TEXTO ÁUREO
E ponderaram-lhe: “Tu envelheceste, e teus filhos insistem
em não andar nos teus caminhos.
Portanto, constitui sobre nós um rei,
o qual exerça a justiça sobre nós, como acontece
em todas as nações ao nosso redor!”
1SAMUEL8:5
Eli
Que triste
diferença entre o filho de Ana e os filhos de Eli! Veja o que a Bíblia fala
deles: " .,. porque seus filhos se fizeram execráveis, e ele os não
repreendeu" (I Sm 3: 13). A maldade dos filhos de Eli é tão conhecida, que
não há necessidade de mencionar detalhes dos seus pecados nem do juízo que lhes
sobreveio. O Senhor mesmo resumiu tudo no verso ora citado, e nos indicou o
motivo tanto dos seus pecados quanto do seu juízo: "Ele não os repreendeu.
E1i chegou a noventa e oito anos, e quando, então, repreendeu os seus filhos,
era tarde demais: "mas não ouviram a voz do seu Pai, por que o Senhor os
queria matar" (I Sm 2:25). Dificilmente haveria na Bíblia uma passagem mais
séria para nós pais, do que essa chocante história. Demos a ela a devida
atenção, e que ela sirva de lição para nós! Com certeza algumas varadas em
momentos oportunos, enquanto ainda eram jovens, teria guardado os filhos de Eli
de uma morte precoce, como ainda teria poupado suas almas do inferno. Hoje em
dia há certos meios sociais onde já não se usa bater nos filhos, porém quão
clara é a Palavra de Deus a esse respeito: "Não retires a disciplina da
criança, porque, fustigando-a com a vara, nem por isso morrerá. Tu a fustigarás
com a vara e livrarás sua alma do inferno" (Pv 23: 13· 14). "O que
retém a sua vara aborrece a seu filho, mas o que ama a seu tempo o
castiga" ( 13:24). "A estultícia está ligada ao coração do menino,
mas vara da correção a afugentará dele" (Pv 22:15). "A vara e a
repreensão dão sabedoria, mas o rapaz entregue a si mesmo envergonha a sua
mãe." "Castiga o teu filho, e te fará descansar; e dará delícias à
tua alma" (Pv 29: 15.17). "Castiga o teu filho enquanto há esperança,
mas para o matar não alçarás a tua alma" (Pv 19: 18). As passagens citadas
mostram com clareza a vontade de Deus a respeito da disciplina dos filhos. Elas
indicam a necessidade de castigar os filhos com vara; e nem o choro da criança
deve fazer-nos hesitar em castigá-los.
Temos visto também que se deve começar cedo com a disciplina
do filho. "Instrui o menino no caminho em que deve andar; e até quando
envelhecer não se desviará dele" (Pv 22:6). Que contraste existia entre o
filho de Ana e os filhos de Eli! Sem dúvida a boa e dedicada mãe de Samuel
aproveitou o curto período de tempo que ela teve o seu filho consigo, para o
instruir no caminho em que devia andar. Podemos estar certos de que ela não
seguiu o mau exemplo de Eli, mas que ela repreendia a Samuel. É possível que
Eli na sua velhice havia aprendido a lição, e que, quando Deus na sua graça
confiou aos cuidados desse pai, outrora tão fraco, uma nova alma, o filho de
Ana, ele o tenha educado diferente do que a seus próprios filhos.
A acepção moderna, de deixar que os filhos se desenvolvam
livremente, só poderá levar ao desgosto e à perdição. Quão melhor é, em se
tratando de um assunto tão importante como a educação dos Filhos, consultar e
seguir os preceitos da Palavra de Deus.
Samuel
O lamentável
nesta triste história é que Samuel, apesar de tudo o que viu é ouviu -
referente aos filhos de Eli - aparentemente não aprendeu a lição. Quando Samuel
envelheceu "constituiu os seus filhos por juízes sobre Israel... porém
seus filhos não andaram pelos caminhos dele, antes se inclinaram à avareza e
tomaram presentes, e perverteram o juízo" (I Sm 8: 1-3). O temor de Deus
não é hereditário. Somente com constante vigilância e cuidados, ligados à
oração, é que podemos esperar podermos encaminhar os nossos filhos ao caminho
no qual devem andar.
Apesar das muitas falhas que esta triste história nos
relata, encontramos nela também um lado lúcido. Joel era o filho mais velho (1
Sm 8:2), e esse nome é bem salientado especialmente quando se menciona os erros
dos filhos de Samuel. Porém em I Cr 6:33 lemos que a Hemã, o filho primogênito
de Joel, é concedido um lugar de extrema honra como um dos cantores, e em I Cr
25: 1, vemo-lo junto com os filhos de Asafe e Jedutum que profetizavam com
harpas, com alaúdes e com saltérios. No mesmo capítulo, versículo 4,
encontramos 14 filhos de Hemã: "Todos estes foram filhos de Hemã, o
vidente do rei nas palavras de Deus, para exaltar o seu poder. Deus dera a Hemã
catorze filhos e três filhas. Todos estes estavam ao lado de seu pai para o canto
da casa do Senhor ... "
Talvez a expressão "ao lado de Seu Pai "queira
dizer que toda esta fileira de filhos, que eram todos cantores, estavam
sujeitos ao seu pai, em contra posição aos filhos de Eli e de Samuel. E como
nos alegra também saber que o neto de Samuel era chamado "o vidente do rei
nas palavras de Deus", ocupando assim uma posição quase igual de seu avô.
Outro ponto notável é que os filhos de Hemã não somente
serviam unidos ao Senhor, mas agiam em cooperação com os seus primos, os filhos
de Asafe e de Jedutum. Quantas vezes existe inveja e crítica entre primos; no
entanto: "Quão bom e quão suave é que os irmãos viviam em união!"
Isso vale também para primos.
É um prazer notar como os netos e os bisnetos de Samuel
andam num caminho tão bom e tão agradável ao Senhor. Que estímulo é para os
nosso corações, podermos contar com a graça de Deus, não para desculpar o
nossos erros, mas para que ele esteja ao nosso alcance quando nos humilhamos;
aquela graça que concede libertação,e mesmo que depois de muita espera.
Mais um comentário a respeito de Ana e da influência que u
mãe tem sobre a vida de u criança:
Normalmente o pai está o d inteiro fora de casa e assim
muito menos da atitude dos filhos do que a mãe. Dessa forma influência dela é
logicamente maior do que a do pai. Eu
acredito q seja por essa razão que na história dos reis de Israel e de Judá
quase sempre é citado o nome da mãe. Em muitos casos foi a mãe q formou o
caráter do seu filho. Quão bonito seria se todas crianças tivessem mães tão e sábias
como Ana ou com mãe de Lemuel (Pv 31:1).
Noé
Existem poucos
que foram honrados como Noé. Tal como é relatado de seu bisavô, também dele se
relata que andava com Deus. Pela fé, movido pelo temor, ele constrói a arca,
para salvar sua casa, depois que Deus o advertiu de coisas das quais até então
nada se via. O nome e a presença de seu avô devem-lhe ter sido uma advertência
constante do juízo que dia após dia chegava mais perto. Nós podemos acreditar
que os últimos anos entre a morte de seu pai e de seu avô foram anos de sério
testemunho através deste velho "pregador da justiça" . Nestes anos, a
construção da arca chegava à conclusão. Então veio aquela morte, a morte do
avô, a qual abriu o caminho para o dilúvio, trazendo destruição de todos amigos,
colegas, e o mundo até então conhecido. Os três filhos de Noé e suas esposas
viveram igualmente estes anos sérios e terríveis.
É de se imaginar que aqueles anos deixassem marcas profundas
em toda a família. Mas, o que vemos logo após a libertação do longo tempo de
aprisionamento na arca? Vemos Noé embriagado na tenda, desnudo; o deboche de
seu filho Cão. Assim um dos três filhos privilegiados, que foram livres do
dilúvio, caiu sob um maldição que se estende até os dias de hoje.
Quem foi o culpado disso?
Porque o filho de um tão honrado servo de Deus caiu em uma
tão terrível maldição? O que ele viu e ouviu desde a infância na casa de seu
pai, principalmente nos últimos anos, deveriam ter evitado uma conduta tão
negativa. Mas, a quem realmente se pode imputar a culpa? Quantas vezes a
consciência de Noé não deve tê-lo atormentado:
"Ah, se eu não tivesse me deixado levar pela
sensualidade, que me fez embriagar, então também não me teria comportado tão
vergonhosamente e exposto meu filho à tentação - o que provocou sua
queda." Amargo arrependimento deve ter enchido com frequência o coração de
Noé, porém foi um arrependimento inútil: as tristes consequências de sua
sensualidade, perduram até o presente momento. O segundo filho de Cão - Mizraim
- aparentemente foi ainda mais longe que seu pai no caminho errado, pois um
antigo escritor assim escreve dele: "Mizraim foi o inventor da magia
negra, da astrologia e magia, sendo ele a mesma pessoa que os gregos
denominaram "Zoroastro".
Queridos filhos, estejamos atentos à sensualidade. É muito
fácil ser enredado por ela, e parece muito mais agradável deixar que ela tome
conta de nós, do que aguentar durezas como bons soldados de Jesus Cristo:
soldados na ativa, não na reserva!
Saberemos ainda mais sobre os amargos frutos da tolerância
consigo mesmo quando continuarmos a meditar sobre os outros pais nas
Escrituras.
Enquanto isso, consideremos a "moderação em todas as
coisas" tanto faz se for chocolate, um livro, um hobby ou ... aquilo em
que Noé falhou. E um bom principio para cada um de nós, pais.
Ló
Passemos agora
para Ló, outra história muito triste, porém cheia de ensinamentos. Quando os
servos de Abraão e Ló contenderam entre si, Abraão sugeriu que seria melhor se
separarem do que oferecer aos amorreus, povo que habitava a terra, uma triste
imagem de irmãos na fé e servos do único Deus verdadeiro brigando entre si. Com
um amável espírito de modéstia e humildade, Abraão, o mais velho, convida seu
sobrinho Ló para escolher o lugar onde preferia ficar. A motivação de Ló para
aceitar tal proposta é uma lamentável evidência de seu egoísmo.
Mas assim foi. E ele escolheu as bem regadas planícies de
Sodoma para serem a sua nova pátria. Oh! Quantas vezes nós também colocamos
nossas famílias em um contato desnecessário com a impureza moral, e isto só
pela esperança de obter alguma vantagem para o bolso nosso ou dela!
Como não teria sido muito melhor por Ló permanecer pobre, em
vez de se enriquecer pelas riquezas de Sodoma! Nós conhecemos sua triste
história, que começou ao contemplar a planície do Jordão, uma "campina bem
regada"; o próximo passo foi ir armando as suas tendas até Sodoma; depois
passou a morar na própria cidade e, finalmente, tinha o seu lugar na entrada
(no conselho da cidade).
Mas, também, estamos informados de que Ló diariamente
afligia a sua alma justa enquanto vivia ali, naquele lugar impuro. Talvez até
tenha sido sua esposa ou sua família que o convenceram a se fixar em Sodoma,
permanecendo ali apesar de tanta cousa que dia após dia o atormentava. A razão
disso pode ter sido a vantagem que suas filhas teriam em morar em um lugar
assim tão bem situado. Mas seja o que for, é quase certo que as suas filhas se
casariam com homens de Sodoma e que ali estavam se sentindo bem. Consideremos
sempre que tudo começou com aquela escolha bastante egoísta e sem vergonha,
escolha que ele próprio tomou, em vez de esperar, que o seu tio escolhesse.
É o que deveria ter feito, motivado ao menos pela educação e
pelo respeito.
O que eu considero ainda mais lamentável em toda essa triste
história, é o relato de Gênesis 19,14:
"Então saiu 1..6 e falou a seus genros, aos que estavam
para se casar com suas filhas, e disse: Levantai-vos, sal deste lugar, porque o
Senhor há De destruir a cidade. Acharam, porém, que ele gracejava com
eles."
Ele se portava como um zombador. Esta, para mim, é uma
sentença comprometedora. Como você sabem, este pecado é justamente uma tentação
especial para mim, e assim eu posso entender, talvez até melhor que vocês,
devido a minha própria e dolorosa experiência, que Ló mesmo com a alma
afligida - tinha o costume de fazer gracejos. Ele parece ter sido uma pessoa
muito espirituosa, sempre com algo engraçado. Bem, se era assim ou não, eu
estou certo de que não foi a primeira vez que Ló "aprontava uma" com
os se':ls genros, porque do contrário não se equivocariam ao entender que o
desespero e os sérios gestos de Ló naquela terrível noite fossem uma
brincadeira.
Pensem nisto, meus queridos, os gracejos de Ló lhe custaram
a vida dos noivos de suas filhas e talvez das famílias de outras filhas casadas
que tinha (v. 15). Estes padeceram junto com a cidade padeceram, por causa
daquilo que consideramos "brincadeiras inocentes". Eu creio que é
neste sentido que também podemos entender a palavra de Eclesiastes 10.1:
"as moscas mortas fazem fermentar e cheirar mal o unguento do perfumista;
assim também uma pequena loucura ao que é estimado por sábio e honrado"
(adaptado ao original). Quão diferente é o cheiro dos unguentos do Senhor em
Cantares 1,3, ou o aroma agradável que preencheu aquela casa aonde estavam
assentados Jesus e os seus discípulos. Que pena se este fosse anulado por
algumas "moscas mortas".
Por isto, não nos maravilhamos ao notar que o Novo
Testamento é tão insistente em exortar aos que tem alguma responsabilidade na
igreja para que sejam sóbrios e temperantes (1 Tm 3,2.8.11; Tt 1,8; 2,2), e a
todos nós adverte sobre as palavras vãs e os gracejos, porque não nos convém
(Ef 5,4). Que tormento para a consciência, quando pessoas que amávamos tem que
passar toda a eternidade no lago de fogo, por causa de nossas brincadeiras!
Com tudo isso a triste história da família de Ló já poderia
terminar!
Mas ela ainda não acabou. O fato de sua esposa ter olhado
para trás indica-nos aonde estava o seu coração; tomou-se uma estátua de sal;
que severa advertência para todos nós. Suas próprias filhas, que foram salvas
de Sodoma, embriagam a Ló (o que não parece ser anormal para ele) por duas
noites seguidas e se tomam, para vergonha dele e delas, mães dos moabitas e dos
amonitas - dois dos mais ferrenhos inimigos de Israel.
Estas são as consequências dos caminhos de um "homem
justo", caminhos que começaram com um desejoso olhar para as bem regadas
planícies deste mundo.
Oh! Nosso Deus, guarda-nos disso, nós te pedimos!
“AOS PAIS DE MEUS NETOS”
Cartas de um avô aos pais de seus netos – G. C. Willis
ANÁLISE DE FAMÍLIAS DA BÍBLIA
A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA –
Cresci ouvindo meu pai citar (muitas e muitas vezes) o versículo: “Deus faz que o solitário viva em família” (Sl 68.6). A razão pela qual ele enfatizava tanto isso tem a ver com sua história. Ele cresceu em uma família que não servia a Jesus (quase todos vieram a se converter depois), de modo que, pela ausência de valores bíblicos, apresentou inúmeras deficiências. Meu avô paterno suicidou-se quando meu pai tinha apenas doze anos. O fato dele não ter morrido imediatamente após o autoenvenenamento ameniza um pouco a situação, uma vez que deu claras mostras de arrependimento no período de quase um dia que levou até que, infelizmente, morresse. Porém, mesmo antes da trágica morte de meu avô, o meu pai não tinha uma vida familiar exemplar; falta de afeto, rigidez excessiva na disciplina e muitos outros fatores contribuíram para grandes lacunas emocionais.
O fato é que meu pai cresceu não apenas sentindo a falta de uma família estruturada, mas, depois da conversão, deparou-se com o que, para ele, era mais do que uma promessa, era a revelação de um propósito divino: “Deus faz que o solitário viva em família”. De alguma forma, seja ao mencionar tanto esse versículo, ou ao ensinar outros princípios bíblicos para a família, meu pai conseguiu encher meu coração com um sentimento de muito valor para com a família. E, mesmo reconhecendo que o lar em que cresci não era perfeito, percebo que meu pai me fez acreditar e sonhar com o plano divino para a família. E entendo que muito do que o Senhor deseja fazer em nossas vidas depende do nosso entendimento acerca do valor da família.
Portanto, penso que a melhor forma de iniciar este livro seja destacando a importância que a família tem. Quero, contudo, enfatizar a importância da família na ótica espiritual, aos olhos de Deus e à luz do que a Bíblia ensina.
Muita gente só enxerga o valor emocional, sentimental da família; mas o problema desta avaliação é que a família somente é boa quando as circunstâncias respaldam tal sentimento. Quando há crise, problemas de relacionamento e uma série de outros fatores que contribuem para que as emoções se desgastem, o valor atribuído à família é seriamente comprometido. Atribuir à família apenas o valor sentimental pode ser algo muito traiçoeiro.
Precisamos ir além disso e entender o valor que o Pai Celestial agregou à família. E então, somente então, poderemos trabalhar o valor emocional permitindo que ele se alinhe ao que as Escrituras Sagradas nos ensinam. Portanto, para consolidar o conceito do valor familiar, quero discorrer sobre os princípios e valores bíblicos acerca da família.
DEUS PENSA EM TERMOS DE FAMÍLIA
O Senhor não trata apenas com indivíduos, mas também com famílias. É claro que a salvação é individual, e a fé e a escolha (com suas consequências) também. O juízo vindouro também tem essa característica, e é por isso que a Palavra de Deus declara: “Assim, pois, cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Rm 14.12). Contudo, quando falamos a respeito de propósito (não de responsabilidade), percebemos que a Bíblia apresenta um Deus que pensa em termos de famílias, e não apenas de indivíduos.
Quando o Senhor chamou o patriarca Abraão (na ocasião ainda chamado de Abrão), e fez com ele uma aliança, ainda que estivesse tratando com um indivíduo, estava também focando a família:
“Ora, o Senhor disse a Abrão: Sai-te da tua terra, da tua parentela, e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei. Eu farei de ti uma grande nação; abençoar-te-ei, e engrandecerei o teu nome; e tu, sê uma bênção. Abençoarei aos que te abençoarem, e amaldiçoarei àquele que te amaldiçoar; e em ti serão benditas todas as famílias da terra.” (Gênesis 12.3)
Observe que o Senhor fala de multiplicar a família de Abrão com o propósito de abençoar TODAS as famílias da terra. Ou seja, Deus está prometendo abençoar uma família para, através dela, poder abençoar todas as demais famílias do planeta (em todas as épocas). É evidente que o Criador, em seus planos e propósitos para a humanidade, pensa em termos de família. Encontramos este padrão (salvação individual mas propósito familiar) nas histórias bíblicas. Basta recordar o que aconteceu com Noé:
“Porque eis que eu trago o dilúvio sobre a terra, para destruir, de debaixo do céu, toda a carne em que há espírito de vida; tudo o que há na terra expirará. Mas contigo estabelecerei o meu pacto; entrarás na arca, tu e contigo teus filhos, tua mulher e as mulheres de teus filhos.” (Gênesis 6.17,18)
Noé chamou a atenção de Deus com sua integridade. Ele, sozinho, conseguiu isso. Mas o livramento se estendeu a toda a sua família. Vemos o mesmo com Ló:
“Então disseram os homens a Ló: Tens mais alguém aqui? Teu genro, e teus filhos, e tuas filhas, e todos quantos tens na cidade, tira-os para fora deste lugar; porque nós vamos destruir este lugar, porquanto o seu clamor se tem avolumado diante do Senhor, e o Senhor nos enviou a destruí-lo. Tendo saído Ló, falou com seus genros, que haviam de casar com suas filhas, e disse-lhes: Levantai-vos, saí deste lugar, porque o Senhor há de destruir a cidade. Mas ele pareceu aos seus genros como quem estava zombando. E ao amanhecer os anjos apertavam com Ló, dizendo: Levanta-te, toma tua mulher e tuas duas filhas que aqui estão, para que não pereças no castigo da cidade. Ele, porém, se demorava; pelo que os homens pegaram-lhe pela mão a ele, à sua mulher, e às suas filhas, sendo-lhe misericordioso o Senhor. Assim o tiraram e o puseram fora da cidade. Quando os tinham tirado para fora, disse um deles: Escapa-te, salva tua vida; não olhes para trás de ti, nem te detenhas em toda esta planície; escapa-te lá para o monte, para que não pereças.” (Gênesis 19.12-17)
O que podemos dizer da família de Ló? Sua mulher, ao sair de Sodoma, olhou para trás (desobedecendo à ordem divina e demonstrando saudade daquele lugar) e foi julgada por Deus. Seus futuros genros não creram em sua mensagem e ainda zombaram dele. Suas filhas o embebedaram para cometer incesto. Você consegue enxergar uma grande justiça na vida destes familiares? Eu não! Aliás, vale ressaltar que quem foi chamado de justo pelas Escrituras foi o próprio Ló:
“Se, reduzindo a cinza as cidades de Sodoma e Gomorra, condenou-as à destruição, havendo-as posto para exemplo aos que vivessem impiamente; e se livrou ao justo Ló, atribulado pela vida dissoluta daqueles perversos [porque este justo, habitando entre eles, por ver e ouvir, afligia todos os dias a sua alma justa com as injustas obras deles]; também sabe o Senhor livrar da tentação os piedosos, e reservar para o dia do juízo os injustos, que já estão sendo castigados”. (2 Pedro 2.6-9)
Mas ainda que a salvação seja individual, Deus, em termos de propósito, também trata com as famílias. Continuamos encontrando este fato nas páginas do Novo Testamento:
“E ele nos contou como vira em pé em sua casa o anjo, que lhe dissera: Envia a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro, o qual te dirá palavras pelas quais serás salvo, tu e toda a tua casa.” (Atos 11.14)
“Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa.” (Atos 16.30)
Precisamos compreender esse propósito divino para a família. Entender o projeto de Deus nos ajudará a discernir o valor que Ele atribui à família.
BÊNÇÃOS FAMILIARES
Vimos em Gênesis 12.1-3 que, no plano de Deus, a família tanto é abençoada como também é abençoadora. O Senhor disse que abençoaria a Abraão e sua descendência (família) e que, através da família do patriarca, todas as demais famílias da terra seriam abençoadas.
É interessante notar que, na Bíblia, sempre que Deus abençoa alguém, também abençoa a sua família. Vemos isso na vida de Potifar, capitão da guarda do Faraó: “Desde que o pôs como mordomo sobre a sua casa e sobre todos os seus bens, o Senhor abençoou a casa do egípcio por amor de José; e a bênção do Senhor estava sobre tudo o que tinha, tanto na casa como no campo” (Gn 39.5).
Também vemos o mesmo com as parteiras que, por temor a Deus, desobedeceram a ordem do Faraó de lançar no rio Nilo os recém-nascidos dos hebreus que eram do sexo masculino: “Também aconteceu que, como as parteiras temeram a Deus, ele lhes estabeleceu as casas” (Êx 1.21).
As Escrituras também enfatizam isso acerca de Obede-Edom: “E ficou a arca do Senhor três meses na casa de Obede-Edom, o gitita, e o Senhor o abençoou e a toda a sua casa” (2 Sm 6.12).
Há uma evidente relação entre as bênçãos divinas e a família. Uma das primeiras bênçãos mencionadas como consequência da obediência ao Senhor em Deuteronômio 28 é “bendito o fruto do teu ventre” (v.4).
Quem pregou na cerimônia do meu casamento foi meu pai. Na ocasião, o pastor Juarez Subirá falou de um texto bíblico que cresci escutando ele mencionar, o Salmo 128. Veja os quatro primeiros versículos desse Salmo:
“Bem-aventurado todo aquele que teme ao Senhor e anda nos seus caminhos. Pois comerás do trabalho das tuas mãos; feliz serás, e te irá bem. A tua mulher será como a videira frutífera, no interior da tua casa; os teus filhos como plantas de oliveira, ao redor da tua mesa. Eis que assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.” (Salmo 128.1-4)
Deus fala de prosperidade material e da família. E depois de falar da bênção sobre a família de quem teme ao Senhor, o salmista enfatiza: “assim será abençoado o homem que teme ao Senhor”. A bênção da família parece vir até mesmo antes das outras:
“Sejam os nossos filhos, na sua mocidade, como plantas bem desenvolvidas, e as nossas filhas como pedras angulares lavradas, como as de um palácio. Estejam repletos os nossos celeiros, fornecendo toda sorte de provisões; as nossas ovelhas produzam a milhares e a dezenas de milhares em nossos campos; os nossos bois levem ricas cargas; e não haja assaltos, nem sortidas, nem clamores em nossas ruas! Bem-aventurado o povo a quem assim sucede! Bem-aventurado o povo cujo Deus é o Senhor.” (Salmo 144.12-14)
Algo interessante que percebo nas Escrituras é que Deus não somente abençoa a família, mas também vê a própria família em si mesma como uma bênção oferecida aos homens:
“Deus faz que o solitário viva em família; liberta os presos e os faz prosperar; mas os rebeldes habitam em terra árida.” (Salmo 68.6)
“Ele faz com que a mulher estéril habite em família, e seja alegre mãe de filhos. Louvai ao Senhor.” (Salmo 113.9)
Durante muito tempo eu acreditei que o Senhor abençoava a família porque ela era importante para nós. Portanto, como forma de nos agradar, pelo valor que nós damos à família, o Pai Celeste a abençoava.
Contudo, descobri (e falarei disso mais adiante) que Deus não abençoa a família apenas por ser importante para nós. É muito mais do que isso, uma vez que a família é importante para Ele! E as bênçãos prometidas em todo o tempo sobre as famílias somente fortalecem esse conceito.
MANDAMENTOS FAMILIARES
Além das bênçãos sobre a família (que revelam o quanto o Senhor a aprecia e quer que vivamos o Seu melhor), encontramos na Palavra de Deus, também, a questão dos mandamentos familiares.
Desde que instituiu a família, o Criador a protegeu, dando aos homens leis que deveriam proteger a instituição chamada família. Nos Dez Mandamentos, temos dois deles diretamente ligados à questão familiar (a ordem de honrar os pais e a de não adulterar – sem contar o de não cobiçar a mulher do próximo). As Sagradas Escrituras estão repletas de mandamentos familiares – ordens divinas acerca da vida familiar.
Esses mandamentos, se obedecidos, trazem bênçãos sobre a vida daqueles que os praticam. Por outro lado, a quebra desses mandamentos, que denomino “pecados familiares”, também trarão consequências diferenciadas (falarei mais sobre isso num capítulo com o mesmo tema). A ordem divina de honrar os pais, por exemplo, é chamada de “o primeiro mandamento com promessa”:
“Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a terra.” (Efésios 6.1-3)
Obedecer aos mandamentos que protegem a família nos farão ser bem-sucedidos em tudo e ainda aumentar nossos dias de vida. Prosperidade e longevidade num pacote só!
Os filhos devem a seus pais não apenas obediência, mas também honra. Ao se casarem, os filhos deixam pai e mãe e se unem ao seu cônjuge; isso põe fim à necessidade de obediência, mas não de honra:
“Mas, se alguma viúva tiver filhos, ou netos, aprendam eles primeiro a exercer piedade para com a sua própria família, e a recompensar seus progenitores; porque isto é agradável a Deus.” (1 Timóteo 5.4)
Os filhos devem recompensar seus pais (que os criaram) quando esses chegam à velhice; devem suprir seus progenitores não só em suas necessidades materiais. Ainda que não devam mais a obediência de quando viviam sob seu teto, devem honra. Sempre!
Além dos mandamentos que determinam a conduta dos filhos para com os pais, também encontramos na Bíblia os mandamentos que determinam a conduta dos pais para com os filhos, especialmente a ordem de criá-los no temor do Senhor:
“E vós, pais, não provoqueis à ira vossos filhos, mas criai-os na disciplina e admoestação do Senhor.” (Efésios 6.4)
“Que [o bispo] governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.4,5)
Também há mandamentos dados por Deus para os cônjuges. O marido deve amar sua mulher, honrá-la e trata-la de forma correta; a esposa deve submeter-se e respeitar seu marido:
“Assim devem os maridos amar a suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo.” (Efésios 5.28)
“Vós, maridos, amai a vossas mulheres, e não as trateis asperamente.” (Colossenses 3.19)
“Vós, mulheres, submetei-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o Salvador do corpo. Mas, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres o sejam em tudo a seus maridos.” (Efésios 5.22-24)
A FAMÍLIA EM NOSSA ESCALA DE VALORES
A escala de valores de muitos cristãos está desordenada. Alguns estão vivendo de modo desordenado porque não fazem a menor ideia do que as Escrituras ensinam a respeito do assunto; outros porque, mesmo tendo os valores e prioridades devidamente ordenados no conceito mental, não conseguem mantê-los na prática.
Para quem deseja viver no lugar correto de importância à família atribuída por Deus, a primeira coisa a ser feita é conhecer a escala de valores do ponto de vista de Deus, ou seja, aquilo que a Bíblia ensina. Depois, é lutar para fazer funcionar.
Deus em primeiro lugar
Não há nada, absolutamente nada, que possa ocupar o primeiro lugar de nossas vidas, a não ser Deus. O mandamento dado a Moisés foi lembrado e enfatizado pelo próprio Senhor Jesus:
“Aproximou-se dele um dos escribas que os ouvira discutir e, percebendo que lhes havia respondido bem, perguntou-lhe: Qual é o primeiro de todos os mandamentos? Respondeu Jesus: O primeiro é: Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e de todas as tuas forças. E o segundo é este: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que esses.” (Marcos 12.28-31)
Amar ao Senhor de todo o nosso coração, alma, entendimento e forças, é colocá-lo em primeiro lugar nas nossas vidas. Jesus deixou bem claro a qualquer que quisesse segui-lo como discípulo, que deveria reconhecê-lo em primeiro lugar em suas vidas, na frente das pessoas que normalmente nos são as mais amadas e queridas:
“Se alguém vier a mim, e não aborrecer a pai e mãe, a mulher e filhos, a irmãos e irmãs, e ainda também à própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não leva a sua cruz e não me segue, não pode ser meu discípulo. Assim, pois, todo aquele dentre vós que não renuncia a tudo quanto possui, não pode ser meu discípulo.” (Lucas 14.26,27 e 33)
O Senhor deve estar à frente dos pais, cônjuge, filhos e qualquer outro familiar. Ele deve ser o primeiro valor em nossa lista ou escala de prioridades. Deve vir antes de nossa própria vida. Deve vir antes de nossos bens ou qualquer outra coisa. Quando falamos sobre Deus vir antes, não é porque as coisas que nos dispomos a renunciar não têm mais lugar em nossas vidas; apenas elas vêm depois.
Por exemplo, se o meu cônjuge, incomodado com minha fé me dá um ultimato e me manda escolher entre ele ou o Senhor, me disponho a sacrificá-lo e ficar com Deus, pois Deus é o maior valor de minha vida. Mas se, mesmo não sendo cristão, meu cônjuge não se importa que eu busque ao Senhor, então ele passa a ser meu segundo maior valor ou prioridade (1 Co 7.12,13). O primeiro lugar de nossa vida, indiscutivelmente, é de Deus:
“Mas buscai primeiro o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” (Mateus 6.33)
Repetindo: isso não quer dizer que as outras coisas não caibam em nossas vidas; tão somente que elas vêm depois de Deus.
Família em segundo lugar
Muita gente tem errado ao pensar que a igreja ou o ministério vem logo depois de Deus. Na verdade, a família vem em segundo lugar. Conheci, quando ainda era um adolescente, uma senhora (do interior de São Paulo) que disse que Deus a chamou para uma missão e desapareceu de casa por mais de um mês. Quando os irmãos da congregação perceberam o que estava acontecendo, tiveram que cuidar dos filhos dessa mulher, que não tinham o que comer e nem vestir. O marido estava furioso porque roupas chegaram a apodrecer no tanque enquanto a família aguardava ansiosa o término da “missão”. Isto é um absurdo! Uma mulher destas, ainda que se intitule missionária, não conhece a Bíblia. Até no caso de diminuir a intensidade do contato físico para se dedicar à oração, o casal deve estar em acordo (1 Co 7.5). Mas aquela mulher não consultou seu marido, e apenas disse: “Deus me chamou e eu estou indo”. E ainda por cima, dizia que o marido é que era um carnal ao ponto de não discernir a voz de Deus.
Como declarou D. L. Moody, o grande evangelista: “Acredito que a família foi estabelecida muito antes da igreja, e o meu dever é primeiro com minha família. Não devo negligenciar minha família”. Veja o que as Sagradas Escrituras ensinam acerca do lugar da família na nossa escala de valores:
“Mas, se alguém não cuida dos seus, e especialmente dos da sua família, tem negado a fé, e é pior que um incrédulo.” (1 Timóteo 5.8)
Não há dúvida de que a família é nossa segunda prioridade depois de Deus. Se alguém negligenciar sua família por causa da igreja, do ministério, ou de qualquer outra coisa, por mais “espiritual” que pareça, estará contra a Palavra de Deus. Paulo disse que tal pessoa está negando a fé e é pior do que um incrédulo. Agora veja, o apóstolo estava falando com os crentes que iam à igreja mas estavam negligenciando o lar. Logo, concluímos que a família vem antes da igreja na nossa escala de valores. Há um outro texto que mostra claramente a família como uma prioridade antes da igreja e do ministério. É o conselho pastoral que Paulo queria estender a todos os ministros debaixo da supervisão de Timóteo:
“É necessário, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma só mulher, …que governe bem a sua própria casa, tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito (pois, se alguém não sabe governar a sua própria casa, como cuidará da igreja de Deus?)” (1 Timóteo 3.2,4 e 5)
Observe que o homem de Deus deve ser exemplar quanto à sua família. Fiel à sua esposa, e governando bem sua casa e seus filhos; caso contrário, não poderá cuidar de igreja e ministério.
A Palavra de Deus não deixa a menor sombra de dúvida quanto ao lugar que nossa família deve ter na nossa escala de valores. Mas muitos cristãos têm negligenciado a sua família. Muitos pais que não dão tempo e atenção aos seus filhos se queixam de vê-los desviados, mas não se apercebem que estão andando em desordem. Há esposas perdendo seus maridos e vice-versa, porque não os colocaram no lugar certo na escala de valores. É hora de ordenarmos nossos passos e darmos atenção, honra e dedicação devidas à família.
Trabalho em terceiro lugar
É impressionante a facilidade com que nos levamos aos extremos. De um lado, temos na igreja pessoas que são viciadas em trabalho e cujas vidas não estão em ordem, pois desrespeitaram a escala bíblica de valores, pondo o trabalho em primeiro lugar. De outro, temos aqueles que relegaram ao trabalho o último lugar na sua escala de valores, ou que nem mesmo colocam o trabalho em suas prioridades.
Quando a Bíblia fala daquele que não cuida da sua família sendo pior do que o descrente (1 Tm 5.8), está falando, no contexto, sobre sustento material, sobre provisão das necessidades físicas. Um cristão que não leva a sério o trabalho, ao ponto de deixar sua família passar necessidade, está violando os dois valores mais importantes que vêm logo depois de Deus.
O trabalho é uma ordem bíblica. É o meio do homem sustentar sua casa e viver dignamente. Além disso, por meio do seu ganho ele também poderá servir ao reino de Deus e ao necessitado:
“Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as próprias mãos o que é bom, para que tenha com que acudir ao necessitado”. (Efésios 4.28)
A Palavra de Deus também diz que aquele que não trabalha está andando desordenadamente, fora do plano divino:
“Porque, quando ainda convosco, vos ordenamos isto: Se alguém não quer trabalhar, também não coma. Pois, de fato, estamos informados de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não trabalhando; antes se intrometem na vida alheia. A elas, porém, determinamos e exortamos, no Senhor Jesus Cristo, que, trabalhando tranquilamente, comam o seu próprio pão.” (2 Tessalonicenses 3.10-12)
O mandamento de Deus é claro: quem não trabalha, não deve ser sustentado pelos outros. Cada homem tem a obrigação e a responsabilidade de se envolver com o trabalho; isto não apenas o proverá quanto às suas necessidades, mas ocupará corretamente o seu tempo, livrando-o de outros problemas. Paulo se orgulhava de nunca ter sido um peso para ninguém, e de suas próprias mãos (seu trabalho) terem lhe provido o sustento (At 20.34).
Mesmo quando Deus chama alguém para o ministério de tempo integral – o que também é trabalho – deve-se ter a sensibilidade de reconhecer que, em determinados momentos, devido à falta de recursos, nada há de errado em se trabalhar em uma outra área até que a condição de sustento mude – foi isto o que aconteceu com Paulo em Corinto (At 18.1-5).
Na vida dos que se dedicam de tempo integral, o ministério se enquadra na prioridade “trabalho”. Jesus ao enviar seus discípulos para pregar e ministrar ao povo, aplicou a eles o termo “trabalhadores” e mencionou seu direito de salário, que é a recompensa legítima do trabalhador (Mt 10.7-10).
Alguns estudantes crentes não sabem onde devem colocar seus estudos nesta escala. Considerando que o estudo é um meio de profissionalização e preparo para melhores trabalhos, deve ser colocado no mesmo lugar que o trabalho. Porém, algumas famílias conseguem manter seus filhos somente estudando sem que trabalhem, mas a maioria não. Portanto, devemos aconselhar e encorajar nossos jovens que enfrentem a correria de exercer as duas atividades, pois, independentemente da necessidade financeira, o trabalho engrandece e amadurece a pessoa.
Se dermos o valor devido a cada uma destas atividades, mantendo-as em ordem na escala de valores e respeitando esta ordem em nosso dia a dia, deixaremos de ter muitos dos problemas que já tem nos incomodado. O trabalho tem o propósito de servir ao cuidado familiar; mas requer muita atenção e equilíbrio de nossa parte, uma vez que alguns, por se dedicar demais ao trabalho, acabam perdendo a própria família da qual deveriam cuidar, enquanto outros, por sua vez, negligenciam o cuidado básico.
A RESPONSABILIDADE
DOS PAIS
Com exceção do livro de Provérbios, o Antigo Testamento
parece não nos dar muito ensinamento com respeito aos pais. No Novo Testamento,
porém, Paulo escreveu algo sobre sermos pais. A maioria dos livros no mundo
ensina os filhos como serem filhos; não muitos livros ensinam aos pais como
serem pais. Muitas pessoas dão atenção aos ensinamentos para filhos. Mas o Novo
Testamento dá muita atenção aos ensinamentos para pais. Ele não dá muita
atenção aos ensinamentos sobre ser filhos. Embora nos ensine algo sobre
filhos, a ênfase não está nos filhos. Tanto Efésios 6 e Colossenses 3 dão mais
ênfase sobre pais do que sobre filhos. Devemos aprender a sermos pais adequados
porque Deus dá mais atenção aos pais do que aos filhos.
Se tentarmos resumir as palavras na Bíblia com respeito à
paternidade, a coisa principal que os pais devem fazer é educar seus filhos na
disciplina e admoestação do Senhor e não provocá-los à ira ou desencorajá-los;
isso significa que os pais devem exercitar o domínio próprio e não serem
frouxos de modo algum. Esse é o ensinamento de Paulo com respeito ao assunto.
Quão difícil é ser um marido ou uma esposa, espero que vocês
percebam que há algo ainda mais difícil—ser um pai. Ser um marido ou uma esposa
envolve somente duas pessoas; ser um pai envolve muito mais. Ser um marido ou
uma esposa é uma questão de felicidade pessoal; ser um pai é algo que afeta o
bem-estar dos filhos da próxima geração. A responsabilidade sobre o futuro dos
filhos da próxima geração está nos ombros dos pais.
Devemos perceber como é séria essa responsabilidade. Deus
colocou o corpo, alma e espírito de uma pessoa, e até mesmo toda a sua vida e
futuro, em nossas mãos. Nenhum individuo influencia o futuro de outro individuo
tanto quanto os pais. Ninguém controla o futuro de uma pessoa tanto quanto os
pais. Os pais quase podem determinar se seus filhos irão para o inferno ou para
o céu. Devemos aprender a ser bons maridos e boas esposas, mas acima de tudo
também devemos aprender a ser bons pais. Creio que a responsabilidade de ser um
pai é mais do que a de ser um marido ou uma esposa.
Aqui consideraremos a maneira cristã dos pais. O
conhecimento disso nos salvará de muitas dores de cabeça.
A. Santificar a Nós Mesmos Por Causa dos Filhos
Primeiramente, todos os pais devem santificar-se diante de
Deus por causa de seus filhos.
1. O Próprio Senhor Santificou-Se Por Causa dos Discípulos
O que significa ser santificado diante de Deus? O Senhor
Jesus disse, “E por causa deles Eu me santifico (Jo 17:19). Isso não se refere
a ser santo, mas se alguém é ou não santificado. O Senhor Jesus é santo e Sua
natureza é santa. Mas por causa dos discípulos, Ele Se santificou. Havia muitas
coisas que Ele poderia ter feito que não era contrário à Sua própria santidade;
não obstante, Ele Se absteve de fazer por causa da fraqueza dos discípulos. Em
muitas questões a fraqueza dos discípulos dirigia o Senhor e restringia Sua
liberdade. O Senhor poderia fazer muitas coisas, mas Ele não as fazia porque
não queria que os discípulos entendessem mal ou tropeçassem. Até onde diz
respeito a natureza do Senhor, Ele frequentemente poderia ter agido de certa
maneira. Mas Ele se absteve de fazer assim por causa dos discípulos.
2. Não Andar de Maneira Frouxa
Semelhantemente, aqueles que têm filhos devem santificar-se
por causa deles. Isso significa que devemos nos abster de fazer muitas coisas
que pode-ríamos fazer por causa de nossos filhos. Há muitas coisas que
poderíamos dizer, mas por causa dos filhos nós não as dizemos. Desde o dia em
que trazemos nossos filhos para dentro de nossa família, devemos nos
santificar.
Se vocês não se restringirem, não poderão restringir seus
filhos. A frouxidão daqueles que não têm filhos, no máximo, resultará em
dificuldade para eles mesmos. Mas para aqueles que têm filhos, ser frouxo
resultará em dano para seus filhos como também para eles mesmos. Uma vez que um
cristão traz um filho ao mundo, ele deve se santificar. Dois olhos, às vezes
quatro, estão observando vocês todo o tempo. Eles os seguirão por toda a sua vida.
Até mesmo depois de vocês terem deixado este mundo, eles não se esquecerão do
que viram em vocês; as coisas que vocês fizeram permanecerão dentro deles.
3. Agindo de Acordo com o Padrão
No dia em que seu filho nasce é o dia em que vocês devem se
consagrar. Vocês devem estabelecer um padrão para si mesmo de moralidade, de
conduta em casa, e em todos os julgamentos morais com respeito ao certo e
errado. Vocês devem estabelecer um padrão elevado para o que é ideal, e também
estabelecer um padrão para si mesmo nas questões espirituais. Vocês devem agir
estrita-mente de acordo com esses padrões. Caso contrário, vocês terão
problemas para si mesmos, e arruinarão seus filhos. Muitos filhos são
arruinados pelos próprios pais, não por estranhos. Se os pais são carentes de
padrões éticos, morais e espirituais, eles arruinarão seus filhos.
Um jovem toma decisões e julgamentos em sua vida futura de
acordo com o treinamento que recebeu durante os anos de sua infância com seus
pais. Um filho pode lembrar-se ou esquecer-se do que vocês dizem, mas o que
veem seguramente permanecerá nele para sempre. Ele desenvolve seu senso de
julga-mento de vocês, e também desenvolve seu sistema de valores de vocês.
Todo pai deve lembrar-se de que suas ações serão repetidas
nos seus filhos; suas ações não pararão com eles. Quando não tem filhos, vocês
podem fazer tudo que gostam quando estão contentes e desistirem e esquecer tudo
quando estão infelizes. Mas uma vez que têm filhos, vocês devem se restringir.
Vocês devem agir de acordo com o padrão mais elevado de conduta quer vocês
gostem ou não. Toda a vida dos filhos cristãos depende do comportamento dos
pais.
Lembro-me de um irmão que disse algo quando seu filho entrou
em dificuldade. Ele disse, “Ele é uma réplica exata de mim e eu sou um pouco
dele.” Quando um pai vê algo em seus filhos, ele deve perceber que está se
vendo. Ele deve ver que eles são seu próprio reflexo. Eles estão apenas o
refletindo. Através deles vocês podem se ver.
É por isso que todo casal deve-se consagrar novamente a Deus
assim que tenham um filho. Eles devem ir ao Senhor e devem se consagrar
novamente a Ele. Daí em diante, o Senhor comissionará um ser humano, com todo o
seu espírito, alma, vida e futuro, em suas mãos. Desse dia em diante, eles
devem ser fiéis ao comissionamento do Senhor. Algumas pessoas são comissionadas
a um trabalho durante um ou dois anos quando assinam um contrato. Mas esse
trabalho dura para a vida toda; não há limite de duração desse comissionamento.
4. O Sentimento de Ser Incumbido
Entre os crentes na China, nenhum fracasso é maior do que o
fracasso dos pais. Penso que isso é devido à influência do paganismo. O
fracasso na carreira de uma pessoa não pode ser comparado ao fracasso na
paternidade. Até mesmo o fracasso de ser um marido ou uma esposa não pode ser
comparado ao fracasso na paternidade. Um marido ou uma esposa podem-se
proteger, porque ambos são maiores de vinte anos de idade. Mas quando uma
criança é colocada em suas mãos, ela não pode se proteger. O Senhor confiou um
filho a vocês. Vocês não podem ir a Ele e dizer, “Tu confiastes a mim cinco
filhos, eu perdi três.” Vocês não podem dizer, “Tu confiastes a mim dez, eu
perdi oito.” A igreja não pode continuar se os pais não tiverem um sentimento
de serem incumbidos. Não queremos ver nossos filhos sendo resgatados de volta
do mundo. Suponha que geremos filhos, os perdemos para o mundo, e então
tentemos resgatá-los de volta. Se permitirmos isso acontecer, o evangelho nunca
será pregado até os confins da terra. Nossos filhos têm sido ensinados com
muitos ensinamentos, e temos cuidado deles durante anos. Pelo menos esses
filhos devem ser levados ao Senhor. Erramos se não cuidarmos de nossos filhos.
Por favor, lembrem-se de que a responsabilidade dos pais é assegurar que seus
filhos se voltem para o caminho correto.
Por favor, deem-me a liberdade de dizer essa palavra. Ao
longo da história da igreja, o maior fracasso entre os cristãos é o fracasso na
paternidade. Isso é algo com que ninguém se preocupa muito. Quando os filhos
são jovens; eles estão em suas mãos e não há muito que se pode fazer por eles.
Se vocês forem frouxos consigo mesmos, vocês também serão frouxos com eles.
Devemos perceber que os pais devem exercitar o domínio próprio, sacrificando
sua própria liberdade. Deus comissionou um corpo humano, junto com sua alma, em
nossas mãos. Se não exercitarmos o domínio próprio e desistirmos de nossa
liberdade, teremos dificul-dades em responder ao nosso Deus no futuro.
Estudo Bíblico Filhos que Dão Prazer ao Senhor
Um grande navio está partindo do porto. Adiante deste navio
vai um navio pequenino abrindo caminho. Tendo navegado nesse porto muitas
vezes, o capitão do navio menor conhece cada perigo do porto e assim é capaz de
ajudar o capitão do navio maior a evitar sério contratempo. De modo muito
semelhante, os pais estão preparando os filhos para levarem vidas independentes
num mundo perigoso. A Bíblia observa que "o ornato dos jovens é a sua
força, e a beleza dos velhos, as suas cãs (Provérbios 20:29). Cabelos
grisalhos, por serem de costume associados com idade avançada, representam
freqüentemente sabedoria e experiência. Os pais já aprenderam sobre alguns dos
perigos da vida e experimentaram outros, e estão assim capacitados a ajudar
seus filhos a evitar muitos erros sérios . . . se os filhos aceitarem ser
guiados por seus pais!
Filhos, obedecei a vossos pais!
O apóstolo Paulo afirmou que os filhos têm responsabilidade
em obedecer a seus pais. Ele escreveu aos efésios, "Filhos, obedecei a
vossos pais no Senhor, pois isto é justo" (Efésios 6:1). É interessante
que Paulo não escreveu, "Pais, façam com que vossos filhos vos
obedeçam." Naturalmente os pais são responsáveis por ensinar e corrigir
seus filhos, mas Paulo dirigiu-se aos filhos e colocou sobre eles a responsabilidade
por obedecer a seus pais. É certamente verdade que esses pais têm que instruir
seu filhos a seguir a trilha da justiça, mas os filhos não são robôs. Eles
também têm uma vontade e podem resolver não aceitar a disciplina de seus pais.
Assim, o apóstolo Paulo mandou que os filhos se submetam à vontade de seus
pais.
Os filhos têm que obedecer a ambos os pais. Freqüentemente
os filhos obedecem ao pai que é mais provável que os castiguem e desatendem as
instruções do outro! A palavra que é traduzida "pais" em Efésios 6:1
é uma palavra geral que inclui ambos, mãe e pai. Os primeiros nove capítulos do
livro de Provérbios foram escritos como se um pai estivesse escrevendo ao seu
filho. O autor começa seu conselho a seu filho com o seguinte: "Filho meu,
ouve o ensino do teu pai e não deixes a instrução de tua mãe. Porque serão
diadema de graça para a tua cabeça e colares, para o teu pescoço"
(Provérbios 1:8-9). Observe que o filho precisa seguir a instrução de ambos,
pai e mãe.
Aos colossenses, Paulo escreveu a respeito do alcance desta
obediência dos filhos: "Filhos, em tudo obedecei a vossos pais, pois
fazê-lo é grato diante do Senhor" (Colossenses 3:20). O filhos deverão
obedecer a seus pais quer entendam ou não a razão da ordem dos pais, quer
concordem e gostem ou não da ordem dos pais. A verdadeira prova de obediência é
quando nos é mandado fazer alguma coisa contra nossas inclinações ou vontade.
Observamos que Paulo escreveu aos efésios que os filhos
deveriam obedecer a seus pais "no Senhor." A frase "no
Senhor" deveria estar ligada com "obedecer" antes que com a
palavra "pais." Paulo não estava sugerindo que os filhos deveriam
obedecer a seus progenitores somente se seus pais e mães fossem cristãos (no
Senhor") mas, que os filhos devem obedecer a seus pais enquanto tal
obediência não conflite com seus deveres para com Cristo. Pedro exprimiu o
mesmo princípio quando reprovado pelo Sinédrio judeu por pregar Jesus Cristo;
"antes, importa obedecer a Deus do que aos homens" (Atos 5:29).
"No Senhor" constitui a única limitação imposta à obediência de um
filho.
Paulo escreveu que os filhos obedecerem "é justo"
(Efésios 6:1). Aos colossenses ele escreveu que obedecer assim "é grato
diante do Senhor" (3:20). Muitas pessoas, incluindo alguns pais, acreditam
que a desobediência é uma coisa natural com os filhos e precisa ser tolerada
pelos pais. Contudo, a Bíblia revela que Deus considera ser a desobediência
pelos filhos uma coisa séria. O escritor de Provérbios oferece a seguinte dura
advertência a quem desobedecer qualquer dos pais: "os olhos de quem zomba
do pai ou de quem despreza a obediência à sua mãe, corvos no ribeiro os
arrancarão e pelos pintãos da águia serão comidos" (Provérbios 30:17). O
ponto do autor é claro: aqueles que desobedecem a seus pais sofrerão! Ainda que
ninguém vivendo hoje em dia seja responsável por guardar a Lei de Moisés, suas
instruções a respeito da desobediência e desrespeito filiais demonstram bem
vivamente a atitude do Senhor. A penalidade aplicada a um filho desobediente e
rebelde era a morte (Deuteronômio 21:18-21)! O filho que amaldiçoasse ou
batesse em seu pai ou em sua mãe era morto por apedrejamento (Êxodo 21:15, 17;
Levítico 20:9). Quando Paulo relacionou os vários pecados comuns entre os
gentios, ele incluiu "desobedientes aos pais" (Romanos 1:30; veja
também 2 Timóteo 3:2).
Filhos, honrai vossos pais!
Muitos países têm certas medalhas de honra para conferir
àqueles cidadãos ou soldados que tenham desempenhado algum serviço meritório em
favor de seu país. Os pais são pessoas que oferecem serviço especial dia após
dia, tomando decisões e fazendo sacrifícios no melhor interesse de seus filhos.
Muitos pais prefeririam a honra e o respeito de seus filhos a qualquer medalha
de honra. As Escrituras, de fato, ordenam aos filhos que honrem seus pais. O
apóstolo Paulo escreveu: "Honra a teu pai e a tua mãe (que é o primeiro
mandamento com promessa), para que te vá bem, e sejas de longa vida sobre a
terra" (Efésios 6:2-3).
Qual é a diferença entre obedecer e honrar nossos pais? O
que está envolvido com honrar pai e mãe? Honrar, como a palavra grega sugere,
significa valorizar ou considerar altamente, ter em grande estima. Um filho
pode submeter-se à vontade de seus pais sem tê-los em alta consideração. Seu
motivo para submissão pode ser egoísta por natureza. As Escrituras revelam-nos
que a obediência do filho deverá originar-se da alta estima que ele tem por
seus pais. Pais nem sempre agem de tal modo que encorajem o respeito de seus
filhos, mas os filhos deverão estimar seus pais altamente ... por causa dos
mandamentos de Deus a este respeito.
Certamente honrar pai e mãe incluirá obediência, mas esta
responsabilidade acarreta muito mais. Os filhos deverão dirigir-se a seus pais
com respeito, sem grosseria, sarcasmo ou ridículo. Os filhos demonstram
respeito por seus pais ouvindo o que eles têm a dizer. Os escritor de
Provérbios aconselhou: "Ouve a teu pai, que te gerou, e não desprezes a
tua mãe quando vier a envelhecer" (23:22). Os filhos honram a seus pais
ajudando-os naquelas tarefas do lar que têm que ser feitas diariamente.
Jesus ensinou que honrar os pais envolvia apoio financeiro
em casos de necessidade. Os fariseus criticaram os discípulos de Jesus porque
eles não lavavam as suas mãos antes de comer, como exigia a tradição dos
antigos. Jesus respondeu observando que os fariseus, eles próprios, invalidavam
os mandamentos de Deus de modo a manter suas próprias tradições (Marcos 7:1-8).
Com exemplo de sua prática, Jesus citou da Lei de Moisés o mandamento para
honrar pai e mãe. Ele observou que os fariseus tinham concebido a tradição pela
qual invalidavam este mandamento. Os fariseus ensinavam que um homem poderia
declarar como "Corbã" parte dos seus bens com os quais deveriam
ajudar seus pais. "Corbã" significava que aqueles bens estavam
dedicados ao Senhor e, assim, "santificados," não podiam ser usados
para sustentar seus pais. A pior parte desta tradição era que o homem que assim
declarasse seus bens como "Corbã" poderia ficar com estes bens e
usá-los para si! É fácil de ver que o ponto desta tradição era simplesmente
evitar a responsabilidade de uma pessoa para com pai e mãe. A reprovação de
Jesus ilustra claramente que a responsabilidade por honrar pai e mãe também
incluía assistência financeira quando necessitada.
Escrevendo a Timóteo, Paulo também ressaltou a
responsabilidade dos filhos em cuidar de seus pais idosos. Falando da igreja
ajudar as viúvas, ele instruiu: "Honra as viúvas verdadeiramente viúvas.
Mas se alguma viúva tem filhos ou netos, que estes aprendam primeiro a exercer
piedade para com a própria casa e a recompensar a seus progenitores, pois isto
é aceitável diante de Deus ... ora, se alguém não tem cuidado dos seus e
especialmente dos da própria casa, tem negado a fé e é pior do que o
descrente" (1 Timóteo 5:3-4, 8). Nesta passagem, Paulo usou a palavra
"honrar" no sentido de auxílio financeiro (veja o versículo 16). Ao
mesmo tempo, ele asseverou claramente o dever dos filhos de ajudar
("honrar") seus pais. Tal auxílio é também uma forma de compensação
pelo que os pais fizeram por seus filhos. A importância desta responsabilidade
é vista na afirmação de Paulo que o crente que não cuida dos membros de sua
própria família negou a fé. É evidente que as responsabilidade de um jovem para
com pai e mãe não termina quando ele sai de casa. Em conclusão, é impossível
servir a Deus aceitavelmente enquanto se negligencia os próprios pais! Não se
pode honrar a Deus enquanto se recusa a obedecer Seus mandamentos, incluindo o
dever de honrar seus pais.
O Plano de Deus é Melhor
Jesus, nosso grande exemplo, foi submisso a seus pais. Ainda
que Ele fosse a Divindade em carne, ele seguia o plano de Deus para a família
(Lucas 2:51). Deus estabeleceu seu plano para nossas famílias porque ele deseja
nossa felicidade e sabe que tipo de relações são mais satisfatórias e mais
recompensadoras para nós. Quando a vontade de Deus é negligenciada, resultam a
aflição e a miséria. É verdade geral que os filhos que obedecem e honram seus
pais vivem mais, têm vidas mais felizes e, mais importante, estão agradando a
Deus!
Autor: Allen Dvorak



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