeu do Pai. Ele: curou pessoas com o toque de Suas mãos (Lc 13.10-13); colocou Seus pés em vilas e aldeias fazendo o bem (At 10.38); abriu Sua boca para ensinar e pregar às gentes (Mt 5.2; Mt 4.23); abriu Seus ouvidos ao clamor dos necessitados (Mt 9.12); ressuscitou mortos a partir de Sua fala (Jo 11.43-45); recebeu uma coroa de espinhos em Sua fronte (Mt 27.29); teve o lado de Seu corpo perfurado por uma lança (Jo 19.34); recebeu açoites (Jo 19.10); e foi crucificado (Mc 15.21-28).

3. REGRAS BÍBLICAS PARA O CORPO

3.1. Cuide do seu corpo

A expressão homem exterior, utilizada por Paulo em 2 Coríntios 4.16, é uma clara referência ao presente dado por Deus aos homens, a saber: o corpo - a ferramente que nos permite interagir com a dimensão terrena da existência. É nosso dever, portanto, mantê-lo saudável, utilizando-o apenas para o bem, para o Senhor, não para atos imorais (1 Co 6.13).

3.2. Valorize a vida

O Altíssimo é o Senhor da vida e da morte; Nele estão a origem e o destino de todos os homens. Por essas razões, devemos refletir sobre os ataques empreendidos contra o corpo, espaço em que se abriga a vida.



3.2.1. Homicídio

Em Gênesis 6.9, o autor sagrado registrou: Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem. Os editores do Novo Comentário Bíblico AT apropriadamente comentaram a respeito desse verso: "Deus dá mais valor ao ser humano do que a qualquer outra criatura viva, porque o ser humano possui a Sua imagem"
(RADMARCHER; ALLEN; HOUSE. Central Gospel, 2010a p. 31,32). 

3.2.2. Suicídio

Suicídio é o ato intencional de tirar a própria vida. O indivíduo busca na morte uma maneira de fugir daquilo que o oprime. Quem acredita que o suicídio será a solução para o seu sofrimento esqueceu-se de Deus, pois Ele é o nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente na angústia (Sl 46.1).

3.2.3. Mutilação

Mutilar tem o sentido de desfigurar o modelo original. A Bíblia proíbe a mutilação física (Lv 19.28). porque a desfiguração do corpo implica desonra a Deus, a cuja imagem o ser humano foi criado.

CONCLUSÃO

Fiquemos, pois, com a exortação paulina: Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus, pois ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dele (1 Co 6.19,20).

ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO


1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: O que significa união hipostática?

                    Fonte: Revista Lições da Palavra de Deus n° 60




Corpo Humano, lugar em que se abriga a vida

ADVEC – ASSEMBLEIA DE DEUS VITÓRIA EM CRISTO | TAQUARA ESCOLA BÍBLICA DOMINICAL – MATERIAL SUPLEMENTAR LPD n.º 60 – Corpo, Alma e Espírito 4.º Trimestre de 2019
 (Dca. Maria Teresa)

Introdução
         Ao observar o primeiro relato bíblico da criação, vemos que o homem é o resultado da intervenção direta de Deus, e não produto de evolução como defendem alguns (Gn 1.27).

            O homem é uma unidade de espirito, alma e corpo.

         O corpo tem importância, tanto que, no mistério da Encarnação do Verbo Divino, o Filho de Deus se fez carne.

         É através do nosso corpo que nos relacionamos como os outros, com a natureza.

         Na pessoa humana o corpo é um reflexo da vida interior, tanto que expressa o cansaço do espírito, a depressão da alma ou a alegria de viver.

         A doutrina cristã valoriza também o corpo humano por entender que ele é bom e importante vendo no corpo uma bela obra de Deus.



1- A dimensão física (biológica) do corpo humano
         No sexto dia da criação o processo criativo estabelecido pelo Senhor para a criação do homem  seria cumprido com perfeição, singularidade e glória e de forma diferente de tudo que já havia sido feito, a trindade ouve dos lábios do pai: Façamos!

Ao modelar o corpo dele com barro, da matéria preexistente, soprou em suas narinas o folego de vida, infundindo-lhe o Espirito para dar-lhe capacidades intelectual, moral, relacional e espiritual. (Gn 1.26)
Deus estabelece um padrão moral altíssimo para o ser humano, assemelhando a Ele próprio, uma vez que chegou ao ápice de toda obra criadora.
        

O corpo humano é constituído por diferentes partes, e cada parte do corpo é formada por inúmeras células, tecidos, órgãos e sistemas que apresentam formas e funções definidas. Cada uma desas estruturas consiste em um nível hierárquico até a formação de todo o organismo, sendo este comandado pela inteligência e complexidade do Cérebro. Podemos comparar nosso corpo a uma máquina complexa e perfeita com todas as suas partes funcionando em sincronia.

         O corpo se relaciona com o mundo físico mediante os sentidos naturais (audição, visão, olfato, paladar e tato) e por meio dele, o homem tem consciência do mundo que o cerca. Como ser biológico que é, o homem está incorporado ao meio ambiente, tendo uma identidade biológica. O corpo não é um fim em si mesmo, mas um meio para nos expressarmos, sendo assim o corpo interage constantemente com o ambiente na respiração, na alimentação, na excreção, na cópula e com a renovação metabólica que se processa a cada momento.


         Por ser ainda um ser social é capaz de reproduzir-se, crescer e interferir no meio em que vive, bem como receber influências do ecossistema.


            Ao longo dos anos, a ciência vem desenvolvendo pesquisas focadas nos temas a cerca dos elementos que compõem o corpo humano, a parte inferior do homem, e entre eles destacam-se elementos químicos da terra. Porém, o corpo com todos esses elementos da terra, sem os elementos divinos, são de ínfimo valor. Deus criou o homem como uma ser trinitário, composto de corpo, alma e espírito. Sem o espírito, o corpo morre (Tg 2.26)


         No hebraico, a palavra corpo é basar, no grego a palavra corpo é somma. Portanto, o corpo é apenas a parte tangível, visível e temporal do homem. Entre os diversos símbolos do corpo humano registrados na Bíblia, encontramos o de templo, este é de grande importância para Deus, para o Senhor Jesus e, naturalmente para o Espírito Santo, que é o hóspede especial desse santuário. O corpo então é também importante para o homem que escolhe consagrar-se para que o Espírito Santo faça nele Sua habitação. ( 1Rs 21.27; Sl 38.4; Pv 4.22; Sl 119.120; Gn 2.24; 1Co 15.47-49; 2Co 4.7).



2-  O corpo físico do Salvador

         A maior batalha da vida de Jesus Ele enfrentou e sofreu em seu corpo físico, quando entendeu o plano de Deus para sua vida terrena e escolheu submeter-se fazendo a vontade do Pai. Jesus sofreu medos, dores e angústias quando doou seu próprio corpo para servir, louvar e adorar o nome de Deus durante a crucificação.


         Jesus assim atingiu seu propósito completando a missão que lhe foi dada para sua vida terrestre e então lhe foi dado todo o poder nos céus e na Terra! (Mt 28: 18-20)


Jesus na sua humanidade:
        chorou Lc 19.41; Jo 11.35
        teve fome Mt 4.2; 21.18
        teve sede Jo 4.7; 19.28
        teve sono Mt 8.24; Mc 4.38
        teve cansaço Jo 4.6; Lc 9.58


3- Regras Bíblicas para o corpo

         A Bíblia, em toda parte, trata o corpo como obra de Deus, que pode ser apresentada à Ele e usada para Sua glória. Também a Bíblia ressalta a grandeza do nosso corpo. Paulo fala do cristão como o templo vivo da Santíssima Trindade. Jesus disse aos apóstolos que se alguém me ama, meu Pai o amará, viremos a ele e faremos nele nossa morada (João 14,23).


   A Igreja entende a grandeza do corpo humano e a necessidade de valorizá-lo e protegê-lo desde a gestação materna (Rm 12.1; 1 Co 6.20). Por meio do corpo é que mantemos contato com o mundo físico e é pelas obras praticadas pelo corpo que o homem será um dia julgado (2 Co 5.10).


  A Bíblia adverte-nos no sentido de não deixarmos o pecado reinar em nosso corpo, ou seja, os nossos impulsos e desejos enquanto carne, corpo, devem estar sob o controle da razão e do Espírito Santo. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, de maneira que obedeçais às suas paixões” (Romanos 6:12).


         O nosso corpo deve ser um sacrifício vivo. A Bíblia diz em Romanos 12:1: “Rogo-vos, pois, irmãos, pelas misericórdias de Deus, que apresenteis o vosso corpo por sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.”
         Há uma exortação de Deus vinda através de Paulo a igreja de Corintos onde diz:“Acaso não sabem...”, trazendo a memória daquelas pessoas algo já conhecido ou de fácil assimilação, que o corpo delas não era delas mesmo, mas sim santuário de Deus, devendo ser cuidado e exposto de maneira que glorificasse o Dono dele. Não sabeis que sois o templo de Deus e que o espírito de Deus habita em vós? (I Cor 3,16) É por isso que o apóstolo dos gentios é tão severo ao advertir aos coríntios sobre a necessidade de se manter a pureza do corpo.


         O cuidado com o corpo vai desde fatores externos a fatores internos, ou seja, saúde, cuidados higiênicos, a alimentação e jejum, o sono e descanso, a prática de atividades físicas, não ter vícios, não exposição do corpo de forma ilícita, impura ou imoral, não mutilação, etc., não podendo alegar ignorância quanto essas verdades.


          Já observamos a total paralisia das funções do corpo aliada a péssima alimentação, consequentemente muito cansaço, preguiça e enfermidades assolando o povo, se valorizava somente o espírito, desprezando-se o corpo. Hoje, corremos o risco de ver o contrário acontecer há pessoas que se tornaram escravas do corpo. O consumismo as convenceu de que o mais importante é ser bonito fisicamente, esbelto, magro, nos “padrões da mídia”. Muitas pessoas são convencidas de que, se não estiverem de acordo com esses padrões, não serão felizes.


         Também é muito comum vermos no meio cristão pessoas cuidarem muito bem de sua vida espiritual e, até mesmo, de sua alma por entender que há um ordenamento divino nesse sentido, porém, negligenciam o cuidado com o corpo, que é templo do Espírito.
  
4- Conclusão

         O cristão deve entender que ele é dotado de corpo, alma e espírito. E deve guardar o mandamento, a palavra de Deus, vivendo de maneira irrepreensível até a volta de Jesus. O cristão não negocia a verdade nem transige com seus absolutos. O verdadeiro cristão não se rende à tentação do lucro em nome da fé nem abastece seu coração com as ilusões de doutrinas estranhas as Escrituras. O homem que ama a palavra, guarda a palavra, vive a palavra e prega a palavra honra a Deus com o seu corpo.

REFERÊNCIAS
1. SHEDD, Russell Philip, Bíblia de estudo SHEDD, versão Revista e Atualizada, Edições 2009, editora Vida Nova.
2. Almeida, João Ferreira de, Biblia sagrada – harpa sagrada, edição 2009, Sociedade Bíblica do Brasil, Casa publicadora das assembléias de Deus.
3. http://viglesia.blogspot.com.br/2012/02/cuidados-com-o-corpo-luz-da-biblia.html
4. http://www.gotquestions.org/Portugues/exercicio-cristao.html#ixzz3CYwzYQXs
5.http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2013/06/1300291-tradicional-diz-medico.shtml
6. Caitano, Joá, Corpo, alma e espírito, edição 2019, editora Central Gospel. R
7. Falcão, Napoleão Ribeiro, Esboço para sermões, vol.I, 1994, A.D. Santos Editora.



INTRODUÇÃO
 
Na lição anterior, estudamos sobre o homem como um todo, constituído de corpo, alma e espírito. Nesta, apreciaremos a mordomia que devemos exercer sobre o nosso corpo, quanto à sua pureza, zelo, cuidado e preservação.
 
I. A NATUREZA MATERIAL DO CORPO
 
1. A estrutura do corpo humano. A Bíblia declara que Deus fez o homem do pó da terra (Gn 2.7), e a ciência afirma que o corpo é constituído de vários elementos químicos terrígenos. Tais elementos são enumerados como cálcio, carbono, cloro, flúor, hidrogênio, tintura de iodo, ferro, magnésio, manganês, nitrogênio, oxigênio, fósforo, potássio, silicone, sódio, súlfur, juntos eles não ultrapassam 6% de todo o corpo e o restante é composto de água, carbono e gases. A Bíblia afirma que o corpo humano “é da terra, terreno” (1Co 15.47-49). Essa é a parte material do ser humano.

2. Ilustrações tipológicas da natureza material do corpo.
a) Tabernáculo ou tenda (2Co 5.1; 2Pe 1.13,14). Esses textos referem-se ao corpo como algo provisório, assim como o Tabernáculo o era para Israel, na sua peregrinação pelo deserto. Nosso corpo é o tabernáculo ou santuário de Deus, que é o cristão verdadeiro. O corpo é o invólucro da alma e do espírito que um dia dará lugar a um corpo espiritual, glorioso e incorruptível. Assim como o Tabernáculo de Israel exigia cuidado para a sua manutenção e preservação, nosso corpo material requer atenção, zelo, manutenção e pureza.
b) Templo de Deus (1Co 6.19). Nosso corpo deve ser o templo de Deus e para sua glória. A mordomia do corpo implica reconhecer que o mesmo é de Deus, e deve ser conservado santo e agradável a Ele (Rm 12.1; 1Co 6.20).
c) Vaso de barro (Lm 4.2; 2Co 4.7; 2Tm 2.20,21). Essa designação tem o objetivo de mostrar a fragilidade do nosso corpo e, também, destacar a importância e utilidade desses vasos para a obra de Deus.
 
 II. PECADOS CONTRA O CORPO
 
1. Pode o corpo por si mesmo pecar? Não! O corpo por si mesmo não tem poder algum nesse sentido. Porém, há uma lei que opera sob a força do pecado em todos os homens. Essa é a lei do pecado que opera nos membros do corpo para fazê-lo pecar (Rm 6.6-23). Deus estabeleceu leis naturais para a mordomia do corpo. Essas leis físicas governam o universo e a vida física de cada pessoa. Essas leis, bem como os instintos (que são forma de energia emotiva da alma) saíram perfeitos da mão do Criador no princípio, mas a queda adâmica os afetou devido à natureza humana ter se tornado pecaminosa. Os instintos têm a ver com a manutenção da nossa vida natural. Alguns deles são o da fome e da sede, da procriação e do domínio ou posse.
2. Que significa pecar contra o corpo? Significa transgredir as leis que regem o funcionamento normal do corpo, bem como corrompê-lo pela prática do pecado (1Jo 3.4). O pecado manifesta-se no corpo através dos sentidos: visão, audição, olfato, paladar e tato. Essas faculdades do corpo são distintas umas das outras e exercem suas funções pelo comando da alma e do espírito. Os sentidos e instintos naturais da alma não são em si mesmos pecado, mas são influenciados pelo poder do pecado inerente à espécie humana.
 
 III. CANAIS PARA O PECADO
 
1) Visão. As pessoas são induzidas a pecar através da “concupiscência dos olhos” (1Jo 2.16). Concupiscência é a força do desejo impuro e lascivo despertada através do que se vê. É pela visão de algo proibido, que muitas pessoas pecam contra “o seu tabernáculo” desonrando-o com o adultério, a fornicação, a imoralidade sexual e o furto (Êx 20.14: Gl 5.19-21).
a) Tipos de olhos. Olhos altivos (Pv 6.17; Is 2.11), olhos malignos (Pv 23.6), o olho mau (Mt 6.23; Pv 28.22), olhos zombeteiros (Pv 30.17), olhos cheios de adultério (2Pe 2.14). Jesus falou que os “olhos são a candeia do corpo” (Mt 6.22). Portanto, devemos cuidar dos olhos para que sejam luz e não trevas (Mt 6.23).
b) Visão e instintos naturais. O pecado age como um “vírus contagioso” e, quando ataca a faculdade da visão, explora os instintos da aquisição, da fome, da sede e da reprodução. Vejamos como isso acontece: Primeiro, para satisfazer o instinto da aquisição, a concupiscência dos olhos conduz ao furto, ao enriquecimento ilícito, ao engano e à defraudação material (Êx 20.15; Mc 10.19; Lc 18.20; Rm 13.9; Ef 4,28). Segundo, para satisfazer o instinto de fome e sede, a concupiscência dos olhos atrai a pessoa à glutonaria e bebedice, denominadas “obra da carne” (Gl
5.21; Pv 23.2; Lc 21.34; Rm 13.13; 1Pe 4.3). Em terceiro lugar, para satisfazer o instinto da reprodução, a concupiscência dos olhos atua como força impulsora para os pecados sexuais.
2. Olfato e paladar. São faculdades físicas ligadas aos instintos naturais da satisfação da fome e sede, os quais também podem se tornar condutores de pecado contra o corpo. Os pecados de glutonaria e embriaguez são estimulados pelo paladar (Lc 21.34). Quando o paladar está sob a força do poder do pecado o homem perde o controle desse instinto natural de sua vida (Gl 5.21).
3. Audição. O Diabo explora os sons para perturbar a alma e o espírito. Hoje, na busca de preencher o vazio interior, os jovens são atraídos pela parafernália dos sons estridentes do rock e outros tipos similares, também repulsivos e condenáveis. Esse tipo de música escraviza, prejudica a audição, reproduz mensagens ocultas de satanás e blasfemam contra Deus.
4. Tato. É o outro sentido corporal que se manifesta através das mãos, dos pés e outros órgãos do corpo. A Bíblia fala muito das mãos e da sua utilidade no corpo. O mordomo cristão deve administrar, tanto os pés como as mãos para a glória do Senhor. Nenhum órgão do corpo pratica qualquer ato por si mesmo, porque todos são comandados pela alma e espírito.
a) As mãos são importantes. A Bíblia fala do valor das mãos: o fruto do trabalho das mãos (Pv 10.4); mãos que engrandecem (Pv 31.31); mãos que sustentam (Mt 14.31); mãos que abençoam (Mt 19.13); mãos que trabalham (1Ts
2.9); mãos de Judas Iscariotes (Lc 22.21); mãos do apóstolo Pedro (At 9.41); mãos de Herodes (At 12.1); mãos de Paulo (Gl 6.11).
b) E os pés? Nossos pés devem ser consagrados para andar em retidão na presença de Deus (Gn 5.24; 6.9; 17.1). Andar com sinceridade e segurança (Pv 10.9); andar na luz do Senhor (Is 2.5); não andar em trevas (Is 50.10); andar em Espírito (Gl 5.16). Nossos pés não devem andar segundo o curso do mundo (Ef 2.2);nem andar nos desejos da carne (Ef 2.3); nem andar desordenadamente, em dissolução, concupiscência (2Ts 3.6; 1Pe 4.3). Nossos pés não devem caminhar em lugares impuros, mas devem ser santificados a Deus para levar boas novas.
 
 
IV. CONSEQUÊNCIAS DO PECADO CONTRA O CORPO
 
Os pecados contra o corpo trazem consequências negativas tanto para a pessoa que o pratica quanto para outras que são levadas a cometer tais pecados. Sem falar nos filhos que são vítimas inocentes, herdando doenças e até deformações físicas pela imprudência dos pais.
1. Doenças Sexualmente Transmissíveis. São resultado de uma vida promíscua e sem respeito às leis divinas. Comprovadamente, essas doenças resultam de relações sexuais ilícitas. Só o pecado pode produzir esses males contra o corpo e contra a alma. O texto de 1 Coríntios 6.12-20 exorta o crente a não expor seu corpo à prostituição por ser ele o templo do Espírito Santo.
2. Toxicomania. É o uso de drogas narcóticas. A dependência da droga está vinculada a impulsos psicológicos e emocionais, e provoca conflitos íntimos, dando origem a neuroses, além de males de toda espécie contra o usuário, sua família, as autoridades e a sociedade em geral.
3. Alcoolismo e tabagismo. Você poderia perguntar qual a relação desse assunto com os crentes, e eu lhe responderia que o objetivo desta lição alcança o não crente, como também busca prevenir os jovens que podem ser influenciados pela propaganda sórdida e infame. As bebidas alcoólicas e o fumo são dois grandes males da nossa sociedade que, infelizmente, fazem parte do status. A mordomia bíblica do corpo abstém-se e condena formalmente esses dois males que tanto prejudicam a pessoa no seu todo e não apenas o seu organismo e sua saúde. A Bíblia está cheia de conselhos para que o corpo humano seja mantido puro, saudável, pois nele deve habitar o Espírito Santo. A Palavra de Deus enfatiza a temperança como fruto do Espírito (Gl 5.22). Devemos cuidar de nosso corpo de modo que, através dele, glorifiquemos a Deus (1Co 6.19,20; Rm 12.1).
 
 
CONCLUSÃO
 
O corpo, por si mesmo, não peca. Seus membros não possuem poder algum sem a alma. Portanto, compete ao homem submeter-se à ação regeneradora do sacrifício de Cristo, para apresentar-se puro, primeiro perante Deus; depois, perante a sociedade.




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 Saúde integral

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Vai viver, mas pode escolher como vai viver os seus dias
“Que o próprio Deus da paz os santifique inteiramente. Que todo espírito, alma e corpo de vocês sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus Cristo. Aquele que os chama é fi el, e fará isso.” (1 Tessalonicenses 5.23-24)
Minha esposa e eu sempre nos preocupamos com a saúde do corpo. Por isso, por estarmos sempre estudando o assunto, acreditávamos que os cuidados que tínhamos em nossa casa, no que diz respeito à vida saudável, eram suficientes. Mas mesmo sendo médico, e ela formada em Educação Física, frequentemente ficávamos enfermos, estressados, cansados, com memória fraca e dores no corpo. Acabávamos frustrados quando nos deparávamos com as palavras de Jesus: “Eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente.” (João 10.10.). Um dia, porém, o Senhor nos trouxe real entendimento de que Jesus veio para trazer vida em abundância no espírito, na alma e corpo e, como disse o profeta Oseias, “estávamos sendo destruídos por falta de conhecimento” (Os 4.16). Então, pedimos perdão ao Pai por aquilo que estávamos fazendo contra o templo do Espírito Santo (nosso corpo) e pedimos a restauração do padrão dele em nossas vidas para que pudéssemos cumprir integralmente seus propósitos. E isso incluía a questão do peso em excesso.
A verdade é que muitas vezes nos acostumamos a viver segundo o padrão deste mundo, impedindo a renovação da nossa mente e não experimentando a “boa, perfeita e agradável vontade de Deus” (Rm 12.2). Somos salvos, mas não experimentamos a vida abundante prometida pelo Senhor Jesus. Conformamos com uma vida medíocre (média) e colocamos a culpa em Deus ou nas nossas limitações por não conseguirmos viver todas as promessas contidas na Bíblia.
Mas, o que tem nos levado a essa condição?
Uma das situações que observamos é que temos alimentado nossa carne e não o nosso corpo. Precisamos entender essa diferença. No original grego, ‘carne’ como ‘natureza pecaminosa’ é a palavra  “sarx”; e “carne” como “corpo físico” é a palavra  “soma”. O templo do Espírito Santo mencionado em 1 Coríntios 6.19 é  “soma”: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós (…)”? Ou seja, o Espírito Santo habita em nosso corpo físico, por isso precisamos sim nos preocupar em cuidar muito bem dele! Já quando alimentamos a carne  “sarx”, praticamos a glutonaria. Em Gálatas 5.21 ela é descrita como uma das obras da carne que no grego é a mesma palavra usada para orgias. Assim, depositamos na satisfação desse desejo carnal por alimentos as nossas ansiedades, frustrações, medos, decepções e inseguranças. Pecamos por não lançar sobre Deus toda a nossa ansiedade e também por ‘idolatrar’ a comida, pois ela passa a ocupar o lugar de Deus em nossas vidas. Olhe para todos os lados e verá sugestões à sua mão para solucionar situações cotidianas com “guloseimas”.
Um alívio imediato para um filho que chora, uma pessoa cansada, desanimada, com dor, apressada, atrasada, estressada. Enfim, quer seja por um motivo ou outro, maus hábitos alimentares têm mantido cativos milhares e milhares de pessoas, cauterizando as mentes e destruindo o corpo. Acreditamos estar nos alimentando de forma responsável, mesmo experimentando diariamente as consequências de um estilo de vida que rouba a nossa saúde. Estudos mostram que podemos reduzir o risco de enfermidades fatais, simplesmente levando uma vida de hábitos saudáveis. Ou seja, muitos males do nosso século são fruto da nossa vida e alimentação desregradas e sem compromisso com a saúde. Por isso é fundamental conhecer o seu corpo e saber de que forma ele funciona, para que, se preciso for, você possa se arrepender por tantos malefícios até aqui e fazer as pazes com ele, numa atitude de decisão para transformação.
Nossa escolha alimentar não se baseia em legalismo, em alimentos puros ou impuros. Mas por uma questão de livre arbítrio. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm; todas as coisas são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” (1 Co 6.2.) Podemos sim escolher comer o que nos traz saúde e não enfermidades. Renove sua mente e decida ter uma saúde integral no espírito, alma e corpo. Oro para que você cumpra integralmente os propósitos de Deus em sua vida.
:: Dr. Aldrin Marshall
Deseja mais informações a respeito desse tema? Entre em contato com o Dr. aldrin marshall, médico pediatra e idealizador do Curso metanoia (aplicado na estância Paraíso) que ajuda pessoas obesas e acima do peso a terem uma vida saudável por meio da transformação do pensamento – aldrin@metanoiasaude.com.br

O cristão autêntico cuida também de seu corpo Não se sinta culpado se você é mais um cristão que somente cuida de sua parte espiritual e não está nem aí para o seu corpo físico. Esta mentalidade nos foi repassada por culpa da influência do pensamento grego no labor teológico da Igreja cristã. Como a maioria de nós não atenta ao real sentido do que realmente está escrito nas Sagradas Escrituras do AT e NT, devemos tentar um esclarecimento até porque o autor deste blog não poderia fazê-lo de outra maneira.

A visão que a Bíblia tem do ser humano é de caráter integral. Tanto o espírito como a alma e o corpo, são tidos como inseparáveis (1 Ts 5.23; Hb 4.12). Quando a Bíblia reporta-se ao ser humano em si, é sempre na sua integralidade tricotômica. A ressurreição é gloriosa porque voltará a parte espiritual do ser humano a unir-se com sua parte física totalmente restaurada, para aqueles que morreram em Cristo (1 Co 15; 1Ts 4.16). Quando da criação do mundo e do homem, Deus disse ao final que tudo era muito bom (Gn 1.31), inclusive o homem e seu corpo físico.

Por isso é algo destoante com o testemunho das Escrituras, aqueles que querem execrar o corpo humano e num acesso de pseudo-espiritualidade, alegarem que o crente deve somente cuidar de sua alma. Certo é que o apóstolo Paulo afirmou: “Porque o exercício corporal para pouco aproveita, mas a piedade para tudo é proveitosa, tendo a promessa da vida presente e da que há de vir” (1Tm 4.8). Mas o mesmo Paulo citou os esportes praticados no mundo greco-romano para ilustrar a vida cristã (1 Co 9.24-27). Pelo menos aí dois esportes são citados, a corrida e o pugilato. Paulo não via na realidade, nenhuma contradição entre a vida de oração, de jejum, de leitura e meditação nas Escrituras, com a prática de alguma atividade física. Ele não disse em 1 Tm 4.8 de que o exercício corporal para nada aproveita, sempre há algum proveito para a saúde corporal o realizar atividades físicas com moderação e regularidade.

Os homens e mulheres da Bíblia eram, via de regra, pessoas com excelentes condições físicas. Isto porque realizavam muito trabalho manual e andavam longas distâncias. Podemos verificar isto no próprio ministério de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ele e seus discípulos percorriam toda Judeia, Samaria e Galiléia a pé (Mt 9.35).

O corpo humano é uma maravilha saída das mãos do Criador e que deve ser cuidado sempre. Temos a revelação de Deus para nos dizer de que o meu e o seu corpo é templo do Espírito Santo (1 Co 3.16,17; 6.19,20). Só isto já bastaria para deixarmos toda pseudo-espiritualidade ou reflexão teológica contrária à verdadeira natureza humana como revelada na Bíblia. Myer Pearlman menciona o fato de que os filósofos pagãos falavam do corpo com desprezo, considerando-o um estorvo à alma e almejavam o dia quando a alma estaria livre das suas complicadas e enredosas roupagens. Mas o livro de Levítico observa Pearlman, contém muitas leis que governavam a vida física dos israelitas a fim de ensiná-los de que o corpo, como instrumento da alma, deve conservar-se forte e santo.

A administração ou mordomia de nossos corpos está implícita na Bíblia. Paulo disse em 1 Co 3.17: “Se alguém destruir o templo (corpo humano) de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus que sois vós, é santo.” Há muitas maneiras de se destruir o templo de Deus: falta de exercício físico adequado, comida em excesso e de má qualidade, passar noites em claro continuamente, vícios como cigarro ou drogas, e outros. Além desta imagem bíblica do corpo humano como templo de Deus, vemos também em 2 Co 5.1-10 o corpo como nosso tabernáculo, nossa casa, nossa tenda, onde a alma, qual peregrina no dizer de Pearlman, mora durante sua viagem do tempo para a eternidade. À morte, desarma-se a tenda e a alma parte (2 Pe 1.13,14).
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A Bíblia diz: “Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1 Co 10.31). O cuidar do corpo por meio da atividade física é algo que glorifica ao Senhor. Quando Paulo em Romanos 12.1 diz que devemos apresentar nossos corpos a Deus como sacrifício vivo, santo e agradável, não está falando de alguma espécie de substância espiritual. Ele está falando de algo material, tangível como bem deixa transparecer o termo grego soma.

Se você já pratica alguma atividade física, parabéns. Você é um crente que cuida de sua vida com Deus em sua integralidade. Mas, se escrevo para alguém que repudia a ideia de exercitar-se fisicamente ou, não tem a mínima vontade de fazê-lo, peça a Deus graça porque seu corpo é obra de Deus e como tal deve ser bem cuidado. Salvo por motivo de doença incapacitante, acredito que todo o filho de Deus deve dar atenção ao seu corpo para promover sua saúde, até porque na maior parte das vezes não nos alimentamos com comida realmente saudável e por isso é grande a quantidade de pessoas obesas, muito acima de um peso corporal saudável, pessoas estas que podem vir a contrair uma série de doenças como diabetes, hipertensão e problemas cardíacos.

Seja um cristão autêntico, tenha qualidade de vida em Jesus não só para sua alma mas também para seu corpo. Pense nisto! Postado por Observatório Teológico

FONTE : Observatório Teológico



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Pastores também choram: o que o suicídio entre líderes está dizendo à Igreja?

September 17, 2019

A morte do pastor Andrew Stoecklein, da Igreja Inland Hills, na Califórnia (EUA), ocorrida no dia 25 de agosto, está repercutindo no mundo inteiro, chamando atenção para algo que apesar de pouco falado e até mesmo considerado, é uma realidade que precisa da nossa atenção e compreensão, que é a depressão e a enorme carga emocional que os verdadeiros pastores carregam em suas costas em prol do Reino de Deus.

No caso de Andrew, os noticiários informaram que ele sofria de depressão e ansiedade, lutando contra isso por anos. Não temos como saber detalhes dessa condição, mas como profissional de saúde mental posso confirmar que sim, muitas vezes isso é uma realidade emocional que ocorre em silêncio, de forma que poucas pessoas sabem, senão os mais íntimos e olhe lá. É por isso que o choque ao saber da notícia é tão grande. Mas, como assim em silêncio?

Os pastores, líderes de modo geral, são pessoas que sempre pensam em primeiro lugar nas suas ovelhas. Se ele está ferido, mas enxerga outra pessoa ferida precisando de ajuda, ele é capaz de ignorar por um momento a dor da sua própria ferida para ajudar na cura da outra pessoa. Estou me referindo às questões emocionais, espirituais, sociais e até econômicas. Essa capacidade de abdicação e iniciativa é uma das características mais marcantes da liderança, especialmente da vocação ministerial.

Muitos desses líderes sofrem em silêncio por acreditar que não devem acrescentar sofrimento na vida de pessoas que ele mesmo cuida. Então, ao invés de compartilhar suas dificuldades pessoais, ele guarda para si, preferindo manter uma aparência de força e fé inabaláveis em benefício de outras pessoas. Mas é muito preocupante, porque termina fazendo com que o sofrimento pessoal não seja tratado, gerando um acúmulo de angústia e outros problemas que podem acarretar em doenças como a depressão.

Já no estágio depressivo, a perspectiva de mundo da pessoa pode ser alterada, de modo que o pensamento suicida pareça atraente, como forma de se livrar da enorme carga emocional negativa. Nada disso é solução e o extremo de tirar a própria vida pode ser evitado. Todavia, para evitar isso precisamos entender algumas coisas simples como igreja, mas também como líderes.

O cuidado é mútuo entre membros e pastores
Tenho entre meus contatos no Facebook o pastor e escritor Geremias Couto. Ele fez uma postagem que chamou minha atenção, acredito que em referência ao caso de Andrew: “Pastores também choram”! Essa foi a frase escrita por Couto, de forma direta e taxativa, sem qualquer acréscimo. Ele conseguiu transmitir com muita objetividade algo óbvio, mas que nós, como membros de igrejas, muitas vezes parecemos não enxergar e nem entender, o fato de que esse choro pode ser de angústia, tristeza e solidão.

Alguns colegas pastores dizem que a caminhada pastoral é solitária. Essa solidão, no entanto, não diz respeito necessariamente à companhia de pessoas, mas ao cuidado que se recebe delas. O pastor, antes de líder, também é um ser humano como qualquer outro. Quando Cristo em Lucas 10:1 enviou 70 discípulos para evangelizar, Ele teve o cuidado de enviá-los “de dois em dois”, demonstrando o quanto é importante e necessário o cuidado mútuo. A passagem nos ensina que não podemos caminhar na fé sozinhos, e isso vale para todos, incluindo os pastores. A outra pessoa do lado é justamente a que vai nos ajudar quando a carga estiver muito pesada. Mas quantos pastores possuem esse parceiro de caminhada?

O pastor Josué Gonçalves também comentou a morte de Andrew, em sua conta no Instagram, dizendo que esse acontecimento “serve como um sério alerta para nós pastores repensarmos a forma como estamos cuidando da nossa própria saúde emocional, físicos e espiritual”. Ele está certo e eu, como profissional da psicologia, afirmo que esse repensar deve incluir a necessidade de pastores pastorearem pastores. Na clínica psicológica, por exemplo, é importantíssimo termos colegas em quem possamos confiar, para dividir parte do que absorvemos na escuta clínica. Esse acompanhamento feito por outro profissional é uma recomendação de muitos autores, e na vida espiritual não deve ser diferente. Pastores precisam não apenas dos cuidados da igreja, como também do acompanhamento pastoral de outros colegas.

Assim, quero reforçar aqui em primeiro lugar a necessidade da igreja amar e cuidar dos seus pastores, enxergá-los como líderes e esperar deles essa liderança, sim, mas sem esquecer que também são pessoas que choram, passam necessidades e precisam de tudo o que eu e você precisamos. Em segundo, a necessidade de pastores terem outros pastores como companheiros de caminhada. Não contatos, simplesmente, mas amigos e irmãos em Cristo, pessoas reais que possam dividir momentos de fé e experiência.

Por último, quero lembrar que não podemos desprezar a realidade psicológica de alguns casos específicos. Se você é um líder que acredita estar sofrendo de depressão, ansiedade ou estresse busque ajuda. Não fique isolado e não ache que outras pessoas não vão lhe entender. Reconhecer o problema e assumir o sofrimento é o primeiro passo para lutar contra ele, não importa qual seja. Acima de tudo, não esqueça que é na fraqueza que o nosso poder é aperfeiçoado, basta olhar para Cristo.

“Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte” (II Coríntios 12:10).


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A depressão e o suicídio entre os cristãos: Por que os pastores estão se matando?

September 17, 2019


Uma silenciosa epidemia está assustando cientistas do mundo todo. Estima-se que só no Brasil 11 milhões (6% da população) de indivíduos sofrem com a doença já considerada o “Mal do Século XXI”.

Estima-se que devido ao desconhecimento das pessoas sobre o tema, somente 1 em cada 4 indivíduos com depressão tem conhecimento do transtorno que o aflige e consegue buscar auxílio. Ou seja, 75% das pessoas com depressão não sabem que estão doentes e por isso sofrem sem tratamento adequado, apresentando perda da autoestima e da capacidade de se concentrar, o que leva a dificuldades profissionais e familiares.

Suicídio entre religiosos e líderes
O Instituto Schaeffer, dos Estados Unidos, chegou a pesquisar sobre a saúde mental de líderes religiosos e revelou que 70% dos pastores lutam constantemente com a depressão, e 71% estão “esgotados” física e mentalmente. Ainda de acordo com esta pesquisa, 80% dos pastores acreditam que o ministério pastoral afeta negativamente suas famílias e 70% dizem não ter um amigo próximo.

Assim como o número geral de suicídios, os casos com vítimas que lideram igrejas também têm a depressão como principal causa. Além da doença, fatores como traições ministeriais, baixos salários, isolamento, falta de amigos e problemas conjugais também foram registrados.

De acordo com um estudo da Lifeway Research, feito nos Estados Unidos em 2015, 44% dos evangélicos acreditam que o suicídio é uma “decisão egoísta” e 32% disseram que os suicidas vão para o inferno.

De fato, nem os pastores estão imunes ao aumento das taxas de suicídio. Chuck Hannaford, psicólogo clínico que trabalha com a Convenção Batista do Sul, relevou ao The Gospel Coalition que identificou um aumento na taxa de suicídios de pastores durante seus 30 anos de prática. Ele acredita que esse número continuará a aumentar.

“Ser pastor é um trabalho perigoso”
“Especialmente em certos círculos evangélicos, onde há uma orientação teológica reducionista, você encontra pastores que veem a depressão ou processos de pensamento negativos como problemas estritamente espirituais”. Uma pesquisa da LifeWay descobriu que 48% dos evangélicos acreditam que a oração e o estudo da Bíblia são suficientes para alguém superar uma doença mental.

Ao mesmo tempo, o Instituto Schaeffer, aponta que “35% dos pastores lutam constantemente contra a depressão, 43% se dizem estressados, 34% sentem-se “sempre desencorajados”, 24% acham que seu trabalho tem efeito negativo na família e 58% dizem não ter amigos bons e verdadeiros. Cinquenta por cento lidam com algum prolema de saúde e mais da metade (52%) sentem-se incapazes de satisfazer as expectativas da igreja.

Para Hannaford, “Os pastores são muito duros consigo mesmos, muitas vezes julgando-se por pecados de omissão. Mas eles não consideram os efeitos da queda no mundo, afinal a Queda de Adão comprometeu tudo, incluindo o cérebro”.

O psicólogo que trabalha com pastores destaca que “Qualquer um de nós sabe que todos os discípulos tinham problemas, mas Jesus os usou. Olhe para os heróis do Antigo Testamento, todos eles tinham vidas bagunçadas em algum momento”.
Parte do problema é que a igreja separou o cuidado do corpo, da alma e do espírito, disse Hannaford.

“Nos dias da Reforma ou na tradição puritana, o pastor era consultado para qualquer doença e tinha um pouco de experiência em todas as áreas. No mundo moderno, o médico trata o corpo, o psicólogo trata a mente, e o pastor trata do espírito. Só que essa separação pode levar a problemas sérios, pois o espiritual, o emocional e o físico se afetam mutuamente”, avalia.

Pastores têm poucos amigos
No Brasil, o missionário Marcos Quaresma, que trabalhou com a SEPAL já tratou essa questão. Psicólogo com formação também em teologia, ele afirmou que “a causa mais comum noticiada para o suicídio de pastores e líderes, é a depressão associada a esgotamento físico e emocional, traições ministeriais, baixos salários e isolamento por falta de amigos”.

Marcos Quaresma, que trabalha com líderes há anos, diz que, via de regra, “pastores têm poucos amigos, e às vezes nenhum… Muitos querem mostrar que possui êxito no exercício ministerial. Entretanto, quando a conversa é íntima, o sofrimento se revela. Boa parte está cansada, desanimada, chateada com a igreja e com a liderança. Muitos possuem dificuldades no cuidado com a família e as finanças de alguns estão desequilibradas”. (Por  Jarbas Aragão, via Notícias Gospel)

“Muitos cristãos sofrem de depressão e não se tratam”
O psiquiatra e escritor Augusto Cury aponta a depressão como um distúrbio comum entre cristãos, mas que ainda tem muitos tabus dentro das igrejas. Em entrevista ao programa Mente Aberta, exibido pela Rede Super de Televisão, o médico afirmou que os cristãos “confundem os problemas psicológicos”.

“Infelizmente, no mundo todo, o cristianismo tem um certo preconceito com a psiquiatria e a psicologia — não são todos, mas uma boa maioria. É um conceito errado. Quando se tem um transtorno emocional, deve-se procurar um psiquiatra e um psicólogo competente. Até porque, quem não reconhece suas mazelas, suas fragilidades e seus cárceres mentais, será assombrado por eles a vida toda”.

“A maioria das pessoas são assombradas por fobias, e não apenas isso, muitos cristãos sofrem de depressão e não se tratam. A depressão é o último estágio da dor humana. Preconceito infantil, eu posso dizer, porque há bons profissionais de psiquiatria e psicologia preparados para usar técnicas adequadas”, acrescentou.

Citando Jesus como “o homem mais inteligente da história”, título de um de seus livros, Cury falou sobre a sabedoria de Cristo ao abordar os aspectos da ansiedade. “Eu, que fui um dos maiores ateus que já pisou nessa terra, fiquei espantado quando o estudei sob os ângulos da psiquiatria, psicologia, sociologia e psicopedagogia. Como esse homem antecipou dois mil anos e falou sobre ansiedade?”, questiona.

Para ilustrar o assunto, Cury destacou o versículo de Mateus 6:25, no qual Jesus disse: “Não estejais ansiosos quanto à vossa vida”. “Eu me perguntava: que homem é esse que falava de uma patologia que assombraria o ser humano na era moderna? E não apenas isso, ele falou de algumas ferramentas, dentre elas a mais importante: não antecipe o problema. Ou seja, uma pessoa que sofre pelo futuro, é escravizada pelo presente”.

Cury observa a análise de Jesus sobre o rei Salomão que, segundo ele, apresentava indícios de depressão. “Salomão tinha problemas emocionais graves, ele desenvolveu uma depressão importante. Por isso que, poeticamente e intelectualmente, ele era muito inteligente, mas emocionalmente falido”, afirmou.

Refutando a declaração de que “não há nada de novo debaixo do sol”, Cury declarou: “Ora, a vida é um espetáculo único e imperdível. Aí o homem mais inteligente da história, Jesus, faz a crítica: nem Salomão vestiu-se como o lírio dos campos. Ele estava dizendo que contemplar o belo e fazer das pequenas coisas um espetáculo aos olhos, é vital para um ser humano ser feliz”.

O psiquiatra ainda comenta que esta é a era dos “mendigos emocionais”. “Existem muitas pessoas morando em grandes condomínios e mendigando o pão da alegria. Eles não conhecem as ferramentas do homem mais inteligente da história, ainda que sejam cristãos”.

                                                                                Fonte: Portal Raízes

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  Um resumo da cristologia ortodoxa


Não há questão mais importante do que a que Jesus fez a seus discípulos (Mt 16.15): “Quem dizeis que eu sou?” Nenhuma questão foi mais intensamente debatida, completa e parcialmente mal entendida, ignorada com grande risco e respondida corretamente com grande benefício do que essa. A resposta correta para essa pergunta é, em alguns aspectos, simples o bastante para salvar uma criança, mas também complexa o bastante para manter os teólogos ocupados por toda a eternidade. Se a vida eterna é conhecer a Jesus Cristo (Jo 17.3), então não podemos nos dar ao luxo de sermos ignorantes sobre aquele que é “o mais distinguido entre dez mil” (Ct 5.10).
Pedro confessou Jesus como o “Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). João falou de Jesus como “o Verbo” que se fez carne (Jo 1.14). Paulo descreve Jesus não só como “a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação” (Cl 1.15), mas também como “Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). Da mesma forma, o autor de Hebreus identifica Jesus tanto como “o resplendor da glória” (Hb 1.3) de Deus quanto como aquele que participou de carne e sangue (2.14). Depois de tocar em Cristo, Tomé memoravelmente confessou Jesus como seu “Senhor” e seu “Deus” (Jo 20.28). No Antigo Testamento, Isaías teve uma visão de Cristo em que o chama de “o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Jo 12.41; ver Is 6.5), mas também chamou este Rei de servo do Senhor, que não tinha “nenhuma beleza que nos agradasse” (Is 53.2).
Jesus também tinha muito a dizer sobre si mesmo. No evangelho de João, lugar das conhecidas afirmações “Eu sou”, ele refere-se a si mesmo como o “pão da vida” (Jo 6.48), “a luz do mundo” (8.12), “a porta” (10.9), “o bom pastor” (10.11), “a ressurreição e a vida”(11.25), “o caminho, e a verdade, e a vida”(14.6) e “a videira verdadeira” (15.1).
Em outras passagens, Jesus é chamado de mestre (Mc 1.27), profeta (Mt 21.11), filho de Davi (9.27), servo (12.18), Filho do Homem (12.8), Senhor (14.30), Cordeiro de Deus (Jo 1.36), Santo de Deus (6.69), o Princípio (Cl 1.18), sumo sacerdote (Hb 5.1-10), aquele que vive (Ap 1.18), Libertador (Rm 11.26) e a brilhante Estrela da manhã (Ap 22.16).
A essa impressionante variedade de nomes e descrições bíblicas poderiam ser acrescentadas muitas outras; na verdade, muito mais do que podemos pensar ou imaginar. Contudo, essas declarações múltiplas da pessoa de Cristo nem sempre são de fácil compreensão. Na verdade, a igreja primitiva batalhou duramente antes de chegar a uma descrição concisa e precisa da pessoa de Cristo, no Concílio de Calcedônia (451 d.C.).

História: Heróis e Hereges

Cada século, desde o tempo de nosso Senhor e dos Apóstolos em diante, tem testemunhado uma ou mais visões aberrantes sobre Cristo. Sem ser minucioso, no final do primeiro século o erro do docetismo deixou sua marca. Serapião, bispo de Antioquia (190-203), propôs a visão de que a carne de Jesus era “espiritual”. Jesus não tinha uma verdadeira natureza humana, apenas parecia (em grego: dokeo, “parecer”) humano. Esta visão falsa foi defendida por alguns, mesmo enquanto os apóstolos ainda estavam vivos (2Jo 7).
No segundo século, os ebionitas (“os pobres”) rejeitaram a concepção virginal de Jesus. Eles o consideravam o Messias, mas não aceitavam que fosse divino.
O início do terceiro século viu o surgimento de Paulo de Samósata, que foi bispo da igreja de Antioquia (c. 260). Ele tinha uma visão peculiar de Cristo, que incorporava várias heresias. Para ele, Jesus era um homem comum que foi habitado pelo Logos (Verbo) e, assim, tornou-se o Filho de Deus. O Logos que habitava Jesus não era uma pessoa divina distinta do Pai e do Espírito; antes, era o atributo divino do Pai que habitava em Jesus.
Um dos dois principais antagonistas à visão correta sobre Cristo no século IV foi Apolinário de Laodiceia (c. 315-92). Apolinário reagiu, em parte, a outros movimentos heréticos. Em sua reação a uma visão como a de Paulo de Samósata, Apolinário sustentava que o Logos assumira um corpo humano, mas não uma mente humana. Seus adversários responderam corretamente que esta teoria significava que a encarnação seria simplesmente a divindade habitando uma carne sem mente e sem alma. Muitos cristãos hoje caem em um erro semelhante ao pensar que a mente e a alma de Cristo são a sua natureza divina; mas isso é falso. O outro herege desta época foi Ário de Alexandria (c. 250-336). Ele negou que o Logos fosse coigual ao Pai, e sustentou que houve um tempo em que o Filho de Deus não existia.
No século V, uma cristologia mais precisa se estabeleceu, mas apenas depois de muita luta política e teológica. Na verdade, mesmo antes de Calcedônia, houve concílios que buscaram compreender os dados bíblicos sobre a pessoa de Cristo. Durante aquele século, o mais significativo na igreja primitiva para o desenvolvimento da cristologia, teólogos de Antioquia, onde Nestório recebeu seu treinamento, foram muito determinados em fazer jus à plena humanidade de Jesus. Cirilo de Alexandria (c. 376-444), talvez o teólogo mais importante a escrever sobre a pessoa de Cristo na igreja primitiva, apreciava essa preocupação, mesmo que por vezes tenha dito coisas que parecessem contradizer essa crença. De fato, Cirilo e os teólogos de Antioquia estiveram, por um tempo, em certo acordo. Naturalmente, o acordo não era completo; os seguidores mais extremos de Cirilo, como Eutiques, tendiam a “deificar” a humanidade de Cristo.
Tudo isso aponta para o fato de que todos os teólogos até esse ponto tinham em comum a crença nas duas naturezas de Cristo. Suas diferenças, entretanto, estavam na qualidade ou integridade das duas naturezas ao se relacionarem na pessoa de Cristo. Alguns enfatizavam tanto a natureza divina que muito pouco, ou nada, era deixado da natureza humana de Cristo; outros faziam o oposto. Calcedônia parece ter resolvido com grande sucesso os problemas que atormentaram a igreja durante os primeiros cinco séculos.

O credo calcedoniano (451)

À medida que as crises cristológicas do século V continuavam a se intensificar, a imperatriz Pulquéria e o imperador Marciano convocaram um concílio em Calcedônia. O concílio foi rigorosamente monitorado. Não apenas alguns bispos foram autorizados e outros rejeitados, como também certos documentos foram admitidos e outros proibidos. No Concílio de Éfeso (431), o Tomo de Leão, bispo de Roma, não foi admitido. Mas em Calcedônia, o Tomo de Leão foi permitido para que, combinado com as ênfases de Cirilo de Alexandria, se chegasse a algum tipo de declaração em comum. Cirilo, que morreu anos antes de Calcedônia, enfatizou bastante a união das duas naturezas em uma “unidade” impecável (em grego henosis). A ênfase nas duas naturezas, um produto da cristologia ocidental (típica de Agostinho e outros ocidentais), refletiu uma ênfase de Leão, que também chega até o credo. No parágrafo central de Calcedônia lê-se:
Seguindo os Santos Padres confessamos um e o mesmo, nosso Senhor Jesus Cristo, e todos ensinamos unânimes que o mesmo é perfeito em divindade, o mesmo perfeito em humanidade; verdadeiro Deus e verdadeiro homem; o mesmo de uma alma racional e corpo; consubstancial com o Pai na divindade e também consubstancial conosco em humanidade; semelhante a nós em tudo, exceto no pecado; gerado antes da eras, do Pai na divindade; o mesmo nestes últimos dias, e para nossa salvação, nascido da Virgem Maria Theotokos [“portadora de Deus”] na humanidade; um e o mesmo Cristo, Filho, Senhor, único; reconhecido em duas naturezas, inconfundíveis, imutáveis, indivisíveis, inseparáveis; a diferença das naturezas não sendo de forma alguma desfeita por causa da união, antes o caráter distintivo de cada natureza sendo preservado, combinando-se em uma pessoa e hipóstase; não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho e Unigênito Deus, Verbo, Senhor Jesus Cristo; como os profetas do passado e o próprio Senhor Jesus Cristo nos ensinaram a seu respeito, e como o credo dos pais foi entregue a nós.
Esta declaração sobre a pessoa de Cristo permanece sendo uma bela demonstração de ortodoxia, com a qual deve concordar quem deseja permanecer ortodoxo e fiel à totalidade do testemunho bíblico. Ela tem resistido ao teste do tempo. É certo que a definição se presta a interpretações variadas. Por exemplo, teólogos católicos romanos, luteranos e reformados desenvolveram cristologias que não podem ser harmonizadas em alguns pontos. Novamente, se a relação entre as duas naturezas provou-se a fonte de muitos conflitos pré-Calcedônia, não se pode negar que alguns conflitos permanecem até hoje, mesmo que não tenham a ferocidade política da igreja primitiva. Agora, partindo das declarações do credo calcedoniano, vamos procurar dar uma resposta abrangente à pergunta feita por Cristo: “Quem dizem os homens que eu sou?”

Perfeito em divindade

A evidência de que Jesus de Nazaré é plenamente divino, homoousios (uma substância) com Deus, é tão abundante que fica muito difícil simpatizar com aqueles que lutam contra esta verdade. Se Jesus não é plenamente Deus, os escritores do Novo Testamento se esforçaram para confundir e mentir para a igreja (por exemplo, veja Fp 2.5-11; Cl 1; Hb 1).
O prólogo do Evangelho de João fornece evidências explícitas o suficiente para que a igreja possa concluir satisfatoriamente que Jesus é “verdadeiramente Deus”. Considere as palavras de abertura: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”. Mais adiante no prólogo, João apresenta o ponto surpreendente (talvez o verso mais inacreditável para qualquer judeu do primeiro século): que “o Verbo se fez carne”. A palavra “era” no versículo 1 deve ser contrastada com “se fez” no versículo 14. O Verbo (Logos) não “se fez” no sentido de vir a existir. Ao contrário, o Verbo simplesmente “era”. Outras passagens do Evangelho de João só servem para confirmar e reforçar esta verdade (Jo 3.13; 6.62; 8.57-58; 17.5; 20.28). Além disso, quando Isaías viu “o Rei, o Senhor dos Exércitos” (Is 6.5), João cita uma grande parte desse capítulo e, em seguida, afirma que Isaías disse isso “porque ele viu a glória dele e falou a seu respeito [de Jesus]” (Jo 12.41). Em Isaías, somos informados de que Deus não dá a sua glória a ninguém a não ser a si mesmo; não obstante, em João 17.5, Jesus pede ao Pai para glorificá-lo em sua presença “com a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo”. Se Jesus não é Deus, então ele não é apenas um iludido, mas seu pedido é uma abominação.
No livro de Apocalipse, há igualmente muitos lugares que demonstram a divindade de Cristo. Ao descrever Jesus no livro de Apocalipse, João claramente faz uma ligação entre Jesus e Yahweh (o Senhor):
“Eu, o Senhor, o primeiro, e com os últimos eu mesmo” (Is 41.4). “Não temas; eu sou o primeiro e o último e aquele que vive” (Ap 1.17-18).
“Eu sou o primeiro e eu sou o último, e além de mim não há Deus” (Is 44.6). “Ao anjo da igreja em Esmirna escreve: Estas coisas diz o primeiro e o último, que esteve morto e tornou a viver” (Ap 2.8).
“Eu sou o mesmo, sou o primeiro e também o último” (Is 48.12). “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim” (Ap 22.13).
Esses paralelos marcantes deixam pouca dúvida quanto ao que o próprio Jesus acreditava ser: ninguém menos que o próprio Yahweh.

Perfeito em humanidade

Jesus não é apenas divino, mas também verdadeiramente humano. Como Calcedônia afirma: “verdadeiro homem; o mesmo de uma alma racional e corpo; […] consubstancial conosco em humanidade; semelhante a nós em tudo, exceto no pecado”. Por isso, ele é chamado de “Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5), que participou de “carne e sangue”, a fim de derrotar o diabo através da morte (Hb 2.14). Ele é semelhante a nós “em todas as coisas” (2.17), até o ponto de ter sido tentado em todas as coisas à nossa semelhança, mas sem pecado (4.15).
A evidência da verdadeira humanidade de Cristo é tão conclusiva quanto a evidência de sua verdadeira divindade. Sendo verdadeiramente humano, Jesus experimentou reações físicas tais como fome (Mt 4.2), sede (Jo 19.28) e fadiga (Jo 4.6). Ele chorou (11.35), pranteou (Lc 19.41), suspirou (Mc 7.34), e gemeu (Marcos 8.12). Como B.B. Warfield disse: “Não falta nada para nos causar a forte impressão que temos diante de nós, em Jesus, um ser humano como nós”.
Mas porque ele era sem pecado, todos as suas paixões eram mantidas em perfeita proporção e equilíbrio. Ele ficou apropriadamente irado quando estava com raiva, bem como completamente alegre quando estava alegre. De fato, ele experimentou “não apenas alegria, mas exultação, não mero aborrecimento irritado, mas furiosa indignação, não mera pena passageira, mas os movimentos mais profundos de compaixão e amor, não mera angústia superficial, mas uma profunda tristeza até a morte, [que ainda assim] nunca o dominaram” (Warfield). Todos os seus afetos foram mantidos em total submissão à vontade de seu Pai.

Nascido da Virgem Maria Theotokos

Como compreendemos o fato de que Jesus é totalmente Deus e totalmente homem? Uma palavra: encarnação (Lc 1.26-38). O maior prodígio de Deus é a encarnação do Filho de Deus. O céu beijou a terra. Consequentemente, o Criador é para sempre identificado com a criatura. Na união das duas naturezas na pessoa de Cristo, vemos eternidade e temporalidade, eterna bem-aventurança e tristeza temporal, onipotência e fraqueza, onisciência e ignorância, imutabilidade e mutabilidade, infinito e finitude. Ou, como Stephen Charnock coloca: “Que Deus sobre um trono seja um infante em um berço; que o trovejante Criador seja um bebê chorando e um homem sofredor são expressões de tão grande poder, bem como de tal amor condescendente, que surpreendem os homens na terra e os anjos no céu”.
Mas o que dizer da linguagem que diz que Maria é Theotokos (a portadora de Deus)? A verdade desta afirmação não deve ser rejeitada por causa de como tem sido mal interpretada pelos católicos romanos e usada para venerar Maria como “Mãe de Deus”. O título de “portadora de Deus” diz algo sobre Jesus, não sobre Maria.
Quando o Filho se fez carne (Jo 1.14), ele assumiu uma natureza humana, não uma pessoa humana. A natureza humana subsiste na personalidade do Filho de Deus: “não dividido ou separado em duas pessoas, mas um só e o mesmo Filho e Unigênito Deus, Verbo, Senhor Jesus Cristo”. Os teólogos chamaram a encarnação do Filho de Deus de “união hipostática”. A união das duas naturezas em uma pessoa significa que, quando falamos de Jesus, não dizemos que sua natureza humana fez isso ou sua natureza divina fez aquilo. Em vez disso, dizemos que Jesus fez isso ou aquilo de acordo com sua natureza humana ou divina. Paulo pontua isto no início de Romanos: “com respeito a seu Filho, o qual, segundo a carne, veio da descendência de Davi” (Rm 1.3).
Aquele que Maria deu à luz não era meramente humano, nem tinha apenas uma natureza humana. Aquele que nasceu de Maria era uma pessoa divina que possuía tanto uma natureza humana quanto uma natureza divina. Essa pessoa é o Filho de Deus, o que significa que Maria pode ser chamada de “a portadora de Deus” desde que fique claro o que isso significa. O título theotokos afirma que Jesus permaneceu completamente divino mesmo ao assumir a natureza humana. Ele não diz que Maria é digna de veneração como “Rainha do Céu” ou como “co-mediadora” com Cristo, como ensina a doutrina católica romana.

O caráter distintivo de cada natureza sendo preservado

A maioria dos teólogos cristãos afirma a distinção entre as duas naturezas de Cristo. Mas como essas duas naturezas referem-se uma à outra tem sido uma fonte de grande disputa entre várias tradições teológicas. Neste ponto, o credo calcedoniano permite uma variedade de interpretações.
Teólogos reformados se apegam à máxima teológica de que o finito (humanidade) não pode conter o infinito (divindade). Esta máxima é verdadeira quanto às duas naturezas de Cristo, mesmo agora no céu. Por essa razão, Cristo tem limitações de acordo com a sua natureza humana. Ele se desenvolveu desde a infância até a idade adulta, e experimentou um crescimento no conhecimento apropriado para cada fase de sua vida (Lc 2.52). Ele teve que ser ensinado por seu pai (Is 50.4-6). De acordo com a sua humanidade, ele teve de se contentar que nem tudo lhe foi revelado durante seu tempo na terra: “Mas a respeito daquele dia e hora ninguém sabe, nem os anjos do céu, nem o Filho, senão o Pai” (Mt 24.36). Ele “aprendeu a obediência” através do sofrimento (Hb 5.8).
Uma vez que a relação entre duas naturezas de Cristo tem sido calorosamente debatida desde Calcedônia, a Confissão de Fé de Westminster (8.7) oferece uma explicação da “comunicação de propriedades” que esclarece o ponto acima: “Cristo, na obra de mediação, age de conformidade com as suas duas naturezas, fazendo cada uma o que lhe é próprio; contudo, em razão da unidade da pessoa, o que é próprio de uma natureza é, às vezes, nas Escrituras, atribuído à pessoa denominada pela outra natureza”. Uma advertência cabe aqui, no entanto. Embora os atributos de qualquer natureza possam ser e são predicados da pessoa, os atributos de cada natureza não podem ser predicados da outra natureza. Por exemplo, Jesus não morreu de acordo com a sua natureza divina, porque não se pode predicar a morte, algo apenas uma natureza humana pode sofrer, à natureza divina. Jesus morreu de acordo com sua natureza humana, mas não com sua natureza divina.
Para se ter uma ideia do que a confissão quer dizer aqui, consideremos Atos 20.28: “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos constituiu bispos, para pastoreardes a igreja de Deus, a qual ele comprou com o seu próprio sangue”. Neste versículo, a pessoa única de Cristo é denominada pela natureza divina. Em outras palavras, ele é referido como “Deus”, mesmo sendo Deus e homem, divino e humano. Entretanto, por ser um Espírito, Deus não tem sangue. O sangue é próprio apenas da natureza humana, não da natureza divina. O que a confissão está dizendo é que, porque as duas naturezas estão unidas em uma só pessoa, o sangue (que é próprio apenas da natureza humana) é atribuído à pessoa única de Cristo (que neste versículo está sendo chamado ou denominado “Deus”, apesar de o nome de Deus ser próprio apenas da natureza divina). Porque Cristo possui duas naturezas unidas, podemos falar do “sangue de Deus”, já que “o que é próprio de uma natureza é, às vezes, nas Escrituras, atribuído à pessoa denominada pela outra natureza”. Os atributos de qualquer das naturezas podem ser predicados da pessoa de Cristo, mesmo quando Jesus é referido por um nome ou de um modo que é próprio apenas de uma dessas naturezas.

Perguntas especiais

Subordinação: Jesus voluntariamente se submeteu à vontade do Pai. No movimento “alto-baixo-alto” de Filipenses 2.6-11 o Filho de Deus, “subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus” (alto), mas a si mesmo se esvaziou, assumiu a forma de servo, e obedeceu ao Pai até à morte de cruz (baixo), que por sua vez levou à sua exaltação, na qual lhe é dado o nome acima de todo nome (alto). Todas as declarações no Novo Testamento a respeito da “subordinação” de Cristo (Jo 14.28) precisam ser entendidas à luz do acordo entre as pessoas da Trindade, pelo qual o Filho assumiria carne humana e se subordinaria à vontade do Pai.
Impecabilidade: Poderia Jesus, uma vez que foi tentado, ter a possibilidade de pecar? Teólogos têm discordado sobre esta questão, mas a resposta deve ser “não”. Há duas razões por que Jesus não poderia pecar. Primeiro, se Cristo pudesse pecar, então surgiria um problema quanto à relação entre as vontades humana e divina de Cristo. A definição de fé do Sexto Concílio Ecumênico de Constantinopla (680-81) afirma: “E estas duas vontades naturais não são contrárias uma à outra como afirmam os ímpios hereges, mas sua vontade humana segue, não resistindo ou relutante, antes sujeita, à sua vontade divina e onipotente”. A vontade humana não pode ser contrária à vontade divina em Cristo, mas apenas sujeita a ela. Em segundo lugar, por causa da unidade da pessoa, Cristo não poderia pecar sem comprometer a Deus. A natureza humana de Cristo pode ser “pecável” (capaz de pecar); mas uma vez que em sua constituição ele é o Deus-homem, ele é, portanto, uma pessoa impecável.
O Espírito Santo: Se Cristo era completamente divino, por que lemos tantas referências à obra do Espírito Santo sobre ele durante sua vida terrena? Desde o momento da encarnação (Lc 1.31,35), passando por seu batismo (Mc 1.10), sua tentação (Mc 1.12; Lc 4.14), sua pregação (Lc 4.18), a operação de milagres (Mt 12.28), sua morte (Hb 9.14), sua ressurreição (Rm 1.4; 8.11), até sua ascensão e entronização (Sl 45.1-7; At 2.33), descobrimos que o Espírito Santo foi um companheiro constante e inseparável de Cristo.
Cristo escolheu não considerar sua igualdade com Deus como algo a se explorar ou tirar proveito (Fp 2.6). Portanto, em completa dependência do Espírito Santo, Cristo obedeceu ao Pai perfeitamente, sem apego à sua própria natureza divina. Como John Owen argumentou, “O que quer que o Filho de Deus tenha operado em, por ou sobre a natureza humana, ele o fez pelo Espírito Santo”. O Espírito Santo produz em Cristo o fruto do Espírito (Gl 5.22). Assim, os crentes podem esperar não apenas um salvador formidável, que derrotou os poderes das trevas, mas também um salvador misericordioso, paciente, bondoso e amoroso, porque ele é pleno das graças do Espírito Santo. Por causa desta verdade, Thomas Goodwin afirmou que os pecados do povo de Deus movem Cristo mais à compaixão do que à ira. De fato, Goodwin acrescenta: “Se houvesse infinitos mundos feitos de criaturas amorosas, não haveria tanto amor neles como houve no coração do homem Cristo Jesus”.

Conclusão

Por causa da entrada do pecado no mundo através do homem, o homem deve prestar reparação a Deus. Mas o homem pecador não pode reparar o dano pelo seu pecado. Um mero homem sem pecado só poderia, potencialmente, fazer restituição por um homem pecador. Reparação por muitos homens (“como a areia da praia”) só pode acontecer através do Deus-homem, Jesus Cristo, por causa do valor infinito de sua pessoa. Ele é o Messias designado por Deus, o único que pode trazer a salvação para os pecadores por meio de sua morte e ressurreição. Pedro reconheceu essa grande verdade, para seu grande benefício. Pela fé, Pedro confessou Jesus como o Cristo, o Filho de Deus (Mt 16.16). Pela visão, Pedro agora contempla a glória de Deus na face de Jesus Cristo. Aqueles que contemplam a glória de Deus na face de Jesus Cristo nesta vida, pela fé (2Co 3.18), podem confiantemente esperar fazer o mesmo na vida por vir, por vista (5.7). Essa é a nossa esperança; essa é a nossa alegria. É por isso que a única esperança para a igreja hoje não é um mero homem, mas o Deus-homem, que pergunta a você: “Quem dizes que eu sou”?

                                                   Dr. Mark Jones é pastor em Faith Vancouver,
Columbia Britânica (Canadá) É autor do livro sobre cristologia Knowing Christ.







Nosso corpo é um projeto perfeito executado pelas mãos do Altíssimo; mas, toda a humanidade caiu em pecado perante o Criador, após a Queda dos nossos primeiros pais. Ainda assim, o corpo humano é excelso e extraordinário. A prova disto está no fato de o Senhor Jesus ter vindo a este mundo na forma humana; Ele possuía um corpo como o nosso. O Salvador nos honrou participando da nossa humanidade.


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