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APRESENTAÇÃO
O livro Tempo, Bens e Talentos — Sendo Mordomo Fiel e Prudente com as
Coisas que Deus nos Tem Dado que, pela graça de Deus, tenho o
prazer de apresentar, contém relevantes temas de interesse da vida
cristã. Trata-se de um assunto que faz parte do dia a dia de todos os que são
salvos em Cristo Jesus. Desde o dia em que nos tornamos salvos, passamos a
ser, acima de tudo, servos de Deus. E, nessa condição, temos que executar a
sua vontade em todas as áreas da vida.
Neste trabalho, iniciamos sobre o significado da “Mordomia Cristã”,
demonstrando que ser mordomo de Deus é ser um administrador dos bens
espirituais e materiais que Ele tem nos concedido.
Nos capítulos que escrevemos, após a definição de Mordomia, discorremos
sobre “A Mordomia do Corpo”, destacando a importância de sabermos cuidar
do nosso corpo, que, para Deus, tem um sentido espiritual muito profundo,
a ponto de ser chamado de “templo de Deus” e “templo do Espírito Santo”
(1 Co 6.19).
De igual modo, escrevemos sobre “A Mordomia da Alma e do Espírito” à
luz da Bíblia, mostrando que a parte interior do nosso ser precisa ser cuidada
com zelo e sabedoria para evitarmos problemas emocionais e psicológicos que
podem prejudicar a vida cristã.
Nos capítulos seguintes, falamos sobre “A Mordomia da Família”, como
digna de prioridade em nosso programa de vida. Valorizamos a “Igreja Local”,
falando sobre como servir a Deus tanto na igreja local quanto através dela.
Na sequência, falamos sobre “A Mordomia da Adoração”, alertando para
as distorções que há nessa área. Depois, passamos para a área da “Mordomia dos
Dízimos e Ofertas” como expressão de nossa gratidão a Deus. Damos atenção
à “Mordomia do Tempo” como cuidado indispensável para não perdermos
esse fator tão importante para o nosso serviço a Deus. Em seguida, analisa-
mos “A Mordomia do Trabalho” e “A Mordomia das Finanças”, que são de
grande importância para saber viver e administrar os recursos financeiros.
Nos três últimos capítulos, dedicamos espaço para analisar a importância
da contribuição dos cristãos com a “Mordomia das Obras de Misericórdia”
e do cuidado com o meio ambiente, com nossa consciência cristã para zelar
pela “Mordomia da Terra”, e, finalmente, concluímos com a exortação para
que nos tornemos, de fato, “mordomos fiéis”, servindo ao Senhor com alegria
e santidade.
Mais uma vez, esperamos contribuir com o público cristão, em especial
o da Assembleia de Deus no Brasil, com um trabalho literário de grande
significado e relevância para servirmos a Deus conforme os ditames de sua
Santa Palavra.
Elinaldo Renovato de Lima – Pastor
Parnamirim, RN, em 24 de setembro de 2018.
SUMÁRIO
Apresentação-------------------------------------------------------------- 5
Capítulo 1
A Mordomia Cristã ------------------------------------------------------------------- 9
Capítulo 2
A Mordomia do Corpo --------------------------------------------------------------21
Capítulo 3
A Mordomia da Alma e do Espírito Humano --------------------------------- 35
Capítulo 4
A Mordomia da Família ------------------------------------------------------------ 45
Capítulo 5
A Mordomia da Igreja Local ------------------------------------------------------ 61
Capítulo 6
A Mordomia da Adoração --------------------------------------------------------- 73
Capítulo 7
A Mordomia dos Dízimos e Ofertas --------------------------------------------- 85
Capítulo 8
A Mordomia do Tempo ------------------------------------------------------------ 95
Capítulo 9
A Mordomia do Trabalho ------------------------------------------------------- 109
Capítulo 10
A Mordomia das Finanças ------------------------------------------------------- 121
Capítulo 11
A Mordomia das Obras de Misericórdia ------------------------------------- 133
Capítulo 12
A Mordomia do Cuidado com a Terra --------------------------------------- 143
Capítulo 13
Decida-se por Ser um Mordomo Fiel ----------------------------------------- 151
Em meio ao plano de redenção da humanidade, Deus enviou Jesus
Cristo, “o qual se deu a si mesmo por nós, para nos remir de toda
iniquidade e purificar para si um povo seu especial, zeloso de
boas obras” (Tt 2.14). Esse “povo seu especial” é o povo de Deus, reunido
em todos os tempos e em todos os lugares na Igreja de Nosso Senhor Jesus
Cristo. Todos os que, de fato, pertencem à Igreja de Jesus Cristo são chama-
dos “cristãos”. Nessa condição especial, os cristãos têm o dever espiritual e
moral de zelar, cuidar e administrar os bens que Deus tem-lhes dado, tanto
no plano espiritual quanto no plano material. Como a Igreja de Cristo não
recebeu a missão primordial de cuidar do planeta como ocorreu com Adão,
a Igreja cuida precipuamente dos bens espirituais e morais que Deus deu
a ela mediante a proclamação do Evangelho de Cristo, e mediante o zelo
pelos princípios espirituais emanados da Palavra de Deus e do zelo pela fé
e pelo amor cristão. Mas, mesmo assim, os cristãos não podem nem devem
desprezar seus deveres morais, sociais, políticos e materiais que envolvem a
realidade humana à sua volta.
No sentido geral, a palavra “mordomia” (gr. oikonomia) tem o significado
de “administração da casa”, como lemos em Lucas 12.42, 16.2-4, Roma-
nos 16.23 e outras referências. Dessa palavra, vem o termo economia, com
o sentido de administração dos recursos escassos e recursos econômicos de
um país, de uma nação ou de uma organização ou empresa. O mordomo
é o administrador dos bens de um senhor, de um dono, de um proprietário
rico, que tem muitos bens, entregando-os a uma pessoa de sua confiança, um
despenseiro (gr. oikonomos), que é o administrador incumbido de importantes
tarefas que deverão ser realizadas e supervisionadas. Deus levantou um povo
“especial, zeloso e de boas obras”, a Igreja, para cuidar dos interesses do seu
Reino na terra. Essa mordomia especial cuida dos bens espirituais, humanos
e materiais em nome do Rei dos reis e Senhor dos senhores. Entendemos
por “bens espirituais” os recursos e os meios confiados à Igreja, no âmbito
das coisas espirituais por excelência, distintos dos bens materiais ou naturais.
Neste capítulo, destacamos três desses bens que são relevantes e de grande
importância para a mordomia cristã.
I – CONCEITOS DE MORDOMIA
Mordomo. A palavra vem do latim majordomu, com o significado de “o
criado maior da casa”, “administrador dos bens de uma casa”, “ecônomo”
(Dic. Aurélio). Na Bíblia, aparece diversas vezes a função do mordomo, que
era (e ainda é) a pessoa encarregada de administrar os bens de um senhor,
de um proprietário, de um homem que tem bens ou posses ou de uma orga-
nização, hoje com outros nomes, na administração moderna. Tanto no AT
quanto no NT, vemos que essa figura corresponde à do administrador.
No Antigo Testamento. A palavra mordomo, no hebraico, é Ha-ish
asher al: “homem que está sobre”, referindo-se ao mordomo de José (Gn 43.19);
Asher al bayth: “quem está sobre a casa” — idem (Gn 44.4); Bem mesheq: “filho da
aquisição”, referindo-se a Eliézer, o mordomo de Abraão (Gn 15.2). A palavra
sempre se refere a uma pessoa de elevada confiança, a quem um rico proprie-
tário confia os seus bens, bem como a administração de sua casa e dos seus
empregados ou servos.
No Novo Testamento. Há várias palavras gregas traduzidas por mor-
domo. Epitropos: Com o significado de “encarregado”. Vemos essa palavra
em Mateus 20.8 (o mordomo da Parábola dos trabalhadores); em Lucas 8.3
(ref. a Cuza, procurador ou mordomo de Herodes); Gálatas 4.2 (ref. a tutores
e curadores de um menor). Oikonómos: Significa “mordomo”. Encontramos
esse termo em Lucas 12.42 (o “mordomo fiel e prudente”); Lucas 16.1 (ref.
ao mordomo infiel); Romanos 16.23 (“o procurador da Cidade”); 1 Corín-
tios 4.1,2 (“despenseiros de Cristo”). A palavra vem de oiko (casa) e nomos
(administrador, despenseiro). O dono da casa era o oikodespotes (Mc 14.14).
Mordomia. Mordomia significa “cargo ou ofício do mordomo; mor-
domado”. Tem origem no termo oikonomia, do grego. Encontramos essa
expressão em alguns textos do Novo Testamento, como, por exemplo, na
Parábola do Mordomo Infiel” (Lc 16.1-4). Mordomia também pode ser en-
tendida como “dispensação” (1 Co 9.16,17).
Na Bíblia, mordomia quer dizer todo o serviço que realizamos para
Deus e todo o comportamento que apresentamos como cristãos diante de
Deus e dos homens; é a administração dos bens espirituais e materiais, tanto em
termos individuais, por meio do corpo e das faculdades emocionais e físicas, concedidas por Deus, como por meio da ação administrativa dos bens
espirituais e materiais à disposição da igreja local. A mordomia cristã está
ligada à Filosofia e à Ética, com base nos princípios da Palavra de Deus.
No presente, as igrejas locais ou as denominações reconhecem o valor
da Administração Eclesiástica, com seus aspectos científicos e técnicos de
gestão de organizações, de pessoas ou materiais. Essa expressão tornou-se
conhecida há poucas décadas, quando as igrejas passaram a preocupar-se em
utilizar a terminologia, bem como as orientações das ciências administrativas
no âmbito da igreja local. Nos tempos antigos, todas as atividades confiadas
a um mordomo (administrador) eram denominadas de mordomia. Assim
como a palavra mordomo sugere a pessoas do administrador doméstico, a
palavra mordomia, na sua etimologia, geralmente se refere à administração
de atividades domésticas.
II – A MORDOMIA ESPIRITUAL DO CRISTÃO
Neste tópico, analisamos a mordomia dos cristãos como cidadãos do céu
e também cidadãos da terra. Como pessoas ou indivíduos, temos grandes
responsabilidades diante de Deus, pois devemos ser referência para o mundo
(Mt 5.13-16).
A Mordomia do Amor Cristão. A mordomia cristã deve dar gran-
de valor à prática do amor. Um fariseu, “doutor da lei”, resolveu testar
Jesus quanto à sua visão sobre os mandamentos da Lei de Moisés. Ele
conhecia bem os Dez Mandamentos. Abordando Jesus, indagou: “Mestre,
qual é o grande mandamento da lei?” (Mt 22.36). E Jesus respondeu de
maneira sábia, serena e consistente, de tal forma que deixou seu interlocutor e os demais ouvintes admirados com sua doutrina.
Amar a Deus de todo o coração. Respondendo ao fariseu, Jesus
disse: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração [...]” (Mt 22.37a).
Podemos imaginar a expressão inquiridora do fariseu olhando para Jesus e ou-
vindo sua sábia resposta. Amar a Deus de todo o coração é um desafio enorme
para o ser humano, pois este está prejudicado pelo pecado. A desobediência a
Deus no início de tudo causou profundas transformações na mente humana.
O homem passou a ser egoísta e individualista. Haja vista o que ocorreu quando do assassinato de Abel por Caim. Quando Deus perguntou ao homicida
onde estava seu irmão, ele respondeu cinicamente com uma pergunta: “Não
sei; sou eu guardador do meu irmão?” (Gn 4.9).
Amar a Deus de toda a alma e pensamento. A mordomia cristã
valoriza o interior do ser humano. A alma é a sede dos pensamentos e das
emoções. Na resposta ao fariseu, Jesus enfatizou que faz parte do primeiro e
grande mandamento amar a Deus de toda a alma e de todo o pensamento.
Em consequência do que foi escrito no item anterior sobre o amor a Deus de
todo o coração, ou seja, de todo o interior do ser, é indispensável que os senti-
mentos, os pensamentos e as emoções sejam de tal forma voltados para Deus
a ponto de expressar o amor que Ele requer de seus servos.
Assim, o mordomo cristão deve amar a Deus de toda a alma e de todo o
coração. É um desafio para todos os que querem viver de modo digno e santo
em toda a maneira de viver (1 Pe 1.15).
Amar o próximo como a si mesmo. No mundo atual, sem qualquer
ranço pessimista, pode-se ver que o desamor é a tônica entre muitas pessoas,
entre países, entre famílias e até entre cristãos. O próximo é aquele que faz o
bem a quem está a seu alcance, como o samaritano, que cuidou do viajante,
estrangeiro e caído à beira do caminho (Lc 10.30-37). O individualismo e o
egoísmo humanos têm dificultado e até impedido gestos de amor ao próximo.
Mas quem é o próximo?
(1) O próximo é nosso familiar. Na prática, no dia a dia, parece que é
mais fácil fazer o bem a quem está bem longe. Nos lares, é comum os pais não
terem gestos de afeto e carinho para com seus filhos; e os filhos dificilmente
demonstram afeto a seus pais por falta de exemplo dos genitores. Em geral,
os maridos têm dificuldade de demonstrar amor por suas esposas, e estas, aos
esposos. Mas, se amamos a nós mesmos, como cristãos, devemos tomar esse
amor próprio como referência para amar aqueles que nos são caros e que
estão ao nosso redor. Talvez a maior demonstração de amor pelos familiares
é falar do amor de Deus para os que não são cristãos. Há uma promessa
gloriosa para quem tem Jesus, que é a de ver a salvação de toda a sua família
(At 16.31). Em muitos casos, porém, a falta de amor entre os parentes, primos, sobrinhos e irmãos carnais tem contribuído para que muitos não sejam
motivados a aceitar a Cristo como Salvador. Por isso, é necessário demonstrarmos amor aos nossos parentes, que são nossos próximos mais próximos. É
um mandamento bíblico: “Vós, maridos, amai vossa mulher, como também
Cristo amou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25). As mulheres
devem amar seus maridos e a seus filhos (Tt 2.4b). Em consequência, os pais
devem amar os filhos, e estes a seus pais. O amor no lar fecha todas as brechas
para o adversário da família.
(2) O próximo é nosso irmão em Cristo. Na igreja local, temos uma
oportunidade grande de exercitar o amor por nossos irmãos de fé. É necessário
demonstrar amor uns pelos outros. Jesus disse: “Um novo mandamento vos
dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós
uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se
vos amardes uns aos outros” (Jo 13.34,35). É um tremendo desafio ser discípulo
de Jesus. O amor aos irmãos é a “marca do cristão” perante Deus e perante
os de fora. Amar de forma fingida, parcial e com engano não é amar como
nos ama Cristo. É amar de todo o coração. Diz Pedro: “Purificando a vossa
alma na obediência à verdade, para amor fraternal, não fingido, amai-vos
ardentemente uns aos outros, com um coração puro” (1 Pe 1.22).
(3) O próximo é nosso vizinho de rua ou de prédio. Quando dirigi
a Secretaria de Missões, pude verificar que há pessoas que estão dispostas a
ir ao Japão, à China ou à Europa para serem missionárias, mas não querem
sequer dar um bom-dia para o vizinho. São pessoas que nunca se esforçaram
para falar da Palavra de Deus para o vizinho da rua ou do apartamento do
prédio onde moram. Mas eles estão ali, bem próximos. E, se não ouvirem falar
do amor de Deus, irão para o Inferno. E a palavra de Deus exorta: “Livra os
que estão destinados à morte e salva os que são levados para a matança, se
os puderes retirar” (Pv 24.11).
(4) O próximo é o colega ou o professor da escola. Numa determinada
faculdade de Medicina, uma jovem, membro de uma igreja evangélica, passou
os seis anos do curso estudando, porém nunca se apresentou como cristã. Ela, no
entanto, sempre estava presente nos cultos, participava dos trabalhos da igreja
local e até mesmo da evangelização. Em sua escola, todavia, fazia questão de
ficar oculta quanto à sua fé. Era a luz debaixo do alqueire. Entretanto, ao final
do curso, fez parte da comissão organizadora das solenidades de formatura,
que incluíam a realização de uma missa e, também, de um culto, pois havia
mais algumas alunas evangélicas. Quando ela foi entregar o convite pessoal
para uma das professoras, uma médica, essa disse à jovem: “Você é crente?
Como nunca falou de Deus para mim? Estou passando grandes tribulações na
minha vida e preciso que alguém me fale de Deus! E você ficou aí calada esse
tempo todo? Preciso ir a uma igreja!”. A jovem ficou sem palavras. A surpresa
da professora feriu-lhe o coração e a alma. Um remorso tomou conta do seu
ser. Ela pediu desculpas, mas disse que, se quisesse, poderia recebê-la na igreja
onde ela congregava. E, para sua alegria, a professora dirigiu-se à igreja e lá
aceitou a Cristo como Salvador. A jovem era próxima, mas não se motivou a
fazer nada enquanto estudava na faculdade.
(5) O próximo é o colega de trabalho. Hoje, graças a Deus, é difícil
haver uma repartição municipal, estadual ou federal em que não haja diversos
cristãos trabalhando ali. Da mesma forma, em muitas empresas e organizações,
em escolas e universidades, há muitos crentes em Jesus, e as pessoas incrédulas
estão ali, famintas e sedentas de Deus, de paz e de salvação. No meio do ambiente
de trabalho, há dezenas de pessoas, vítimas do vício, das drogas e da prostituição.
A maioria delas jamais adentrará pelas portas de uma igreja evangélica. Essas
pessoas estão feridas, caídas à beira do caminho. Quem é o seu próximo? Quem
vai ajudá-las a sair da perdição e ser saradas das feridas espirituais? As atrizes
das novelas? Os atores de cinema? Os políticos? Certamente, não. Se houver
o amor ao próximo no coração dos cristãos, estes haverão de falar do amor de
Deus aos colegas de trabalho, e alguns, ainda que poucos, haverão de encontrar
a salvação em Cristo Jesus. Ele mandou pregar a toda criatura (Mc 16.15).
(6) O próximo é o carente ou excluído social. No mundo, as economias crescem e também se desenvolvem graças à chamada globalização, em
que se maximizam os lucros através da diminuição dos custos pela utilização
da tecnologia avançada ao lado do uso exploratório de mão de obra barata
nos países emergentes. A vida de milhões de pessoas melhorou graças a maior
produção de bens e de oportunidades de trabalho. Porém, ainda há muitos
milhões de excluídos dos resultados econômicos; há muitos pobres e miseráveis
que não têm sequer o mínimo de calorias para manter uma vida saudável
por comerem somente uma vez por dia. Eles estão por aí, na periferia das
cidades e metrópoles — e alguns são evangélicos. E, pasmemos, há igrejas
onde o luxo é tão grande que os miseráveis não conseguem entrar — e nem
são bem recebidos quando entram. São igrejas da “classe A”! Um pastor
disse-me que, numa igreja, quando um pobre vai à frente, seu nome sequer
é anotado. É aconselhado a procurar uma igreja mais próxima de sua casa e
que tenha pessoas do seu nível social. Nessas igrejas, o carpinteiro de Nazaré
talvez se sentisse pouco à vontade.
Para os excluídos, não adianta pregar apenas com palavras. É necessário
demonstrar amor por eles falando e agindo, pregando e dando o pão cotidiano,
assistindo, dando o peixe e, mais que isso, ensinando a pescar, para que experimentem algum tipo de ascensão social (Tg 2.14-17).
A Mordomia da Fé Cristã. A palavra fé (gr. pisteuõ; lat. Fides) é “a confiança que depositamos em todas as providências de Deus. É a crença de que ele está no comando de tudo, e que é capaz de manter as leis que estabeleceu.
É a convicção de que a sua palavra é a verdade”.1
A melhor definição de fé é enunciada pelo autor do livro aos Hebreus, que recebeu uma profunda inspiração para a descrição dessa virtude cristã: “Ora, a fé é o firme fundamento
das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não veem” (Hb 11.1).
Nessa definição, vemos três elementos essenciais à fé:
1. Ela é fundamento ou base para a confiança em Deus;
2. Ela envolve a esperança ou expectativa segura do que se espera da parte
de Deus;
3. Ela é “a prova das coisas que não se veem”, mas são esperadas, ou significa
convicção antecipada.
O dom da fé tem lugar especial na mordomia cristã. É a capacidade
concedida pelo Espírito Santo para o crente realizar coisas que transcendem
à esfera natural, visando o benefício e a edificação da igreja. O dom da fé
“pode ser considerado como um dom especial da fé para uma necessidade
particular. Alguns o definem como ‘a fé que remove montanhas’, trazendo
manifestações incomuns ou extraordinárias do poder de Deus”.2
Esse dom é concedido num momento especial, quando só um milagre resolve algo que
não tem solução no meio da igreja ou na vida de um servo de Deus que atende
a seus propósitos. Esse dom da fé não se desenvolve, mas é concedido, em
ocasiões especiais, para a resolução de algum problema insolúvel aos meios
normais, racionais ou naturais, sendo somente dado àquele que já tem fé
em Deus e em sua promessas. “Esse dom opera também em conjunto com
vários outros dons”.3
A Fé como Patrimônio Espiritual. A fé cristã é o depósito espiritual, acumulado durante toda a vida cristã. Seu valor é inestimável em termos
humanos ou materiais. Sem dúvida, a fé tem sentido espiritual profundo
naquilo que o crente deve guardar para não perder a sua “coroa” (Ap 3.11).
Paulo, antevendo o final de sua vida, serenamente esperou a morte com re-
signação e coragem. Ao escrever para seu jovem discípulo, Timóteo, disse:
“Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé. Desde agora,
a coroa da justiça me está guardada, a qual o Senhor, justo juiz, me dará
naquele Dia; e não somente a mim, mas também a todos os que amarem a
sua vinda” (2 Tm 4.7,8).
O apóstolo dos gentios tinha convicção de que todas as lutas pelas quais
passara, em meio a tribulações diversas, nas perseguições que sofrera, tanto
dos judeus quanto dos “falsos irmãos”, bem como as enfermidades que lhe
acometeram, a ingratidão de tantos a quem ajudou, o desprezo de alguns,
tudo isso lhe assegurou experiências especiais com Cristo para que chegasse
ao fim da jornada cristã, não como derrotado, frustrado ou decepcionado.
Pelo contrário, como um vencedor, um campeão da fé. Ele sentiu-se um
vencedor não de um combate qualquer, mas do “bom combate”, ou nobre
(gr. kalon) combate, tomando esse termo como uma metáfora emprestada
das competições nos esportes, que ele bem conhecia, ou dos combates militares, que lhe eram bem familiares. Ou seja, ele não combatera de qualquer
forma, mas de maneira legítima e nobre.
Ele exortou Timóteo a lutar e a sofrer a seu lado no grande combate
pela fé cristã. “Sofre, pois, comigo, as aflições, como bom soldado de Jesus
Cristo. Ninguém que milita se embaraça com negócio desta vida, a fim de
agradar àquele que o alistou para a guerra. E, se alguém também milita,
não é coroado se não militar legitimamente” (2 Tm 2.3-5). Se houve alguém
que lutou de forma aguerrida o combate cristão, esse alguém foi Paulo. Em
seu “cântico de vitória”, descrevendo lutas, vicissitudes e obstáculos, ele
declarou de forma solene: “Mas em todas estas coisas somos mais do que
vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a
morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades,
nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem
alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em
Cristo Jesus, nosso Senhor!” (Rm 8.37-39). Nos seus últimos dias, Paulo
confirmou perante Timóteo e os irmãos em Cristo que estava consciente
de que combatera o bom combate, acabara a carreira e guardara “a fé” (2
Tm 4.7,8). Ele foi um mordomo fiel e sabia que seria galardoado por Deus
com “a coroa da justiça”.
III – A MORDOMIA DOS BENS MATERIAIS
Aos ímpios, que ignoram a Deus, Ele permite que adquiram e possuam
bens materiais, mas a seus servos, que nEle confiam, não apenas permite,
como também lhes dá, como bênçãos a serem desfrutadas na vida terrena.
Diz Davi: “Porque quem sou eu, e quem é o meu povo, que tivéssemos poder
para tão voluntariamente dar semelhantes coisas? Porque tudo vem de ti, e
da tua mão to damos” (1 Cr 29.14).
O Cristão e as Finanças. Em sua mordomia dos bens materiais, o
cristão deve trabalhar para ganhar o dinheiro para sua sobrevivência com
trabalho honesto. Não deve aceitar trabalhar em lugares que incentivam o
pecado ou ganhos ilícitos e corruptos. A ética bíblica orienta-nos que de-
vemos trabalhar com afinco. Desde o Gênesis, após a Queda, vemos que o
homem deve empregar esforço para obter os bens de que necessita. Disse
Deus: “No suor do teu rosto, comerás o teu pão [...]” (Gn 3.19 a). O após-
tolo Paulo escreveu, dizendo: “Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso
trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para não sermos pesados a
nenhum de vós, vos pregamos o evangelho de Deus” (1 Ts 2.9). “E procureis
viver quietos, e tratar dos vossos próprios negócios, e trabalhar com vossas
próprias mãos, como já vo-lo temos mandado” (1 Ts 4.11). Esse texto, to-
mando o exemplo do apóstolo, orienta-nos que devemos trabalhar de modo
diuturno, “para não sermos pesados” a ninguém.4
A preguiça é um pecado
intolerável aos olhos de Deus. O Senhor exorta o preguiçoso a aprender
com as formigas, que trabalham no verão para ter mantimento no inverno
(Pv 6.6,9; 10.26 e ref.).
O Cristão e as Riquezas. Deus não demoniza a riqueza nem divi-
niza a pobreza. A mordomia cristã, porém, deve levar o crente a viver de
forma honesta, sem ambições exageradas, sem avareza e cobiça de coisas
materiais. O cristão não deve recorrer a meios ou práticas ilícitas para ga-
nhar dinheiro através do jogo, do bingo, da rifa, das loterias e de outras
formas “fáceis” de buscar riquezas. Em Provérbios, lemos: “O homem fiel
abundará em bênçãos, mas o que se apressa a enriquecer não ficará sem
castigo” (Pv 28.20). O cristão também não deve frequentar casas de jogos,
como cassinos e assemelhados. Esses ambientes estão sempre associados a
outros tipos de práticas desonestas, como prostituição e drogas.
Avareza é o amor ao dinheiro. Uma compulsão para enriquecer a qual-
quer custo. É uma escravidão ao vil metal. Diz a Bíblia: “Porque o amor do
dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram
da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1 Tm 6.10). Deus
não condena a riqueza em si, mas a ambição, a cobiça e a avareza. Abraão
era um homem muito rico; Jó era riquíssimo, tanto antes quanto depois de
sua provação (Jó 1.3,10); Davi, Salomão e outros reis acumularam muitas
riquezas, e nenhum deles foi condenado por isso. O que Deus condena é a
ganância, a ambição desenfreada por riquezas (cf. Pv 28.20). Jesus asseverou:
“E disse-lhes: Acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qual-
quer não consiste na abundância do que possui” (Lc 12.15). Na Parábola do
rico insensato, Jesus censurou a ambição por riquezas. “Mas Deus lhe disse:
Louco, esta noite te pedirão a tua alma, e o que tens preparado para quem
será? Assim é aquele que para si ajunta tesouros e não é rico para com Deus”
(Lc 12.20,21). A mordomia cristã desenvolve-se quando damos prioridade às
riquezas espirituais, que não são privilégios dos ricos desse mundo, mas de
todos os que se voltam para Deus, valorizando os bens espirituais. Jesus disse:
“Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem,
e onde os ladrões não minam, nem roubam” (Mt 6.20).
O Cristão e a Contribuição para a Igreja. A mordomia cristã
reconhece que a Igreja do Senhor, no seu aspecto organizacional, necessita
de recursos financeiros. As igrejas cristãs não devem ter suas necessidades
materiais financiadas por governos ou qualquer outra fonte que não esteja
definida na Palavra de Deus. Um velho pastor dizia: “O dinheiro de Deus
está no bolso dos crentes”. De fato, no que tange à parte material, Deus
mantém sua igreja por meio dos recursos que Ele mesmo concede a seus
servos. Na igreja, há várias maneiras pelas quais o cristão pode e deve contribuir de modo positivo e abençoado, contribuindo, assim, para o engrandecimento e manutenção da Obra do Senhor.
Contribuindo com os recursos que Deus confia a seu povo.
Considerando que tudo o que temos vem de Deus, desde a vida, o corpo, a
saúde, os talentos, o tempo, as oportunidades e tudo o que é bom para nosso
viver digno, devemos contribuir para a Igreja, basicamente, das seguintes
formas: contribuindo com recursos financeiros, através da entrega dos dí-
zimos, como requerimento de Deus a seu povo, para manutenção de sua
casa (cf. Ml 3.8-12) e contribuindo com “ofertas alçadas” ou contribuições
voluntárias para as necessidades da obra do Senhor. No Novo Testamento,
o dízimo não foi abolido. Jesus, porém, trouxe a maneira correta da entrega
dos dízimos. Jesus repreendeu os fariseus, que entregavam os dízimos das
coisas pequenas, mas esqueciam-se do mais importante da Lei: “o juízo, a
misericórdia e a fé”. Diante dessa distorção, Jesus mandou fazer a entrega
dos dízimos sem deixar de cumprir o mais importante da Lei.
No Antigo Testamento, o dízimo era para sustento dos sacerdotes e
levitas. E hoje, será que não há mais essa necessidade? Claro que sim. Os
obreiros que vivem do evangelho em tempo integral precisam ser mantidos
pelo evangelho. Diz Paulo: “Não sabeis vós que os que administram o que é
sagrado comem do que é do templo? E que os que estão de contínuo estão
junto ao altar participam do altar? Assim ordenou também o Senhor aos
que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho” (1 Co 9.13). O dízimo
era para ajudar os órfãos e as viúvas. Hoje, da mesma forma, há muitos
necessitados nas igrejas, e estes não podem viver de esmolas. O salmista
disse: “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi desamparado o justo, nem
a sua descendência a mendigar o pão” (Sl 37.25). No Novo Testamento,
cuidar dos órfãos e das viúvas é “a verdadeira religião” (Tg 1.27). Diante
dessa fundamentação bíblica, a mordomia do dízimo é de indispensável
importância na vida da igreja. O ensino do dízimo deve ser ministrado de
forma clara e estar fundamentado na Palavra de Deus, estimulando, assim,
a prática saudável da entrega dos dízimos na Casa do Senhor.
Doando-nos para a obra do Senhor. Além de nossa contribuição
financeira para a igreja do Senhor, devemos ofertar a nós mesmos, doando-
-nos conforme nossas capacidades para fazer algum trabalho na igreja local.
O Cristão e as Finanças no Lar e no Trabalho. No capítulo 10,
abordaremos melhor e mais amplamente sobre esse tema. Grande parte
das pessoas não sabe exercer a mordomia das finanças no lar e no traba-
lho. Há crentes que vivem em dificuldade financeira, devendo emprésti-
mos ou adiantamentos de salário, porque não sabem cuidar das finanças
no seu lar. Gastam além de suas rendas, muitas vezes, deixando de pagar os
compromissos, causando escândalo ao bom nome do evangelho. Dívidas
contribuem para o desgaste no casamento e na família, levando muitos a
tornarem-se devedores contínuos, dependentes de empréstimos que não
conseguem pagar. A Palavra de Deus, todavia, tem orientações práticas
quanto à administração dos recursos financeiros. Paulo ensina o equilíbrio
no trato com os bens materiais. “Não digo isto como por necessidade, por-
que já aprendi a contentar-me com o que tenho” (Fp 4.11).
CONCLUSÃO
O dinheiro é um meio de troca importante para as transações entre pessoas
e empresas. O que a Bíblia condena não é o dinheiro em si, mas o amor ao
dinheiro (avareza), que é “a raiz de toda espécie de males”. A riqueza também
não é condenada por Deus, desde que seja obtida por meios lícitos e trabalho
honesto. O dinheiro pode ser uma bênção ou uma maldição, dependendo do
uso que fazemos dele. Se o fizermos para a glória de Deus e com gratidão pelos
bens adquiridos, seremos recompensados pelo Senhor. Que possamos utilizar
os recursos financeiros de modo honesto, como verdadeiros mordomos de
Nosso Senhor Jesus Cristo. Que o Senhor nos ensine a usar da melhor maneira
possível os recursos financeiros ao nosso dispor, como bênçãos de sua parte.
TEMPO, BENS E TALENTOS
Sendo mordomo fiel e prudente
com as coisas que Deus nos tem dado
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Introdução ao Curso
COMO SER UM MORDOMO FIEL
Unidade 1O
Que A Bíblia Diz Sobre Mordomia 11
DEUS HOMEM
Lição 1
Deus, o Dono Absoluto de Tudo
O mordomo ou
administrador precisa saber exatamente para quem trabalha. Caso contrário, como
saberá a quem deve prestar contas de seu trabalho?
O propósito desta primeira lição é salientar a verdade básica sobre a qual se alicerça todo este curso. Essa verdade consiste em que nós nãosomos os verdadeiros proprietários daquilo que está em nosso poder, mas sim Deus: Ele é o dono legítimo de tudo quanto existe. Como um obreiro cristão, ou um crente, você precisa estar ciente de que o trabalho que realiza não deve ser feito para si próprio, mas para Deus, que é o dono e o Senhor de sua vida e de tudo o que possui .Se realmente compreender essa verdade em seu sentido mais amplo,certamente experimentará uma revolução em sua vida e em seu ministério. 13
O propósito desta primeira lição é salientar a verdade básica sobre a qual se alicerça todo este curso. Essa verdade consiste em que nós nãosomos os verdadeiros proprietários daquilo que está em nosso poder, mas sim Deus: Ele é o dono legítimo de tudo quanto existe. Como um obreiro cristão, ou um crente, você precisa estar ciente de que o trabalho que realiza não deve ser feito para si próprio, mas para Deus, que é o dono e o Senhor de sua vida e de tudo o que possui .Se realmente compreender essa verdade em seu sentido mais amplo,certamente experimentará uma revolução em sua vida e em seu ministério. 13
E, sem
sombra de dúvida, isso mudará sua maneira de pensar e todo o seu modo de viver.
ESBOÇO DA LIÇÃO 1-
Compreendendo a Idéia de Propriedade
1.1 O Falso
Conceito de Propriedade
1.2 O
Elemento Básico do Conceito de Propriedade.
1.3 Os
Atributos Exclusivos de um Proprietário
2- Identificando o Proprietário
2.1 Os Falsos Proprietários
2- Identificando o Proprietário
2.1 Os Falsos Proprietários
2.2 O
Legítimo Dono
3- Explicando os Direitos do
Proprietário
3.1 Deus nos
Criou
3.2 Deus nos
Sustenta
3.3 Deus nos
Resgatou
3.4 Deus nos
Santificou
4- Reconhecendo os Direitos do
Proprietário
4.1
Dedicando Nossa Vida e Nossos Bens
4.2 Dando
Graças
4.3
Submetendo-nos
4.4
Demonstrando Respeito
4.5
Praticando a Obediência
OBJETIVOS DA LIÇÃO
Ao terminar
esta lição, você deverá ser capaz de:
• Entender a diferença entre os conceitos falsos e os verdadeiros sobre
• propriedade
• Explicar o que a Bíblia diz sobre quem é o verdadeiro proprietário
• e o que significa isso.
• Reagir de maneira positiva ao fato de que Deus é o dono legítimo de tudo, e consagrar totalmente a Ele sua vida e todos os seus bens.
• Entender a diferença entre os conceitos falsos e os verdadeiros sobre
• propriedade
• Explicar o que a Bíblia diz sobre quem é o verdadeiro proprietário
• e o que significa isso.
• Reagir de maneira positiva ao fato de que Deus é o dono legítimo de tudo, e consagrar totalmente a Ele sua vida e todos os seus bens.
PALAVRAS-CHAVES
administrador herdeiro racional
arrogância legítimo resgate
atributo mordomo senhorio
diagrama perspectiva soberania
domínio pressuposição sustentar
doutrina profético usurpar exclusivo
DESENVOLVIMENTO DA LIÇÃO 1-
COMPREENDENDO A IDÉIA DE PROPRIEDADE
Objetivo 1: Distinguir entre os conceitos falsos e os
verdadeiros a respeito de propriedade.
1.1 O FALSO CONCEITO DE PROPRIEDADE
Vamos
iniciar o estudo da mordomia cristã, primeiramente discorrendo sobre o conceito
de propriedade, dando as explicações e os esclarecimentos necessários. Alguns
crêem que o simples fato de possuir ou utilizar algo faz com que sejam
considerados donos legítimos do que está em seu poder.Essa me parece ser uma
idéia profundamente enraizada na natureza humana.Desde a mais tenra idade,
agimos de acordo com ela. Simplesmente tente tirar alguma coisa das mãos de uma
criança de quatro anos, e certamente verá seu choro de protesto. É claro que
poderemos perfeitamente fazer uso de algo que alugamos ou pegamos emprestado,
mas o simples fato de estarem nosso poder não nos transforma em donos. É possível que alguns tenham o hábito de
não devolver o que pegam emprestado por não terem uma idéia exata do que seja o
direito de propriedade. Conheci um certo jovem que recebeu uma carta, na qual o
proprietário lhe pedia que devolvesse o acordeão que havia emprestado ao rapaz.
Conversando comigo a respeito, o jovem me disse furioso: “– O dono desse
acordeão nem sequer conhece música, então para que quer o instrumento? Se
quiser comprar outro, ele tem condições e eu, não. Além disso, eu uso esse
acordeão na obra do Senhor.” Como você
pode ver, esse jovem não tinha a menor intenção de devolver o instrumento. O leitor precisa ser capaz de
mostrar a diferença entre “posse” e “propriedade” para compreender a doutrina
da mordomia cristã. Os discípulos da igreja primitiva nos dão um exemplo
marcante de pessoas que fizeram essa distinção. Em Atos 4.32 lemos que “ninguém
considerava exclusivamente sua nenhuma das coisas que possuía”.
1.2 O ELEMENTO BÁSICO DO CONCEITO DE PROPRIEDADE
Talvez você
pergunte: “O que dá a alguém o direito de propriedade?”Eu poderia responder: “O
que faz de alguém o legítimo proprietário de alguma coisa é o poder de impedir que
qualquer outra pessoa se aposseou faça uso daquilo que ele considera
propriedade sua”. Suponhamos, por exemplo, que você decida deixar uma de suas
cadeiras no terraço de sua casa,permitindo que o sol e a chuva a danifiquem.
Você nunca usa a cadeira, mas também não permite que ninguém mais a use. Porém,
se acaso outra pessoa pegar a cadeira e levá-la para si será acusada de furto.
E, a rigor, o dono da cadeira está em seu direito; as leis o apóiam. Isso
acontece dessa maneira porque os valores deste mundo, essa prerrogativa de
impedir que outros façam uso de determinada coisa, são a base do conceito de
propriedade. Essa idéia parece
egoísta. E é. Não é o conceito bíblico de propriedade;mas, sim, de alguém que
controla a sociedade mundial. Mais adiante,
entretanto,
veremos qual é o ponto de vista bíblico sobre o assunto.Observação: Antes de
responder à pergunta abaixo, releia as instruções sobre como responder às
perguntas de estudo. Faça o mesmo sempre que julgar necessário ao responder
essas questões.
1.3 OS ATRIBUTOS EXCLUSIVOS DE UM PROPRIETÁRIO
O
proprietário possui determinados atributos, os quais chamamos de “direitos”,
que um locatário, alguém que pegou algo emprestado ou qualquer outro usuário
não possui. Os atributos ou direitos do proprietário são exclusivos. O
proprietário pode fazer o que bem entender com aquilo que é seu. Pode “usar e
abusar” do que lhe pertence. Pode vender, trocar ou jogar fora. Pode ainda
esbanjar ou ignorar sua propriedade. Pode até mesmo destruí-la, se assim o
desejar, e ninguém pode impedi-lo. Afinal,ele é o dono. A este atributo
chamamos soberania, a qual o proprietário tem sobre sua propriedade. No decorrer da história, a escravatura
existiu em várias partes do mundo. O escravo pertence ao seu proprietário ou
senhor, que o adquire no “mercado de escravos” ou, ainda, vindo como
prisioneiro de guerra.Sendo o escravo propriedade de seu senhor, este tem
autoridade ou domínio sobre ele. Em outras palavras, o senhor tem o direito de
ordenar,e o escravo tem o dever de obedecer. Com base nessas
considerações,podemos concluir que o proprietário possui soberania sobre todas
as coisas que lhe pertencem mas, com relação a pessoas, ele tem domínio ou autoridade.
Um escravo eventualmente pode se rebelar contra seu senhor,desobedecendo-o, ao
passo que um ser inanimado, por não ser dotado de personalidade, sempre estará
sob o controle total de seu proprietário.
No
desenvolvimento desta lição voltaremos a abordar a questão dos atributos do
proprietário.
2- IDENTIFICANDO O
PROPRIETÁRIO
Objetivo 2:
Selecionar
declarações que identifiquem o verdadeiro proprietário e fatos sobre seus
direitos de propriedade.
2.1 OS FALSOS PROPRIETÁRIOS
Todos nós possuímos algo que
consideramos nosso. Mas será que realmente somos os donos absolutos do que
possuímos? Se não, quem o é?Antes de respondermos a essas questões, seria muito
bom considerarmos esses dois conceitos que, vale dizer, são opostos àquilo em
que cremos com relação a quem seja o legítimo proprietário dos nossos
pertences.
O Indivíduo Como o Proprietário
O conceito
que tem perdurado por centenas de anos, ganhando ainda mais força no século
XIX, é que o legítimo dono é o indivíduo. Entretanto,a deficiência principal
desse conceito é o fato de que, ao longo da história,ele tem servido de
justificativa para o egocentrismo natural do ser humano,trazendo ainda mais
injustiças ao mundo. Segundo essa mentalidade,ainda que alguém tenha recursos
ou bens suficientes para ajudar a supriras necessidades de seu próximo, se não
quiser fazê-lo voluntariamente,nada há que o obrigue a isso. Ele é soberano com
relação a todos os aspectos da administração de seus bens. O homem rico, ao
recusar-se a dar de comer ao mendigo Lázaro, estava agindo exatamente assim,
como se ele fosse o dono absoluto de seus bens (Lc 16.19-21).
Essa
conceituação de propriedade tem sofrido algumas alterações nos últimos anos. Em
determinados países, a lei permite a desapropriação de uma propriedade
individual para proporcionar um benefício coletivo. Isso significa que a pessoa
deve vender sua propriedade se essa medida for o melhor para a comunidade.
Apesar disso, esse conceito de propriedade é bem diferente do conceito bíblico.
A Comunidade Como a Proprietária
Outra crença corrente é a de que a comunidade é a dona legítima de tudo.De modo geral, considera-se a comunidade como um determinado grupo de pessoas. Esse conceito se mostra bastante atraente para muitos crentes ,pois lhes parece refletir o ponto de vista cristão sobre o assunto. Eles se baseiam no texto de Atos 2.44,45, que relata que os primeiros discípulos “tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens,distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”.Outro texto também citado é Atos 4.32, onde lemos que “compartilhavam tudo o que tinham”. Todavia, é importante ressaltarmos que esses versículos nos falam mais precisamente daquilo que os cristãos fizeram em determinadas circunstâncias, não significando necessariamente que, de modo geral, esse era o pensamento predominante entre eles. Não há nenhuma passagem no Novo Testamento que afirme que os discípulos consideravam a comunidade cristã como sendo a proprietária legítima dos seus bens.
A Comunidade Como a Proprietária
Outra crença corrente é a de que a comunidade é a dona legítima de tudo.De modo geral, considera-se a comunidade como um determinado grupo de pessoas. Esse conceito se mostra bastante atraente para muitos crentes ,pois lhes parece refletir o ponto de vista cristão sobre o assunto. Eles se baseiam no texto de Atos 2.44,45, que relata que os primeiros discípulos “tinham tudo em comum. Vendiam as suas propriedades e os seus bens,distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade”.Outro texto também citado é Atos 4.32, onde lemos que “compartilhavam tudo o que tinham”. Todavia, é importante ressaltarmos que esses versículos nos falam mais precisamente daquilo que os cristãos fizeram em determinadas circunstâncias, não significando necessariamente que, de modo geral, esse era o pensamento predominante entre eles. Não há nenhuma passagem no Novo Testamento que afirme que os discípulos consideravam a comunidade cristã como sendo a proprietária legítima dos seus bens.
2.2 O LEGÍTIMO DONO
Ambos os
conceitos de propriedade que mencionamos poderão levar a posicionamentos
extremos. Contudo, sabemos que a verdade geralmente se encontra em algum ponto
intermediário entre os extremos. No caso em questão, a verdade está nas
Sagradas Escrituras, que nos mostram um outro conceito que define quem é, de
fato, o legítimo dono de tudo.
Sua Identidade
Segundo a
Bíblia, nem o indivíduo nem a comunidade têm o status de dono, mas
exclusivamente Deus. Esse conceito não apenas se encontra num ponto
intermediário em relação aos outros dois, mas sobrepõe-se a ambos.Tanto o
indivíduo quanto a comunidade são meros seres humanos, mas Deus está muito
acima do homem.
O diagrama abaixo ilustra essa verdade:
O conceito bíblico de propriedade
enfatiza que o dono legítimo é aquele que possui alguma coisa sem ter recebido
isso de alguém. O dono legítimo é aquele que não precisa de nada, porque já tem
tudo. Ora,somente Deus se enquadra nesse conceito (1 Cr 29.14; At 17.25). Já
nós,humanos, só possuímos aquilo que nos foi dado (1 Co 4.7; 1 Tm 6.7).
A Bíblia
afirma que toda a Terra pertence a Deus (Êx 19.5). Ele é o dono do ser humano,
dos animais, enfim, de tudo quanto existe no mundo (Sl 24.1; 50.10, 12; Ag
2.8). Ele é o dono absoluto de tudo quanto existe, pois “[do Senhor] é tudo
quanto há nos céus e na terra” (1 Cr 29.11). À luz desses textos bíblicos,
compreendemos o quanto é vã e presunçosa a atitude de um indivíduo ou de uma
comunidade que alimenta a pretensão de apropriar-se do que na verdade não lhe
pertence. Deus sempre será o dono de tudo.
Seu Domínio
Deus é, sem
dúvida, o dono absoluto do universo. Entretanto, a Bíblia diz que houve um
momento, muito tempo atrás, em que sua supremacia em relação ao seu direito foi
confrontada. A Palavra relata que Lúcifer, que era um dos seres mais belos
criados por Deus, rebelou-se contra Ele e, por fim,transformou-se em Satanás, o
inimigo do Criador. Esse inimigo usurpou o que, por direito, pertencia a Deus;
por isso a Bíblia o chama de “príncipe deste mundo” (Jo 12.31; 14.30; 16.11).
Satanás levou o ser humano a cair em tentação, induzindo-o também a se rebelar
contra o seu Dono. Tendo caído na cilada do diabo, a humanidade agora se
encontra sob o seu domínio. Isso tem causado todo o sofrimento e toda a
injustiça que existem na Terra.
Deus, porém,
criou um plano magnífico a fim de resgatar o que sempre foi seu. Para esse
propósito, ele escolheu a nação de Israel para ser o seu povo. Eles passaram a
ser, para Deus, um “tesouro pessoal dentre todas as nações” (Êxodo 19.5 – Nova
Versão Internacional). Nesse sentido , Israel se tornou o povo de Deus. Jesus Cristo,
o legítimo herdeiro de Deus,nasceu em Israel por determinação divina (Lc
20.13,14; Hb 1.2). Israel,porém, não se portou à altura de sua condição e, como
consequência ,perdeu temporariamente essa posição de povo de Deus (Os 1.9).
Contudo, o
fracasso de Israel não causou o fracasso do plano de Deus.No momento certo Ele
enviou Jesus Cristo, seu Filho. Satanás ofereceu a Jesus todos os reinos do
mundo (como se fossem, de fato, seus!), na condição de que o Senhor se
prostrasse perante ele e o adorasse (Mt 4.8,9).Jesus, porém, rejeitou a
proposta capciosa do usurpador, pois estava determinado a cumprir sua missão
de, por meio de seu sacrifício na cruz,resgatar o mundo do domínio de Satanás
(Jo 8.34, 36; 1 Pe 1.18,19). Jesus fundou
sua igreja como havia prometido. Desde então, essa igrejas e tornou o povo de
Deus (Rm 9.24, 25; 1 Pe 2.9,10). Todos os crentes em Cristo são propriedade de
Deus. Quando Jesus houver arrebatado sua Igreja, Israel se arrependerá de seu
pecado e novamente Deus lhe restabelecerá a condição de povo seu, juntamente
com a Igreja (Os 1.10;Rm 11.25-27). Além disso, eles serão livres do domínio de
Satanás. 20
As palavras
proféticas de Apocalipse 11.15 afirmam que se ouvirão fortes vozes proclamando
no céu: “Agora o poder para governar o mundo pertence a Deus, o nosso Senhor, e
ao Messias que ele escolheu” (A Bíblia na Linguagem de Hoje).
Quando o
plano de Deus houver sido totalmente cumprido, existirá um novo céu e uma nova
Terra (Ap 21.1). “O trono de Deus e do Cordeiro [Jesus] estará na cidade” (Apocalipse
22.3 – Nova Versão Internacional).Então todos verão que verdadeiramente Deus é
o Rei soberano e Senhorde tudo o que existe.
3- EXPLICANDO OS DIREITOS
DO PROPRIETÁRIO
Objetivo 3:
Escolher
afirmações que expressam os fundamentos dos direitos de Deus como o legítimo
dono.
Os direitos
de Deus como proprietário de tudo são absolutamente legítimos.
Conforme
veremos a seguir, ninguém além de Deus tem direitos sobre o universo e,
particularmente, sobre nós. As razões são as seguintes:
3.1 DEUS NOS CRIOU
Deus é o
dono do universo, porque Ele mesmo o criou (Gn 1.1; Jo 1.3). Ao Pai pertence a
Terra e tudo o que há nela. “Ao Senhor pertence a terra e tudo o que nela se
contém, o mundo e os que nele habitam. Fundou-a ele sobre os mares e sobre as
correntes a estabeleceu” (Sl 24.1,2). E porque o Todo-Poderoso criou também o
ser humano, nós pertencemos a Ele (Sl100.3). O propósito de Deus era que toda a
sua criação O glorificasse (Is43.7; Cl 1.16; Ap 4.11) e O agradasse (Sl 149.4).
Todas as coisas existentes pertencem a Deus, pois sendo Ele o Criador tem todos
os direitos de propriedade sobre sua criação. Na condição de dono, Deus exerce
soberania absoluta sobre toda a sua criação. “Mas quem é você, meu amigo, para
discutir com Deus? Por acaso um pote de barro pergunta a quem o fez: ‘Por que
você me fez assim?’ Pois o homem que faz o pote tem o direito de usar o barro
como quer” (Romanos9.20,21 – A Bíblia na Linguagem de Hoje). Deus deu ao homem
a boca ,mas também criou pessoas mudas de nascença (Êx 4.11). Você é portador de
alguma deficiência? Não se precipite em alimentar sentimentos de rancor contra
o seu Criador. Deus não é um soberano opressor e sádico que sente prazer no
sofrimento de suas criaturas. Muito pelo contrário, o que Ele mais deseja é o
nosso bem-estar. Isso fica muito claro quando vemos os inúmeros casos em que
Jesus curou cegos, surdos, mudos e paralíticos. É difícil entender por que o
Senhor permite tais sofrimentos? Sim, é. Entretanto ,Deus também é muito sábio
e não existe a menor dúvida de que Ele tem para cada um de nós um propósito
glorioso e sublime.
O apóstolo Paulo, maravilhado ante a
soberania e sabedoria de Deus,declarou que tudo provém dEle, e que Ele é digno
de glória (Rm 11.33-36).
3.2 DEUS NOS SUSTENTA
Se Deus não sustentasse todas as
coisas pelo poder de sua palavra(Hb 1.3), nossa existência seria breve como uma
faísca. Entretanto, foi por intermédio dEle que tudo veio a existir (Ap 4.11) e
é nEle que todas as coisas subsistem e permanecem firmes (Cl 1.16). Não temos nada que seja verdadeiramente nosso.
Tudo o que possuímos nos foi dado por Deus (1 Cr 29.14; At 17.25; 1 Co 4.7): o
lugar onde moramos, o ar que respiramos e o alimento que comemos. Se estamos vivos,
é porque Deus assim o quer. E, em última análise, seria impossível termos uma
vida separada de Deus, “pois nele vivemos, e nos movemos,e existimos” (At
17.28). Um dos ensinos mais
maravilhosos da Bíblia é que Deus se relaciona conosco como um pai se relaciona
com um filho amado. Ele nos considera como filhos e não como meros objetos.
Ora, se Deus é o dono absoluto de tudo, nós somos filhos de um Pai imensamente
rico e grandioso. Ele é superior a qualquer pai humano e está sempre desejoso
de abençoar seus filhos (Mt 7.9-11). Essa verdade maravilhosa nos ajuda a viver
uma vida de total confiança no Senhor (Mt 6.31,32). Uma criança órfã precisa se
preocupar com o que fazer para sobreviver: mendigar, roubar ou trabalhar. Ela
também precisa se preocupar em encontrar um local para dormir, seja na rua, sob
uma marquise ou num banco de praça. A criança que tem pais para cuidar dela não
tem nenhuma dessas preocupações. E você e eu temos o melhor dos pais, o nosso
Deus, que nos sustenta e cuida de nós (Rm 8.32; 1 Pe 5.7).
3.3 DEUS NOS RESGATOU
Nos tempos
do Antigo Testamento, se um israelita fosse tão pobre que não conseguisse pagar
uma dívida, e tivesse de vender-se como escravo para poder saldá-la, um de seus
parentes próximos poderia resgatá-lo,comprando-o de seu senhor. Esse ato
chamava-se resgate (Lv 25.47-49).
Deus disse
que os israelitas eram seus servos, porque os libertara da escravidão,
tirando-os do Egito (Lv 25.55). Todos nós, por causa do pecado original,também
nos tornamos escravos de Satanás. Como não tínhamos condições de resgatar a nós
mesmos, nosso parente chegado, Jesus Cristo, fez isso com o seu sacrifício na
cruz (Tt 2.14; 1 Pe 1.18,19). Satanás não tem mais nenhum domínio sobre nós.
Por outro lado, também não somos totalmente livres, isto é, não pertencemos a
nós mesmos (1 Co 6.19). Afinal, foi Deus quem pagou um “alto preço” por nós (1
Co 6.20), por isso pertencemos a Ele. Um
garotinho que morava num povoado litorâneo construiu um barquinho e foi brincar
com ele à beira-mar. Mas as ondas acabaram afastando o barquinho para longe. O
garoto fez o que pôde para recuperá-lo, mas seus esforços foram em vão. Dias depois,
ao passar por uma loja, o garoto viu na vitrine o barquinho que fizera. Estava
à venda. Com muita dificuldade, ele conseguiu juntar dinheiro suficiente, foi
até a loja e comprou-o. Chorando de alegria, o garoto exclamou:
“— Agora
você é meu duas vezes. Primeiro, porque eu fiz você e,depois, porque eu te
comprei.”
É exatamente
desse modo que somos propriedade de Deus: primeiro Ele nos criou, e depois nos
resgatou. 23
3.4 DEUS NOS SANTIFICOU
A palavra santificar significa
separar. As palavras consagrar e dedicar também são usadas para expressar essa
mesma idéia. Quando Deus consagra alguém ou algo, separa para si o que ou quem
consagrou .É seu pelo fato de que aquilo que Ele separou para si, lhe pertence.
Os primogênitos do sexo masculino nascidos em Israel pertenciam a Deus,porque
Ele próprio os consagrara (Nm 8.17). Por essa mesma razão, o templo de
Jerusalém se tornou a casa de Deus (2 Cr 7.16).
Cristo não
apenas nos redimiu através de seu sacrifício. Ele também nos consagrou e nos
purificou (1 Co 6.11; Hb 10.10). Somos propriedade de Deus, porque Ele nos
escolheu para sermos seu povo, uma nação santa ou santificada (1 Pe 2.9).
4-
RECONHECENDO OS DIREITOS DO PROPRIETÁRIO
Objetivo 4:
Identificar
as descrições dos resultados de se aplicar a realidade do domínio de Deus à
nossa vida.
Agora você
já sabe que Deus é o dono de tudo e tem direitos específicos sobre os nossos
bens e, principalmente, sobre nós. Mas apenas ter consciência disso não basta;
é preciso colocarmos em prática essa verdade em nossa vida. Em certa ocasião,
Jesus disse: “Ora, se sabeis estas coisas, bem-aventurados sois se as
praticardes” (Jo 13.17). Portanto,mais importante que simplesmente sabermos que
somos propriedade de Deus é reconhecermos o Seu senhorio absoluto sobre nós.
4.1 DEDICANDO NOSSA VIDA E NOSSOS
BENS
A palavra
dedicar significa separar alguma coisa para uma finalidade especial. Quando
usada no contexto de nosso relacionamento com Deus, significa entregarmos a nossa vida e os nossos
bens a Ele. Se realmente cremos que Deus é o dono de tudo, não existe maneira
mais prática de demonstrarmos isso do que entregar a Ele aquilo que, na
verdade, já é seu. O próprio Deus, que instruiu os israelitas que todo
primogênito lhe pertencia, exigiu que todo o povo fosse dedicado a Ele (Êx
13.12). Dessa maneira eles poderiam aplicar o conhecimento que haviam
adquirido.Jesus agiu de maneira semelhante ao exortar seus ouvintes, dizendo “daí
a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
Ana, mãe do
profeta Samuel, nos deu um belo exemplo de dedicação.Ela compreendeu que, se
viesse a ter um filho, era porque Deus assim o determinara. Então, dedicou seu
filho a Deus, para que o servisse todos os dias de sua vida (1 Sm 1.27,28). No
Novo Testamento, o exemplo dos crentes de Macedônia é tão comovente quanto
extraordinário: em meio a circunstâncias dificílimas, eles confiaram ao
apóstolo seus escassos recursos,porque “deram-se a si mesmos primeiro ao
Senhor” (2 Co 8.5).
4.2 DANDO GRAÇAS
Como Deus é
um dono maravilhoso! Ele é o dono de tudo mas, ao mesmo tempo, entregou tudo a
nós (At 17.25). Ele não apenas já nos deu o seu Filho unigênito, como também
prometeu nos dar “com ele todas as coisas” (Ro 8.32). Nós, então, devemos dar
graças a Ele porque,embora nada seja nosso, nos dá livre acesso a tudo o que
Lhe pertence.Será que poderíamos dizer o mesmo a respeito de mais alguém? Além disso,
quando demonstramos nossa gratidão a Deus, Ele se agrada dessa atitude, pois
essa é a Sua vontade para conosco (Cl 3.15; 1 Ts 5.18). O ser humano se tornou iníquo e, mesmo conhecendo a Deus,
não lhe deu graças (Ro 1.21) nem o reconheceu como dono absoluto de tudo. O homem
achou que o que Deus havia confiado a ele, pertencia a si mesmo.Até uma leitura
superficial da Bíblia deixa claro que as ações de graça são um aspecto de
importância vital na vida cristã.
4.3 SUBMETENDO-NOS
Se Deus é o
nosso dono absoluto, a atitude mais sensata que podemos ter é nos submetermos a
Ele. Um animal conhece o seu dono e, conseqüentemente , se submete a ele.
Quanto mais nós, seres racionais ,devemos entender o quanto é importante nos
submetermos a Deus. Que o Senhor não tenha de dizer de nós o mesmo que disse a
respeito de Israel:“o meu povo não entende” (Is 1.3). Saulo de Tarso aprendeu
uma dura lição quando tentou se opor a Deus: “como o boi que dá coices contra
aponta do ferrão” (Atos 26.14 – A Bíblia na Linguagem de Hoje). Em vez de
agirmos assim, devemos dizer humildemente a Deus: “Tu és o oleiro;eu, o barro.
Molda-me conforme o teu querer”. Afinal, o barro não pode fazer nada, a não ser
deixar que o oleiro faça dele o que bem quiser.
4.4 DEMONSTRANDO RESPEITO
Respeitar as
autoridades constituídas é uma regra universal de conduta.Todas as culturas têm
uma maneira peculiar de demonstrar respeito.Como Deus é o nosso dono, Ele é o
nosso Mestre. Portanto, devemos demonstrar-lhe nosso respeito através das
nossas palavras e dos nossos atos. Em Malaquias 1.6-8, lemos que o profeta
repreendeu severamente aos líderes religiosos de Israel por estarem dando a
Deus um tratamento desrespeitoso. Eles certamente não tratariam as autoridades
humanas do mesmo modo!
4.5 PRATICANDO A OBEDIÊNCIA
Como
pertencemos a Deus, Ele exerce seu senhorio sobre nós. Ele é o Senhor, e nós,
seus servos. Isso significa que devemos prestar obediência incondicional ao
Criador. Se obedecemos às autoridades humanas, muito mais devemos obedecer ao
Senhor dos senhores! Entretanto, uma pessoa pode se referir a Deus como seu
“Senhor” sem estar disposta a obedecê-Lo(Lc 6.46). Essa conduta, porém, é
claramente desonesta e enganosa. 26
Em Israel,
um escravo poderia voluntariamente ficar com o seu senhor enquanto este o
tratasse bem (Êx 21.5,6). Deus tem se mostrado um Senhor bondoso para conosco.
É, portanto, bastante razoável de nossa parte que queiramos voluntariamente
continuar sendo seus servos obedientes para todo o sempre. 27
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