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uando o tempo começou? Foi Deus quem criou o
tempo? Essas e outras perguntas são feitas por
quem deseja entender a dimensão temporal face à eternidade, quando não existe o tempo. Até onde podemos
aifançar, antes de Deus criar o Universo e o homem, não existia o tempo como
hoje percebemos. Deus é eterno. Está escrito: “Antes que os montes nascessem,
ou que tu formasses a terra e o mundo, sim, de eternidade a eternidade, tu és
Deus” (SI 90.2). Esse texto mostra-nos que o Senhor sempre existiu fora do tempo,
pois Ele é Deus “de eternidade a eternidade”, ou seja, numa dimensão fora do
tempo.
Há teólogos que entendem que Deus vive no
tempo, e não fora dele. A Bíblia, porém, demonstra que Deus sempre esteve e
está fora do tempo. Se Ele vivesse “no tempo”, não seria eterno. Diz o
salmista: “O teu trono está firme desde então; tu és desde a eternidade” (SI
93.2). Deus não está no tempo, mas é Deus “desde a eternidade”, que é a
dimensão onde não há começo nem fim, nem passado, presente ou futuro. No entanto,
ao criar o Universo a partir do nada (lat. Ex nihilo) e o homem a partir dos
elementos químicos que há no pó da terra, Deus deu ao homem a dimensão do tempo
antes da Queda. O ser criado teve começo e foi originalmente programado para
ter uma “vida terrena eterna” sem passar pelo aguilhão da morte. O homem, antes
da Queda, viveria numa dimensão que teve começo, mas que não teria fim. Porém,
ao cair na armadilha do Diabo e ter experimentando o pecado, o ser humano, a
partir do ato da desobediência — ou seja, ao comer do “meio de prova” que Deus
colocara diante dele, tendo sido advertido de que, se desobedecesse, certamente
haveria de morrer —, conheceu a dimensão do tempo em sua abrangência plena:
conheceu o passado , o p re sente e passou a ter a expectativa incerta do
futuro. O ser h u m a n o saiu d a dimensão da eternidade e mergulhou na
dimensão do tempo com todas as implicações espirituais, m orais e físicas, que
o alcançariam ao longo de sua nova situação perante Deus e p era n te si mesmo.
Assim , a origem do tempo, segundo a
Bíblia, está n a interferência de Deus no planeta Terra ao criar o homem . A
princípio, seria para o h o m e m viver para sempre. Todavia, depois d a Queda
, ele perde u o direito à vida eterna e passou a perceber, vislumbrar e
experimentar o relacionamento com o tempo. Essa é a origem do tempo conforme
a Palavra de Deus. H á, no entanto, outras explicações históricas para a origem
e o significado do tempo.
A palavra “tempo ” na Bíblia pode ser
vista tanto no Antigo Testamento, escrito em hebraico , com o no Novo
Testamento , escrito em grego. No hebraico, as palavras mais usadas são yom ,
com o sentido de “dia, tempo ”, e éth, significando tempo. No grego do NT, há
termos que são m ais b em compreendidos quanto ao significado de tempo. São as
palavras kairós, com o sentido de “tempo, tempo fixo ou ponto no tempo ”, e
chronos, que é “tempo ” ou “tem pó estendido”. As palavras gregas mostram ,
definitivamente, certa distinção entre o tem p o de u m a forma pontual ou
momentos precisos de tempo (kairoi) e o tempo com um intervalo que tem uma
duração (chronos).
I - CONCEITOS IMPORTANTES
Grande parte
dos termos que conhecem os notadamente no Novo Testamento tem origem na língua
grega. Na língua hebraica, os termos do Antigo Testamento são menos utilizados
na literatura bíblica, decerto por ser uma língua mais antiga e menos falada no
mundo.
A Palavra Tempo. T empo significa “ Série in
interrupta e eterna de instantes. Medida arbitrária da duração das coisas.
Época determinada ” . “Tempo é a duração dos fatos, é o que determina os momentos,
os períodos, as épocas, as horas, os dias, as semanas, os séculos, etc. A palavra
tem pó p o d e ter vários significados diferentes, dependendo do contexto em q
u e é em pregada” . E sinônimo de época,
período, prazo, tempo musical, tem pó verbal, etc. E m português, a palavra tempo
vem do latim tempus, que, p o r sua vez, deriva do termo tem no, que significa
“cortar fora”, “decepar”, dando a ideia de que tempo é uma dimensão que pode
ser dividida e que faz parte de um a dimensão maior. Por trás de muitas
palavras, há um a história, um a explicação que nos informa seus significados e
sua etimologia.3 N a mitologia grega, existe um a narrativa sobre a origem do
tempo envolvendo os deuses “Chronos” e “Kairós”. Segundo esse mito, esses dois
personagens personificam o tempo em suas dimensões.
O Tempo na Bíblia e na Teologia. Foi Deus quem criou o tempo.
“O Senhor
formou o tempo para, dentre outras coisas, estabelecer ciclos para todas as
obras formadas (Gn 1.14), bem como para que o homem, a obra-prima da criação,
pudesse, no tempo, buscar a Deus (At 17.26,27)”.5 Sem a dimensão do tempo, o
homem não compreenderia sua origem, seu começo e nem mesmo entenderia o
conceito de “eternidade”. Além disso, para Deus controlar a História, Ele,
criador do tempo, entrou no tempo, “para que os seres humanos pudessem entrar
na eternidade, onde não existe tempo {chronos).6
O texto
bíblico inclui variados significados e sentidos reais e metafóricos do tempo
tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Anotamos alguns deles para nossa
reflexão sobre como devemos desenvolver a mordomia do tempo.
No princípio — a eternidade. No Gênesis, livro das origens de
todas as coisas, a revelação divina começa no primeiro capítulo, dizendo: “No princípio,
criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). No hebraico, a expressão “no princípio”
é Bereshit (por causa de Reshit), “princípio de tudo”. A maioria dos estudiosos
da Bíblia concorda que esse “princípio” é indefinido, indeterminado, pois
pertence exclusivamente a Deus, ao seu “tempo” ou ao kairós de Deus. Daí,
entende-se que Deus criou todas as coisas na eternidade e a partir “do nada ”
(ex-nihilo). Esse “princípio ” é correlato ao termo usado por João quando diz:
“No princípio (gr. em arché), era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo
era Deus. Ele estava no princípio com Deus” (Jo 1.1,2 — grifos
acrescentados). Outra palavra que corresponde ao “Princípio” — “eternidade” — é
Olam. “O S e n h o r m e possuiu no princípio de seus caminhos e antes de suas
obras m ais antigas. Desde a eternidade, fui ungida; desde o princípio, antes
do começo da terra ” (Pv 8.22,23). A eternidade é “a habitação ” de Deus:
“Porque assim diz o Alto e o Sublime, que habita na eternidade e cujo nome é
Santo: Em um alto e santo lugar habito e também com o contrito e abatido de
espírito, para vivificar o espírito dos abatidos; e para vivificar o coração
dos contritos” (Is 57.15 - grifo inserido).
O mesmo termo está em 1 Jo ã o 1.1
sobre Jesus: “O que era desde 0 princípio, o que vimos com os nossos olhos, 0
que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida ” (grifos
acrescentados). E m correlação com o termo hebraico, bereshit, o termo grego
arché indica a eternidade. Deus estava (e está) na eternidade , o kairós de Deus.
Ele sem pré existiu fora do tempo, mas
criou o tempo e nele manifestou -se para comunicar a o homem o seu poder, a sua
sabedoria e os seus propósitos insondáveis para o Universo e o homem . Quando
João diz que “O Verbo ” , Jesus, “ era Deus” , refere-se à eternidade de Jesus.
Quando diz que “o que vim os com os nossos olhos, o que tem os contemplado e as
nossas mãos tocaram da palavra da vida ” , mostra o Logos e terno , transcendente
, dentro do tempo , imanente e, no espaço, onde vivem suas criaturas: “E o
Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vim os a sua glória, com o a glória
do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade ” (Jo 1.14). Na Queda , Deus
pôs o homem “no tempo ” . Na Redenção , Deus “se fez carne ” , ou seja, fez-se
humano e entrou no tempo! Diz Paulo: “Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus
enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (G1 4.4).
Yom . Corresponde ao dia natural de 24
horas. Ou seja, cada dia da semana, do mês, do ano. E o nosso dia a dia, no qual
Deus concede-nos para viver e fazer a sua vontade. N esse estudo, a mordomia do
tempo insere-se nesse “tempo ”, “ou algum tem p o específico, com acontecimentos
especiais, como “o dia do Senhor” , o qual já indica um uso metafórico. Corresponde
a eméra, no grego... é muito comum ” . Segundo Ken Ham :
Para entender o significado de “dia”,
em Gênesis 1, precisamos determinar como a palavra hebraica p ara “dia”,yom, é
usada no contexto d a Escritura [...]. U m clássico e respeitado léxico
(dicionário) hebraico9 apresenta sete rubricas e muitas sub-rubricas p ara o
sentido dejyom - m as ele define os dias da criação de Gênesis 1 como dias
comuns sob a rubrica de “dia como diante definido pela tarde e manhã”.
Os materialistas,
ateus, adeptos d a falsa “teoria d a evolução”, dizem que
o relato de
Gênesis só faz sentido se os dias forem figurados, representando
milhões e milhões
de anos, e não dias de 24 horas. Na realidade, tal entendimento parte do
pressuposto de que tudo veio a existir “por acaso ” e sem a intervenção de um
Criador eterno. Mas “fora de Gênesis 1, há 359 ocorrências do uso de yom com um
número e, todas as vezes, o sentido é de dia com um .
Porque
Gênesis seria diferente?” . Quem aceita a Bíblia com o revelação do Deus eterno
não tem qualquer dificuldade para crer que os dias da criação foram , de fato,
dias com uns de 24 horas. Deus é Onipotente (SI 68.14; 91.1; Ez 1.24). P a ra
Ele, “n a d a é impossível” (Lc 1.37).
Z eman . Tem o sentido de “tempo determinado
” . E m Eclesiastes 11,
vemos o
escritor exortar sobre “o tempo oportuno ”, ou seja, o tempo de as coisas serem
feitas com diligência: “Lança o teu pão sobre as águas, porque, depois de muitos
dias, o acharás [...]. Pela manhã , semeia a tua semente e, à tarde, não
retires a tu a mão, porque tu não sabes qual prosperará; se esta, se aquela ou
se ambas igualmente serão boas” (Ec 11.1,6; ver D n 2.16).
Chronos. O termo
chronos identifica o tem porque pode ser medido, contado e definido. Na
Teologia, é considerado o “tempo do homem ” , o tempo cronológico. Além de
incluir “dia ” de 24 horas, também se refere a semanas, meses, anos, décadas,
etc. E o tempo que pode ser medido, dividido, analisado ou estudado, ou seja, o
tempo cronológico. Cronologia. É nesse sentido que Moisés escreveu: “Ensina-nos
a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancem os coração sábio” (SI
90.12). J ó declarou a efemeridade da vida: “Porque nós som os de o n te m e n
a d a sabem os; porquanto nossos dias sobre a terra são como a sombra” (Jó
8.9).
Kairós. É entendido como “o tempo de Deus”,
que só Ele pode definir. Pedro demonstra que o tempo para Deus não pode ser
avaliado com nossas categorias humanas de medição de tempo. Ele afirma: “Mas,
amados, não ignoreis um a coisa: que um dia para o Senhor é como mil anos, e
mil anos, como um dia” (2 Pe 3.8). É impossível saber que equação Deus usa no
tempo ou fora dele para realizar seus propósitos para o universo e o Homem. Jesus
disse que não se pode definir o tempo de Deus (Kairós): “E disse-lhes: Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu pelo seu próprio
poder” (At 1.7).
Quando o Tempo Entrou na História. Antes de o homem, “imagem” e “semelhança”
do Criador, cair no pecado que o afastou de Deus, ele não conhecia a dimensão
do tempo em sua condição original. Ele vivia no Jardim sem ideia de passado ou
de futuro. Só conhecia o presente, “o eterno agora”. No entanto, o Senhor disse
a ele: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas da árvore da ciência
do bem e do mal, dela não comerás; porque, no dia em que dela comeres,
certamente morrerás” (Gn 2.16,17). E o homem desobedeceu ao Criador naquele
“dia” e experimentou sensações que não conhecia. Conheceu o medo ao esconder-se
de Deus; conheceu a doença; conheceu o envelhecimento físico e mental; e conheceu
a finitude da vida: “E foram todos os dias que Adão viveu novecentos e trinta
anos; e morreu” (Gn 5.5). Sendo o Eterno, Deus não depende do tempo, mas para
relacionar-se com o homem depois da Queda, Ele invadiu a realidade do homem e
criou o tempo.
O tempo não existe para Deus, no
entanto, Ele trabalha e se revela no tempo. Agostinho e muitos teólogos
reformados aceitam esse conceito. Ele significa simplesmente que o tempo não
existe para Deus apenas com respeito à sua essência, pois conhecemos a Ele no
tempo, e Ele tratou com os homens dentro do tempo [...], pois tudo o que Ele
fez e revelou tem chegado a nós em termos de tempo e espaço.12
Tendo vivido tantos anos em termos
cronológicos, 930 anos (Gn 5.5), Adão guardou memórias do seu começo quando
Deus soprara nele o “fôlego da vida” (Gn 2.7). Adão relembrou os dias
maravilhosos no Éden ao lado de sua esposa na presença de Deus. Cada dia era um
dia diferente do outro. Ao cair por ter desobedecido a Deus, percebeu a
diminuição das energias vitais e entendeu que sua vida teria um limite. Adão
experimentou a velhice, com suas fraquezas naturais, em termos de capacidade mental,
e, por fim, viu chegar o “dia” da morte (Gn 5.5). Por causa do pecado, o ciclo
inexorável da existência humana repete-se em cada homem e mulher: nasce, vive,
desenvolve-se, reproduz (em geral) e morre. Passado, presente e futuro fazem
parte da dimensão temporal do ser humano na terra, até que, “um dia”, se tiver
um encontro com Deus mediante Jesus Cristo, “não pereça, mas tenha a vida
eterna” (Jo 3.16).
II - A M O R D O M IA D O T E M P O
A mordomia
do tempo leva-nos a considerar sobre como devemos administrar o tempo que nos
concede o Senhor desde o nascimento até à morte.
A princípio,
ao nascer, ninguém tem noção de tempo, de espaço, ou mesmo da existência. No
entanto, já na infância, cada pessoa tom a consciência de si mesma, de sua
realidade interior e da realidade externa a seu ser. A partir daí, ela começa a
interagir com o tempo, e é com o tempo que ela vai aprendendo a usar o próprio
tempo. A Bíblia ensina-nos como agir ou não agir na dimensão limitada e efêmera
do tempo de nossa existência terrena.
Devem
os Remir o Tempo. O tempo é o único bem que não se pode recuperar. É como
as águas de um rio que passam, que não se pode tocar nelas duas vezes. A
Palavra de Deus exorta-nos: “Portanto, vede prudentemente como andais, não como
néscios, mas como sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus” (Ef
5.15,16). Remir tem o sentido de “resgatar”, de ter de volta o que se perdeu.
No texto, remir o tempo significa que devemos ser bons despenseiros na mordomia
do tempo; é saber aproveitar bem o tempo que nos concede o Senhor para que Ele
realize o seu propósito em nossa vida. O cristão, ciente da brevidade da vida,
deve zelar pelo bom uso do tempo. Remir o tempo também pode ser entendido como
“não perder” ou “não desperdiçar o tempo”. Nos dias atuais, um a das coisas que
mais tem levado pessoas a usar mal o tempo são as redes sociais.
Os dados são do relatório “2018
Global Digital”, da We Are Social eda Hootsuite. O Brasil está entre os três
países do mundo no qual a população passa, em média, mais de 9 horas do dia
navegando na Internet. E é um dos dois únicos países onde o tempo diário gasto
nas redes sociais supera 3 horas e meia. Portanto, bem acima da média mundial
nesses dois quesitos, (grifo acrescentado)13
No livro de Eclesiastes, vemos 28
situações que podem ser experimentadas no tempo concedido por Deus: “Tudo tem o
seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu” (Ec
3.1-8).
1. H á tempo
de nascer e tempo de morrer;
2. Tempo de
plantar e tempo de arrancar o que se plantou;
3. Tempo de
matar e tempo de curar;
4. Tempo de
derribar e tempo de edificar;
5. Tempo de
chorar e tempo de rir;
6. Tempo de
prantear e tempo de saltar;
7. Tempo de
espalhar pedras e tempo de ajuntar pedras;
8. Tempo de
abraçar e tempo de afastar-se de abraçar;
9. Tempo de
buscar e tempo de perder;
10. Tempo de
guardar e tempo de deitar fora;
11. Tempo de
rasgar e tempo de coser;
12. Tempo de
estar calado e tempo de falar;
13. Tempo de
amar e tempo de aborrecer;
14. Tempo de
guerra e tempo de paz.
Contar o Tempo. Na administração do tempo, o
salmista rogou a Deus que nos dê sabedoria para “contar” os dias: “Ensina-nos a
contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio” (SI 90.12).
Será
possível contar os dias? Na prática, só se pode contar unidades conhecidas, ou
seja, que podem ser enumeradas. Mas a vida do homem aqui na terra é incerta.
Jesus mesmo disse: “Não vos inquieteis, pois, pelo
dia de
amanhã, porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal”
(Mt 6.34). O tempo do homem em sua existência terrena é o tempo cronológico
{chronos), que pode ser medido em anos, meses, dias e horas. Contar os dias
significa entender que os dias do homem na terra são limitados. Por isso, ele
precisa saber “avaliar” a forma como deve usar o tempo que lhe é concedido.
Moisés disse com certa prudência no
Salmo 90: “Pois todos os nossos dias vão passando na tua indignação; acabam-se
os nossos anos como um conto ligeiro. A duração da nossa vida é de setenta
anos, e se alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta anos, o melhor deles é
canseira e enfado, pois passa rapidamente, e nós voamos” (SI 90.9,10 — grifos acrescentados).
J á naquele tempo, a média da expectativa de vida do homem era de “setenta” a
“oitenta anos”. Interessante é que, mesmo nos países desenvolvidos, essa tem
sido a expectativa de vida das pessoas ainda hoje. Nos Estados Unidos, a média
de vida é de 78 anos; no Reino Unido, é de 81 anos; na Rússia, é de 70,9 anos;
no Brasil, a média de vida é de 74,6 anos (dados de 2015). N a verdade, a
demografia tem recursos para “contar” ou avaliar os anos e os dias do homem em
cada um dos países em q u e são feitas pesquisas populacionais. “ Contar os
dias é u ma atitude de sabedoria, pois significa te r em perspectiva a
iminência d a morte, o que garante um melhor entendimento sobre com o
aproveitar os dias de v id a” .14
A Prestação de Contas. Como vimos
no capítulo 1, “Na Bíblia, mordomia quer dizer todo o serviço que realizam os
para Deus e todo o comportamento que apresentam os com o cristãos diante de Deus
e dos homens; é a administração dos bens espirituais e materiais, tanto em termo
s individuais, por meio do corpo e das faculdades emocionais e físicas,
concedidas p o r Deus, como por meio da ação administrativa dos bens
espirituais e materiais à disposição d a igreja local. A mordomia cristã está
ligada à Filosofia e à Ética, com base nos princípios d a Palavra de Deus”. Assim
sendo, o tem p o é um meio concedido por Deus ao ser humano para que este reconheça
que Deus é Dono de tudo e de todos, e que ele deve viver para Deus e cumprir os
seus desígnios e propósitos debaixo da vontade divina, seja por permissão, seja
por concessão. Aos homens em geral, Deus permite que vivam e decidam o q u e
fazer ou não fazer no tempo e no espaço. Aos salvos, Deus não apenas permite,
com o também concede bens e talentos, que devem ser usados para honra e glória
do Criador, e para seu próprio benefício, e para benefício da família e das
outras pessoas no tempo e onde Deus quiser. O tempo é um “dom de Deus” sem
sombra de dúvidas. O que o homem faz no tempo e com o tempo é objeto d a
prestação de contas que cada um dará diante do Senhor: “E ele, chamando -o ,
disse-lhe: Que é isso que ouço de ti? Presta contas da tua mordomia [...]” (Lc
16.2). Todos os crentes em Jesus terão que comparecer perante o seu Tribunal:
“Porque todos devem os com parecer perante o tribunal de Cristo, para que cada
um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem ou mal” (2 C o
5.10).
III - COMO APROVEITAR BEM O TEMPO
Neste tópico, desejam os mostrar como o
cristão pode aproveitar melhor o tempo que lhe é concedido por Deus de forma
útil, agradável e proveitosa para não cair na armadilha da perda de tempo ou do
seu extremo, que é o ativismo frenético, que leva muitos a tornarem -se
escravos do tempo.
são muitos
os crentes que não sentem mais prazer algum em estar na presença de Deus. O
crente e, especialmente, os obreiros precisam passar tempo reservado para Deus.
São momentos d a vida devocional diária.
Na oração . Os crentes, servos e
servas de Deus, congregados, membros ou obreiros, precisam programar momentos
diários de oração. Começar o dia de trabalho sem orar é correr o risco de
enfrentar situações difíceis sem encontrar a solução para os problemas que
surgem na administração da vida pessoal, na família ou na igreja local. O
exercício diário da oração é um reforço maravilhoso para a dinamização da
igreja local.
U m velho
ditado proferido nos púlpitos diz: “Muita oração, muito poder;pouca oração,
pouco poder; nenhum a oração, nenhum poder”. E impossível haver dinamismo na
igreja sem oração. Essa é a chave que abre as portas do sobrenatural quando o
líder da igreja local coloca-se de joelhos e busca a unção do Espírito Santo.
Os homens de Deus que se destacaram por
sua vida e testemunho nas Escrituras sempre valorizaram à oração.
• Davi orava três vezes
ao dia : “Mas eu
invocarei a Deus, e o S e n h o r me salvará. De tarde, e de manhã, e ao
meio-dia, orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz” (SI 55.16,17). Suas
responsabilidades como rei eram inúmeras. Ele fazia o papel de governante, de
legislador, ou de aplicador das leis e também de juiz. Quando lutou contra o
gigante Golias, Davi teve vitória retumbante, e isso se deu na sua juventude,
quando ele meditava e orava, certamente, cuidando do rebanho de seu pai (1 Sm
16.19; 17.15). Ele venceu todas as guerras contra os inimigos de seu povo. Quando
ele caiu em graves pecados — cometendo adultério seguido de homicídio — ,foi,
sem dúvida alguma, num a fase de sua vida em que ele negligenciou
a maravilhosa prática de orar a Deus “três
vezes ao dia”. Hoje, para vencermos “os gigantes” da vida, precisamos orar
mais, ter mais momentos sistemáticos de oração na presença de Deus. Do
contrário, poderemos ser derrotados pelos “anões” do pecado.
• Daniel orava três
vezes ao dia :
“Daniel, pois, quando soube que a escritura estava assinada, entrou em sua casa
(ora, havia no seu quarto janelas abertas da banda de Jerusalém), e três vezes
no dia se punha de joelhos, e orava, e dava graças, diante do seu Deus, como
também antes costumava fazer” (Dn 6.10). Hoje, as ameaças aos servos e servas
de Deus são muito mais variadas do que nos tempos passados. Para vencer, é
indispensável orar contínua e sistematicamente. Daniel foi lançado injustamente
na cova dos leões. Deus, no entanto, entrou com ele e deu-lhe um a tremenda
vitória, que resultou em glorificação a Deus, e Daniel foi mais honrado diante dos
homens. Ele orava sempre e não esperava um a adversidade acontecer para orar. Quando
chegou a luta, ele estava preparado e teve uma vitória retumbante sobre todos
seus inimigos.
· Jesus orava diariamente
. No Getsêmani,
quando já sentia o aproximar-se da morte física, Jesus, na condição humana,
sentiu angústia: “E, deixando-os de novo, foi orar pela terceira vez, dizendo
as mesmas palavras” (Mt 26.44a). Como homem, Jesus teve a experiência de quanto
é forte a tentação da carne e do Diabo. Por isso, Ele ensinou: “Vigiai e orai,
para que não entreis em tentação; na verdade, o espírito está pronto, mas a
carne é fraca. E, indo segunda vez, orou, dizendo: Meu Pai, se este cálice não
pode passar de mim sem eu o beber, faça-se a tua vontade” (Mt 26.41,42). Ele costumava
retirar-se com seus discípulos (Lc 22.39).
• O salmista também orava
sistematicamente . Ele escreveu: “Pela manhã, ouvirás a minha voz, ó Senhor ; pela manhã,
me apresentarei a ti, e vigiarei” (Sl 5.3). Um velho hino diz: “Bem de manhã,
embora o céu sereno pareça o dia a calma anunciar, vigia e ora o coração
pequeno, que um temporal pode abrigar”. Davi diz: “De tarde, e de manhã, e ao
meio-dia, orarei; e clamarei, e ele ouvirá a minha voz” (Sl 55.17). Orar três
vezes ao dia não é uma doutrina, mas, sem dúvida, é uma boa sugestão.
Certamente, teremos uma boa cobertura de oração “à sombra do Onipotente” (Sl
91.1).
• O “segredo” do Pr. David
Young Cho,
pastor da maior igreja pentecostal do mundo é: orar mais de um a hora por dia.
Ele enfatiza que a oração é o recurso poderoso para mover as forças divinas em
favor dos propósitos de Deus, e também os desejos dos homens, especialmente de
seus servos. Quantos servos e servas de Deus estão frios na fé, sem força, sem
poder do Espírito Santo porque se deixaram dominar pela envolvente e
avassaladora tecnologia. John Piper disse: “Uma das maiores utilidades do
Twitter e do Facebook será provar no último dia que a falta de oração não era por
falta de tempo”. E dão desculpas de não ter tempo para a oração. “[...] é tempo
de buscar o S e n h o r ” ( O s 10.12).
• N a leitura da Palavra
. Todo crente
que ama a Deus tem prazer em ler a sua Palavra. O obreiro precisa ler e estudar
a Bíblia diariamente para ter o que passar para a igreja local em termos de
ensino, doutrina, exortação, orientação e advertências. Os dias são maus. O
salmista tinha prazer em meditar na Lei do Senhor: “Oh! Quanto amo a tua lei! E
a minha meditação em todo o dia!” (Sl 119.97). A Palavra de Deus é segurança e
prevenção para não cometer qualquer falta. E necessário ter a Palavra no
coração para não pecar: “Escondi a tua palavra no meu coração, para eu não
pecar contra ti” (Sl 119.11). A Palavra de Deus serve de consolo: “Isto é a minha consolação na minha angústia, porque a tua palavra me vivificou” (Sl
119.50).
Thomaz E. Trask, líder eclesiástico, disse:
“Todos os dias, das cinco às sete da manhã, estudo a Bíblia e oro” (Trask, p.
17). A palavra dá direção divina: “Lâmpada para os meus pés é tua palavra e
luz, para o meu caminho” (SI 119.105). Ela produz ordenamento ministerial: “Ordena os meus passos na tua palavra, e não se apodere de mim iniqüidade alguma”
(SI 119.133); “Antecipei-me à alva da manhã e clamei; esperei na tua palavra”
(SI 119.147).
E
impressionante como os cristãos não gostam de ler a Bíblia, a Palavra de Deus!
Muitos tomam grande espaço de tempo nas redes sociais, uma, duas ou mais horas
por dia, mas não tiram m eia hora sequer para ler a Bíblia. A conseqüência
disso é a existência de grande parte de evangélicos sem base, segurança e
fundamento na sã doutrina. N a mordomia do tempo, tem de haver prioridade para
a Palavra de Deus.
Use Tempo para Você
mesmo. Depois de
dar prioridade a Deus na mordomia do tempo, o cristão precisa cuidar de si
mesmo, ou seja, tomar tempo para cuidar de sua vida espiritual e em outras
áreas. Paulo exortou Timóteo a cuidar de si em primeiro lugar: “Tem cuidado de
ti mesmo e da doutrina; persevera nestas coisas; porque, fazendo isto, te
salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (1 Tm 4.16). O crente em
Jesus deve tom ar tempo na oração em prol de si mesmo. Antes de cuidar dos
outros, ele precisa cuidar de si. Jesus disse que o segundo mandamento, também
de alto valor diante de Deus, é amar ao próximo “como a ti mesmo” (Lc 10.27).
Além de
cuidar da vida espiritual, é importante cuidar também da parte emocional,
buscando o equilíbrio interior, que tanto beneficia a mente e o corpo: “Amado,
desejo que te vá bem em todas as coisas e que tenhas saúde, assim como bem vai
a tua alma” (3 Jo 1.2).
Use Tempo para sua Família. H á
pastores que têm tempo para a igreja, para viagens, para participar de
encontros, seminários, conferências e convenções, mas deixam a família em
segundo ou terceiro plano. Sem dúvida, a experiência ministerial demonstra que
tal comportamento é altamente danoso para a família e com graves conseqüências
para o ministério.
Certo
evangelista itinerante atendia convites para ministrar todas a semanas em
igrejas diferentes, numa agenda intensa de ministrações. Ele não passava nem
mesmo 30% do seu tempo com a esposa e os filhos. A esposa reclamava, sentindo a
falta da presença do esposo e pai de seus filhos junto ao lar. O marido
prometia considerar, diminuindo os compromissos, mas não cumpriu.
Para
resumir, a esposa pediu divórcio, e o seu lar e o casamento esfacelaram-se.Será
que isso é a vontade de Deus? De forma alguma! E esse não é um exemplo isolado.
Conhecemos outros casos de casamentos destruídos por falta de valorização do
pai para com a família. Paulo diz: “Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e
principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm
5.8). Para ter cuidado com a família, o obreiro ou qualquer servo de Deus
precisa dar, no mínimo, tempo para ela. Um dos recursos importantes e
necessários para manter a família na presença de Deus é fazer o “Culto
Doméstico” (ver D t 6.7; 11.19). Os pais são os “sacerdotes do lar”. Eles devem
demonstrar o amor de Deus à família, bem como o amor paternal aos filhos ao
lado do amor conjugal, e isso exige tempo. A mordomia do tempo precisa ser
vivida com sabedoria e graça de Deus.
Não Perca Tempo. Perder tempo é uma atitude
mental errônea. O
tempo é um
recurso que não pode ser recuperado, como as águas de um rio. Ao passarem, elas
não retornam mais ao ponto em que são tocadas ou nas quais alguém se banha.
Sendo assim tão passageiro, a pessoa sábia procura aproveitar bem o tempo, não
o desperdiçando com coisas que não são necessárias ou importantes para a vida.
Faz parte da
sabedoria dada por Deus compreender e administrar bem o tempo. Há pessoas que
se prejudicam na vida por não saberem cuidar bem de suas tarefas e atividades
diversas. Alguns têm capacidade, conhecimento, mas ficam perdidas no uso do
tempo. Como a Bíblia é um livro especial que trata das coisas dos céus, mas
também da realidade humana, ela tem preciosos ensinos sobre a mordomia do tempo.
Uma das mais importantes recomendações bíblicas sobre o uso correto do tempo
destina-se aos pastores e obreiros que lideram a obra do Senhor. Paulo é mestre
nesse tema. Ele diz que, se alguém não sabe cuidar da sua própria família,
“negou a fé e é pior do que o infiel” (1 Tm 5.8). Cuidar da família não é só
prover os bens materiais, mas é também dar tempo para o relacionamento com a
esposa e com os filhos; é dar prioridade à família na administração do tempo. O
apóstolo diz também: “(porque, se alguém não sabe governar a sua própria casa,
terá cuidado da igreja de Deus?) (1 Tm 3.5). Governar a casa exige tempo,
cuidado, zelo e interesse. Que Deus nos ajude a sermos bons mordomos ou
despenseiros seus, zelando pela igreja que está em nossa casa para, assim,
termos tempo para cuidar também da casa de Deus.
3 N. do E.: Etimologia (do grego
étymos = verdadeiro, e logia = estudo) é a ciência que estuda a origem das
palavras. A língua portuguesa, por exemplo, originou-se,em sua
quase-totalidade, do latim, além de ter recebido influências importantes do grego
e de outros idiomas.
4 A palavra tempo tem origem nos
termos gregos “Chronos” e “Kairós”. Na mitologia grega, Cronos é “o deus do
tempo”, que pode ser contado ou medido em anos, meses, semanas, dias, horas,
minutos e segundos. Daí, vem a palavra cronologia. Segundo essa mitologia,
Cronos, que se casou com sua irmã Reia, “engoliu” todos os seus filhos para
que esses não tomassem seu poder. Zeus, no entanto, escapou e, depois, derrotou
seu pai e casou-se com a deusa da fortuna, Tique, com quem teve um filho
muito belo e forte, a quem deu o nome
de Kairós, que se tornou um atleta imbatível. Os romanos chamavam Kairós de
“Tempus” (tempo). Kairós, porém, era tão grande que não podia ser cronometrado
ou previsto.
TEMPO, BENS E TALENTOS
CAP 6 - LIÇÕES DE MORDOMIA
1. O QUE É O TEMPO
Felizmente não temos que definir uma
coisa para podermos usá-la. Se tivéssemos que definir tempo para podermos
viver, a humanidade toda deixaria de existir, pois ainda não se encontrou uma
definição satisfatória para essa idéia. Os filósofos se debatem na exposição de
suas teorias em relação ao tempo e ao espaço, o que para o povo em geral nada
mais é do que "perder tempo". O melhor que temos a fazer é nos
utilizarmos, da melhor maneira, disso que todos conhecem pelo nome de tempo e
que ninguém sabe explicar bem o que é.
Costumamos dividir o tempo em
períodos uns mais, outros menos longos que chamamos segundos, minutos, horas,
dias, meses, anos e séculos. Assim é que para descrever a parte da existência
que alguém passa neste mundo, dizemos, por exemplo, que fulano viveu tantos
anos. Ainda que todos tomemos por base estas divisões do tempo, a vida de
alguém dificilmente pode ser expressa em dias e anos. A vida é mais do que
respirar, comer, beber e exercer as funções do corpo. Entretanto, há muitos
para quem a vida nada mais é do que isso, Jesus mesmo deixou essa verdade
clara, quando indagou: "Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo
mais do que o vestido?" Mt. 6:25.
O tempo vale pela intensidade com que
vivemos nossos dias e pela sabedoria com que os aproveitamos. Por isso alguém
que existiu somente vinte e cinco anos pode ter vivido muito mais do que outro
que chegou aos setenta.
2. PRECIOSIDADE DO TEMPO
Para o crente, o que convém lembrar a
cada momento é que sua vida é sumamente preciosa, e que ele deve ser um mordomo
cuidadoso no dispêndio do seu tempo. Paulo recomendava aos efésios:
"Portanto, vede prudentemente como andais, não como néscios, mas como
sábios, remindo o tempo, porquanto os dias são maus". Ef. 5:15-16.
Um dia, atravessando o deserto, um
viajante inglês viu um árabe, pensativo, ao pé de uma palmeira. A pequena
distância descansavam seus camelos, pesadamente carregados, revelando tratar-se
de um mercador de objetos de alto preço, que ia vender suas jóias, perfumes e
tapetes em alguma cidade próxima. Aproximou-se o inglês do negociante, com uma
saudação jovial:
Bom amigo, saúde! O senhor me parece
muito preocupado. Posso ajudá-lo em alguma coisa?
Estou muito aflito, disse o árabe com
tristeza, porque acabo de perder a mais preciosa de minhas jóias!
Ora! respondeu o inglês, a perda de
uma jóia não devia ser grande coisa para quem, como o senhor, leva sobre os
seus camelos tão grandes riquezas. Não será difícil substituí-la.
Substituí-la! exclamou o mercador,
bem se vê que o senhor não sabe o valor do que eu perdi!
Mas que jóia era essa? perguntou o
viajante, curioso.
Era uma jóia, respondeu-lhe o seu
interlocutor, como não se fará outra. Estava encravada num pedaço de pedra da
vida, e havia sido feita na ourivesaria do tempo. Adornavam-na vinte e quatro
brilhantes, ao redor dos quais e agrupavam sessenta menores. Por aí o senhor vê
que tenho razão de dizer que outra igual ninguém fará.
Realmente, disse o inglês, devia ser
de grande preço. Não acredita o senhor, entretanto, ser possível adquirir uma
outra análoga com muito dinheiro?
A jóia perdida, respondeu o árabe,
quedando a cabeça pensativo, a jóia perdida é um dia, e um dia que se perde não
se encontra mais.
Foi pensando, talvez, como o mercador
árabe, que Horace Mann, apóstolo da instrução nos Estados Unidos, fez publicar
este anúncio original:
"Perderam-se duas horas
cravejadas de sessenta brilhantes cada uma. Não se dá recompensa a quem as
entregar, porque essas jóias não se tornam a encontrar jamais."
Possuidores que somos de uma enorme
riqueza, que são os minutos, dias e anos que temos para viver, saibamos
aproveitá-los de modo a não termos de chorar, no futuro, dias mal gastos e
horas perdidas. Transformemos cada minuto em jóia de valor real no serviço do
nosso Mestre!
3. NOSSO TEMPO PERTENCE A DEUS
Já dissemos antes, e repetimos, que
nossa vida pertence a Deus. Visto que o tempo, isto é, o período da existência
que passamos neste mundo, é parte da nossa vida, ele também lhe pertence.
Deus, em sua bondade, nos permite
usar o tempo para ganharmos o nosso sustento, para nosso descanso, para recreio
e todas as demais atividades da vida. Tão acostumados estamos a usar desse
tempo, que com facilidade nos esquecemos de que ele não é nosso e, sim, um
depósito sagrado.
Um mínimo de nosso tempo Deus exige
de nós para o seu serviço, e esse mínimo é um dia em sete. A guarda do domingo
não é coisa facultativa. O homem que não observa o sábado do Senhor seu Deus
está usando um tempo que não lhe pertence. Precisamos criar no meio dos nossos
irmãos uma consciência mais esclarecida quanto a mordomia do domingo. Em Israel
a quebra do sábado sempre vinha acompanhada de outros pecados e prenunciava um
período de decadência na vida nacional. Nenhuma igreja, cujos membros sejam
relaxados na observância do dia do Senhor, prosperará.
Lembremo-nos, todavia, de que esse
sétimo do tempo é um mínimo. Devemos organizar nossa vida de tal maneira que
possamos dar o máximo possível do nosso tempo às coisas espirituais e de valor
permanente, e o mínimo indispensável às coisas materiais e de valor
transitório. Façamos de cada minuto disponível uma oportunidade para glorificar
a Deus.
4. O TEMPO DESPERDIÇADO
É deveras lamentável ver-se como a maioria
das pessoas emprega mal o seu tempo.
O tempo é diferente do dinheiro em
que este se pode guardar, e aquele não. Tem de ser usado à medida que nos é
entregue por Deus, hora por hora, minuto por minuto.
Quem desperdiça o tempo, prejudica-se
a si mesmo. Não só a si, mas também à sociedade, no meio da qual vive, e a qual
deve a sua colaboração. Prejudica o seu próximo cujo tempo precioso rouba. A
esse temos desejo de dizer como o filósofo antigo: "Não me tires aquilo
que não me podes dar."
Como podemos esbanjar o tempo
precioso que Deus nos entrega?
1. Em
conversas fúteis e inúteis
É muito agradável conversar. Nossas
palestras devem, entretanto, ter um conteúdo e um propósito. Conversas frívolas
degeneram em mexericos destruidores.
2. Em
leituras sem proveito
Nosso tempo é escasso e extremanente
valioso. Procuremos selecionar cuidadosamente o que lemos.
3. Em
atividades não essenciais
Há pessoas que gastam tempo demasiado
em passeios, brinquedos, jogos e outras atividades sociais.
Precisamos de momentos para
relaxamento do nosso organismo, mas não devemos permitir que eles se tornem a
parte mais importante de nossa vida.
4.
Matando o tempo
Muitas pessoas passam grande parte do
tempo sem fazer nada de útil e produtivo. Essas pessoas lembram-me a senhora a
quem perguntaram o que fazia do seu tempo.
"As vezes estou sentada,
pensando, e outras vezes simplesmente sentada", respondeu ela.
A maior dificuldade em relação ao
desperdício de tempo está em que ele é feito, em geral, com coisas
perfeitamente legítimas, se praticadas dentro de certos limites.
5. ALGUMAS RECOMENDAÇÕES PARA O BOM
USO DO TEMPO
1. Ser
metódico
Procuremos ser metódicos. Um
indivíduo que tem método na vida vive, no mesmo período de tempo, duas vezes
mais. Aprendamos a organizar nossas atividades de tal maneira que cada minuto
valha seus sessenta segundos. Tenhamos planejada com antecedência a nossa vida
rotineira, já que não podemos fazer planos para os imprevistos. Um indivíduo
que sabe o que vai fazer, quando inicia o seu trabalho, já tem metade do
trabalho feito.
2. Ser
pontual
A pontualidade faz parte da mordomia
do tempo. Ser pontual não é ser escravo do relógio, e sim não querer roubar aos
outros aquilo que não lhes podemos dar. Se eu tiver de falar a um grupo de
sessenta pessoas, e me atrasar um minuto, terei lesado aquele grupo em sessenta
minutos. Se esse atraso não foi por motivo de força maior, sou responsável
perante Deus pelo mau emprego daqueles minutos. Poderá alguém dizer-me que um
minuto não tem importância, mas é de minutos que a vida é feita. Formemo o
hábito da pontualidade.
3. Ser
equilibrado
Devemos ser equilibrados no uso do
nosso tempo, isto é, dar tempo às coisas na proporção do seu valor. Indivíduos
há que dão tempo demasiado aos divertimentos, outros ao trabalho e outros ainda
ao descanso. Devemos sabiamente distribuir nosso tempo, com o objetivo de
desenvolver uma personalidade em que cada coisa seja feita e usada,
considerando-se o seu valor em relação à vida e à eternidade.
4. Servir
O tempo mais bem empregado é aquele
que gastamos em favor do outrem. Cada minuto usado em socorrer um necessitado,
em apontar o caminho da vida eterno ao viajor desanimado, em levantar alguém
caído, é uma jóia inestimável. Tais minutos são muito bem contados no relógio
divino.
O Tempo
Deus pede estrita conta do meu tempo,
É forçoso do tempo já dar conta,
Mas, como dar em tempo tanta conta,
Eu, que gastei sem conta tanto tempo?
Para ter minha conta feita a tempo,
Dado me foi bom tempo e não fiz conta;
Não quis, sobrando tempo, fazer conta,
Quero hoje fazer conta e falta tempo.
Oh! vós, que tendes tempo sem ter conta,
Não gasteis vosso tempo em passatempo;
Cuidai, enquanto é tempo, em fazer conta.
Mas, oh! se os que contam com seu tempo
fizessem desse tempo alguma conta,
Não choravam sem conta o não ter tempo.
Por: Laurindo Rabello da Silva
Por: Laurindo Rabello da Silva
Autor:
Walter Kaschel
Tradução: David A Zuhars
Fonte: www.palavraprudente.com.br
Tradução: David A Zuhars
Fonte: www.palavraprudente.com.br



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