Central Gospel - Lição 5
__/___/____ Corpo, Morada do Espírito
COMENTÁRIO
Palavra introdutória
O Espírito Santo não é simplesmente uma emanação ou energia cósmica; Ele é a terceira pessoa da Trindade e possui os mesmos atributos e faculdades do Deus-Pai e do Deus-Filho (o Deus Uno) (2 Co 13.13). No primeiro capítulo da Bíblia, o divino Consolador aparece movendo-se sobre as águas (Gn 1.2); e, no último, oferecendo gratuitamente a água da vida (Ap 22.17).
Nesta lição, procuraremos responder a algumas perguntas: Como podemos ser santuário do Espírito Santo? O que significa ser cheio do Espírito? As manifestações sobrenaturais do Espírito na Igreja primitiva são para os nossos dias? Podemos esperar um avivamento universal do Espírito Santo nos dias atuais? Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas (Ap 2.29).
1. QUEM É O ESPÍRITO SANTO
Comentaristas bíblicos de várias orientações
doutrinárias afirmam que o Espírito Santo é apenas a força ativa de Deus; por
essa razão, não teria vontade própria. Esta afirmação, no entanto, não encontra
qualquer embasamento bíblico.

1.1. O Espírito Santo é uma pessoa
O divino Consolador (Jo 16.7) é, sim, uma pessoa, não uma coisa, força, influência ou energia.
Qualquer indivíduo para ser reconhecido como pessoa precisa possuir três faculdades essenciais.
É importante notar que o ato de comunicar implica:
- Inteligência
- capacitação para conhecer e discernir (1 Co 2.10; Rm 8.27);
- Vontade
- capacitação para desejar ou rejeitar (1 Co 12.11);
- Emoções
- capacitação para sentir (Ef 4.30).
Tudo isto se aplica, biblicamente, ao Espírito
Santo. A Ele são atribuídos não apenas características humanas - Ele
testifica (Rm 8.16); lembra (Jo 14.26); convence (Jo 16.8); ouve (Jo
16.13); ama (Rm 15.30); e convida (Ap 22.17) -, mas, também, divinas - Ele é
eterno (Hb 9.14); onipresente (Sl 139.7-10); onipotente (Lc 1.37); e onisciente
(1 Co 2.10).
O Espírito Santo é Deus. Ele é uma pessoa. Ele é uma pessoa divina!
1.2. Nomes, títulos e símbolos atribuídos à terceira pessoa da Trindade
O Espírito Santo aparece no texto bíblico com nomes, títulos e símbolos relacionados à Sua obra e caráter. Observe:
O Espírito Santo é Deus. Ele é uma pessoa. Ele é uma pessoa divina!
1.2. Nomes, títulos e símbolos atribuídos à terceira pessoa da Trindade
O Espírito Santo aparece no texto bíblico com nomes, títulos e símbolos relacionados à Sua obra e caráter. Observe:
- Espírito
da Verdade (Jo 14.17) - Aquele que convence o homem do pecado, da justiça
e do juízo (Jo 16.8);
- Fogo
(Lc 3.16) - elemento purificador através do batismo com o Espírito Santo;
- Água
(Jo 7.37,38) - símbolo da obra de regeneração espiritual;
- Óleo
precioso derramado sobre a cabeça (Sl 133.2) - representação da unção
sobre profetas, sacerdotes e reis para o serviço do Senhor;
- Penhor
(2 Co 5.5) - pagamento de parte do preço da compra.
2. AÇÕES DO ESPÍRITO SANTO NO HOMEM
2.1. Torna real a presença divina
A presença constante do Salvador na vida dos Seus discípulos faz-se possível por intermédio do Espírito Santo (Rm 8.26). A mente humana é o instrumento responsável por conservar vivo tudo aquilo que Jesus ensinou aos Seus primeiros seguidores (Jo 14.26).
Se entregarmos a direção da nossa vida ao Espírito Santo de Deus, nosso corpo jamais será escravizado pelas paixões da carne (Gl 5.16).
2.2. Santifica o cristão
O processo santificante, operado pelo Espírito Santo em nossa natureza, manifesta-se em três aspectos, observe.
- Posicional
- O que foi regenerado é visto por Deus como santificado em Cristo. Neste
sentido, os cristãos são descritos na Bíblia como santos. Não significa
que eles estejam imunes ao pecado, pois a santificação é um processo longo
e inacabado nesta vida (Rm 6.22).
- Experimental
- A santificação começa com a regeneração, baseia-se judicialmente na
justificação e desenvolve-se durante toda a vida do cristão (2 Co 7.1).
- Final
- A santificação só alcançará seu estado pleno e perfeito quando a velha
natureza dos redimidos for finalmente removida. Isto acontecerá na
glorificação, quando recebermos nossos corpos glorificados, semelhante ao
de Cristo (Fp 3.21).
2.3. Reveste o salvo de poder
Quando o Espírito Santo habita o cristão, traz virtude e autoridade espiritual, tornando-o uma testemunha do Senhor, até que o Reino de Deus seja estabelecido neste mundo.
Quando o Espírito Santo habita o cristão, traz virtude e autoridade espiritual, tornando-o uma testemunha do Senhor, até que o Reino de Deus seja estabelecido neste mundo.
- A
promessa do Pai ao Filho cumpriu-se plenamente no dia de Pentecostes. Os
seguidores de Cristo receberam o Espírito Santo e foram revestidos de
poder (At 1.8; 2.1-4). Resultado prático: testemunhos públicos e conversos
por onde quer que fossem e onde quer que estivessem.
- Os
apóstolos passaram a liderar a Igreja e a dar, com poder, testemunho da
ressurreição de Cristo (At 2.47).

2.4. Ilumina e revela Sua vontade
2.4.1. Iluminação
O Espírito ilumina-nos e conduz-nos para a mais perfeita comunhão com o Pai (1 Jo 1.6). Precisamos, portanto, cotidianamente, deste luzeiro para que a esperança permaneça ativa e a visão da glória futura continue (Ef 1.19).
2.4.2. Revelação
A revelação é o processo por meio do qual Deus torna Sua vontade conhecida diante dos homens. Somos limitados no entendimento de Deus; por isso somos exortados a conhecê-lo dia a dia (Os 6.3).
A revelação ilumina nossa mente de forma sobrenatural; ela é, em última instância, a manifestação dos pensamentos do Pai para dirigir a nossa vida.
2.5. Sela o redimido
Um selo transmite a noção de autenticidade conferida a um documento ou declaração. Ao fazer morada no homem, o Espírito Santo sela-o, dando-lhe garantia de herança eterna, prometida ao verdadeiro cristão.
Quando Deus nos sela, não andamos mais segundo a carne, mas, sim, em obediência aos Seus mandamentos (Dt 5.29). Em Cristo, autor e consumador da nossa fé, tudo se faz novo: pensamentos, sentimentos e comportamentos e comportamentos (Rm 8.1; 2 Co 5.17).
2.6. Possibilita a frutificação
Quando recebemos o Espírito Santo como hóspede divino, tornamo-nos plantas frutíferas nas mãos do Eterno lavrador (Jo 15.1). O fruto do Espírito fluirá em nossa vida, aprimorando o nosso caráter e a nossa fé.
3. TEMPLOS DE DEUS
Deus criou o homem para ser tabernáculo do
Espírito Santo. Os dois Testamentos afirmam que o homem está destinado a ser um
santuário para habitação do Altíssimo (Ez 36.27; 1 Co 6.19).
3.1. Espírito Santo: o Deus que habita em nós
Quando o Espírito Santo vive em nós: somos ensinados por Ele (Jo 14.26); vivemos em santidade, porque Ele é santo (1 Pe 1.14-16); buscamos os dons espirituais (1 Co 12.31); produzimos frutos para a glória de Deus (Gl 5.22); somos inabaláveis na obra do Senhor (1 Co 15.58); temos a virtude para testemunhar (At 1.8); somos objetos de Sua intercessão (Rm 8.26); somos consolados durante as crises (Jo 14.16).
3.1. Espírito Santo: o Deus que habita em nós
Quando o Espírito Santo vive em nós: somos ensinados por Ele (Jo 14.26); vivemos em santidade, porque Ele é santo (1 Pe 1.14-16); buscamos os dons espirituais (1 Co 12.31); produzimos frutos para a glória de Deus (Gl 5.22); somos inabaláveis na obra do Senhor (1 Co 15.58); temos a virtude para testemunhar (At 1.8); somos objetos de Sua intercessão (Rm 8.26); somos consolados durante as crises (Jo 14.16).
CONCLUSÃO
O Espírito Santo, mediante a Palavra de Deus,
capacita-nos a atingirmos a glória eterna, transformando-nos de glória em
glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor (2 Co 3.18).
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: O processo santificante, operado pelo Espírito Santo em nossa natureza, manifesta-se sob quais aspectos?
ATIVIDADE PARA FIXAÇÃO
1. De acordo com o que foi exposto nesta lição, responda: O processo santificante, operado pelo Espírito Santo em nossa natureza, manifesta-se sob quais aspectos?
Fonte: Revista Lições da Palavra
de Deus n° 60
O ESPÍRITO
Joá Caitano
O homem (físico, emocional, espiritual) aparece nas Escrituras Sagradas de Gênesis ao
Apocalipse.
O tempo espiritual destaca-se por sua originalidade, unicidade, especificidade e
singularidade. O homem tem um componente espiritual em sua estrutura:
Há um espírito no homem (Jó 32.8). A verdade bíblica afirma que Deus formou o
espírito do homem dentro dele (Zc 12.1).
A iluminação dos nossos corações nos possibilita alcançar entendimento
e revelação (1 Co 2.14). Paulo destacou:
Apocalipse.
O tempo espiritual destaca-se por sua originalidade, unicidade, especificidade e
singularidade. O homem tem um componente espiritual em sua estrutura:
Há um espírito no homem (Jó 32.8). A verdade bíblica afirma que Deus formou o
espírito do homem dentro dele (Zc 12.1).
A iluminação dos nossos corações nos possibilita alcançar entendimento
e revelação (1 Co 2.14). Paulo destacou:
Porque qual dos homens
sabe as coisas do
homem, senão o espírito
do homem, que nele
está?
1 Coríntios 2.11
Saber a importância e o significado deste tempo é fundamental para o
crescimento em conhecimento, sabedoria e maturidade.
O espírito é a parte superior mais relevante, suprema e importante na natureza humana.
O homem, a despeito de gênero, é um ser tridimensional: biológico, psicológico e
teológico (espiritual). Na dimensão biológica o homem fisicamente é composto de pó,
matéria e carne (corpo). No aspecto psicológico ele tem emoções, sentimentos,
vontade e intelecto (alma). Na terceira parte, a mais importante, os termos sopro divino,
Espírito divino e imagem divina significam o homem (espírito) mencionado na Bíblia
como o homem interior. O espírito, portanto, a parte não material, é a dimensão sobrenatural
do homem colocada por Deus no corpo. Com seu espírito o ser humano tem o
privilégio de comunicar-se com Deus (1 Co 14.14).
crescimento em conhecimento, sabedoria e maturidade.
O espírito é a parte superior mais relevante, suprema e importante na natureza humana.
O homem, a despeito de gênero, é um ser tridimensional: biológico, psicológico e
teológico (espiritual). Na dimensão biológica o homem fisicamente é composto de pó,
matéria e carne (corpo). No aspecto psicológico ele tem emoções, sentimentos,
vontade e intelecto (alma). Na terceira parte, a mais importante, os termos sopro divino,
Espírito divino e imagem divina significam o homem (espírito) mencionado na Bíblia
como o homem interior. O espírito, portanto, a parte não material, é a dimensão sobrenatural
do homem colocada por Deus no corpo. Com seu espírito o ser humano tem o
privilégio de comunicar-se com Deus (1 Co 14.14).
A palavra espírito vem da raiz hebraica, ruach, da qual se deriva o vocábulo
grego pneuma, e do latim, spiritus, onde, respectivamente,
ocorrem 389 e 385 vezes, aproximadamente, nas Escrituras.
O significado primário desta palavra é uma força invisível, um elemento não material,
o conjunto das faculdades espirituais que estão dentro do homem e o fazem entrar
em contato com o mundo espiritual. É a sua verdadeira identidade pessoal,
o seu homem interior:
grego pneuma, e do latim, spiritus, onde, respectivamente,
ocorrem 389 e 385 vezes, aproximadamente, nas Escrituras.
O significado primário desta palavra é uma força invisível, um elemento não material,
o conjunto das faculdades espirituais que estão dentro do homem e o fazem entrar
em contato com o mundo espiritual. É a sua verdadeira identidade pessoal,
o seu homem interior:
Por isso, não
desfalecemos; mas,
ainda que o nosso
homem exterior (corpo)
se corrompa, o interior
(espírito), contudo, ser
renova de dia em dia.
2 Coríntios 4.16
Nas três línguas clássicas, o termo espírito significa “sopro, hálito,
vento e princípio de vida”. Porém, o significado teológico vai além.
Espírito é a parte imaterial que Deus insuflou no ser humano, dando-lhe vida e
semelhança com a divindade. O espírito é o âmago e a fonte da vida.
É a sede das qualidades espirituais, e os traços de personalidade habitam na alma.
O cântico de Maria estabeleceu diferença entre espírito e alma (Lc 1.46,47).
vento e princípio de vida”. Porém, o significado teológico vai além.
Espírito é a parte imaterial que Deus insuflou no ser humano, dando-lhe vida e
semelhança com a divindade. O espírito é o âmago e a fonte da vida.
É a sede das qualidades espirituais, e os traços de personalidade habitam na alma.
O cântico de Maria estabeleceu diferença entre espírito e alma (Lc 1.46,47).
O espírito humano
Neste estudo precisamos deixar claro que o espírito humano não é a alma nem o
Espírito Santo. A falta do conhecimento da verdade bíblica vem gerando confusão acerca
dos conceitos sobre o espírito do homem. O espírito não é o corpo feito de material visível,
mas, sim, é a parte mais importante do ser humano. Ele é a vida imortal, inteligente
e invisível que procedeu de Deus.
Espírito Santo. A falta do conhecimento da verdade bíblica vem gerando confusão acerca
dos conceitos sobre o espírito do homem. O espírito não é o corpo feito de material visível,
mas, sim, é a parte mais importante do ser humano. Ele é a vida imortal, inteligente
e invisível que procedeu de Deus.
A vertente teológica denominada dicotomia afirma que o homem
é constituído apenas de corpo e alma. Outros grupos mencionam o termo alma-espírito.
Eles dizem que os dois termos se misturam nas Escrituras; e,
tendo como base este ponto de vista, utilizam as duas designações sempre associadas.
Entretanto, a verdade bíblica menciona que a natureza humana é constituída de corpo,
alma e espírito. Tricotomia é o estudo teológico desta matéria.
é constituído apenas de corpo e alma. Outros grupos mencionam o termo alma-espírito.
Eles dizem que os dois termos se misturam nas Escrituras; e,
tendo como base este ponto de vista, utilizam as duas designações sempre associadas.
Entretanto, a verdade bíblica menciona que a natureza humana é constituída de corpo,
alma e espírito. Tricotomia é o estudo teológico desta matéria.
Cada parte na composição humana, corpo, alma e espírito, cumpre funções específicas
estabelecidas pelo Senhor. Quando alguém descarta a revelação bíblica procurando
negar uma dessas partes, ou associar uma a outra na constituição do homem,
a confusão é estabelecida. Devemos aceitar sem questionar a natureza tríplice
do ser humano segundo as Escrituras:
estabelecidas pelo Senhor. Quando alguém descarta a revelação bíblica procurando
negar uma dessas partes, ou associar uma a outra na constituição do homem,
a confusão é estabelecida. Devemos aceitar sem questionar a natureza tríplice
do ser humano segundo as Escrituras:
E o mesmo Deus de paz
vos santifique em tudo; e
todo o vosso espírito, e
alma, e corpo sejam
plenamente conservados
irrepreensíveis para a
vinda de nosso Senhor
Jesus Cristo.
1 Tessalonicenses 5.23
Porque a palavra de
Deus é viva, e eficaz, e
mais penetrante do que
qualquer espada de dois
gumes, e penetra até à
divisão da alma, e do
espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para
discernir os pensamentos
e intenções do coração.
Hebreus 4.12
O homem espiritual
Ser espiritual é priorizar as coisas espirituais, olhar para o que é de cima e entender que,
vivendo um relacionamento espiritual, a vida material é alcançada automaticamente.
O homem espiritual tem discernimento de coisas que o homem carnal jamais entenderá.
Ele entende que os ensinamentos bíblicos vêm de Deus e, por isso, os pratica.
vivendo um relacionamento espiritual, a vida material é alcançada automaticamente.
O homem espiritual tem discernimento de coisas que o homem carnal jamais entenderá.
Ele entende que os ensinamentos bíblicos vêm de Deus e, por isso, os pratica.
E todos foram cheios do Espírito Santo (At 2.4a). A experiência sobrenatural vivida pela
Igreja primitiva, no Dia de Pentecostes, inaugurou uma nova etapa na história dos cristãos.
Um período de quase 500 anos, conhecido nos círculos teológicos como “túnel”,
uma ausência de revelação divina, terminou com a chegada de Jesus ( Is 9.9) e
com o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja.
Igreja primitiva, no Dia de Pentecostes, inaugurou uma nova etapa na história dos cristãos.
Um período de quase 500 anos, conhecido nos círculos teológicos como “túnel”,
uma ausência de revelação divina, terminou com a chegada de Jesus ( Is 9.9) e
com o derramamento do Espírito Santo sobre a Igreja.
Trechos do livro : CORPO ALMA E ESPÍRITO
JOA CAITANO
30
A
Obra do Espírito Santo
Quais
são as atividades distintas do Espírito Santo na história da Bíblia?
Explicação
e base bíblica
Nos
capítulos anteriores discutimos de forma razoavelmente minuciosa a pessoa e a
obra de Deus Pai e, mais recentemente, a pessoa e a obra de Deus Filho, Jesus
Cristo. Examinamos também as provas bíblicas da divindade e da personalidade
distinta do Espírito Santo (associada à doutrina da Trindade). Penso ser
oportuno agora neste capítulo focalizar a obra distintiva do Espírito Santo.
Entre as diferentes atividades dos membros da Trindade, quais são apresentadas
especialmente como obras de Deus Espírito Santo?
Devemos primeiramente nos conscientizar de que
outros capítulos neste livro lidam mais ou menos diretamente com alguns
aspectos da obra do Espírito Santo. Os capítulos sobre o batismo a e plenitude
do Espírito Santo (39) e sobre os dons espirituais (52-53) lidam quase
inteiramente com obras específicas do Espírito Santo. Além disso, os capítulos
sobre autoridade das Escrituras (4), oração (18), chamado do evangelho (33),
regeneração (34), santificação (38), perseverança (40), glorificação (42),
disciplina da igreja (46), meios da graça dentro da igreja (48) e adoração (51)
tratam todos dos vários aspectos da obra do Espírito Santo no mundo e em
especial na vida dos crentes. Entretanto, neste capítulo tentaremos obter uma
visão geral do ensino das Escrituras como um todo sobre a obra do Espírito
Santo, a fim de entender de maneira mais plena que espécies de atividade têm
sido delegadas particularmente ao Espírito Santo por Deus Pai e por Deus Filho.
Podemos definir a obra do Espírito Santo como
segue: a obra do Espírito Santo consiste em manifestar a presença ativa de Deus
no mundo e em especial na igreja. Essa definição indica que o Espírito Santo é
o membro da Trindade que as Escrituras com mais freqüência representam como
aquele que está presente para fazer a obra de Deus no mundo. Embora isso seja
real até certo ponto através de toda a Bíblia, é particularmente verdadeiro na
era da nova aliança. No Antigo Testamento, a presença de Deus muitas vezes foi
manifestada na glória de Deus e nas teofanias; nos evangelhos o próprio Jesus
manifestou a presença de Deus entre os homens. Mas depois que Jesus subiu ao
céu, e de contínuo através de toda a era da igreja, o Espírito Santo é agora a
principal manifestação da presença da Trindade entre nós. Ele é o que está
presente de modo mais proeminente entre nós agora.1
Desde o princípio da criação, temos indícios de
que a obra do Espírito Santo consiste em completar e sustentar o que Deus Pai
planejou e o que Deus Filho começou, pois em Gênesis 1.2, “o Espírito de Deus
pairava por sobre as águas”. E no Pentecostes, com o início da nova criação em
Cristo, é o Espírito Santo quem vem conceder poder à igreja (At 1.8; 2.4,
17-18). Como o Espírito Santo é a pessoa da Trindade por meio de quem Deus
manifesta de modo particular sua presença na era da nova aliança, Paulo emprega
uma expressão adequada ao referir-se a ele como “primeiros frutos” (Rm 8.23, n
vi) e “garantia” (ou “penhor”, 2Co 1.22; 5.5) da plena manifestação da presença
de Deus que conheceremos no novo céu e na nova terra (cf. Ap 21.3-4).
Mesmo no Antigo Testamento, foi previsto que a
presença do Espírito Santo traria bênçãos abundantes da parte de Deus: Isaías
predisse um tempo em que o Espírito traria grande renovação.
O
palácio será abandonado, a cidade populosa ficará deserta [...] até que se
derrame sobre nós o Espírito lá do alto\ então, o deserto se tomará em pomar, e
o pomar será tido por bosque ; o juízo habitará no deserto, e a justiça morará
no pomar. O efeito da justiça será paz, e o fruto da justiça, repouso e
segurança, para sempre. O meu povo habitará em moradas de paz, em moradas bem
seguras e em lugares quietos e tranqüilos (Is 32.14-18).
De modo semelhante, Deus profetizou por meio de
Isaías a jacó: “Porque derramarei água sobre o sedento e torrentes, sobre a
terra seca; derramarei o meu Espírito, sobre a tua posteridade e a minha
bênção, sobre os teus descendentes” (Is 44.3).
Em
contraste, o afastamento do Espírito Santo retirou a bênção de Deus do povo:
“Mas eles foram rebeldes e entristeceram o seu Espírito Santo, pelo que se lhes
tomou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles” (Is 63.10). No entanto,
várias profecias no Antigo Testamento predisseram um tempo em que o Espírito Santo
viria de modo mais pleno, um tempo em que Deus faria uma nova aliança com o seu
povo (Ez 36.26-27; 37.14; 39.29; J1 2.28-29).
De que
maneiras específicas o Espírito Santo traz a bênção de Deus? Podemos distinguir
quatro aspectos da obra do Espírito Santo para fornecer evidências da presença
de Deus e abençoar: (1) o Espírito Santo dá poder, (2) o Espírito Santo
purifica\ (3) o Espírito Santo revela\ (4) o Espírito Santo unifica. Vamos
examinar abaixo cada uma dessas quatro atividades. Finalmente, devemos
reconhecer que essas atividades do Espírito Santo não devem ser pressupostas e
não acontecem automaticamente no meio do povo de Deus. Antes, o Espírito Santo
reflete o prazer ou o desprazer de Deus com a fé e a obediência - ou com a
incredulidade e a desobediência - do povo de Deus. Por causa disso, precisamos
examinar um quinto aspecto da atividade do Espírito Santo: (5) o Espírito Santo
dá evidência mais forte ou mais fraca da presença e bênção de Deus, de acordo
com nossa resposta a ele.
A
. O Espírito Santo dá poder
1. Ele
dá vida . No domínio da natureza, é papel do
Espírito Santo dar vida a todas as criaturas animadas na terra, no céu ou no
mar, como está escrito: “Envias o teu Espírito, eles são criados” (SI 104.30).
E no sentido inverso, se Deus “para si recolhesse o seu espírito e o seu sopro,
toda a carne juntamente expiraria, e o homem voltaria para o pó” (Jó 34.14-
15). Vemos aqui o papel do Espírito Santo dando e sustentando a vida humana e
animal.
Paralelamente a isso, é papel do Espírito Santo
dar-nos vida nova na regeneração.2 Jesus disse a Nicodemos: “O que é nascido da
carne é carne; e o que é nascido do Espírito é espírito. Não te admires de eu
te dizer: importa-vos nascer de novo” (Jo 3.6-7; cf. v. 5, 8; 6.63; 2Co 3.6).
Ele disse também: “ O espírito é o que vivifica; a carne para nada aproveita”
(Jo 6.63; 2Co 3.6; At 10.44-47; Tt 3.5).3 Coerente com essa função do Espírito
Santo de dar vida é o fato de que foi o Espírito Santo quem concebeu Jesus no
ventre de Maria, sua mãe (Mt 1.18, 20; Lc 1.35). E no dia em que Cristo voltar,
é o mesmo Espírito Santo quem irá completar essa obra de dar vida concedendo a
nova vida ressurreta ao nosso corpo mortal: “Se habita em vós o Espírito
daquele que ressuscitoujesus dentre os mortos, esse mesmo que ressuscitou a
Cristo Jesus dentre os mortos vivificará também o vosso corpo mortal, por meio
do seu Espírito, que em vós habita” (Rm 8.11).
2.
Ele dá poder para o serviço
a.
Antigo Testamento. No Antigo
Testamento, o Espírito Santo muitas vezes capacita pessoas para serviço
especial. Ele capacitou Josué com habilidades de liderança e sabedoria (Nm
27.18; Dt 34.9), e deu poder aos juizes para libertar Israel de seus opressores
(observe como o Espírito do Senhor “veio sobre” Otoniel e m jz 3.10, Gideão em
6.34, Jefté em 11.29 e Sansão em 13.25; 14.6, 19; 15.14). O Espírito Santo veio
poderosamente sobre Saul a fim de levantá-lo para a batalha contra os inimigos
de Israel (ISm 11.6), e quando Davi foi ungido rei, “o Espírito do Senhor se apossou”
dele daquele dia em diante (ISm 16.13), capacitando-o para cumprir a tarefa de
realeza para a qual Deus o havia chamado.4 Numa espécie só um pouco diferente
de capacitação, o Espírito Santo dotou Bezalel com talentos artísticos para a
construção do tabemáculo e de seu equipamento (Êx 31.3; 35.31) e com capacidade
para ensinar essas técnicas para os outros (Êx 35.34).5 O Espírito Santo também
protegeu o povo de Deus e capacitou-o para vencer seus inimigos. Por exemplo,
Deus colocou seu Espírito no meio deles à época do êxodo (Is 63.11- 12) e, mais
tarde, após seu retomo do exílio, pôs seu Espírito no meio deles para
protegêlos e guardá-los do medo (Ag 2.5). Quando Saul estava tentando capturar
Davi à força, o Espírito Santo veio sobre os mensageiros de Saul (ISm 19.20) e
por fim sobre
o próprio Saul (v. 23), levando-os a involuntariamente cair no chão e
profetizar durante horas, frustrando dessa forma o propósito de Saul e
humilhando-o em resposta à sua demonstração maligna de força contra Davi e
Samuel. De modo semelhante, enquanto Ezequiel profetizava julgamento pelo poder
do Espírito Santo contra alguns líderes de Israel (Ez 11.5), um dos líderes
chamado Pelatias morreu (Ez 11.13). Dessa forma, o Espírito Santo trouxe
julgamento imediato sobre ele.
Por fim, o Antigo Testamento predisse o tempo
em que o Espírito Santo ungiria um Messias-Servo em grande plenitude e poder:
Repousará
sobre ele o Espírito do Sen h o r, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o
Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do
Senho r. Deleitar-se-á no temor do Senhor... (Is 11.2-3)
Isaías profetizou que Deus diria o seguinte sobre
esse Servo que estava para chegar: pus sobre ele o meu Espírito” (Is 42.1), e
que ele mesmo diria: “O Espírito do Se n h o r Deus está sobre mim, porque o
Sen h o r me ungiu” (Is 61.1; cf. Lc 4.18).
Antes de encerrar esta discussão sobre a
capacitação pelo Espírito Santo no Antigo Testamento, devemos observar que às
vezes se diz que não havia nenhum a obra do Espírito Santo dentro das pessoas
no Antigo Testamento. Essa idéia tem sido inferida principalmente das palavras
dejesus aos discípulos em João 14.17: "... ele habita convosco e estará em
vós”. Mas não devemos concluir desse versículo que não havia nenhuma obra do
Espírito Santo no interior das pessoas antes do Pentecostes. Em bora o Antigo
Testamento não fale com freqüência de pessoas que tinham dentro de si o
Espírito Santo ou que dele tinham a plenitude, existem uns poucos exemplos:
Josué é descrito como homem que tem o Espírito (Nm 27.18; Dt 34.9), assim como
Ezequiel (Ez 2.2; 3.24), Daniel (Dn 4.8-9, 18; 5.11) e Miquéias (Mq 3.8).(i
Isso significa que quandojesus diz aos seus discípulos “ele habita convosco e
estará em vós” (Jo 14.17), não pode estar dizendo que havia uma diferença
absoluta “dentro/fora” entre a obra do Espírito Santo na antiga aliança e na
nova. Nem pode João 7.39 (“pois o Espírito até aquele momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado”) significar que não havia nenhuma
atividade do Espírito Santo na vida das pessoas antes do Pentecostes. Ambas as
passagens devem ser maneiras diferentes de dizer que a obra mais poderosa, mais
plena do Espírito Santo, característica da vida após o Pentecostes, ainda não
havia começado na vida dos discípulos. O Espírito Santo ainda não tinha chegado
dentro deles do modo pelo qual Deus havia prometido colocá-lo dentro do seu
povo quando viesse a nova aliança (Ez 36.26, 27; 37.14), nem o Espírito Santo
havia sido derramado com grande abundância e plenitude que caracterizaria a era
da nova aliança (J1 2.28-29). Nesse sentido poderoso da nova aliança, o
Espírito Santo ainda não estava operando dentro dos discípulos.7
b.
Novo Testamento. A obra capacitadora
do Espírito Santo no Novo Testamento é vista primeiro e de modo pleno na unção
e capacitação de jesus como o Messias. O Espírito Santo desceu sobre Jesus por
ocasião do seu batismo (Mt 3.16; Mc 1.11; Lc 3.22). João Batista disse: “Vi o
Espírito descer do céu como pomba e pousar sobre ele” (Jo 1.32). Portanto,
Jesus foi para a tentação no deserto “cheio do Espírito Santo” (Lc 4.1); e
depois de sua tentação, no início de seu ministério, “Jesus, no poder do
Espírito, regressou para a Galiléia” (Lc 4.14). Quando jesus foi pregar na
sinagoga em Nazaré, declarou que a profecia de Isaías fora cumprida nele: “O
Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os
pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista
aos cegos, para pôr em liberdade aos oprimidos, e apregoar o ano aceitável do
Senhor” (Lc 4.18-19). O poder do Espírito Santo na vida de jesus foi visto
depois em seus milagres subseqüentes, à medida que ele expulsava demônios com
uma palavra e curava todos os que vinham a ele (Lc 4.36, 40-41). O Espírito
Santo se agradou em habitar em Jesus e dar-lhe poder, pois ele se deleitava
plenamente com a pureza moral absoluta da vida de jesus. No contexto de
conversa a respeito de seu próprio ministério e da bênção do Pai sobre esse
trabalho, Jesus diz: “Deus não dá o Espírito por medida. O Pai ama ao Filho, e
todas as cousas tem confiado às suas mãos” (Jo 3.34-35).Jesus tinha uma unção
do Espírito Santo sem medida, e essa unção permanecia sobre ele (Jo 1.32, nvi;
cf. At 10.38).
O Espírito Santo também capacitou os discípulos de
jesus para vários tipos de ministério. Jesus lhes tinha prometido: “... mas
recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas
testemunhas tanto em Jerusalém, como em toda a judéia e Samaria e até os
confins da terra” (At 1.8).8 Há vários exemplos específicos da atividade do
Espírito Santo concedendo poder aos primeiros cristãos para operar milagres à
medida que eles proclamavam o evangelho (note Estêvão em At 6.5, 8; e Paulo em
Rm 15.19; ICo 2.4). Mas o Espírito Santo deu também grande poder à pregação da
igreja primitiva de modo que, quando os discípulos eram cheios do Espírito
Santo, proclamavam a Palavra com coragem e grande poder (At 4.8,31; 6.10; lTs
1.5; IPe 1.12). Em geral, podemos dizer que o Espírito Santo fala por meio da
mensagem do evangelho à medida que ela é proclamada de maneira eficaz ao coração
das pessoas. O Novo Testamento termina com um convite do Espírito Santo e da
igreja, que juntos chamam as pessoas à salvação: “O Espírito e á noiva dizem:
Vem! E aquele que ouve, diga: Vem!” (Ap 22.17). Na realidade, não só na
pregação da mensagem do evangelho, como também na leitura e no ensino das
Escrituras, o Espírito Santo continua a falar ao coração das pessoas a cada dia
(veja Hb 3.7 e 10.15, onde o autor cita uma passagem do Antigo Testamento e diz
que o Espírito Santo está agora falando aquela palavra aos leitores).
Outro
exemplo da capacitação dos cristãos para o serviço é a atividade do Espírito
Santo que consiste em conceder dons espirituais para equipar os crentes para o
ministério. Após alistar uma variedade de dons espirituais, Paulo diz: “Mas um
só e o mesmo Espírito realizfl todas estas cousas, distribuindo-as, como lhe
apraz, a cada um, individualmente” (ICo 12.11). Uma vez que o Espírito Santo é
quem mostra ou manifesta a presença de Deus no mundo, não surpreende que Paulo
possa chamar os dons espirituais de “manifestações” do Espírito Santo (ICo
12.7).9 Os dons espirituais em atuação representam um sinal da presença de Deus
Espírito Santo na igreja.10
Na vida de
oração dos indivíduos crentes, verificamos que o Espírito Santo concede poder
para a oração e a tom a eficaz. “... não sabemos orar como convém, mas o mesmo
Espírito intercede por nós em gemidos inexprimíveis” (Rm 8.26).11 E Paulo diz
que “temos acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.18). Um tipo específico de
oração para a qual o Novo Testamento diz que o Espírito Santo dá poder é o dom
de orar em línguas (ICo 12.10-11; 14.2, 14-17).12
Outro
aspecto da obra do Espírito Santo em que ele concede aos cristãos o poder para
serviço é a capacitação do povo para vencer a oposição espiritual à pregação do
evangelho e à obra de Deus na vida das pessoas. Esse poder na guerra espiritual
foi visto primeiro na vida dejesus, que disse: “Se, porém, eu expulso demônios
pelo Espírito de Deus, certamente é chegado o reino de Deus sobre vós” (Mt
12.28). Quando Paulo chegou a Chipre, enfrentou a oposição de Elimas, o mágico,
mas ele, “cheio do Espírito Santo, fixando nele os olhos, disse: O filho do
diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça,
não cessarás de perverter os retos caminhos do Senhor? Pois, agora, eis aí está
sobre ti a mão do Senhor, e ficarás cego, não vendo o sol por algum tempo. No
mesmo instante, caiu sobre ele névoa e escuridade, e, andando à roda, procurava
quem o guiasse pela mão” (At 13.9-11). O dom de “discernimento de espíritos”
(ICo 12.10), dado pelo Espírito Santo, é também uma ferramenta nessa guerra
contra as forças das trevas, assim como a Palavra de Deus, que funciona como “a
espada do Espírito” (Ef 6.17) na batalha espiritual.
B
. O Espírito Santo purifica
Uma vez que
esse membro da Trindade é chamado Espírito Santo, não surpreende que uma de
suas principais atividades seja purificar-nos do pecado e “santificar-nos” ou
tomar-nos mais santos na conduta prática. Mesmo na vida de incrédulos há alguma
influência restritiva do Espírito Santo uma vez que ele convence o mundo do
pecado (Jo 16.8-11; At 7.51). Mas quando as pessoas se tomam cristãs, o
Espírito Santo realiza nelas uma obra inicial de purificação, efetuando um
decisivo rompimento com os padrões do pecado que havia na vida delas antes.13
Paulo fala dos coríntios: “... mas vós vos lavastes, mas fostes santificados,
mas fostes justificados em o nome do Senhor Jesus Cristo e no Espírito do nosso
Deus” (ICo 6.11; veja também Tt 3.5). Aparentemente, é essa obra de lavagem e
purificação realizada pelo Espírito Santo que é simbolizada pela metáfora do
fogo quando joão Batista diz que jesus batizaria as pessoas “com o Espírito
Santo e com fogo” (Mt 3.11; Lc 3.16).
Após o rompimento inicial com o pecado que o
Espírito Santo efetua em nossa vida na conversão, ele produz também em nós o
crescimento em santidade da vida. Produz o “fruto do Espírito” em nós (“amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio”, G1 5.22-23), aquelas qualidades que refletem o caráter de
Deus. A medida que vamos continuamente “sendo transformados com glória cada vez
maior”, devemos nos lembrar de que isso “vem do Senhor, que é o Espírito” (2Co
3.18, n vi). A santificação vem pelo poder do Espírito Santo (2Ts 2.13; IPe
1.2; cf. Rm 8.4, 15-16), e por isso é “pelo Espírito” que somos capazes de
fazer morrer “os feitos do corpo” e crescer em santidade pessoal (Rm 8.13; veja
7.6; Fp 1.19).14
Algumas pessoas hoje dizem que uma obra de
purificação (ou de cura) pelo Espírito Santo ocorre quando “caem no Espírito”,
uma experiência em que elas de repente vão ao chão em estado de semiconsciência
e ali permanecem por alguns minutos ou horas. Embora a frase “cair no Espírito”
não esteja em nenhum lugar das Escrituras, há casos em que pessoas caíram ao
chão ou entraram em transe na presença de Deus.15 Experiências contemporâneas
devem ser avaliadas de acordo com os resultados duradouros (“fruto”) que
produzem na vida das pessoas (veja Mt 7.15-20; ICo 14.12, 26c).
C
. O Espírito Santo revela
1. Revelação aos profetas e apóstolos.
No capítulo 4 discutimos de modo bem detalhado a obra do Espírito Santo
revelando as palavras de Deus aos profetas do Antigo Testamento e aos apóstolos
do Novo Testamento, em muitos casos de tal maneira que elas podiam ser
colocadas literalmente nas Escrituras (veja, por exemplo, Nm 24.2; Ez 11.5; Zc
7.12; et al.). A totalidade das Escrituras do Antigo Testamento veio à lume
porque “homens falaram da parte de Deus, impelidos pelo Espírito Santo” (2Pe
1.21, nvi). Várias passagens mencionam essa obra do Espírito Santo nos profetas
do Antigo Testamento (veja Mt 22.43; At 1.16; 4.25; 28.25; IPe 1.21). Os
apóstolos e outros que escreveram as palavras das Escrituras do Novo Testamento
foram igualmente guiados “a toda a verdade” pelo Espírito Santo (Jo 16.13), que
também falou aos apóstolos o que tinha ouvido do Pai e do Filho e declarou-lhes
“as coisas que hão de vir” (Jo 16.13; cf. Ef 3.5). Outros que foram cheios do
Espírito Santo também falaram ou cantaram palavras que se tomaram parte das
Escrituras, tais como Isabel (Lc 1.41), Zacarias (Lc 1.67) e Simeão (Lc 2.25).
2. Ele dá evidências da presença de
Deus. Às vezes se afirma que a obra do Espírito Santo
não é chamar atenção para si mesmo, mas antes dar glória a jesus e a Deus Pai.
Porém isso parece uma falsa dicotomia, não sustentada pelas Escrituras. E
evidente que o Espírito Santo glorifica a jesus (Jo 16.14) e dá testemunho dele
(Jo 15.26; At 5.32; ljo 2.3; ljo 4.2). Mas isso não significa que ele não tome
conhecidas suas próprias ações e palavras! A Bíblia tem centenas de versículos
que falam sobre a obra do Espírito Santo, tornando-a conhecida, e a própria
Bíblia foi falada ou inspirada pelo Espírito Santo!

Além disso, o Espírito Santo com freqüência fez-se
conhecido por meio de fenômenos que indicavam sua atividade, tanto no período
do Antigo Testamento como na época do Novo. Isso foi verdade quando o Espírito
Santo veio sobre os setenta anciãos escolhidos para trabalhar com Moisés e eles
profetizaram (Nm 11.25-26), e também quando o Espírito Santo veio sobre os
juizes para capacitá-los a realizar grandes obras de poder (Jz 14.6, 19; 15.14,
et al.). Nesses casos, as pessoas podiam ver o efeito do Espírito Santo vindo
sobre os servos do Senhor. Isso foi verdade também quando o Espírito Santo veio
poderosamente sobre Saul, e este profetizou com um grupo de profetas (ISm 10.6,
10), e ocorria com freqüência quando concedia poder aos profetas do Antigo
Testamento para que fizessem profecias públicas.
O Espírito Santo também tornou sua presença
evidente de modo visível quando desceu como pomba sobre Jesus (Jo 1.32), ou
veio sobre os discípulos no Pentecostes como som de um vento impetuoso e com
línguas visíveis de fogo (At 2.2-3). Além disso, quando o Espírito Santo foi
derramado sobre as pessoas, e estas começaram a falar em línguas ou a louvar a
Deus de modo extraordinário e espontâneo (veja At 2.4; 10.44-46; 19.6), o
Espírito Santo com certeza tornou conhecida a sua presença. E Jesus prometeu
que o Espírito Santo em nós seria tão poderoso a ponto de parecer um rio de
água viva fluindo do mais profundo do nosso interior (vejajo 7.38) - símile que
dá a entender que as pessoas estariam conscientes de uma presença que seria
percebida de alguma maneira.
Na vida pessoal dos crentes, o Espírito Santo não
esconde totalmente sua obra, mas, sim, faz-se conhecido de diversas maneiras.
Ele dá testemunho com o nosso espírito de que somos filhos de Deus (Rm 8.16), e
clama: “Aba, Pai!” (G1 4.6). Provê uma garantia ou um pagamento inicial de
nossa futura comunhão com ele no céu (2Co 1.22; 5.5) e revela seus desejos para
nós de modo que possamos ser guiados por eles e segui-los (Rm 8.4-16; G1
5.16-25). Concede dons que manifestam sua presença (ICo 12.7-11). E de tempos
em tempos opera sinais miraculosos e prodígios que atestam de maneira poderosa
a presença de Deus na pregação do evangelho (Hb 2.4; cf. ICo 2.4; Rm 15.19).
Parece mais
exato, portanto, dizer que embora o Espírito Santo glorifique Jesus, ele também
muitas vezes chama atenção para sua obra e dá evidências reconhecíveis que
manifestam sua presença. De fato, parece que um de seus propósitos principais
na era da nova aliança é manifestar a presença de Deus, dar indicações que
tomam clara a presença de Deus. E quando o Espírito Santo opera em várias
maneiras que possam ser percebidas por crentes e incrédulos, isso encoraja as
pessoas a crer que Deus está perto, trabalhando para cumprir seus propósitos na
igreja e para abençoar o seu povo.
3. Ele guia e dirige o povo de Deus.
A Bíblia dá muitos exemplos de direção direta do Espírito Santo para várias
pessoas. De fato, no Antigo Testamento, Deus disse que era pecado o povo entrar
em aliança com outros quando esta, segundo o Senhor, era aliança “não pelo meu
Espírito” (Is 30.1, ibb). Aparentemente, as pessoas estavam decidindo com base
em sua própria sabedoria e senso comum em vez de buscar a direção do Espírito
Santo de Deus antes de fazer essas alianças. No Novo Testamento, o Espírito Santo
guiou Jesus ao deserto para o seu período de tentação (Mt 4.1; Lc 4.1); na
verdade, essa direção do Espírito Santo era tão forte que Marcos chega a dizer:
“E logo o Espírito o impeliu para o deserto” (Mc 1.12).16
Em outros contextos o
Espírito Santo deu palavras diretas de direção ao povo, dizendo a Filipe, por
exemplo, “Aproxima-te desse carro e acompanha-o” (At 8.29), ou dizendo a Pedro
que fosse com os três homens que chegaram até ele da casa de Cornélio (At
10.19-20; 11.12), ou dirigindo os cristãos de Antioquia: “Separai-me, agora,
Bamabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado” (At 13.2).
Também na categoria
de “direção”, mas de natureza muito mais direta e impositiva, há os vários
exemplos em que o Espírito Santo transportou de fato uma pessoa de um lugar
para outro. Isso se deu quando “o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, não o
vendo mais o eunuco [...] Mas Filipe veio a achar-se em Azoto” (At 8.39-40) - a
direção nesse caso dificilmente poderia ter sido mais clara! Todavia, coisas
semelhantes aconteceram a alguns profetas do Antigo Testamento, pois aqueles
que conheciam Elias pareciam esperar que o Espírito de Deus o arrebatasse e o
transportasse para algum lugar (lRs 18.12; 2Rs 2.16: “... pode ser que o
Espírito do Sen h o r o tenha levado e lançado nalgum dos montes ou nalgum dos
vales”). O Espírito do Senhor várias vezes, diz Ezequiel, o “levantou” e o
levou para um lugar ou outro (Ez 11.1; 37.1; 43.5), uma experiência que também
era parte das últimas visões de João em Apocalipse (Ap 17.3; 21.10).17
Mas na grande maioria dos casos a direção e a
orientação pelo Espírito Santo não são nem de longe tão dramáticas. As
Escrituras falam antes de uma orientação pelo Espírito Santo no dia-a-dia - os
cristãos “são guiados” pelo Espírito Santo (Rm 8.14; G1 5.18) e andam segundo o
Espírito (Rm 8.4; G1 5.16). Ora, é possível entender que Paulo está se
referindo aqui somente à obediência às ordens morais das Escrituras, mas essa
interpretação parece bem improvável, especialmente porque todo o contexto trata
de emoções e desejos que percebemos de modo mais subjetivo e porque Paulo
contrasta aqui o ser guiado pelo Espírito com o seguir os desejos da carne ou
da natureza pecaminosa:
Por isso vos
digo: vivam pelo Espírito, e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.
Pois a carne deseja o que é contrário ao Espírito; e o Espírito, o que é
contrário à carne. [...] Ora, as obras da carne são manifestas: imoralidade
sexual, impureza e lascívia; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes,
ira [...] Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. [...] Se vivemos
pelo Espírito, andemos também pelo Espírito. Não sejamos presunçosos,
provocando uns aos outros e tendo inveja uns dos outros (G1 5.16-26, n v i).
O contraste entre
“desejos da carne” e “desejos do Espírito” implica que nossa vida deve ser uma
resposta a cada momento aos desejos do Espírito Santo, não aos desejos da
carne. Agora, pode ser que grande parte da resposta a esses desejos consista no
processo intelectual de entender o que são amor, alegria, paz (e assim por
diante), e então agir de modo amoroso, alegre ou pacífico. Mas isso
dificilmente constitui a totalidade da direção pelo Espírito, pois essas
emoções não são meramente coisas em que pensamos; são coisas que também
sentimos e experimentamos num nível mais profundo. Na realidade, a palavra
traduzida por “desejos” (epithymia) é um termo que se refere a desejos fortes,
não meramente a decisões intelectuais. Paulo quer dizer com isso que devemos
seguir esses desejos à medida que são produzidos em nós pelo Espírito Santo. Além
disso, a idéia de ser “guiado” pelo Espírito Santo (G15.18) implica uma
participação pessoal ativa do Espírito Santo na tarefa de nos guiar. Isso é
algo mais do que nossa reflexão sobre padrões morais da Bíblia e inclui o
envolvimento do Espírito Santo que se relaciona conosco como pessoas para nos
orientar e dirigir.
No livro de Atos há exemplos específicos do
Espírito Santo guiando diretamente as pessoas. Após a decisão do concilio de
Jerusalém, os líderes escreveram em sua carta às igrejas: “... pareceu bem ao
Espírito Santo e a nós não vos impor maior encargo além destas coisas
essenciais” (At 15.28). Esse versículo dá a entender que o concilio deve ter
tido consciência da vontade do Espírito Santo nessas áreas: sabiam o que
“pareceu bem ao Espírito Santo”. Na segunda viagem missionária de Paulo, Lucas
escreve que foram “impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia” e
depois “tentavam ir para Bitínia, mas o Espírito de Jesus não o permitiu” (At
16.6-7). Obviamente, nenhum princípio registrado nas Escrituras do Antigo
Testamento tê-los-ia levado a concluir que não podiam pregar na Ásia ou na
Bitínia. Antes, o Espírito Santo deve ter comunicado sua orientação direta a
eles de algum modo específico, por meio de palavras pronunciadas de maneira
audível ou dentro da mente, ou por meio de fortes impressões subjetivas da
falta de presença ou de bênção do Espírito Santo à medida que tentavam viajar
para essas áreas difíceis. Mais tarde, quando Paulo estava a caminho de
Jerusalém, diz: “Agora, compelido pelo Espírito, estou indo para Jerusalém, sem
saber o que me acontecerá ali, senão que, em todas as cidades, o Espírito Santo
me avisa que prisões e sofrimentos me esperam” (At 20.22-23, n v i). Paulo não
pensava que tivesse outra escolha - o Espírito Santo manifestou-lhe sua
presença e desejo de modo tão forte que Paulo podia falar que tinha sido
“compelido” pelo Espírito.18
Em outros casos, o
Espírito Santo deu orientações para estabelecer pessoas em vários ministérios
ou funções da igreja. Assim, o Espírito Santo disse a alguns na igreja de
Antioquia: “Separai-me, agora, Bamabé e Saulo para a obra a que os tenho
chamado” (At 13.2). E Paulo podia afirmar que o Espírito Santo tinha
estabelecido os presbíteros da igreja de Éfeso em sua função porque disse:
“Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o Espírito Santo vos
constituiu bispos” (At 20.28). Por fim, o Espírito Santo proporcionava alguma
direção por intermédio de dons espirituais como profecia (1 Co 14.29-33).19
4. Ele
proporciona uma atmosfera digna de Deus quando manifesta sua presença. Como
o Espírito Santo é plenamente Deus e com partilha todos os seus atributos, sua
influência deverá trazer caráter ou atmosfera próprios de Deus a situações em
que ele está ativo. Uma vez que ele é o Espírito Santo, produzirá às vezes uma
convicção de pecado, de justiça e de juízo (Jo 16.8-11). Como Deus é amor, o
Espírito Santo derrama o amor de Deus em nosso coração (Rm 5.5; 15.30; Cl 1.8)
e muitas vezes a sua presença manifestada de maneira poderosa criará um a
atmosfera de amor. E “porque Deus não é de confusão e sim de paz” (ICo 14.33),
o Espírito Santo traz uma atmosfera de paz às diversas situações: “Porque o
reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no
Espírito Santo” (Rm 14.17; cf. G15.22). Este último versículo também ensina que
o Espírito Santo comunica uma atmosfera de alegria (veja At 13.52; ITs 1.6). Embora
a lista não seja exaustiva, Paulo sintetiza muitas dessas qualidades divinas
produzidas pelo Espírito Santo ao alistar os vários elementos do fruto do
Espírito em Gálatas 5.22-23.
Outros elementos da
atmosfera que o Espírito Santo pode transmitir são verdade (Jo 14.17; 15.26;
16.13; IJo 5.7), sabedoria (Dt34.9; Is 11.2), conforto (At 9.31), liberdade
(2Co 3.17), justiça (Rm 14.17), esperança (Rm 15.13; cf. G15.5), consciência de
filiação ou adoção (Rm 8.15-16; G1 4.5-6) e até glória (2Co 3.8). O Espírito
Santo traz também unidade (Ef 4.3) e poder (At 1.18; ICo 2.4; 2Tm 1.7; cf. At
1.8). Todos esses elementos da atividade do Espírito Santo indicam os vários
aspectos de uma atmosfera em que ele dá às pessoas a consciência de sua
presença — e, desse modo, do seu caráter.
5.
Ele nos dá segurança. O Espírito Santo “testifica com o
nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16) e fornece evidências da obra
de Deus em nós: “E nisto conhecemos que ele permanece em nós, pelo Espírito que
ele nos deu” (IJo 3.24). “Nisto conhecemos que permanecemos nele, e ele, em
nós: em que nos deu do seu Espírito” (IJo 4.13). O Espírito Santo não só
testemunha a nós que somos filhos de Deus, mas também testifica que Deus
permanece em nós e que estamos permanecendo nele. De novo, o que está envolvido
é mais do que o nosso intelecto: o Espírito trabalha para nos dar segurança no
nível subjetivo da percepção espiritual e emocional.
6.
Ele ensina e ilumina. Outro aspecto da obra reveladora do
Espírito Santo é o ensino de certas coisas ao povo de Deus e a iluminação desse
povo para que possa entendê-las. Jesus prometeu essa função pedagógica
especialmente aos seus discípulos quando lhes disse: “o Espírito Santo [...]
vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo o que vos tenho dito”
(Jo 14.26); e também: “ele vos guiará a toda a verdade” (Jo 16.13). Além disso,
ele prometeu que quando seus discípulos fossem levados a julgamento por causa
da perseguição, o Espírito Santo lhes ensinaria naquela hora o que dizer (Lc
12.12; cf. Mt 10.20; Mc 13.11). Em outras ocasiões, o Espírito Santo revelou
informações específicas para as pessoas - por exemplo, mostrando a Simeão que
ele não morreria antes de ver o Messias (Lc 2.26), ou revelando a Ágabo que
ocorreria uma fome (At 11.28) ou que Paulo seria preso em Jerusalém (At 21.11).
Em outros casos, o Espírito Santo revelou a Paulo que ele sofreria em Jerusalém
(At 20.23; 21.4), disse-lhe expressamente coisas que aconteceriam nos últimos
dias (ITm 4.1) e revelou-lhe o que Deus tem preparado para aqueles que o amam
(ICo 2.10).
A obra iluminadora do
Espírito Santo é vista no fato de que ele nos capacita a entender: “Nós, porém,
não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito procedente de Deus, para que
entendamos as coisas que Deus nos tem dado gratuitamente” (ICo 2.12, n v i).
Por isso, “o homem que não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito
de Deus”, mas “o homem espiritual discerne todas as coisas” ( ICo 2. 14-15, n
vi). Devemos orar para que o Espírito Santo nos dê sua iluminação e, desse
modo, nos ajude a entender corretamente quando estudamos as Escrituras ou
quando avaliamos situações em nossa vida. Embora não mencione especificamente o
Espírito Santo, o salmista orou por tal iluminação quando pediu a Deus:
“Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei” (SI
119.18). De modo semelhante, Paulo orou pelos cristãos de Efeso e arredores:
... para
que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória, vos conceda espírito
[ou: “o Espírito”, nvi mg] de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento
dele, iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual é a esperança do
seu chamamento, qual a riqueza da glória da sua herança nos santos e qual a
suprema grandeza do seu poder com os que cremos, segundo a eficácia da força do
seu poder” (Ef 1.17-19).
D.
O Espírito Santo unifica
Quando o Espírito Santo foi derramado sobre a
igreja no Pentecostes, Pedro proclamou que a profecia de Joel 2.28-32 fora
cumprida:
Mas o que
ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel: E acontecerá nos
últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne;
vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e
sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas
derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão (At 2.16-18).
Há uma ênfase na
vinda do Espírito Santo sobre a comunidade de crentes — não apenas sobre um
líder como Moisés ou Josué, mas filhos e filhas, velhos e jovens, servos e
servas — todos receberão o derramamento do Espírito Santo nesse tempo.20
No evento do Pentecostes, o Espírito Santo
criou uma nova comunidade que era a igreja. A comunidade foi caracterizada por
uma unidade sem precedentes, como Lucas nos lembra:
Todos os que
creram estavam juntos e tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e
bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha
necessidade. Diariamente perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa
em casa e tomavam as suas refeições com alegria e singeleza de coração,
louvando a Deus e contando com a simpatia de todo o povo (At 2.44-47).
Paulo abençoa a igreja de Corinto com um a
bênção que busca a com unhão unificadora do Espírito Santo para todos eles
quando diz: “A graça do Senhorjesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do
Espírito Santo21 sejam com todos vós” (2Co 13.13). E significativo que nesse
versículo trinitário ele atribua especialmente o aprofundamento da com unhão
entre os crentes não ao Pai ou ao Filho, mas ao Espírito Santo, uma declaração
coerente com a obra geral de unificação da igreja desenvolvida pelo Espírito
Santo.
Essa função
unificadora do Espírito Santo é evidente também quando Paulo diz aos
filipenses: “Se há, pois, alguma exortação em Cristo, alguma consolação de
amor, alguma comunhão do Espírito, [...] completai a minha alegria, de modo que
penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o
mesmo sentimento” (Fp 2.1-2).22 De modo semelhante, quando enfatiza a nova
unidade entre judeus e gentios na igreja, ele diz que “por ele, ambos temos
acesso ao Pai em um Espírito” (Ef 2.18), e que no Senhor eles são edificados
juntamente para se tomarem nova casa de Deus “no Espírito” (Ef 2.22). Quando
ele quer lembrar-lhes da unidade que devem ter como cristãos, exorta-os a se
esforçarem “diligentemente por preservar a unidade do Espírito no vínculo da
paz” (Ef 4.3).
Ao discutir sobre
dons espirituais Paulo também repete esse tema da obra de unificação pelo
Espírito Santo. Enquanto pensamos que pessoas com dons diferentes não estariam
prontas a se dar bem umas com outras, a conclusão de Paulo é exatamente oposta:
dons diferentes nos aproximam, porque somos forçados a depender um do outro.
“Não podem os olhos dizer à mão: Não precisamos de ti; nem ainda a cabeça aos
pés: Não preciso de vós” (ICo 12.21). Esses diferentes dons, Paulo nos diz, são
concedidos por “um só e o mesmo Espírito”, que os distribui “como lhe apraz, a
cada um, individualmente” (ICo 12.11), de tal modo que na igreja “a
manifestação do Espírito é concedida a cada um visando a um fim proveitoso”
(ICo 12.7). Na verdade, “em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um
corpo - judeus ou gregos, escravos ou livres - e todos nós fomos levados a
beber de um só Espírito” (ICo 12.13, tradução do autor).23
A idéia de que o Espírito Santo unifica a
igreja também é evidente no fato de que “porfias, [...] discórdias, dissensões,
facções” (G15.20) são desejos da carne que se opõem a um tipo de vida em que
somos “guiados pelo Espírito” (G1 5.18; cf. v. 25). O Espírito Santo é o que
produz amor em nosso coração (Rm 5.5; G1 5.22; Cl 1.8), e seu amor “une
perfeitamente todas as coisas” (Cl 3.14, blh). Portanto, quando o Espírito
Santo está operando de maneira poderosa numa igreja para manifestar a presença
de Deus, isso se evidenciará numa bela harmonia na comunidade dos cristãos e no
amor transbordante de uns pelos outros.
E
. O Espírito Santo dá sinais mais fortes ou mais fracos da
PRESENÇA
E BÊNÇÃO DE D EU S, SEGUNDO NOSSA RESPOSTA A ELE
Muitos exemplos no Antigo e no Novo Testamento
indicam que o Espírito Santo irá conceder ou retirar bênção dependendo de estar
satisfeito ou não com a situação que vê. E digno de nota que jesus era
completamente sem pecado e o Espírito Santo pousou sobre ele (Jo 1.32), não
sendo dado ao Filho por medida (Jo 3.34). No Antigo Testamento o Espírito Santo
veio poderosamente sobre Sansão várias vezes (Jz 13.25; 14.6, 19; 15.14), mas
por fim o abandonou quando ele persistiu no pecado (Jz 16.20). De modo
semelhante, quando Saul persistiu na desobediência, o Espírito Santo se retirou
dele (ISm 16.14). E quando o povo de Israel se rebelou e entristeceu o Espírito
Santo, este se voltou contra os israelitas (Is 63.10).
Também no Novo
Testamento o Espírito Santo pode ser entristecido e deixar de trazer bênçãos
para determinadas situações. Estêvão repreendeu os líderes judeus, dizendo:
“vós sempre resistis ao Espírito Santo” (At 7.51). Paulo adverte os cristãos efésios:
“E não entristeçais o Espírito de Deus, no qual fostes selados para o dia da
redenção” (Ef 4.30); e exorta a igreja de Tessalônica: “Não apagueis o
Espírito” (lTs 5.19; cf. a metáfora da moça que se demora para abrir a porta e
desse modo desaponta o amado, em Ct 5.3, 6). Num estado de espírito semelhante,
Paulo adverte seriamente os cristãos a não contaminar seu corpo, juntando-o a
uma prostituta, porque o Espírito Santo vive dentro desse corpo: “Acaso não
sabeis que o vosso corpo é santuário do Espírito Santo, que está em vós, o qual
tendes da parte de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados
por preço. Agora, pois, glorificai a Deus no vosso corpo” (ICo 6.19-20).
Mais sério ainda que entristecer e apagar o
Espírito Santo é uma desobediência mais profunda, mais em pedernida a ele que
traz severo julgamento. Ananias caiu morto quando Pedro o repreendeu: “... por
que encheu Satanás teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo,
reservando parte do valor do campo?” (At 5.3). De modo semelhante, quando Pedro
disse a Safira, esposa de Ananias: “Por que entrastes em acordo para tentar o
Espírito do Senhor?” (At 5.9), ela imediatamente caiu morta. O livro de Hebreus
adverte aqueles que correm o risco de cair de que merece severa punição o homem
“que calcou aos pés o Filho de Deus, e profanou o sangue da aliança com o qual
foi santificado, e ultrajou o Espírito da graça n (Hb 10.29). Para uma pessoa
como essa resta apenas “certa expectação horrível de juízo” (Hb 10.27).24
Finalmente, resta
mais um nível de ofensa contra o Espírito Santo. Essa espécie de ofensa é ainda
mais séria que entristecê-lo ou agir contra ele em desobediência empedernida
que atrai disciplina ou julgamento. E possível uma pessoa ofender o Espírito
Santo de tal maneira que sua obra de convencimento não seja mais aplicada
novamente na vida dela.
Todo pecado e
blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não
será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem,
ser-lhe-á isso perdoado; mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe
será isso perdoado, nem neste mundo, nem no porvir (Mt 12.31-32; cf. Mc 3.29;
Lc 12.10).
Essas declarações são feitas num contexto em
que os fariseus, de maneira deliberada e maldosa, atribuíram a Satanás a
poderosa obra do Espírito Santo, evidente no ministério de Jesus. Uma vez que o
Espírito Santo manifestava de maneira tão clara a presença de Deus, aqueles que
falavam contra ele de modo deliberado e maldoso e atribuíam sua atividade ao
poder de Satanás eram culpados, Jesus disse, “de pecado eterno” (Mc 3.29).25
Todas essas passagens
indicam que devemos tomar muito cuidado para não entristecer ou ofender o
Espírito Santo. Ele não irá se impor a nós contra nossa vontade (veja ICo
14.32), mas se resistirmos e nos opusermos a ele e o apagarmos, então seu poder
nos será retirado e ele removerá de nossa vida grande parte da bênção de Deus.
Por outro lado, na vida dos cristãos cuja
conduta é agradável a Deus, o Espírito Santo estará presente para trazer
grandes bênçãos. O Espírito Santo foi “derramado” em plenitude no Pentecostes
(veja At 2.17-18) e agora habita dentro dos verdadeiros crentes, fazendo deles
templos do Deus vivo (ICo 3.16; 6.19-20). Podemos conhecer comunhão íntima e
parceria com o Espírito Santo em nossa vida (2Co 3.14; Fp 2.1). Ele nos confia
dons (ICo 12.11), verdade (2Tm 1.14) e ministérios (At 20.28). De fato, tão
plena e abundante será sua presença que Jesus pôde prometer que ele fluiria do
nosso mais profundo interior como “rios de água viva” (Jo 7.38-39). Pedro
promete que sua presença permanece especialmente sobre aqueles que sofrem por
causa de Cristo: “Se, pelo nome de Cristo, sois injuriados, bem-aventurados
sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus” (IPe 4.14).
Portanto, é
importante que todo nosso ministério seja feito no Espírito Santo, isto é, que
conscientemente habitemos na atmosfera digna de Deus, criada pelo Espírito Santo
- a atmosfera de poder, amor, alegria, verdade, santidade, justiça e paz. Mas
maior ainda que essas características da atmosfera criada pelo Espírito Santo é
a consciência da presença do próprio Espírito Santo - estar no Espírito Santo é
estar realmente num ambiente da presença manifesta de Deus. E por isso que no
Novo Testamento as pessoas podem andar no conforto do Espírito Santo (At 9.31)
e é possível estar “em Espírito” tal como João no dia do Senhor (Ap 1.10; cf.
4.2).
E surpreendente ver
quantas atividades específicas o Novo Testamento diz serem feitas “no” Espírito
Santo: é possível exultar no Espírito Santo (Lc 10.21), resolver ou decidir
algo no Espírito Santo (At 19.21), ter a própria consciência testemunhando no
Espírito Santo (Rm 9.1), ter acesso a Deus no Espírito Santo (Ef 2.18), orar no
Espírito Santo (Ef 6.18; Jd 20) e amar no Espírito Santo (Cl 1.8). Sob a
perspectiva desses textos, podemos perguntar a nós mesmos em quantas dessas
atividades, a cada dia, estamos conscientes da presença e bênção do Espírito
Santo. Também é possível ser cheio do Espírito Santo (Ef 5.18; cf. Lc 1.15, 41,
67; 4.1; At 2.4; 4.8; 6.3, 5; 7.55; 9.17; 11.24; 13.9). Ser cheio do Espírito é
ser cheio da presença imediata do próprio Deus, e isso portanto resultará em sentir
o que Deus sente, desejar o que Deus deseja, fazer o que Deus quer, falar no
poder de Deus, orar e ministrar na força que Deus concede e conhecer com o
conhecimento que o próprio Deus dá.26 Nos períodos em que a igreja experimenta
avivamento, o Espírito Santo produz esses resultados na vida das pessoas de
modo especialmente poderoso.
Portanto, na vida cristã é importante depender
do poder do Espírito Santo, reconhecendo que qualquer obra mais expressiva é
feita “não por força nem por poder, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos
Exércitos” (Zc 4.6). Paulo é enfático ao dizer aos gálatas que o Espírito Santo
foi recebido pela fé no início da vida cristã deles (G1 3.2) e continuaria a
operar de acordo com sua fé na vida posterior à conversão: “Sois assim
insensatos que, tendo começado no Espírito, estejais, agora, vos aperfeiçoando
na carne? [...] Aquele, pois, que vos concede o Espírito e que opera milagres
entre vós, porventura o faz pelas obras da lei ou pela pregação da fé?” (G1
3.3, 5). Por essa razão, devemos andar segundo a direção do Espírito Santo (Rm
8.12-16; G1 5.16-26) e concentrar nossa mente nas coisas do Espírito (Rm
8.4-6).
Todo o nosso
ministério, qualquer que seja a forma que ele assuma, deve ser desenvolvido no
poder do Espírito Santo.
As Doutrinas de Cristo e do Espírito Santo
Wayne Grudem Título do original:
Systematic Theology




Nenhum comentário:
Postar um comentário